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ALFABETIZAR OU NÃO ALFABETIZAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL?
Aline De Stefani Lessa - UNISUL – [email protected];Clésia da Silva Mendes Zapelini, Msc - UNISUL – [email protected] (orientador)
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa foi realizada em uma escola da rede particular de Tubarão,
cujo objetivo geral foi analisar o trabalho desenvolvido com a linguagem escrita em uma
turma da educação infantil. No entanto, tivemos como objetivos específicos: identificar se o
Centro de Educação Infantil tem por objetivo alfabetizar as crianças; observar se o trabalho
com a linguagem escrita está contemplado no Projeto Pedagógico e verificar se os professores
oportunizam metodologias que possibilitem as crianças se alfabetizarem nessa etapa.
A temática pesquisada visa contribuir na formação dos educadores,
principalmente os municípios localizados na região da Amurel1. Citamos a região da
AMUREL por participarmos do Fórum da Educação Infantil2 e discutirmos diversas temáticas
a respeito dessa etapa da Educação Básica. No entanto, observamos que o trabalho com a
linguagem escrita ainda é motivo de muitas discussões, estudos e, inclusive, polêmicas. As
discussões giram em torno de como deve acontecer o trabalho com essa linguagem, ou seja,
devemos ou não alfabetizar na educação infantil?
Diante da necessidade apresentada, a pesquisa procurou pesquisar as experiências
desenvolvidas em uma instituição escolar que participa do fórum e os referenciais teóricos
que dão subsídios para orientar o trabalho pedagógico.
Nesse texto buscaremos, portanto, analisar o trabalho com a linguagem escrita
apresentando de forma sucinta a metodologia, os dados e as discussões.
Palavras-chave: Educação Infantil. Criança. Alfabetização.
MÉTODOS: A metodologia aplicada caracterizou-se por uma abordagem qualitativa,
exploratória, sendo adotado, do ponto de vista dos procedimentos técnicos, o estudo de caso.
1 Associação de Municípios da Região de Laguna. Fazem parte da região da AMUREL os seguintes municípios: Armazém, Braço do Norte, Capivari de Baixo, Grão Pará, Gravatal, Imaruí, Imbituba, Jaguaruna, Laguna, Pedras Grandes, Pescaria Brava, Rio Fortuna, Sangão, Santa Rosa de Lima, São Ludgero, São Martinho, Treze de Maio e Tubarão
2 Participam do fórum: professores da rede municipal, particular e filantrópica, secretários de educação, coordenadores pedagógicos municipais, pais e demais pessoas interessadas nas discussões.
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O estudo de caso foi usado como estratégia de pesquisa para coletar os dados e verificar como
eles se constituem na prática.
A pesquisa se caracterizou como uma pesquisa bibliográfica e de campo, ou seja,
primeiramente fizemos uma breve pesquisa sobre a temática e pesquisadores que discutiram o
assunto. Posteriormente, conversamos com uma professora do III infantil (trabalha com
crianças de 4 e 5 anos), observamos o projeto pedagógico da escola com o intuito de conhecer
como a linguagem escrita era tratada nesse documento e, por fim, verificamos a organização
do espaço da sala e materiais disponíveis que fomentam a linguagem escrita nesse contexto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As experiências com a linguagem escrita na educação infantil ainda é alvo de
muitas discussões e preocupações, principalmente com antecipação da escolarização
(BRITTO, 2005; MILLER e MELLO, 2010). Com ampliação do ensino fundamental de oito
para nove anos, temos a preocupação que cada vez mais cedo a linguagem escrita seja
oportunizado para a criança de forma mecânica e sem sentido, ou seja, “os professores
submetem as crianças ao aprendizado da leitura e da escrita e, grosso modo, fazem isso pela
via do treino da escrita de letras, sílabas e palavras” (MELLO, 2005, p. 2008). É uma
antecipação da escolarização nos moldes da educação tradicional e que não oportuniza a
criança a aprender de fato a cultura escrita.
Nessa perspectiva, podemos mencionar que não se trata de alfabetizar ou não na
educação infantil, mas de oferecer espaços que contemplem as experiências narrativas,
apreciação e interação com as linguagens e convívio com diferentes materialidades
discursivas orais e escritas. Portanto, os Centros de Educação Infantil, ao oportunizarem o
contato da criança com as diferentes materialidades discursivas – literatura infantil,
brinquedos, poemas, músicas, painéis, exposição de produções, identificação dos objetos da
criança, jogos de alfabetização, entre outros –, possibilitam que a criança compreenda a língua
fazendo sentido enquanto trabalho simbólico com sua capacidade de significar e significar-se.
Ao observarmos o Projeto Político Pedagógico da instituição e analisarmos o
espaço e produções escritas desenvolvidas pelas crianças. Podemos concluir que a escola não
tem por objetivo alfabetizar, ou seja, apresentar para a criança a sistematização da escrita e
incentivar os processos de leitura e escrita nos moldes do ensino fundamental. A preocupação
da escola é de oferecer espaços em que as crianças possam brincar e interagir e ter experiência
com as diferentes linguagens. Nas imagens abaixo podemos apresentar esse contexto,
vejamos:
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Fonte: Lessa (2014)
Portanto, a partir das imagens acima podemos observar que a instituição busca
oferecer espaços em que as crianças possam ampliar, diversificar e sistematizar experiências e
conhecimentos com a linguagem escrita por meio das interações e brincadeiras.
CONCLUSÕES:
Os resultados apontam que a escola não tem por objetivo alfabetizar as crianças na
perspectiva do ensino fundamental. O objetivo da escola para essa turma é oportunizar o
contato das crianças com a cultura escrita.
REFERÊNCIAS:
BRITTO, L.P.L. A sombra do Caos: ensino de língua x tradição gramatical. Campinas: ALB, 1997.
MELLO, S. A. O processo de aquisição da escrita na educação infantil: contribuições de Vigotsky. IN: FARIA, Ana Lúcia Goulart e MELLO, Suely Amaral (orgs.). Linguagens infantis: outras formas de leitura. Campinas: Autores Associados, 2005.
_____________. Ensinar e aprender a linguagem escrita na perspectiva histórico-cultural. . Psicologia Política. vol. 10. nº 20. pp. 329-343. jul. – dez. 2010.
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