Folha de sala

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Centro Cultural de Belém 25 e 26 de novembro de 2016 20h00 Grande Auditório Duração aprox. 2h30 (c/1 intervalo) Legendado em português M/6 anos “L'Isola Disabitata” Serenata per musica versão encenada Música David Perez (Nápoles 1711 - Lisboa 1778) Libreto Pietro Metastasio (Roma 1698 Viena 1782) Edição Crítica da Partitura Iskrena Yordanova (DS-CEMSP) Divino Sospiro Direção Musical Massimo Mazzeo Costanza Joana Seara (Soprano) Gernando Bruno Almeida (Tenor) Silvia Francesca Aspromonte (Soprano) Enrico Eduarda Melo (Soprano) Conceção e Direção Carlos Pimenta Figurinos José António Tenente Vídeo João Pedro Fonseca Desenho de Luz Rui Monteiro Espaço Cénico Carlos Pimenta e João Pedro Fonseca Tradução Adriana Latino

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Centro Cultural de Belém 25 e 26 de novembro de 2016

20h00 Grande Auditório

Duração aprox. 2h30 (c/1 intervalo)

Legendado em português

M/6 anos

“L'Isola Disabitata”

Serenata per musica versão encenada

Música David Perez (Nápoles 1711 - Lisboa 1778) Libreto Pietro Metastasio (Roma 1698 – Viena 1782)

Edição Crítica da Partitura Iskrena Yordanova (DS-CEMSP)

Divino Sospiro Direção Musical Massimo Mazzeo

Costanza – Joana Seara (Soprano)

Gernando – Bruno Almeida (Tenor) Silvia – Francesca Aspromonte (Soprano)

Enrico – Eduarda Melo (Soprano)

Conceção e Direção Carlos Pimenta Figurinos José António Tenente

Vídeo João Pedro Fonseca Desenho de Luz Rui Monteiro

Espaço Cénico Carlos Pimenta e João Pedro Fonseca Tradução Adriana Latino

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Programa

Primeira Parte

Abertura: Molto Allegro – Molto Andante – Presto e con brio recitativo ária [Costanza] Se non piange un’infelice recitativo ária [Gernando] Fra tanti affanni miei recitativo ária [Enrico] Benché di senso privo recitativo ária [Silvia] Fra un dolce deliro recitativo ária [Gernando]Non turbar, quand’io mi lagno

Segunda Parte

recitativo ária [Enrico]“Lungi da tei per poco recitativo ária [Silvia] Non so dir, se pena sia recitativo ária [Costanza] Ah che in van per me pietoso recitativo dueto [Costanza, Gernando] Caro sposo tu non sai Coro [Todos] Allor che il ciel

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L'Isola Disabitata David Perez (Queluz, 1767)

Cena I Cost: Esta tarefa não consegue vencer o meu incansável esforço! Dura é esta pedra, a ferramenta é imprópria a mão inexperiente; no entanto, já quase terminei a obra. Céus, concedei-me que a veja completa e libertai-me então desta amarga vida; E se, no futuro, o destino trouxer alguém a este lugar remoto pelo menos este mármore contar a minha funesta e memorável história. Abandonada pelo traidor Gernando, Costanza acabou os seus dias nesta praia estrangeira. Viajante amigo, se não fores um tigre vinga ou lastima…

o meu destino. Só falta isto. Acabemos então a obra quase pronta. Cena II Sil: Ah! Irmã! Ah! Costanza! Cost: Que se passa, Silvia? Porquê a alegria? Sil: Estou fora de mim de prazer. Cost: Porquê? Sil: A minha querida corça que, em vão, tanto chorei e procurei regressou sozinha. Cost: E isso dá-te assim tanta alegria? Sil: Parece-te pouco? Sabes bem como cuido dela. É a minha companheira, a minha amiga mais querida. Gosta de mim, compreende-me, dorme ao meu colo, pede-me beijos. E fica sempre ao meu lado, em todos os lugares. Perdi-a e encontrei-a. Parece-te pouco? Cost: Bendita inocência! Sil: Mas hei-de ver-te sempre a chorar, irmã? Cost: E como poderei eu secar os meus olhos? Já passaram sete anos, sabes, desde que, cruelmente abandonada separada dos vivos, privada de tudo, e sem esperança, meu Deus

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de regressar à terra natal, sou uma morta viva; e queres que esteja calma? Sil: Mas o que nos falta para sermos felizes? Aqui, somos soberanas. Esta ilha risonha é o nosso reino. As mansas feras são os nossos súbditos. A terra e o mar dão-nos os seus frutos. As plantas protegem-nos do calor ardente, as grutas do frio Inverno. Nem há força nem lei que contrarie os nossos desejos. Diz-me pois: se isto não é suficiente, o que ser? Cost: Ah! Não podes sentir a falta de um bem que desconheces. Quando aqui aportámos, ainda não falavas nem pensavas. E apenas recordas aquilo que tens hoje em dia. Eu, que era então como tu és agora, posso comparar (infeliz recordação) o que me resta com a felicidade que perdi. Silv: Ouvi-te muitas vezes exaltar a riqueza, a sabedoria, a arte, os costumes e as delícias da Europa. Mas, se me dás licença, gosto mais desta tranquilidade. Cost: Silvia, há uma grande diferença entre ouvir e ver! Sil: Mas as belas regiões que tanto gabas estão cheias de homens. E eles são a espécie viva nossa inimiga. Não me disseste mil vezes... Cost: Ah! Sim, disse-o mas não foi suficiente. Ímpios, cruéis, pérfidos, enganadores. Piores que qualquer fera, não sabem o que é a piedade. Não conhecem, não sentem nem amor, nem fé, nem humanidade. Sil: Pois bem, ao menos aqui estamos a salvo. Mas... estás outra vez a chorar! Ah! Não! Se gostas de mim não te aflijas assim. Que posso fazer para te consolar? Queres a minha corça? Seca as lágrimas e controla-te. Cost: Ah! Tenho boas razões para chorar. ÁRIA:

Se uma infeliz, separada da humanidade, abandonada pelo esposo, não chora

diz-me, meu Deus, quem chorar?

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Quem pode dizer que faço mal em chorar se nem sequer me é permitido esperar

o mísero conforto da piedade dos outros?

Cena III Sil: Que terrível dor! Este choro causa-me indignação e piedade. Peço, aconselho, ralho, acarinho mas todos os meus esforços são em vão. Mas o mais estranho é que, quando quero consolá-la, o seu choro aumenta e eu choro também.

Pelo menos, sigamos os seus passos… Mas... o que é aquela massa inesperada

que surge no mar? Não é um rochedo. Uma pedra não poderia mudar de lugar. E como se move ligeiro um monstro tão grande! Atrás de si deixa um rasto de espuma branca! Na sua corrida, quase escapa ao olhar; tem asas nas costas, nada e voa! Corramos para Costanza: ela saberá se é algum habitante do pérfido elemento. E, pelo menos... Ai de mim! Há gente na praia. Que faço? Quem me acode? Ah! Estou tão cheia de medo... ...que mal tenho forças para fugir, para me esconder. Cena IV Enr: Mas, Gernando, será mesmo este o local que procuras? Gern: Ah! Sim! Pela mão do amor, ficou gravado na minha alma e o palpitar do meu coração confirma-o. Sil: (Se, ao menos, pudesse ver as suas faces.) Enr: É fácil enganarmo-nos. Ger: Não, caro Enrico; É aqui. Reconheço cada pedra. Eis a gruta onde, adormecida e com Silvia nos braços deixei, pela última vez, a minha esposa o meu amor, a minha alma; e nunca mais a vi. Eis o local onde os piratas me atacaram. Aqui fui ferido; ali caiu a minha espada.

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Ah! Meu amigo, qualquer demora é um crime. Vamos. Tu vai por aquele lado, eu procurarei neste. A ilha é estreita, não podemos perder-nos. A minha esperança de encontrar Costanza é pequena. Mas, pelo menos, a terra que a cobre será também o meu túmulo. ÁRIA

Perante tantas aflições palpito, estremeço, e gelo:

Ah, que algum nume no céu se comova com o meu sofrimento!

Pouco vos peço ó Deuses: só desejo saber

se vive o meu ídolo, vê-lo, e depois morrer.

Cena V Sil: (Não consigo perceber nada.) Enr: O caso de Gernando é comovente. Acabado de casar, teve de partir por mar, com a sua esposa. Sobre as agitadas vagas, vê-a esmorecer. Desce nesta praia para que recupere. Enquanto ela descansa, ele é raptado pelos bárbaros. Levado para regiões desconhecidas, vive anos de servidão sem notícias daquela que ama. Sil: (Finalmente vira-se. Que face tão doce!) Enr: O mundo sente a sua humanidade; eu sinto gratidão. Devo-lhe o dom celeste da liberdade. Agir de outra forma seria cruel. Seria ingratidão não o apoiar. Toda a alma impiedosa é digna de repulsa. Mas a mais digna de horror é a alma ingrata. ÁRIA

Apesar de não ter sentimentos até o arbusto é grato ao seu amigo riacho

ao qual recebe humidade. Ornamentado com folhas

devolve-lhe a mercê quando do sol defende

o seu benfeitor. Cena VI Sil: O que foi isto que vi?

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Não é um homem: na sua face ver-se-ia a crueldade da alma. Os homens são ímpios, cruéis e, por isso, têm impressa no rosto a tirania dos seus corações. Também não é uma mulher; não veste saias como nós. O quer que seja, é atraente. Vou perguntar à minha irmã. Mas os pés recusam-se a andar. Céus! O que me faz suspirar? Porque me bate o coração com tanta força? Deve ser medo. Não estaria feliz se fosse medo. É um outro sentimento, algo que não conheço e que me perturba. ÁRIA

Presa de um doce delírio, estou feliz e suspiro

aquele rosto agrada-me mas a minha paz desapareceu.

Os meus pensamentos enchem-se das mais belas esperanças

e, no entanto, não sei o que é que espero. Cena VII Gern: Ah! A minha alma pressentiu a desventura. Em vão me apressei; em vão procuro, chamo, desespero. Não encontro uma pista, um sinal do meu ídolo. Onde está o meu amigo? Talvez tenha tido mais sorte. Enrico... Enrico? Devo procurá-lo. Oh! Deus, não posso. Oh! Deus, o cansaço e a dor oprimem-me! Sobre aquela rocha descansarei e esperarei. O quê? Escrita europeia? Céus! O meu nome? Quem o gravou e quando? “Abandonada pelo traidor Gernando, Costanza acabou os seus dias nesta praia estrangeira...” Desfaleço. Enr: Ah! Tranquiliza-me! Sabes onde está Costanza? Gern: Costanza morreu! Enr: O quê? Gern: Lê! Enr: Infeliz! “Abandonada pelo traidor Gernando,

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Costanza acabou os seus dias nesta praia estrangeira. Viajante amigo, se não fores um tigre, vinga ou lastima...” A frase não está completa. Gern: Não viveu o suficiente. Enr: Que funesta tragédia! Ah! Chora, amigo. As tuas lágrimas justificam-se. Choro contigo e as pedras também. No meio de tanta dor, tens a consolação de não precisares de ter remorsos. Fizeste tudo o que o amor, a fidelidade, a razão e a honra exigem a um homem. O céu não quis ajudar-te. Agora só te resta inclinar-te, como homem piedoso, perante a decisão suprema... ...e, como um sábio, abandonar esta terra cruel. Gern: Abandoná-la! E para onde queres que vou? Onde esperas que possa encontrar repouso? Esta é a morada que o céu me destinou. Enr: Mas que pretendes? Gern: Respirar, enquanto viver o mesmo ar que a minha amada respirou. Alimentar o meu tormento com estes objetos, beijar esta pedra, viver na dor; cumprir o meu destino ao pé dela, com o seu nome nos lábios. Enr: Ah! Gernando, que dizes? E a pátria? E os amigos? E o teu velho pai?... Gern: Seria a sua morte, se me visse assim. Vai. Apoia-o em meu lugar. Confio em ti. Se perguntar por mim, tranquiliza-o contando-lhe o meu destino. Enr: E esperas que possa... Gern: Amigo... adeus. ÁRIA Não perturbes a minha dor, meu amigo, quando me lamento não quero outra companhia senão a minha dor cruel. Que conforto me poderia dar um amigo nesta praia? Ah! O seu desgosto tornaria o meu ainda maior. Cena VIII Enr: Não posso acirrar a sua dor nascente. O caso merece cuidado e, se persistir,

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ser preciso levá-lo daqui embora à força. Olá! Alguns dos nossos devem encontrar-se ainda na embarcação. Olá! Amigos, temos de agarrar Gernando. Está louco de dor, não quer partir connosco. Conheceis o sítio onde, entre rochedos, corre um límpido rio? É um local arborizado, propício a uma emboscada. Escondei-vos aí, esperai que passe e levai-o para o navio. Haveis compreendido? Ide! Cena IX Silv: Onde está Costanza? Não a encontro. Quero contar-lhe tudo. Enr: Que vejo? Escuta, bela ninfa. Silv: Ah! Estás de novo aqui. Enr: Porque foges? Escuta um momento. Silv: Que me queres? Enr: Só admirar-te e falar-te. Silv: Promete que me falas de longe. Enr: Prometo. (Que rosto encantador!) Silv: (Que ar tão doce!) Enr: Mas porque razão tens tanto medo de mim? Afinal, não sou uma cobra, nem uma fera. Um homem não devia perturbar-te tanto. Silv: És então um homem? Enr: Sim, um homem. Silv: Socorro! Acudam! Enr: Pára! Silv: Piedade, misericórdia! Não te fiz nada, não sejas cruel comigo. Enr: Levanta-te, minha querida, sossega. Ah! Esse medo trespassa-me o coração. Silv: (O coração diz-me que acredite nele!) Enr: Diz-me, se és tão amável como bela: onde estava Costanza quando morreu? Silv: Costanza? Deus louvado, está viva. Enr: Viva! Ah! Querida Silvia (pelo local e pela idade, és certamente Silvia), chama Costanza. Entretanto, procuro Gernando... Silv: Ah! Esse cruel ingrato vem contigo? Chama-lhe infeliz mas não cruel. Ah! Não demores. Seria uma tirania retardar a enorme alegria de dois esposos fiéis.

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Silv: Vamos juntos. Enr: Não, juntos, levaremos mais tempo. Vai. Regressa aqui com ela. Eu voltarei com ele. Silv: Escuta: como te chamas? Enr: Enrico. Silv: Ouve. Ah! Não te demores demasiado. Enr: Qual a pressa, minha querida? Silv: Não sei. De repente sinto-me triste por me deixares; e logo me alegro com o teu regresso. Enr. E viverei contigo toda a minha vida. ÁRIA

Longe de ti por um momento se o meu dever me incita

se novo à minha bela chama o amor me conduzirá:

Amor que neste instante me abrasa na luz dos teus olhos:

Amor que sempre amante a ti me restituirá.

Cena X Silv: Que se passa comigo? Parte e fica aqui comigo? Parte e, no entanto, sigo-o em pensamento? Porque estou tão perturbada? Não me compreendo. ÁRIA

Não sei dizer se é pena o que eu sinto, ou se é felicidade;

Mas se é pena o que eu sinto, oh que agradável penar!

É um penar que me consola; Que faz despertar outro sentimento; Que me desperta no peito um novo

mas suave palpitar.

Cena XI Ária Cost: Ah! O tempo piedoso corre e segue o seu caminho em vão. árvores e pedras cedem ao peso dos anos e o meu tormento envelhece. Tal destino não é vida mas esta morte é tão longa que estou cansada de morrer. Já que, longe de mim, a minha inocente irmã

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me deixou um momento em paz, regresse a minha mão à dolorosa tarefa. Cena XII Gern: Já que, longe de mim, o meu fiel amigo dirigiu os seus passos para longe volto a beijar aquela adorada pedra. Mas... quem é aquela? De onde vem? Que faz? Cost: Esforças-te e, no entanto, o teu trabalho ficar sempre ignorado, infeliz Costanza. Gern: Costanza! Ah! Minha esposa! Cost: Ah! Traidor! Morro. Gern: Meu amor! Não ouve. Cost: Oh! Meu Deus! Gern: Perdeu os sentidos. Ah! Umas gotas de água fresca... Onde poderei... Sim; corre um rio aqui perto. Vi-o há pouco. E devo abandonar assim o meu amor? Voltarei num instante. Cena XIII Enr: O meu amigo ignora a sua felicidade. Não está a vista, não o encontro. Mas naquela pedra descansa uma ninfa. Não a Silvia, logo, a Costanza. Oh! Como o seu rosto está impregnado de morte. Cost: Ai de mim! Enr: Costanza? Cost: Deixa-me! Enr: Vive para o amor verdadeiro do teu esposo. Cost: Traidor, deixa-me morrer em paz. Enr: Traidor, eu? Não me conheces. Cost: Oh, Deus! Gernando onde está? Não pareces ser o mesmo! Sonhava há pouco ou sonho agora? Enr: Não sonhaste nem sonhas agora. Viste o teu Gernando, ao que oiço. Agora vês o seu amigo. Cost: E regressa à minha presença? Ele que foi capaz de me abandonar? Enr: Ah! O infeliz não te abandonou mas foi raptado. Cost: Quando? Enr: Quando tu, adormecida, repousavas ali. Cost: Quem o raptou? Enr: Bárbaros piratas, num ataque súbito.

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Defendeu-se mas, ferido na mão, perdeu a arma. Sucumbiu ao número e foi aprisionado. Cost: Mas até‚ agora... Enr: Até agora, só o seu pensamento era livre e, com ele, esteve sempre perto de ti. Cost: Oh! Meu Deus! O mal que te fiz, meu Gernando! Enr: Finalmente liberto das suas cadeias, regressa para junto de ti esposo fiel e terno, para te sossegar, secar as tuas lágrimas, viver contigo e morrer ao teu lado. Cost: Ah! Meu Gernando, onde estás? Cena Última Silv: Costanza, Costanza! Em vão procuras Gernando desse lado. Correu há pouco para a fonte, foi atacado e não conseguiu voltar. Cost: Céus! Atacado? Por quem? Porquê? Enr: Perdoa-me, a culpa é minha. Supondo-te morta, queria ficar. Disse aos nossos que o levassem à força. Cost: Vamos libertá-lo. Silv: Espera, já lhes expliquei tudo. Cost: O que esperas ainda? Tantos anos de espera não chegam? É tempo de pôr fim à minha amarga sorte. Gern: Vem aos meus braços, amor. Cost: Será verdade? Gern: Sonharei? Cost: Gernando está comigo? Gern: Estou junto a minha esposa? Cost: Não consigo conter as lágrimas. DUETO

Caro esposo, desconheces o prazer que inunda o meu coração.

Revejo-vos, amados olhos, e resisto, e vivo ainda?

É então verdade que sou tua? Foste sempre o meu ídolo.

Fala, diz-me como em tempos quis dizer-te, um dia saberás…

Ah, meu Deus, sinto-me desfalecer, Ah, meu Deus, não posso falar.

Enr: Aquele abraços… aquelas lágrimas… aquelas frases entrecortadas… enternecem-me. Silv: Em que pensas, Enrico?

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Gernando é mais amável que tu. Vê como fala a Costanza e tu nada me dizes. Enr: Eis-me pronto, se é que me amas, a dizer-te tudo o que quiseres. Silv: Se te amo? Mais do que a minha corça. Enr: Pois bem, então dá-me a tua mão. Serás a minha esposa. Silv: Esposa, eu? Isso não! Seria bem tola. Teria de ficar nalguma ilha e passar os meus dias sozinha. Cost: Não, Silvia, Gernando não me abandonou. Saberás tudo. Os homens não são desumanos e cruéis, como eu disse. Silv: Quando conheci Enrico, apercebi-me disso. Cost: Acusei-os sem razão e agora retrato o meu erro. Silv: E eu o meu. CORO

Agora que o céu escurece não falte a esperança

perante a ira do destino. Cansa-se a sorte

resiste a perseverança e triunfa-se por fim.

(tradução de Adriana Latino)

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A Ilha Desabitada (Pietro Metastasio) Sinopse O jovem Gernando viajava pelo mar com a sua esposa Costanza e a irmã dela, a pequena Sílvia, rumo às Índias Ocidentais, onde o seu pai governava, quando uma longa e perigosa tempestade o obrigou a aportar numa ilha desabitada para dar abrigo à esposa e à criança escapando às agitações do mar. Enquanto aquelas descansavam numa gruta escondida, o infeliz Gernando foi surpreendido e sequestrado por piratas. Os seus companheiros, que observaram de longe os movimentos na ilha, achando que Gernando, Costanza e Silvia tinham sido raptados, decidiram seguir o navio dos piratas, mas em breve lhe perderam a pista, e inconsoláveis retomaram o seu caminho pelo mar. Quando Costanza acordou, e depois de longas buscas não encontrou o esposo e o navio, acreditou ter sido abandonada pelo seu Gernando. Com o tempo, os primeiros ímpetos da sua desesperada dor foram substituídos pelo natural amor à vida e pensou sustentar-se a si e à irmã procurando frutas e plantas abundantes na ilha, e educou a pequena Silvia no ódio pelos homens que a criança desconhecia. Após treze anos de escravidão Gernando conseguiu finalmente libertar-se e embora com poucas esperanças de encontrar a sua Costanza, a primeira coisa que fez foi voltar àquela ilha, onde involuntariamente a abandonou. A história aqui contada apresenta o inesperado encontro entre os dois. Parte I Um local pitoresco da ilha deserta, à beira do mar. Costanza decidida a morrer, acaba de gravar numa rocha a história do seu infeliz destino. Silvia chega, alegre: a sua pequena corça que havia fugido tinha voltado para si. Mas porque estava Costanza lavada em lágrimas? Não são elas soberanas numa ilha onde a vida é tão agradável? Para ti que nunca viveste noutro lugar é-te impossível compreender a perda que eu sinto, diz-lhe Costanza. Esses lugares longínquos, responde Silvia, são habitados pelos homens, criaturas que tu descreves como sendo da maior crueldade, mas cuja ausência pareces, mesmo assim, lamentar: Que posso fazer para te consolar? - (Ária de Costanza: "Se non piange un 'infelice). Vê-se chegar um navio no horizonte. Gernando e o seu amigo, Enrico, vestidos de índios, descem do navio. Silvia, sozinha, lamentando não ter conseguido consolar a irmã, apercebe-se da presença dos dois homens e esconde-se. Gernando afirma ao Enrico - antes de sair - que reconhece a ilha de onde foi raptado. Pouca esperança tem de encontrar a Costanza, mas pelo menos o túmulo dela será também o seu (Ária Gernando "Fra tanti affanni miei"). Uma vez sozinho (Silvia permanece escondida), Enrico proclama que, devendo a sua liberdade a Gernando, este poderá sempre contar com a sua dedicação (Ária de Enrico: "Benché di senso privo"). Silvia, sozinha, pensa no que terá visto: esta criatura não era um homem, pois o seu semblante não revelava crueldade; não era uma mulher pois não usava vestido. Um sentimento desconhecido invade então o seu coração (Ária de Silvia: "Fra un dolce deliro"). Parte II Gernando, sozinho, desespera depois de procurar a sua amada em vão. Descobre então a inscrição de Costanza na rocha e quase perde os sentidos. Chega Enrico a quem Gernando anuncia a morte de Costanza. O amigo, porém, fá-lo observar que faltam as duas últimas palavras. Talvez porque lhe faltaram as forças para continuar, responde Gernando. Enrico resolve então deixar a ilha maldita. Mas Gernando não tenciona segui-lo: que Enrico vá reconfortar o seu velho pai, pois ele tenciona acabar os seus dias de vida (Ária de Gernando: "Non turbar quand'io mi lagno"). Enrico sozinho decide não ligar às palavras do amigo e ordena a dois marinheiros que agarrem Gernando à força e que o transportem para o navio. Chega entretanto Silvia, à procura de Costanza. Sensível à sua beleza, Enrico interpela-a, tenta demonstrar-lhe que nada tem a temer e pergunta-lhe onde se

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encontrava Costanza quando morreu. Silvia diz-lhe então que Costanza está viva e Enrico quer imediatamente ir dar essa notícia a Gernando. A rapariga mostra-se espantada pelo facto de Gernando (a quem apelida de ingrato cruel) ser amigo de Enrico. Os dois separam-se então pesarosamente, ele prometendo-lhe que nunca mais a deixará (Ária de Enrico "Lungi da te per poco"). Silvia, de novo sozinha, tenta perceber os sentimentos que lhe agitam o coração (Ária de Silvia: "Non so dir, che pena sia"). Costanza, sozinha, continua atormentada pelo desespero, sem conseguir alcançar alguma paz (Ária de Costanza: "Ah, che in van per me pietoso"). Gernando encontra por fim Costanza, tenta abraça-la mas esta acusa-o acabando por cair na rocha sem sentidos. Enrico chega e consegue reanimar Costanza. Esta também o acusa, mas Enrico consegue explicar-lhe a situação. Entrada de Silvia que anuncia que Gernando acaba de ser atacado e levado à força. Enrico, no entanto, explica que tais foram as suas ordens. No final, Costanza cai nos braços de Gernando (Dueto "Caro sposo") e Silvia nos de Enrico. A alegria é geral.

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Fontes Pietro Metastasio, Tutte le opere, a cura di B.Brunelli, Milano, Mondadori, 1943-1954 Pietro Metastasio, Opere, a cura di M.Fubini, Milano-Napoli, Ricciardi, 1968. O autor Pietro Trapassi / Metastasio (Roma, 1698 - Viena, 1782) é autor de poesias liricas e numerosos melodramas, entre os quais: Didone abbandonata (1724), Olimpiade (1731), La clemenza di Tito (1734) e Attilio Regolo (1740). Biografia: G.Natali, La vita e le opere di Pietro Metastasio, Livorno, Giusti, 1923.

O texto Esta breve peça teatral (que foi posta em música por inúmeros compositores, entre os quais J. Haydn) pode ser considerada como uma reformulação galante do modelo “fiabesco” e, de alguma maneira, do mito de Orfeu ed Eurídice. Os motivos principais do conto estão aqui todos reunidos: a viagem, a morte simbólica, a ressurreição, o triunfo final do bem acima do mal. Ao mesmo tempo encontram-se reunidos também alguns dos núcleos narrativos do “mito órfico”: a separação dos jovens esposos, a viagem do esposo e o reencontro com a amada. Todo este aparato foi, por assim dizer, simplificado e “domesticado”; a descida aos infernos é só levemente pronunciada, a experiência de abandono e solidão é de se considerar, de algum modo, esgotada; desta forma permanece uma "fábula bela", uma narração reconfortante onde o percurso iniciático é somente esboçado e no qual, contrariamente ao desfecho da narração de Orfeu, termina, numa espécie de apoteose, o final feliz. A experiência simbólica da vida aparece deformada por uma visão utópica das relações humanas que, na construção musical do texto, no ritmo rápido do fraseado e no tom retórico levado a um nível extremo, assume a forma de um brando ritual mágico propiciatório, virado para o exorcismo da dor existencial. Como reflexão geral, gostaria de sublinhar que num texto literário, no qual seja compreensível uma narrativa, a presença ou ausência de alguns motivos podem dar-nos uma ideia de como um autor, ou até uma inteira cultura, interpretam o espírito humano. No período Rococó e da Arcádia, provavelmente, tolerava-se mal a representação da parte mais negra da alma. Certas tragédias (por exemplo as do Shakespeare) foram alteradas, de modo a conseguir um final venturoso, ou que as adversidades do acaso parecessem satisfazer os códigos de necessidade e conveniência. Desta forma, a literatura alcançava uma função de exorcismo consolatório, deixando para segundo plano a função cognitiva.

[Massimo Mazzeo]

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David Perez (1711-1778) e a L’Isola disabitata (Queluz 1767) David Perez foi um dos compositores mais relevantes no panorama musical europeu da segunda metade do séc. XVIII. Nasceu em 1711 em Nápoles e estudou música no Conservatório de Santa Maria di Loreto na cidade partenopeia, um dos principais centros de excelência e inovação de criação musical naquela época. A sua primeira ópera La Nemica amante foi estreada em 1735 no Teatro do Palazzo Reale de Nápoles. No período entre 1740 e 1748 permaneceu na cidade de Palermo, onde assumiu o cargo de maestro na Cappella Palatina. Em 1752 aceitou o convite do rei D. José I para ocupar o prestigioso cargo de “Compositor da Real Câmara e Mestre das Suas Altezas Reais”. Dirigiu a vida musical da Corte portuguesa permanecendo em Lisboa até à sua morte em 1778. Perez compôs música sacra de grande relevância, obras instrumentais e didáticas, assim como mais de 44 obras dramáticas. 14 deles foram escritos em Portugal, entre quais as magnificentes Alessandro nell’Indie e La Clemenza di Tito (1755) para a efémera Ópera do Tejo. A sua produção compositiva influenciou a maioria dos compositores portugueses; muitos deles como João Cordeiro da Silva, João de Sousa Carvalho e Luciano Xavier dos Santos foram seus discípulos diretos. O libreto da L’Isola disabitata foi escrito pelo maior poeta para música do séc. XVIII Pietro Metastasio em 1752, e teve a sua primeira apresentação no dia 31 de Maio 1753 em Aranjuez, na Corte dos reis católicos, com música do compositor austríaco de descendência italiana Giuseppe Bonno (1711-1788). Vários compositores famosos, como Niccolò Jommelli (Ludwigbsurg, 1761), David Perez (Queluz, 1767), Tommaso Traetta (Bologna, 1768), Joseph Haydn (Eszterháza, 1779), usaram este texto com grande êxito. Em Portugal esta obra de Metastasio obteve alguma popularidade, foi traduzida e editada em português, e provavelmente apresentada igualmente no teatro dramático durante o séc. XVIII. A trama do libreto quase realística, cuja narração trata de viagens marítimas longínquas para as Índias Ocidentais, raptos pelos piratas e abandonos numa ilha deserta, despertou bastante interesse entre o público português. Na sua introdução ao texto poético Metastasio compara a figura da Costança (cujo nome contém igualmente o jogo de palavras com a virtude da constância) aquela mitológica de Ariadna, abandonada na ilha de Naxos pelo Teseu. O drama pode ser qualificado como uma reformulação galante do mito em modelo de fábula com final feliz, combinando os ideais arcádicos e a estética consolatória, típica da época. Além da primeira execução com música de David Perez em 1767, L’Isola disabitata teve várias apresentações nos teatros reais portugueses, com música de Niccolò Jommelli (Ajuda, 1780 e São Carlos, 1798). A Serenata L’Isola disabitata aparentemente podia ser classificada como uma obra menor de David Perez, em comparação com as monumentais óperas escritas para a Ópera do Tejo. Contudo, resulta ser uma obra emblemática cheia de significados importantíssimos que estão a ser objeto de um estudo musicológico. (Tendo em conta que depois do devastador Terramoto de 1755, num período bastante extenso de quase dez anos, não houve apresentações de ópera, as suas formas semi-encenadas entre quais a Serenata ganharam popularidade e tornaram-se coexistentes durante a segunda parte do séc. XVIII.) Foi escrita para ser apresentada no Palácio de Queluz, cujos donos, o Infante D. Pedro e a futura rainha D. Maria I, alunos privilegiados do compositor, criaram com Perez uma ligação estreita. A proximidade entre o casal real e o músico napolitano pode ser demonstrada pelo lugar central que o retrato de Perez obteve no fresco pintado na Sala dos Embaixadores do Palácio. No libreto impresso conservado na BNP, está indicado o lugar e o ano de execução, mas não a ocasião de execução da obra. Os intérpretes da época foram os castrati Giovanni

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Battista Vasquez, Giuseppe Orti, Lorenzo Maruzzi e o tenor Luigi Torriani, discriminados como “virtuosos da Real Câmara”, principais solistas dos teatros reais durante os anos 60 e 70 do séc. XVIII. Hoje em dia sobreviveram duas partituras manuscritas desta obra, feitas pelo mesmo copista. Uma está conservada na Biblioteca de Ajuda e no frontispício em italiano “…para ser apresentada na Real vila de Queluz no ano de 1767”, e a outra na Biblioteca do Conservatório S. Pietro a Majella em Nápoles. O estilo musical de L’Isola disabitata combina a vertente galante elaborada das árias, conjugada com cenas de recitativos secos e acompanhados de grande eficácia dramática que respeitam a métrica e a intensidade dramatúrgica do texto poético de Metastasio. O legado de David Perez representa uma parte importante da história da música portuguesa e europeia, contudo, lamentavelmente, a sua obra dramática atualmente permanece completamente desconhecida. Através dum trabalho sistemático de recuperação das Serenatas escritas para o Palácio de Queluz, o Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal em parceria com a Parques de Sintra – Monte da Lua pretende divulgar a sua L’Isola disabitata, num projeto de investigação que prevê o estudo sobre o contexto de execução e criação, edição crítica, e a estreia mundial da obra pela orquestra Divino Sospiro. Iskrena Yordanova (Divino Sospiro – Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal)

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Divino Sospiro É um projeto fundado sobre a qualidade e fidelidade da interpretação, mas que aborda o repertório antigo sem nunca abdicar do próprio instinto criativo, com o objetivo de despertar um novo gosto estético, uma nova paixão pelo “ouvir”, uma nova reflexão sobre o objetivo da música e dos músicos. Desde a sua criação, há cerca de 10 anos, tem participado em alguns dos mais prestigiados festivais apresentando-se em salas como a Fundação Calouste Gulbenkian, o Centro Cultural de Belém, a Companhia Nacional de Bailado, o Teatro Nacional de São Carlos. Participou em diversos festivais internacionais, como: Festival d’Ile de France, Folle Journée em Nantes (França), Folle Journée no Japão, Folle Journée de Bilbao (Espanha), Festival de Varna (Bulgária), Mozartiana Festival em Gdansk (Polónia), Auditório Nacional de Espanha em Madrid, Festival de Suomenlinna – Helsínquia (Finlândia) e o conceituado Festival d’Ambronay (França). A gravação de um CD para a editora japonesa Nichion, com repertório de W. A. Mozart, foi reconhecido como bestseller naquele país; enquanto a sua última gravação – “Antígono” (estreia mundial absoluta) em 2013 – mereceu 5 Diapason da revista francesa. Muitos foram também os registos efetuados para o Canal Mezzo, RTP, RDP-Antena 2, Radio France e RAI. Durante o ano de 2012, Divino Sospiro apresentou o seu o trabalho discográfico – “1700, Século dos portugueses”, dedicado a obras de música portuguesa de setecentos, em estreia mundial – lançado pela etiqueta transalpina “Dynamic”, que recebeu louvores da crítica nacional e internacional, como por exemplo da revista especializada “Diverdi”, que o descreveu como ...”un disco sobérbio”. Atualmente, o repertório da orquestra não se restringe apenas ao período barroco, tendo-se alargado também aos períodos clássico e até romântico, com algumas incursões pela música contemporânea. Divino Sospiro tem colaborado com artistas como Enrico Onofri, Chiara Banchini, Christina Pluhar, Rinaldo Alessandrini, Maria Cristina Kiehr, Alexandrina Pendatchanska, Gemma Bertagnolli, Alfredo Bernardini, Katia e Marielle Labèque, Christophe Coin, Emma Kirkby, Deborah York e tem atuado com os maiores artistas portugueses da atualidade. Sob a direção artística de Massimo Mazzeo, e em colaboração com artistas de renome, Divino Sospiro orgulha-se de ver o seu repertório e o número dos seus concertos aumentarem ao longo dos anos, numa diversidade de formações que vão desde o agrupamento de câmara até a uma orquestra de ópera. Seguindo a vocação para a recuperação da tradição musical setecentista portuguesa, durante o ano de 2013, Divino Sospiro abriu o Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal (CEMSP), em colaboração com a empresa Parques de Sintra – Monte da Lua.

Joana Seara, soprano Tem desenvolvido uma carreira em ópera e concerto em Portugal e no estrangeiro. Dos papéis que desempenhou, destacam-se Margery (The Dragon of Wantley) com a Akademie für Alte Musik Berlin, Damigella (Coronation of Poppea) com a English National Opera, Gretel (Hänsel und Gretel) e Despina (Così fan tutte), ambas para Opera Holland Park em Londres. Outros papéis incluem Dorinda (Orlando) em Sadler’s Wells, Londres, Zerlina (Don Giovanni) na Holanda, e Galatea (Acis and Galatea) em França. No Teatro Nacional de São Carlos, foi, de entre outras personagens, Susanna (Les Nozze di Figaro), Frasquita (Carmen), Tebaldo/Voce dal Cielo (Don Carlo) e Giacinta (Lindane e Dalmiro). Nas produções dos Músicos do Tejo (dir. Marcos Magalhães) foi Amore (Paride ed Elena), Belinda (Dido e Eneias), Nerina (Il Trionfo d’Amore), Vanetta (Il Frate N’namorato) e Vespina (La Spinalba). Também com este grupo, lançou vários projetos discográficos: Il Trionfo d’Amore e La Spinalba (Naxos) e As Árias de Luísa Todi. Outra discografia inclui

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18th-Century Portuguese Love Songs (Hyperion) com L’Avventura London, sob direção de Zak Ozmo. É de salientar a personagem título em L’Angelica, de Souza Carvalho, com os Concerto Campestre (dir. Pedro Castro), obra recentemente editada pela Naxos. Joana tem-se apresentado na interpretação de grandes obras de oratória nos mais importantes palcos portugueses, como os grandes auditórios da Fundação Gulbenkian, do Centro Cultural de Belém, da Casa da Música e do Teatro Nacional de São Carlos. Sob a direção de maestros como Ton Koopman, Lawrence Foster, Simone Young, Donato Renzetti, Mathew Halls, Enrico Onofri, Christoph König, Nicholas Kraemer, Carlos Mena, Jorge Matta, interpretou obras como Jeanne d’Arc au bûcher de Honegger, as várias Paixões e cantatas de Bach, O Messias de Handel, entre inúmeras outras. Com a Orquestra Barroca Divino Sospiro (dir. Enrico Onofri e Massimo Mazzeo), atuou nos festivais Terras sem Sombra, de Ile de France, Ambronay, Mafra, Varna e Queluz. Com os Músicos do Tejo (dir. Marcos Magalhães), apresentou-se nos Festivais de Alcobaça, Mafra e em Goa, Índia. Mais recentemente, atuou em várias cidades espanholas com o Ludovice Ensemble (dir. Miguel Jalôto). Mais recentemente, interpretou música portuguesa e brasileira em recital, com o pianista e maestro Jan Wierzba, num projeto do Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa, em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Foi Frasquita na produção de Calixto Bieito de Carmen no Teatro Nacional de São Carlos e participará na primeira audição moderna de Il Trionfo di Davidde, de Braz Francisco de Lima, no Festival de São Roque. Bruno Almeida, tenor Bruno Almeida nasceu em Lisboa. Realizou a sua formação em Canto com Filomena Amaro e Isabel Biu. Estreou-se no domínio da ópera em 2010, no papel de Federico da ópera As Taças de Hymineu, com o Sintra Estúdio de Ópera. Atuou pela primeira vez no Teatro Nacional de São Carlos em 2011, como 1.º Segurança, na estreia mundial da ópera Banksters, de Nuno Côrte-Real. Desde então, faz parte do Estúdio de Ópera deste teatro e desempenhou, entre outros, os papéis de Conde de Lerma (Don Carlos, Verdi), Triquet (Los Gavilanes, Guerrero), Gobin (La rondine, Puccini), Vivaldi (Sampiero, F. Migone), Charles Edward e Vendedor de cosméticos (Candide, Bernstein), Zefirino e Gelsomino (Il viaggio a Reims, Rossini), Flavio (Norma, Bellini). Outros papéis operáticos incluem El Remendado (Carmen Bizet) com a Orquestra do Norte, Bastien (Bastien und Bastienne, Mozart, em versão portuguesa), Gernando (L’Isola Disabitata, D. Perez) com a orquestra Divino Sospiro e Don Ottavio (Don Giovanni, Mozart, em Orvieto, Itália). Em concerto cantou como solista, entre outras obras, Messiah de Händel, o Requiem de Mozart, a Fantasia Coral (op. 80) de Beethoven e a Missa Grande, de Marcos Portugal conjuntamente com Mattutino de’Morti, de David Perez, na sua estreia na Casa da Música. Em 2013 atuou na Gala Verdi 200, no festival Junger Künstler, em Bayreuth. Em 2014, estreou-se no festival “Dias da Música”, na cantata A Paz da Europa, de J. D. Bomtempo, e no Brighton Early Music Festival, com o ensemble L’Avventura London, dirigido por Žak Ozmo. Em 2016 estreou-se na Temporada de Música de São Roque em Il Trionfo di Davidde de Bráz Francisco de Lima. Atua frequentemente em recital. É membro fundador do Projecto Alba, dedicado à promoção do canto lírico e da guitarra portuguesa. Colabora com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e com o Coro Gulbenkian. Francesca Aspromonte, soprano Nascida em 1991, Francesca Aspromonte rapidamente se afirmou como uma das mais interessantes jovens sopranos da sua geração no repertório barroco e clássico.

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Tendo começado os seu estudos de piano e cravo iniciou mais tarde o estudo de canto, sob a orientação de Maria Pia Piscitelli e, posteriormente, graduou-se no Mozarteum de Salzburg, com Boris Bakow. Foi aluna no Estúdio de ÓPERA Renata Scotto, na Accademia Nazionale di Santa Cecilia, em Roma e, posteriormente, aprofundou o repertório dos séculos XVII e XVIII na vigésima Academie Baroque Européenne d'Ambronay Francesca Aspromonte tem-se apresentado em palcos de grande prestígio, tais como Carnegie Hall, Opéra Royal de Versailles, Wigmore Hall, Wiener Konzerthaus, Teatro La Fenice, Wiener Musikverein, Royal Albert Hall, Opéra de Vichy, Opera de Nancy, Bozar de Bruxelles, Opéra National de Montpellier, ao lado de grandes Maestros como John Eliot Gardiner, Christophe Rousset, Leonardo García Alarcón, Raphael Pichon, Stefano Montanari, Giovanni Antonini, Alessandro Quarta e Enrico Onofri. Gravou para as editoras Alpha Classics, Christophorus, Outhere e, algumas das suas atuações ao vivo têm sido emitidas pela BBC Proms, Mezzo TV, France Musique, Rai Radio 3, ORF. Das suas colaborações passadas destaca-se o papel principal na ópera “Dafne” de Antonio Caldara, no Teatro La Fenice, com a direção musical de Stefano Montanari; o papel principal na oratória La Giuditta de Alessandro Scarlatti, no Teatro Olimpico, com a direção musical de Alessandro Quarta; Euridice no Orfeu de Luigi Rossi, com Raphael Pichon, nos teatros de Nancy e Versailles; La Musica e Messaggiera na digressão efetuada nos EUA e nos BBC Proms com John Eliot Gardiner. Nos seus próximos projetos estão previstos o papel principal na ópera Erismena de Cavalli, com Leonardo García Alarcón, em Aix-en-Provence, concertos e gravações com a orquestra Il Pomo d'Oro, Zerlina no Don Giovanni de Mozart em Nancy.

Eduarda Melo, soprano Galardoada com o 2º prémio no Concurso Internacional de Canto de Toulouse, Eduarda Melo tem consolidado a sua carreira maioritariamente entre França e Portugal. Após uma licenciatura em Canto pela Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo do Porto e da excecional passagem pelo Estúdio de Ópera da Casa da Música, Eduarda lança-se numa carreira internacional que inicia com a integração do elenco do prestigiado CNIPAL em Marseille. Em ópera destacam-se os papeis de Corinna (Il Viaggio a Reims) Teatro Nacional de São Carlos; Soeur Constance (Dialogues des Carmélites); Rosina (Il Barbiere di Seviglia) Ópera de Lille, Limoges, Caen, Reims e Dijon; Elvira (L’Italiana in Algeri) Ópera de Marseille; Norina (Don Pascuale) Teatro Nacional de São Carlos; Musetta (La Bohème), Festival de Saint-Céré; Despina (Cosi Fan Tutte) Teatro Nacional de São Carlos; Primeira Dama (Die Zauberflöte) e Stéphano (Romeo et Juliette) Ópera de Marseille e Massy; Frasquita (Carmen) Ópera de Lille e Thêatre de Caen; Valencienne (La Veuve Joyeuse) Festival Folies d’O Montpellier; Gabrielle (La Vie Parisienne) Ópera de Metz; Ruth (Paint Me/Luís Tinoco) Culturgest; Spinalba (Spinalba/F.A. de Almeida) e Ascanio (Lo Frate Nnamorato/Pergolesi) CCB; Zemina (Die Feen/Wagner) Thêatre du Châtelet Paris; Vespina (L’Infedeltà Delusa/Haydn) Ópera de Monte Carlo; Maria Luisa (La Belle de Cadix/Francis Lopez) Festival de Saint Céré e Elle (La voix Humaine) Casa da Música Porto. No âmbito da música contemporânea tem participado em criações essencialmente de compositores portugueses, tais como Vera na ópera de António Pinho Vargas A Little Madness in the Spring, Pastora e Rapaz de Bronze nas óperas A Montanha e Rapaz de Bronze de Nuno Côrte-Real e mais recentemente na obra Livro de Florbela op. 42 (Nuno Côrte Real) com o Ensemble d’Arcos. Em concerto destacam-se as interpretações do Requiem de Mozart, Stabat Mater de Poulenc, Requiem de Brahms, Giuditta e L’Ippolito de Francisco António de Almeida, Sieben Frühe Lieder de Alban Berg e O King de Berio.

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Recentemente participou no espetáculo Mozart Concert Arias da coreógrafa Anne Teresa de Keersmaeker com a Companhia Nacional de Bailado e o Divino Sospiro. Foi dirigida por maestros como Marc Minkowski, Antonello Allemandi, Martin André, Jean-Claude Casadesus, Cesário Costa, Manuel Ivo Cruz, Laurence Cummings, Jean-Sébastien Béreau, Stefan Ausbury, Franck Ollu, Jérémie Rhorer e Michael Zilm. Colabora regularmente com os grupos Ludovice Ensemble e Divino Sospiro. Destacam-se como compromissos futuros Elvira (L’Italiana in Algeri) na Ópera de Massy e Despina (Cosi Fan Tutte) na Ópera de Rouen. Massimo Mazzeo, direção musical Diplomado pelo Conservatório de Veneza, aperfeiçoou-se em viola-d’arco com Bruno Giuranna e Wolfram Christ e, em música de câmara e quarteto de cordas, com os membros do Quarteto Italiano e do Quarteto Amadeus. De seguida, fez parte de algumas das mais representativas orquestras do panorama musical italiano dirigidas pelos maestros Leonard Bernstein, Zubin Metha, Carlo Maria Giulini, Yuri Temirkanov, Giuseppe Sinopoli, Georges Prêtre, Lorin Maazel, Valery Gergiev, entre outros. Massimo Mazzeo já atuou em prestigiadas orquestras de câmara, tais como I Virtuosi di Roma, I Virtuosi di Santa Cecilia, Accademia Strumentale Italiana, Musica Vitae Chamber Orchestra (Suécia), Caput Ensemble de Reykjavik. Na primeira fase da sua carreira, no domínio da música contemporânea, colaborou com vários artistas, entre os quais se destacam Luciano Berio, Salvatore Sciarrino, Mauricio Kagel, Aldo Clementi, Franco Donatoni, Alessandro Solbiati e com o compositor Giacomo Manzoni. No campo da música de câmara, trabalhou com Salvatore Accardo, Bruno Canino, entre outros. Na música antiga, colaborou com agrupamentos e artistas italianos e, em de 2004, fundou a orquestra barroca Divino Sospiro, do qual é diretor artístico. Com este grupo, já se apresentou em alguns dos mais prestigiados festivais a nível internacional. Massimo Mazzeo dirigiu orquestras em vários festivais, nacionais e estrangeiros, entre os quais se destacam o Auditório Nacional de Espanha (Madrid), o Centro Cultural de Belém, a Orquestra Gulbenkian e colaborou com Karina Gauvin, Gemma Bertagnolli, Deborah York, Christophe Coin, Pedro Burmester, Ana Quintans, Fernando Guimarães. Dedica o seu percurso interpretativo à procura de um estilo singular e de um equilíbrio entre uma visão historicamente informada e uma atitude que olha para a essência da música, ultrapassando preconceitos. Foram marcantes as interpretações das Sinfonias nº 4, nº 1 e da “Canção da Terra” de Gustav Mahler, à frente do Mahler Ensemble. Há vários anos que colabora com as mais importantes entidades artísticas portuguesas como a Fundação Calouste Gulbenkian, a Companhia Nacional de Bailado, o Centro Cultural de Belém, entre outras. Massimo Mazzeo tem gravado para as editoras BMG, Erato, Harmonia Mundi France, Deutsche Harmonia Mundi, Nuova Era, Movieplay, Nichion e Dynamic. Desde 2016 é diretor do “Centro de estudos setecentistas de Portugal”, sediado no Palácio Nacional de Queluz, em colaboração com a Parques de Sintra – Monte da Lua, apoiada pela DGARTES.

Carlos Pimenta, conceção e direção Tem exercido atividade como ator, encenador, gestor cultural e professor. Dirigiu mais de duas dezenas de espetáculos de autores como Beckett (À Espera de Godot), Shakespeare (Estudo para Ricardo III – um ensaio sobre o poder), Ibsen (A Dama do Mar), Racine (Berenice), Handke (Insulto ao Público), Mamet (The Duck Variations e Olleana), Mishima (A Senhora de Sade), Duras (Moderato Cantabile), nas principais salas do país (Centro Cultural de Belém, Teatro Nacional de S. João, Teatro Municipal de S. Luiz, Teatro

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Nacional de D. Maria II, Fundação Calouste Gulbenkian, Rivoli, etc.). Trabalha regularmente com a companhia Ensemble. Em 2011 foi responsável pela versão cénica da ópera Antígono (CCB | Divino Sospiro). Em 2015 realizou a dramaturgia e encenação de Pássaro de Fogo (Companhia Nacional de Bailado – Teatro Camões). A par da sua atividade artística, tem exercido diversas funções no domínio da gestão cultural, nomeadamente no Ministério da Cultura|IPAE (responsável pela área do teatro) Instituto Camões (consultor para a internacionalização), entre outros organismos. Foi perito designado por Portugal junto da Comissão Europeia nos grupos de trabalho sobre Parcerias Criativas e Residências Artísticas. Entre 1979 e 2001 fez parte do elenco do Teatro Nacional de D. Maria II. Licenciado e Mestre em Ciências da Comunicação (comunicação, cultura, arte e novas tecnologias) pela FCSH da Universidade Nova de Lisboa, é, também, diplomado em Gestão das Artes (Instituto Nacional de Administração) e tem o curso de fotografia do Ar.Co. É professor na ECATI | Universidade Lusófona onde exerce, ainda, as funções de Diretor da Licenciatura em Artes Performativas e Tecnologias e de consultor para as artes. Nesta universidade prepara a sua tese de doutoramento em Ciências da Comunicação (arte, cultura, tecnologias) área pela qual se tem interessado nos últimos anos. Em 2004 foi condecorado pelo Governo Francês com o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras.

José António Tenente, figurinos Após ter iniciado a sua formação superior em Arquitetura, José António Tenente envereda pela moda, revelando em 1986 a sua primeira coleção. Atualmente, o universo da marca estende-se a vários projetos: ‘TENENTE escrita’, ‘TENENTE eyewear’, ‘Amor Perfeito’ perfume e perfumaria de casa. Em 2009 viu editado um livro sobre o seu trabalho JAT – Traços de União. Em 2010 comissariou a exposição Assinado por Tenente no MUDE, Museu do Design e da Moda, em Lisboa. Com um trabalho reconhecido e galardoado com vários prémios de “Criador de Moda” e outras distinções, José António Tenente dedica atualmente a maior parte do seu trabalho à criação de figurinos para espetáculos, atividade que desde cedo ocupa um importante lugar no seu percurso, tendo trabalhado com diversos encenadores e coreógrafos: Beatriz Batarda, Carlos Avillez, Carlos Pimenta, Luca Aprea, Maria Emília Correia, Pedro Gil, Ricardo Neves-Neves, Tónan Quito, Benvindo Fonseca, Clara Andermatt, Paulo Ribeiro, Rui Lopes Graça, Rui Horta, entre outros. Para a CNB criou os figurinos de Intacto (1999) de Rui Lopes Graça, Du Don de Soi (2011) de Paulo Ribeiro, O Lago dos Cisnes (2013), de Fernando Duarte/Petipa, Lídia (2014) de Paulo Ribeiro, O Pássaro de Fogo (2015) de Fernando Duarte.

João Pedro Fonseca, vídeo João Pedro Fonseca frequentou o curso de Pintura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Em 2015 inicia o seu percurso artístico explorando as mais diversas expressões plásticas: pintura, instalação, fotografia, videoarte e performance, levando-o a expor em Montpellier, em Lisboa, em São Paulo e na Cidade do México. Tem-se destacado em vários festivais de arte, tais como: Mundos Alternativos, Jovens Criadores, Videoformes, LOOPS.LISBOA e FUSO: Anual de Vídeo Arte Internacional de Lisboa. Em paralelo trabalha em design gráfico e realiza lives visuais, colaborando com associações culturais e diversos nomes emergentes da música portuguesa contemporânea. É também criador e fundador da plataforma ZONA: Residências Artísticas em Lamego.

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Rui Monteiro, desenho de luz Nasceu em Braga em 1988 e concluiu, em 2008, o curso de Iluminação na ACE – Escola de Artes. Trabalhou como Desenhador de Luz com encenadores como Ana Luena, António Capelo, António Júlio, Bob Wilson, Baboo Liao, Catarina Vieira, Cláudia Lucas Chéu, Daniel Pinto, David Marques, Fernando Alves, Gintare Minelgaite, Joana Providência, João de Castro, João Paulo Costa, João dos Santos Martins, Luciano Amarelo, Lígia Roque, Luisa Pinto, Luis Araújo, Marta Lapa, Marta Pazos, Mickael de Oliveira, Miguel Loureiro, Nuno M. Cardoso, Pedro Almendra, Pedro Filipe Marques, Pedro Penim, Raquel André, Ricardo Alves, Sara Barbosa, Solange Freitas, Tiago Correia. Atualmente trabalha com o encenador Robert Wilson em projetos por vários países da Europa. Participou no Watermill Center Summer Program em Nova Iorque nos anos 2014, 2015 e 2016 com instalações de iluminação, juntamente com artistas de todo o mundo, entre os quais se destacam Jim Jarmusch, Cocorosie e Dimitris Papaioannou. Foi assistente de iluminação dos desenhadores de luz A.J. Weissbard, John Torres e Nuno Meira. Fundou a empresa de iluminação “Visualight” onde trabalhou até ao ano de 2010. Lecionou a disciplina de iluminação na ACE- Escola de Artes e deu formações na área de design de iluminação no Teatro Faialense e no espaço Bruto. Na área da música, foi responsável pelos desenhos de luz das bandas “Super Nada”, "Manel Cruz" e "Holy Nothing".