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  • DOSSI TEMTICOEducao de pessoas jovens, adultas e idosas

    Prxis Educacional Vitria da Conquista v. 5, n. 7 p. 45-72 jul./dez. 2009

    FORMAO DE EDUCADORES DE JOVENS E ADULTOS: REALIDADE, DESAFIOS E

    PERSPECTIVAS ATUAIS1

    Tania Maria de Melo Moura2

    Resumo: Esse texto fruto de nossas reflexes como pesquisadora, professora e formadora de professores. Tem como objetivo principal problematizar sobre a temtica da formao de educadores que atuam na educao escolar de jovens e adultos. Para efeito didtico, mas ao mesmo tempo conceitual, dividiremos nossa reflexo em quatro pontos: em primeiro lugar trazemos a discusso sobre o tratamento que o Estado Brasileiro vem dando formao e carreira dos professores da Educao de Jovens e Adultos ao longo do processo histrico, em relao s polticas pblicas, ao arcabouo legal e ao currculo; um segundo ponto refere-se aos movimentos que vm emergindo, a partir da dcada de 1990, no sentido de dar um novo norte modalidade; num terceiro ponto tratado denunciamos o silncio permitido das instituies formadoras e das instituies mantenedoras da modalidade em torno da formao inicial e

    1 Esse texto uma verso ampliada e atualizada da exposio realizada no II Seminrio de Polticas Pblicas, Gesto e Prxis Educacionais promovido pelo Grupo de Pesquisa em Polticas Pblicas, Gesto e Prxis Educacionais do Departamento de Filosofia e Cincias Humanas, Colegiado do Curso de Pedagogia e Pr-Reitoria de Extenso e Assuntos Comunitrios da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Vitria da Conquista, 29 de agosto de 2008. 2 Doutora em Educao. Estgio ps-doutoral na Faculdade de Psicologia e Cincias da Educao da Universidade do Porto/Portugal. Professora Emrita da Universidade Federal de Alagoas e membro do quadro permanente do Mestrado em Educao Brasileira. Lder do Grupo de Pesquisa Teorias e Prticas em Educao de Jovens e Adultos vinculado ao referido Mestrado. E-mail: [email protected]

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    continuada; e finalmente pontuamos alguns desafios e perspectivas em torno da temtica em estudo. Esperamos que essas questes possam se constituir em elementos de mediao de um dilogo que permita, de forma coletiva, repensarmos nossas verdades e vislumbrarmos novos horizontes.

    Palavras-chave: Educao e escolarizao de jovens e adultos. Formao de educadores: realidade, desafios e perspectivas.

    1 Provocaes introdutrias s reflexes

    Iniciamos as reflexes com uma provocao a todos ns que nos

    propomos a formar professores e/ou desenvolver a prtica pedaggica

    com os sujeitos trabalhadores que acorrem ao Ensino Fundamental da

    Educao de Jovens e Adultos (EJA) aps longos anos de abstinncia

    de escolarizao ou depois de repetidas tentativas fracassadas. Os

    professores que se propem a ou se impem a ensinagem (PIMENTA,

    ANASTASIOU, 2002) de jovens e adultos, em sua maioria no tm

    a habilitao e a qualificao especial para tal. So quase sempre

    professores improvisados. Vo contra o princpio de Emlia Ferreiro

    (1993a, 1993b) e Vygotsky (1993, 1991) de que alfabetizar, eu amplio a

    questo para escolarizar, um ato de conhecimento e, portanto, uma

    tarefa complexa, demorada e exige competncia, habilidades, saberes e,

    acima de tudo, compromisso de profissionais preparados para tal.

    Sem a devida qualificao, os professores passam a desenvolver

    a prtica pedaggica ignorando as especificidades e peculiaridades

    dos sujeitos em processo de escolarizao. Utilizam metodologias

    (tcnicas, recursos e atividades) sem qualquer significado para os

    alunos-trabalhadores, desconsiderando o contexto e a historicidade

    desses sujeitos. Na maioria das vezes, os professores utilizam o mecanismo

    da reproduo do seu processo de escolarizao para determinar a

    metodologia de trabalho nas salas de EJA. No possui os fundamentos que lhes permitam incluir referenciais terico-metodolgicos prprios

  • 47Formao de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais

    rea. Esses referenciais deveriam ter formulaes, indicaes e

    proposies das contribuies da psicognese da leitura e da escrita

    e da teoria histrico-cultural, que vm se pautando principalmente

    nas idias de Ferreiro e Vygotsky (apud MOURA, 1999), bem como o

    aporte das cincias da linguagem, principalmente a sociolingustica e a

    lingustica aplicada.

    Os referenciais tericos acima referidos possibilitaro ao

    professor a compreenso do ato de alfabetizar e escolarizar, permitindo

    que no mais ignore a complexidade do processo para o qual necessitar de conhecimentos especficos. Esses conhecimentos permitiro a

    compreenso das caractersticas e especificidades dos alunos nos

    aspectos antropolgico, histrico, filosfico, cultural, psicolgico,

    sociolingustico. Com essa base possvel entender e colocar, na

    prtica cotidiana, questes e problematizaes dos contedos das reas

    especficas como matemtica, linguagem, cincias sociais e naturais

    criando e desenvolvendo, junto com os alunos, numa perspectiva de

    mediao, processos metodolgicos inovadores que possibilitem aos

    sujeitos a apropriao das habilidades bsicas e essenciais de leitura,

    escrita e conhecimentos gerais.

    A prtica secular de improvisao de professores de jovens e

    adultos, principalmente no que se refere alfabetizao, resultante

    do que nos explica Torres (1990, p. 05):

    Na verdade continua arraigada a idia de que qualquer pessoa que saiba ler e escrever pode se converter em alfabetizador, assim como a idia de que qualquer educador o automaticamente

    pelo fato de s-lo um educador de adultos. tpico que se passe a ver o professor da escola como depositrio natural da tarefa de alfabetizar adultos.

    Nega-se ou desconsidera-se que o processo de formao dos

    professores para a Educao de Jovens e Adultos continua a ser um

    dos maiores desafios para a educao brasileira e principalmente para

    os prprios educadores, no se ouve a alertas como o que fazamos no incio dessa dcada (MOURA, 2001, p. 105):

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    No possvel continuar improvisando educadores e alfabetizadores de Jovens e Adultos. No possvel continuarmos zarolhos, olhando enviesados como se a Educao e Alfabetizao de Jovens e Adultos fossem uma prtica extempornea e passageira.

    Continua-se a conviver com a falta de preocupao e prioridade

    em relao s polticas pblicas e s aes governamentais que venham

    a suprir as lacunas e os vazios quanto a esta modalidade de ensino.

    Nesse sentido j alertvamos para a situao no final dos anos de 1990

    (MOURA, 1999) quando mostrvamos que a inconsistncia e pobreza

    terica, aliadas pobreza das polticas e aes, vinham impedindo aos

    alfabetizadores e professores de uma maneira geral de se apropriarem

    de um iderio pedaggico. Essa lacuna influencia negativamente em

    suas formas de concepo em relao a si mesmos como profissionais,

    em relao s maneiras como entendem os alunos e os tratam, enfim,

    afetando o desenvolvimento das prticas pedaggicas, transformando-

    as em atividades pobres em todos os aspectos, causando prejuzos para

    aqueles que a procuram ou voltam a procurar.

    Pensar na formao do professor de jovens e adultos, no atual

    contexto socioeconmico, poltico e cultural, exige uma avaliao e

    uma reviso da prtica educativa e da formao inicial e continuada

    desses educadores, principalmente se considerarmos as especificidades

    e particularidades dos sujeitos-alunos-trabalhadores.

    Desta feita, olhando a realidade nacional, encontramos em Souza

    (1998) reflexes em torno da inexistncia de instncias que pensam a

    formao de educadores, principalmente do alfabetizador de jovens e

    adultos neste pas onde a maioria das experincias acontece de forma

    pontual atravs de seminrios, de cursos que so at significativos,

    no entanto, a questo da formao no poder acontecer de forma

    meramente pontual.

    Em pesquisa recente Soares (2006a), com base em dados de

    20053, mostra que so rarssimos os cursos de Pedagogia que oferecem 3 Segundo Soares (2006a), comparativamente a 1999, houve uma efervescncia da habilitao em EJA na regio sul. caracterstica dessa regio a oferta da habilitao, em mais de uma cidade, por uma mesma instituio.

  • 49Formao de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais

    habilitao em EJA e a expanso na regio sul decorre da prpria

    expanso da modalidade. Contraditoriamente nos alerta que a proposta

    das novas diretrizes curriculares para o curso de Pedagogia parece

    impulsionar as reformulaes curriculares que extinguem a habilitao

    em outras regies.

    Ainda Soares (2006b), em continuao aos dados da pesquisa

    referida e apresentada na 29 Reunio anual da ANPED, em 2006, mostra

    que as aes das universidades com relao formao do educador

    de jovens e adultos ainda so tmidas se considerarmos, de um lado, a

    relevncia que tem ocupado a EJA nos debates educacionais e, de outro, o

    potencial dessas instituies como agncias de formao. Salienta que os

    trabalhos acadmicos que se referem temtica, analisados por Machado

    (2000), alertam que a formao recebida pelos professores, normalmente

    por meio de treinamentos e cursos aligeirados, insuficiente para atender

    s demandas da educao de jovens e adultos.

    Dessa forma, ainda no sculo XXI, permanece o silncio

    e o vazio institucional na formao inicial de professores para a

    modalidade. Permanece a improvisao de professores e a transposio

    de professores do Ensino Fundamental de crianas e adolescentes para

    atuarem na prtica pedaggica com jovens, adultos e idosos, tal como

    se registrava nos primrdios da histria da educao. A consequncia

    o desenvolvimento de uma prtica pedaggica pobre para alunos

    tratados como pobres cognitiva e culturalmente produzindo, como

    resultado, a reprovao e/ou expulso dos alunos das escolas. Esses

    sero os jovens e os adultos que buscaro a escola quando as demandas

    socioeconmicas lhes exigir.Tambm alertamos para o fato de que entendemos a formao

    dos professores como um processo continuum que vai se constituindo ao longo dos percursos de histrias de vida pessoal e profissional, ao largo

    das prticas de letramento escolar, familiar e sociocultural dos sujeitos.

    No entanto, faz-se necessrio, nesse percurso formativo, a interveno

    de mediaes competentes e institucionais de profissionais que

    possam sistematizar os conhecimentos, as habilidades e as experincias

  • Tania Maria de Melo Moura50

    acumulados historicamente pela humanidade, de forma a que os jovens e

    adultos alunos trabalhadores possam se apropriar e fazer uso dos saberes

    sistematizados em suas prticas de letramentos cotidianas.

    Para efeito didtico, mas ao mesmo tempo conceitual, dividiremos

    nossa reflexo em quatro pontos: em primeiro lugar trazemos a discusso sobre o tratamento que o Estado Brasileiro vem dando formao e

    carreira dos professores da Educao de Jovens e Adultos ao longo do

    processo histrico, em relao s polticas pblicas, ao arcabouo legal e

    ao currculo; um segundo ponto refere-se aos movimentos que vm emergindo, a partir da dcada de 1990, no sentido de dar um novo norte

    modalidade; num terceiro ponto, denunciamos o silncio permitido das instituies formadoras e das instituies mantenedoras da modalidade

    em torno da formao inicial e continuada; e finalmente pontuamos

    alguns desafios e perspectivas em torno da temtica em estudo. Espero

    que essas questes possam se constituir em elementos de medio de um

    dilogo que permita, de forma coletiva, repensarmos nossas verdades

    e vislumbrarmos novos horizontes.

    2 O tratamento que o Estado Brasileiro vem dando formao e carreira dos professores da Educao de Jovens e Adultos ao longo do processo histrico

    A EJA somente passa a receber ateno por parte do poder

    pblico na dcada de 1940, quando acontecem inmeras iniciativas

    polticas e pedaggicas de peso tais como: a regulamentao do

    Fundo Nacional do Ensino Primrio (FNEP); a criao do INEP,

    incentivando e realizando estudos na rea; o surgimento das primeiras

    obras especificamente dedicadas ao ensino Supletivo; o lanamento da

    Campanha de Educao de Adolescentes e Adultos (CEAA), atravs

    da qual houve uma preocupao com a elaborao de material didtico para adultos e a realizao de dois eventos fundamentais para a rea: o 1

    Congresso Nacional de Educao de Adultos, em 1947, e o Seminrio

    Interamericano de Educao de Adultos, em 1949.

  • 51Formao de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais

    No entanto, essas iniciativas no modificaram as propostas e

    prticas para a rea, principalmente no que se refere a uma poltica de

    formao de professores. A oferta sistemtica de escolarizao para

    adultos do Ensino Supletivo continuava sendo desenvolvida como

    uma prtica semelhante s desenvolvidas com crianas de forma

    que no somente os procedimentos e recursos metodolgicos eram

    transplantados, mas toda a prtica. O Ensino Supletivo, ao depender

    fundamentalmente de todas as instalaes e de pessoal administrativo e

    docente do ensino primrio de crianas, definiu-se como uma rplica do

    ensino infantil: [...] delegados regionais, inspetores, diretores de escolas

    e professores levaram para as suas novas tarefas os velhos hbitos de trabalho e os contedos da ao educativa que desenvolviam no ensino

    primrio [...]. (BEISIEGEL, 1979, p. 118-119) [grifo nosso].

    Durante a ditadura militar, a Educao de Adultos passa a

    ser utilizada como estratgia de despolitizao, de suavizao das

    tenses sociais e como instrumento fundamental de preparao de

    mo-de-obra para colaborar com os mecanismos de desenvolvimento

    econmico.

    Para dar conta dessa nova forma de conceber a alfabetizao e

    atingir seus novos objetivos, surgem campanhas como a cruzada ABC

    que, mesmo tendo nascido no Recife, recebe orientao e recursos

    do governo americano; o Movimento Brasileiro de Alfabetizao

    (MOBRAL), que depois passa a se constituir de forma institucional; e

    o Sistema de Ensino Supletivo que continua funcionando. Ambas as

    campanhas, centralizados no mbito nacional, chegavam aos lugares

    de execuo atravs das Comisses Municipais, no caso especfico

    do MOBRAL. No campo das iniciativas no governamentais, mas

    financiado pelo governo, continuou atuando o Movimento de Educao

    de Base (MEB), que precisou redefinir seus princpios e proposta

    para que pudesse desenvolver suas aes, e alguns grupos, geralmente

    acobertados pela ala da igreja progressista, que conseguiram resistir

    e sobreviver s perseguies, desenvolvendo - de forma camuflada -

    experincias de alfabetizao. Todas essas iniciativas ressentiram-se de

  • Tania Maria de Melo Moura52

    uma poltica de formao de professores e foram desenvolvidas atravs

    de professores improvisados, temporrios e selecionados atravs de

    injunes polticas paternalistas e eleitoreiras (MOURA, 2007; 2006).

    Em final da dcada de 1980, a Educao de Adultos passa a

    denominar-se Educao de Jovens e Adultos (EJA), face ao enorme

    contingente de jovens que demanda essa modalidade de escolarizao.

    Acontece o que os pesquisadores denominam de juvenilizao da EJA.

    No aspecto legal, a Constituio Federal de 1988 (BRASIL, 1988)

    representou para a EJA avanos significativos, quando o seu artigo

    2084 garantiu a educao de todos. Essa garantia representa uma

    conquista em relao Constituio anterior e Lei N 5692/71 em

    que a obrigatoriedade s chegava at aos jovens de 14 anos. No entanto,

    a promulgao da nova constituio federal no encaminha qualquer

    proposio legal voltada para a formao de professores no sentido de

    atender modalidade.

    No incio dos anos de 1990, a EJA recebe contribuies no

    mbito terico-metodolgico advindas da influncia de pesquisas

    introduzindo novos referenciais, a exemplo dos estudos da Psicognese

    da Lngua Escrita de Emilia Ferreiro; da teoria scio-histrica

    de Vygotsky e seus companheiros da Troika; e da influencia da

    Lingustica e da sociolingustica. Mas, no campo das polticas e aes

    governamentais, a oferta de escolarizao sistemtica que garantisse o

    acesso e permanncia no sofreu alteraes significativas, bem como

    no se identifica alteraes no mbito das proposies para a carreira

    e a formao de professores especificamente para atuar na modalidade,

    com exceo de iniciativas de alguns municpios brasileiros que fazem

    opo por desenvolver programas de formao continuadas para os

    professores da rea. No campo do aparato legal promulgada a Lei de Diretrizes e

    Bases da Educao nacional, LDBEN N 9.394/96 (BRASIL, 1996), que

    confirma a conquista da modalidade atravs da seo V, em seus artigos

    4 Art. 208. O dever do Estado com a educao ser efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental obrigatrio e gratuito, inclusive para os que a ele no tiveram acesso em idade prpria (BRASIL, 1988).

  • 53Formao de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais

    375 e 386. O artigo 62 trata da formao de docentes para a Educao Bsica incluindo a Educao Infantil e as quatro primeiras sries do

    Ensino Fundamental. Em relao Educao de Jovens e Adultos

    estabelece a necessidade de uma formao adequada para se trabalhar

    com o jovem e o adulto, bem como uma ateno s caractersticas

    especficas dos trabalhadores matriculados nos cursos noturnos [...]

    (SOARES, 2003, p. 130).

    A meno Constituio Federal e LDBEN refere-se ao fato

    de que elas foram indicadoras de conquista de direito subjetivo (pelo

    menos no papel), ou seja, a incluso daqueles que se encontravam

    desassistidos pelo Estado. Em 1998, um grupo de especialistas da ONG Ao Educativa,

    aps consultas e debates por todos os estados do pas, elabora e publica,

    com patrocnio do MEC, a Proposta Curricular para o 1 Segmento

    da Educao de Jovens e Adultos. O referido documento, que deveria

    servir de subsidio a elaborao das propostas curriculares dos estados

    e municpios, no faz qualquer referncia necessidade de poltica de

    formao para os professores, inclusive a formao continuada para

    elaborao das propostas locais.

    Somente no incio dessa dcada as Diretrizes Curriculares

    Nacionais para a Educao de Jovens e Adultos (BRASIL, 2000), no

    item VIII, referente Formao Docente, lembra-nos Soares (2003),

    estabelecem que o preparo do profissional que trabalhar na EJA deve

    incluir, alm das exigncias formativas para todo e qualquer professor,

    aquelas relativas complexidade diferencial desta modalidade de

    ensino. Quando as Diretrizes tratam das instituies formadoras de

    professores, indicam a necessidade de que as licenciaturas e outras

    habilitaes se integrem ao sistema pblico de ensino no sentido

    de possibilitar a formao inicial e continuada desses profissionais

    (SOARES, 2003).

    5 Art. 37. A educao de jovens e adultos ser destinada queles que no tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e mdio na idade prpria (BRASIL, 1996).6 Onde se registra a mudana de Ensino Supletivo para a Educao de Jovens e Adultos, trazendo uma ampliao do conceito da modalidade, uma vez que ensino centra-se apenas na mera instruo para educao (grifos do autor). (SOARES, 2003).

  • Tania Maria de Melo Moura54

    Com maior razo, pode-se dizer que o preparo de um docente voltado para a EJA deve incluir, alm das exigncias formativas para todo e qualquer professor, aquelas relativas complexidade diferencial desta modalidade de ensino. Assim esse profissional do magistrio deve estar preparado para interagir empaticamente com esta parcela de estudantes e de estabelecer o exerccio do dilogo. Jamais um professor aligeirado ou motivado apenas pela boa vontade ou por voluntariado idealista e sim um docente que se nutra do geral e tambm das especificidades que a habilitao como formao sistemtica requer. (CURY, 2000, p. 50).

    Por outro lado, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a

    Educao, atravs do Parecer CNE/CP 009/2001 (BRASIL, 2001),

    que vem tratar da Formao de Professores da Educao Bsica, em

    nvel superior, curso de licenciatura, de graduao plena, apoiada na

    Nova LDB 9394/96, aponta para uma nova proposta de formao de

    professores. Percebe-se, nos textos legais, uma preocupao em pensar uma

    formao de professores, com ateno voltada para as modalidades de

    ensino, entre elas a EJA, o que no havia sido explicitado nas legislaes

    anteriores podendo assim suscitar uma ruptura com um paradigma de

    formao que no mais atende s demandas sociais e profissionais, surgindo

    ento uma nova possibilidade de formao de profissionais da educao.

    Considerando que seria oportuno se rever e se repensar as polticas pblicas para o atendimento da rea, os planos de cargos e

    salrios, os planos de formao bsica inicial e continuada, incluindo

    o educador/alfabetizador de jovens e adultos, Nvoa (1995) chama

    ateno de que necessrio reconhecer que os programas atuais

    de formao de professores apresentam deficincias cientficas e

    pobreza conceitual. E situa as nossas reflexes para alm das clivagens

    tradicionais, ou seja, componente cientfico versus componente

    pedaggico, disciplina terica versus disciplina metodolgica etc.,

    sugerindo-nos novas possibilidades para pensar a problemtica

    da formao do professor e, especificamente, para a formao do

    professor da EJA.

  • 55Formao de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais

    No mbito do currculo, em 2002, foi elaborada, por uma equipe

    de consultores contratados pelo MEC, a Proposta Curricular para o 2

    Segmento do Ensino Fundamental - 5 a 8 sries - destinada a subsidiar o

    trabalho desenvolvido nesse segmento. O referido documento apresenta

    um perfil dos professores da EJA, mas no faz qualquer referncia

    necessidade de uma poltica de formao.

    Paradoxalmente aos avanos introduzidos pelas Legislaes e

    posteriormente pelas Diretrizes Curriculares no campo da formao de

    professores, o estado brasileiro, em detrimento da implantao de uma

    poltica pblica de formao; do incentivo s instituies de ensino superior

    para que introduzam em seus projetos poltico-pedaggicos cursos de

    formao inicial e eventos de formao continuada; da orientao s

    secretarias estaduais e municipais para que estabeleam planos de cargos

    e carreiras e uma poltica de formao continuada para professores da

    EJA, utiliza a estratgia de desenvolvimento de Programas de formao

    continuada elaborado nos gabinetes com aes extemporneas, passageiras

    e descontnuas. Esses programas, a exemplo dos PCN em ao, lanado

    em 1999 com o objetivo de capacitar professores para a utilizao da

    Proposta Curricular e acompanhar a sua aplicao em todos os municpios

    brasileiros; do Projeto de Formao para os Professores (PROFA), com

    o objetivo de oferecer formao continuada aos professores envolvidos,

    preferencialmente, com o processo de alfabetizao, independente

    da faixa etria; e, atualmente, do Pr-letramento, so impostos aos

    professores em substituio a uma poltica de formao continuada

    efetiva e sistemtica. Essas aes de carter centralizador e passageiro

    so planejadas e desenvolvidas sem a participao democrtica e efetiva

    dos principais sujeitos da ao: os professores.

    3 Os movimentos que emergem na defesa por polticas de formao a partir dos anos de 1990

    O percurso histrico apresentado mostra a necessidade de

    se definir polticas efetivas que garantam o processo formativo dos

  • Tania Maria de Melo Moura56

    profissionais que atuam na rea de EJA. Com essas preocupaes, a partir

    da dcada de 1990, educadores do Brasil, representando suas instituies

    e entidades da sociedade civil, se organizam em torno de associaes e

    constituio de Fruns estaduais aglutinados em Encontros Nacionais.

    Esses encontros possibilitam discusses e tomada de decises para a rea,

    constituindo-se em espaos de deliberao e aprovao de propostas de

    mudanas significativas, oportunizando debates que vo se constituindo

    em sugestes e deliberaes provocadoras de mudanas na rea.

    Um dos exemplos desse movimento ocorre atravs da Associao

    Nacional de Formao de Professores (ANFOP). Atravs de documento,

    fruto de amplas discusses, delineia um perfil de formao de professores em nosso pas que se presta para todos os que atuam em qualquer nvel

    ou modalidade de ensino, dentre estes, os professores que atuam na

    EJA (ANFOP, 1998).

    Prope as competncias e as reas de atuao dos Profissionais

    da Educao, que tero em todos os Cursos uma base comum nacional,

    proporcionando as competncias necessrias para exercer sua prtica

    educativa. Prope ainda que os cursos ofeream formao especfica

    para os professores atuarem nas diversas reas da Educao Bsica,

    dentre elas a Educao de Jovens e Adultos.

    Estas proposies da Associao vm fortalecer o papel

    da formao dos profissionais da educao, permitindo enfocar a

    importncia e a necessidade de se voltar a ateno para a especificidade

    da formao para a EJA, quando recomenda uma base comum nacional

    como elemento de luta e de defesa contra a degradao da profisso,

    permitindo a unificao da categoria em nvel nacional, em busca do

    reconhecimento e do valor social dos profissionais da educao em

    nosso pas, na tentativa de se repensar a escola pblica de qualidade

    que defende a necessidade de se ter condies materiais para se

    desenvolver o trabalho como educador/alfabetizador e refletindo a

    importncia de se construir uma Poltica Pblica Global de Formao

    do Educador.

  • 57Formao de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais

    Esta preocupao no nova, mas adverte para a necessidade de

    se acionar os mecanismos legais e institucionais, a exemplo do que vm

    fazendo os Fruns de Educao, para que se d tratamento e ateno

    questo, se abra uma ampla discusso no mbito das instncias formadoras

    e se elaborem projetos concretos de formao nesta rea tratada.

    Outro profcuo movimento teve incio em 1996, por meio de

    encontros estaduais e regionais que culminaram no Encontro Nacional

    em Natal - Rio Grande do Norte. Em seguida, em Braslia, houve o

    Encontro preparatrio para que os pases do continente sul-americano

    participassem da Conferncia Internacional de Educao de Adultos, a V

    CONFINTEA7, que se realizou em Hamburgo, na Alemanha, em 1997.

    A V CONFINTEA foi

    considerada um marco como conferncia, estabeleceu um entendimento holstico de educao e aprendizagem de adultos dentro da perspectiva da aprendizagem ao longo da vida. A educao e aprendizagem de adultos foram reconhecidas como ferramentas chaves para lidar com os desafios de desenvolvimento e sociais atuais em todo o mundo. (BOLETIM ELETRNICO DA UNESCO, 2007, p. 01).

    Para referendar os compromissos assumidos na Declarao de

    Hamburgo (1998) e para propor meios de acompanhamento e avaliao

    dos pases da Amrica Latina e Caribe, aconteceu outra reunio, em

    Montevidu. A preparao para essa reunio se realizou em um encontro

    em Curitiba, surgindo a partir de ento, a idia dos Encontros Nacionais

    de Educao de Jovens e Adultos (ENEJA)8. Os referidos encontros, que vm se constituindo em um amplo

    movimento, gerou o surgimento dos Fruns de EJA. Esses Fruns 7 As Conferncias Internacionais de Educao de Adultos so convocadas pela UNESCO periodicamente, a cada dez ou doze anos: a primeira aconteceu em Elsinore, Dinamarca, em 1949; a segunda ocorreu em Montreal, no Canad, em 1960; a terceira realizou-se em Tquio, no Japo, em 1972 e a quarta foi sediada em Paris, em 1985. A sexta acontecer no Brasil em 2009, em local ainda a ser definido.8 Esses encontros se concretizaram: o primeiro no Rio de Janeiro, contando com a participao do MEC no ano de 1999; o segundo realizado em Campina Grande, na Paraba, em 2000; o terceiro em So Paulo, 2001; o quarto, em Belo Horizonte, 2002; o quinto em Cuiab, em 2003; o sexto em Luzinia (Gois), em 2004, o stimo em Braslia, em 2005, o oitavo em Recife, em 2006; o nono em Pinho (Curitiba), em 2007 e o dcimo, recentemente, na cidade de Rio das Ostras, Rio de Janeiro.

  • Tania Maria de Melo Moura58

    comearam a fazer parte do cotidiano de algumas cidades trazendo

    mais vitalidade queles que se encontram envolvidos com a rea. O

    primeiro Frum, que surgiu no Rio de Janeiro, em 1997, teve o objetivo

    de preparar a participao do Estado na V CONFINTEA.

    A experincia difundiu-se em outros estados brasileiros devido,

    sobretudo, ausncia de uma poltica nacional de EJA; da no

    convocao da Comisso Nacional de EJA e pela necessidade de uma

    maior integrao entre as agncias envolvidas na oferta dessa modalidade

    de ensino. Esses Fruns tm como instncia mxima deliberativa os

    Encontros Nacionais de Fruns de Educao de Jovens e Adultos

    (ENEJA). Constituem-se em legtimos movimentos em prol da EJA,

    mantm-se cada vez mais irredutveis em defesa do cumprimento do

    direito constitucional ao ensino fundamental e defendem que todos os

    brasileiros jovens e adultos tenham a garantia da continuidade em nvel

    da educao bsica, pblica e gratuita, e educao ao longo da vida

    (OLIVEIRA, 2004).

    Os fruns no surgiram para substituir as instncias formais

    com relao elaborao de polticas gerais, polticas de formao,

    financiamento, elaborao de material didtico, nem objetiva ser

    executor de programas de EJA e, sim, um espao crtico, articulador e

    de divulgao das aes de EJA. Eles se caracterizam pela diversidade de

    suas trajetrias: uns nasceram da iniciativa de governos comprometidos

    com a EJA9; outros da militncia de organizaes civis ou do

    engajamento de professores e estudantes universitrios envolvidos em

    atividades de extenso.

    A partir de 2004, com a criao da Secretaria de Formao

    Continuada, Alfabetizao e Diversidade (SECAD), o MEC passou a

    ter uma participao ativa na articulao e organizao dos ENEJA e

    reconhece os Fruns como interlocutores de polticas pblicas, alm

    de garantir assento de dois representantes (titular e suplente), dos

    Fruns na Comisso Nacional de Alfabetizao e Educao de Jovens

    e Adultos (CNAEJA). 9 importante frisar que as Delegacias do MEC, at a sua extino, em 1999, cumpriram um papel significativo no surgimento dos primeiros fruns criados no Brasil. Desse perodo at 2004, a participao do MEC tornou-se eventual nos encontros de EJA, promovido pelos Fruns.

  • 59Formao de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais

    Como consequncia, a partir da V CONFINTEA, houve

    o alargamento do conceito de formao de adultos, passando a

    compreender uma multiplicidade de processos formais e informais de

    aprendizagem e educao continuada ao largo da vida.

    Passados seis anos da V CONFINTEA, a UNESCO realizou,

    em setembro de 2003, em Bangoc, Tailndia, uma reunio de

    balano denominada CONFINTEA + 6, com o objetivo de avaliar

    o desenvolvimento da educao de adultos aps a V CONFINTEA,

    identificar novas tendncias e preparar a prxima Conferncia, que

    acontecer este ano de 2009. Como consequncia de toda a mobilizao dos Fruns e

    das deliberaes dos Encontros Nacionais apontando uma grande

    preocupao com a formao dos professores da EJA, foi sugerida a

    realizao anual de encontros especficos para discutir a questo. Dessa

    forma, em 2006, foi realizado, em Belo Horizonte, o I Seminrio de

    Formao de Educadores de Jovens e Adultos, partindo de um esforo

    coletivo do Ministrio da Educao, de seis universidades pblicas

    mineiras, sendo cinco federais e uma estadual, alm da UNESCO. Esse

    encontro teve continuidade em 200710 com o II Encontro sendo sediado

    na cidade de Goinia, sob a coordenao da Universidade Federal de

    Gois (UFG), ampliando a participao como os representantes dos

    Fruns. A exemplo dos ENEJA, esses encontros representam a vontade,

    de todos que atuam na rea, de iniciar uma mudana, tomando como

    ponto de partida a formao do professor. Segundo Henriques e Defourny (2006) existem mais de 175 mil professores, nos sistemas

    municipais e estatuais que ensinam na modalidade de EJA. Desses, a

    maioria nunca recebeu formao especfica para a funo que exerce.

    Esse alerta de Henriques e Defourny nos remete discusso

    sobre a omisso das instituies pblicas em torno de polticas para a

    formao dos professores. Mas antes necessrio fazer destaque para

    a importncia de uma instncia aglutinadora de produes acadmicas,

    discusses e socializao do conhecimento na rea: o GT 18 Educao 10 O prximo acontecer em 2009, na cidade de Porto Alegre, conforme ficou deliberado em plenria do IX ENEJA, em 2007.

  • Tania Maria de Melo Moura60

    de Pessoas Jovens e Adultos, da Associao Nacional de Pesquisa e

    Ps-Graduao em Educao (ANPED). O referido GT, at 1999,

    no se constitua como grupo de trabalho e as produes da rea

    eram socializados no GT 06 Educao Popular. A partir desse perodo,

    passou a se constituir em um espao profcuo de discusso, veiculao

    e aprofundamento de idias no campo da EJA.

    4 O silncio permitido das instituies formadoras e das instituies mantenedoras da modalidade em torno da formao inicial e continuada

    Evidencia-se que a formao inicial dos professores de EJA, como poltica pblica de formao, no vem acontecendo nas Instituies de

    Ensino Superior e nas Escolas de Nvel Mdio modalidade Normal,

    levando constatao do quanto ainda necessrio fazer para a superao

    de dificuldades conceituais, conceptuais e metodolgicas como aponta

    Perrenoud (1993, p.15): S possvel pensar a formao dos professores

    pensando e repensando constantemente luz das cincias humanas de

    todas as cincias humanas as prticas pedaggicas e o funcionamento

    dos estabelecimentos de ensino e dos setores educativos.

    Em pesquisa recente, Soares (2007), com base em dados de

    200511, afirma que existiam, no Brasil, 1698 cursos de Pedagogia, em 612 Instituies de Ensino Superior. Dentre estas Instituies, apenas 2,15%

    ofereciam habilitao em EJA, em 27 cursos. A regio sul lidera com 7

    instituies oferecendo 19 cursos, com habilitao, sendo 4 localizados

    na regio sudeste. O nordeste apresenta-se apenas com 4 cursos e o

    norte e o centro-oeste no apresentam registros.

    Soares (2007, p. 102) ressalta que os resultados da sua pesquisa

    indicam que so rarssimos os cursos de Pedagogia que oferecem

    habilitao em EJA e a expanso na regio sul decorre da prpria

    expanso da modalidade. Contraditoriamente nos alerta que a proposta

    das novas diretrizes curriculares para o curso de Pedagogia parece

    11 Segundo Soares (2007), comparativamente a 1999, houve uma efervescncia da habilitao em EJA na regio sul. caracterstica dessa regio a oferta da habilitao, em mais de uma cidade, por uma mesma instituio.

  • 61Formao de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais

    impulsionar as reformulaes curriculares que extinguem a habilitao

    em outras regies. Conclui que as aes das universidades com relao

    formao do educador de jovens e adultos ainda so tmidas se

    considerarmos, de um lado, a relevncia que tem ocupado a EJA nos

    debates educacionais e, de outro, o potencial dessas instituies como

    agncias de formao.

    Investigaes realizadas no grupo de pesquisa Teorias e

    Prticas em Educao de Jovens e Adultos, vinculado ao Mestrado em

    Educao Brasileira e ao Ncleo de Estudos, Pesquisa e Extenso sobre

    Alfabetizao da Universidade Federal de Alagoas, tm mostrado os

    silncios, lacunas e vazios no campo das polticas pblicas de formao

    inicial e continuada de professores para a EJA no Estado de Alagoas.

    Moura (2001) e Barros (2003) fizeram um balano do que existe em

    termos de polticas e aes no campo da formao inicial de professores

    para a Educao de Jovens e Adultos no Estado de Alagoas, identificando

    silncios, vazios e lacunas. Nenhuma resoluo que regulamenta o

    Currculo do Curso de Pedagogia, em nvel estadual, mencionava essa

    preocupao. Os Cursos de Letras na rede pblica e privada que

    formam o professor para a docncia em lngua materna e lngua estrangeira

    no Segundo Segmento do Ensino Fundamental e Mdio, sequer ventilam

    em seus currculos disciplinas que contemplem a rea.

    No mbito das instituies de ensino superior pblica estadual e

    instituies privadas, no existe ainda uma preocupao com a formao

    de professores para a EJA. No Currculo dos Cursos de Pedagogia,

    aparece a disciplina Educao de Jovens e Adultos como eletiva, ou

    como uma unidade dentro de outra disciplina como Processo de

    Alfabetizao. Nas demais licenciaturas, principalmente Letras, no

    h qualquer referncia aos estudos na rea.

    Na Universidade Federal de Alagoas, a preocupao de alguns

    professores com a problemtica do analfabetismo no estado e a

    necessidade de contribuir com a formao de professores para atuarem

    na rea, resultou na proposta do Curso de Pedagogia, elaborada em

    1987, que encaminhou a implantao da rea de Estudos em Educao

  • Tania Maria de Melo Moura62

    de Adultos12, desmembrada em trs disciplinas: Evoluo histrica

    da Educao de Adultos, Metodologia da Educao de Adultos e

    Alfabetizao de Adultos. Em 1992, foi iniciado o trabalho na rea

    do ensino, pesquisa e extenso, trazendo os alunos de Pedagogia para

    refletirem e produzirem conhecimentos nesse campo. No entanto, a

    rea que, de incio, tinha 180 horas semestrais, a partir de 1997, foi

    extinta, transformando-se em uma disciplina eletiva de 60h semestral.

    Paradoxalmente, os alunos cursam as disciplinas pedaggicas,

    principalmente as metodologias das disciplinas especficas, voltadas

    para o primeiro segmento do ensino fundamental, e fazem estgio

    noite em classes de EJA. Com a excluso da rea, sugeria-se que

    o aprofundamento de estudos fosse realizado em nvel de ps-

    graduao latu senso. Em nvel estrito senso, o nico programa de Ps-Graduao em

    Letras: Literatura e Lingustica, da UFAL, em mais de 15 anos somente

    registrou uma tese cujo objeto de estudo referiu-se aquisio da escrita

    dos alunos do Programa Alfabetizao Solidria (PAS). Recentemente,

    em 2002, com a implantao do Mestrado em Educao Brasileira,

    no Centro de Educao da UFAL, principalmente atravs do Grupo

    de Pesquisa Teorias e Prticas em Educao de Jovens e Adultos, os

    profissionais que atuam na EJA passaram a dispor de mais um locus de formao continuada onde podem aprofundar estudos e desenvolver

    investigao. Apesar do nmero de vagas anual ser ainda limitada, o

    que restringe o universo dos profissionais que necessitam e desejam

    se qualificar, o grupo tem procurado se constituir como um espao

    aglutinador de socializao de experincias e apropriao do saber em

    constante produo na rea.

    Trazendo a discusso para a Escola Normal, que forma os

    professores para ensinar na educao infantil e no primeiro segmento do

    Ensino Fundamental de crianas, jovens e adultos, constata-se o silncio

    absoluto. Os cursos de formao de professores na modalidade Normal,

    12 Nessa poca, ainda se fazia referncia Educao de Adultos (EDA). Somente na metade dos anos de l980, aparece a denominao Educao de Jovens e Adultos (EJA), provocada pela juvenilizao dos sujeitos que a demandam.

  • 63Formao de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais

    no ventilam, em hiptese alguma, trabalhos direcionados para o contato

    dos seus alunos com experincias prticas, voltadas para a EJA.

    Barros (2003, p. 43) comprova que no existe identidade como

    disciplina, nem como estudos especficos sobre EJA no Currculo da

    Escola Normal. Segundo ela, a EJA no

    [...] tratada na perspectiva de que os alunos (professorandos) obtenham as informaes mnimas sobre a existncia da rea, no lhes sendo possibilitado pensar e se apropriar dos fundamentos tericos e prticos que explicam a teoria e as prticas pedaggicas da educao de jovens e adultos.

    Denuncia que, apesar das discusses da reforma do Ensino

    Normal, prevista pela LDB N 9.394/96, o modelo que vem se

    delineando ainda no atender s modalidades de ensino, principalmente

    a EJA, levando-se em considerao a realidade e os ndices de

    analfabetismo que persistem no Estado e no Brasil como um todo.

    Esta situao apresentada acima prova que a formao de

    educadores e alfabetizadores de jovens e adultos, mesmo com toda a nfase

    que vem sendo dada rea, em termos de discusses e reivindicaes, em

    nvel nacional e internacional, continua no ostracismo, como se ensinar a

    esses sujeitos fosse a mesma coisa que trabalhar com crianas.

    Sobra para os profissionais que se envolvem/comprometem com a

    rea, a formao continuada, a exemplo do que vem aconte cendo com as

    universidades que desenvolvem projetos na rea, com algumas secretarias

    estaduais e municipais e com organiza es no-governamentais. Essas

    iniciativas, entendendo as especi ficidades e caractersticas requeridas

    para a rea, procuram fazer uma capacitao em servio, porm, como

    aqueles que se propem alfabetizar e escolarizar jovens e adultos no

    tm a formao bsica, permanecem lacunas in transponveis. A exemplo

    do que vem acontecendo com as Secre tarias Estadual e Municipal de

    Educao de Macei; a coordenao dos Programas Alfabeti zao

    Solidria (PAS); Brasil Alfabetizador; Programa Nacional na Reforma

    Agrria (PRONERA); o Movimento de Educao de Base (MEB) e em

    tantos outros programas e instituies que tentam, atravs da formao

  • Tania Maria de Melo Moura64

    continuada, que na realidade se constitui em meros cursos e eventos

    pontuais, produzir o professor/alfabetizador de jovens e adultos.

    Tem-se clareza de que a formao continuada fundamental,

    mas ela se ressente de uma base terica slida por parte dos educadores,

    adquirida atravs da formao inicial, principalmente considerando as

    peculiaridades dos jovens e adultos sujeitos da prtica pedaggica.

    Tambm ainda tmida, nos meios acadmicos, a curiosidade epistemolgica em torno de se investigar e produzir conhecimento no

    campo da formao dos professores da e para a EJA.

    5 Alguns desafios e perspectivas em torno da questo

    Entende-se que as polticas e aes governamentais deve riam

    garantir a formao bsica e continuada de educadores de jovens e

    adultos. Os currculos dos cursos Normais e das Licencia turas precisam

    contemplar a formao especfica desses profis sionais de forma que eles

    tenham acesso a saberes gerais e especficos numa relao teoria-prtica

    que d conta das peculiaridades socioculturais e pedaggicas dos jovens

    e adultos trabalhadores.

    A ausncia de uma poltica, no Brasil, de articulao da EJA,

    limitou os avanos na rea. Dessa forma, as chamadas polticas

    existentes nos estados e municpios, com aspectos inovadores, no

    podem ser tomadas como tendncia nacional, pois os ltimos estudos

    apresentados (HADDAD, 2007) no nos permitem generalizaes.

    Os avanos so localizados. Existem ainda iniciativas assumidas como

    polticas de governo, ou seja, prioridade para alguns governantes

    que vm demonstrando compromissos com rea. Se a EJA fosse

    assumida como poltica de estado, estaria mais prxima de garantir um

    atendimento independente de vontade poltica, mas de acordo com a

    lei. Para Soares (1999), isso tem provocado instabilidade prpria das

    oscilaes polticas, configura a EJA como um movimento que ora

    tende para a direo da incluso social ora se define como mais um

    componente de excluso.

  • 65Formao de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais

    Nesse movimento histrico, que se iniciou oficialmente a

    partir de 1940, no podemos deixar de registrar avanos como o

    reconhecimento da EJA, como direito humano, a partir da Constituio

    de 1988, mesmo considerando as limitaes desse direito, quando dos

    governos neoliberais de Fernando Collor extino da Fundao

    Educar - e Fernando Henrique Cardoso - supresso do mecanismo

    que facultava s pessoas jurdicas direcionarem voluntariamente

    dois por cento do valor de imposto de renda devido, s atividades de

    alfabetizao de adultos, alm do veto ao Fundo de Manuteno e

    Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorizao do Magistrio

    (FUNDEF), gerando reduo na expanso da modalidade. Isso

    permitiu que os gestores buscassem sadas de financiamento, incluindo

    a EJA no Censo Escolar, como modalidade do ensino regular. Entre

    os demais avanos, podemos mencionar: a Lei N 9.394/1996, que

    reconhece a EJA como modalidade; o Parecer n11/2000 com as

    Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao de Jovens e Adultos;

    as iniciativas progressistas de alguns municpios; os Fruns MOVA;

    os Fruns Estaduais de EJA e o reconhecimento do MEC que passa

    a conceb-los como interlocutores de polticas pblicas no cenrio

    nacional; o apoio do MEC aos ENEJA e aos Seminrios de Formao

    de Educadores de Jovens e Adultos; o assento Comisso Nacional

    de Alfabetizao e Educao de Jovens e Adultos, de membros

    representantes dos Fruns; a criao do Fundeb, contemplando a EJA;

    a elaborao de materiais didticos, tanto para a formao continuada

    dos educadores, como para os alunos; a extino da Secretaria de

    Erradicao do Analfabetismo e consequente implantao da Secretaria

    de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade (SECAD) onde se insere a Diretoria de Educao de Jovens e Adultos, que tem

    como objetivo constituir uma poltica de Estado para EJA, buscando

    o sentido real do regime de colaborao entre a unio, estados,

    municpios e as organizaes da sociedade civil. nessa Secretaria

    que essa modalidade ganha espao, o que dificilmente aconteceria se

    estivesse na de Educao Bsica.

  • Tania Maria de Melo Moura66

    A Secad vem tentando saldar a enorme dvida histrica do pas

    no tocante educao, comprometendo-se com a democratizao

    dos sistemas de ensino e a criao de instrumentos que garantam a

    educao para todos como direto humano fundamental (HENRIQUES;

    IRELAND, 2005). Em relao aos jovens e adultos, fica registrada a

    preocupao no apenas de oferecer alfabetizao ou escolarizao por

    um tempo curto, mas fazer cumprir os sentidos da EJA fixados em

    Hamburgo, que, dentre outros pontos, considera a humanizao dos

    sujeitos como resultante de aprendizagens que se do ao longo da vida.

    No campo pedaggico, existe prioridade no financiamento de material

    didtico tanto para a formao continuada dos educadores da EJA, com

    o objetivo de auxiliar o professor no desenvolvimento das suas tarefas

    na sala de aula convencional e nas prticas de alfabetizao do Programa

    Brasil Alfabetizado, como para professores e alunos jovens e adultos,

    dentro das especificidades da modalidade em foco.

    No entanto no foi superado, ainda, na EJA, a poltica

    compensatria dos anos iniciais. Continuamos com uma poltica de

    baixa institucionalizao. necessrio avanar. A idia sair de uma

    mudana discursiva para as bases de uma poltica de Estado.

    Entendemos que as polticas e aes governamentais deve riam

    garantir a formao bsica e continuada de educadores de jovens e

    adultos. Os currculos dos cursos Normais e das Licencia turas precisam

    contemplar a formao especfica desses profis sionais de forma que

    eles tenham acesso aos saberes gerais e especficos numa relao teoria-

    prtica que contemple:

    Os fundamentos antropolgicos, psicolgicos, sociohistricos, filosficos e culturais que os levem a entender o mundo, a sociedade e os sujeitos com quem vo trabalhar.As concepes de educao, alfabetizao e letramento.Os fundamentos da lngua materna, da lingustica aplicada, psicolin gustica, sociolingustica, conceitos matemticos e de cincias sociais e naturais.Planejamento, metodologia de ensino e modelos de avaliao especficos para o desenvolvimento da prtica pedaggica com jovens e adultos.

  • 67Formao de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais

    Assim, entendemos que no possvel continuarmos impro-

    visando educadores e alfabetizadores de jovens e adultos. Os dados

    estatsticos e a realidade mostram que no assim. Mostra-nos que,

    mesmo que se houvesse a universalizao do ensino infantil, se todas

    as crianas estivessem na escola, ainda assim ns teramos trabalhadores,

    desempregados e subempregados, que buscariam a escola como a

    agncia auxiliar e, s vezes, a nica agncia, de acesso ao saber letrado.

    As nossas cami nhadas pelos municpios do Estado, acompanhando as

    classes dos programas de alfabetizao, nos mostram que quanto mais

    classes so instaladas mais pessoas aparecem para estudar, mesmo que

    nem sempre as condies de vida e as condies pedaggicas que so

    oferecidas (ou negadas) permi tam que nelas permaneam.

    Dizemos isso porque nossa experincia acompanhando as

    classes tem mostrado que quando as instituies escolares oferecem as

    condies tcnico-pedaggicas: merenda, material escolar, iluminao,

    condies de higiene, espaos alegres e bonitos; quando as prticas

    pedaggicas que so ofere cidas so acolhedoras, afetuosas e de boa

    qualidade terico-prtica, os alunos se sentem envolvidos, engajados

    e implicados com o processo do ensino-aprendizagem, lutando com

    mais fora para permanecer.

    Nesse sentido, oferecer as condies para reter os jovens e adultos

    na escola, requer a sensibilidade do Estado em torno das polticas

    pblicas para a rea, que envolvam as condies materiais para a oferta de

    vaga e permanncia dos alunos, planos de cargos e salrios e a formao

    bsica e continuada dos educadores de jovens e adultos.

    Finalmente, gostaramos de reafirmar que alfabetizar e escolarizar

    os jovens e adultos no um processo fcil e aleatrio, nem um

    processo que deve ficar s no plano do discurso poltico. Alfabetizar

    e escolarizar hoje, mais do que nunca, significa ter como suporte uma

    anlise poltico- crtica da realidade, mas tambm ter uma preocupao

    com a ressocializao do trabalhador. Trabalhar com ele as habilidades

    da leitura, da escrita e do clculo e a utilizao permanente desses

    conhecimentos. Desenvolver os conceitos e categorias necessrias

  • Tania Maria de Melo Moura68

    com preenso do mundo em que o trabalhador est inserido. Ao lado de

    trabalhar com os alunos o desvelamento da realidade, seus problemas

    e formas de solucion-los, instrumentaliz-los com os elementos

    necessrios s reivindicaes e buscas dessas solues e para isso faz-se

    necessrio e imprescindvel profissionais em permanente formao.

    FORMACIN DE EDUCADORES DE JVENES Y ADULTOS:

    REALIDAD, DESAFOS Y PERSPECTIVAS ACTUALES Resumen: Ese texto es fruto de nuestras reflexiones como investigadora, profesora y formadora de profesores. Tiene como objetivo principal problematizar sobre la temtica de la formacin de educadores que tutan en la educacin escolar de jvenes y adultos. Para efecto didctico, pero a la vez conceptual, dividiremos nuestra reflexin en cuatro puntos: en primer lugar traemos la discusin sobre el tratamiento que el Estado Brasileo viene dando a la formacin y la carrera de los profesores de la Educacin de Jvenes y Adultos al largo del proceso histrico, en relacin a la polticas pblicas, al arcabouo legal y al currculo; un segundo punto se refiere a los movimientos que vienen emergiendo a partir de la dcada de 1990 para dar un nuevo norte a la modalidad; en un tercer punto tratado denunciamos el silencio permitido de las instituciones formadoras y de las instituciones mantenedoras de la modalidad en torno a la formacin inicial y continuada; y finalmente pontuamos algunos desafos y perspectivas en torno a la temtica en estudio. Espero que esas cuestiones puedan constituirse en elementos de medio de un dilogo que permita, de forma colectiva, repensarmos nuestras verdades y vislumbrarmos nuevos horizontes.

    Palabras-clave: Educacin y escolarizao de jvenes y adultos. Formacin de educadores, realidad, desafos y perspectivas.

    Referncias

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  • 69Formao de educadores de jovens e adultos: realidade, desafios e perspectivas atuais

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    Artigo recebido em: 15/07/09Aprovado para publicao em: 20/08/09