Formação de palavras exercícios - gabarito

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1 1ª LISTA DE EXERCÍCIOS DE LINGUA PORTUGUESA – 2 ANO 1ª LISTA DE EXERCÍCIOS DE LINGUA PORTUGUESA – 2 ANO 1. Encontra-se escrito, em um dos muros de Goiânia, o seguinte grafite: “I love you como ninguém loveu.” Da forma como está grafado, o termo loveu não pertence à estrutura da língua inglesa nem à da língua portuguesa. Explique, então, através de que mecanismos esta construção se tornou possível. 2. Considere o processo de formação das palavras amarelar e avermelhar e assinale a alternativa correta: A) Ambas foram formadas por derivação prefixal. B) Ambas foram formadas por derivação sufixal. C) Ambas foram formadas por parassíntese. D) A primeira formou-se por derivação sufixal, e a segunda por parassíntese. E) A primeira formou-se por derivação sufixal, e a segunda por derivação prefixal. 2. Qual é a característica básica de uma palavra formada por parassíntese? 3. Uma pessoa, referindo-se a uma característica da cidade em que nasceu, disse o seguinte: “Onde nasci, todos os moradores usam um sistema moderníssimo de comunicação: o telefone molecular. Lá, quando a gente quer se comunicar com alguém, chama um moleque e ele rapidinho leva o recado.” Esse falante faz uma brincadeira baseada numa palavra criada por analogia (isto é, semelhança de forma) com outra palavra de mesmo campo de significação. a. Transcreva do texto essa palavra. molécula b. Explique por que a primeira oração, se considerada isoladamente, induz o leitor a pensar que o sistema seja realmente moderno. c. Que elementos estruturais formam a palavra em questão? d. Em que outro vocábulo do idioma baseou-se a criação da palavra referida no item a? Como você chegou a essa conclusão? 4. Leia este texto: Em nossa última conversa, diziam-se o grande amigo que não esperava viver muito tempo, por ser um “cardisplicente”. - O quê? - Cardisplicente. Aquele que desdenha do próprio coração. Entre um copo e outro de cerveja, fui ao dicionário. - “Cardisplicente” não existe, você inventou – triunfei. - Mas se eu inventei, como é que não existe? – espantou-se o meu amigo. Semanas depois o enterramos, em saudades fundas, companheiros, parentes e bem-amadas. Homens de bom coração não deveriam ser cardisplicentes. (Rubem Braga) “- Mas se eu inventei, como é que não existe”

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1ª LISTA DE EXERCÍCIOS DE LINGUA PORTUGUESA – 2 ANO1ª LISTA DE EXERCÍCIOS DE LINGUA PORTUGUESA – 2 ANO

1. Encontra-se escrito, em um dos muros de Goiânia, o seguinte grafite:“I love you como ninguém loveu.”Da forma como está grafado, o termo loveu não pertence à estrutura da língua inglesa nem à da língua portuguesa. Explique, então, através de que mecanismos esta construção se tornou possível.2. Considere o processo de formação das palavras amarelar e  avermelhar  e assinale a alternativa correta:A) Ambas foram formadas por derivação prefixal.B) Ambas foram formadas por derivação sufixal.C) Ambas foram formadas por parassíntese.D) A primeira formou-se por derivação sufixal, e a segunda por parassíntese.E) A primeira formou-se por derivação sufixal, e a segunda por derivação prefixal.

2. Qual é a característica básica de uma palavra formada por parassíntese?

3.  Uma pessoa, referindo-se a uma característica da cidade em que nasceu, disse o seguinte:

“Onde nasci, todos os moradores usam um sistema moderníssimo de comunicação: o telefone molecular. Lá, quando a gente quer se comunicar com alguém, chama um moleque e ele rapidinho leva o recado.”

Esse falante faz uma brincadeira baseada numa palavra criada por analogia (isto é, semelhança de forma) com outra palavra de mesmo campo de significação.a. Transcreva do texto essa palavra. moléculab. Explique por que a primeira oração, se considerada isoladamente, induz o leitor a pensar que o sistema seja realmente moderno.c. Que elementos estruturais formam a palavra em questão? d.  Em que outro vocábulo do idioma baseou-se a criação da palavra referida no item a? Como você chegou a essa conclusão?

4. Leia este texto:

Em nossa última conversa, diziam-se o grande amigo que não esperava viver muito tempo, por ser um “cardisplicente”.- O quê?- Cardisplicente. Aquele que desdenha do próprio coração.Entre um copo e outro de cerveja, fui ao dicionário.- “Cardisplicente” não existe, você inventou – triunfei.- Mas se eu inventei, como é que não existe? – espantou-se o meu amigo.Semanas depois o enterramos, em saudades fundas, companheiros, parentes e bem-amadas. Homens de bom coração não deveriam ser cardisplicentes.

(Rubem Braga)“- Mas se eu inventei, como é que não existe”

Segundo se deduz da fala espantada do amigo do narrador, a língua, para ele, era um código aberto:

a) ao qual se incorporariam palavras fixadas no uso popular;b) a ser enriquecido pela criação de gírias;c) pronto para incorporar estrangeirismos;d) que se amplia graças à tradução de temos científicos; ee) a ser enriquecido com contribuições pessoais.

5. Leia o início do conto “Fita verde o cabelo”, de Guimarães Rosa.

“Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos uma meninazinha [...].”

Uma das características do estilo de Guimarães Rosa é a criação de neologismos, por meio dos quais ele revela aspectos do que narra ou descreve.a) Identifique no trecho acima ume exemplo de neologismo e aponte o seu processo de formação. Resposta: Velhavam- forma do verbo ‘velhar”, que se formou por derivação sufixal (velh [o] + ar)

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b) Se o escritor, em vez de criar o neologismo, tivesse optado por uma palavra já existe na língua, qual seria ela? Resposta: envelheciamc) Na sua opinião, por que o escritor teria preferido inventar uma palavra nova a emprega outra já existente no idioma? Resposta: envelhecer é um processo biológico; velhar é som de atos praticados por pessoas mais velhas. O neologismo serve para enfatiza o clima de rotina e monotonia em que se desenrolava a vida no lugarejo.

6. Leia estes dois trechos da crônica “Um pé de milho”, de Rubem Braga:[...] já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas de milharias – mas é diferente. Um pé de milho sozinho, em um canteiro, espremido, junto do portão, numa esquina de rua – não é um número numa lavoura, é um ser vivo independente. [...][...] mas aquele pendão [ pé de milho] firme, vertical, beijado pelo vento do amar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. [...]Rubem Braga, 200 Crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 1992, p. 42-3.

A) As palavras independente (1º trecho) e enriquecer (2º trecho) formam-se pelo mesmo processo? Justifique. Resposta: ambas têm prefixo e sufixo, mas não seguem o mesmo processo. Independente formou por derivação prefixal a partir de dependente, que se formou de depender; já enriquecer formou-se por parassíntese a partir de “rico” (em+ric/qu+ecer)B) No primeiro trecho, há uma palavra que, embora apresente sufixo aumentativo, não exprime, necessariamente, ideia de aumento. Identifique-a e justifique sua resposta. Portão, não é aumentativo de porta, embora posso ser aceito gramaticalmente, no uso essa palavra teve seu sentido desvinculado do aumentativoC) O sufixo –inho tem, nas palavras sozinho e canteirinho, o mesmo valor semântico, ou seja, a mesma “ideia”? Não, pois em sozinho, o sufixo é um intensificador, equivale a “inteiramente/completamente” (sozinho= totalmente só); em carneirinho, o sufixo exprime tanto diminutivo como afetividade.

7. O "MULTIVERSO"

A cada dia o universo torna-se mais e mais complexo.Os tempos mudam, as teorias evoluem e os astrônomos descobrem novos objetos - mas o universo sempre acaba se mostrando mais vasto do que se suspeitava. Uma nova teoria sustenta que ele é apenas um dentre inúmeros universos - como uma bolha em um enorme tanque borbulhante de cerveja, em que cada uma das outras bolhas seria outro universo.[...] Esse multiverso contém incontáveis bolhas-universos, e algumas das quais certamente abrigam observadores inteligentes tentando entender seu próprio cosmo louco.Mas a teoria do multiverso é de difícil comprovação. "Ainda não é ciência", diz Michael Turner, da Universidade de Chicago.

(National Geographic Brasil, 8/2003).Em relação a multiverso:a) Que motivo teria levado o redator a empregá-la entre aspas?

As aspas indicam que a palavra ainda não faz parte do vocabulário do idioma; não foi dicionarizada, trata-se de um neologismo.b) A que palavra do texto ela se contrapõe? Justifique.Multiverso contrapõe-se a universo, o un- significa “um só, único”; multiverso, o multi- significa “muitonumeroso”c) Aponte algumas palavras ou expressões do texto que justifiquem o uso do prefixo multi- na palavra multiverso.“dentre os inúmeros universos”, “cada uma das outras bolhas seria outro”, ‘incontáveis bolhas-verdes”

8. A palavra cosmologia é formada por dois elementos gregos: komos e logia.a) Que palavra do texto é sinônimo de cosmo? universob) O que significa, então, cosmologia? Estudo do cosmo, ou seja, dos corpos celestes (planetas, estrelas, meteoros...)c) Cosmologia é uma palavra derivada ou composta? Justifique. Sim, pois é formada por dois elementos (radicais) com significações próprias: cosmo (=universo) e logia (=estudo).

9. Por volta de 1980-1990, o dirigente esportivo Vicente Matheus foi várias vezes presidente do Corinthians. Matheus entrou para o folclore do futebol, entre outros motivos, porque ás vezes não se expressava com a necessária clareza.

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Naquela época, fazia parte do time o jogador Sócrates, ídolo da torcia corintiana. Certa ocasião, perguntaram a Vicente Matheus se o clube pretendia negociar o passe do jogador, e o presidente respondeu:

"O Sócrates é um jogador invendável e imprestável".(Isto É, 1993)

a) O que Vicente Matheus pretendeu dizer? Ele pretendeu dizer que Sócrates era um jogador que não podia ser vendido e nem emprestadob) O que ele realmente disse? Ele disse que Sócrates era um jogador que não poderia ser vendido e não prestava.c) Como ele deveria ter se expressado para dizer o que pretendeu? ..que não pode ser emprestado

10. Em um antigo anúncio publicado pela revista Cláudia, uma empresa de calçados fazia a seguinte provocação: "Você não vai usar aquela roupa com um sapatinho qualquer não é?"

a) Na palavra "sapatinho" bem como em outras palavras, que significado o sufixo -inho normalmente acrescenta ? carinho, cuidadob) Considerando-se, entretanto, o contexto e o público-alvo do anúncio, que sentido o sufixo -inho passa a ter nessa palavra? pejorativoc) A palavra sapatinho se refere aos sapatos da marca do anúncio ou aos da concorrência? Os da concorrência

11. Observe a tirinha de Angeli e responda:

a) A frase-título nos remete a uma outra frase. Identifique-a e mostre os sentidos existentes entre ambas. Sugestão de resposta: Espera-se que o aluno lembre-se da frase ‘o mundo animal’. Identifique que o sentido é construído por meio da imagem dos homens caracterizados na tira como mascarados e engravatados, fazendo referencia aos políticos brasileiros envolvidos em corrupção, à expressão “imundo animal”, que estabelece a associação com “mundo animal”, típica da classificação biológica. É importante observar que a relação entre as imagens e as expressões “imundo animal” e “mundo animal” é observada na coletividade dos políticos corruptos e a sordidez de sua conduta no mundo.

b) Pode-se dizer que a palavra “imundo” foi formada por um processo de prefixação? Justifique sua resposta.

Resposta: Embora na tira o jogo semântico (sentido) entre ‘imundo’ e ‘mundo’ permita pensar num processo de prefixação, já que ‘in-’ (também sob as formas i-, im-, il-, ir-) é um prefixo de negação que compõe muitas palavras da língua portuguesa. Entretanto, hoje, na nossa língua as palavras ‘mundo’ e ‘imundo’ não mantêm qualquer relação semântica entre si, o que impossibilita justificarmos a construção de ‘imundo’ por prefixação.

12. Leia o trecho abaixo extraído do romance “O Coronel e o Lobisomen” de José Cândido de Carvalho e responda as questões a seguir.

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“[...] Valeu a pena o trabalho. Pernambuco Nogueira, a poder de leis e artimanhas, não só limpou as propriedades de agravos e roubalheiras. Como adentrou suas leis em terra que não era minha. Refuguei:- Sou lá homem disso, doutor! Quero só o que é meu.Mas o aguardenteiro de nome Cicarino Dantas, com engenho de cachaça em Paus Amarelos, quis jogar a demanda no terreno do atrevimento. Avisaram a ele:- Esse Ponciano é o tal que em dia dos antigos estuporou um valentão de circo de cavalinhos.Deu de ombros. Não levava medo de homem, coisa que acabou desde a inventoria do pau de fogo. Era camarada vingancista e garantiu que o coronel do Sobradinho não pegava o tempo das águas com vida no corpo. Como fosse mês de agosto, aproveitei para fazer ironização:- Pois diga a esse boi de chocalho que ainda tenho mês e meio para rebentar o chifre dele. [...]”

Considere a palavra Aguardenteiro:a) Eliminando o seu sufixo, temos a palavra que lhe deu origem. Qual é essa

palavra? aguardente

b) Que palavras deram origem à que serve de resposta ao item a? água e ardente

c) Que processos, então, formaram a palavra em estudo (resposta do item a)Primeiro houve composição por aglutinação: água+ardente, depois deu-se uma derivação sufixal aguardente+eiro13. O verbo roubar é uma palavra primitiva, do qual derivam os substantivos roubo e roubalheira.a) Esses dois substantivos seguem o mesmo processo de formação? Justifique. Não, roubo forma-se pro derivação regressiva (radical= roub+o= roubo, roubalheira forma-se por derivação sufixal (roubo +[lh]eira)b) No contexto da narrativa, seria válido substituir roubalheira (1º parágrafo) por roubo. Justifique. Não, pois roubo designa um (ou algumas ) ocorrências m que se praticou a ação de roubar, roubalheira designa uma grande quantidade de roubos, realizados de forma aberta, escandalosa.

14. Considerando que aguardente é sinônimo de cachaça, seria adequado, nesse contexto, substitui aguardenteiro por cachaceiro? Justifique. Não. O personagem tinha um engenho de cachaça, portanto aguardenteiro, ou seja, fabricante de aguardente/cachaça. Cachaceiro é uma palavra om carga semântica negativa; designa aquele que bebe aguardente de forma assídua e descontrolada.

15. No penúltimo parágrafo, o coronel Ponciano emprega três palavras que, embora não estejam dicionarizadas, podem ser facilmente compreendidas pelo leitor, por analogia com outras palavras de significação equivalente.a) Transcreva do texto essas três palavras e relacione quais são as palavras dicionarizadas equivalentes a elas. Inventoria, vingancista, ironização. As palavras dicionarizadas correspondentes são: invenção, vingativo, ironia.b) Considerando as características da personalidade do coronel que podem ser percebidas no texto, que imagem ele pretendeu passar de si próprio ao usar as palavras referidas em a? O coronel quer exibir sua capacidade de falar difícil ao utilizar palavras que ele acha que existem quer ser culto, fino. Porém ao utilizá-las reforça a ideia de pessoa rude e de escassa formação intelectual.