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VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 2474-2485
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FORMAÇÃO DE EQUIPES COLABORATIVAS:
UM CAMINHO PARA A INCLUSÃO ESCOLAR RESPONSÁVEL
MARCIA MAURILIO SOUZA1
SANDRA REGINA STANZIANI HIGINO MESQUITA 2
SHIRLEY RODRIGUES MAIA3
VULA MARIA IKONOMIDIS4
Ahimsa-Associação Educacional para a Múltipla Deficiência
Resumo:
Neste trabalho apresentaremos como foi desenvolvido o Acordo de Cooperação entre a
Ahimsa Associação Educacional para a Múltipla Deficiência e a Secretaria de Educação da
Cidade de São Paulo e os resultados observados. Nesse acordo foi proposto o Curso de
Formação de Equipes Colaborativas para a inclusão de crianças e jovens com surdocegueira e
deficiência múltipla. Foram envolvidos cerca de 220 educadores da rede municipal de ensino
(professores, coordenadores pedagógicos, diretores de escolas, professoras de salas de
recursos e estagiários). Os educadores pertenciam a oito Centros de Formação e
Acompanhamento à Inclusão (CEFAI) e foram divididos em dez grupos de acordo com o
CEFAI a que pertenciam, sendo que os estagiários formaram dois grupos com aulas aos
sábados e os outros educadores formaram oito grupos com aulas duas noites por semana. Os
cursos aconteceram no período de agosto de 2009 a outubro de 2010, sendo que cada curso
teve carga horária de sessenta horas com conteúdo programático sobre surdocegueira e
deficiência múltipla, avaliação de alunos com surdocegueira e com deficiência múltipla,
estratégias de ensino e apoios que facilitam a inclusão dessa população. Esse curso de
formação foi idealizado a partir de projeto apoiado pela Perkins Internacional / Lavelle em
que foi elaborado o documento “A inclusão de crianças e jovens com surdocegueira e com
deficiência múltipla: uma visão responsável”. Nesse documento são apresentados todos os
apoios necessários para que os alunos com deficiência múltipla e com surdocegueira sejam
incluídos em escolas regulares. Os resultados que apresentaremos foram observados nas
fichas de avaliação do curso que todas as turmas preenchem; nos trabalhos apresentados para
complementação de carga horária; nas visitas às escolas em que os educadores trabalham para
observação dos alunos atendidos. Previamente podemos afirmar que uma nova visão de
inclusão está se instalando nas escolas em que esses educadores trabalham, criando-se uma
verdadeira “Cultura de Inclusão”.
Palavras Chave: Surdocegueira; Deficiência Múltipla; Inclusão.
Introdução
1 Mestre em Educação e Psicologia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. E-mail:
[email protected] 2 Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. E-mail: Sandra-
[email protected] 3 Doutora em Educação e Psicologia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. E-mail:
[email protected] 4 Mestre em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos. E-mail: [email protected]
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Neste trabalho apresentaremos como foi desenvolvido o Acordo de Cooperação entre a
Ahimsa Associação Educacional para a Múltipla Deficiência e a Secretaria de Educação da
Cidade de São Paulo e os resultados observados.
A Ahimsa fundada em 04 de março de 1991, portanto com quase 20 anos de trabalho na área
de educação especial, mais precisamente na educação de pessoas com surdocegueira e com
deficiência múltipla sensorial, tem convenio firmado com a Secretaria de Educação da Cidade
de São Paulo para atendimento educacional a clientela acima citada, esse convenio foi
firmado há 17 anos. Entre os serviços que a Ahimsa oferece em contrapartida aos recursos
recebidos está a formação de profissionais da rede municipal de ensino.
A Ahimsa também desenvolve projetos com a Perkins Internacional, entre eles o Projeto
Perkins / Lavelle que apoia algumas ações, entre elas a inclusão de pessoas com
surdocegueira e deficiência múltipla sensorial, nessa ação estão reunidas as instituições que
participam desse projeto Ahimsa, Adefav Centro de Recursos para Inclusão na Família,
Escola e Sociedade para Pessoas com Surdocegueira, Deficiência Múltipla e Deficiência
Visual, Abrapascem Associação Brasileira de Pais e Amigos dos Surdocegos e Múltiplos
Deficientes Sensoriais e Centro Eva Lindsted da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Nessa ação a equipe das instituições citadas elaboraram “A inclusão de crianças e jovens com
surdocegueira e com deficiência múltipla: Reflexões do Grupo de Trabalho do Projeto
Perkins/Lavelle” (2009).
A Ahimsa, como ação proveniente desse documento propôs à Secretaria Municipal de
Educação da Cidade de São Paulo a formação de equipes colaborativas para a inclusão
responsável, o que se firmou por meio de um Acordo de Cooperação.
O acordo de cooperação
O curso apresentado para a Secretaria Municipal de Educação da Cidade de São Paulo tem o
nome de “Acordo de Cooperação – Formação de Equipes Colaborativas e Estagiários
Mediadores”. Foi proposto que atingiríamos oito (8) dos treze (13) Centros de Formação e
Apoio à Inclusão (CEFAI) que seriam: Campo Limpo, Capela do Socorro, Ipiranga, Jaçanã,
Penha, Pirituba, Santo Amaro e São Miguel.
A proposta do acordo também incluía a participação de cinco (5) unidades escolares (UE) de
cada CEFAI que tivessem alunos com deficiência, de cada uma das UEs poderiam participar
cinco (5) profissionais (professores de sala de aula, coordenadores pedagógicos, diretores,
professores de Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (SAAI)), também poderiam
participar os estagiários que são contratados pelos CEFAIs para o apoio à inclusão.
Os participantes foram divididos em dez (10) grupos, sendo oito (8) grupos com os
professores de sala de aula, coordenadores pedagógicos, diretores, professores de Salas de
Apoio e Acompanhamento à Inclusão (SAAI) e dois (2) grupos de estagiários. Os cursos
tiveram inicio em agosto de 2009 e se alongaram até final de outubro de 2010.
Os objetivos gerais do Acordo de Cooperação (AHIMSA, 2009, p. 1) são: 1. Promover curso de formação continuada para estagiários, gestores
(coordenadores e diretores) e professores visando a inclusão de pessoas
com surdocegueira e com deficiência múltipla sensorial e pessoas com
deficiência que apresentam distúrbios de comunicação;
2. Promover aos estagiários a vivência de mediadores para as pessoas
com surdocegueira e deficiência múltipla sensorial, favorecendo o
processo de inclusão e apoio aos professores da sala de ensino regular;
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3. Incluir com qualidade pessoas com deficiência múltipla sensorial e
pessoas com surdocegueira.
O Curso
O curso foi programado para ter duração de sessenta (60) horas, com quarenta (40) horas
presenciais e vinte (20) horas de atividades complementares (trabalhos e atividades on-line),
sendo que os grupos que tiveram aula durante a semana participaram de doze encontros de
três horas e os grupos com aulas aos sábados participaram de nove encontros de quatro horas.
Todos os participantes participaram de uma oficina de confecção de mobília adaptada e
recursos com materiais de baixo custo em um sábado (quatro horas).
O conteúdo programático do curso foi:
a) Equipe colaborativa: Cultura da Inclusão e Papel da Equipe Colaborativa.
b) Aspectos Gerais das Deficiências: Deficiência Visual (baixa visão, cegueira e
deficiência visual de origem cortical), Deficiência Auditiva/Surdez; Surdocegueira,
Deficiência Intelectual, Deficiência Física e Deficiência Múltipla.
c) Abordagens Teóricas e Aspectos Gerais do Desenvolvimento e Aprendizagem:
Integração Sensorial; Comunicação (definições, conceitos e desenvolvimento de
comunicação e linguagem e comunicação alternativa); Orientação e Mobilidade;
Estilos de Aprendizagem; Currículo Funcional e Currículo Flexível;
d) Avaliação: Avaliação e Elaboração de Mapas.
e) Recursos Acessíveis e Tecnologia Assistiva: Passaporte da Comunicação, Caderno de
Comunicação, Livro de Experiência Real e Tecnologia Assistiva.
f) Oficina de Confecção de Mobilia Adaptada e Recursos com Materiais de Baixo Custo
(papelão e sucata)
g) Elaboração de Estudo de Caso e Plano Didático.
As apresentações das aulas (em PowerPoint) foram impressas e distribuídas aos participantes,
também foram distribuídos aos participantes um CD-Ron com bibliografia sobre o conteúdo
programático e livros editados pelo Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo
Deficiente Sensorial.
Os Participantes
Tendo o curso “Acordo de Cooperação – Formação de Equipes Colaborativas e Estagiários
Mediadores” como principal objetivo o de formar equipes colaborativas nas UEs, propomos
aos oito (8) CEFAIs escolhidos para o projeto, que convidassem profissionais de cinco (5) das
UEs de sua região que tivessem alunos com deficiência, sendo esses: professores de sala de
aula, coordenadores pedagógicos, diretores, professores de Salas de Apoio e
Acompanhamento à Inclusão (SAAI) e estagiários que são contratados pelos CEFAIs para o
apoio à inclusão.
Os grupos foram organizados da seguinte forma:
Oito (8) grupos com professores de sala de aula, coordenadores pedagógicos,
diretores, professores de SAAIs, com duas aulas noturnas durante a semana.
Os estagiários foram divididos em dois grupos com as aulas aos sábados para facilitar
a participação das alunas, pois seus horários durante a semana, com as aulas na
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universidade e os estágios nas escolas são sobrecarregados, sendo o sábado mais
tranquilo.
A Equipe Técnica
Os profissionais da Ahimsa foram os responsáveis pela organização e desenvolvimento do
curso, sendo eles: Shirley Rodrigues Maia (Coordenadora), Marcia Maurilio Souza, Vula
Maria Ikonomidis, Lilia Giacomini, Roberta Correa Fernandes, Dalvanise Duarte, Sandra
Regina S. Higino Mesquita, Miguel Ólio. A principal característica dessa equipe técnica é a
sua formação e atuação na área de surdocegueira e deficiência múltipla sensorial.
O desenrolar do acordo
Após a apresentação do projeto a Secretaria Municipal de Educação da Cidade de São Paulo e
este ser firmado como Acordo de Cooperação e publicado no Diário Oficial da Cidade de São
Paulo em agosto de 2009, fizemos contato com os CEFAIs escolhidos, informando sobre o
curso, quem poderia participar, solicitando também que fosse providenciado um local para o
desenvolvimento dos cursos.
Em agosto de 2009 os cursos foram iniciados, sendo que os grupos dos CEFAIs Ipiranga e
Santo Amaro foram os primeiros; em seguida foram os CEFAIs de Capela do Socorro e
Pirituba, que tiveram aulas as segundas e terças a noite no segundo semestre. No primeiro
semestre de 2010 foram os CEFAIs de Jaçanã e Penha, também com aulas as segundas e
terças a noite.
Os dois últimos CEFAIs, de São Miguel e Campo Limpo, tiveram problemas para se
organizarem no primeiro semestre e solicitaram que os cursos acontecessem no segundo
semestre. O grupo do CEFAI de São Miguel teve aulas duas tardes por semana (segundas e
terças); e os encontros do grupo do CEFAI de Campo Limpo aconteceram uma manhã por
semana (quinta-feira).
Os dois grupos de estagiárias tiveram aulas aos sábados sendo que um grupo teve aula no
segundo semestre de 2009 e o outro no primeiro semestre de 2010.
No total inscreveram-se nos dez cursos 242 profissionais e terminaram o curso 202, ou seja,
83% dos inscritos terminaram os cursos, demonstrando o interesse que os profissionais das
escolas regulares têm pelo assunto. (ver Tabela 1 - Demonstrativo dos participantes inscritos /
participantes que terminaram o curso)
Tabela 1 – Demonstrativo dos participantes inscritos/ participantes que terminaram o curso.
CEFAI PARTICIPANTES INSCRITOS
PARTICIPANTES QUE TERMINARAM O CURSO
Campo Limpo 28 28
Capela do Socorro 26 23
Estagiárias - Grupo I 21 18
Estagiárias - Grupo II 33 25
Ipiranga 14 12
Jaçanã 23 18
Penha 19 14
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Pirituba 22 17
Santo Amaro 13 12
São Miguel 43 35
Total 242 202
Perfil dos participantes dos cursos
No primeiro dia dos cursos, os alunos preenchem uma ficha de inscrição que além de dados
pessoais solicita algumas informações básicas, a respeito dos conhecimentos sobre
surdocegueira e deficiência múltipla sensorial, se tem bibliografia a respeito, se conhece
pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla; isso nos dá um panorama do público
com o qual vamos trabalhar durante o curso. Os dados computados que apresentaremos a
seguir trazem esse panorama sobre o público que participou dos cursos.
Entre os dados pessoais informados traremos neste trabalho somente o levantamento dos
cargos ou funções que os participantes desempenham em suas UEs, sendo que computamos
esses dados registrando todas as funções informadas, mesmo que o participante tenha
informado mais de um cargo ou função, por exemplo: Maria da Silva, cargo/função:
Professora do Ensino Fundamental e Educação Infantil; as duas funções foram computadas.
No Gráfico 1 – Demonstrativo dos cargos / funções dos inscritos nos cursos podemos
observar que tivemos oito grandes grupos de profissionais inscritos no curso, que foram de
professores do ensino fundamental I (19%), estagiárias (15%), professores do ensino
fundamental II (15%), professores de educação infantil (13%), coordenadores pedagógicos
(10%), professores de sala de acompanhamento e apoio à inclusão (SAAI) (7%), professores
de apoio e acompanhamento à inclusão (PAAI) (7%), demonstrando que um dos objetivos do
Projeto de Acordo de Cooperação foi atingido que era de formar equipes colaborativas com a
participação de professores, estagiárias, coordenadores pedagógicos e outros profissionais da
rede municipal de ensino que apóiam a inclusão de alunos com deficiência.
Gráfico 1 – Demonstrativo dos cargos / funções dos inscritos nos cursos.
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19%
15%
15%
13%
10%
7%
7%
4%
2%2%
2% 1%
1%
1% 1% 1%
PROFISSIONAIS QUE PARTICIPARAM DOS CURSOS
Prof. Ens. Fundamental I
Estagiária
Prof. Ens. Fundamental II
Prof. Ed. Infantil
Coordenador Pedagógico
Prof. de SAAI
Prof. Apoio e Acomp.Incl. PAAI
Prof. Ens. Médio
Professor de Educação Especial
Diretor de Escola
Assistente de Direção, Estagiária do CEFAI, Agente Escolar
professora
Auxiliar Técnico de Educação (ATE)
Auxiliar Técnico de Educação Infantil (ATEI)
Professor Orientador de Informática Educativa (POIE)
Educadora de EJA (1), Prof. De Apoio Pedagógico (1) e Fisioterapeuta (1)
Para completarmos o perfil traremos a tabulação de cinco questões relacionadas aos
conhecimentos pré-existentes sobre o assunto e contato com pessoas nas condições de
surdocegueira e deficiência múltipla sensorial.
a) Tem algum conhecimento sobre surdocegueira e deficiência múltipla sensorial?
O resultado obtido nessa questão demonstrou que a grande maioria, 87% dos
participantes tinham nenhum ou pouco conhecimento sobre o assunto, como podemos
confirmar a seguir:
- 14% dos participantes tinha conhecimento,
- 64% não tinha nenhum conhecimento e
- 23% tinha pouco conhecimento sobre o assunto.
b) Possui bibliografia sobre surdocegueira e deficiência múltipla sensorial?
Em relação a possuir bibliografia:
- 6% dos inscritos responderam que tinham,
- 84% responderam que não tinham e
- 10% responderam que tinham pouca bibliografia a respeito do assunto.
Esse resultado confirma os resultados da questão anterior, pois sendo que a grande
maioria (94%) não possuía ou possuía pouca bibliografia a respeito do assunto, logo a
grande maioria não tinha realmente grandes conhecimentos sobre o assunto.
c) Gostaria de atuar com pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla
sensorial?
Essa questão procura levantar o interesse dos participantes dos cursos em intervir
junto a população de pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla sensorial.
Os resultados obtidos nessa questão foram:
- 79% responderam que sim,
- 9% responderam que não,
- 4% responderam que talvez e
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- 8% deram respostas diversificadas que não puderam ser identificadas como
positivas ou negativas.
d) Conhece algum caso de surdocegueira?
Nessa questão levantamos se os participantes conheciam ou até mesmo já atuavam
com pessoas com surdocegueira. O resultado nos demonstra que muitos dos
participantes, ou seja, a maioria não conhecia nenhum caso de surdocegueira.
- 24% responderam que sim
- 76% responderam que não.
e) Conhece algum caso de deficiência múltipla sensorial?
Nessa última questão procuramos levantar quantos dos participantes conheciam casos
de pessoas com deficiência múltipla sensorial. Os resultados indicaram que apesar da
maioria não conhecer casos de deficiência múltipla sensorial, ainda assim, é um
número maior do que aqueles que não conheciam casos de surdocegueira,
comparativamente, como podem confirmar a seguir:
- 41% responderam que sim,
- 59% responderam que não.
Diante dos resultados das questões acima podemos afirmar que tínhamos um público que em
sua maioria não tinha conhecimentos sobre surdocegueira e deficiência múltipla sensorial e
tampouco conheciam casos de pessoas nessa situação, ou como já podemos constatar em
outros levantamentos com participantes de cursos anteriores, não sabem identificar essa
população.
Resultados e discussões
Ao final dos cursos solicitamos aos participantes o preenchimento de uma avaliação que traz
algumas questões relacionadas aos conteúdos do curso e qual a relevância para o trabalho
diário do participante.
No caso deste Projeto do Acordo de Cooperação utilizamos dois modelos de avaliação, sendo
que sete (7) grupos responderam a um modelo e três (3) grupos responderam a um segundo
modelo, nesse caso fizemos o levantamento dos dados em duas fases, pois os modelos têm
diferenças que não permitiram que computássemos os dados conjuntamente. A mudança de
modelo de avaliação do curso se deu por exigência de uma das instituições financiadoras do
projeto.
Apresentaremos os resultados denominando-os como Resultados do Modelo I e Resultados do
Modelo II.
Em relação aos conteúdos apresentados nos cursos
Resultados do Modelo I
O primeiro dado levantado e que apresentaremos por ser relevante para este trabalho é o
relativo a questão em que os participantes são solicitados a relacionarem “os conteúdos do
curso que foram mais interessantes para ele e que serão mais úteis para o seu trabalho diário”,
lembrando que os participantes podiam citar mais que um conteúdo e todos eles foram
computados.
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No Gráfico 2 – Conteúdos considerados mais significativos, podemos observar os resultados
desse levantamento e devemos salientar os cinco conteúdos mais citados pelos participantes:
comunicação – formas e sistemas (20%), definição das deficiências/causas/síndromes (18%),
integração sensorial (12%), Maps (10%) e adaptações de materiais e ambientes/estratégias
para trabalhar com a pessoa surdocega (10%).
Grafico 2 – Conteúdos considerados mais significativos
20%
18%
12%10%
10%
6%
5%
4%
3%
3%
2%2% 2%
1%1%
1%
1% 1%
CONTEÚDOS CONSIDERADOS MAIS SIGNIFICATIVOS
Comunicação - formas e sistemas
Definição das deficiencias/causas/síndromes
Integração sensorial
Maps
Adaptações de materiais e ambientes/estratégias para trabalhar com a pessoa surdocega
Calendário
O & M
Oficina de confecção de mobília adaptada em papelão
Videos c/estratégias de trabalho
Rotina
Tecnologia Assistiva
O olhar do profissional
Dinâmicas
A aprendizagem da pessoa com surdocegueira
Cultura inclusiva
Avaliação ecologica
Estilos de aprendizagem
Curriculo funcional
Resultados do Modelo II
No modelo II a pergunta relativa aos conteúdos solicita que o participante “indique sua
avaliação sobre a utilidade dos temas em seu trabalho cotidiano”, ela está dividida em nove
partes, sendo que cada uma dessas partes cita um dos temas apresentados e apresenta uma
escala de 1 a 10, sendo que mais próximo de 1 está o pouco provável e mais próximo de 10
está o muito provável. Ex:
a) Aspectos gerais das deficiências SC, DF, DMu, DV, DI e DA.
Pouco Provável Muito Provável
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Para levantarmos os resultados dessas questões, convencionamos que as respostas de 1 a 5
correspondem a pouco provável e as respostas de 6 a 10 correspondem a muito provável. Os
resultados dessas questões foram:
Tabela 2 – Levantamento da utilidade do conteúdo para os participantes em seu trabalho
diário. POUCO PROVÁVEL MUITO
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TEMAS PROVÁVEL
a) aspectos gerais das deficiências SC, DF, DMu, DV, DI e DA. 8% 92%
b) orientação e mobilidade 8% 82%
c) deficiência visual de origem cortical 32% 68%
d) comunicação 6% 94%
e) avaliação 6% 94%
f) integração sensorial 10% 90%
g) estilos de aprendizagem 8% 92%
h) currículo 8% 92%
i) recursos acessíveis 8% 92%
Podemos observar que a maioria dos temas excedeu os 90% de utilização no trabalho diário
dos participantes, o tema que eles responderam como menos útil foi “deficiência visual de
origem cortical”, avaliamos que esse resultado foi o mais baixo porque o tema é mais difícil
de ser entendido, assim como a sua perspectiva de aplicação, por profissionais que não são da
área de saúde ou que não tem especialização na área de deficiência visual.
Em relação à aplicação dos conhecimentos
Resultados do Modelo I
No Modelo I perguntamos como os participantes iriam aplicar os conhecimentos adquiridos a
curto, médio e longo prazo, para termos uma idéia de como esses conhecimentos irão ser
incorporados ao planejamento de ações e intervenção junto aos alunos, famílias, outros
profissionais e comunidade escolar.
As perguntas eram abertas, ou seja, os participantes responderam dissertativamente, para
levantarmos os resultados, organizamos as respostas pela intencionalidade em itens, esses
itens resumem as intencionalidades que mais foram citadas.
Gráfico 3 – Como os participantes aplicarão os conhecimentos adquiridos a curto prazo.
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Podemos observar que a grande maioria pretende aplicar os conhecimentos e estratégias no
atendimento com os alunos com necessidades educacionais especiais (47%); e em seguida
outros 21% pretendem divulgar e discutir os conhecimentos nas reuniões com os outros
professores da unidade escolar (UE), demonstrando que os conhecimentos disseminados nos
cursos foram de fundamental importância para a maioria dos participantes e na visão deles
para os alunos com necessidades educacionais especiais e a comunidade escolar.
Vemos que 13% dos participantes vão utilizar os conhecimentos adquiridos para poder
identificar e observar melhor os alunos com deficiência e suas necessidades educacionais,
demonstrando que uma boa fatia dos profissionais não tem conhecimentos básicos sobre as
deficiências e suas necessidades.
Gráfico 4 – Como os participantes aplicarão os conhecimentos adquiridos a médio prazo.
Os itens de aplicação dos conhecimentos e estratégias no atendimento com os alunos com
necessidades educacionais especiais (27%) e a divulgação e discussão dos conhecimentos nas
unidades educacionais (23%) somam 50% dos participantes, demonstrando que mesmo a
médio prazo os conteúdos continuarão a ser usados e aplicados.
Chamou-nos a atenção também o fato de que 15% quer, a médio prazo, estudar mais sobre o
assunto, demonstrando o interesse dos profissionais da rede municipal de ensino em melhorar
seus conhecimentos e a aplicação desses no dia a dia com os alunos com necessidade
educacionais especiais. Em consequência desse interesse 14% pretende fazer adaptações de
materiais e no espaço físico da unidade escolar, o que trará resultados de qualidade para todos
os alunos.
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Grafico 5 - Como os participantes aplicarão os conhecimentos adquiridos a longo prazo.
A longo prazo, os participantes responderam que continuarão a aplicar os conhecimentos e
estratégias no atendimento com os alunos com necessidades educacionais especiais (39%). A
criação de uma cultura inclusiva é menciona por 18% dos participantes, o que demonstra que
uma boa parcela deles entenderam a necessidade de consolidar um processo inclusivo em que
toda a comunidade escolar precisa estar envolvida.
O interesse pelos temas relacionados as pessoas com deficiência é demonstrado por 18% dos
participantes, que pretendem continuar estudando sobre o assunto, isso somados aos 15% que
responderam que pretenderem estudar mais sobre o assunto a médio prazo, resulta em um
grupo de 33% dos participantes que darão continuidade a busca de conhecimentos e a
aplicação deles em seu trabalho cotidiano com os alunos com necessidades educacionais
especiais.
Resultados do Modelo II
Nesse modelo foi solicitada em uma pergunta para que o participante avaliasse se os
conteúdos apresentados no curso foram pertinentes ao trabalho por ele desenvolvido.
Novamente foi oferecida uma escala de 1 a 10 (de pouco pertinente a muito pertinente), sendo
que para a análise usamos as respostas de 6 a 10 como muito pertinente, o que nos deu um
total de 96% das respostas como muito pertinente, o que demonstra a necessidade que os
profissionais da educação têm em relação a conhecimentos acerca das deficiências e suas
necessidades, estratégias educacionais e outras informações e suas aplicabilidades no
cotidiano educacional das escolas regulares.
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Em relação a questão sobre as equipes colaborativas
No Modelo II foi perguntado aos participantes se eles tinham conhecimento sobre equipes
colaborativas, quais conhecimentos foram adquiridos sobre a questão e que impactos eles
trarão para o seu trabalho. Essa questão deveria ser respondida dissertativamente e traremos
uma conclusão geral após a leitura das respostas.
A maioria dos participantes que responderam a essas questões tinham algum conhecimento
sobre equipes colaborativas, mas segundo eles não tinham o conhecimento sistematizado
sobre o assunto e com isso passaram a ter uma visão diferenciada sobre a inclusão e a
importância das equipes colaborativas para a inclusão responsável.
Para exemplificar as respostas, traremos uma delas que traz as características da maioria das
respostas apresentadas: Adquiri o conhecimento sistematizado e pude perceber o ganho na formação
do aluno. A criança não é responsabilidade só da família e da professora e
sim de toda a comunidade escolar, desde o condutor do transporte, o vigia
que o recebe, a inspetora que conduz até a sala, os colegas que o
acompanham, enfim as equipes colaborativas vêm para contribuir na
autonomia e desenvolvimento da criança.
Conclusões
Diante dos resultados apresentados neste trabalho podemos concluir que os profissionais do
sistema educacional da Cidade de São Paulo que participaram do curso: “Acordo de
Cooperação – Formação de Equipes Colaborativas e Estagiários Mediadores” têm carência de
informações sobre surdocegueira e deficiência múltipla sensorial, assim como sobre as outras
deficiências, das necessidades dessas pessoas e das estratégias educacionais que podem ser
usadas para melhorar sua participação e aprendizagem, e em consequência a efetivação de
uma inclusão responsável.
Observamos que esses profissionais apresentaram grande interesse pelo assunto, em sua
aplicabilidade e em buscar mais informações a respeito para a continuidade e aprimoramento
de seu trabalho cotidiano com esses alunos.
Entusiasma-nos o fato de que a maioria desses profissionais pretendem divulgar os
conhecimentos adquiridos não somente entre os outros profissionais das unidades
educacionais, mas também entre as famílias e a comunidade escolar, criando com o passar do
tempo uma cultura inclusiva que mudará os paradigmas em relação a inclusão responsável dos
alunos com deficiência.
Referências
AHIMSA. Ofício 77 de 11 de agosto de 2009 – Acordo de Cooperação Ahimsa. São Paulo:
Ahimsa. 2009. (documento não publicado).
A Inclusão de Crianças e Jovens com Surdocegueira e com Deficiência Múltipla Sensorial:
Reflexões do Grupo de Trabalho do Projeto Perkins/Lavelle. São Paulo: Ahimsa, 2009. 29 p.