Formas de pensar

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Temos dois cadeados (problema filosófico) e duas chaves diferentes (soluções/respostas) FILOSOFIA – Profª Maria Alberta Fitas 10ºE/11ºA4 NOV 2012

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Ensaios filosóficos e ilustrações, disciplina de Filosofia, professora Maria Alberta Fitas, Escola Secundária Dr. Jorge Augusto Correia, Tavira.

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Temos dois cadeados

(problema filosófico) e

duas chaves diferentes

(soluções/respostas)

FILOSOFIA – Profª Maria Alberta Fitas

10ºE/11ºA4 – NOV 2012

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Escola Secundária Dr. Jorge Augusto Correia - Tavira

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FICHA TÉCNICA

Título: Formas de pensar

Autores: Maria Alberta Fitas (coordenação)

Alunos de Filosofia, 11º ano, A4.

Alunos de Filosofia, 10º ano, E.

Conceção gráfica: Maria Alberta Fitas

Revisão. Ana Cristina Matias ( professora bibliotecária)

Edição: Ana Cristina Matias

Biblioteca, Escola Secundária Dr. Jorge Augusto Correia

Rua Luís de Camões, 8800-415 Tavira

Data: Novembro 2012

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO: A razão de ser

Professora Maria Alberta Fitas………………………………………………………………………………..

6

O que é o conhecimento?

Adriana Correia e Rita Bárbara, 11º A4 ……………………………………………………………………

8

Penso, logo existo

Carlos Simões, 10º E …………………………………………………………………………………………….

19

Será que a nossa existência tem sentido?

Inês Garcia e Joana Guerreiro, 11º A4……………………………………………………………………..

20

O que é a filosofia?

Luísa Martins, 10º E …………………………………………………………………………………………………

26

Por que razão haveremos de ser morais?

Adriana Gonçalves e Sílvio Cândido, 11º A4....................………………………………………….

27

Desigualdade

Olívia Wischer, 10ºE…………………………………………………………………………………………………

31

O mundo exterior

António Pereira e Bruna Vaz , 11ºA4………………………………….…………………………………..

32

O que determina o valor de uma obra de arte?

Cristina Popusoi e Inês Murta, 10ºE….……………………………………………………………………..

38

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Formas de pensar

A razão de ser

No ano letivo 2007/2008, a Associação de Professores de Filosofia

associou-se às comemorações internacionais do Dia da Filosofia. Lançou um

desafio, a nível nacional, a professores e alunos que desde logo apoiei e, com

muito sucesso, vi surgirem trabalhos interessantes e criativos, em vários

suportes que refletiam o entusiasmo e adesão livre dos alunos. A experiência

foi-se repetindo, mas, ao fim de aproximadamente três anos, a participação a

nível nacional foi decrescendo. No ano letivo transato, como se pode verificar

no arquivo da página da referida Associação, o número de trabalhos

enviados foi diminuto e no corrente ano já nem qualquer desafio foi lançado.

Pela minha parte, e sempre fortemente incentivada pela professora

coordenadora da Biblioteca, a colega Ana Cristina Matias, procurei aliar

ideias inovadoras - ou repensar os eternos, mas sempre estimulantes,

problemas da Filosofia - ao trabalho de interpretação de texto e com ele

recriar, ao jeito próprio do adolescente, a multiplicidade de temas que nos

fazem pensar.

Assim, neste ano letivo, propus às turmas A4 e C3, do 11º ano, a

leitura e descoberta de reflexões diversas sobre os mais variados temas

filosóficos, a partir de capítulos de obras essenciais à iniciação filosófica,

revendo uns temas estudados no 10º ano e, em outros casos, antecipando a

descoberta e exploração de temas do 11º ano. À turma do 10ºE, de Artes

Visuais, que só havia iniciado este desassossego há um mês, foi lançado o

repto de ilustrar frases, ideias ou filósofos, aproveitando a apetência

vocacional destes alunos.

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Formas de pensar

Da colaboração com a professora Ana Cristina Matias, e sendo

impossível dar a conhecer todos os trabalhos, resultou a seleção apresentada

que foca temas, como, “O que é o conhecimento”, “O sentido da vida”, “A

razão de sermos morais” e o “O mundo exterior”.

A Professora de Filosofia,

Maria Alberta Fitas

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Formas de pensar

O que é o conhecimento?

2012/2013

Adriana Correia, nº3

Rita Bárbara, nº 22

11º A4

Disciplina: Filosofia Professora: Maria Alberta Fitas

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Formas de pensar

O que é o conhecimento?

Será que o conhecimento expressa a realidade? Será a realidade real?

Serão os sentidos manipuladores da imaginação ou da possível realidade?

O que é o pensamento? É o pensamento real? O que é o «eu»? Será que a

perfeição existe?

O objetivo deste ensaio filosófico é responder à questão-problema acima

identificada e a todos os outros problemas que surgiram durante o pensamento

cuidado acerca deste tema, de acordo com duas teses que serão mencionadas mais à

frente.

Este problema suscita-nos a todos um oceano de incertezas e dúvidas. Aquilo a

que chamamos conhecimento, quando queremos referir-nos a algo que pensamos

saber, será mesmo aquilo que vulgarmente pensamos que é? Vejamos: de acordo com

o dicionário, conhecimento significa ideia, noção, informação, notícia que se tem a

respeito de qualquer coisa. Mas será exatamente isso que significa conhecimento? Há

que problematizar o óbvio! O conhecimento abrange o Mundo. Por esta razão,

é importante responder a esta questão tão imensa. Uma coisa é certa, para haver

conhecimento é necessário que a proposição seja verdadeira, é também necessário

que alguém acredite que ela é verdadeira e que haja provas ou evidências credíveis

para se acreditar na proposição.

Em resposta ao problema o que é o conhecimento? existem duas teses

principais concorrentes: a teoria formulada e fundamentada pelo racionalista René

Descartes e a teoria concebida pelo empirista escocês David Hume.

Conceder-lhe-emos uma breve noção de cada teoria concorrente. O

racionalismo1 de Descartes sugere que podemos adquirir um conhecimento através da

razão, sem ser sustentado pela experiência. Ou seja, há a possibilidade de obter um

conhecimento puramente racional, que nos permite compreender toda a realidade,

quando justificado com a crença em Deus. Por outro lado, o empirismo2 de Hume

defende que nos temos de basear na experiência para adquirir conhecimento, no

entanto não podemos alcançar alguma verdade objetiva relativamente aos factos.

1 Acreditar em ideias e no raciocínio lógico, a partir da razão

2 Acreditar que a verdade só é garantida através da experiência

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Descartes

Será que podemos conhecer a realidade? Qual o fundamento do nosso

conhecimento? Serão os nossos sentidos? Haverá um génio maligno controlador do

nosso pensamento? Serão os sonhos obra do génio maligno?

“Mas logo a seguir dei-me conta de que, enquanto queria pensar que tudo era

falso, era necessário que eu, que o pensava, fosse alguma coisa; e notando que

esta verdade: penso logo existo, era tão sólida e certa que nem as mais

extravagantes suposições dos céticos poderiam removê-la, pensei que poderia

aceitá-la sem temor como princípio da filosofia de que eu andava à procura.”

Descartes, Discurso do Método, IV, 32

Se a ciência revela tudo quanto existe, o que será da liberdade e da alma

humana e da nossa relação com Deus?

Descartes teve um papel fundamental no desenvolvimento das ciências,

matemática e física, mas este católico devoto não deixou de albergar Deus, a liberdade

e o espírito humano. Deste modo, admitimos que este filósofo formulou uma tese

metafísica, na qual inesperadamente une a ciência e a religião.

Para que pudesse descobrir a origem do conhecimento, colocou um «véu

branco» sob o que a sociedade tomava como verdade, partindo assim dos alicerces.

Ainda descobriu que os seus próprios sentidos o enganavam, não podendo confiar

mais neles. Descartes considera, assim, que todos nós deveríamos questionar e

problematizar os muito óbvios dados fornecidos pelos sentidos, o que nos leva, do

mesmo modo, a interrogar a informação contida nos sonhos. Por exemplo, tomando a

igualdade entre os sonhos e as pinturas, afirmamos que: “Um pintor pode alterar a

disposição das coisas, mas, no fundo, pinta coisas derivadas de coisas «reais», ainda

que só as cores sejam reais”. Pelo mesmo raciocínio, afirma Descartes, mesmo que as

coisas que nos são familiares sejam imaginárias, devem depender de coisas universais

e mais simples, que sejam reais. Mas que coisas são essas?

O filósofo em questão coloca a hipótese de existir um génio maligno, poderoso

e omnipotente, que controla a nossa mente e tem a capacidade de nos enganar e

iludir. É esta a possível resposta de Descartes, para explicar o porquê de os seus

sentidos o enganarem.

Tomemos como exemplo o exame da bola de cera realizado e desenvolvido

pelo filósofo Descartes. Neste exame, ao observar uma bola de cera, podemos concluir

que tem gosto, cheiro, cor, forma e tamanho «fáceis de observar e caracterizar», e se

lhe batermos, produz som. Mas, ao colocá-la perto do fogo Descartes observa que:

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“O gosto residual é eliminado, o cheiro desaparece, a cor muda, a forma perde-se,

o tamanho aumenta; torna-se líquida e quente, quase não lhe podemos tocar e, se

lhe batermos, já não produz som. Mas será que permanece ainda a mesma cera?

Temos de admitir que sim; ninguém o nega, ninguém pensa de outro modo. Mas

então o que havia na cera que eu compreendia tão distintamente? É evidente que

não era nenhuma das características a que cheguei por meio dos sentidos; pois o

que era captado pelo sabor, cheiro, visão e tato alterou-se agora – todavia, a cera

permanece.”

Descartes, Meditações sobre a Filosofia Primeira, p.20.

Através deste exame, Descartes conclui que os sentidos não são fiáveis para a

compreensão dos corpos, mas sim o intelecto. Deste modo, a perceção não é

adquirida pela informação que os sentidos nos fornecem, como o ver e o tocar.

Encontrava-se Descartes num mar de dúvidas, quando se perguntou se

realmente existia, visto que, segundo ele, não tinha sentidos fiáveis, nem corpo. Então

disse:

“Será que não se segue que também eu não existo? Não: se eu me convenci de

algo, então certamente existo. Mas há um enganador sumamente poderoso e

traiçoeiro que deliberada e constantemente me engana. Nesse caso, também é

indubitável que eu existo, para que ele me possa enganar; e, engane-me ele tanto

quanto puder, nunca poderá fazer que eu nada seja desde que pense que sou algo.

Assim, depois de considerar tudo exaustivamente, tenho finalmente de concluir

que esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira sempre que

é avançada por mim ou concebida no meu espírito.”

Descartes, Meditações sobre a Filosofia Primeira, p.16

Cogito, ergo sum: «Penso, logo, existo», permitiu esclarecer Descartes sobre a

sua existência. Mas agora surgia uma nova questão. Afinal o que é o «eu»?

Ao que anteriormente o racionalista afirmava existir sob a forma de um corpo,

e pensava por intermédio do mesmo, é agora um pensamento inválido perante as suas

novas conclusões, pois declara que o seu conhecimento sobre o «eu» não se pode

basear no seu conhecimento da existência corpórea. Assim, quais os fundamentos

para o conhecimento do «eu»? Uma coisa é certa, enquanto pensarmos, existimos,

portanto não nos temos de basear no conhecimento do nosso «eu material», para nos

conhecermos.

“(…) o pensamento; só isto é inseparável de mim. Eu sou, eu existo – isto é certo.

Mas por quanto tempo? Enquanto eu pensar.”

Descartes, Meditações sobre a Filosofia Primeira, p.16

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Formas de pensar

Depois de reconhecer que existe, Descartes questiona acerca do que é,

respondendo que é uma coisa que duvida, concebe, nega, quer, não quer, imagina e

sente. Mas que identidade se pode dar a uma coisa que desenvolve tais funções?

Excluem-se todas as propriedades físicas, como extensão e imagem, por serem

características ausentes de certeza. Sumamente, Descartes afirma que a coisa que

pensa é imaterial, ou seja, a nossa mente, a que ele denomina de espírito. Mas o que

realmente sabemos nós sobre o «eu»?

A ideia é que a parcial referência a um «eu» como uma «coisa» ou um

pensador é ela mesmo uma ilusão. Com isto queremos dizer que enquanto um ser,

uma coisa corpórea, «eu» pode não ser real. Pode ser caracterizado apenas como uma

ilusão, pois sabemos que existimos porque pensamos, mas essa existência pode ser

imaterial, em forma de espírito.

Debruçado sobre a clareza e distinção, Descartes entrega-se por completo ao

raciocínio. Analisando o seu próprio «eu», o francês René Descartes revela que tem

uma ideia de perfeição, argumentando que a coisa que originou essa ideia deve ser tão

«real» quanto ela, incluindo a ideia acima mencionada. Deste modo, é implícito que

Deus possa sustentar a ideia de perfeição, por ser a única causa perfeita.

Logo que Descartes descobre Deus, as dúvidas desvanecem. Uma vez que Deus

é perfeito, não é um ser enganador, pois um ser que engana é indubitavelmente um

ser imperfeito, por ceder à tentação e fraqueza de utilizar a arma da mentira. Assim,

podemos concluir que não pode existir algum génio maligno controlador das nossas

mentes desde que Deus seja o único ser omnipotente e o único possuidor de

capacidades para enganar alguém; não o fazendo, mais ninguém o pode fazer.

Para além disso, a existência de um génio maligno é completamente inválida,

por outra razão. A função desse tal génio seria enganar-nos, mas não o consegue, pela

seguinte razão: não é lógico fazer-me acreditar que penso que existo, quando na

verdade não existo. Cogito, ergo sum.

Segundo Descartes, Deus é o fundamento metafísico do saber. O objetivo da

verdade divina, ser fonte de todo o saber e não enganar, é garantir a validade das

ideias que estão presentes na nossa consciência nesse momento e as evidências

passadas. Com efeito, não há necessidade de questionar as ideias que estão presentes

na nossa consciência, como distintas e claras, visto que Deus é perfeito e não engana e

nem perverte a nossa compreensão. Dado que Deus não é um ser enganador, uma

determinada evidência não pode ser colocada em causa, enquanto estiver presente no

nosso espírito.

Por outro lado, são também garantidas as nossas evidências passadas, ou seja,

aquelas que presentemente não se encontram presentes na nossa consciência. Deus é

aquele que garante que qualquer ideia que nos é válida numa certa circunstância

também seja válida objetivamente, isto é, independentemente de mim e do tempo.

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Formas de pensar

Conclui-se assim, que Deus é a verdadeira base do conhecimento, ou então, a

verdadeira raiz da árvore do conhecimento. É devido às suas características únicas,

veracidade e imutabilidade, que o ser pensante vai adquirindo a verdade dos

conhecimentos.

David Hume

Será fundamental o uso da experiência para obtenção do conhecimento? Será a

experiência o meio ideal para confirmar uma ideia? Será fiável basearmo-nos na

razão? O que é a memória?

“Há uma espécie de ceticismo, anterior a todo o estudo da filosofia,

fortemente preconizado por Descartes e outros como uma proteção

soberana contra o erro e os juízos precipitados. (…) Logo, a dúvida

cartesiana, ainda que qualquer criatura humana a pudesse atingir (o que

claramente não pode), seria inteiramente incurável; e nenhum raciocínio

poderia jamais conduzir-nos a um estado de certeza e convicção sobre o

que quer que fosse.”

Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano, secção XII, p.149

Visto que o plano de Descartes é usar a razão, como escudo de defesa da

dúvida universal sobre a fidelidade e verdade da razão, segundo Hume, este projeto

tem obrigatoriamente de falhar.

A contra-argumentação de Hume parece-nos convincente. Mas assim, qual

deverá ser o resultado? Será o ceticismo3 universal, no sentido pessimista sobre a

existência da harmonia entre o modo como as coisas são e como pensamos que são?

David Hume encarregou-se de uma profunda e intensa investigação sobre a

origem, a possibilidade e os limites do saber. O escocês aceita, de facto, que

precisamos de um fundamento para suportar o nosso sistema de convicções. Contudo,

nega por complemento que esse fundamento tome a forma racional. Tal forma que

Descartes apoiava. Parte desse fundamento é sustentado através dos nossos sentidos

e raciocínios devido à sua veracidade, porque esta não pode ser demonstrada com

base noutro qualquer «princípio originário». Concluímos que os fundamentos não se

apresentam à razão. Sendo assim, Hume põe de lado o apelo à racionalidade, devido à

desconfiança que tem pelas faculdades da razão pura.

3 Tendência para duvidar de tudo; estado de quem duvida de tudo

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Formas de pensar

Para este filósofo, o conhecimento adquire-se pela experiência obtida através

dos sentidos, ou seja, o melhor contacto entre o mundo e a mente humana

estabelece-se quando tocamos, vemos, cheiramos ou ouvimos um objeto familiar.

Enquanto Descartes defende que Deus é o fundamento metafísico do saber e

da harmonia entre as convicções e o mundo, Hume afirma que levantar esta questão é

desnecessário na vida quotidiana.

De acordo com David Hume, o problema da harmonia entre o que pensamos e

o que as coisas realmente são, ou seja, a harmonia entre a aparência e realidade, deve

ser abordado a partir do nosso interior, das nossas convicções.

Realmente, quando Hume verificou as dificuldades que surgiram no modo

como pensamos acerca das coisas, introduziu o ceticismo sobre a nossa capacidade de

conhecer.

O conhecimento científico, apesar de não ser objetivo nem justificável através

da razão, é útil. Hume critica a fé cega que é depositada no poder da razão quanto ao

conhecimento do que transcende a natureza e ao conhecimento do mundo.

“Nada podemos saber acerca do futuro porque nada nos garante que

o futuro seja semelhante ao passado. Não há conhecimento, propriamente

falando, do que ultrapassa a nossa experiência atual ou passada: o que

aconteceu não serve como fundamento seguro da previsão do que ainda

não aconteceu.”

Rodrigues, Luís, Filosofia - 11º ano, Plátano Editora, p.209

Explica-se a citação acima referida a partir da proposição: A memória só nos

fornece informações sobre os acontecimentos particulares de que nos lembramos.

Mas, por que razão introduziu Hume o ceticismo na nossa capacidade de

conhecer? No sentido de que o nosso conhecimento não é considerado seguro nem

certo. Existe uma distinção entre o valor científico do conhecimento e a utilidade vital

e prática: utilizamos o nosso conhecimento científico como um desejo de segurança e

não de saber, apesar de não conseguirmos sobreviver sem essas sábias ilusões.

Empiristas como Hume são considerados céticos parciais, ou seja, céticos em

relação ao conhecimento a priori 4 do mundo.

Como referimos anteriormente, o filósofo David Hume defende que todo o

conhecimento é obtido através da experiência, utilizando como unidades básicas as

impressões sensíveis. Ainda delimita o conhecimento em dois conteúdos distintos de

estados de consciência ou também conhecidos como perceções.

4 Conhecimentos independentes da experiência (matemática e lógica)

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Formas de pensar

“Todas as perceções da mente humana se reduzem a dois tipos

diferentes que denominarei impressões e ideias. A diferença entre ambas

consiste no grau de força e de vivacidade com que incidem na mente e

abrem caminho no nosso pensamento e na nossa consciência. Às perceções

que se manifestam com mais força e vigor na mente podemos chamar

impressões. E incluo sob este nome todas as nossas sensações, paixões e

emoções tal como fazem a sua aparição na alma.

Por ideias entendo as imagens débeis das impressões quando

pensamos e raciocinamos. (…) As impressões são as causas das nossas

ideias e não as nossas ideias das nossas impressões.”

Rodrigues, Luís, Filosofia - 11º ano, Plátano Editora, p.184

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Conclusão

Finalizando este ensaio, perguntamo-nos, como devemos encarar o

conhecimento? Descartes afirma que obter conhecimento é possível, baseando-nos na

racionalidade, sem confiar nos sentidos, por estes não serem fiáveis. A razão, apoiada

em Deus (veracidade divina), tem a capacidade de conhecer o verdadeiro «eu» das

coisas, formulando o saber. O conhecimento é justificado pela existência de Deus cuja

divindade e perfeição garante a certeza das nossas evidências quer atuais, quer

passadas. Porém, David Hume comprova que só há conhecimento se este for

fundamentado por experiências, embora estas não possam garantir objetivamente a

verdade aos nossos conhecimentos. Apesar de o conhecimento ser justificado pela

experiência, é possível que mais tarde ou mais cedo, as verdades aí adquiridas sejam

desmentidas.

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Biografias

Biografia de Descartes

René Descartes nasceu a 31 de março de 1596, em La Haye,

França, e faleceu em Estocolmo, Suécia, a 11 de fevereiro de 1650.

Serviu como voluntário no exército e ficou conhecido como

um habilidoso espadachim.

Era também um católico devoto. Dedicou-se ao estudo da

matemática e tinha um profundo interesse em aplicar o

conhecimento científico às questões práticas. Dedicou grande parte

do tempo a estudar a relação entre a mente e o corpo.

Escreveu muitas obras relacionados com a matemática e a

filosofia. É considerado o fundador da filosofia moderna.

Defende que a ciência deve basear-se em princípios metafísicos

pois era um filósofo racionalista.

Biografia de David Hume

David Hume nasceu na Escócia a 1 de maio de 1711, vindo

a falecer em Edimburgo a 1776. Era historiador, economista

e filósofo. Serviu alguns anos como secretário do embaixador inglês

em Paris. Frequentou a universidade de Edimburgo, durante dois

anos, no curso de advocacia, que lhe foi destinado pela família, mas

como não era de seu interesse, empenhou-se no estudo de literatura

e filosofia.

Desde muito jovem que Hume se dedicou ao estudo da

filosofia. Escreveu várias obras como a "História de Inglaterra",

algumas delas incluídas no índice de obras proibidas pela Igreja

Católica.

Page 18: Formas de pensar

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Formas de pensar

Bibliografia

ALMEIDA, Aires - Dicionário Escolar de Filosofia. Lisboa: Plátano Editora, 2003.

Biografia de René Descartes. In Psicoloucos. [Em linha]. [Consult. 11 nov. 2012]. Disponível em WWW:<URL: http://www.psicoloucos.com/Rene-Descartes/biografia-de-rene-descartes.html>

BLACKBURN, Simon - Pense: Uma Introdução à Filosofia, Lisboa: Gradiva, 2001

David Hume – Filósofo. In Biografias. [Em linha]. [Consult. 11 nov. 2012]. Disponível em

WWW:<URL:http://www.biografia.inf.br/david-hume-filosofo.html>

DESCARTES - Discurso do Método. Oeiras: Edições 70, 2010.

EMANUELE, Pietro - Penso Logo Existo (Cogito Ergo Sum): uma breve História da

Filosofia. Lisboa: Círculo de Leitores, 2004.

HUME, David – Tratados filosóficos I : investigações sobre o entendimento humano.

Lisboa: Imprensa Nacional. – Casa da Moeda, 2002.

Resumo: teorias explicativas do conhecimento (Descartes e Hume) [Em linha]. [Consult. 10 nov. 2012]. Disponível em WWW:<URL: http://ebookbrowse.com/resumo-teorias-explicativas-do-conhecimento-descartes-e-hume-1-1-pdf-d43905732>

RODRIGUES, Luís - Filosofia – 11º ano. Lisboa: Plátano Editora, 2012.

Disciplina: Filosofia Professora: Maria Alberta Fitas

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Penso, logo existo Descartes

Carlos Simões, nº5 -10ºE

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Formas de pensar

Será que a nossa existência tem sentido?

Inês Garcia, nº. 12

Joana Guerreiro, n.º 14

11º A4

__________________________________________________________________________________________________________

Disciplina: Filosofia Professora: Maria Alberta Fitas

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Formas de pensar

O que pretendemos neste ensaio é mostrar qual a razão pelo qual nos

encontramos neste mundo, nesta realidade, e por que razão deveremos continuar,

visto que diariamente somos confrontados com diferentes fatores que podem criar em

nós a dúvida de se haverá sentido para o mesmo.

Vamos também tentar mostrar que existe um propósito em viver e com isso

responder à questão-problema e a todas as questões que são suscitadas ao longo do

ensaio filosófico.

Consideramos então que o mais importante é que as pessoas percebam que há

realmente um sentido para vivermos e que, portanto, não devemos desistir, mas sim

procurá-lo.

Quando refletimos acerca deste tema surgem diversas questões, entre elas:

Será que existe algo pelo qual valha a pena viver? Será que o propósito da vida é

encontrar a felicidade? Sendo a morte um acontecimento inevitável, será que vale a

pena viver? Será que o compromisso religioso pode dar sentido à nossa vida? Será que

a vida se resume à valorização de determinados aspetos pelos quais consideramos que

valer a pena viver?

Podemos adotar diferentes teses para responder aos problemas acima

formulados.

Considerando dois pontos de vista opostos, obtemos duas respostas distintas

ao problema do sentido da vida. De uma perspetiva pessoal, chegamos à conclusão

que vale a pena viver. Esta tese é defendida pela relação entre o sentido da vida e os

nossos planos, desejos e projetos, aspetos que consideramos importantes e essenciais.

Se, pelo contrário, encararmos o problema do sentido da vida através de uma

perspetiva do universo, apercebemo-nos de que a nossa existência não tem qualquer

propósito, isto porque não passamos de meros habitantes de um planeta num

universo para o qual nada somos, ou seja, qual a importância dos nossos planos e

desejos se estes não influenciam de qualquer modo o universo? Simples: nenhuma. Se

um dia toda a humanidade deixar de existir, a nossa vida não teve qualquer sentido ou

influência.

Page 22: Formas de pensar

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Formas de pensar

Se adotarmos um ponto de vista religioso, podemos ultrapassar o problema da

perspetiva do universo. Admitindo que a história religiosa é verdadeira, Deus criou o

universo com o propósito de nos dar uma casa, sendo o nosso destino o de viver nela

para sempre. Mas de que modo a história religiosa pode ser-nos útil? Uma possível

resposta é a nossa vida ser um plano de Deus. Outra é sermos objetos do amor de

Deus. Analisando cada uma das possibilidades, concluímos que nenhuma delas confere

sentido à nossa vida. Na primeira existe um fator externo que a controla, Deus, e na

segunda é-nos atribuído o amor do mesmo, que em nada influencia a forma como

encaramos a vida, visto que, anteriormente, já possuíamos amor e simultaneamente

considerávamos a vida absurda. Logo, esta nova aquisição não muda o procurado

sentido.

De que forma pode, então, uma perspetiva religiosa ajudar-nos a encontrar

sentido para a vida? A resposta-chave é o compromisso do próprio crente religioso, ou

seja, o crente adota voluntariamente os valores religiosos não sendo estes impostos

por um fator externo. O único problema do compromisso religioso é admitir que a

história religiosa é verdadeira e que se assim não for, submetemo-nos à possibilidade

de viver numa fantasia.

Abordando agora outro ponto de vista e focando-nos na tese de alguns

filósofos antigos, o sentido da vida está inevitavelmente relacionado com a felicidade,

pois estes admitiam que a «melhor vida» e a «vida feliz» eram a mesma coisa, logo,

uma vida com sentido era aquela em que havia ausência de sofrimento e ansiedade.

Mas como poderemos atingir a felicidade? Existem diversas teses para responderem a

este problema. Epicuro (séc. IV-III a.C.) defendia que para sermos felizes, as coisas têm

de ocorrer como ocorrem de facto, ou seja, se quisermos controlar as coisas que estão

fora do nosso alcance nunca seremos felizes porque estas nem sempre ocorrem de

acordo com a nossa vontade. Por sua vez, John Stuart Mill defendia que para sermos

felizes temos de nos focar em algo que não a nossa felicidade e, desse modo, a

encontraremos pelo caminho, isto é, só são felizes aqueles que não o procuram ser.

Page 23: Formas de pensar

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Formas de pensar

Podemos ainda encarar a vida segundo a ideia de Albert Camus. Este filósofo

analisou a nossa posição neste mundo e a relação existente entre a realidade e a nossa

consciência. Verificou então que o homem tem uma vida monótona e habita num

mundo onde reina o tempo e a morte, sendo esta última uma ameaça constante e

inevitável que nos faz pensar que a vida não é mais que um fracasso. Existirá um

momento em que encararemos esta realidade necessária mas não podemos fazer dela

um fim obrigatório. Muitas pessoas recorrem ao suicídio como solução para esta

sociedade injusta, mas se analisarmos esta escolha, chegamos à conclusão de que não

passa de uma antecipação do nosso fim, a morte. Quando o ser humano se mata para

acabar com este problema está apenas a render-se e a aceitar a sua condição absurda.

Que devemos então fazer perante esta realidade? A resposta a isso é o combate

contra a injustiça e a luta pela liberdade, descobrindo assim o sentido da vida nessa

revolta permanente por esses valores.

Se olharmos a vida de uma perspetiva mais ampla, concluímos que mesmo uma

vida feliz é absurda, visto que vamos morrer sem o poder evitar ou que se encararmos

a vida através da perspetiva do universo, como já referimos anteriormente, esta não

tem qualquer sentido. Sócrates contrariava esta ideia adotando outra atitude, isto é,

este filósofo via a morte não só como o fim de uma fase mas também como o início de

outra. Sócrates acreditava que, quando morremos, vamos para o paraíso, um sítio

melhor do que aquele que já temos.

No entanto, se não acreditarmos na existência do paraíso, a morte limita-se ao

fim da nossa existência, um grande nada impossível de imaginar. Perante isto, Epicuro

defendia que não devemos recear a morte, uma vez que mortos, nada de mal nos

poderá acontecer. Não haverá mais medo, sofrimento, mágoa. Assim, se não

recearmos a morte e tivermos esta crença, teremos uma vida mais feliz.

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Formas de pensar

Podemos, contudo, considerar irrelevante o argumento de Epicuro na medida

em que a morte põe fim às coisas boas da vida, ou seja, deixaremos de ter direito a

desfrutar de coisas que nos dão prazer, felicidade e bem-estar. Esta ideia não passa, no

entanto, de um erro fundamental, isto é, temos de saber distinguir o valor de uma

coisa, da sua duração. Concluindo, o facto de uma vida humana acabar, não lhe retira

o valor.

Uma alternativa ao problema da morte é a perspetiva religiosa de Kierkegaard

(séc. XIX). Segundo este pensador dinamarquês, a resposta à questão do sentido da

vida está numa vida humana orientada pelo cumprimento da palavra e da vontade de

Deus. Kierkegaard defendia uma existência humana de completa entrega a Deus,

pondo Este em primeiro lugar e deixando para segundo plano os objetivos terrenos,

temporais e passageiros, objetivos estes que considerava puro desperdício da

existência humana. Conclui a sua tese reforçando a ideia de que somos criados à

imagem de Deus, logo, fomos feitos para a eternidade, ultrapassando assim o

problema da morte, visto que para este filósofo a vida sem Deus é um desperdício

porque termina em nada.

Se não aceitarmos o compromisso religioso e vivermos sem considerar a

religião, voltamos ao problema do ponto de vista do universo. Como podemos então

contornar este problema, esta perspetiva cética? Basta focarmos as nossas mentes

naquilo que consideramos bom e importante. Ao valorizarmos tudo aquilo que nos faz

feliz, podemos não mostrar ou trazer qualquer significado às nossas vidas para o

universo, mas fará algo parecido ou de certo modo melhor: fará com que tenhamos

algo que nos dê sentido para viver, mostrar-nos-á qual o sentido da vida.

Concluímos assim que a resposta ao problema-questão se baseia na admissão

de que devemos aproveitar a vida, dar valor a tudo o que nos é importante e que de

certo modo nos dá conforto, bem-estar, felicidade e prazer. Ao recorrermos a ações

como o suicídio quando nos sentimos desesperados, deixamos para trás todas as

coisas mencionadas anteriormente, através das quais podemos encontrar o sentido da

vida.

Page 25: Formas de pensar

25

Formas de pensar

Bibliografia:

Rachels, James - Elementos de Filosofia Moral, 1ªed. Lisboa: Gradiva, 2004. ISBN 972-

662-951-9

Rodrigues, Luís - Filosofia 11º Ano, 1ªed. Lisboa: Plátano Editora, 2008. ISBN 978-972-

770-609-9

Disciplina: Filosofia Professora: Maria Alberta Fitas

Page 26: Formas de pensar

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“O que é a filosofia?”

Temos dois cadeados

(problema filosófico) e

duas chaves diferentes

(soluções/respostas)

A filosofia é a procura do conhecimento através de

questões. O que este desenho pretende transmitir é que a

resposta a um problema filosófico varia consoante a pessoa

a quem fazemos tal pergunta. Luísa Martins, nº14 – 10ºE

Page 27: Formas de pensar

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Formas de pensar

Por que razão haveremos de ser morais?

Quais as razões para sermos morais? A

moralidade é algo que devemos seguir? Devemos

agir moralmente, de acordo com o quê?

O objetivo deste ensaio é responder a

estas questões-problema e, portanto, iremos

apresentar razões para o Homem seguir a

moralidade. Destacaremos várias teses, apesar

de estas não serem todas as que poderão responder a estes problemas. Para além

disso, apresentaremos vários argumentos que sustentam estas teses. Contudo, estas

teses apresentam um ponto de vista subjetivo sobre o que é moralmente correto, logo

cada pessoa é livre de escolher a ideia que pretende ter daquilo que é moral (correto).

Responder a esta questão-problema é algo sobre o qual todos os seres

humanos deveriam refletir, ou seja, é algo a que todos nós devemos dar importância,

porque viver em sociedade implica a moralidade, a razão para sermos seres morais.

Para respondermos a esta questão-problema, encontrámos várias teses. Uma

que aponta para uma relação entre Ética e Religião defende que Deus existe e, como

tal, é Ele o criador dos mandamentos morais, pelo que é neles que se encontra o que

é eticamente correto. Se não correspondermos a estes mandamentos e os

infringirmos, seremos punidos, não nos reconhecendo alguma virtude no nosso ser.

Page 28: Formas de pensar

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Formas de pensar

Apesar destes argumentos, devemos ter em conta que para explicar esta teoria

existem grandes dificuldades práticas, principalmente em explicar os mandamentos

supostamente criados por Deus, ou mesmo provas que evidenciem o contacto com

Deus. Poderemos pensar no exemplo de pessoas que afirmam ouvir a voz de Deus,

mas, também sabemos que existem doenças que podem provocar a perceção de

realidades imaginárias.

E se Deus não existir? O que acontece a esta tese? Como considerar o que é

moralmente correto e errado, sem recorrer aos mandamentos criados por uma

possível personagem imaginária?

Conscientes das dificuldades de aceitação da tese anterior, consideremos outra

tese que não recorre a personagens superiores ao ser humano, apenas ao próprio ser

humano e à sua sociedade. Esta tese denomina-se como Contrato Social e defende que

devemos ser morais porque devemos agir de acordo com um conjunto de regras a que

um grupo de pessoas racionais concordou em obedecer. Para a sustentar, destacamos

o seguinte argumento: de acordo com esta tese, a ética e o que é moralmente certo e

errado transforma-se num tema prático, pois com este conjunto de regras objetivas e

claras, a determinação dos nossos deveres éticos resulta de uma vivência natural e

madura. Ou seja, a finalidade do contrato social é tornar possível a vida num

enquadramento social, existindo regras que devemos seguir, para sermos

considerados como pessoas morais, e, deste modo, temos a vantagem de viver numa

comunidade moral. Por outro lado, existem objeções a esta tese, porque este conjunto

de regras é contornável e frágil, pode não dar resposta a novas situações sociais e

presume que todas as pessoas são seres iguais e egoístas, pelo que não atuam com

sentimentos, o que muitas vezes não acontece. Há também quem objete que com este

conjunto de regras, há pessoas que se aproveitam das mesmas para seu proveito

próprio.

Page 29: Formas de pensar

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Formas de pensar

De acordo com os defensores do contrato social, os seres humanos são egoístas

e agem de acordo com o que é melhor para eles, esquecendo-se que há pessoas que

têm sentimentos por familiares e/ou amigos. Hume, por exemplo, disse que os seres

humanos tinham sentimentos sociais - sentimentos que nos ligam a outros seres. Esta

perspetiva é conhecida como Utilitarismo. Os defensores desta teoria advogam que o

nosso princípio moral deve ser atuar de acordo com aquilo que produza o bem maior

para o maior número de indivíduos que estejam envolvidos no acontecimento, ou seja,

que produza os maiores benefícios possíveis para todos os que serão afetados pela

nossa ação. Haveremos de ser morais na medida em que, se estivermos perante uma

escolha, escolhemos algo que proporcione a felicidade maior, pois, segundo o

Utilitarismo, devemos tornar a vida neste mundo tão confortável quanto possível. Ou

seja, o fundamento firme da moralidade utilitarista consiste nos sentimentos sociais da

humanidade e no Bem comum.

Esta tese pertence ao que se diz ser a Moralidade e Benevolência. De acordo

com esta teoria, todas as pessoas são um pouco altruístas e têm sempre um pouco de

amor ao próximo, ou seja, em geral todas as pessoas são morais em relação a alguém

da família de que se goste minimamente, ou a outra pessoa qualquer. É por essa razão

que se lhe fosse dada a sugestão de matar essa pessoa de quem gosta, ela iria agir

moralmente, e não a iria matar. Mais concretamente, a tese é que as pessoas são

morais porque todos nós somos um pouco altruístas, pensamos nos outros e

preocupamo-nos com o bem-estar deles, temos sentimentos que nos ligam a outras

pessoas.

Por fim, também devemos ter em conta a teoria da imparcialidade. Segundo

esta, devemos agir de acordo com “sentimentos conscienciosos”, agir de forma

imparcial face ao destinatário e proporcionar o maior bem a quem mais precisa,

atuando com consciência, de forma ponderada e reflexiva.

Em conclusão, fugindo à punição, sendo mais conscienciosos ou solidários para

com os outros, a opção pela moralidade é sempre preferível. A moralidade deve ser

algo presente na vida de todos nós.

Page 30: Formas de pensar

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Formas de pensar

Bibliografia

ALMEIDA, Aires - Dicionário Escolar de Filosofia. Lisboa: Plátano Editora, 2003.

RACHELS, James – Problemas da Filosofia. Lisboa: Gradiva, 2010

Adriana Gonçalves, nº1, 11º A4 Sílvio Cândido, nº 24, 11º A4

Disciplina : Filosofia Professora: Maria Alberta Fitas

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Desigualdade Vivemos num mundo de desigualdades. Cada vez existe mais pobreza,

exclusão social, discriminação e racismo, realidades do nosso tempo às quais não podemos ser indiferentes.

É o caso da pobreza que não tem tendência a desaparecer da face da nossa terra, bem pelo contrário, pois em minutos há países que aumentam e acentuam a sua riqueza afetando toda a humanidade. Não podemos fechar os olhos perante tantos milhões de pessoas que vivem em extrema precariedade, que não têm um trabalho decente e não podem participar na vida económica, social, política e cultural.

As profundas desigualdades na distribuição da riqueza no mundo atingiram, atualmente, proporções verdadeiramente chocantes, tal como é o caso da fome.

Singer, Peter, Ética Prática (adaptação)

Olívia Wischer, nº18 -10ºE

Page 32: Formas de pensar

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Formas de pensar

Link para a apresentação eletrónica a seguir transcrita:

http://www.authorstream.com/Presentation/biblioblogue-1628284-formas-de-pensar-mundo-exterior/

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Disciplina: Filosofia Professora: Maria Alberta Fitas

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O que determina o valor de

uma obra de arte?

Cristina Popusoi, nº6 Inês Murta, nº8 10ºE

Autor: Marello, José Name: Bodegón

Autor: Desconhecido Name: Desconhecido

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