fontes chaveadas

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Curso de Engenharia Elétrica - UFPR E.L.M.Mehl: Fontes Chaveadas – p. 1

Fontes Chaveadas

Ewaldo L. M. MehlUniversidade Federal do Paraná, Departamento de Engenharia Elétrica

Centro Politécnico, Curitiba, ParanáE-mail: [email protected]

I. APRESENTAÇÃO

Apesar de ficar evidente, desde o desenvolvimento dotransistor bipolar em 1948, que esse dispositivo poderiafuncionar como um interruptor, os primeiros transistoresforam empregados basicamente como amplificadores debaixa potência ou, em eletrônica digital, comointerruptores de baixa potência. O mesmo laboratório quedesenvolveu o transistor bipolar – o Bell Laboratories nosEUA – apresentou em 1956 um novo transistor com quatrocamadas semicondutoras a que chamou de PNPNTriggering Transistor. O invento foi licenciado à empresaGeneral Electric,. que lançou-o comercialmente em 1958com o nome Thyristor. Considera-se que o lançamentocomercial do Thyristor ou tiristor marca o nascimento deuma nova ciência, chamada Eletrônica de Potência.

Todos os circuitos eletrônicos requerem uma fonte detensão contínua, com determinado grau de estabilização.É claro que, nos equipamentos de pequeno porte talalimentação pode ser obtida através de pilhas ou bateriasmas, no caso mais geral, utiliza-se a energia disponível narede elétrica local, através de um conversor. Num primeiromomento isso foi obtido através de conversores rotativos,como é o caso do sistema Ward-Leonard, constituído deuma máquina de corrente alternada na qual se obtinhauma corrente contínua. Porém no caso mais geral utiliza-se um conversor estático (isso é, não-rotativo)denominado Fonte de Alimentação.

As fontes de alimentação modernas podem serclassificadas em dois grandes grupos: com RegulaçãoLinear ou com Regulação por Chaveamento. Dessemodo, o que denomina simplesmente de Fonte Chaveadaé, na verdade, um Conversor Estático de CorrenteAlternada em Corrente Continua com Regulação porChaveamento.

Nesse trabalho são apresentadas, de forma resumida, asFontes Chaveadas, mostrando suas vantagens edesvantagens frente às fontes com regulação linear. Deforma particular, é dada ênfase ao uso das FontesChaveadas nos sistemas de telecomunicações. Mostra-setambém as perspectivas de evolução das fontes chaveadas,que devem ser observadas nos próximos anos.

II. A CORRENTE ALTERNADA

As primeiras instalações elétricas que se tornaramcomercialmente viáveis foram feitas em 1882 por ThomasAlva Edison na cidade de Nova York, e eram

primariamente destinadas à iluminação pública edoméstica, em substituição ao gás. O sucesso doempreendimento demonstrou a possibilidade da exploraçãocomercial da energia elétrica, anunciada na ocasião comoelemento de conforto pessoal e maior segurança que oslampiões à gás. Não obstante o impacto causado pela suainstalação, este sistema, tendo sido implantado comdínamos que geravam corrente contínua, fazia com que asquedas de tensão nos fios transmissores obrigasse a seinstalarem tais dínamos a uma distância relativamentepróximas dos consumidores, fato que limitava a expansãoda rede de atendimento. No caso do sistema que Edisoninstalou em Nova York, os primeiros dínamos ficavam emuma instalação às margens do Rio Hudson. Os dínamoseram acionados por máquinas à vapor, sendo que ainstalação às margens do Rio Hudson justificava-seunicamente pela facilidade de transporte do carvão quealimentava as caldeiras. Em contrapartida, Werner vonSiemens, em uma exposição industrial realizada emFrankfurt, na Alemanha, em 1891, mostrou aconveniência da associação da geração hidráulica deenergia elétrica com sistemas funcionando com correntealternada. A partir de alternadores instalados no RioNeckar, foi demonstrada na ocasião a possibilidade detransmissão da energia elétrica a grandes distâncias, já queaté o local da exibição eram 176 km de distância. A linhade alta-tensão implementada tinha tensão da ordem de15 kV, com freqüência de 25 Hz, sendo que umtransformador reduzia a tensão para 110 V no pavilhão deexposições, onde foram realizadas demonstrações dofuncionamento de lâmpadas e motores com a energiaproveniente do “distante” rio.

Nos Estados Unidos a proposta de sistemas elétricosem corrente alternada demorou algum tempo para seradotada, principalmente pela obstinada resistência deEdison ao novo sistema. As objeções de Edison ficaramevidentes na polêmica criada quando da implantação dosistema de metrô em Nova York, onde a empresa deGeorge Westinghouse propunha a instalar trenssubterrâneos dotados de motores em corrente alternada.Por trás dessa proposta havia a figura do cientista deorigem croata Nikola Tesla, que ao emigrar para osEstados Unidos havia trabalhado inicialmente com Edisone, posteriormente, foi contratado por Westinghouse.Graças à simplicidade e alta eficiência demonstrada pelomotor de indução à corrente alternada, patenteado porTesla, a corrente alternada surgia como uma alternativamuito interessante para a tração elétrica e futura

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substituição de máquinas a vapor em atividadesindustriais. De posse de um documento que lhe davaexclusividade na cidade de Nova York no fornecimento deiluminação elétrica, Edison conseguiu restringir asinstalações de Westinghouse apenas ao acionamentoelétrico do metrô. Desse modo, durante alguns anos, doissistemas elétricos conviveram em Nova York: um, emcorrente contínua e operado por Edison, alimentava aslâmpadas nas ruas, lojas e residências; o outro sistema, emcorrente alternada e de propriedade de Westinghouse,alimentava os trens do metrô — mas não as lâmpadas dasestações. Em 1910, no entanto, o sistema elétrico emcorrente alternada trifásico acabou sendo adotado comopadrão na América do Norte [1] sendo depois estendido aoutros países, principalmente devido às vantagens datransmissão de energia a grandes distâncias em altatensão.

A análise matemática dos sistemas de correntealternada, no entanto, era praticamente impossível até ostrabalhos de Karl August Rudolf Steinmetz (ou CharlesProteus Steinmetz, nome que adotou após ter emigradopara os Estados Unidos). Ironicamente Steinmetz, assimcomo Tesla, começou a trabalhar nos Estados Unidoscomo consultor da empresa General Electric, fundada porEdison. A partir de 1893 [2] e ao longo de 25 anos,Steinmetz propôs e desenvolveu um método de descriçãode circuitos em corrente alternada utilizando númeroscomplexos, exposto em uma série de artigos e livros.Graças a este método simbólico, foi possível um melhorentendimento dos fenômenos físicos da corrente alternadae, conseqüentemente, sua expansão em todo o mundo.

Na Figura 1 mostra-se de forma gráfica uma tensãoalternada que evolui no tempo de forma senoidal.A amplitude máxima alcançada está representada por V. Ointervalo de tempo representado por T é o período. Numsistema elétrico observa-se uma corrente que, numaprimeira análise, também evolui de forma senoidal eatinge o valor máximo I. Na figura, a corrente estádefasada da tensão de um ângulo representado por ϕϕ. Écomum dizer, examinando-se a Figura 1, que a correnteestá adiantada de um ângulo ϕ em relação à tensão, pois aamplitude máxima I da corrente é atingida em uminstante anterior àquele no qual a tensão atinge a suaamplitude máxima V . De forma análoga, a corrente estariaatrasada de um ângulo ϕ em relação à tensão na situaçãoem que a amplitude máxima I da corrente fosse verificadaem um instante posterior àquele no qual a tensão atinge asua amplitude máxima V .

Por outro lado, através de uma comparação entre apotência dissipada em um resistor ligado a uma fonte detensão contínua e a potência dissipada no mesmo resistorquando conectado a uma fonte de tensão alternadasenoidal, surge a definição de valor eficaz ou valor rms(root mean square, ou raiz média quadrática) de umacorrente alternada por meio da Equação 1.

Figura 1: Principais grandezas em um sistema de correntealternada senoidal.

[ ]IT

i(t) dtrms

T

= ∫1 2

0

Eq. 1

Supondo ser a corrente uma função senoidal pura, ao seaplicar a Equação 1 tem-se como resultado o valor eficazda corrente senoidal mostrado na Equação 2:

II

rms =2

Eq. 2

De modo análogo, o valor eficaz da tensão alternadasenoidal é dada pela Equação 3:

VV

rms =2

Eq. 3

III. A CONVERSÃO PARA CORRENTE CONTÍNUA

A partir da tensão alternada disponível nos sistemaselétricos obtém-se uma tensão alternada simplesmente como uso de um circuito retificador. Para isso é necessárioalgum tipo de dispositivo que permita o fluxo da correnteelétrica em uma determinada direção mas a bloqueie nosentido oposto. Os primeiros retificadores empregaramelementos bem pouco eficientes, com válvulas de mercúrioou colunas de selênio, de modo que a conversão rotativa semantinha como alternativa mais viável para potênciaselevadas. A partir da Segunda Guerra Mundial, noentanto, foram desenvolvidos diodos com silício quefizeram com que a conversão estática fosse dominante.

O tiristor, citado na introdução, possibilitou um melhorcontrole da retificação, de modo que no final dos anos 60 aconversão rotativa estivesse praticamente abandonada emfavor dos conversores estáticos.

Apesar do contínuo progresso verificado no campo dasFontes Chaveadas, os circuitos de retificação sãobasicamente topologias clássicas. Na Figura 2, observa-seo circuito do retificador trifásico conhecido como “pontede Graetz”, formado por seis diodos e filtro de saídacapacitivo.

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Figura 2: Retificador Trifásico formado por seis diodosconectados em “ponte de Graetz” e filtro de saídacapacitivo.

Devido a sua simplicidade e baixo custo, oretificador trifásico da Figura 2 é a opção mais utilizadacomo estágio de entrada de equipamentos eletrônicos dealta potência. Na Figura 2, Va, Vb e Vc representam a redetrifásica, com o ponto neutro N. A retificação da corrente éfeita pelos diodos D1...D6. Para reduzir a ondulação datensão de saída, um conjunto de capacitores eletrolíticos devalor elevado, representado na Figura 2 como Co, énormalmente conectado à saída retificada, em paralelocom a carga Ro. O circuito comporta-se, sob o ponto devista da rede elétrica, como uma carga não linear, sendo acorrente drenada à rede tipicamente da forma mostrada naFigura 3, onde é evidente a forma não—senoidal dacorrente.

Figura 3: Formas de Onda de Tensão e Corrente típicaspara o Retificador Trifásico Básico

Além do retificador “clássico”, existem também umasérie de outras topologias. Estes circuitos tem sido objetode atenção recentemente, como alternativas para reduzir ageração de correntes harmônicas na rede elétrica mas, napresente análise, considera-se que a conversão de tensãoalternada para contínua seja obtida através de umretificador convencional.

IV. A REGULAÇÃO DA TENSÃO

Não basta, no entanto, ter-se a tensão contínua, mas énecessário regula-la para um funcionamento estável doequipamento eletrônico. A regulação de tensão pode serfeita utilizando-se os reguladores lineares ou entãoatravés do controle do tempo de condução de um elementosemicondutor.

Figura 4: Regulação linear da tensão de saída de uma fontede tensão contínua.

A regulação linear caracteriza-se pelo controle dacondutividade de um transistor, ajustando-se dessa forma aintensidade da corrente fornecida e obtendo-se a regulação.A Figura 4 ilustra de forma esquemática essa alternativa.Após a retificação da tensão alternada, existe um elementosemicondutor (transistor) cuja condutividade pode serajustada. A tensão de saída é constantemente comparadacom uma tensão de referência e, dessa forma, o transistorage como um elemento de resistência variável e absorvequalquer variação de tensão. Por operar em sua regiãolinear, o transistor apresenta uma dissipação de potênciaelevada e é o maior responsável pelo baixo rendimentonesse tipo de regulador. Como conseqüência é necessáriousar dissipadores de calor volumosos e pesados.

Apesar das aparentes desvantagens da regulaçãolinear, é possível obter-se tensão de saída extremamenteestável e a resposta a transitórios é excelente. Além disso,o funcionamento do transistor em região linear faz comque o circuito não emita qualquer tipo de interferênciaeletromagnética de alta freqüência. Em face disso osreguladores lineares, apesar de serem a princípio indicadossomente em baixas potências, encontram tambémaplicações em sistemas de telecomunicações onde háproblemas de ruído.

Outra maneira de se obter a regulação da tensão desaída de uma fonte de tensão contínua é através dochaveamento de um dispositivo semicondutor emfreqüência elevada. A Figura 5 ilustra esquematicamenteessa alternativa, que é conhecida como fonte chaveada.

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Figura 5: Diagrama de Blocos mostrando o mecanismo de regulação de tensão de uma fonte chaveada.

Um regulador chaveado é basicamente um conversor noqual tanto a tensão de entrada como de saída são contínuas(conversor CC-CC). Conforme o tipo de conversorempregado, o valor da tensão de saída pode ser maior oumenor que a tensão de entrada, apesar que nas fontesusadas em telecomunicações normalmente a tensão desaída é menor que a de entrada. O interruptor eletrônicoopera somente nos estados de saturação (ligado) e corte(desligado), com freqüência de operação muito maior quea freqüência da rede elétrica. O resultado é, então, umatensão alternada não-senoidal que é retificada novamente eentregue à carga. De modo esquemático tem-se osseguintes elementos, conforme a Figura 5:

•• Filtro de linha: evita a passagem do ruído elétricoproduzido pelo conversor para a rede elétrica; emalgumas fontes há também o filtro de linha trabalhatambém no sentido inverso, evitando que ruídoexistente na rede elétrica seja transmitido para a fonte.

•• Retificador e Filtro de Entrada: na maioria dasfontes chaveadas faz-se a retificação direta da tensãodisponível na rede elétrica. Isso elimina a necessidadede um transformador no circuito de entrada, que évolumoso e pesado.

•• Interruptor Eletrônico: é um transistor operando emcondição de corte e saturação. Apesar das primeirasfontes chaveadas usarem transistores bipolares, essesforam logo abandonados em favor dos MOSFETs, queoperam em freqüência mais elevada com baixasperdas e permitem simplificar o circuito dechaveamento. Para evitar a produção de ruído audível,é necessário que a freqüência de chaveamento dointerruptor eletrônico seja maior que 20 kHz.

•• Transformador de Alta Frequência: o chaveamentodo interruptor eletrônico produz uma tensão pulsadaque, através de um transformador especialmenteprojetado para operar em alta freqüência, é abaixadaou elevada para o nível desejado na saída. Estetransformador possibilita também o isolamentoelétrico entre a saída da fonte chaveada e a redeelétrica.

•• Retificador e Filtro de Alta Freqüência: a tensãopulsante disponível na saída do transformador éretificada e filtrada.

•• Controle de Alta Freqüência: é responsável pelocontrole do tempo de condução do interruptoreletrônico. Normalmente o controle é feito através deum comparador, que recebe uma amostra da tensão desaída e compara-a com uma tensão de referência. Namaioria dos circuitos se a tensão de saída estiverbaixa, o interruptor eletrônico é comandado apermanecer conduzindo por um tempo maior; seestiver baixa, o comando determinará um tempo maiscurto de condução. Por esse motivo o controle échamado por largura de pulso (PWM = pulse widthmodulation) e muitas vezes as fontes chaveadas sãotambém conhecidas como Fontes PWM.

•• Circuitos de Comando e Proteção: normalmente asfontes chaveadas incorporam circuitos de proteçãocontra curto-circuitos e outras condições anormais defuncionamento, que podem ser implementadas atravésde controles adicionais sobre o interruptor eletrônico.Há também circuitos auxiliares para o acionamento dointerruptor eletrônico e, em alguns casos, deinterruptores auxiliares, como é o caso das fontesressonantes.

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V. COMPARAÇÕES ENTRE AS FONTESCHAVEADAS E AS DE REGULAÇÃO LINEAR

É evidente que, frente ao exposto, as fontes chaveadassão sistemas eletrônicos muito mais complexos do queaquelas onde se usa a regulação linear. À primeira vista,portanto, não ficam evidentes as razões de sua rápidaaceitação pelo mercado.

A principal vantagem das fontes chaveadas estárelacionada ao funcionamento do interruptor eletrônico. Apotência elétrica é definida como o produto entre a tensãoe a corrente:

IVP ⋅= Eq. 4

Desse modo, quando um transistor está operando como umcontrolador de corrente (funcionamento na região linear) éevidente que o produto V.I da Equação 4 não é nulo, ouseja, há uma certa potência sendo dissipada na forma decalor. Já se o transistor é levado a operar como uminterruptor, tem-se as seguintes situações:

•• Interruptor “Aberto”: de modo idealizado uminterruptor “aberto” não terá qualquer fluxo decorrente. Portanto na Equação 4 o produto será nulo,independentemente do valor da tensão.

•• Interruptor “Fechado”: nesse caso há um fluxo decorrente pelo interruptor mas, sob o ponto de vistaideal, a tensão é nula. Ou seja, novamente o produtodescrito na Equação 4 será nulo.

Na verdade os transistores empregados na função deinterruptor eletrônico apresentam uma pequena tensãoentre seus terminais quando são colocados no estado desaturação, de forma que na prática há uma certa dissipaçãode potência. Também as transições entre os estados“aberto” → “fechado” e “fechado” →→ “aberto”(comutação de condução e de bloqueio) não ocorrem deforma instantânea e portanto há também uma dissipaçãode potência nesses instantes de chaveamento. Mesmoassim, a dissipação observada nas fontes chaveadas émuito inferior àquela que seria obtida com o uso daregulação linear. Ou seja, além da eficiência da fontechaveada ser maior, a diminuição da potência dissipadamelhora sensivelmente a relação de potência de saída porpeso ou potência por volume. O Quadro 1 mostra, deforma resumida, as vantagens das fontes chaveadas emcomparação com as fontes com regulação linear.[3, 4]

Quadro 1: Comparação de alguns parâmetros entre as fontes que empregam regulação linear e as fontes chaveadas.

Parâmetro Regulação Linear Fonte Chaveada

Eficiência Pode chegar a 50%, mas normalmente é daordem de 25%.

Mesmo nas fontes mais simples é superior a65%; em projetos de alta qualidade ésuperior a 95%.

Temperatura doscomponentes

O transistor usado como regulador opera emalta temperatura, atingindo freqüentemente80°C. Os demais componentes acabamtambém aquecendo-se e o tempo de vida útilé diminuído.

Como a dissipação é menor, é mais fácilmanter a temperatura do transistor usadocomo interruptor em níveis baixos. Noentanto, como o volume da fonte é reduzido,é comum usar ventiladores para auxiliar adissipação.

Ondulação da Tensão deSaída

É muito baixa, como resultado da operaçãodo transistor em região linear.

O uso de alta freqüência introduz umaondulação adicional. Para obter-se o mesmonível de ondulação da regulação linear, énecessário um projeto cuidadoso.

Resposta a Transientes É muito rápida, devido à utilização dotransistor em região linear.

Para ter-se resposta rápida, é necessário usarfreqüência de chaveamento elevada ecircuitos de comando sofisticados.

RelaçãoPotência/Peso

Da ordem de 25 W/kg Normalmente 100 W/kg. O uso deventilação forçada e componentes de últimageração permite aumentar esse valor.

RelaçãoVolume/Potência

Da ordem de 30 cm3/W Normalmente 8 cm3/W. Também pode sermenor com componentes de última geração.

Emissão deRádio-Interferência

É praticamente nula. O uso do interruptor eletrônico operando emalta freqüência produz ruído e faz com quesejam necessárias blindagem e filtragem.

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Quadro 1 – continuação.

Parâmetro Regulação Linear Fonte Chaveada

Interferência àRede Elétrica

Existe somente o ruído normal decorrente daoperação do retificador de entrada.

É necessário filtrar o ruído de chaveamentodo interruptor eletrônico.

Confiabilidade Como o número de componentes eletrônicosé reduzido, a confiabilidade é aparentementealta. No entanto, caso a dissipação depotência do transistor regulador não sejaadequada, pode-se ter temperaturas elevadasque afetam a confiabilidade.

Devido a complexidade do circuito e ao altonúmero de componentes, a confiabilidade énaturalmente baixa. O uso de circuitosintegrados que reúnem várias das funções dafonte chaveada aumenta a confiabilidade.

Verifica-se portanto que a principal vantagem da fontechaveada, em relação a uma fonte de mesma potênciaempregando regulação linear, é o peso e o volume. Asfontes com regulação linear, apesar de volumosas epesadas, possuem ainda uma ampla aplicação,principalmente quando os requisitos de confiabilidade sãofundamentais.

Uma outra questão crucial que emerge do exame doQuadro 1 é o custo de fabricação. Num primeiro momentoas fontes chaveadas só eram interessantes devido ao menorvolume e peso, apresentando custo superior às fontes comregulação linear. Dessa forma, eram empregadasprincipalmente quando o uso de uma fonte com regulaçãolinear comprometesse de alguma forma o espaço ocupadoproduto final. Esse foi o caso, por exemplo, dos primeirosmicrocomputadores pessoais, onde a necessidade de umafonte com potência da ordem de 200 W faria com que,optando-se pelo uso de uma fonte de regulação linear, ovolume final do computador fosse provavelmente o dobro eo peso bastante superior. Atualmente, no entanto, odesenvolvimento de circuitos integrados especiais parafontes chaveadas tem facilitado a tarefa de projeta-las,diminuído sua complexidade e baixando seus custos.Como conseqüência, as fontes chaveadas estão presentesatualmente na maioria dos equipamentos eletrônicos, tantonas áreas industriais como para entretenimento.

No caso dos sistemas de telecomunicações, no Brasilobservou-se uma certa demora na adoção ampla das fonteschaveadas, devido a restrições impostas por normas daTELEBRÁS. Mesmo com o surgimento de normasespecíficas sobre fontes chaveadas, no período de 1993 a1994, num primeiro momento proibia-se o uso deventilação forçada; essa limitação fazia com que o volumeda fonte chaveada fosse elevado e eliminava, porconseqüência, uma das suas principais vantagens.Aparentemente existiam dúvidas na época quanto àconfiabilidade dos ventiladores e, uma vez que previam-seensaios com temperatura ambiente da ordem de 42°C, osprojetistas eram obrigados a dotar os interruptoreseletrônicos de dissipadores de calor extremamentegrandes, pesados e caros. Logo em seguida, no entanto, aTELEBRÁS reviu sua posição e permitiu o uso deventilação forçada, possibilitando a imediata redução novolume das fontes chaveadas.

Um grande impulso para a disseminação do uso dasfontes chaveadas em sistemas de telecomunicações deve-setambém à “descentralização” das centrais telefônicasobservada nos últimos anos. Atualmente a implantação desistemas de telefonia fixa faz uso intenso de armários dedistribuição que são, na verdade, extensões remotas dacentral telefônica. Ou seja, esses armários sãoequipamentos ativos que, portanto, necessitam ser dotadosde sua própria fonte de alimentação. Como o sistema operade forma totalmente automatizada sem a presença deoperadores humanos, é necessário que a fonte dealimentação possua características de supervisão maisavançadas, que podem ser implementadas facilmente nasfontes chaveadas. De mesma forma, esses sistemasnecessitam de baterias para operarem nas condições defalta de suprimento da rede elétrica e, assim, a fonte dealimentação deve ser capaz de também atuar como circuitocarregador das baterias. Por isso tudo atualmente as fontesde alimentação usadas nesses sistemas são fonteschaveadas bastante sofisticadas, ocasionando em umnotável progresso nas técnicas de projeto e construção.

VI. TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃO DASFONTES CHAVEADAS

Observa-se a cada dia o uso mais freqüente de fonteschaveadas nos mais diversos sistemas eletrônicos. Asrazões para tal crescimento são, basicamente, os requisitosde volume e peso dos equipamentos. Apesar do avançoverificado na técnica de projeto e nos componenteseletrônicos, a fonte de alimentação permanece, dentro deum sistema eletrônico, como o sub-sistema que ocupa maisespaço relativo e o de menor confiabilidade.

A tecnologia de fontes chaveadas recebe dois impulsosvaliosos para prosseguir avançando. O principal, semdúvida, vem da indústria de microcomputadores e demaisequipamentos de informática. Nesse caso a demanda dosfabricantes é por fontes de volume menor e queapresentem menor custo. O custo de produção dos circuitosintegrados digitais e microprocessadores mostra umaredução significativa com o aumento do número de peçasproduzidas, já que são fabricados por processosautomatizados. Porém as fontes de alimentação (chaveadasou não) ainda utilizam um grande número de componentes

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discretos, como é o caso dos transistores usados comointerruptores eletrônicos e dos componentes magnéticos(indutores e transformadores). O resultado é que oprocesso de fabricação das fontes faz uso de mão de obratradicional, elevando o custo final. Os fabricantes demicrocomputadores demandam também uma redução dovolume final das fontes, que é considerado excessivo frenteà miniaturalização dos demais componentes. Por exemplo,num microcomputador portátil é impossível incorporar afonte de alimentação ao próprio equipamento, sendo essaainda um elemento volumoso e pesado. Assim, apesar doequipamento ser portátil e poder ser acionado “emqualquer lugar” através das baterias internas, na verdade ousuário é obrigado a levar em sua bagagem a fonte dealimentação para prover a carga das baterias e operar oequipamento por um período mais longo.

Esse mesmo tipo de demanda ocorre, no campo dastelecomunicações, na telefonia móvel. Os telefonescelulares mais modernos são, em alguns casos, menores emais leves que a fonte de alimentação que é necessáriapara realizar a carga das baterias. Esses exemploscotidianos mostram que a tecnologia das fontes chaveadasé ainda um campo fértil para a evolução tecnológica.

A. Incremento da Freqüência de Chaveamento

O principal motivo de se buscar um incremento nafreqüência de chaveamento é a redução do tamanho dostransformadores, indutores e capacitores da fontechaveada. A Figura 6 mostra, de forma comparativa, otamanho de dois transformadores usados em fonteschaveadas, onde fica evidente a vantagem obtida com oincremento da freqüência.

Figura 6: Comparação entre dois transformadores usadosem fontes chaveadas com potência de 150 W; à esquerda,usando freqüência de chaveamento de 40 kHz e à direita,de 400 kHz.

O aumento da freqüência de chaveamento reduz otamanho dos componentes magnéticos e dos capacitoresdevido à maneira como operam as fontes chaveadas: ochaveamento do interruptor eletrônico é responsável porum mecanismo de transferência de energia. Ou seja,durante cada ciclo de chaveamento a energia éarmazenada em um componente (indutor, transformadorou capacitor – conforme o tipo de circuito usado na fonte)e transferida à carga. Ou seja, toda fonte chaveada operapor um princípio de carga e descarga da energia.À medida que a freqüência aumenta, o elemento no qual aenergia é armazenada pode ser menor, pois umaquantidade menor de energia necessita ser “guardada” acada ciclo. O resultado final, portanto, são componentes demenor volume ao se aumentar a freqüência dechaveamento.

Apesar de ser observado que o volume doscomponentes de armazenamento diminui com o aumentoda freqüência, na verdade a tecnologia encontra umabarreira ao se promover tal incremento de freqüência.Durante alguns anos, principalmente no final da década de1980, os pesquisadores perseguiram freqüências dechaveamento cada vez maiores. As primeiras fonteschaveadas com aplicação comercial operavam emfreqüências ligeiramente superiores a 20 kHz, suficientepara ultrapassar o limite de sensibilidade do ouvidohumano. Tais fontes usavam, como elemento interruptor,transistores bipolares. A partir da disponibilização deMOSFETs de potência, capazes de operar em freqüênciasmais elevadas, observou-se uma verdadeira corrida nosentido de se produzir fontes chaveadas com freqüência dechaveamento elevadas, chegando-se até a faixa de algunsmegahertz em trabalhos experimentais. Para usoindustrial, no entanto, observou-se que o incrementoexagerado da freqüência de chaveamento introduziaproblemas adicionais, tais como a necessidade de placas decircuito impresso de projeto especial, que comprometiamdessa forma o custo final e a confiabilidade do produto.Também na faixa de megahertz as reatâncias parasitas doscomponentes tem ordem de grandeza compatível com ados próprios componentes, produzindo dificuldadesadicionais ao projeto. Dessa forma, a maioria das fonteschaveadas de microcomputadores utiliza freqüência dechaveamento inferior a 100 kHz. Em fontes chaveadasmais sofisticadas, usadas por exemplo em centraistelefônicas digitais de grande porte, atinge-se freqüênciasde chaveamento de até 500 kHz.

B. Redução da Dissipação de Potência

Sob o ponto de vista ideal o chaveamento dointerruptor eletrônico não teria qualquer tipo de perda. AFigura 7, no entanto, ilustra o que ocorre num interruptoreletrônico.

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Figura 7: Formas de onda de corrente e de tensão (a) em um dispositivo semicondutor usado como interruptoreletrônico, com o respectivo produto referente à potência dissipada (b) [5].

De modo esquemático tem-se as seguintes situações naFigura 7, sob o ponto de vista da potência dissipada:

•• Enquanto o interruptor encontra-se em estado“desligado”, a corrente é nula, de modo que a potência(ou produto V.I, conforme Equação 4) é nulo. Assim,nessa situação a dissipação é zero.

•• No instante em que o interruptor muda da condição“desligado” para a condição “ligado”, a corrente sobede zero até um determinado valor, enquanto a tensãodesce. Ou seja, o produto V.I apresenta um “pico”chamado de dissipação de ligação (turn-on loss).

•• Durante o intervalo em que o interruptor está“ligado”, a corrente flui através de seus terminais e,devido às características do material semicondutorempregado, há uma pequena tensão entre osterminais. Aqui novamente o produto V.I não é nulo,sendo considerado como dissipação de condução(conduction loss).

•• Ao passar da condição de “ligado” para a de“desligado” (comutação de bloqueio), a correntediminui até zero à medida que a tensão aumenta. Emtodos os componentes eletrônicos usados comointerruptores nas fontes chaveadas essa transição é

mais lenta do que aquela observada na condição“desligado” → “ligado” (comutação de condução).Como conseqüência, a dissipação de desligamento(turn-off loss) é maior do que a de ligação.

Em face da Figura 7, o esforço de melhoria ocorre emduas áreas distintas:

→ Redução da dissipação durante a condução: estábaseada na tecnologia de fabricação do interruptor, ouseja, é um esforço que está concentrado nas mãos dosfornecedores de componentes eletrônicos.

→ Redução da dissipação durante o chaveamento: porum lado este tipo de dissipação é uma característicaintrínseca ao componente. Porém os projetistas defontes chaveadas desenvolveram alguns métodos pararedução dessa dissipação através de fenômenos deressonância. Esta técnica é bastante sofisticada e tirapartido da capacitância parasita dos componentes demodo a obter, durante os instantes de chaveamento,uma circulação de corrente por elementos auxiliares.Como resultado pode-se obter no instante dechaveamento uma tensão nula sobre o interruptor(ZVS = zero voltage switching) ou uma corrente nula(ZCS = zero current switching), diminuindo-se a

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dissipação total. Apesar dos resultados promissoresem nível de trabalhos experimentais, os projetistasindustriais são normalmente relutantes em adotar ochaveamento ressonante nos seus produtos, alegandoque essa técnica é extremamente sofisticada paraprodução em escala industrial.

Além dessas abordagens, existe também um esforço,novamente sob responsabilidade dos fabricantes decomponentes, de se melhorar o acoplamento térmico entrea parte ativa do interruptor e seu invólucro, e deste com odissipador de calor. Nesse assunto trabalha-se basicamentecom novos tipos de montagens internas dos componentes,bem como há propostas de novos tipos de invólucros edissipadores.

C. Tecnologia de Interruptores de Potência:

Os interruptores eletrônicos disponíveis paraEletrônica de Potência podem ser classificados em quatrograndes grupos [6]:

• Tiristores: além do tiristor “convencional”, tambémchamado SCR (silicon controlled rectifier), há ostiristores bloqueados por gate (GTO – gate turn-offthyristor), tiristores de indução estática (SITH – staticinduction thyristor) e tiristores controlados portransistor tipo MOS (MCT – MOS controlledthyristor). Esses dispositivos tem características dechaveamento em baixa freqüência, não sendoutilizados em fontes chaveadas. Seu uso é intenso, noentanto, nas fontes de potência elevada.

• Transistores bipolares (BJT – bipolar junctiontransistor): apesar de terem sido fabricadostransistores bipolares para correntes da ordem decentenas de ampères e tensões de bloqueio até 800 V,este tipo de componente praticamente não é maisutilizado em fontes chaveadas. O principal problemadeve-se a que o transistor bipolar é um dispositivocontrolado por corrente de base; a corrente de basetípica, quando o dispositivo opera como interruptor depotência, é um torno de 10% a 15 % da corrente docoletor. É necessário também aplicar uma corrente debase reversa, para permitir um bloqueio rápido. Comisso, o circuito de comando é caro e complexo.

• MOSFET (transistor de efeito de campo metal-óxido-semicondutor – metal-oxide-semiconductorfield-effect transistor): Este dispositivo é uminterruptor com características de controle por umsinal de tensão aplicado no terminal de gatilho (gate).Com isso, a corrente necessária durante as comutações(entrada em estado de condução e bloqueio) é bastantebaixa, diminuindo consideravelmente a complexidadedo circuito de comando. Além disso o tempo decomutação é menor que aquele observado nostransistores bipolares, fazendo com que seja possível aoperação em freqüências elevadas. O MOSFETrapidamente dominou o cenário das fontes chaveadase é, atualmente, o principal componente para

aplicações industriais. Existe, no entanto, umproblema associado à sua operação em tensões maiselevadas, da ordem de 1000 V. Ocorre que, parasuportar tais tensões, os projetistas são obrigados adeslocar os terminais internos de “dreno” e “fonte” eobtém-se como conseqüência uma elevada resistênciaelétrica durante a condução, aumentando a dissipação.Como resultado, os MOSFETs limitam-se, para usoem fontes chaveadas, a tensões da ordem de 800 V.

• IGBT (transistor bipolar com gatilho isolado –isolated gate bipolar transistor): Para vencer aslimitações do transitor bipolar e do MOSFET,desenvolveu-se um tipo híbrido de transistor, que temcrescido de importância no campo das fonteschaveadas. O IGBT é basicamente um transistorbipolar que, no lugar do terminal de base, apresentaum eletrodo de gatilho (gate) semelhante a umMOSFET. Assim, seu disparo é feito por nível detensão, permitindo o uso de circuitos de comandosimples como os usados nos MOSFETs. No entanto,sua condução semelhante a um transistor bipolarimplica em uma baixa dissipação de condução epermite que o dispositivo opere sob tensões superioresa 1000 V. Os primeiros IGBTs apresentados, noentanto, não permitiam freqüência de chaveamentosuperior a 15 kHz, tornando seu uso proibitivo emfontes chaveadas que ficassem expostas ao público,devido ao ruído audível gerado. No entanto logo setornaram disponíveis IGBTs capazes de operarem emfreqüências superiores a 20 kHz, permitindo seuamplo uso em fontes chaveadas. Existe ainda umaquestão referente ao custo do IGBT, que ainda ésuperior aos MOSFETs nos dispositivos de baixa emédia potência. Para fontes chaveadas de potênciamais elevada, porém, o IGBT constitui-se atualmentena melhor alternativa.

Além dos citados, existem outros componentes taiscomo o IGCT (Integrated Gate Commutated Thyristor),que são componentes específicos para aplicações empotência elevada, como para fornos industriais e traçãoelétrica, de menor importância portanto para o campo dasfontes chaveadas. Também o SIT – Transistor de InduçãoEstática (static induction transistor), é um componenteque permite o chaveamento de altas correntes em altasfreqüências, porém atualmente restrito a aplicações fora daárea de fontes chaveadas, como amplificadores de áudio,sistemas de VHF, UHF e microondas.

D. Integração de Componentes:

Conforme observou-se na Figura 5, uma fontechaveada possui sempre uma série de sub-circuitosassociados ao disparo do interruptor eletrônico e aocontrole da tensão. Com a evolução da técnica de projetode circuitos integrados e motivados pelo grande número defontes chaveadas produzidas principalmente paramicrocomputadores, diversos fabricantes desenvolveramcircuitos integrados específicos para uso nessas aplicações.

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Curso de Engenharia Elétrica - UFPR E.L.M.Mehl: Fontes Chaveadas – p. 10

Na Figura 8 mostra-se, a título de exemplo, o circuitointegrado UC1524 fabricado pela empresa UNITRODE.Este circuito integrado possui todos os elementosnecessários para a implementação de uma fonte chaveada.

Figura 8: Circuito Integrado UC1524 da UNITRODE,usado em fontes chaveadas.

O circuito integrado UC1524, que encontraequivalentes de outros fornecedores, constitui-sebasicamente dos seguintes blocos:

• Regulador de Referência: é uma fonte linear internaque fornece uma tensão de 5 V, usada para alimentaro próprio circuito e como tensão de referência.

• Oscilador: A freqüência do oscilador interno pode serajustada em função de um capacitor conectadoexternamente. Além de ser usado para o controle porlargura de pulso (PWM) do interruptor eletrônico dafonte, o circuito integrado permite o acionamento deum segundo interruptor, existente em algumasconfigurações de fontes chaveadas, introduzindo um“tempo morto” (dead time) entre dois chaveamentos.

• Amplificador de Erro: Permite a comparação de umaamostra da tensão de saída com a tensão de referência.A saída do Amplificador de Erro está disponível nopino 9, de modo que pode-se acrescentar um limitadorexterno na forma de um nível de tensão contínua eimpedindo que, quando a saída da fonte esteja emaberto, os interruptores sejam colocados em estado decondução contínua. Há também um outro amplificadorinterno, denominado Limitador de Corrente, cujafunção é sobrepor-se à saída do Amplificador de Errono caso de se detectar uma corrente acima de um certovalor pré-ajustado.

• Estágios de Saída: Há duas saídas feitas através detransistores bipolares internos. Esses transistoresrecebem sinais de base defasados de 180°, permitindoo uso desse circuito integrado em fontes chaveadascom dois interruptores em configuração push-pull. Nocaso de fontes com um único interruptor, a segunda

saída do circuito integrado pode ser simplesmentedeixada sem conexão.

Figura 9: Layout interno de um circuito integrado usadoem fontes chaveadas (International Rectifier - IR2151)

Na Figura 9 apresenta-se uma foto do layout interno deum circuito integrado utilizado em fontes chaveadas (nocaso, é o circuito integrado IR2151, fabricado pelaempresa International Rectifier para uso em fonteschaveadas de baixa potência, como as usadas em reatoreseletrônicos para lâmpadas fluorescentes.

Existem também no mercado módulos híbridos,formados pelo circuito integrado de acionamento e osinterruptores de potência encapsulados num únicoinvólucro. Esses módulos são muito usados quando sedeseja simplificar o processo de fabricação da fontechaveada, principalmente as de menor potência. Sãotambém muito usados quando, num sistema eletrônico, énecessário obter uma tensão diferente daquela dealimentação. Na Figura 10 mostra-se alguns dessesmódulos.

Um outro estágio de integração coloca sobre ummesmo substrato de silício os interruptores de potência eos circuitos de acionamento e controle, chamando-se odispositivo resultante de smart power device. Essesdispositivos, no entanto, são ainda de preço elevado e atecnologia associada à sua produção deverá ainda serobjeto de considerável desenvolvimento.

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Figura 10: Alguns módulos híbridos de fontes chaveadasde pequenas dimensões, disponíveis no mercado decomponentes.

CONCLUSÕES

As fontes chaveadas são atualmente muito empregadasnos mais variados sistemas eletrônicos, principalmentedevido às suas características de baixo volume e peso emcomparação com as fontes com regulação linear. Noentanto, são circuitos complexos que demandam um maiorcuidado para o projeto e implementação prática.

A evolução das fontes chaveadas dá-se tanto sob oaspecto do oferecimento de componentes com melhorescaracterísticas como pelo desenvolvimento da técnica deprojeto e construção. Comparativamente às outras áreas daEletrônica, muito há a ser feito, principalmente nosaspectos de integração de componentes e de melhoria daconfiabilidade. Apesar desses desafios, as fontes chaveadaspermanecem como uma alternativa extremamenteinteressante para todos os sistemas eletrônicos.

REFERÊNCIAS

[1] DORF, Richard C. Introduction to electric circuits.John Wiley, New York, 1989.

[2] THE SOFTWARE TOLLWORKS MULTIMEDIAENCYCLOPEDIA. New York, 1992. Grolier. CD-ROM

[3] AYRES, Carlos Augusto & SOUZA, Luiz EdivalFontes chaveadas; fundamentos teóricos. FUPAI,Itajubá, 1993.

[4] RASHID, Muhammad H. Eletrônica de Potência;circuitos, dispositivos e aplicações. Makron Books,São Paulo, 1999.

[5] BURNS, William W. & KOCIEKI, John Powerelectronics in the minicomputer industry. Proceedingsof the IEEE, vol. 76, n. 4, April 1988.

[6] BASCOPÉ, René P. T. & PERIN, Arnaldo J. Otransistor IGBT aplicado em eletrônica de potência.Sagra Luzzatto, Porto Alegre, 1997.