Fotografia e Cinema (1)
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fotografia e cinema:
imagens da emoção
“(...) a essência da imagem é estar toda fora, sem intimidade, e no entanto mais
inacessível e misteriosa do que o pensamento do foro íntimo; sem significação,
invocando a profundidade de todo o sentido possível; irrevelada e todavia
manifesta, tendo essa presença-ausência que faz a atração e o fascínio das
sereias.”
BLANCHOT
Sebastião Salgado – Serra Pelada
oficina de fotografia – curso de arte terapia
profas. clara siqueira e mariza wi
dezembro/2013
Fotografia: ciência, arte e terapia
A fotografia surge no século xix devido à necessidade da
sociedade possuir um sistema iconográfico que fosse capaz de
mostrar, acompanhar e satisfazer as transformações econômicas,
sociais e culturais geradas pela ascensão da burguesia e pelo
desenvolvimento científico e tecnológico.
A primeira fotografia – Joseph-Nicéphore Niépce (1826)
Em 1839 o pintor Louis Daguerre com ajuda do químico Jean-
Baptiste Dumas e do sábio François Arago, fixou a imagem sobre
uma placa de vidro através de uma solução de tiossulfato de
sódio. Sua invenção recebeu o nome de daguerreotipo.
Willian Henry Fox Talbot em 1841 efetivou o processo
negativo-positivo, técnica denominada calótipo, que
possiblilitou obter um grande número de imagens de um único
negativo.
Em uma sucessão de aperfeiçoamentos, sobre o negativo,
Louis Désiré Blanquart-Evard (1847-1851) deu um passo decisivo:
fazer uma imagem ser reproduzida de um único negativo em
centenas de provas positivas.
Por sua precisa descrição da realidade, a fotografia foi
utensílio absoluto das ciências de observação e trouxe uma
imensa esperança à obtenção de um conhecimento mais profundo
sobre o mundo.
Uso da fotografia pelo Dr. Duchêne de Boulogne em seu livro Mecanismo da
Fisiologia Humana ou Análise Eletrofisiológica da Expressão de Paixões.
No campo da medicina, principalmente no estudo de doenças
mentais, a fotografia possibilitou apreender detalhes
morfológicos que não podiam ser capturados de imediato a olho
nu, tornando-se um instrumento eficaz nos anos de 1880, graças
aos avanços técnicos que promoveram uma maior rapidez e
qualidade das imagens.
Em 1895, Wilhelm Röntgen descobriu os raios-x. As
imagens eram obtidas através da impressão desses raios
invisíveis, cuja propriedade de atravessar mais ou menos a
matéria perturbava particularmente o meio cientifico.
Na física atômica, experiências de colisões de partículas
são feitas através de imensos aceleradores, que projetam prótons
acelerados com velocidades altíssimas sobre outros prótons e
nêutrons. As colisões constituem o principal método experimental
para o estudo de suas propriedades e interações. Inventada por
Donald Glaser em 1952, a câmara de bolhas, consiste em
fotografar as trajetórias das partículas.
“A foto aponta para todo um lado inconsciente, ligado às nossas
intenções e desejos escamoteados por trás da realidade racional dada
(...) a partir daí uma série de intruncadas articulações começa a se
dar, do consciente ao inconsciente, da realidade racional a uma supra
realidade, na tentativa de dar conta, de harmonizar ou mesmo de
separar dentro de nós o universo fantasioso do real (...) a fotografia
trabalha no sentido de quebrar todas as certezas que temos das
realidades vivenciadas.” Fernando Braune
Durante seu desenvolvimento histórico, numerosos foram os
autores que remeteram a fotografia como reprodutora da realidade
afastada do senso artístico. Contudo sua ambivalente capacidade
de registrar e exprimir, ora afirmando o seu caráter documental,
ora se afirmando como criação, causou muitas reflexões.
.
A luz era a matéria principal nas fotografias de Gustave le
Gray, pintor, inventor de técnicas e professor para muitos de
seus contemporâneos. Na série de marinas feitas na Normandia em
1856, foram utilizados dois negativos superpostos na tiragem.
Sua obra veio a influenciar os impressionistas.
Por meio das propriedades que envolvia o grão do papel, dos
borrões relativos ao movimento, das situações ao ar livre, da
sensação do desenho, a fotografia trazia aos olhos a liberdade
do toque artístico.
Para tornar a fotografia uma arte, sem imitar o que já
existia das artes visuais, dever-se-ia abusar do seu caráter de
interpretação simples e direta do real. A escolha do tema, o
enquadramento, o tempo da pose, as sutilezas com o trato da luz,
trariam o equilíbrio ao seu potencial mecânico.
O fotógrafo amador, através das facilidades técnicas,
descobriu o universo que o olho outrora não revelava. Questões
do cotidiano, sociais, culturais, eram abordadas como meio de
expressão.
Na obra de Felix Toumachon, dito Nadar (1820-1910), é visível a
relação íntima que se estabelece entre o objeto e a máquina que
o olha. Sendo um “tradutor de sensibilidade”, Nadar cria o
retrato psicológico.
A fotografia como instrumento terapêutico:
Para descrever um ambiente particular de si mesmo
A utilização de técnicas que aliam fotografia e terapia não
é novidade: os primeiros registros datam de 1941, em plena II
Guerra Mundial.
Uma organização conhecida como Volunteer Service
Photographers fornecia tratamento a soldados feridos em
hospitais militares; no entanto, perceberam que ao incentivar o
uso de câmaras escuras portáteis, os pacientes podiam revelar e
imprimir suas próprias fotografias, utilizando (de forma
inconsciente) músculos e nervos antes julgados inoperacionais.
Pouco depois, a organização foi rebatizada como
Rehabilitation Through Photography, tendo como objetivo
principal aumentar a autoestima das pessoas e ajudá-las a
regressar a uma vida produtiva.
Guerra e Paz - a universalidade da linguagem fotográfica
A fotografia como mediadora terapêutica
Terapia Fotográfica:
Conta com o auxílio de um psicólogo especializado na
técnica. Utiliza as fotografias pessoais do paciente, tiradas
por ele mesmo ou por outras pessoas, para invocar lembranças,
crenças e sentimentos, a fim de superar traumas, melhorar o
relacionamento interpessoal e recuperar a autoestima.
Fotografia Terapêutica:
Diferentemente da terapia fotográfica, depende apenas do
interesse da própria pessoa: basta que ela tenha acesso a alguma
câmera fotográfica e pratique. Também pode ser aplicada em
grupos de apoio mútuo. É uma interessante maneira de aprofundar
o autoconhecimento, aprimorar relações interculturais e até
mesmo desenvolver uma visão crítica mais refinada.
AS 5 TÉCNICAS DA FOTOGRAFIA TERAPÊUTICA
1) Fotos tiradas pelo próprio paciente: são fotografias tiradas
pelo próprio paciente com uma câmera, ou imagens criadas por
outros e que ele coleciona - retiradas de revistas, cartões
postais, internet etc.;
2) Fotos tiradas do paciente por outras pessoas: podem ser fotos
para as quais a pessoa posou voluntariamente, ou fotos que foram
tiradas sem que ela soubesse;
3) Auto retratos: fotos que o indivíduo tira de si mesmo. São
utilizadas apenas fotografias em que a pessoa teve controle
total sobre todos os processos de criação;
4) Álbuns de família ou outras coleções de fotos biográficas:
podem estar armazenadas formalmente em um álbum ou simplesmente
espalhadas, coladas na parede ou na porta da geladeira,
conservadas na carteira, sobre a escrivaninha ou na tela do
computador;
5) Fotoprojeções: utiliza o mecanismo (fenomenológico) segundo o
qual o significado de toda foto é criado inicialmente pelo
observador durante o processo de percepção da imagem. No momento
em que se olha uma imagem fotográfica qualquer, se produz
uma percepção e uma reação que são projetadas pelo mundo
interior da pessoa sobre o mundo real, e que determinam o
sentido que se atribui a tudo aquilo que se vê.
Como o terapeuta utiliza a fotografia para ajudar
a curar as pessoas
As fotografias oferecem "insights" silenciosos do mundo
interior de uma maneira que, as palavras sozinhas, simplesmente
não poderiam jamais representar ou decodificar.
Os pacientes exploram os significados de suas fotos e dos
seus álbuns de família a nível emocional além dos seus
significados visíveis.
Durante as sessões de Fototerapia as fotos não são
utilizadas somente para serem contempladas em uma reflexão
silenciosa, mas, ao contrário são criadas ativamente, posa-se,
fala-se às fotos e as escuta, as fotos são utilizadas para
ilustrar novas narrações, novos papéis e para serem visualizadas
novamente na memória e na imaginação, além de serem integradas
nas expressões de Arte Terapia ou para que seja implementado um
diálogo entre as próprias fotografias.
A tarefa principal do terapeuta é a de estimular e a de dar
apoio ao paciente no processo de descoberta pessoal enquanto
explora e interage com suas fotos e as fotos de família que
observa, cria, recolhe (por exemplo, cartões postais, fotos de
revistas, cartões de festas, etc.), recorda, reconstrói
ativamente ou simplesmente imagina.
A fotografia tem a vantagem de ser um registro visual
permanente que permite ao indivíduo ver a si mesmo de uma forma
objetiva.
Adotando o pressuposto de que parte das pessoas tem
dificuldade em expressar verbalmente determinados temas, a
fotografia pode auxiliar na comunicação destes significados.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
Atividade 1: fotografias pessoais
-Selecionar as fotografias mais importantes;
-Estabelecer uma ordem entre as imagens mais significativas;
-Escrever legenda para cada foto;
-Escrever uma frase ou parágrafo para o conjunto de fotos.
Atividade 2: Realizar colagem sobre suporte, com base no
seguinte diálogo:
“- podes dizer-me por favor, que caminho devo seguir para sair
daqui?
- isso depende muito de para onde queres ir.
- preocupa-me pouco onde ir.
- nesse caso, pouco importa o caminho que sigas.”
Lewis Carol
Cinema como terapia
Imagens, trilha sonora, diálogos e a ausência de luz, são
estimulantes para um mergulho na narração cinematográfica. Como
se a pessoa estivesse num sonho.
Identificando o próprio drama na tela, este passa a ser
visto com mais objetividade, impulsionando o desfazimento do nó
que causa determinado sofrimento psicológico.
Por meio do filme é possível perceber que há vidas
parecidas com as nossas e que ninguém está só em seu drama
pessoal.
O cinema como terapia é recomendado para o tratamento dos
males decorrentes de conflitos familiares, problemas amorosos,
adolescência, dificuldades e estresse no trabalho, depressão,
ansiedade e distúrbios de humor, entre outros.
Os filmes são expressões de conflitos. Expressam aquilo
proposto pelo escritor, pelo redator, pelo diretor, pelos atores
etc. Cada um imprime um pouco de subjetividade nesta obra de
arte coletiva.
Atividade 3
down by law - filme de jim jarmusch, 1986.
Elenco:
Tom Waits, John Lurie, Roberto Benigni, Ellen Barkin e
Nicoleta Braschi.
Melhor filme estrangeiro – Noruega 1986
Descreva a cena do encontro de Bob com Nicoletta, sabendo
que a história é sobre três desajustados que se encontram numa
cadeia de Nova Orleans e têm que aprender a conviver juntos. Ao
escaparem, encontram a jovem italiana Nicoleta, que os recebe
com os braços abertos. Essa é uma obra sobre seres que vivem nos
limites da sociedade.
A fotografia é de Robby Muller e a trilha sonora de John
Lurie e Tom Waits, com a interpretação mágica de Roberto Benigni
no início de carreira.
REFERÊNCIAS:
http://www.youtube.com/watch?v=YtK4s7s1T6w dança de bob e nicoleta
http://www.youtube.com/watch?v=28VuNWF5Aig down by low legendado em espanhol
BARTHES, Roland. A câmara clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1984
http://fotografosdomundo.weblog.com.pt/arquivo/063169.html
O uso da fotografia na pesquisa em Psicologia -
Lucas Neiva-Silva e Sílvia Helena Koller,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
http://www.google.com.br/search?hl=pt-
BR&biw=1022&bih=574&q=fotografia+e+terapia&btnG=Pesquisar&oq=fot
ografia+e+terapia&aq=f&aqi=&aql=&gs_sm=s&gs_upl=195935l202996l0l
205302l20l20l0l7l7l2l353l2691l3.3.4.3l13l0
http://ajusteofoco.blogspot.com/2009/06/fotografia-como-
terapia.html
técnicas de fototerapia: http://www.phototherapy-
centre.com/portuguese.htm
Fotografia e arte: demarcando fronteiras,
Matheus Mazini Ramos - Mestrando em Comunicação e Cultura do
Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da
Universidade de Sorocaba (UNISO),Sorocaba/SP
www.contemporanea.uerj.br/pdf/ed.../contemporanea_n12_12_matheus
.pd
http://industriasculturais.blogspot.com/2005/11/walter-benjamin-
sobre-fotografia-i.html
http://www.google.com.br/searchq=cartier+bresson+photos&hl=ptBR&
prmd=ivns&source=lnms&tbm=isch&ei=OU5lTqLlL9K4tgft9r2bCg&sa=X&oi
=mode_link&ct=mode&cd=2&ved=0CBAQ_AUoAQ&biw=1022&bih=574
http://www.youtube.com/watch?v=pCXXAs2MSt4 historia do cinema cinematerapia http://www.youtube.com/watch?v=hAOdV48ulqY http://www.youtube.com/watch?v=WdXvSSKrydU a máfia vai ao divä