FORMAÇÃO DO LEITOR NA PERSPECTIVA DE UMA … · ... à minha gratidão sempre pela boa acolhida....

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA CURSO DE BIBLIOTECONOMIA NORMÉLIA GUEDES DA SILVA FORMAÇÃO DO LEITOR NA PERSPECTIVA DE UMA BIBLIOTECA ESCOLAR IDEAL ORIENTADORA: Profª Msc. Antônia de Freitas Neta NATAL-RN 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

NORMÉLIA GUEDES DA SILVA

FORMAÇÃO DO LEITOR NA

PERSPECTIVA DE UMA BIBLIOTECA

ESCOLAR IDEAL

ORIENTADORA: Profª Msc. Antônia de Freitas Neta

NATAL-RN

2009

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NORMÉLIA GUEDES DA SILVA

FORMAÇÃO DO LEITOR NA PERSPECTIVA DE UMA

BIBLIOTECA ESCOLAR IDEAL

Orientadora: Profª Msc. Antônia de Freitas Neta

NATAL-RN

2009

Monografia apresentada à Disciplina Monografia, ministrada pela Professora Maria do Socorro de Azevedo Borba e Renata Passos Filgueira de Carvalho para fins de avaliação da disciplina e como requisito parcial para conclusão do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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S586p Silva, Normélia Guedes da.

Formação do leitor na perspectiva de uma biblioteca escolar ideal/ Normélia Guedes da Silva. – Natal, 2009.

62 f. Orientadora: Antônia de Freitas Neta (Msc)

Monografia (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais aplicadas. Departamento de Biblioteconomia.

1.Leitura. 2. Formação do Leitor. 3. Biblioteca. 4. Biblioteca Escolar. 5. Bibliotecário escolar. I. Freitas Neta, Antônia. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/DEBIB CDU 027.8:028

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NORMÉLIA GUEDES DA SILVA

FORMAÇÃO DO LEITOR NA PERSPECTIVA DE UMA

BIBLIOTECA ESCOLAR IDEAL

MONOGRAFIA APROVADA EM ___/___/2009

__________________________________________________________ PROFª. MSC ANTÔNIA DE FREITAS NETA

(ORIENTADORA)

__________________________________________________________ PROFª. FRANCISCA DE ASSIS DE SOUSA

1ª EXAMINADORA

__________________________________________________________ PROFª. MSC MARIA DO SOCORRO DE AZEVEDO BORBA

2ª EXAMINADORA

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Dedico este trabalho à minha Mãe, Lucília, professora primária, responsável pela alfabetização de uma geração de jovens em sua terra natal. Uma mulher inteligente que gostava de ler e manter-se informada, primando sempre pela educação escolar dos filhos. Obrigada, querida, por mais uma conquista devido sua semente plantada.

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AGRADECIMENTOS

A todas as pessoas que fizeram e fazem parte da minha vida:

Aos meus pais (in memória), que já não estão fisicamente comigo, no

entanto, acredito no seu amor e cuidados espirituais. A eles, o meu orgulho e a

minha benção.

Aos meus irmãos, à minha gratidão sempre pela boa acolhida.

Crescemos, amadurecemos juntos e sempre nos amaremos. In memória, aos

que já se foram.

Aos amigos que tanto somam à minha vida, que nesta minha existência,

tornaram-se necessários e indispensáveis.

Aos professores, que contribuíram para o meu crescimento intelectual e

profissional.

À minha orientadora, Antônia de Freitas Neta, que eu não poderia ter

feito escolha melhor, obrigada pelo estímulo, coragem, força cada vez que

repetia, “tenha calma, porque vai dar tempo”. Muito obrigada pelos

conhecimentos repassados com tanta sapiência e elegância.

Aos colegas, vou sentir saudades das trocas de informações e

brincadeiras nos corredores movimentados e que torço para que não nos

percamos na estrada da vida. Só depende de nós e de um canal de

comunicação.

Aos colegas que estavam mais próximos, Aninha Ferreira, Dayse Alves,

Vagner Lázaro, Larissa Inês (que tanto me auxiliou na informática), meus

sinceros agradecimentos pela força trocada durante esta trajetória,

especialmente no estágio supervisionado, onde nos demos força mutuamente.

Enfim, a todas as pessoas que eu quero bem e desejam a minha

felicidade e o meu sucesso.

Mas, sobretudo, Àquele que me fortalece todos os dias da minha vida,

Deus.

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Que o bibliotecário tenha competência técnica; que ele não seja passivo em seu trabalho; que ele assuma uma postura política de fato; que ele capitule cultura ininterruptamente; que ele lute por seus direitos; que ele saiba exercer a autocrítica; que ele não se limite a ser um mero guardião de livro; que ele seja versátil no seu trabalho; que ele seja um leitor crítico; que ele perceba a importância e a força da informação que a biblioteca contém; que ele respeite o leitor, como ser humano que ele é, muito mais carente de saber do que das técnicas.

Maria Helena Barros

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RESUMO

Analisa a partir de uma revisão de literatura, as perspectivas de uma biblioteca ideal para desenvolver a formação do leitor no processo da educação formal. Aborda os percalços da leitura sob diversos tipos, aspectos ou níveis, que possibilitem a interação entre leitor e o autor, através das mensagens contidas nos textos. Descreve os critérios para se formar o leitor, identificando os tipos que estão inseridos no conceito de analfabeto, analfabeto funcional e alfabetizados. Aborda a evolução da biblioteca, enfocando a transição da condição de depositária do saber produzido para disseminadora da informação. Ressalta a biblioteca escolar brasileira considerada espaço ainda não contemplado no planejamento pedagógico da escola e o descaso sofrido por professores e alunos em decorrência desta não inclusão. Recomenda os aspectos positivos da atuação do professor, na utilização do ambiente da biblioteca, no desenvolvimento das suas atividades acadêmicas. Pressupõe as perspectivas de uma biblioteca escolar ideal, caracterizando-a tanto na ergonomia informacional, quanto a um layout adequado sob todos os aspectos, condições que possibilitam atrair o usuário quanto à acessibilidade física e informacional. Destaca a necessidade de um profissional bibliotecário sua missão no contexto escolar e seu papel de mediador das informações, ressaltando a sua co-participação no processo de formação do leitor. Corrobora a atuação do professor e o bibliotecário na condição de educadores, apontando a necessidade de um trabalho conjunto no processo de desenvolvimento do hábito de acessar a biblioteca e no desenvolvimento da prática da leitura. Conclui, mostrando que a formação do leitor escolar só será possível em sua plenitude, se houver uma ação conjunta sala de aula, biblioteca e bibliotecário, tríade considerada como recurso indispensável no dinamismo das atividades desenvolvidas como incentivo à leitura.

Palavras-chave: Leitura. Formação do leitor. Biblioteca. Biblioteca Escolar.

Bibliotecário Escolar.

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ABSTRACT

Scans from a literature review, the prospects for an ideal library to develop the ideal training of the reader in the process of formal education. Discusses the drawbacks of reading under various aspects, or levels, enabling the interaction between reader and author, through the messages contained in the texts. Describes the criteria to form the reader, identifying the types that are included in the concept of illiterate, functional illiterate and literate. Discusses the evolution of the library, focusing the transition from depository of the knowledge produced to disseminator the information. Emphasizes the Brazilian school library, space still not considered covered in planning the school's pedagogical and neglect suffered by teachers and students as a result of this non-inclusion. Recommends the positive aspects of the teacher, the use of the library environment, the development of their academic activities. Assumes the perspective of an ideal school library, characterizing it both informational ergonomics, and a layout suitable in all respects, conditions that enable the User to attract as physical accessibility and informational. Stresses the need for a professional librarian mission in the school context and its role as mediator of information, emphasizing their co-participation in the training of the reader. Supports the role of the teacher and the librarian provided educators, noting the need to work together in the process of developing the habit of accessing the library and the development of reading practice. In conclusion, showing that the training of school reader can only be in full force, if any joint action the classroom, library and librarian, triad considered indispensable resource in the dynamism of the activities developed as an incentive for reading. Keywords: Reading. School Library. Scholl Librarian. Formation Reader.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 10

2 PERCALÇOS DA LEITURA ......................................................................... 14

3 CRITÉRIOS PARA UM BOM LEITOR .......................................................... 19

4 POR QUE BIBLIOTECA? ............................................................................. 25

5 BIBLIOTECAS ESCOLARES BRASILEIRAS ............................................. 29

5.1 ATUAÇÃO DO PROFESSOR FRENTE À BIBLIOTECA ........................... 34

6 PERSPECTIVA DE UMA BIBLIOTECA ESCOLAR IDEAL ......................... 37

6.1 MISSÃO DO BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR ................................................ 43

7 BIBLIOTECÁRIO E PROFESSOR: FÓRMULA DE SUCESSO DA

BIBLIOTECA ESCOLAR ................................................................................. 47

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 51

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 56

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1 INTRODUÇÃO

Por se constituírem num espaço de conservação do patrimônio

intelectual, as bibliotecas são lugares de encontro dos usuários e, estes, com

suas histórias, valores e tradições, compreendem que a informação e o

conhecimento são instrumentos básicos para novas possibilidades e melhores

perspectivas de suas vidas.

A biblioteca como pólo dinamizador da informação e responsável pela

difusão do saber acumulado pela humanidade, poderá ser uma incentivadora

na busca do conhecimento, representando um elemento indispensável na

formação de leitores.

O tema desta pesquisa tem como foco a Biblioteca Escolar como palco

de incentivo à leitura, como colaboradora na formação do leitor escolar. Na

tentativa de compreender tal situação, surgiram indagações no percurso da

academia tais como: Qual a participação das Bibliotecas Escolares no

processo ensino aprendizagem? Qual a importância da leitura para o aluno

ainda em fase escolar? Quais as informações que mais lhe interessa? Qual a

participação do professor na utilização da biblioteca no processo de

desenvolvimento do hábito da leitura? Qual a situação das Bibliotecas

Escolares Brasileiras quanto à promoção da leitura? Como o professor pode

atuar em conjunto com o bibliotecário? Qual o paradigma para uma Biblioteca

Escolar Ideal? Tais indagações serviram de subsídios para determinar os

objetivos da pesquisa desenvolvida.

Pensar num tema que possibilitasse o desenvolvimento de uma

pesquisa na área da Biblioteconomia, partiu de dois princípios: o primeiro do

anseio de repassar a experiência vivida no processo adquirido pelo gosto da

leitura, a partir da fase escolar; o segundo, mostrar a teoria assimilada no

decorrer do aprendizado acadêmico e sua aplicabilidade, tendo como

instrumento a Biblioteca Escolar como campo instigante para o

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desenvolvimento de dinâmicas que despertem as potencialidades cognitivas do

aluno, suscitando no mesmo, a vontade de ler.

Dessa forma, buscou-se através do objetivo geral identificar quais os

procedimentos reais da Biblioteca Escolar Brasileira no processo de incentivo à

leitura e como objetivos específicos demonstrar a importância da leitura na

formação do individuo; verificar o uso da biblioteca escolar pelo professor;

identificar as causas pelo seu descaso; averiguar a atuação do bibliotecário

escolar e identificar quais as alternativas reais para um trabalho cooperativo

entre professor e bibliotecário.

A metodologia para a execução do trabalho deu-se através de pesquisa

documental, com revisão de literatura em fontes impressas e eletrônicas,

voltadas para o universo da Biblioteca Escolar, elegendo o leitor escolar como

sujeito da pesquisa, tendo como temática o desenvolvimento de leitura no

contexto da escola.

Dentro deste contexto, deverá ser enfatizada a importância da leitura

para a formação do leitor, quando este poderá fazer uso da biblioteca para a

troca de informações, através de dinâmicas, e atividades lúdicas direcionadas à

leitura. Antes, pois, torna-se necessário conhecer a situação real das

bibliotecas escolares, presumindo a biblioteca escolar ideal, com a participação

efetiva do bibliotecário no processo, enfatizando, portanto, a relação integrada

entre sala de aula e biblioteca.

A biblioteca escolar ideal seria um espaço com uma dinâmica

envolvendo uma tríade formada pela sala de aula, bibliotecário e biblioteca.

Entretanto para que ocorra tal ação, a mesma deve estar articulada à própria

escola e fazer parte do projeto didático-pedagógico institucional, tornando-se

um espaço aberto, onde o público escolar fará uso da mesma no

desenvolvimento de pesquisas escolares ou leituras individuais através de

fontes formais e informais, organizadas a priori por bibliotecários.

Diante do que foi pesquisado e para um entendimento melhor do

propósito a ser atingido que é o desenvolvimento do gosto pela leitura na

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escola, fazendo uso da biblioteca como um recurso fundamental do processo,

este trabalho abordará e destacará os aspectos teóricos que direcionam á sua

prática da seguinte forma:

No segundo capítulo, será avaliada a Importância da leitura, a qual

implica um processo abrangente, podendo ser vista sob diversos tipos,

aspectos ou níveis, retratando uma atividade de comunicação que se

transforma num ato social, permitindo, assim, a interação entre leitor e autor.

No terceiro capítulo, será enfocada a formação do leitor, considerando

aquele que é alfabetizado e que sabe fazer uso da leitura, alcançando a exata

compreensão da mensagem, decodificando e assimilando o que lhe foi

revelado pelo texto e passando a dar significação ao seu contexto, através do

envolvimento com o autor, numa relação de compreensão plena que o fará

refletir, criticar e participar da realidade que o cerca.

No quarto capítulo, enfoca as transformações ocorridas com a Biblioteca

que, diante da evolução da sociedade com necessidades informacionais

diversificadas, teve seu conceito refinado, fazendo com que a mesma deixasse

de ser mera depositária, organizadora e guardiã do saber intelectual, para se

tornar disseminadora da informação e onde o registro do conhecimento

acumulado passou a ser armazenado em suportes concretos, que facilitam a

preservação e recuperação das informações.

O quinto capítulo diz respeito às Bibliotecas Escolares Brasileiras, ainda

consideradas espaços pouco valorizados quanto a sua importância pedagógica

e que apesar dos incentivos recebidos pelas políticas públicas, com ações

voltadas para a promoção da leitura, através de repasses de materiais

didáticos, paradidáticos e equipamentos eletrônicos modernos, ainda não é

utilizada para o desenvolvimento de atividades ou dinâmicas com relação à

leitura, não promovendo no aluno nenhuma motivação quanto à sua existência,

não participando, pois, do processo de formação do leitor escolar.

Ainda no quinto capítulo, é demonstrada a não utilização da biblioteca

como um recurso a mais no contexto escolar, enfatizando o descaso que os

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professores sentem em relação ao ambiente, não valorizando-o como um

espaço da produção do conhecimento, não orientando pedagogicamente os

alunos para a realização de pesquisas e nem desenvolvendo atividades de

integração com o bibliotecário.

No sexto capítulo, pressupõe as perspectivas de uma biblioteca escolar

ideal, onde o espaço da biblioteca deverá ser coletivo para o compartilhamento

de informações, favorecendo ao aluno um ambiente adequado para fazer suas

leituras e pesquisas, contribuindo, assim, para que o mesmo adquira novos

conhecimentos.

Destaca ainda neste capítulo, o papel do bibliotecário escolar ressaltado

a necessidade de sua co-participação no processo de formação do leitor

escolar, agregando ao seu perfil técnico o papel de um educador, atuando em

parceria com os professores de uma forma que desperte nos alunos o gosto

pelo hábito da leitura e pela biblioteca.

O processo de integração sugerido dar-se-á a partir da

interdisciplinaridade curricular que deverá fazer parte do projeto pedagógico da

escola, tornando-se mediadores da leitura, implicando na tríade formada pela

sala de aula, bibliotecário, e pela biblioteca, sendo esta caracterizada como um

espaço para dinamizar as práticas extracurriculares que possibilitem o incentivo

á prática da leitura.

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2 NOS PERCALÇOS DA LEITURA

Num mundo globalizado, estabelecer uma disciplina permanente do ato

de ler possibilita que o processo de aprendizagem aconteça eficientemente,

favorecendo uma assimilação de conteúdos, ajudando o individuo a conhecer a

sua realidade pessoal em convívio com as relações sociais.

Partindo deste pensamento, entende-se que o processo da leitura

possibilita ao homem expressar seus pensamentos, seus anseios, suas idéias,

até as angustias de compreender o que os outros dizem e escrevem. Sobre o

assunto, Borges1 (2009) ratifica, quando diz que “no contato de um leitor com

um texto estão envolvidas questões culturais, políticas, históricas e sociais

presentes nas várias formas de tradição”.

Nesse sentido, segundo Bamberger et al (1995) afirma que para se ter

prazer pela leitura é preciso saber ler sendo fundamental estabelecer uma

disciplina pelo ato de ler, criar um elo com o texto, compreender o seu sentido,

para depois interpretar segundo o seu conhecimento da palavra e de mundo.

Ratificando as colocações anteriores, Borges2 (2009) argumenta que

“sabendo-se que a leitura é um dos mais importantes meios de se chegar ao

conhecimento, torna-se necessário aprender a ler, entretanto interessa mais ler

com profundidade do que em quantidade, visto que ler é dar sentido às

palavras”. Como coadjuvante do referido processo, existem conhecimentos

formais e informais que, se adquiridos ao longo da vida, permitem uma maior

assimilação da leitura facilitando a compreensão da mensagem do texto.

Sendo assim, é através do conhecimento adquirido que o homem se

comunica com o outro, utilizando inúmeras formas de linguagens no processo

de comunicação seja ela: verbal, oral ou escrita, que se tornam objeto de

estudo da lingüística que de acordo com Orlandi (2005, p.9) é considerada

1 Documento eletrônico não paginado. 2 Documento eletrônico não paginado.

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“entre as Ciências Humanas, como o estudo científico que visa descrever ou

explicar a linguagem verbal humana.”

Sendo, pois, a Lingüística a única ciência que estuda os signos da

linguagem verbal, Houaiss (2001, p. 1764) a define como;

Ciência que tem por objeto: (1) a linguagem humana em seus aspectos fonético, morfológico, sintático, semântico, social e psicológico; (2) as línguas consideradas como estrutura; (3) origem, desenvolvimento e evolução das línguas; (4) as divisões das línguas em grupos, por tipo de estrutura ou em famílias, consoante o critério seja tipológico ou genético.

Dessa forma, a linguística, então, perpassa por todos os ângulos das

relações humanas e sociais, onde através dos diversos tipos, aspectos e níveis

de leitura, segundo Orlandi (2005, p.10-11), “o homem se comunica, representa

seus pensamentos, exerce seu poder, elabora sua cultura e sua identidade,

etc.”

Enfatizando o processo de aprendizagem que vem desde o nascimento,

iniciando-se no contexto familiar e evoluindo ao longo da vida em todas as

áreas que fazem parte do contexto humano e social, Nastri (1986, p. 17) define

a leitura como:

Um ato de compreensão e conhecimento, onde há uma relação entre o leitor (sujeito) e o texto (objeto), através do qual o leitor, tendo um repertório experiencial sobre o assunto, toma consciência do significado do texto, transformando-o, reescrevendo-o.

Do ponto de vista de alguns autores, a leitura é considerada uma

atividade complexa, ratificado por Borba (1999, p.16), quando afirma que a

leitura “envolve problemas não só fonéticos, semânticos e culturais, mas

ideológicos e filosóficos”. Diante desta postura teórica entende-se que a leitura

se apresenta para o leitor numa realidade polissêmica, onde ele, como sujeito,

capta cada significado apresentado e de posse dos seus conhecimentos,

poderá atuar e transformar a sua realidade.

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Almeida3 (2009) no seu conceito afirma que:

O que é então o ato de ler senão tomar posse do texto, do livro. Livro que nos fala por meio das palavras. Palavras que vão tomando forma e cor, aos olhos atentos do leitor. Palavras que podem descobrir as vozes dos enredos, as cenas que desfilam através das entrelinhas do texto.

Entende-se, então, que a leitura pode ser interpretada, a partir da

compreensão da palavra e da experiência individual de cada um e, como ela

não se restringe apenas ao conhecimento da língua verbal, pode ser decifrada

a partir do sentido que ela dá aos sinais que também podem ser representados

segundo Martins, 1994, p.(34) por “um quadro, uma paisagem, a sons,

imagens, coisas, idéias, situações reais ou imaginárias”. Vai depender do olhar

de cada leitor.

Assim, o significado de leitura é apresentado pelos teóricos estudados,

sobre vários ângulos, pelos quais observaram e definiram que o leitor é quem

poderá dar resposta, dependendo da sua evolução ou dos avanços na relação

estabelecida com a mesma, tornando-se livre para fazer as próprias escolhas.

Através disso, pode-se determinar que cada leitura tem um tipo de leitor. É o

momento existencial do individuo que irá determinar que tipo de leitura o

mesmo deseja, visto que cada um captará a mensagem do texto de acordo

com sua percepção sensorial.

Diante do que foi apresentado, a leitura poderá ser vista como uma

atividade de comunicação, podendo se transformar num ato social, permitindo

a interação entre leitor e autor. Nesse caso, seguindo a linha de raciocínio, os

textos devem interagir com os conhecimentos do leitor e fazê-lo exercitar não

só pelo ato de ler de forma necessária, mas também de forma prazerosa.

A partir do entendimento do processo de comunicação estabelecido

pelos elementos emissor e receptor, independente do tipo ou nível em que se

encontra a leitura, o leitor através dos conhecimentos adquiridos e de acordo

com suas necessidades informacionais, certamente saberá diferenciar entre

3 Documento eletrônico não paginado.

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uma leitura informativa, de cunho científico, e uma leitura de entretenimento,

mais voltada para a cultura em geral.

Reforçando o ponto de vista que a leitura ultrapassa os limites do texto

Martins (1994, p. 65), enfatiza dizendo que:

A construção da capacidade de produzir e compreender as mais diversas linguagens está diretamente ligada a condições propícias para ler, para dar sentido ou atribuir significado a expressões formais e simbólicas, representacionais ou não, quer sejam configuradas pela palavra, quer pelo gesto, pelo som, pela imagem. E essa capacidade relaciona-se em princípio com a aptidão para ler a própria realidade individual e social.

Conclui-se que cada leitor tem sua compreensão e interpretação pessoal

diante dos vários aspectos da leitura, partindo dos seus conhecimentos

informais e formais e de sua capacidade experiencial.

Na prática da leitura, Sacchi Junior, (1986, p.6-7) aponta, não

necessariamente nesta ordem, as possíveis intenções do leitor ao fazer uso da

leitura, definindo os tipos de leitura utilizados pelo leitor em quatro momentos:

a) Leitura Fruição: atividade empreendida por prazer, sem outra intenção a não esta do próprio gosto pela leitura. Mas, mesmo tendo buscado tal objetivo na leitura, o leitor, muitas vezes, entrará em contato com novas informações contidas no texto. b) Leitura Pretexto: a leitura efetivada com a intenção de produzir um outro texto, ou seja, o texto lido pode originar um artigo abrangendo uma nova abordagem do assunto, uma dramatização, aprendizagem da estruturação do próprio texto, dentre outros. Leitura Estudo: o leitor deve especificar a tese defendida no texto, buscar ‘os argumentos apresentados em favor da tese defendida’, ‘os contra-argumentos levantados a teses contrárias’, e a ‘coerência entre teses e argumentos’. d) Leitura Busca da Informação: recorre-se ao texto em busca de respostas a questões propostas ao sujeito ou para verificação do conteúdo de um documento.

Esse conceito corrobora com o ponto de vista de Bamberger (1995)

quando sugere que a leitura deve ser desenvolvida de acordo com o grau de

entendimento do leitor, como também da necessidade específica em que ele

está vivenciando.

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Não mais para definir como tipos, mas níveis de leitura, Martins (1994, p.

80 -81) visualizar o processo do ato de ler a partir da configuração de três

níveis básicos de leitura: sensorial, emocional e racional e os define da

seguinte forma:

Leitura sensorial tem um tempo de duração e abrange um espaço mais limitado, em face do meio utilizado para realizá-la – os sentidos. Seu alcance é mais circunscrito pelo aqui e agora (grifo do autor); tende ao imediato. A leitura emocional é mais mediatizada pelas experiências prévias, pela vivência anterior do leitor, tem um caráter retrospectivo implícito; se inclina pois à volta ao passado. Já a leitura racional tende a ser prospectiva, à medida que a reflexão determina um passo à frente no raciocínio, isto é, transforma o conhecimento prévio em um novo conhecimento ou em novas questões.

A prevalência de um nível ou de outro depende das circunstâncias de

vida de cada leitor no ato de ler, da situação específica em que ele está

vivendo, como também das respostas que o texto possa oferecer aos seus

questionamentos, na intenção de fazê-lo interferir na sua realidade, pessoal,

política, profissional, social e tantas outras.

Miranda4 (2006) consegue abranger todas as áreas do conhecimento e

no seu ponto de vista sobre a leitura, quando diz:

A leitura já não é mais vista como uma prática limitada aos textos literários, compreende outras formas de relacionamento com o mundo do conhecimento registrado pelos autores de qualquer atividade — poesia, romance, artes visuais, teatro, etc e pelas obras técnicas e científicas. Não apenas em livros mas em qualquer suporte e mídia. Leitura de mundo.

Quanto mais o leitor faz uso do ato da leitura, aumentado o seu leque de

conhecimentos, mais facilidade em tem de interpretar o seu significado,

ampliando, por conseguinte, a sua visão de mundo. Dessa forma, a formação

do leitor será reforçada no próximo capítulo.

4 Documento eletrônico não paginado.

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3 CRITÉRIOS PARA UM BOM LEITOR

A partir da fase em que a criança começa a juntar as letras e a formar

palavras, o uso da linguística passa a ser o instrumento apropriado para

expressar os pensamentos, as idéias, os argumentos, enfim, a partir da união

de palavras, da construção dos sentidos.

Se a leitura for exercitada cotidianamente pela família, como ressalta

Bamberger (1995, p. 72), ao dizer que “a função dos pais como modelos é

decisiva, isto é, se eles mesmos gostarem de ler, induzirão facilmente os filhos

a ler regularmente. O esclarecimento e as informações prestadas pelos pais

são uma pré-condição do ensino eficaz da leitura”. A prática da leitura familiar

reforçada pela educação escolar, certamente na fase adulta, haverá um leitor

formado e adquirido o prazer pelo ato de ler.

Dessa forma, para melhor compreender a formação do leitor, desde sua

trajetória familiar, Bamberger (1995, p.12) reforça mais ainda quando afirma

que “os valores que se podem adquirir através dos livros e da leitura só serão

acessíveis [...] a quem tiver dominado as habilidades técnicas e possuir

capacidade intelectual para ler”. Dentro dessa concepção, caso o indivíduo

prossiga na prática cotidiana da leitura, poderá aprender como exercitá-la de

forma adequada, sabendo utilizar os aspectos necessários à compreensão da

leitura possibilitando que as informações sejam assimiladas eficientemente.

Ratificando a sugestão de uma forma correta do aprender a ler, Borges5

(2009) é enfático quando diz que:

Saber ler é o ponto de partida para dominar toda a riqueza que um texto, literário ou não, pode transmitir, conseqüentemente, bom leitor é aquele que faz uma análise do texto lido, aprofundando-se na compreensão dos detalhes a fim de poder construir o seu próprio entendimento daquilo que leu.

5 Documento eletrônico não paginado.

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O leitor de posse de um repertório de conhecimentos e vivenciando cada

vez mais uma completa interação com o autor, na visão de Carvalho (2002, p.

22), “seguirá vida a fora buscando ampliar suas experiências existenciais

através da leitura.”

A maioria dos teóricos afirma que a formação do leitor, iniciada a partir

da fase infantil, tem um maior poder de assimilação das informações

repassadas pelos textos. Assim, se for introduzido desde cedo no cotidiano da

criança o uso do livro, os pais participando do processo da leitura , quando

jovem, deverá ter adquirido gosto pelo ato de ler e, quando adulto, ao fazer uso

dela, será mais seletivo e criterioso quanto ao seu conteúdo.

Campello (2005, p. 7) diz que se deve “desenvolver nas crianças, de

forma gradual, desde o início de sua escolarização, habilidades para localizar,

relacionar e interpretar a informação”. Sendo assim, se a criança for educada

para a leitura, quando adulto, tornar-se-á capaz de desenvolver seus próprios

métodos no ato da mesma, partindo de suas reais necessidades e escolhas.

Borba (1999, p.21), diverge um pouco desta corrente teórica quanto à

questão da iniciação da leitura quando afirma que:

Apesar da leitura se revestir de toda essa importância em seu estágio inicial, o seu processo de aprendizado requer um grande empenho intelectual, principalmente para aqueles que dão os primeiros passos para a leitura em idade tardia. Isto posto, devemos considerar sempre que a formação do leitor pressupõe uma motivação constante do mesmo, objetivando manter sempre despertado o interesse da leitura.

Conforme os conceitos apresentados, fica bem evidenciado a

importância que a formação do leitor ocorra no ambiente da família e da escola

e que as motivações devem acontecer continuamente, contribuindo sempre

para o desenvolvimento intelectual e cultural do cidadão, independentemente

da idade em que se deu sua iniciação na leitura.

Para Medeiros (1999, p. 53), o essencial é que “o exercício pleno da

leitura contribui para a formação de indivíduos capazes de realizar uma análise

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crítica do seu cotidiano, levando-os a uma participação social coerente com a

consciência dos seus direitos e deveres.”

Contudo, existem alguns teóricos que defendem que a formação do

leitor passa por aspectos cognitivos considerados também importantes. Para

Nastri (1986, p.19), o processo de aprendizagem da leitura está envolvido em

três aspectos básicos:

O aspecto político diz respeito às finalidades, dos porquês da leitura, revelando-a como um ato de libertação, de questionamento, de crítica. O aspecto psicológico se refere à relação homem-texto, ou seja, um ato de consciência do leitor agindo sobre, interagindo. E aspecto metodológico, que se refere aos métodos, às técnicas de se trabalhar com o texto.

Para se formar leitor competente, é necessário que os referidos

aspectos estejam vinculados ao seu cotidiano e que, na prática do ato da

leitura, tornem um conhecedor de todo o processo para a compreensão do

texto, assimilando-o conforme o entendimento que se quer dar àquele

conteúdo na situação e no contexto em que ele se encontra.

Já Rigolo (1986, p.25) afirma para o leitor que sabe fazer a leitura

corretamente que:

A compreensão e absorção do texto se dá nos mais diversos níveis de diálogo, conforme o posicionamento de cada leitor. [...] Sentir o que o autor está ‘dizendo’, como se estivéssemos conversando com ele, é um processo tão interessante como se o fizéssemos com a realidade.

Para que o leitor consiga vencer as dificuldades na captura da

mensagem do texto, quando não consegue interagir com a mensagem do

autor, é necessário que ele busque o seu aprimoramento intelectual estudando

continuamente os aspectos importantes e necessários à compreensão da

leitura.

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De acordo com Freire6 (2001), criador de um processo de alfabetização

diferenciado, partindo da prática, do cotidiano para teorização, preocupado com

a alfabetização do adulto, ratifica o conceito da relação do leitor-texto e ressalta

que:

É preciso deixar claro [...] que há uma relação necessária entre o nível do conteúdo do livro e o nível da atual formação do leitor. Estes níveis envolvem a experiência intelectual do autor e do leitor. A compreensão do que se lê tem que ver com essa relação. Quando a distância entre aqueles níveis é demasiado grande, quanto um não tem nada que ver com o outro, todo esforço em busca da compreensão é inútil. [ grifo do autor].

Partindo desse conceito, não somente o leitor tem que se preparar para

adquirir habilidades quanto a melhor forma de ler o texto, mas o autor também

precisa se identificar com o perfil do leitor que quer atingir, oferecendo-lhe uma

leitura condizente com seu grau de conhecimento intelectual e de mundo.

Respeitando, pois, as habilidades e formação do leitor, o autor deve ter a

sensibilidade de atingir seus anseios, através de uma linguagem acessível,

preocupando-se com a construção de um texto claro e com idéias logicamente

encadeadas. Diante dessa cumplicidade entre autor e leitor, este saberá

interpretar a mensagem contida no texto e que poderá satisfazer suas

necessidades, levando-o a sentir, ou não, prazer pela leitura e tornando-o,

conseqüentemente, capaz de estabelecer uma escolha.

Sobre essa identificação, Baroni7 (2009) realça este ponto de vista

quando diz que “bons autores conseguem manter um vínculo com os leitores

na medida em que preenchem as linhas e entrelinhas de suas histórias com

vários significados e conceitos que dão asas à imaginação e ajudam a

compreender a realidade.”

Diante do processo de leitura, encontra-se o leitor com a sua

interpretação pessoal, levando-se em consideração que o grau de

entendimento, sobre o texto em questão, depende dos conhecimentos da

6 Documento eletrônico não paginado. Carta de Paulo Freire aos professores. 7 Documento eletrônico não paginado.

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palavra e de outros formadores de sua bagagem informacional, especialmente

o conhecimento de mundo.

Ainda sobre o ato de ler, Martins (1994, p. 32-33) corrobora ainda mais

quando diz: que “a leitura vai [...] além do texto (seja ele qual for) e começa

antes do contato com ele. O leitor assume um papel atuante, deixa de ser mero

decodificador ou receptor passivo”. Vista por esse ângulo, entende-se que o

individuo que estabelece uma prática de leitura em sua vida deixa de ser um

analfabeto funcional.

Os teóricos voltados para o processo de leitura defendem que quem lê

ou escreve, através de uma prática mecânica, sem nenhuma reflexão sobre a

mensagem contida no texto, é conceituado como um analfabeto funcional, por

não saber fazer uso correto da escrita, das mensagens que a mesma contem.

A partir dessa visão, entende-se que não basta o indivíduo ser

alfabetizado na concepção clássica do termo, fazendo uso da leitura apenas

pela necessidade e de forma mecanizada. Barros (1986, p. 32-33) ratifica a

informação afirmando que “o ato de ler pode significar a mera decodificação da

palavra escrita, de forma mecânica, apenas reprodutora de significados; mas

também pode significar uma relação compreensiva-crítica com o texto,

geradora de novos significados.”

Sendo assim, considera-se analfabeto funcional o individuo que apesar

de saber ler e escrever, não questiona nem reflete sobre estes dois atos,

permanecendo estigmatizado como uma pessoa iletrada.

Entretanto, na visão Houiass (2001, p. 201), o conceito analfabeto

antecede ao conceito de analfabeto funcional ao afirmar:

1 Que ou aquele que desconhece o alfabeto; que ou aquele que não sabe ler, nem escrever 2 que ou aquele que não tem instrução primária 3 p. ext. que ou o que é muito ignorante, bronco, de raciocínio difícil 4 p. ext B que ou aquele que desconhece ou conhece muito mal determinado assunto ou matéria.

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Ainda na acepção de Houaiss (2001, p. 201), o analfabeto funcional é

aquela “pessoa alfabetizada apenas para entender, na área a qual trabalha a

sua função, sendo completamente despreparado para entender textos ou

problemas de outras áreas do saber, o que configura uma espécie de

tecnicização do conhecimento.”

O analfabeto funcional, aquele leitor que não tem uma visão crítica do

que lê ou escreve, é enfatizado também por Perini (1988, p.780) quando diz

que, “se bem que sejam capazes de assinar o nome e de decifrar o letreiro do

ônibus que tomam diariamente, não conseguiriam ler com compreensão

adequada uma página completa, ainda que se tratasse de assunto dentro da

sua competência.”

Detentor do conhecimento da palavra (sabendo fazer uso da leitura e da

escrita) e com uma bagagem de leitura de mundo, o leitor saberá atribuir

significados aos textos, e, a partir de reflexões sobre suas mensagens, poderá

permitir uma transformação em sua realidade sob todos os aspectos, podendo

ser mais um agente transformador no contexto em que está inserido.

Sobre a questão, Martins (1994, p. 17), corrobora com a afirmação

acima dizendo:

Quando começamos a organizar os conhecimentos adquiridos, a partir das situações que a realidade impõe e da nossa atuação nela; quando começamos a estabelecer relações entre as experiências e a tentar resolver os problemas que se nos apresentam – aí então estamos procedendo a leituras, as quais nos habilitam basicamente a ler tudo e qualquer coisa. [...]. Dá-nos a impressão de o mundo estar ao nosso alcance; não só podemos compreendê-lo, conviver com ele, mas até modificá-lo à medida que incorporamos experiências de leituras.

Considera-se então um leitor formado, aquele que é alfabetizado, e sabe

fazer uso do ato da leitura, alcançando a exata compreensão da mensagem,

decodificando e assimilando o que lhe foi revelado pelo texto e passando a dar

significação ao seu contexto. Àquele que se torna um leitor autônomo, que

sabe escolher a leitura adequada e que usa a informação que mais lhe convém

para ampliar os seus conhecimentos.

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Então, como coadjuvante no processo de formação do leitor, alem da

família e da escola, temos a biblioteca, elemento importante e indispensável

nessa formação, visto que é nesse espaço, principalmente a Biblioteca Escolar,

que o cidadão reforça todo um conceito de leitura, que o fará adentrar no

mundo do conhecimento. A biblioteca deve fazer parte de programas voltados

para o desenvolvimento de leitura de diferentes tipos de informações,

permitindo aos indivíduos a formação de uma consciência crítica quanto à

realidade que o rodeia, tanto no âmbito da política, da economia, das ações

sociais, bem como dos avanços científicos nos diversos campos do

conhecimento.

Para uma melhor compreensão deste processo de interação, será

enfocada no próximo capítulo, a trajetória da Biblioteca desde sua gênese até a

atualidade.

4 POR QUE BIBLIOTECA ?

Desde o início das bibliotecas, onde os registros eram feitos em placas

de argila, pergaminhos, papiros e outros suportes, o conhecimento vem sendo

resguardado no decorrer da história, com critérios de organização quanto a sua

classificação, no intuito de atender aos interesses da comunidade assistida.

A partir do momento em que o homem começou a produzir e registrar o

conhecimento, surgiu a necessidade de armazená-lo, uma vez que atrelada a

necessidade do registro surgiu a de recuperar, armazenar, preservar e

disseminar o saber acumulado.

Dessa forma, enquanto existiam pessoas preocupadas em produzir

textos e também aprimorar os suportes para registro das informações, outras

estavam também preocupadas em organizar tais suportes para facilitar sua

busca e aumentar sua durabilidade, conservando-os em lugares denominados

bibliotecas.

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A palavra biblioteca, de acordo com definição dada por Lemos (1988 p.

346), “tem origem na forma latinizada do vocabulário grego biblioteca (de

biblion, livro, e theke, estojo, compartimento, escaninho onde se guardavam os

rolos de papiro ou pergaminho por extensão a estante e, finalmente, o lugar

das estantes com livros).”

Sobre esse momento, considerado de extrema importância Milanesi

(1993, p. 16), afirma que:

Era preciso reter a informação sobre algum suporte concreto, conseqüentemente, tornou-se imprescindível a preservação desses suportes – os documentos – bem como a organização deles quanto mais documentos produzidos, maior a exigência de controle.

Ainda sobre a questão, Pontes (1998), afirma que a Biblioteca surgiu

diante da necessidade de se reter e preservar as informações, evitando-se

assim sua dispersão.

Tendo, pois, sua origem num passado distante e tendo que se adaptar

as mudanças políticas, sociais e tecnológicas no decorrer da história, Lemos

(1988, p. 347) configura a definição da biblioteca da seguinte forma:

Para se ter uma biblioteca, no sentido de instituição social, é preciso que haja cinco pré-requisitos: a intencionalidade política e social, o acervo e os meios para sua permanente renovação, o imperativo de organização e sistematização, uma comunidade de usuários, efetivos ou potenciais, com necessidades de informação conhecidas ou pressupostas, e, por último mas não menos importante, o local, o espaço físico onde se dará o encontro entre os usuários e os serviços da biblioteca.

Diante da evolução da sociedade com necessidades informacionais

diversificadas, o conceito de biblioteca foi refinado, fazendo com que as

mesmas deixassem de ser meras depositárias, organizadoras e guardiã do

saber intelectual, para se tornarem disseminadoras da informação. A partir

desse momento, o homem não apenas armazena, preserva e organiza o saber

produzido, mas, também, inicia um processo de propagação, disseminando

assim a informação produzida a quem deseja.

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Dessa forma, a biblioteca surge no momento em que o registro do

conhecimento acumulado passa a ser armazenado em suportes concretos, que

facilitariam a preservação e recuperação das informações. Sobre a questão da

preservação, dos documentos produzidos, Milanesi (1993, p.15) afirma que:

A ciência é cumulativa e a biblioteca tem a função de preservar a memória – como se ela fosse o cérebro da humanidade – organizando a informação para que todo ser humano possa usufruí-la isso vai da biblioteca que se constrói para aqueles que se alfabetizam, até a biblioteca especializada para o homem da ciência.

O desenvolvimento gráfico em decorrência da popularização do papel e

a invenção da Imprensa, proporcionaram um aumento da produção do registro

do conhecimento, fato que gerou um caos informacional diante do aumento da

quantidade de informações produzidas e registradas, dificultando o processo

de armazenamento e sua organização.

Entretanto, o referido caos foi minimizado com o aparecimento de

técnicas bibliotecárias, aplicáveis aos processos de classificação e

catalogação, onde a tecnologia facilitou consideravelmente o trabalho do

bibliotecário, como também o acesso à informação.

Posteriormente, a informática proporcionou transformações nas rotinas

dos serviços meios da biblioteca, evento que melhorou a capacidade de

armazenamento e de acesso a informação, que passou a ser processada e

disponibilizada em tempo hábil para atender as necessidades informacionais

do indivíduo.

Enfatizando o surgimento e o crescimento das bibliotecas, Campos e

Bezerra (1989, p. 80-81) elucidam que até data recente:

Eram poucas as instituições escolares – compreendendo-se aqui o ensino público e privado – equipadas com boas bibliotecas. [...]. Na Europa, embora tais bibliotecas existam desde finais do século XIX, foi no século XX, e principalmente na década de 50, que tiveram crescimento significativo. Foi também na década de 50 que se criou no Brasil a maioria das bibliotecas hoje existentes.

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Enfim, antes restritas a pequenos grupos, as bibliotecas evoluíram,

proliferaram e a difusão do conhecimento ficou mais democrática e acessível

ao público.

Diante do foco desta pesquisa representado pela importância das

bibliotecas escolares, como espaço de atuação ao incentivo à leitura, no

próximo capítulo será apresentada uma revisão de literatura, quando será vista

sua evolução histórica, importância e situação atual, das mesmas, no Brasil.

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5 BIBLIOTECAS ESCOLARES BRASILEIRAS

Diante do que foi pesquisado, pode-se dizer que a formação de leitores

no Brasil vem desde o seu descobrimento, quando chegaram os jesuítas e

segundo Milanesi (1995, p.26) “trouxeram os livros para evangelizar e

colonizar. Os jesuítas, principalmente eles, formavam bibliotecas em seus

conventos para ensinar e aprender, utilizando os livros, sobretudo para a

propagação da fé.”

Com o surgimento e a evolução das bibliotecas, principalmente as

públicas, no decorrer dos séculos, a partir destas surgem as bibliotecas

escolares, mais especificamente, de acordo com Milanesi (1995, p.54).

A partir de 1971 as bibliotecas públicas foram, praticamente, transformadas em bibliotecas escolares. É nessa data que as pesquisas passaram a se constituir numa obrigação escolar. [...]. Foram, pois, as obrigações escolares que tornaram a biblioteca algo mais concreto: havia uma necessidade clara que justificava a sua existência.

Ao analisar a situação das bibliotecas escolares brasileiras, no contexto

atual, sobre diversos aspectos, de acordo com o referencial teórico, é

considerado um espaço pouco valorizado quanto a sua importância pedagógica

para o contexto escolar, não havendo uma integração entre a biblioteca e a

sala de aula, na promoção da leitura.

Diante do contexto de descaso em relação a sua importância no

contexto escolar, Silva (1998, p. 27) critica a situação dizendo, “se

determinados cuidados não forem tomados, os professores, os estudantes, o

acervo de livros e os equipamentos da biblioteca continuarão isoladamente,

‘repousando em berço esplêndido e eternizando o desgosto pela leitura.”

De acordo com os estudos desenvolvidos, grande parte das bibliotecas

escolares ainda não se encontra integrada à proposta pedagógica da escola

em que se encontra inserida, não participando de forma concreta, do processo

de formação do leitor.

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Apesar de uma maior participação da biblioteca escolar na promoção da

leitura, grande parte delas ainda se encontra numa situação de não valorização

tanto por parte dos que a gerenciam, quanto dos que a utilizam. Sobre essa

delicada situação, Amato; (1998, p. 17) diz que aqui “se impõe a interação

biblioteca-escola [...] uma vez que as pesquisas a ser realizadas fazem parte

dos conteúdos programáticos das diversas disciplinas”.

Silva (2005) é ainda mais enfático quando critica o distanciamento da

biblioteca escolar no planejamento pedagógico, quando neste não está inserida

biblioteca para o exercício das atividades voltadas para o desenvolvimento da

leitura. Quanto ao papel que cabe à escola nesse sentido, ele diz:

Ao invés de levar os alunos a um conhecimento mais profundo da realidade e a um posicionamento crítico frente a essa realidade, a leitura escolarizada tem servido a propósitos de memorização de normas gramaticais, reprodução de dogmatismos, celebrações cívicas, aumento de vocabulário, motivação para produção escrita, etc. (SILVA, 2005, p.104).

Diante da observação do autor, percebe-se o distanciamento entre sala

de aula e biblioteca no contexto escolar; a primeira mantendo atividades

isoladas, não estimulando o aluno a buscar a biblioteca para fazer suas

pesquisas ou até mesmo somente para ler; enquanto a segunda, mantém-se

numa situação passiva, numa rotina tecnicista, sem orientação para o aluno

encontrar a informação desejada, até porque esta, na falta do profissional

certamente não estar organizada de acordo com o perfil do usuário.

Geralmente, quem assume a biblioteca escolar é um profissional de

outra área, especialmente um professor, que não possui uma formação técnica,

(no caso bibliotecário), voltada para o trato da informação, que não utiliza as

estratégias de busca condizentes aos conhecimentos inerentes à organização

e disponibilização da informação. Nastri (1986, p.22) faz uma observação sobre

a situação quando diz que “a biblioteca é tão precária que, na maioria das

vezes, não oferece condições para o desempenho de um bom papel por parte

do bibliotecário.”

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O descaso pelo ambiente da biblioteca escolar é visto ainda como um

lugar de empilhamentos de livros, cheirando a mofos e considerado pelo aluno,

ainda como um lugar de castigo, e também como um anexo insignificante, que

pode facilitar a consulta dos livros didáticos, apenas para cumprir pesquisas

indicadas pelos professores sem reflexões sobre o conteúdo pesquisado,

desconhecendo suas reais funções.

Sobre esta situação, Silva (1995, p.13) declara que:

Há situações em que o espaço da biblioteca escolar é utilizado não como um lugar de estudo, de pesquisa ou de leitura, mas de punição: o aluno perde o recreio, ficando de ‘castigo’ na biblioteca. [...], ou é o espaço onde os alunos vão copiar verbetes, trechos ou parágrafos dos mesmos livros e enciclopédias ‘receitados’ pelos professores, ‘desde os tempos imemoriais...’.

Por isso o distanciamento entre sala de aula e biblioteca, que é vista

pela grande parte da comunidade escolar como um reflexo de um local sem

atenção por parte dos dirigentes, desconsiderando que ela representa um

depositário de informações que, gradualmente, irá somar aos conhecimentos

intelectuais e de mundo de toda a comunidade escolar.

Acompanhando o pensamento, Silva (1999, p. 109) afirma que:

A biblioteca, em termo de possibilidade, vivência de estudo e pesquisa ainda se apresenta e se coloca como um apêndice secundário das escolas, nem sempre levada muito a sério pelas autoridades e, por isso mesmo, raramente se transformando num objeto de preocupação ou investimento.

A biblioteca escolar, ainda se encontra num grau de desconfiança por

parte do usuário, que não encontra ainda um ambiente favorável para

freqüentar como também não se sente motivado pelo professor para fazer o

“movimento” e buscar informações e leituras naquele espaço.

Como o ambiente das bibliotecas escolares não oferece condições

adequadas para a promoção da leitura, visto que não disponibiliza ao aluno

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espaços apropriados para atender as suas necessidades, sobre essa condição

Kuhlthau (2004, p. 16) afirma que:

É importante conhecer tanto os alunos quanto o acervo da biblioteca e a natureza da comunidade com a qual se vai trabalhar. O entusiasmo do bibliotecário ou professor pode suscitar o interesse dos alunos e esse elemento é essencial para a aprendizagem bem sucedida.

Com base em Silva (1995), a biblioteca ainda não está inserida no

programa escolar, não faz parte das atividades desenvolvidas em sala de aula,

o ambiente físico no que diz respeito ao layout é inadequado, a iluminação

inapropriada, a organização do acervo praticamente não existe, por vezes, um

amontoado de livros nas estantes. Esse quadro reforça o descaso por parte do

aluno, fazendo com este se distancie cada vez mais da biblioteca.

Sentindo-se desmotivado para freqüentar uma biblioteca sem qualidade,

o aluno participa das atividades escolares apenas por obrigação, para ganhar

uma nota e, assim, não busca esse espaço de forma individualizada, para fazer

uso de leituras paradidáticas ou de fruição.

A favor da atuação da biblioteca dentro do contexto escolar, visando

somar ao programa interdisciplinar, Borba (1999, p. 35) diz que ela “deverá

apresentar-se dentro do sistema educativo como um instrumento indispensável

para o desenvolvimento curricular, e como tal deve responder de forma

satisfatória e eficiente os seus serviços à comunidade na qual ela está

inserida”, no entanto, para que essas atividades tenham receptividade positiva

por parte dos alunos, o ambiente físico deve corresponder ao bem-estar que o

momento da leitura exige.

Sobre um ambiente favorável a leitura, Nastri (1986, p.18) evidencia

muito bem a situação quando diz que “para que a escola forme o leitor, ela

precisa contar com uma infra-estrutura adequada”, caso contrário, só reforça o

distanciamento existente entre aluno e a biblioteca da sua escola e,

conseqüentemente, em relação a todas as outras.

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Ainda sobre a função da biblioteca no contexto escolar, Silva (1995,

p.67) torna-se enfático quando diz que: “salientamos, ainda, a necessidade de

inserir o debate sobre o papel da biblioteca na educação escolar no contexto

da discussão, mais ampla, sobre o papel da escola na sociedade, enfocando,

em particular, a questão da democratização do ensino”.

As bibliotecas brasileiras, apesar dos incentivos recebidos pelas políticas

públicas, com ações voltadas para a promoção da leitura, através de repasses

de materiais didáticos, paradidáticos e equipamentos eletrônicos, ainda não

despertaram para atividades ou dinâmicas voltadas para a leitura.

No entanto, percebe-se, nas últimas décadas, uma preocupação por

parte dos dirigentes políticos, desde a esfera federal até local, em investir mais

na educação, contribuindo com verbas para melhorar a infra-estrutura da

escola, com distribuição gratuita de material didático para alunos da rede

pública, abrangendo as diversas áreas do conhecimento.

Conforme diz Perrotti8 (2009), pode-se constatar que “o livro está

entrando nas escolas numa medida que não entrava, nem que seja por meio

das distribuições feitas pelo Ministério da Educação e as secretarias estaduais

e municipais. Há 50 anos nem sequer se sonhava com isso no Brasil.”

Assim sendo, apesar do processo ainda lento e isolado, devido a vários

fatores que deixaram de contribuir na promoção da leitura, a escola tem

recebido investimentos, por parte das políticas públicas, que favorecem as

atividades aplicadas ao incentivo à leitura, no entanto, na prática, essas ainda

ficam restritas à sala de aula, sendo pouco utilizada a biblioteca para os

determinados fins.

Na esfera governamental, de modo ampliado, eventuais programas, elaborados no âmbito do MEC, da Fundação Biblioteca Nacional, das secretarias estaduais, ora da cultura, ora da educação, e mesmo nas principais capitais, têm se repetido e reinventado inúmeros projetos que pretendem levar a leitura e a biblioteca a cada município, sem lograr êxito significativo: verbas e esforços são despendidos e poucos

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resultados são percebidos. (CONSELHO FEDERAL DE BIBLIOTECONOMIA, 2009, p.11).

Mesmo que a biblioteca escolar seja ainda pouco utilizada pelo contexto

de ensino-pedagógico para iniciativas voltadas à difusão da informação e do

incentivo à leitura, o Ministério de Educação e Cultura (MEC) através da

ampliação de diversos programas voltados à promoção da leitura, tem apoiado

projetos de ações voltadas para a formação do leitor, onde alguns não

prosperaram e outros permanecem ainda ativados.

Tais incentivos, ficam ainda restritos ao programa de sala de aula, não

promovendo no aluno nenhuma motivação em procurar o ambiente da

biblioteca, optando ele em fazer suas pesquisas escolares no seu próprio

equipamento sem nenhuma reflexão sobre o tema consultado, sentindo-se, na

obrigação, de cumprir apenas o currículo escolar.

5.1 ATUAÇÃO DO PROFESSOR FRENTE À BIBLIOTECA

Sendo a biblioteca escolar pouco utilizada pelos professores como um

recurso de apoio à educação escolar, Silva (1998, p. 30) ratifica a necessidade

da Biblioteca se aproximar da sala de aula, do professor, do aluno, através de

atividades que incentive o seu uso e corrobora isto quando diz:

Sem a participação – ativa constante – dos professores, a dinamização da biblioteca escolar dificilmente será viabilizada na prática. Isto porque são os professores os responsáveis pelo planejamento do ensino, o que, direta ou indiretamente, repercute na distribuição do tempo acadêmico dos alunos.

Portanto, a pouca utilização da biblioteca, por parte dos professores,

para suas práticas de dinâmicas de leituras junto aos alunos, deixa claro o

descaso que os mesmos sentem em relação ao ambiente, não o valorizando

como um espaço da produção do conhecimento e que suas informações

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podem ser disponibilizadas democraticamente para toda a comunidade escolar,

especialmente para a sala de aula.

Sobre essa prática, Silva (1995, p.54), critica a postura do professor que,

ao invés de ser um provocador, dinamizador de tarefas educativas no conteúdo

curricular, “ele afasta o aluno da biblioteca, pois se a leitura torna-se uma

obrigação, serão lidos apenas os textos impostos, que valem nota e ajudam na

sua promoção escolar.”

O professor perde a chance de participar do desenvolvimento do aluno

tanto na sua formação de leitor, como nas transformações que a leitura

possivelmente promoverá na sua realidade pessoal e social. A partir desse

processo, deve-se provocar a curiosidade do aluno, fazendo-o buscar o

conhecimento, através do material informacional impresso e do uso dos meios

eletrônicos disponíveis no ambiente.

Para que o professor possa trabalhar a promoção da leitura, os teóricos

são enfáticos quanto à necessidade do mesmo manter-se atualizado, quanto

ao seu currículo e, sobretudo, que ele goste de ler e que a leitura faça parte da

sua rotina diária, incentivando-a através do seu exemplo.

Pensando assim, Silva (2005, p. 109) ratifica esse pensamento quando

diz que:

Parece-me que a condição básica para ensinar o aluno a ler diz respeito à capacidade de leitura do próprio professor. Mais especificamente, para que ocorra um bom ensino da leitura é necessário que o professor seja, ele mesmo, um bom leitor. [...] – isto porque os alunos necessitam do testemunho vivo dos professores (grifo do autor) no que tange à valorização e encaminhamento de suas práticas de leitura.

Caso o professor não tenha a pratica do ato da leitura no seu cotidiano,

principalmente dentro da escola, por princípio, certamente o ambiente da

biblioteca não lhe será atraente na execução das atividades que passa para o

aluno em sala de aula. No entanto, Silva (1995, p. 20) defende sua passividade

diante do aproveitamento do espaço da biblioteca quando diz:

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Na maratona diária a que se encontra submetido, dadas as condições de trabalho tão adversas [...], o professor raramente tem tempo para a auto-educação, para a própria atualização e, muito menos, para pensar de forma produtiva um trabalho envolvendo a biblioteca escolar.

Diante de críticas e ressalvas feitas à postura do professor no contexto

da biblioteca escolar, ou seja, o seu descaso quanto a sua utilização para a

execução das atividades em sala de aula, faz-se necessário também lembrar

que, por trás de todo desinteresse do mesmo em relação a essa prática, existe

toda uma conjuntura sócio, econômica, cultural deficitária, que não possibilita o

seu crescimento profissional, conseqüentemente a sua realização pessoal e

social.

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6 PERSPECTIVAS DE UMA BIBLIOTECA ESCOLAR IDEAL

A gênese da Biblioteca Escolar pode ser considerada a partir do

momento em que surgiram as primeiras bibliotecas, quando o homem começou

a registrar concretamente o pensamento. Conforme afirma Cavalcanti (2003,

p.2), “a história das bibliotecas escolares pode ser traçada desde o surgimento

das primeiras bibliotecas, haja vista sua importância no contexto educacional e

sócio-cultural”.

E a biblioteca escolar surgiu juntamente com outros tipos de bibliotecas,

as quais estão voltadas para suas áreas específicas, tais como a biblioteca

universitária, especializada, pública, comunitária, enfim, a produção do

conhecimento encontra-se “espalhado” por todas as unidades de informação e

que de acordo com a definição da Enciclopédia Britânica (1970 apud BORBA,

1995, p. 2-3),

As bibliotecas podem ser grosseiramente classificadas de duas formas. Tanto pela fonte financiadora e pelo uso: nacional, municipal, regional, universitária, de pesquisa, escolar, industrial, de clubes, privadas, etc.; (incluindo médica, legal, teológica, científica, de engenharia, etc.). Bibliotecas especializadas freqüentemente têm coleções especiais.

A biblioteca escolar torna-se, pois, guardiã dos registros humanos, nos

quais podem ser preservada a produção de conhecimento de toda uma

humanidade onde, posteriormente, serão transferidos de geração a geração,

devendo as bibliotecas escolares estarem integradas ao trabalho desenvolvido

em sala de aula e tendo na constituição do seu material informacional, segundo

Borba (1995, p. 2-3),

Uma coleção de material, impresso ou manuscrito ordenado e organizado com o propósito de estudo e pesquisa ou de leitura geral ou ambos. Muitas bibliotecas também incluem coleções de filmes, microfilmes, toca-discos, projetores de slides e semelhantes que escapam à expressão material manuscrito ou impresso.

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A formação do leitor poderá ser um processo que ocorre a partir dos

ambientes alfabetizadores representados pelo contexto familiar, onde é através

do exemplo dos pais que a criança poderá começar a adquirir gosto em

manusear o livro, pela educação escolar e pela biblioteca.

Sobre o contexto familiar, Nastri (1986, p. 18) ratifica muito bem esta

afirmação quando diz que o gosto pela leitura começa “em casa, com a família,

onde a criança vai aprender seguindo os exemplos dados. Assim, se no

ambiente familiar existirem livros e um ambiente de leitura, com certeza se

formará um leitor.”

O segundo ambiente que interage com a educação familiar e que poderá

contribuir na promoção da leitura está relacionado com a educação escolar.

Esse contexto é também responsável pela formação do leitor e Nastri (1986, p.

18) reforça esta afirmação, quando diz que a formação do leitor também é “na

escola, porque é onde se aprende a ler e a escrever. É onde a criança vai ser

alfabetizada e iniciada na prática da leitura”.

Caminhando no mesmo sentido, Rodrigues (1987, p.57), afirma a

importância da escola como função educadora na vida da criança que poderá

fomentar conhecimentos e também a “ideologia, os valores, a ciência, a política

e a cultura na sociedade em que está inserida.”

No entanto, para que o ensino-aprendizagem seja integrado, dinamizado

de acordo com a proposta pedagógica da escola, alguns recursos deverão

fazer parte do processo e um desses é a Biblioteca Escolar. Sobre o assunto,

Amato (1998, p.11) afirma: “que uma escola sem biblioteca é uma instituição

incompleta; e uma biblioteca não orientada para um trabalho escolar dinâmico

torna-se um instrumento estático e improdutivo dentro desse contexto.”

Nesse sentido, sugere-se que a biblioteca procure dinamizar atividades

inerentes ao incentivo à leitura e que estejam diretamente ligadas às propostas

pedagógicas do currículo escolar.

Reforçando o conceito anterior, Bamberger (1995, p. 76), afirma que

para que a escola consiga promover o desenvolvimento intelectual do aluno,

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principalmente na formação de leitores, “uma das metas principais do ensino

da leitura, [...], é acostumar o aluno a utilizar a biblioteca”. Dessa forma, a

biblioteca como um todo deverá fazer parte de um contexto maior, onde todos

os suportes deverão ser utilizados, sejam impressos ou eletrônicos.

O espaço da biblioteca deverá favorecer ao aluno um ambiente

adequado para fazer suas leituras e pesquisas, disponibilizando material

complementar de aprendizagem, que contribuirá para que o mesmo adquira

novos conhecimentos.

Nessa direção, assinala Antunes (1999, p.186), quando reforça que:

O livro, a leitura e a biblioteca escolar alinham-se como importantes componentes sociais e, em especial, do sistema educativo. Somam-se a isto os meios de comunicação e veiculação, de modo a que o livro seja disponibilizado e atenda as muitas demandas de leitura de forma que a aprendizagem, o acesso à informação e ao conhecimento ocorra plenamente.

Além dos cuidados com o conteúdo informacional da biblioteca escolar

que deve estar diretamente relacionado às informações que contextualizam a

realidade social, o seu espaço deverá servir de área de atuação para

programas de desenvolvimento de leitura. Sobre essa condição, segundo Silva

(1999, p.18), a biblioteca escolar deve “ocupar um lugar destacado, não como

um depósito de saber acumulado, mas sobretudo como agência disseminadora

desse saber e promotora da leitura.”

Tal iniciativa poderá despertar no usuário o prazer em manusear livros e

poder, a partir da assimilação das informações, tornar-se mais seletivo e crítico,

possibilitando estabelecer diferenças entre o que é a leitura lúdica e prazerosa,

da que lhe é necessária, especificamente na formação técnica e profissional.

Além do que foi apresentado, é importante que, como um espaço

coletivo para o compartilhamento de informações, a biblioteca escolar deve se

preocupar em oferecer um ambiente acolhedor, com temperatura agradável,

iluminação bem programada, apresentando um layout adequado, de acordo

com a ergonomia atual, otimizando o uso dos locais disponíveis, para que o

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usuário faça uso dos materiais impressos e eletrônicos numa situação de bem

estar quanto as suas condições físicas e encontre o que procure com fácil

acessibilidade.

Ainda com relação a uma estrutura adequada para a Biblioteca Escolar,

o aluno, sentindo necessidade de freqüentar a biblioteca da sua escola para

desenvolver suas pesquisas ou apenas como um momento de lazer,

certamente se sentirá atraído se o seu ambiente for agradável e se suas

necessidades informacionais forem atendidas eficiente e eficazmente.

Caldeira (2002, p.48), ratifica este pensamento quando diz:

O planejamento do espaço da biblioteca deve ser feito em função do acervo e do uso que se pretende dele fazer. Além de salas para abrigar o acervo geral, a coleção de referência e a de periódicos, devem ser previstas salas para estudo individual e de grupos, locais específicos para uso de equipamentos (computadores, gravadores, videocassetes), lugar separado para a coleção infantil para atividades com crianças menores, além de salas de projeção.

A escola, como instituição mantenedora deve-se manter articulada

continuamente com a biblioteca, transformando-a num centro de informação

para a comunidade escolar. Para Amato (1998, p.17), “aqui se impõe a

interação biblioteca-escola [...] uma vez que as pesquisas a ser realizadas

fazem parte dos conteúdos programáticos das diversas disciplinas.”

Diante dessa proposta, deve-se proporcionar para o aluno uma visão

positiva do ambiente da biblioteca, tanto física, quanto à sua organização

informacional composta por todo tipo de material. Deve-se, porém, privilegiar

leituras que correspondam as suas curiosidades, ampliando o interesse por

temáticas que, posteriormente, possam promover o seu desenvolvimento tanto

na perspectiva profissional, como um participante da vida social.

Ainda sobre o assunto, Silva (1999, p. 25) é enfático quando diz,

“acredito que a convivência contínua e concreta com diferentes tipos de livros é

uma das melhores formas de que o sujeito dispõe para desenvolver

fundamentos que o levem a posturas argumentativas e participativas”. Para

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tanto, as coleções bibliográficas e audiovisuais devem estar acessíveis,

atualizados e sistematicamente organizados, com uma sinalização que facilite

o acesso físico e bibliográfico, direcionando e tornando o usuário independente

na busca da informação.

Para que o livre acesso ocorra, é indispensável que a biblioteca escolar

procure utilizar a ergonomia informacional9 indicada para o tipo de biblioteca

em referência, mas procurando proporcionar uma linguagem compatível com

os usuários, aplicando as técnicas utilizadas em todas as bibliotecas para que

o usuário saiba utilizar as estratégias de buscas, não somente na biblioteca da

sua escola, mas também em outras em que venha a freqüentar.

A organização do ambiente físico e informacional deve ser coerente com

as características dos usuários, com toda a comunidade à qual a escola está

vinculada, composta por alunos, e equipe pedagógica. Este deve está

direcionado a atender tanto a faixa pré-escolar, desde o início de sua

escolarização, até a fase escolar, estabelecendo, portanto, um tipo de

organização que leve em conta os interesses dos alunos e as propostas

pedagógicas dos professores.

No entanto, para que haja uma recuperação das informações coerentes

com as necessidades informacionais dos usuários, Simão; Schercher e Neves

(1993, p. 24), enfatizam que “a equipe da biblioteca deve usar um sistema de

sinalização que contemple códigos de cores, cartazes, faixas, etiquetas,

símbolos e outros, a fim de facilitar o uso do seu acervo.”

Ainda sobre a ergonomia informacional, Viana (2002, p. 46), sugere que:

Os sistemas de classificação e os códigos de catalogação, [...], devem ser utilizados na organização de bibliotecas escolares. Algumas adaptações poderão ser necessárias, no caso da coleção infantil que, por suas características peculiares, deverá estar separada do restante do acervo.

9 Estuda o arranjo dos dispositivos de sinalização, informação e de comando, por forma a melhorar as condições de percepção da informação por parte do trabalhador;

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O interesse da Biblioteca Escolar deve está voltado, fundamentalmente,

em atrair o aluno para àquele ambiente, contribuindo para que o mesmo sinta

vontade de buscar leituras não somente via computador, mas, sobretudo,

aprenda a manusear o livro e, conseqüentemente, sinta prazer pela leitura.

Enfatizando ainda mais a importância do ambiente da biblioteca escolar

para atrair o usuário, Simão; Schercher e Neves (1993, p. 13) afirmam que:

A maior ou a menor interação entre biblioteca e leitor (usuário) vai depender, em grande parte, de como a biblioteca está organizada e do grau de compreensão recebido, através do atendimento que lhe é proporcionado, de que ele, o usuário, é coparticipante do processo de desenvolvimento da biblioteca e que ela é seu patrimônio e patrimônio da comunidade, estando instalada ali para servi-los.

No entanto, não existe ambiente físico favorável, mesmo tendo

profissionais habilitados para exercer a responsabilidade da função, se diante

do processo de atendimento ao público, os materiais informacionais não

estiverem organizados na forma sistemática de ser. Antes da disponibilidade ao

público, é importante ressaltar que esses devem passar por um processo de

política de seleção, a qual o acervo deverá ser avaliado e selecionado em

consonância com a sua temática e do público a ser atendido.

Portanto, a biblioteca escolar deve manter suas ativadas não somente

com sua estrutura física e organização do material informacional, mas,

sobretudo, conhecer seus usuários e ter a responsabilidade de repassar ou

direcionar as informações que mais lhes interessam, contribuindo assim

também, com o seu gosto pela leitura e com o seu desenvolvimento de

cidadania.

Sobre o assunto Silva (1998, p. 27) questiona quando ressalta:

Uma vez formada a biblioteca escolar [...], vem à questão da responsabilidade pela intermediação e dinamização das práticas de leitura. Nas mãos de quem deixar a biblioteca? quem deve ser a pessoa a dinamizar o acervo? qual o melhor perfil para essa pessoa?

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Estando a Biblioteca Escolar pronta para atender aos seus usuários, sob

todos os aspectos, torna-se necessário estabelecer uma política de gestão

eficiente e eficaz, isso porque a mesma só poderá atingir seus objetivos com

eficiência, se nela atuar um profissional bibliotecário. Dessa forma, no próximo

capítulo será feita uma abordagem acerca desse profissional, procurando

evidenciar as características de um Bibliotecário Escolar.

6.1 MISSÃO DO BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR

Com a inserção das bibliotecas no contexto escolar, através da lei

federal 5.692/7110 (1971), o desenvolvimento do processo educacional e sócio-

cultural deveria ser exercido com maior efervescência, com um profissional

fazendo parte do referido processo sendo um agente pró-ativo, criativo e

envolvido efetivamente com processo de leitura.

O profissional que atua na biblioteca escolar, e na posse de

conhecimentos da área da informação, deverá ser o responsável tanto pela

organização do acervo (através de um processo de seleção criterioso)

composto por livros, revistas, mapas, dicionários, enciclopédias, entre outros,

como por outras atribuições no que diz respeito à difusão da informação e

promoção da leitura.

Sobre a sugestão acima, Silva (1995, p.76), por sua vez, sugere que,

“cabe ao profissional em atuação na biblioteca escolar torná-la objeto de

reflexão e espaço de participação para todos os segmentos da escola e da

comunidade na qual ela se insere”.

Para ratificar mais ainda o papel do responsável pela biblioteca,

enfatizando a sua co-participação no processo de formação do leitor escolar,

Carvalho (2002, p. 22-23), identifica três elementos que estruturam o processo

de leitura que são:

10 Documento eletrônico não paginado.

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Uma coleção de livros, e outros materiais, bem selecionada e atualizada; um ambiente físico concebido como espaço de comunicação e não apenas de informação, que leve em conta a corporalidade da leitura da criança e do adolescente, isto é, os seus modos de ler; e por último, mas não menos importante no processo de promoção da leitura, a figura do mediador.

Esse profissional deverá saber dominar os conhecimentos técnicos,

organizando o material informacional de forma que o usuário saiba identificar a

localização da leitura de forma rápida e precisa, utilizando as estratégias de

buscas, sob a orientação do mediador da informação.

Evidenciando um melhor conceito sobre o profissional ideal, com

competências específicas para se trabalhar com a informação e em qualquer

tipo de biblioteca, neste caso a biblioteca escolar, a American Library

Association (apud DUDZIAK, 2003, p. 22) define da seguinte forma:

As pessoas competentes em informação são aquelas que aprenderam a aprender. Elas sabem como aprender, pois sabem como o conhecimento é organizado, como encontrar a informação e como usá-la de modo que outras pessoas aprendam a partir delas.

Diante da exigência de se colocar um profissional com competências

específicas para atuar na biblioteca escolar, pode-se afirmar, através da

corroboração dos teóricos, que o profissional habilitado para exercer a função

de organizador da informação, e ao mesmo tempo atuar como educador no

processo do incentivo á leitura, é o profissional da área de biblioteconomia.

Silva (1998) assinala esta afirmativa quando diz que o profissional mais

habilitado para atuar como responsável é o bibliotecário que, competente em

informação, senão em toda a área biblioteconômica, mas em determinadas

funções, sabe como a informação estar organizada, não só tecnicamente, mas

também sabe orientar o leitor na localização do material, mostrando-lhe as

estratégias de buscas para que ele, gradualmente, possa fazer uso da leitura

de forma criteriosa e independente, configurando um profissional participativo

no contexto escolar, contribuindo, pois, como mediador da informação no

desenvolvimento de leitura.

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Historicamente, o profissional bibliotecário surgiu no momento em que a

escrita, os suportes, os instrumentos evoluíram. Sobre esse momento Milanesi

(1993), sugere que quanto mais a sociedade gera documentos, mais os

profissionais responsáveis pelo controle da informação buscam aprimorar

técnicas que permitam ao usuário encontrar o dado que procura.

Durante algum tempo, a sua função esteve voltado somente para as

técnicas de armazenamento, organização e tratamento dos documentos, isso é

confirmado por Almeida Junior (2004, p.70), quando afirma que as “atividades e

funções do profissional bibliotecário estiveram voltados mais para a

preservação do que para a disseminação”. Daí a estigmatização da atuação do

bibliotecário apenas como um tecnicista.

Com o surgimento das novas tecnologias, todos os segmentos da

sociedade sofreram mudanças, fato que atingiu tanto as bibliotecas quanto os

bibliotecários. Tais mudanças são bastante visíveis tanto nos serviços meios

quanto nos serviços fins, visto que o bibliotecário deverá agregar cada vez

mais ao seu perfil uma nova postura voltada para a interdisciplinaridade.

E aí poderá tornar-se um desafio ao profissional bibliotecário, quando

este deve “conquistar” um espaço dentro do planejamento da escola e mostrar

o quanto pode contribuir para a educação do aluno, principalmente como um

recurso a mais na promoção da leitura.

Sendo o bibliotecário, então, o profissional mais habilitado para assumir

uma Unidade de Informação, mais especificamente a biblioteca escolar, Barros

(1986, p.32) defende que a postura do bibliotecário escolar precisa ser de

caráter impar e diferenciada, enfatizando a necessidade do mesmo manter-se

atualizado através da prática da leitura e, de posse dos seus conhecimentos,

Que ele tenha competência técnica; que ele não seja passivo em seu trabalho; que ele assuma uma postura política de fato; que ele capitule cultura ininterruptamente; que ele lute por seus direitos; que ele saiba exercer a autocrítica; que ele não se limite a ser um mero guardião de livro; que ele seja versátil no seu trabalho; que ele seja um leitor crítico; que ele perceba a importância e a força da informação que a biblioteca contém;

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que ele respeite o leitor, como ser humano que ele é, muito mais carente de saber do que das técnicas.

Como a participação do bibliotecário no processo ensino-apredizagem

ainda bastante restrita, o questionamento que se faz é como o bibliotecário

pode contribuir para o incentivo à leitura, ou seja, não somente no que diz

respeito a organização do acervo da biblioteca mas, sobretudo, ser um

condutor da informação direcionando o usuário a encontrá-la de forma

independente, através das estratégicas de buscas impressas e eletrônicas.

O bibliotecário moderno, deverá agregar ao seu perfil o papel de um

educador, atuando em parceria com os professores de uma forma que

desperte nos alunos o prazer e o gosto pela leitura usando a biblioteca como

um recurso fundamental para a aquisição do conhecimento de todas áreas.

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7 BIBLIOTECÁRIO E PROFESSOR: FÓRMULA DE SUCESSO DA

BIBLIOTECA ESCOLAR.

Atestando que o ambiente da biblioteca ainda é pouco utilizado no

espaço escolar, o conceito que ainda se tem dela é de um ambiente apenas

para guardar livros, lugar de lanche ou de castigo, não prestigiado pelo

professor, nem favorável pelo bibliotecário.

Sobre a relação não existente entre a sala de aula e a biblioteca

escolar, Silva (2005, p. 68) expressa sua crítica quanto a postura do

bibliotecário e do professor, isoladamente, enfatizando que:

No seu íntimo, os bibliotecários, principalmente os que trabalham em bibliotecas públicas, guardam um grande rancor dos professores. Esse rancor é fruto do descompromisso e, muitas vezes, da irresponsabilidade dos professores no encaminhamento de alunos às bibliotecas, quando não do próprio desconhecimento dos professores sobre o que existe, em termo de acervo e de serviços, nas bibliotecas, assim, a chamada ‘pesquisa escolar’, feita na biblioteca, transforma-se numa falcatrua para manter os alunos ocupados, nada tendo de investigação séria para o seu enriquecimento cognitivo.

Quanto à postura dos professores sobre não valorizar o espaço da

biblioteca e não trabalhar o incentivo à leitura, em conjunto com o bibliotecário,

Silva (2005, p. 68-69) reforça a sua critica quando diz:

Os professores, por sua vez, parecem colocar a biblioteca e os bibliotecários na posição de subalternos ou de apêndices do processo educativo, devendo, por isso mesmo, cumprir e nunca questionar (ou ao menos enriquecer) os procedimentos oriundos do contexto da escola. Do ‘inferno’ onde se encontra e, muitas vezes, mal sabendo operacionalizar esquemas para o desenvolvimento do gosto pela leitura em seus alunos, os professores determinam a freqüência às bibliotecas ‘a todo custo’, ainda que essa freqüência – a trancos e barrancos – possa agir em sentido contrário, ou seja, criando o desamor aos livros e o desgosto pela leitura.

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Ainda nesse contexto, Silva (1955, p.17-18) questiona quando pergunta:

“até quando os professores vão permanecer alegando que a biblioteca não tem

condições de ser utilizada? por que não desenvolver ações concretas no

sentido da reconstrução ou, em muitos casos, da construção desse espaço na

escola?”.

Por outro lado, questiona-se também: “os bibliotecários e os autores da

área biblioteconômica conhecem os índices de analfabetismo e de fracasso

escolar deste país?”. Fica uma reflexão para o bibliotecário que tenha

pretensão de atuar na promoção da leitura dentro do contexto escolar.

Tal conceito poderá mudar, visto que a biblioteca escolar poderá se

transformar num ambiente adequado para o aluno aprender a gostar de ler,

através de incentivos programados pela equipe pedagógica, tendo o

bibliotecário como contribuinte e mediador das informações disponibilizadas na

mesma.

Para aproximar a sala de aula da biblioteca, Kurlthau (2004, p.19)

ressalta que “é importante que as atividades desenvolvidas em sala de aula

exijam que os alunos utilizem as habilidades para usar a biblioteca e a

informação que estão adquirindo”, ratificando que a falta de integração real

entre os dois recursos de aprendizagem mais importantes da educação

escolar, impedem a existência de uma cultura de pesquisa e leitura por parte

do aluno, não incentivada pelos professores e bibliotecário.

Sendo assim, para promover o gosto pela leitura no contexto escolar, as

atividades desenvolvidas deverão partir de animações culturais, que motivem o

aluno a freqüentar a biblioteca como meio de fazer as pesquisas solicitadas

pelo professor e que este dê destaque a importância da biblioteca para o

enriquecimento dos seus conhecimentos, no aproveitamento de todas as

leituras, tanto na forma de livro, impressa, como na disponibilização através do

suporte eletrônico, via Internet.

A integração dar-se-á, portanto, a partir da interdisciplinaridade curricular

reforçando ainda mais Bamberger (1995, p. 59) quando diz que “os professores

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e bibliotecários devem familiarizar-se com os vários métodos de pesquisa de

interesses”, incluindo, como recurso fundamental, a biblioteca no contexto da

educação escolar.

Diante de um novo contexto, as atividades desenvolvidas no espaço da

biblioteca para o desenvolvimento da leitura, deverão fazer parte da

metodologia os diversos tipos de leitura, utilizado-os na aplicabilidade das

atividades ou práticas de dinâmicas, anteriormente planejadas entre

professores e bibliotecários quanto a mediação do repasse da informação.

No enfrentamento à crise de leitura no Brasil, Silva (1995, p.71) enfatiza

a aproximação da sala de aula junto à biblioteca e diz que “o apoio do

professor é, entretanto, o de maior importância para o êxito da tarefa político-

pedagógica da biblioteca escolar”. Realça, por outro lado, a função do

profissional responsável pela biblioteca quando diz que:

O bibliotecário escolar é uma espécie de coordenador da biblioteca, responsável, como já denota o termo, pela coordenação das sugestões, idéias, atividades vindas de todos os pontos da escola, sempre visando a transformação da biblioteca escolar num espaço dinâmico e articulando com o trabalho desenvolvido pelo professor.

Assim, tornando-se mediadores da leitura, professor e bibliotecário

devem planejar e desenvolver atividades que realcem a leitura de forma que os

alunos, tenham fácil poder de assimilação e sintam-se atraídos por ela.

No entanto, segundo Carvalho (2002, p. 23), “o mediador deve estar

preparado para o confronto sempre renovado com a criança e o jovem através

da literatura, sem cobranças mecânicas de compreensão do texto lido e sem

fórmulas rígidas de indicação por idade”. As práticas de dinâmicas motivando o

aluno a gostar de ler, devem ser divertidas e prazerosas, estimulando-o a

procurar o ambiente da biblioteca tanto pelas leituras de pesquisas, como para

leitura de fruição, de divertimentos.

Dessa forma, o processo de interação entre professor e bibliotecário

atenderá não somente as solicitações feitas em sala de aula, tanto por visitas

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programadas pelo professor, ou de forma individual. Sentindo-se independente

para fazer as escolhas de leituras de acordo com seus anseios, porém sempre

de forma criteriosa e selecionada.

Sobre a integração dos dois recursos mais importantes do contexto

escolar, sala de aula e biblioteca, Silva (2005, p. 74) corrobora com a relação

de apoio de ambas as partes e diz:

Colocando a serviços de professores ou de bibliotecários – aqui tomados agentes de mediação das práticas educativas -, os conhecimentos pedagógicos podem orientar mais objetiva e racionalmente as ações voltadas à educação dos leitores. Assim, qualquer projeto ou programa na área de promoção da leitura poderá ser significativamente incrementado ou enriquecido, quando forem consideradas algumas diretrizes pedagógicas para a orientação das práticas e das atividades.

Essas práticas e atividades, deverão tornar-se rotina, numa relação

tríade formada pela sala de aula, representada pelo professor que se deve

fazer conhecedor do acervo da biblioteca e estar em dia com a sua leitura; o

bibliotecário, na organização e mediação das informações e a biblioteca como

espaço para dinamizar as práticas de incentivo á leitura.

O referencial teórico apresentado, sugere mudanças nas atuais

bibliotecas escolares, e que se estabeleça uma biblioteca escolar ideal como

suporte do incentivo à leitura e que, a partir das práticas desenvolvidas em

conjunto, seja rompido o distanciamento existente entre as instituições

estudadas. É importante que surja um projeto pedagógico interdisciplinar com a

biblioteca e com o aproveitamento dos incentivos direcionados pelas políticas

públicas, instituindo o diálogo e a cooperação a favor da formação de leitores,

na construção da sua cidadania.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi pesquisado, conclui-se que a teorização apresentada

proporcionou, através dos objetivos específicos, respostas para as indagações

expostas na proposta do trabalho desenvolvido sob vários aspectos.

O incentivo ao hábito da leitura na idade escolar tem por princípio passar

pela espontaneidade do ato de ler, isto porque no decorrer do processo, que é

gradual, o aluno precisa ficar à vontade para fazer uso da leitura livremente,

considerando-se que os conteúdos devem ser bem introduzidos de acordo com

o potencial de assimilação de cada um e de suas necessidades de

informações.

Com a invenção da impressa de tipos móveis, ocorreu um aumento da

produção de textos e, a partir das necessidades de armazená-los em espaço

que garantisse o controle dos registros, surge a biblioteca para garantir o

armazenamento da informação e a preservação da produção do conhecimento

ao longo da humanidade.

Antes restritas a pequenos grupos, as bibliotecas tiveram que se adaptar

as mudanças políticas, sociais e tecnológicas no decorrer da história, tendo o

seu conceito refinado, tornando-se disseminadoras da informação e com a

difusão do conhecimento produzido de forma mais democrática e acessível ao

público.

No Brasil, com a evolução das bibliotecas de todos os tipos, surgiram

com os Jesuítas as bibliotecas escolares. Posteriormente, tais bibliotecas

tiveram suas funções direcionadas para atender determinadas obrigações

escolares denominadas de pesquisas. Entretanto, tais atividades com cunho de

obrigatoriedade geraram uma cultura perniciosa em relação à biblioteca,

provocando o distanciamento por parte dos alunos.

Neste espaço, onde as idéias dos autores promovem um turbilhão de

pensamentos, para quem gosta e sabe utilizar o material existente, o que se

constata é o desenvolvimento de atividades que não contribuem para a

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evolução do individuo. Por ser um local ainda não reconhecido pela sua

importância e não considerada parceira no planejamento didático-pedagógico

da escola, a biblioteca tem uma função puramente tecnicista, não sendo

utilizada para o desenvolvimento de dinâmicas voltadas para o incentivo à

leitura.

De acordo com a teorização apresentada, o ambiente da Biblioteca

Escolar ainda é pouco atraente em se tratando das estruturas física e

organizacional, geralmente em desacordo com as recomendações técnicas da

área. O fato dependendo da fase escolar em que se encontra o aluno, dificulta

em alguns casos a acessibilidade física e informacional, razões que geram

descontentamento nos alunos, visto que não atende suas reais necessidades

informacionais.

O professor geralmente não tem o hábito de promover atividades extra

sala de aula, tendo como parceria a biblioteca, como um recurso para auxiliar o

incentivo pelo gosto da leitura. A sua postura passiva, contribui cada vez mais

para o distanciamento do aluno da biblioteca, persistindo a cultura da Xerox,

tendo como conseqüência um adulto que não terá o hábito de freqüentar o

espaço em busca de boas leituras informativas e de entretenimento.

Assim, a falta de valorização das bibliotecas escolares por parte dos

professores e alunos faz sentido, quando muitas bibliotecas, mesmo que

tenham materiais informacionais de qualidade, não os disponibilizam de forma

adequada. Tal situação provem da não existência, na grande maioria das

bibliotecas escolares, de profissionais tecnicamente preparados para organizar

a informação e disponibilizá-la através de uma ergonomia informacional

coerente e adequada com o grau de escolarização do aluno.

Em alguns casos, existe a frente dessas bibliotecas, professores que

eventualmente substituem o bibliotecário, que poderiam e deveriam dinamizar

a biblioteca através de atividades didáticas e lúdicas, pois mesmo não

possuindo formação profissional para desenvolver as práticas técnicas,

poderiam usar de criatividade promovendo eventos culturais, direcionando

aluno para que o mesmo possa aproveitar cada fonte informacional do

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ambiente. No entanto, o que se constata é uma situação de comodismo, pois

tais professores não estão interessados em contribuir para o crescimento do

mesmo neste sentido.

Atesta-se, então, que o descaso pelas bibliotecas escolares tanto pelos

professores quanto pela direção das escolas, faz com que aluno ainda veja o

espaço através de um olhar não coerente com a missão da biblioteca como um

todo, como “guardiã” da história da humanidade; com registros de

conhecimentos organizados e, disponibilizados a toda a comunidade

democraticamente, sem distinção de raça, religião e nível social.

Estando a biblioteca articulada à própria escola, poderá se tornar um

centro de informação democrático, integrada ao projeto didático-pedagógico

institucional, transformando-se num espaço aberto e dinâmico. Tal situação

permitirá ao aluno usar, individualmente ou em grupo, as fontes organizadas e

disponibilizadas pela mediação de um profissional qualificado.

Pressupondo uma biblioteca escolar ideal, espaço aonde as pessoas

vão para se socializar e se atualizar através de meios impressos e eletrônicos,

a mesma deve atuar como pólo de dinamização da informação; como um

centro de incentivo para buscar o conhecimento e, na contribuição da formação

de leitores.

No entanto, para atingir o objetivo que é o de incentivar o

desenvolvimento do hábito de leitura no aluno, a biblioteca escolar ideal precisa

estar preparada com conteúdos interdisciplinares, através de materiais

informacionais atualizados e selecionados de acordo com o perfil do usuário e

também disponibilizá-los através de equipamentos tecnológicos modernos.

Tais ações e estruturas adequadas poderão despertar no aluno o desejo, a

curiosidade de adentrar neste espaço e se sentir estimulado em fazer uso dos

mesmos.

Além das fontes indicadas, seria interessante que fossem incorporados

ao acervo os textos produzidos pelos alunos e professores da escola,

incentivando o aluno ultrapassar a condição de leitor, a fazer uso da leitura,

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produzindo textos que, posteriormente, possam ser utilizados em animações

culturais promovidas pelo professor e o responsável pela biblioteca, seja ele

bibliotecário ou outro profissional.

Ainda sob o ponto de vista dos teóricos estudados, para que a biblioteca

escolar possa realmente aproveitar cada atividade desenvolvida em seu

espaço, é aconselhável a existência de um profissional bibliotecário, com uma

visão pedagógica da instituição para que seja possível estabelecer um

processo de integração entre a escola, o professor e a biblioteca. Ele deverá,

não somente ser o profissional técnico que seleciona, classifica e organiza

material informacional, mas tornar-se o mediador da informação, orientando o

aluno a localizá-la, através de estratégias de buscas, impressas ou eletrônicas,

de forma eficiente e eficaz.

Tais considerações decorrem das mudanças ocorridas no papel do

bibliotecário, que adquiriu novas habilidades, agregando ao perfil tradicional

novas técnicas e instrumentos de disseminação da informação, assumindo

uma postura política e, de educador voltado para as transformações sociais,

interagindo com professores e fazendo parte do processo de ensino e

aprendizagem.

A promoção da leitura no contexto escolar dar-se-á, através da

integração entre a biblioteca e a sala de aula, quando bibliotecário e professor

deverão exercer suas funções em parceria, mantendo uma postura pró-ativa no

processo de formação do leitor. Entretanto, para que a prática aconteça de

forma espontânea, é fundamental que, ambos tenham gosto pela leitura, pois

as dinâmicas aplicadas no ambiente da biblioteca, deverão fazer parte do seu

cabedal de conhecimentos e, visto que pressupõe a existência de uma

sensibilidade para trabalhar com linguagens adequadas com o aprendizado de

cada faixa escolar.

Como mediador da leitura estará o professor, elemento integrante do

planejamento pedagógico que juntamente com o bibliotecário, numa proposta

pedagógica voltada para o desenvolvimento da leitura, precisa promover

dinâmicas que despertem no aluno, o prazer em manusear um livro e dele

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extrair informações que contribuirão para a sua formação de leitor, não

somente pelas tarefas solicitadas de caráter obrigatório, mas de forma livre,

espontânea e divertida. .

Contudo, para que as que as metas da Biblioteca Escolar sejam

atingidas, é necessário que a escola permita que essa exerça o seu papel de

difusora do saber, transformando-a num local de encontros e atividades, onde

através da dinamização das mesmas, leve o aluno a assimilar o conhecimento

registrado.

Enfim, a promoção e divulgação da biblioteca e de seus serviços

representam um importante meio de atrair o aluno, onde o marketing de

serviços é essencial para qualquer instituição e a Biblioteca Escolar, vista como

um bem social, deve transformar-se num espaço educativo disponibilizando a

comunidade escolar diversos tipos de informações, em qualquer tipo de

suporte.

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