Folha Carioca / Novembro 2011 / Ano 10 / nº 94

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Lilibeth Cardozo O cor de rosa dos seios femininos 11 18 Iaci Malta Tempo presente O Rio das belas praias: de sua fundação em 1565 a 2011 23 Luiz Roberto Londres Nos tempos de Oswaldo Cruz Novembro 2011 Ano 10 N o 94

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Edição Novembro 2011

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Lilibeth Cardozo

O cor de rosa dos seios femininos

11 18 Iaci Malta

Tempo presente

O Rio das belas praias:

de sua fundação em 1565 a 2011

23 Luiz Roberto Londres

Nos tempos de Oswaldo Cruz

Novembro 2011 Ano 10 No 94

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editorial

Rio de Janeiro é a cidade brasileira mais conhecida no exterior, maior rota do turismo internacional no Brasil e principal destino turístico na América Latina. É opinião comum que atualmente o Rio está “bem na fita”. Embalado por uma administração pragmática, pelo bom momento da economia brasileira, pelo sucesso das UPPs nas favelas, e pela vitrine da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, a cidade passa por mudanças. Mas a uma coisa o carioca se mantém fiel: optar pela praia como seu principal programa de lazer. Com sua geografia especialíssima, entre mar, montanhas e matas, a cidade conta com aproximadamente 80 quilômetros de lindas praias, incluindo as que estão dentro da baia da Guanabara. Pode-se considerar que 72 praias estão habilitadas para o banho de sol, de mar, para o lazer, o esporte, a recreação, a sociabilidade e todas as atividades de apoio geradas por sua intensa utilização.

A praia é geradora de comportamento, ao ponto de marcar fortemente a identidade do carioca. Quase todo cidadão carioca “pertence” a uma praia. Pelo menos tem sua preferência. Este “microcosmo” é parte da história dessa cidade desde sua origem. Sua importância se conserva e se transforma ao longo do tempo, ao sabor das mudanças de costumes e modas. Com grandes contrastes econômicos e sociais, a cidade apresenta uma nítida disparidade entre ricos e pobres. Mas é na praia que este contraste se dilui. Território livre, espaço democrático onde todos se encontram, sem distinção de cor, religião, escolaridade, condição financeira, além de torcedores dos grandes times cariocas e das inúmeras escolas de samba.

Praia também significa trabalho e renda para uma parcela da população. As atividades existentes neste espaço mobilizam grande número de traba-lhadores. Contudo, a crescente densidade urbana, a poluição, a desordem e a violência vinham ofuscando a nobreza das praias cariocas. A degeneração e a redução das atividades econômicas chegaram a um nível tão crítico que foi necessária a implantação de um programa conhecido como Choque de Ordem, buscando ordenar o espaço público, fazendo valer as leis e o código de postura municipal.

Espaço múltiplo e dinâmico, de intenso uso social, as praias cariocas são ocupadas, de alguma forma, durante os 365 dias do ano. Têm dias, inclusive, que um passeio na orla durante qualquer dia da semana surpreende pela quantidade de banhistas. Será que tantas pessoas estão de férias ou de folga? Podemos pensar, então, que a maioria dos frequentadores é turistas ou são estudantes que estão lá aproveitando um intervalo de aula? Ou são apenas pessoas sábias, fiscais da natureza, adoradores do sol ou da boa-vida?

Boa leitura!

O Rio de belas praias

FundadoraRegina Luz

EditoresPaulo Wagner / Lilibeth Cardozo

DistribuiçãoGratuita

JornalistaFred Alves (MTbE-26424/RJ)

ColaboradoresAlexandre Brandão, Alexandre Vidigal, Ana

Cristina de Carvalho, Ana Paula Brito, Arlan-

za Crespo, Gisela Gold, Haron Gamal, Iaci

Malta, Lilibeth Cardozo, Maria bel Baptista,

Maria Luiza de Andrade, Maria Zuleica,

Oswaldo Miranda, Sandra Jabur Wegner, Sil

Montechiari

Captação de AnúnciosAngela: 2259-8110 / 9884-9389 Marlei: 2579-1266

O conteúdo das matérias assinadas, anúncios e informes publicitários é de responsabilidade dos autores.

Capa Foto de Leonardo Barbosa Correa

Projeto gráfico e arteVladimir Calado ([email protected])

Revisão Petippa Mojarta

índice

colunas

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12

05 Maria bel Baptista05 Ana Flores08 Ana Cristina de Carvalho09 Sandra Jabur Wegner11 Lilibeth Cardozo13 Alexandre Brandão

18 Iaci Malta19 Sil Montechiari20 Oswaldo Miranda24 Tamas24 Haron Gamal25 Gisela Gold

2295-56752259-81109409-2696

ENTRE EM CONTATO CONOSCOLeitor, escreva pra gente, faça sugestões e comentários. Sua opinião é importante.

[email protected]

Quem é quem

Maria Rita Pereira

Saúde e bem-estar

Mudando o jeito de exercitar o corpo...

Atividades Aquáticas

Gravidez

Passatempo

Cem perguntas

Capa

O Rio de lindas praias

Perfil

Alcio Luiz Gomes

Saúde

Uma história sobre a dengue

Resenha

O duplo, segundo livro de Dostoiévski

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Leia a edição pela internet: www.folhacarioca.tk

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quem é quem

Arlanza Crespo

Todas as bonecas do mundo

Pensei algo romântico, tipo vesti-lo e ficar sentada esperando o príncipe encanta-do, mas não era nada disso. Ela comprava os vestidos para recortá-los e fazer roupas para as bonecas negras de sua coleção. Caramba! Isso sim, era uma história! Marquei uma visita para entrevistá-la. Só que o tempo passou, meu amigo Paulo Cesar morreu, eu deixei de frequentar a Feira e apaguei da minha memória tudo que estava relacionado a ela. Semana passada, porém, nas minhas arruma-ções pré-natalinas encontrei o endereço e o telefone dela. Liguei, marquei e fui.

Estava passando pela Feira de Antiguidades da Praça Santos Dumont no ano passado quando meu amigo Paulo Cesar me apresentou a uma moça que tinha acabado de comprar um vestido de noiva usado. Ele, sonhador como ninguém, me perguntou o que eu achava que ela ia fazer com o vestido.

Maria Rita Pereira nasceu em 1956, é médica patologista e trabalha no Inca. Come-çou seu interesse pela África, especialmente Egito, em1983, por causa de um evento chamado Kizomba. Passou a comprar livros, frequentar leilões e antiquários. Participava também do movimento negro universitário nacional, manifestações contra o apartheid, política étnica nacional apartidária. Teve a honra de ser fotografada ao lado de Nelson Mandela no Copacabana Palace, com direito a autógrafo. “Só eu era negra autêntica lá”, me disse ela, que tem muito orgulho de sua ascendência. Seu bisavô veio do Zaire num navio negreiro no século 19. Falava francês e o dialeto africano. Sua bisavó era índia “pega a laço” e só falava tupi-guarani. Tiveram uma filha (sua avó) que logicamente teve toda a dificuldade do mundo para se expressar. Essa avó teve quatro filhas, e só duas sobrevive-ram: a mãe e a tia de Maria Rita. A tia foi para os EUA nos anos 60 como babá, e a mãe casou e foi morar em Realengo na fazenda da família Barata. Maria Rita estudou em escola particular em Nova Iguaçu e sempre foi ótima aluna. Acabou fazendo Medicina. Tem um filho de quinze anos que batizou de Martin Luther King.

Pai kardecista, avô muçulmano e avó zeladora de igreja! Maria Rita queria ser anji-nho de procissão como toda criança, mas o padre não deixava: “Você não pode porque não existe anjo negro!” Mas a avó dizia: “Não fique chateada, as religiões não são perfeitas!”

Em algum momento de sua vida Maria Rita começou a observar que não havia

bonecas negras no Brasil. E ela, que estu-dava o Egito, redirecionou o foco para as bonecas negras. Conheceu uma antiquária que começou a trazer bonecas dos EUA e do Canadá, e a partir daí começou sua co-leção. Hoje ela tem mais de 2000 bonecas, de todas as partes do mundo. Atualmente está mais fácil, tem Barbie negra, princesi-nha da Disney negra, e o último lançamento dos EUA é a boneca com a cara da Michele Obama, num belíssimo vestido de baile. Todas essas ela já tem. As novas são fáceis de conseguir. Mas as antigas, aquelas de massa, de louça, de biscuit, compradas em antiquários e geralmente em mau estado e sem roupa, é para essas que ela compra os vestidos de noiva, para cortar e aproveitar os tecidos que são lindos. Às vezes ela fica com pena e não corta, simplesmente guarda os vestidos e pronto! Para muitas bonecas ela compra roupinhas de bebê, ficam ótimas também. Aliás, o carinho com que ela me apresentou cada boneca, as histórias de cada uma, os gêmeos, o Michel Jackson, a mais cara, a mais antiga... eu não queria ir embora. Realmente sua coleção é algo que deveria ser mostrado, mas ela me disse que não há interesse. Quem sabe? Eu me comprometi a voltar lá e fotografar uma a uma, e deixar o material pronto para o primeiro interessado. Minha esperança é que ela não desista, e que daqui há algum tempo eu possa levar minhas netas para visitar a exposição e possa também dizer com orgulho que eu entrevistei a dona das bonecas.

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Maria bel Baptista apresenta o show VIVA no Teatro Café Pequeno, dia 15 de dezembro, quinta-feira, às 21h30min. Endereço: Av. Ataulfo de Paiva, 269 Leblon Tel.: (21) 2294-4480

[email protected]

Ana Flores

Interessante o que ocorre numa sociedade onde o roubo, a enganação compulsiva e o mau caráter são moeda corrente em todos os estratos sociais e profissões: os atos de ho-nestidade e desonestidade provocam reações singulares entre a população.

Nesse tipo de sociedade, justamente porque episódios de falta de caráter são co-muns e até vistos como “um traço cultural”, qualquer ato de honestidade passa a ser considerado um fenômeno. Se um gari assa-lariado encontra uma carteira recheada de dinheiro no meio do lixo e resolve en-tregá-la numa delegacia, no mesmo dia ele se torna pauta de reportagens, entrevistas, homenagens. Porque nessa tal sociedade, o corriqueiro é guardar para si a grana, es-cudado pela velha filosofia de que “achado não é roubado”. Mas como esse profissional se sentiu constrangido de se apossar de dinheiro alheio e fez o que sua consciência mandou, virou manchete. Ouvir a consciência dá manchete e chamadas em telejornais.

Também o policial que recusa dinheiro de suborno, o que deveria ser normal para um policial, também é considerado um herói. Porque na tal sociedade essa atitude é raríssima e pega a todos de surpresa – até mesmo quem lhe ofereceu dinheiro. O usual é ficar com o agrado, como outros de seus colegas fazem todo dia, impunemente. Mas a integridade e os valores do policial falaram mais alto e isso também dá manchete, por inusitado.

Por outro lado, se pessoas públicas são acusadas de delitos seriíssimos, mesmo negando até o fim e jurando que são vítimas de armação, apesar de todas as provas em contrário, essas quase nunca são condenadas, presas ou obrigadas a devolver o produto de seus roubos. No início, quando a impunidade é descoberta, ouve-se o coro dos desconten-tes clamando por justiça; mas rapidamente

os cúmplices poderosos tratam de afastar os suspeitos dos holofotes da mídia e principal-mente distrair a memória popular e, quando menos se espera, olha eles de volta à vida pública, de caras lavadas e muito mais ricos, candidatando-se novamente, sendo eleitos, nomeados ou aclamados por seus iguais. Impunes e prontos pra outra. E a história se repete, como se fosse inevitável.

Essas distorções chamam a atenção de outras sociedades nas quais a honestidade só tem uma cara e atos íntegros não precisam ser festejados nem recebidos como um fe-nômeno extraterrestre. Afinal, está bem claro em suas respectivas constituições e códigos penais o que o cidadão deve ou não, pode ou não fazer para viver em paz e deixar os outros em paz, e é assim que a banda toca. Se o cidadão vacilar, dança, qualquer que seja seu sobrenome, saldo bancário ou status social. Delitos e “malfeitos” há em todas as partes do mundo, volta e meia se ouve falar de algum. Mas em muitas outras sociedades, a punição chega rápido e é exemplar.

Como disse uma vez a diretora de um colégio da Zona Sul do Rio, um furto de 5 reais de um colega ou a descoberta de uma cola num teste devem ser exemplarmente punidos, tanto quanto o furto de 500 reais ou a cópia de um texto da internet, assinada por um aluno como se de sua autoria fosse.

Roubo é roubo.

Bizarrices moraisAcabei de me decidir, morar no Céu

Pegarei um foguete que me levará até a Luada Lua seguirei para Martedepois Saturno fazendo uma escalano Poentede onde possa ver o Firmamento

Para ter a certeza de não ter perdido a viagem

Não quero viagens longas Nem sem paisagens belasQuero uma viagem felizDe coisas simplesNaturais eEncantadas

Não aceitarei nenhum suborno

Levarei as pessoas que amo Vou dormir o mais perto da Lua De minha janela verei VenusDo quintal a TerraE escreverei cartas para todosque comigo não quiserem

Vir morar no Céu.

Moradia

[email protected]

Maria bel Baptista

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opinião

O mundo melhor tem CNPJ ou CPF?

Tenho ouvido com certa frequência frases do tipo “Quem sabe meus filhos encontrem um mundo melhor”, “Se pelo menos o mun-do fosse melhor”, “Será que um dia teremos um mundo melhor?” Enfim, toda sorte de alusão ao tal “mundo melhor”, que todo mundo quer e ninguém sabe como conse-guir. Ou, pior, não percebe que se trata de construí-lo, e não de consegui-lo, de graça, como um presente dos céus. Infelizmente eu também não tenho uma receita testada, de eficácia comprovada. Mas tenho cá minhas fantasias-convicções-teorias-intuições de como começar um movimento neste sentido.

Para começar, seria muito bom pararmos de nos referir ao mundo melhor como se ele fosse uma terceira pessoa - uma entidade, talvez - como se não fôssemos nós o mundo. Os comentários que ouvi demonstram essa falta de percepção. Quase como a que falta àqueles que reclamam de uma empresa e não se dão conta de que a pessoa jurídica não tem idéias próprias nem toma decisões, mas sim as pessoas físicas ali envolvidas. A pessoa jurídica é uma convenção e ela apresenta a cultura que as pessoas físicas lhe dão. Afinal, o “mundo melhor” tem CNPJ ou CPF?

Ao contrário do que pode parecer, o movimento é individual. Trata-se de mundo e é essencialmente individual, não consigo ver outro modo. Quem não quer um mun-do melhor? Mas tenhamos a maturidade de encarar que é um processo, e que depende totalmente do comprometimento de cada um

de nós. Ou seja, para o mundo ser melhor “alguma coisa” tem que acontecer, mas cadê que percebemos que essa “alguma coisa” é a atitude nossa de cada dia?

Será por que nos achamos tão ínfimos que seria muita megalomania de nossa parte nos considerarmos pessoalmente responsá-veis pela melhora do mundo? Ou será mais uma vez aquele comodismo que cega, porque dá bem menos trabalho atribuir a responsabi-lidade a algo externo a nós do que assumir a fatídica parcela e tomar uma atitude?

Quando desejamos um mundo melhor, o que estamos de fato querendo? Um meio am-biente e social sem hostilidade parece um bom começo. Então não sejamos hostis! Nem com o meio ambiente, nem com o próximo, nem em ações e nem em palavras. Parece pouco e parece fácil, e de fato seria, se ao invés de esperarmos isso dos outros, fôssemos nós os agentes de educação e respeito.

Pensar em Noruega, Dinamarca ou Finlân-dia quase dá uma prévia do que seria esse mun-do melhor. Mas o mesmo indivíduo que volta desses lugares maravilhado com a civilidade, quando chega no Brasil é incapaz de aguentar o lixo na mão por um ou dois quarteirões, até encontrar uma lixeira, e acha muito normal descartar o incômodo ali mesmo, na rua. Só porque a rua já está mesmo toda suja. Para mim faz muita diferença olhar para aquela imundície e saber que eu não contribuí para isso.

Quero acreditar que um dia as pessoas vão transcender o próprio umbigo e não vão

mais estacionar o carro – nem por 5 minuti-nhos – na calçada da Rua Marechal Cantuária, bem ao lado do hidrante, impedindo assim que eu consiga passar com o carrinho de bebê; afinal precisei levar minha filha comigo ao mercado. Ou a Bete consiga passar com a cadeira de rodas da Dona Alice, porque não pode deixá-la sozinha em casa pra ir à farmácia. Quero crer que todos vão saber – em atitude – que o espaço público é de todos, igualmente. Que todos vão aprender a ter responsabilidade pela coisa pública e não tratar o que é de todo mundo como se fosse de ninguém. É um contrassenso querer a rua só pra si, mas tratá-la como se fosse de ninguém.

Cada um tem, sim, a responsabilidade de ser uma pessoa melhor, e só isso pode tornar o mundo melhor. Ou, se não quiser fazer isso por si mesmo, por ser cético ou não ter preocupações espirituais, que ao menos o faça pelos outros, só pra contri-buir. Como aquelas pessoas que compram a rifa só pra ajudar o amigo. É um ato de generosidade e compromisso digno de quem ama o próximo. Já que temos tantos cristãos atuantes hoje em dia, não pode ser tão difícil.

Já conseguimos evoluir um pouquinho ao nos preocupar em deixar um planeta melhor para as futuras gerações. Podería-mos avançar um pouco mais e nos empe-nhar em ser uma geração melhor para o planeta. A partir de agora.

Ana Paula Brito

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novidades serviços e entregas

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saúde e bem-estar

Mudando o jeito de exercitar o corpo...Qual a melhor opção?

As pesquisas das ciências do esporte estão sempre evoluindo, buscando aumentar a eficiência das técnicas, transformando e atualizando as diferentes abordagens para o condicionamento físico. Seus achados nos levam a repensar e redefinir os conceitos de condicionamento físico e atividade física em geral.

São muitas as novas propostas para entrar em forma de maneira eficiente e adequada a cada um de nós. Hoje temos vários sistemas de treinamento proprioceptivo como Treinamento Funcional Resistido, Treinamento Suspendido, TRX, Sling Training, Flying Training, Pilates Funcional, Pilates Clássico, Treinamento Resistido, Kinesis, Holistic Training ou Treinamento com Plataforma Vibratória, e o que esses novos sistemas apresentam em comum é a funcionalidade.

O Treinamento Funcional é conhecido pela constante atualização de sua abordagem para as mais diversas necessidades, desde as tarefas do dia a dia até o treinamento esportivo de alto nível. Cada ser humano tem um estilo diferente de vida. O Treinamento Fun-cional deve ser estruturado respeitando os objetivos e considerando as limitações de cada indivíduo. Um dos melhores exemplos de aplicação dessa técnica é o método Pilates Funcional, que é baseado no Método Pilates que acabou inspirando a criação do Kinesis do Holistic Training, dentre outros.

O Método Pilates foi desenvolvido em 1920 por Joe Pilates. A princípio foi denominado “Contrology” para mais tarde vir a ser conhecido como “Método Pilates”. Essa metodologia apresenta soluções cine-siológicas tanto de treinamento como de reabilitação, para atletas e não atletas. O Método Pilates reeduca movimentos mecanicamente desorganizados, treina o corpo para realização de movimentos variados e pro-

move o bem-estar físico e mental. Devido as suas características e resulta-dos, o método ganhou aderência de profissionais de dança e atletas de todas as modalidades esportivas, que reconheceram essa metodologia como o me-lhor programa para reabi-litar lesões e desenvolver a força dos músculos do Core (lombar, transverso, oblíquos e músculos do assoalho pélvico). Acompa-nhando as pesquisas na área de condicionamento físico, esse método evoluiu dando origem ao Método Pilates Funcional. Utilizando-se dos avanços científicos de condicionamento físico, esse método incorpora novas modalidades, propiciando uma abordagem técnica mais abrangente e, portanto, mais eficiente. O Pilates Funcional incorpora Circuit Training, Pilates Cardio, Plataforma Vibratória, Treinamento de Hiper-trofia, TRX, Sling Training, Treinamentos Aeróbico, Suspendido, Intervalado e Funcional aos fundamentos do Método Pilates original.

Dentro de tantas técnicas desenvolvidas pela Ciência do Esporte destacamos as modalidades de treinamento funcional como o Treinamento TRX que é uma técnica patenteada pelos militares da força de operações especiais da marinha americana, os Navy Seals. Ele desenvolve a capacidade funcional e alcança alto nível de força no Core, através do aumento do controle neuromuscular, da flexibilidade dinâmica, e da força funcional total. Da metodologia do TRX

ramificaram as técnicas de Sling Training, Treinamento Suspendido e Treinamento Resistido.

O Treinamento Plataforma Vibratória foi desenvol-vido na década de 80, na antiga União Soviética, com o propósito de combater a perda de densidade óssea e massa muscular dos astronautas durante a permanência em atmosfera sem ação de força gravitacional.

Como podemos ver, são inúmeros os recursos para motivar e garantir ao praticante um corpo saudável para enfrentar, sem grandes dificuldades, os desafios do dia a dia, da prática esportiva, e do processo natural de envelhecimento. Cabe a você escolher um profissional capacitado e bem preparado pois, orientado de forma inadequada, qualquer desses treinamentos pode lesar seriamente as articulações. E não esqueça: é fundamen-tal que os exercícios sejam feitos com regularidade.

Bons treinos, e excelentes resultados!

Ana Cristina de Carvalhowww.pilatesvilla90.blogspot.com

[email protected]

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Sandra Jabur Wegner

Atividades aquáticas na gestação

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o fortalecimento da musculatura abdominal e pélvica, além de membros superiores e inferiores. No último mês, é possível treinar exercícios respiratórios pré-natal, focando a respiração diafragmática, específicos para a hora do parto.

Existem situações especiais que cabe ao médico assistente orientar a paciente, em conjugação com a hidroterapeuta. Durante a gestação, a mulher fica mais sensível, mais feminina, mais suscetível aos acontecimentos e mais exposta a mudanças repentinas de humor. Por isso é muito importante realizar atividades que envolvam respiração e relaxamento. O profissional que trabalhar com gestantes deve dar-Ihes apoio emocional, além do técnico.

Dúvidas sobre o assunto podem ser esclarecidas através do e-mail [email protected]

A gravidez é um estado fisiológico que acarreta algumas modificações importantes no comportamento psicológico e no corpo, con-sequência da preparação para formar e receber um novo ser. Alterações no sistema cardior-respiratório, volume sanguíneo, diminuição da resistência vascular periférica são comuns durante a gestação, causando modificações no metabolismo basal, na resistência à insulina e na lipólise, provocando retenção de líquido e edemas. Durante esse período, é recomen-dável que a gestante pratique atividades físicas

compatíveis com seu estado, exercitando-se num meio sem impacto e que favoreça o equilíbrio e a percepção deste novo esquema corporal.

A água é o meio mais propício à gestação. Submerso, o peso corporal pode ser reduzido em até 100%. A pressão hidrostática que o corpo humano sofre nessa situação atua como meias elásticas, com intensidade diretamente

proporcional à profundidade que esse se encontra, facilitando a circulação de retorno, diminuindo edemas e massageando a circula-ção linfática. A resistência da água fortalece a musculatura de todo o corpo, e a temperatura (em piscinas aquecidas) auxilia no relaxamento.

Após a liberação do/a ginecologista, que normalmente ocorre no terceiro mês de gestação, a futura mamãe está apta a iniciar atividades aquáticas, tais como hidroginástica, natação, hidroterapia e relaxamento aquático (Watsu e Ai Chi).

A atividade física mais popular entre as grávidas é a hidroginástica especializada para gestante, ou, simplesmente, hidrogestante. Essa atividade coordena a respiração com todos os movimentos, auxiliando a circulação sanguínea. Todos os deslocamentos são feitos sem impacto, mantendo estável a freqüência cardíaca e aumentando a capacidade pulmonar, combinando esses exercícios específicos para

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pela cidade

Alexandro Vidigal

Isto é Brasil

Minha primeira atitude foi ligar para o 190 e perguntar se eles podiam ajudar. A atenden-te me informou que eu deveria ligar para a prefeitura. Liguei para o número que me foi passado: 1746. Expliquei novamente o caso e a atendente me deu a seguinte informação: “Senhor, o setor que cuida dessa área específi-ca é outro. Eu posso até lhe passar o número, mas eles não estão trabalhando hoje”. Nesse momento, ainda que soubesse no que isso ia dar (em nada), decidi ir além. No caminho até minha residência me deparei com um carro da Polícia Militar e decidi conversar com o policial. Fui imaginando o papo, mas assim mesmo quis ouvir a “voz da lei e da proteção”. Durante a conversa, entre outras coisas, ele justificou sua inércia dizendo: “É... isso ai é muito comum. Lá pra Baixada tem muito. Isso ai é tudo trombadinha...” Lembrou: “Aquele caso da Candelária, os moleques eram todos bandidos, andavam armados, para te matar não custava nada...” Respondi apenas dizen-do: “É verdade” (nunca é bom discordar de um PM). Enfim, meu tempo é precioso e

Domingo, 11h, eu saía de bicicleta da sede do Clube Flamengo, na Gávea, quando me deparei com uma menina dormindo no chão, próximo a saída de carros do clube. Aparentava ter no máximo 10 anos de idade, estava sozinha, suja e mal vestida. Uma cena pouco comum para aquele local e horário. Pensei: “Vou tentar fazer algo para ajudar essa criança. Afinal de contas, estamos no Rio, cidade onde ocorrerão as Olimpíadas em 2016, não é mesmo? Daqui a três anos teremos Copa do Mundo e, além disso, vejo nos telejornais ações da prefeitura recolhendo moradores de rua, pedintes e usuários de drogas. Quem sabe não consigo ajudar essa garota?”.

quando percebi que já havia perdido muito, desejei-lhe um bom-dia e fui embora.

Para finalizar, para não dizerem que não sou persistente, no dia seguinte liguei nova-mente para o 1746 e pedi o telefone da SAS (Serviço de Assistência Social), o setor da prefeitura que teoricamente poderia e deveria fazer alguma coisa. A atendente me passou o número 3973-3800. Liguei diversas vezes durante a tarde e caía em uma mensagem que informava que o número não estava disponível no momento. Liguei após às 18h, tocou, tocou e ninguém atendeu.

Bem, eu ia postar a foto e o texto no dia do ocorrido, mas quis antes esgotar as pos-sibilidades para dar maior embasamento a minha opinião. Concluo que as operações da prefeitura de remoção de pedintes, usuários de drogas etc, são, em grande parte, opera-ções de fachada. Necessárias e importantes, sim, mas sobretudo de fachada.

Quando tem algo importante para acontecer na cidade, como a visita do Oba-ma, do Papa, chefes de estado, retiram-se

moradores de ruas, pintam calçadas, fecham ruas etc, mas a verdade é que os serviços essenciais como o de assistência social, no dia a dia, infelizmente, não funcionam. A realidade é outra.

Sabe-se lá Deus o que terá acontecido com essa criança que vemos na foto, dei-tada na porta do Flamengo. Talvez tenha acordado com fome e roubado alguém, até matado. Talvez algum pedófilo a tenha se-questrado, drogado e abusado, talvez levada para tráfico de órgãos... Talvez ela até venha a assaltá-lo em algum sinal desta cidade, meu caro leitor. Nunca saberemos.

Bem, tenho plena certeza e consciência de que isso tudo que escrevi não vai dar em nada, não vai servir para nada, não vai tocar nenhuma autoridade, nem vai ajudar ninguém, mas pelo menos faço um bem para mim mesmo colocando essa história para fora.

Obrigado, cara leitor, e parabéns por ter tido paciência para ler este texto até o final.

Fico por aqui. E segue a vida...

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Lilibeth Cardozo

O cor de rosa dos seios femininos

Todos os dias olho a imagem do Cristo Redentor no alto do Corcovado. Fico vigiando se ele está sob algum cobertor de nuvens, se está escondido sob uma tempestade, se as cores do céu por lá estão brilhantes.... Lembro o dia em que vi sua luz diferente. Era azul! Odiei! Quem mandou pintar a luz do Cristo de azul? Cariocas não gostam dessas coisas. Àquela época foi um auê só. Ninguém gostou. Eram cartas e cartas de protestos nos jornais, todo mundo reclamando! Um dia desses vi o Cristo iluminado com luz rosa. Fiquei irritada e logo soube que era para chamar a atenção sobre o câncer de mama. Aí, eu fiquei foi muito irritada. A campanha era “contra o câncer de mama”. Legal ser contra. Alguém tem algo a favor? E minha irritação foi porque, daqui da minha janela comecei a pensar naquela luz rosa sendo vista por todas as mulheres do Rio, do Brasil, que gostariam de ter acesso a serviços de saúde para fazer a prevenção de câncer de mama e do colo do útero. Fazer campanha contra doenças é um assunto sério e eu ficaria muito feliz em ver o Cristo com a luz rosa se todas as Unidades de Saúde estivessem abrindo portas para que as mulheres pudessem fazer suas mamografias. Seria uma alegria saber que a detecção precoce do câncer de mama tinha vindo, com a luz rosa do Cristo, com as passeatas bonitas pela orla carioca... Mas, não é assim. Só eu conheço umas vinte mulheres pobres que nunca fizeram uma mamografia! Todas tiveram filhos, têm mais 40 anos, e não conseguem. Então, gente, me diz: para quê essa hipocrisia? Para deixar a preocupação e

dizer às mulheres que elas podem ter câncer de mama? Onde está o Estado, o dinheiro da saúde, aquele que pagamos com nossos impostos, para diagnósticos precoces? Maria, uma das que conheço, até foi atendida numa Unidade de Saúde. Esperou um ano e dois meses para fazer a mamografia e quando ia ser chamada, foi avisada que o mamógrafo quebrou. Uma vizinha dela teve o diagnóstico de um caroço no seio, que provavelmente era câncer. Esperou pela mamografia e quando a chamaram, ela não pôde atender: já tinha morrido!

Acho lindo quando vejo mulheres en-volvidas nas campanhas de saúde. Encontrei um grupo de mulheres, em Niterói, que faz parte da Associação dos Amigos da Mama - Adama. Um grupo de 12 sócias da entidade, todas sobreviventes do câncer, com idades entre 31 e 75 anos, cheias de vida e alegria, posaram para um calendário com belíssimas fotos, sem uma das mamas. Aquelas mulheres, unidas, trabalham, segundo a própria entidade, com o “objetivo de dar apoio à mulher após um diagnóstico de câncer de mama, tentando melhorar seu perfil psicossocial, minimizando dúvidas e desmistificando ‘medos’ em relação à doença, seus tratamentos e efeitos colaterais, orientando sobre o uso de prótese mamária (àquelas que não fizeram reconstrução) direi-tos trabalhistas e previdenciários”. Excelente trabalho! Perguntei a umas delas até onde a entidade busca, no governo, nas Unidades de Saúde, dar às mulheres saudáveis o direito de fazer exames na rede pública. É sempre minha

pergunta. Esta é a maior luta: diagnosticar pre-cocemente para tratar e salvar. Não adianta de nada usar camisetas, fazer passeatas contra o demoníaco câncer mamário, iluminar de rosa a imagem do Cristo. Adiantaria sim, se a luz cor de rosa no Cristo fosse um apelo para que, sabendo que podem e têm direito ao atendimento gratuito para diagnóstico e tratamento, fossem buscar atendimento. O câncer não é cor de rosa e o cenário da saúde pública no país está longe de ter uma cor tão feminina, tão suave. A rigor, é um cenário com muito pouca luz.

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Cem perguntas

61. Qual destes animais não têm dentes? A. tamanduá B. bugio C. quati D. cervo

62. Qual destes animais é arborícola (vive nas árvores)? A. capivara B. lobo-guará C. toupeira D. macaco

63. Como se chamava a filha de Maomé que se casou com Ali? A. Fátima B. Aparecida C. Rosemary D. Suely

64. Que animal emite chirriados? A. o chimpanzé B. a girafa C. o cisne D. a coruja

65. Qual é o antigo nome da cidade de São Paulo? A. Planalto Tupiniquim B. S.Paulo de Piratininga C. S.Paulo do Sul D. Planalto dos Bandeirantes

66. A cidade de Otawa, é capital de que país? A. Canadá B. Coreia do Norte C. Mongólia D. Tibet

67. O atual Vietnã, como antes se chamava? A. Pérsia B. Indochina C. Ceilão D. Sião

68. A atual Tailândia, como antes se chamava? A. Mesopotâmia B. Indochina C. Ceilão D. Sião

69. O atual Sri Lanka, como antes se chamava? A. Pérsia B. Ceilão C. Zaire D. Indochina

70. A atual República Democrática do Congo, como antes se chamava?

A. República do Nilo B. Açores C. África do Norte D. Zaire

71. Como é atualmente chamado o país asiático Birmânia? A. Mianmar B. Cayman C. Malásia D. Camboja

passatempo

72. Que nome tem a figura retratada no dinheiro? A. efígie B. cifrão C. filigrana D. esfinge

73. Que nome é dado ao papel-moeda que nunca circulou? A. fiel B. filigrana C. flor-de-estampa D. fidalga

74. Heráldica, é o nome que se dá à: A. fuselagem do avião B. cultura inglesa C. ciência dos brasões D. ópera grega

75. O cachorro late; o gato mia; o boi muge; a cobra ...A. silva B. grunhe C. bale D. chirria

76. Xifópagos, o que são? A. Cosme & Damião B. os chibchas C. irmãos siameses D. os xiitas

77. Por qual nome é conhecido o ‘fruto gêmeo’? A. Abel & Caim B. albino C. malvino D. filipinho

78. Homo sapiens, o que é? A. o homem atual B. infecção da pele C. sapos e rãs D. a atual homeopatia

79. Quem são os ‘barnabés’? A. boias-frias B. funcionários públicos C. fiscais da Fórmula-1 D. artistas circenses

80. Macadame, o que é? A. espécie de andaime B. noz alimentícia C. calçamento de estradas D. cenário de TV

As respostas estão na página 25. Boa sorte!

Demonstre seus conhecimentos gerais respondendo a essas perguntas. Serão 100 perguntas apresentadas em cinco edições.

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Alexandre Brandão

Nas quebradas da vida

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Vamos, confesse aqui para o seu amigo, você já namo-rou em uma quebrada, não foi? Sua mãe não precisa saber, prometo sigilo, e seus filhos, se você os tiver, sabem o que é estar quebrado, mas não sabem o que é uma quebrada. Vamos, amigo, amiga, contem aqui no meu ouvidinho, sem medo, sua história.

Com o advento do motel, as coisas mudaram. Por um lado, ficou mais fácil namorar, por outro, não. Se chegar a um quartinho todo arrumado e desfrutar dos doces momentos da vida é uma beleza, chegar ao motel nem sempre é tri-vial. Às vezes, o casal tem o carro, mas está sem grana. Às vezes, tem o carro, tem a grana, mas a cidade é pequena e o porteiro é conhecido de um tio, do pai.

Nessas horas difí-ceis, dar uma meia-volta na modernidade e aceitar a única opção possível é o que nos resta. Pois, quando um casal fez o pacto do encontro, se não for no conforto de um quarto será no Fusca. Ah! O Fusca. Quanta ginástica, meu Deus. Muitos dos problemas de coluna que temos hoje se devem aos movimentos que fomos obrigados a fazer dentro de um Fusca. Por amor, é claro. Até o amor, que não tem contraindicação, tem efeitos colaterais.

Todos sabemos, entretanto, que as quebradas têm lá os seus perigos. Mesmo em cidades pouco violentas, sempre há um espírito de porco doido por assustar alguém. Comigo já aconteceu de ser a própria polícia a me pegar no flagra. Sorte que foram compreensivos e fizeram vista grossa à minha tentativa de corrompê-los — quer dizer, não aceitaram os meus minguados 5 contos — e nos mandaram, a mim e à namorada, dar o fora da área. Que não se repetisse aquilo outra vez, senão... Com outros amigos foi pior. Uns bandidos os deixaram nus com a mão no bolso — não é exagero.

Se para o amor a quebrada foi deixada de lado, servindo apenas como a última opção, para coisas ilícitas, ela passou a ser o quente. A moçada corre aqui e ali para enrolar seus baseados; o lado A e o lado B de uma transação fora da lei marcam encontro no mais escondido dos lugares. E por aí vai. A quebrada mudou da água para o vinho; ou melhor, deixando a citação bíblica de lado: não é mais cantinho do amor, mas escritório de negócios escusos.

Todavia, a grande transformação da quebrada ocorreu lá

No Osso

em casa, já vai um tempo, quando meus filhos mais velhos tinham não mais que dez anos. Estávamos recebendo ami-gos. Os adultos ficamos na sala, sorvendo um bom vinho, beliscando queijos e pães. As crianças espalharam-se pelo resto da casa, pulando da cozinha para a sala, da sala para um quarto e deste para outro. Era uma farra medonha. Para nós, os coroas, estava tudo bem, as crianças gritavam, mas a gente conseguia botar a conversa em dia.

Numa certa hora, resolvi pegar um CD no meu quar-to. Eis a surpresa: escondido entre o guarda-roupa e

o armário em que estão trancados meus preciosos CDs, o que

eu vejo? O Ken e a Bar-bie transando. Sim,

caro leitor, estava lá o namorado da Barbie, aquela boneca bo-

nitinha, mas sem sal, deitado sobre ela. Tudo bem, os dois são

só bonecos, e meu quarto não é um matinho providencial. Mas, nestes

tempos em que o ser humano transa por computador, aquela foi realmente a mais explícita das cenas de sexo. Não tive vontade, leitores, de repreender os meus filhos. Pai de primeira viagem, não acreditava em repressão sexual pura e simples. Hoje, com filhos na casa dos vinte anos, não me arrependo.

Não posso negar, entretanto, que fiquei pasmo, sen-tindo o mesmo assombro que nossos pais teriam sentido quando éramos nós que crescíamos. Talvez um pouco mais: precocemente, intuí que meus próximos passos seriam dados dentro de um túnel, dentro da escuridão que a estúpida responsabilidade nos impinge. Assim tem sido, e não sei avaliar se estou me saindo muito bem.

“Todos sabemos, entretanto, que as quebradas têm lá

os seus perigos. Mesmo em cidades pouco violentas, sempre há um espírito de porco

doido por assustar alguém”

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capa

Lilibeth Cardozo

O Rio sempre teve destaque no noticiário do país. Principal cidade disseminadora de cultura do Brasil, o Rio “acontece” e “apare-ce”. Nos rolos e rolos de filmes que retratam as belezas, o feio, o vivo, os problemas, as criações artísticas, a moda, a diversão, o sol, o mar etc, tudo parece passar pelo Rio. Tal qual o coração que bombeia o sangue, distribuindo-o pelas artérias, chegando aos capilares, o Rio dá vida aos tantos pedaços do Brasil. Uma cidade com mais de 6 milhões de habitantes, querendo ou não, aparece no cenário nacional com luzes e cores, ainda que às vezes esmaecidas, escuras ou borradas. Nos anos recentes o Rio tem estado bem na fita para as plateias dos outros estados e de outros países. Com sua geografia espe-cialíssima, entre o mar, montanhas e matas, desde os mais longínquos subúrbios até as calçadas luxuosas de Ipanema e Leblon, destacam-se as moradas pobres das favelas

que se formaram no alto dos morros. Os pobres moradores, ou moradores pobres desfrutam das mais belas paisagens da cidade debruçados nas janelas de suas simples resi-dências. São todos cariocas. Misturados em alguns espaços da cidade, como nas areias das praias, nos shows, nas ruas e no comércio, os seus moradores gostam e se orgulham da cidade. E as praias que margeiam o território misturam nas areias os cariocas de todos os cantos com os passantes, os novos mora-dores e os turistas do Brasil e do mundo. O Corcovado oferece a este cenário a imagem do redentor, despontando no alto, marcando os espaços divididos com traços fortes de desigualdade social. Ao longo de toda a orla carioca, naturalmente paradisíaca com praias e restingas, entrecortadas por montanhas verdes ou nuas, o Rio, desde os tempos coloniais tornou-se um dos mais destacados símbolos do país.

O Rio das belas praias: de sua fundação em 1565 a 2011

A cidade conta com aproximadamente 80 quilômetros de lindas praias, incluindo as que estão dentro da baia da Guanabara. Pode-se considerar que 72 praias estão habilitadas para o banho de sol, de mar, para o lazer, o esporte, a recreação, a sociabilidade e todas as atividades de apoio geradas por sua intensa utilização

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Um pouco da históriaO Rio de Janeiro dos europeus, quando

das primeiras viagens aos seus novos domínios coloniais, para explorarem a costa e avaliarem os seus tesouros, era, na visão deles, um grande rio. Os franceses, segundo registros históricos, dominaram a orla carioca. No verão de 1554 o oficial Villegagnon visitou a região de Cabo Frio, na costa do Brasil, onde seus compatrio-tas habitualmente escambavam. Ali obteve valiosas informações junto aos índios tamoios, informando-se dos hábitos dos portugueses naquele litoral, colhendo dados essenciais ao futuro projeto de uma expedição para a fundação de um estabelecimento colonial, a França Antártica. O local escolhido localizava-se cerca de duzentos quilômetros ao sul: a baía da Guanabara, evitada pelos portugueses devido à hostilidade dos indígenas na região. O projeto concebia transformá-la em uma poderosa base militar e naval, de onde a Coroa Francesa pode-ria tentar o controle do comércio com as Índias. Depois de algumas expedições o rei de Portugal D. João III ordenou a expulsão de Villegagnon e os portugueses reconquistaram o território, em 1560. Em 1565, Mem de Sá mandou ao Brasil seu sobrinho, Estácio de Sá, com o propósito de reconquistar o que tinha sido dominado. Em primeiro de março daquele ano, Estácio de Sá, entre o morro Cara de Cão e a enorme pedra do Pão de Açúcar desembarcou sua tropa e fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, homenageando seu santo padroeiro e o futuro rei de Portugal, Dom Sebastião. Na pequena restinga, entre os dois morros, hoje conhecida como Praia de Fora, dentro do Forte São João, na Urca, os fundadores ficaram até a completa dominação militar da cidade. Em 1567 a cidade foi transferida para o Morro do Castelo, considerado um ponto mais protegido para o desenvolvimento. Frei

Vicente do Salvador, historiador, escreveu: “O sítio em que Mem de Sá fundou a cidade de São Sebastião foi o cume de um monte donde facilmente poderiam defender dos inimigos; mas depois, estando de paz, se estendeu pelo val ao longo do mar, de sorte que a praia lhe serve de rua principal...”.

A partir de 1570 a elite da cidade começou a descer pela Ladeira da Misericórdia do Mor-ro do Castelo e seguiu em direção à várzea. Apenas os menos favorecidos, principalmente pescadores, permaneceram no alto do morro, pois não foram contemplados com a distribuição de sesmarias, terras doadas pelo governador-geral, em nome da Coroa Portuguesa. Com a mudança, veio a decadência e o local ficou marginalizado, evitado pelos cariocas. Com as obras que mudaram o centro da cidade no início do século passado, muitas famílias desalojadas encontraram abrigo no Morro do Castelo. Mas isso só duraria até 1922, quando o prefeito do Distrito Federal, engenheiro Carlos Sampaio, decretou o fim do morro. Para a demolição do Morro do Castelo, houve muitas justificativas, entre elas a falta de espaço para abrigar a ex-posição comemorativa do centenário da Inde-pendência. Diziam, também, que o Morro do Castelo prejudicava a ventilação da área central da cidade. Assim, naquele ano acabaram com o berço da cidade. Foram demolidos 300 imóveis e retirados 66 mil metros cúbicos de terra. A população foi removida para os subúrbios e os principais objetos de valor, como o marco inau-gural da cidade, pinturas e esculturas do século 17, transferidos para vários pontos da cidade. Algumas imagens estão até hoje guardadas e sendo recuperadas por grandes restauradores no Colégio Santo Inácio (as imagens do Cristo Crucificado, de João Evangelista e da Virgem Maria, além da Porta Principal da antiga Igreja dos Jesuítas). Na Igreja dos Capuchinhos estão

o Marco Inaugural e túmulo de Estácio de Sá. A terra retirada do Castelo foi usada para aterrar parte da Urca, Lagoa Rodrigo de Freitas, Jardim Botânico, o prado do Jóquei Clube, e muitas áreas da baía de Guanabara. Nes-se tempo, a praia mais frequentada era a do Boqueirão, junto à Igreja de San-ta Luzia.

Banho de marEm 1799 o Rio tinha pouco mais de 43

mil cariocas. Naquele ano, tal população provocou comentários de que a cidade tinha tido um grande salto demográfico, ultrapas-sando Salvador. Em 1808, com cerca de 50 mil habitantes, o Rio acolheu a família real portuguesa. Dom João VI foi o pioneiro em receber o banho de mar como prescrição médica para cura. Tendo sido mordido por um carrapato, produzindo um ferimento que inflamou, ele foi aconselhado pelo médico a tomar banhos periódicos de água salgada. Foi então construída uma banheira perfurada, que era mergulhada na água em intervalos regulares. Esse tratamento foi feito na praia do Caju, onde foi construído um pequeno cais, tornando-se assim o primeiro balneário da cidade. Hoje a praia inexiste, depois dos sucessivos aterros, mas a casa que ele fre-quentava, conhecida como Casa de Banho, foi restaurada pela Comlurb. Na Europa, o prestígio do banho de mar como terapia medicinal foi se expandindo e iniciaram a construção dos ricos hotéis balneários.

No Rio de Janeiro, na segunda metade do século 19, o banho de mar chegou como um bem à saúde. Àquela época algumas praias centrais da cidade já eram muito frequentadas, servindo aos ricos e empregados do comér-cio. Os banhistas chegavam antes do nascer do sol e o vestuário vale a pena ser descrito: para os homens, calções de casimira escura, que iam até os pés, e camisetas; já para as mulheres, calças também de lã escura, que iam igualmente até os pés, se abrindo em babados, debruadas de cadarço branco (as mais ousadas usavam cadarço vermelho), uma

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touca que cobria os cabelos e as orelhas e, ainda, sapatos de lona. Uma moça correta e digna jamais pisaria na areia descalça ou com os cabelos à mostra.

Com a abertura de um túnel para Co-pacabana, em 1893, e a chegada do bonde facilitando o acesso, os banhos de mar tornaram-se mais frequentes. Copacabana era um areal perdido e inabitado nos sertões do Rio de Janeiro. Tinha apenas uma peque-na capela na qual se venerava a imagem de Nossa Senhora de Copacabana, uma Madona da Bolívia que viera dar à praia no século 17, e o forte militar na sua outra extremidade. O médico cirurgião Figueiredo de Magalhães ins-talou uma casa de saúde na região e receitava aos seus pacientes o ar puro de Copacabana de então, convencido das qualidades do lu-gar para o repouso e a convalescença. Foi o começo da povoação de uma das praias mais badaladas do mundo, cantada por músicos e poetas - a princesinha do mar.

Banhos de mar, ir à praia, era regido por vários decretos e regulamentos, além de ter início a divisão de classes de banhistas. Data de 1906 o primeiro regulamento da prefei-tura sobre os balneários cariocas, exigindo para cada um deles “sala ampla e arejada destinada a receber afogados”, um estoque de medicamentos urgentes, tais como “amônia líquida, solução de cafeína, óleo canforado para injeções hipodérmicas” e, por fim, as peças de curativo e material cirúrgico, como “abridor de boca”, tesouras, pinças, “pincéis para provocar vômitos”, camisolas de flanela, luvas de crina e escova para fricções. O horário dos banhos foi regulamentado pelo Decreto nº 1143, de 1917. Dizia o documento: “O banho só será permitido de 10 de abril a 30 de novembro, das 6 às 9h e das 16 às 18h. De 10 de dezem-

bro a 31 de março, das 5 às 8h e das 17 às 19h”, sendo que aos domingos e feriados havia uma tolerância de mais uma hora em cada período. Dizia mais: “As pessoas que fizerem uso do banho de mar devem apresentar-se com vestuário apropriado, guardando a neces-sária decência e compostura, de acordo com as exigências da autoridade respectiva. São expressamente proibidos quaisquer ruídos e vozerios na praia e no mar durante o período do banho.” E um parágrafo único advertia: “As transgressões serão punidas com multas de 20 mil réis ou cinco dias de prisão”. E esse decreto não tem cem anos.

Expansão urbanaAs praias passaram a atrair investimentos,

criando-se restaurantes balneários nos finais das linhas de bonde. Nas praias de Copaca-bana e Arpoador surgiam os hotéis balneá-rios. Hoje o carioca quase despido pode se divertir sem decretos municipais de regulação comportamentais ou da indumentária e pro-vavelmente darão boas gargalhadas ao ler o decreto de 1917 que regulamentava o banho de mar nas praias do Leme e Copacabana com intenção de ordenar a popularidade.

Nas praias cariocas os banhos de mar, outrora aconselhados pela Medicina como bons para a saúde, foram ganhando outros motivos, também saudáveis, como pesca, es-porte e lazer. Com o crescimento da cidade, os aterros foram mudando a paisagem de toda a orla. Surgiram as primeiras competições esportivas (data de 1851 a primeira regata a remo, na enseada de Botafogo) e os clubes que estimulavam os esportes. Na baia da Guanabara restaram poucas regiões de praias e o banho de mar passou a ser nas praias do Flamengo, Botafogo e Urca. Além de toda

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a costa a partir do Leme até Grumari, esta isolada até os anos 70.

O Rio de Janeiro de hoje é uma me-trópole de praias, esportes náuticos, moda e onde os espaços nas areias são prova de democracia nesta cidade. Ninguém precisa pagar ou ser cadastrado para ir à praia. Lá nascem modismos, novas gírias, um jeito novo de se comportar a cada verão. A cidade tem um estatuto popular de comportamento praiano e não é difícil identificar os diferentes grupos sociais que se encontram nas areias cariocas ou aqueles estrangeiros que chegam vestidos e têm sua indiscutível marca de turista nas sandálias com meias. As peles brancas denunciam suas origens.

Referência cariocaCom a expansão dos meios de transpor-

te e investimentos comerciais ao longo de toda a Zona Sul e Zona Oeste, ir a praia é o programa preferido do carioca e dos turistas. Na praia acontecem encontros amorosos, sedimentam-se histórias de amor, casamentos são desfeitos, uniões são seladas, negócios são fechados e homens e mulheres trabalham incansáveis nas areias quentes como vende-

dores ambulantes. Os profissionais das praias formam um exército de trabalhadores com características peculiares como o bom humor, criatividade e as relações de amizade com os frequentadores habituais dos trechos onde se reúnem. O clima das relações é sempre alegre e descontraído e vendedores fazem músicas, versos e paródias divulgando seus produtos. Os biscoitos de polvilho Globo, o mate gelado e o coco são iguarias cariocas das praias. A beleza da paisagem ganha vida com a beleza do tipo físico miscigenado do povo carioca. Mulheres de belas curvas e biquínis diminutos desfilam a beleza negra, mulata, branca e indígena na mistura de raças. A música anda pelas praias com grupos de amantes das melodias cariocas. Grupos vão fazendo seus espaços na areia e nas redes de vôlei onde moças, rapazes e não tão jovens assim levam a sério suas competições. Os gays encontram-se em festivos e saudáveis grupos e as bandeiras coloridas ficam nas areias dos barraqueiros já amigos das turmas. Programa de carioca sem praia falta sal e iodo, falta cor e calor. E ver sentado na areia, o sol se despedindo é um dos mais lindos programas da cidade. Tradições se consolidam, como o

chiado de fritura que todos fazem quando o último pedacinho do astro rei se esconde no horizonte, como se apagado nas águas. Da Pedra do Arpoador os aplausos para o pôr do sol é outra tradição e carioca que se preza não deixa de assistir ao menos uma vez na vida. Programa de graça é programa de carioca e nas praias não existem os famosos vips, que imponentes e prepotentes não gostam desta mistura inigualável que o Rio de Janeiro oferece a seu povo e ao mundo!

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Poema à melhor amiga

Debaixo de sete chaves guardei minha melhor amigano lado esquerdo do peito,como dizia a canção.

Porém a deixei libertapara o seu esvoaçarde borboleta inquieta.Não quis tirar-lhe o domde ser instávelno seu ir e virentre o rude e o amável.

Cativa fiquei euà espera do nascente

desse raio de solque ilumina ardente,e que se esconde...e que volta...e que brinca de vento,soprando em meus cabelos,ora forte, ora lento...ternamente brisaou vendaval suave...

Debaixo de sete chaves eu a guardo...Pura ilusão!Pois quem me guarda é ela,a dona desse cofreem que me encerra.

Nos últimos anos veio se construindo em mim a convicção de que só podemos nos restaurar do estresse gerado por certas experiências, quando nos-sa consciência está focada no tempo presente. No entanto, nossa mente consciente passa muito mais tempo na lamentação e recriminação de escolhas do passado ou focada no medo do futuro.

São o passado e o futuro que nos assombram, refletindo um paradoxo do ser humano: ter uma mente com a capacidade de criar o tempo (passado, presente, futuro) e essa criação ser a sua principal fonte de perturbação.

Aliando essa convicção à importância da atividade corporal sistemática, outra crença minha, cheguei à conclusão de que as duas estavam relacionadas: a atividade corporal não apenas vitaliza nossos corpos, não só nos coloca em contato com a nossa potência – com o “eu posso, eu consigo” - mas também é o melhor recurso que temos para ficar no tempo presente, já que promove a sintonização da mente consciente com o corpo.

Essa conclusão me levou a pensar que trazer a mente consciente para o tempo presente por meio da integração corpo-mente poderia ser o princípio e o objetivo imediatos da ioga. Na verdade, foi fazendo jardinagem que comecei a associar meditação, sinto-nia corpo-mente e tempo presente. Nessa atividade,

Tempo presente

[email protected]

Iaci Malta

me dei conta que enquanto usava meu corpo e pensava apenas no que meu corpo estava fazendo (jardinagem) o tempo havia parado e eu me sentia restaurada. Pensei: fazer jardinagem é uma forma de meditação, é uma maneira de fazer o tempo parar.

Somente no tempo presente podemos sentir prazer. Na verdade, acredito que só podemos ver-dadeiramente sentir, estando no tempo presente, porque o sentir pressupõe que a consciência esteja focada no que está acontecendo no corpo que só existe no tempo presente. O verdadeiramente aqui se refere ao fato de que muitas vezes usamos o verbo sentir quando a ação é, de fato, pensar.

Um bom exemplo da importância do “estar no presente” é o estado de dor: se estivermos inte-gralmente no presente poderemos registrar que estamos suportando a dor, mas se nossa mente se projeta para o futuro - será que não vai passar? Será que vai aumentar?- a sensação de dor se torna insuportável; é o desespero que intensifica a sensação de dor.

O corpo só existe no presente e por isso, fo-carmos nossa atenção no corpo é o recurso mais imediato que possuímos para ficar no presente. Daí a importância de nos darmos, sistematicamente, um tempo para atividades físicas com a consciência focada no corpo, isto é, sentindo.

Sentimento em profusão

Sem mais delongasSem artifíciosColoco minha mãoNo fogo da sua verdadeVerdadeiro amor que invade.

Espero com esse leve toqueQue o ardor da chama de nosso amorSe aviveEsse verdadeiro intento Onde minha alma vive.

Por onde andaresTrilhas percorrereiNavegarei por longos maresPara que, chegando, lance aos aresA âncora da minha paixãoAlçando a tiMeu coraçãoSentimento em profusão.

Eduardo PiereckMaria Zuleica

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Entre o sagrado e o profano

Esta semana recebi um e-mail de uma amiga com um texto da Glória Kalil (a quem admiro pela expertise em consultoria de moda), falando sobre como é “chic”, nos tempos atuais, acreditar em Deus. Ainda não consegui avaliar qual foi a minha interpretação sobre o conteúdo, mas, de qual-quer forma, me deu “certo” respaldo para con-tinuar compartilhando com os leitores atitudes e comportamentos que, a meu ver, são primordiais para a construção de um estilo de vida... digno. Só não sabia que eu estava na moda!

Estive pensando em como o mundo per-manece estranhamente problemático, embora todas as dificuldades e complicações sejam de uma espécie geralmente tão... humana.

O curso da vida é marcado por insolúveis contradições. Muitas vezes, os acontecimentos exteriores podem ser uma série de incompa-tibilidades, aparentemente sem um motivo ou objetivo específico. E, provavelmente, marcados por interesses infinitamente individualizados.

O que nos mantém num estado de con-fusão é o fato do pensamento vaguear ocioso dentro dos estreitos limites de pontos de vistas materialistas.“As bagatelas de bagatelas, vaidades de vaidades, nossas velhas amantes, vão nos assaltando... “ já dizia Santo Agostinho nascido no ano 354.

Nossa perspicácia está, demasiadas vezes e por demasiado tempo, escravizada pelos mais baixos instintos de nossa natureza humana. O fato de estarmos atados a atingir altos padrões financeiros e profissionais, à necessidade de sucesso, poder e fama, à procura incansável da perfeição estética e intelectual, pode tornar-se prisões de sofrimento. Podem conduzir a com-portamentos autodestrutivos, pensamentos de incapacidade, de padrões de inércia difíceis de superar.

A tentação do gozo desenfreado da vida, da satisfação instantânea, do prazer imediato

Dispa-se!

nos faz enredar num “frenesi carpe diem” e mesmo assim, cada vez mais o homem tem se assombrado com a mesma questão: Qual o sentido da vida?

Respondo a mim mesma: Chegar àquela região em que a vida “é” a sabedoria por “quem” todas as coisas são feitas, para a qual o “ter” e o “querer” e quem sabe até o “ser” não mais importem, mas apenas o “estar”, já que é eterno. (E se é que me fiz explicar).

Por tantas vezes tive tantos desejos e o Espíri-to tão preso, tão necessitado de claridade e luz...

E como estimamos vão o que não tem extensão no espaço e não pode ser visto em um corpo...

Mas a despeito de todas as coisas, se man-tivermos uma busca apaixonada no espírito pela verdadeira compreensão e pelo entendimento da Verdade, podemos sempre tirar forças de nossos fracassos e da fragilidade de nossa natu-reza humana.

Alargar o conhecimento da própria alma e avançar na direção de uma forma real de sabe-doria, acredito ser a melhor escolha e a decisão mais acertada.

Certamente não é a solução mais fácil mas, paradoxalmente, a mais simples.

Alguns dias atrás, me diverti com uma leitora assídua da coluna (quem sabe, a única!). Ela me perguntou bem baixinho, após ler meu último texto, quase assim como se fosse um segredo ou uma vergonha:

- Sil, vem cá, me conta aqui: você é crente?É Cris, estamos todos aí, “crentes da Sil(va)”,

manipulando uns aos outros e a nós mesmos, num autoengodo permanente ...”caminhando e cantando”... mas sem entender exatamente “pra onde caminha a humanidade“.

* * *

“Já sabia”, escreveu ele, “que temos a liberda-de de escolha entre o bem e o mal”, e continuava a descrever a desesperada luta que tinha de travar dentro de sua alma. “Procurando arrancar a vista do espírito daquele poço, era eu nele mergulhado de novo, e quantas vezes mais o tentasse, outras tantas nele seria de novo mergulhado. Mas quando me erguia altivamente, as coisas inferiores estavam colocadas acima de mim e exerciam pressão sobre mim e em parte alguma havia alívio ou espaço para respirar. Acometiam minha vista por todos os lados, em multidões e hordas, e, em pensamento, as imagens de corpos intrometiam-se, quando eu me estava voltando para Ti, como que me quisessem dizer: para onde vais, indigna e baixa criatura? E estas coisas haviam brotado de meu pensamento. E isto me erguia para Tua luz, que eu conhecia tão bem ter uma vontade, quanto ter vida. Quando, portanto, estava querendo ou não querendo fazer alguma coisa, estava eu mais que certo de que não era ninguém, senão eu mesmo, quem estava querendo e não querendo; mas daquilo que eu fazia contra a minha vontade, estava eu igualmente certo, sofria antes de fazê-lo e julgava que não seria falta minha, porém meu castigo, e rapidamente confessava a mim mesmo que a minha punição não seria injusta. Mas dizia de novo: ‘Donde me vem esta vontade de fazer o mal e esta recusa de fazer o bem?’”.

“Confissões” - Santo Agostinho

“De onde me vem esta vontade de fazer o mal e esta recusa de fazer o bem?”

“Chique é acreditar em Deus” Glória Kalil

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Espaço Oswaldo [email protected]

Roberto Carlos e suas idiossincrasias no Jôm

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Deu na

METRO: “Catalunha tem sua última tourada”. Já não se vai mais pegar touro à unha, como na marchinha de João de Barro e Alberto Ribeiro. // TESTEMUNHO DA FÉ - Jornal da Arquidiocese: “Liminar garante transmissão da Santa Missa na TV-Brasil, Empresa Brasileira de Comunicação queria uma programação religiosa mais plural.” Isso justificaria a retirada do ar da celebração religiosa desde 1989 a ponto de ser necessário recorrer-se à Justiça? // O GLOBO: “Juiz diz que é a bola da vez na lista dos ameaçados de morte pelos bandidos”. Sinuca de bico, com todo respeito. // GLOBO REPÓRTER - Sergio Chapelin: “Duas em cada três famílias gastam mais do que ganham.” E o cordão dos caloteiros cada vez aumenta mais... // INTERNET: “De 10 para 21,7. Ministério Público recebe liminar em ação que julga aumento de Kassab.” O prefeito paulista é fundador do PSD que está em pauta... // ALFA: ”Os homens do ano.” Abílio Diniz, Selton MeIo, Chico Anysio, Anderson Silva, Huck, Eike, Alex Atala.” Pela perseverança, acredito. // TWITTER: “Brasília amanheceu tomada por vassouras anticorrupção.” Faltou o detergente. // SEM CENSURA - TV- Brasil: “Cardiologista Claudio Do-menico - 300 mil brasileiros morrem por ano do coração.“ E o coração é o símbolo. do amor, alavanca do mundo, diria... // DESTAK: “México quer casamento com prazo de validade.” Meu Deus, equiparado aos produtos industrializados. // INTERNET: “Japão ensaia construir Arca de Noé contra tsunamis”. Que encontre uma montanha boa e não um vulcão para ancorar, com a proteção de Buda. // MÍDIA GERAL: “Alemanha empresta 8 bilhões de euros à Grécia.” Angela Merkel aceita calote, Santo Deus. // GNT - Semana do Jô: “Monica Souza Ribeiro - bióloga e mestre em saúde pública – pombos transmitem mais de 70 doenças, mais do que os mor-cegos! Pessoas com sistema imunológico fraco podem sofrer danos com as suas fezes, que contêm parasitas.” Símbolo da paz... ainda?

Pois é. Peguei Roberto Carlos no Jô. Gosto do Jô. Sempre que posso, estou nele, na GNT-41, pois na Globo, só de madrugada e não sou desses. Horário maluco. O Rei sentadinho ao lado dele. Nada de segmentos de 10 minutos. Claro. Um convidado da-quele porte, recém-chegado do show em Jerusalém. Estranho Roberto falando. Monossilábico, curto ao expressar seu pensamento, no responder. Real-ficção. Será isso? Um falar... sem falar, curto, preso. Um falar não-querendo-falar. Me perdi. Mas quem é dado a cismas, toques, superstições, es-tranhices, entenderia o que senti naqueles momentos?

A incrível história do sapo. Estados Unidos. Estrada. Seu carro esmigalhou um sapo. Parou. Como sentiu que amassara um sapo? Pulou na frente, é isso? Não deu pra frear. Sapo achatado. O motorista foi apanhá-lo e o colocou num saco. Guarda interveio. Proibido parar. O papo Roberto-guarda inintelegível. Em inglês, claro. Um sapo num saco! “Venho de um show e vou para o hotel”. “Mas, e este sapo?” perguntou atônito o guarda. “Vai levá-Io também para o hotel?” Nada de descobrir que estava diante de pessoa introvertida, ensimesmada, de manias, como a de socorreu um sapo esmigalhado e querer levá-Io, com dignidade, para uma sepultura, onde, como hu-

manos, dormiria o sono eterno. Jô fazia caras e bocas e por vez o sapo era confundido com saco, aquele em que o colocara o motorista. A plateia ria a bandeiras despregadas. E não era para?

Depois foram as formigas louras que, poucas, corriam pelo tapete do seu quatro na Urca. Ele

preocupado em abrir as janelas e lhes dar o destino que procuravam. Aí surge uma libélula de asa fratu-rada. Pegou-a carinhosamente, procurando salvá-Ia. Improvisou uma asa de socorro, emergência, com fina haste, quem sabe, um palito, alçando-a ao ar para que voasse...

Mas haveria ainda uma lagartixa pequena que ele temia em perigo diante de uma lagartixa maior, as duas em corrida desabalada pelas paredes do seu quarto - ele fazendo tudo para livrar a menor da maior...

Jovem-guarda, tempos da Record, São Paulo. Ele e Erasmo só iam para o palco com toucas feitas de meias

de mulher. Uma noite não havia toucas. Pediu que procurassem no auditório alguém de meias que as cedesse para as suas toucas.

O incrível problema das portas numa igreja da França... Santo Deus!

O público jamais teria se divertido tanto no Jô como nessa fantástica en-trevista do Rei. Jô deu-lhe os quatro segmentos. Programa de um convi-dado só. De valor. Por quem, pelo que representa na história da música popular brasileira, creio que identidade nacional, pode se dar a tais momentos de êxtase, dessas demonstrações, diria, de surrealismo que anotei no Semana do Jô. Depois de ter lido, na

Veja, a propósito dos seus 70 anos, uma relação das conhecidas (só as conhecidas...) setenta superstições de Roberto Carlos.

Valeu, tanto mais porque, no fim, todo mundo, com regência de Eduardo Lage, cantou feliz o Jesus Cristo... eu estou aqui...

Que foi divertido, foi...

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Bons ventos a soprem...Proclamada a República, nossa bandeira não

poderia continuar com os símbolos que repre-sentavam o Império. Daí ter sido apresentado ao Governo Provisório um novo projeto de autoria de Raimundo Teixeira Mendes (ou Miguel Lemos, segundo alguns historiadores), desenhado pelo pin-tor Decio Vilares. Ficou pronta em 19 de novembro de 1889. Saiu o escudo da Monarquia e entraram a esfera azul com os dizeres Ordem e Progresso; o retângulo verde e o losango amareIo, que represen-tam nossa florestas e nossa riqueza mineral. O azul é nosso céu - o da terra carioca (oba!). Em 1906 o prefeito Pereira Passos encomendaria ao músico Francisco Braga e ao poeta Olavo Bilac o hino, ex-ecutado pela primeira vez no dia 15 de novembro daquele ano. “Salve lindo pendão da esperança! / Salve símbolo augusto da paz! / Tua nobre presença à lembrança / A grandeza da Pátria nos traz...” que todo mundo canta.

Não queremo-la assim, murcha, como a peguei manhã dessas na praia. Que bons ventos a soprem – e a brisa do Brasil a beije e balance como cantou Castro Alves. E que ela esteja sempre a tremular aos nossos olhos, dando-nos uma visão de fé e confiança nos tempos que virão por aí...

José Vasconcelos e um apagão...

Crise no humorismo com a morte, 85, de José Vasconcelos, mestre do humorismo. Deixa muita saudade. Criou o show-solo.

Duas velhinhas na casa. Falta luz. Escuridão. Uma velhinha fala para a outra velhinha buscar uma velinha na copa. A outra velhinha diz para a velhinha “Vai você que sabe o caminho”. A velhinha responde que a velhinha está de má vontade e a velhinha atingida não gosta. A velhinha vai então apanhar a velinha e diz para a velhinha: “Está aqui a velinha e vê se ao menos acende pois não achei o fósforo”. A outra velhinha diz que só porque encontrou a velinha ela queria que ela acendesse a velinha. Ai a velhinha não gostou e achou que a outra velhinha estava de má vontade, isso com a velinha na mão. E a discussão entre as duas velhinhas continuava, enquanto a ve-linha não era acesa. As duas velhinhas não chegavam a um bom senso, a velinha quase despedaçada nas mãos das duas velhinhas e tudo ainda escuro. Aí chegou a luz e as duas velhinhas foram surpreendidas com a velinha que não foi acesa, quase esmigalhada nas mãos das duas, que, rindo, jogaram a velinha na caixa de lixo.

Pense no jeitão escrachado do Zé Vasconcelos contando essa história maluca e imagine o auditório explodindo às gargalhadas esperando o desfecho da discussão entre as velhinhas ranzinzas sobre uma ve-linha que as livrasse de um apagão. Zé Vasconcelos, uma chama que se apaga no melhor que poderíamos receber em humorismo. Velinhas acesas em sua homenagem!

Minha anistia e um quepe amarfanhado

Uma das boas capas da revista Época – “Os últimos dias do tirano”, manchete expressada no quepe amassado do tirano Kadafi. Criativo. Imagem perfeita ilustrando o que sofreu o pobre povo líbio nos anos de chumbo do ditador. Lá havia rebeldes, o que faltou aqui, a partir do fatídico 1º de abril de 1964, que insistem em 31 de março. Faltara rebeldes que amassassem os quepes daquela generalada que tomara o poder de assalto, fincando as botas até 1985, quando deviam ter posto a correr, como os Kadafi da vida. No saldo da desgraça, ainda há gente rec-lamando seus mortos assassinados pela gangue. Em novembro de 2009 me pediram desculpas pelas humilhações por que passei - tortura emo-cional, sob a acusação de subversivo comuna periculoso... que certamente comia criancinhas. Pediram desculpas e ofereceram uma indeniza-ção reparadora que ainda não recebi, enquanto o dinheiro rola mancheias lá por Brasília. Já apelei à Dilma e aos ministros da Justiça, enquanto minha atuante sobrinha-neta, Claudia, insiste junto aos setores, pela liberação de um benefício que não pedi. Invoca o fato de seu constituinte estar a caminho dos 92. Desejo usufruir, ainda que pelo breve tempo que me resta de vida, o dinheiro que poderia compensar materialmente o que deixei de receber como Assessor de Imprensa e Relações Públicas do Instituto dos Bancários, onde criei, com eficiência, o setor não existente. O quepe amarfanhado fica como protesto contra o descaso com que meu processo é tratado em Brasília. É do merda do finado Kadafi, mas aqui, à falta do dos milicos, fica como ilustração, ser-vindo meu louvor a quem produz as sugestivas capas da Época, um bamba no assunto, craque no marketing. Terei acertado na analogia a que me propus?

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FC – Qual o significado da palavra acu-puntura?

ALG - Acu designa agulha e puntura o ato de picar ou puncionar. Logo, seria inserir agulha. Os chineses se referem a ela como Zhengjiu, ou seja, acupuntura e moxabustão. Moxabustão é um elemento com-plementar a essa terapia. Trata-se da utilização de folhas secas de artemísia para aquecer os pontos de acupuntura. No ocidente o nome derivou de mogusa, o modo como os japoneses se referem a ela. Foram os jesuítas que trouxeram o termo para o ocidente.

Como funciona a conexão entre os órgãos internos e a superfície da pele?

Para a Medicina chinesa o corpo humano (e tam-bém dos animais) é completamente envolto por uma rede de canais de energia, que nós chamamos de meridianos ou canais de acupuntura. Eles conectam os órgãos no interior do corpo à superfície, mas também os órgãos entre si, fazendo a integração existente entre eles, a relação de dependência e suporte. Eles são a base da fisiologia da Medicina chinesa. Sobre esses canais, na pele, é que está localizada a maior parte dos pontos de acupuntura. Há certo descrédito no ocidente a essa concepção porque não foi possível demonstrar a sua existência anatômica. Variações de condutância elétrica da pele estão relacionadas a eles. Alguns pesquisadores evidenciaram a existência de relação entre eles e o tecido conectivo do organis-mo. Esse, na realidade, um verdadeiro órgão, com característica única, que é estar presente em todos os órgãos do organismo. Tem uma importância muito grande no equilíbrio corporal, na troca entre o sangue e as células de todos os tecidos, tanto no aporte de nutrientes como na drenagem das escórias, no suporte e arcabouço estrutural. Acho que essas pesquisas abrem um caminho muito importante.

Maria Luiza de Andrade

Acupuntura, uma abordagem holística

Alcio Luiz Gomesperfil

Como é feito o diagnóstico pela acupun-tura?

Usamos os quatro tempos clássicos da semiologia, como no ocidente: observação, ausculta e olfação, interrogatório e o exame táctil. A diferença está na interpretação que se dá aos dados coletados. Sobressa-em os exames da língua e dos pulsos, que têm grande importância. As manifestações clínicas vão levando ao diagnóstico. Este, em geral, é etiológico (causa) e sindrômico, que explica o tipo de disfunção que o indivíduo apresenta (o tipo de problema que o fator causal determinou). Pode envolver os órgãos internos ou somente os canais de acupuntura.

Qual o real alcance do tratamento pelas agulhas, além do reconhecido alívio da dor e dos sintomas?

A acupuntura fornece ao organismo estímulos que implicam em última instância em respostas nervosa, endócrina e imunológica. Atua desse modo sobre órgãos e vísceras, em geral promovendo o equilíbrio funcional dos mesmos. Ela age sobre o desenvolvi-mento da homeostase, princípio descrito pelo francês Claude Bernard no século 19. Facilita a recomposição do estado de equilíbrio, seja relaxando ou contraindo um músculo, dispersando um processo inflamatório, inibindo uma resposta imune exacerbada ou mesmo em estado de depleção. Seu campo de ação é vasto, mas não é panaceia. Há que ter conhecimento médico de patologia para saber quando, como e com qual abrangência ela pode ser utilizada.

Hipertensão, diabetes, depressão, epide-mias de nosso tempo, podem obter melhora significativa?

Como muito bem enunciado, essas são de fato epidemias dos tempos atuais. Eu ainda acrescentaria as alergias, doenças autoimunes e o próprio câncer.

No entanto, é preciso entender que a maior incidência dessas moléstias está relacionada, em sua maior parte, à cultura predominante e a hábitos de vida. O contexto já é bem conhecido: alimentação desequilibrada e em excesso, estresse sem capacidade de vazão, exposição a produtos químicos e tóxicos e até inadequação aos paradigmas da sociedade de consumo. Se olharmos essas epidemias pensando em remediar o mal, só estaremos adiando o problema. É evidente que é necessário tratar a doença instalada, mas temos que pensá-la de um modo mais abrangente. Em todo caso, a acupuntura é muito importante para o trata-mento desses pacientes, junto com outras medidas complementares.

Mulheres grávidas se beneficiam com as sessões?

E muito! Esse é um dos grupos que mais se beneficia. Não só porque não é recomendável a utili-zação de drogas durante a gravidez, como a gravidez apresenta muitas situações nas quais a acupuntura atua de modo muito eficaz. Por exemplo: enjoos, dores musculoligamentares, mau posicionamento fetal, contrações uterinas indesejáveis e mesmo para a indução e analgesia do parto.

E as crianças, é possível submetê-las ao tratamento com as agulha?

Sem dúvida. Com cinco ou seis anos já é possível utilizar agulhas com muito boa aceitação. Se os pais não tiverem uma atitude assustada e passarem segurança, evitando dramatizar a aplicação das agulhas e fazendo do tratamento uma coisa corriqueira, a criança aceitará bem. No caso de crianças menores, de colo ou ainda muito imaturas, temos outros recursos, o laser ou alguns instrumentos de estimulação superficial, que não penetram na pele. É importante dizer que as crianças respondem de modo muito rápido ao tratamento.

Médico especialista em acupuntura, Alcio Luiz Gomes vem se dedicando há mais de vinte anos à Medicina chinesa. Especializou-se pelo Instituto Hannemaniano do Brasil e pela Beijing International Training Center, com estágio no Hospital Guan Na Men, em Pequim (1982). Foi bolsista pelo CNPq para aperfeiçoamento em Acupuntura no Shangai International Training Center, em Xangai (1987). Autor do livro Sete vezes mulher, onde aborda os ciclos de sete anos que dividem a vida reprodutiva feminina, Dr. Alcio responde às perguntas mais frequentes dos pacientes que procuram sua clínica na Gávea.

A acupuntura se associa ao pensamento ecológico

na forma de uma saúde autossustentável

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Acupuntura pode funcionar como medicina preventiva?

A acupuntura feita regularmente confere muitos benefí-cios e favorece à saúde e a qualidade de vida. Em geral quem faz uma sessão sente isso e não se esquece. Entretanto, a consciência do cuidado para com a saúde é insubstituível e não deve ser atribuído a uma medida única. Logo, bons hábitos alimentares, físicos, sexuais, mentais e espirituais devem ser buscados, como forma de viver melhor.

Hoje, vamos direto ao alergista, ao endocri-nologista, ao cardiologista, temos vários médicos e não temos nenhum. O clínico geral, o antigo médico de família está ameaçado de extinção. Fale da abordagem do médico acupunturista.

O conhecimento médico cresceu demais e tornou-se muito técnico requerendo cada vez mais o aprofundamento no detalhe e a especialização e subespecialização. Infeliz-mente, na prática, gerou uma distorção afastando-o da visão do todo. Além disso, predomina a visão mecanicista da vida humana, como se o organismo fosse uma máquina cuja substituição de peças ou a supressão ou suplementação com medicamentos resolvesse o problema. De fato, isso não ocorre de forma plena. O organismo é um sistema integrado que se encontra em relação com um sistema maior. Essa integração harmônica entre todas as partes do organismo e dele com o ambiente é que confere a saúde, entendida de forma ampla, o que não se resume à ausência de doenças e marcadores laboratoriais dentro da normalidade. Falta à Medicina atuar de modo mais direto na vida das pessoas. Associada a um pensamento ecológico, na forma de uma saúde autossustentável e não na lógica produtivo-industrial como atualmente ela se configura. A preocupação ecológica com o planeta tem que ser estendida aos seres humanos. A Medicina chinesa tem uma forma organizativa que con-templa o todo do organismo, suas manifestações psíquicas e somáticas de forma integral e visa sempre a restabelecer o equilíbrio a partir da compreensão do como e porque aquele organismo entrou em estado de desequilíbrio. Ela, junto com muitas outras formas complementares de terapia, pode fornecer um norte para reforçar os cuidados com a saúde. Temos que caminhar para a cumplicidade entre vários saberes médicos. Para problemas agudos, quando a vida corre perigo iminente, para erros genéticos e infecções, a Medicina ocidental oferece soluções eficazes. Quanto à compreensão da saúde, ao tratamento de condições crônicas e a melhora da qualidade de vida, a Medicina chinesa tem muito a ensinar e a oferecer.

Depois de passar o dia aplicando agulhas, qual o meio que adota para relaxar?

Duas coisas: para o cansaço e a impressão deixada pelas horas fechado dentro do consultório, andar de bicicleta pela orla da praia, ver o mar, suar um pouco e sentir os músculos. Na impossibilidade, uma corrida na esteira. Já como mantra meditativo, sentar ao piano e descobrir formas e ritmos para uma canção. Não tenho formação, mas chego a sentir falta física do instrumento.

EMERGÊNCIA

Tel.:2529-4505

GERAL

Tel.:2529-4422

Nos tempos de Oswaldo Cruz

O ano - meados da década de 80O local - residência de um ex-secretário municipal de SaúdeO interlocutor - um ex-ministro da SaúdeO assunto - ações federais na área da SaúdeO tema – o descuido com a Saúde

O interlocutor era o Dr. Paulo de Almeida Machado, ministro da Saúde do Presi-dente Geisel. Foi a única vez que o vi e bastou para me impressionar sua segurança, seus conhecimentos e suas ideias a respeito de ações de saúde. De toda a conversa houve um ponto que mais me fez colocar em dúvida a clareza de suas colocações e imaginar se não estaria exagerando. Foi quando falou que o mosquito transmissor da dengue e da febre amarela já estava de volta às matas vizinhas e que correríamos, em poucos anos, o risco de contágios e até mesmo epidemias. Era uma corrida de tempo para a volta ao terceiro mundo sanitário. Já nem mais se falava em vacina contra a febre amarela. Era uma ameaça impensada para a população.

O motivo: o descuido com a estrutura sanitária do Ministério da Saúde, talvez em função da próxima fusão com a parte do Ministério da Previdência que cuidava da prestação de serviços a pacientes. Além da diferença de abordagens, saúde vs. doença, prevenção vs. tratamento, havia ainda a vinculação ideológica, que ligava sanitarismo à coisa de esquerda. Havia, na época, um confronto político, e os sani-taristas perderam. Perdeu também a população posta em risco. Perdeu o país, a sua imagem. Ganhou quem? Apenas o mosquito. E a doença virtualmente erradicada reaparece de forma mais virulenta e mais diversificada a cada ano que passa. Um grande retrocesso, sem dúvida. Saudades dos “bandeirinhas amarelas” que, com seu trabalho simples e dedicado, cuidavam para que esse estado de coisas não voltasse a acontecer.

Bem faria o governo se criasse condições para investimentos e difusão de con-ceitos e ações em áreas básicas da saúde: educação e vigilância sanitárias. O custo social e financeiro causado pelas últimas epidemias de dengue (por sorte ainda não tivemos de febre amarela) provavelmente teria sido evitado com algumas ações simples e eficazes como havia no passado. Mas, infelizmente, só pensamos nisso quando a doença aparece. No resto do ano estamos muito ocupados com outras coisas mais importantes.

Luiz Roberto Londres

Diretor-presidente da Clínica São Vicente

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O duplo, segundo livro de Dostoiévski (l821-1881), publicado agora pela Editora 34, traz a questão que permeia toda grande litera-tura, a metáfora. Embora o gênero romance tenha características referenciais, nas mãos de escritores como o consagrado autor de Irmãos Karamázov, torna-se verdadeiro poema. Não é à toa que tenha como subtítulo: “Poema petersburguense”.

O romance se inicia com o despertar do protagonista: “Faltava pouco para as oito da manhã quando o conselheiro titular Yákov Pietróvitch Golyádkin despertou de um lon-go sono, bocejou, espreguiçou-se e por fim abriu inteiramente os olhos.” Na verdade, Golyádkin desperta para uma inesperada rea-lidade: não demorará a encontrar o seu duplo, alguém que possui exatamente o seu nome e que, pouco a pouco, lhe vai roubar o lugar.

Dostoiévski, neste romance, introduz outro forte componente: o fluxo da consci-ência. Seu personagem principal estará a todo momento, desde que se descobre ludibriado e substituído, remoendo-se num diálogo inte-rior que ocupará grande parte da narrativa. Há páginas e páginas que se mantém no mesmo parágrafo. E estamos ainda em 1846, ano em que o romance é publicado. James Joyce nem sonhava em vir ao mundo.

O universo dostoievskiano, onde impera uma terrível solidão, já está presente neste romance, classificado pelos críticos como romance de sua “primeira fase”. Considero, no entanto, errônea essa posição. Muitos crí-ticos brasileiros fizeram semelhante afirmação sobre Machado de Assis a respeito dos seus quatro primeiros romances: Ressurreição, A mão e a luva, Helena e Iaiá Garcia. O Doso-tiévski de O duplo já possui todos os compo-nentes do escritor das obras consideradas da “maturidade”, como Crime e castigo, O idiota, Os demônios e Irmãos Karamázov.

O universo humano de São Petersburgo se apresenta como opressor. O ar é sufo-

cante. Tanto entre os ricos, como entre os funcionários subalternos e criados, reina a desconfiança. Os subalternos colocam-se num espantoso servilismo, cada ser humano busca obter, a qualquer preço, as benesses da alta sociedade.

A perspectiva de um amor impossível por uma mulher, já que ela pertence à nobreza, também é mais uma das frustrações do se-nhor Golyádikin.

O livro, dividido em treze capítulos, relata em ordem cronológica, desde o despertar do personagem, sua saída numa carruagem alu-gada para ir a uma festa a que supostamente fora convidado, uma visita a seu médico, o dia a dia de trabalho, os personagens que tramam contra ele, a chegada de seu duplo até, como é prenunciado desde o começo, sua total derrocada.

Uma questão, no entanto, que não pode ser descartada na narrativa é a loucura.

Tudo que Yákov Pietróvitch Golyádkin pensa e vivencia na verdade não deixa de ser um desdobramento de sua mente. O autor russo se interessou, como muitos de seus contemporâneos, pelos transtornos psíqui-cos. No caso deste romance, porém, o louco não é apenas o martirizado protagonista, mas todos os outros personagens. Esta ressalva é feita não propriamente ao autor, mas à grande parte da crítica, que atribui a presença desse duplo apenas como decorrência do embate interno do personagem. O seu aparecimento, entretanto, não se dá somente a Golyádkin, mas a todos aqueles que o circundam. Estes nem mesmo se surpreendem que o duplo tenha o mesmo nome e provenha da mesma região do protagonista. Mais uma vez é fácil perceber a questão principal que Dostoié-vski nos coloca: o adoecimento de todo um contingente humano sufocado sem piedade alguma pelo “século industrial” (palavras do narrador), e pelas consequências advindas desse novo tipo de vida em sociedade, mar-

Haron Gamal [email protected]

Segundo livro de Dostoiévski já antecipa dilema do homem modernoPassou diante de mim

um cometa,um asteróide,uma nave com andróideou uma simples borboleta? Perdido numa reflexãopra lá do alémnão percebi bemo objeto voanteque passando diante dos meus olhosde forma galopante,não me mostra solução,me deixa uma interrogaçãoe acrescenta mais uma dúvidana confusão.

“Leve como uma penaexplode sobre mimum cogumelo.”

“Acordar com a alma desperta.”

“Pés na terra,cabeça no are fogo no coração.Que assim seja!”

“Letras soltas não fazem verso.”

“Nada é.Mas tudo pode ser.”

“Festejaro momento jádeixar para láo inevitável que virá.”

“Até a luatem um lado oculto.”

“Olhar em curvapara ver a terra,redonda.”

“Pelos meus olhos entram imagensde um mundo cruel.”

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Palavra, sem gelo, por favor

TemperaturasEu sei que são três e cinco enquanto o moço

pincela perfume de margarina sobre o milho quente. Meus dentes escorregam em delícia como quem entra no país de Alice. O pianista do café da esquina arranha um jazz. O inverno me vem precoce na tua ausência. Por que a gente só ouve “My funny Valentine” depois que os amores se vão? O apetite vai comprar cigarros e não volta. Como você.

Um dia novo, num mês outro, flagro o bom gosto do vizinho quando aumenta “Chovendo na roseira”. Já não são mais três e cinco. A vida pega bicicleta e dá voltas. Abre o sol. Eu também.

Molho de tomateVivia a catar vestígio de molho de tomate em

fim de embalagem.Sempre gastando desculpa que alguém podia

bater a sua porta, se fosse à venda. Tarde qualquer, em meio à trovoada, entre

dúvidas e dívidas, levantou-se, rumou ao super-mercado e renovou a iguaria.

Aprontou macarronada fresca e serviu, sem dó, para si.

Naquele dia, alma viva bateu a sua porta.E ele estava feliz.

cado pela falta de sentido, pelas disputas e pleno de traições.

Várias vezes Golyádikin pede ao cocheiro que o leve até a ponte Izmáilovski. Quando é escorraçado da festa para a qual não fora convidado, corre “para o cais da Fontanka, ao lado da ponte Izmáilovski”, ali se depara pela primeira vez com o seu duplo. Talvez na obra do autor russo, a presença constante de pontes seja a tentativa de junção entre dois mundos absolutamente impossíveis. Como conciliar a razão, ou mesmo a verdade, com o lado mais sombrio de cada ser humano? Como compatibilizar os valores cristãos, tão caros a Dostoiévski, com os interesses cada vez mais mesquinhos da nova ordem econô-mica e social? A obra do autor russo já sinaliza o caos que está por vir: a vida contemporânea com sua perspectiva de deslumbramento e inviabilidade.

Há de se louvar o projeto da Editora 34 em traduzir e publicar praticamente toda a obra de Dostoiévski diretamente do russo, com bastante empenho e meticulosidade. É digno de nota o posfácio, escrito pelo próprio tradutor, Paulo Bezerra. As ilustrações de Al-fred Kubin acentuam o caráter expressionista dos personagens dostoievskianos.

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O duplo, Fiódor DostoiévskiTradução de Paulo BezerraEditora 34, 256 páginas 61 - A 62 - D 63 - A 64 - D 65 - B 66 - A 67 - B 68 - D 69 - B 70 - D

71 - A 72 - A 73 - C 74 - C 75 - A 76 - C 77 - D 78 - A 79 - B 80 - C

passatempo respostas

FinjoNão chegou. Não veio. Não apareceu.

Não espantou. Não, não, não, não e não. Tic tac tic tac tic tac. Grito de tempo que passa e me deixa suando em bicas. A área de tua ausência me sopra o frenesi de uma ópera. Meu pulso acelera quando não é chamado. Quer parar de me vagar pelos cantos. Os olhos salpicam como pipocas transando na panela. Meu desejo faz pacto com um diabo de nome parecido com o que sua mãe te deu. O fim da sinfonia me cala os lábios com nesga de vento que traz um perfume muito seu. Suas pegadas quase intocáveis já não me são surpresa. Mas eu finjo para gostar mais. Tua tosse vem antes do teu beijo. E eu te gosto assim, mais normal que imaginária.

Favor não comunicarSe compreenderes a coerência da vida,

favor não comunicar. Tem muita coisa aqui que eu ainda não descobri o que é. Mas que tá bom, tá! Que mistério é silêncio necessário pro meu dia se vestir de flor e ficar ímpar.

PSICOTERAPIA

Abordagem corporal, base analítica.Depressão/ansiedade, insônia, compulsões, síndrome do pânico, fobias, doenças psicosso-máticas... Propiciando vitalidade, bem-estar e de-senvolvendo confiança, auto-estima, criatividade, auto-realizações.

Ana Maria – Psicóloga CRP 05-5977 Tel.: 2259-6788 | 9952-9840 Próxima a PUC

Page 26: Folha Carioca / Novembro 2011 / Ano 10 / nº 94

GÁVEABanca do CarlosRua Arthur Araripe, 1Tel.: 9463-0889

Banca Feliz do RioRua Arthur Araripe, 110Tel.: 9481-3147

Banca João BorgesClínica São Vicente

Banca MSVRua Mq. de São Vicente, 30Tel.: 2179-7896

Banca New LifeR. Mq. de São Vicente,140Tel.: 2239-8998

Banca Alto da GáveaR. Mq. de São Vicente, 232 Tel.: 3683-5109

Banca dos FamososR. Mq. de São Vicente, 429Tel.: 2540-7991

Banca SperanzaRua dos Oitis esq. Rua JoséMacedo Soares

Banca SperanzaPraça Santos Dumont, 140Tel.: 2530-5856

Banca da GáveaR. Prof. Manuel Ferreira,89Tel.: 2294-2525

Banca Dindim da GáveaAv. Rodrigo Otávio, 269Tel.: 2512-8007

Banca da BibiShopping da Gávea 1º pisoTel.: 2540-5500

Banca PlanetárioAv. Vice Gov. Rubens BerardoTel.: 9601-3565

Banca PinnolaRua Padre Leonel Franca, S/NTel.: 2274-4492

Galpão das Artes Urba-nas Hélio G.PellegrinoAv. Padre Leonel Franca, s/nº - em frente ao PlanetárioTel: 3874-5148

Restaurante Villa 90Rua Mq. de São Vicente, 90Tel.: 2259-8695

MenininhaRua José Roberto Macedo Soares, 5 loja CTel.:3287-7500

Da Casa da TataR. Prof. Manuel Ferreira,89Tel.: 2511-0947

Delírio TropicalRua Mq. São Vicente, 68

Chez AnneShopping da Gávea 1º pisoTel: 2294-0298

Super BurguerR. Mq.de São Vicente, 23

Igreja N. S. da Concei-çãoR. Mq.de São Vicente, 19Tel.: 2274-5448

Chaveiro Pedro e CátiaR. Mq. de São Vicente, 429Tels.: 2259-8266 15ª DP - GáveaR. Major Rubens Vaz, 170Tel.: 2332-2912

J. BOTÂNICOBibi SucosRua Jardim Botânico, 632 Tel.: 3874-0051

Le pain du lapinRua Maria Angélica, 197 tel: 2527-1503

Armazém AgriãoRua Jardim Botânico, 67 loja H tel: 2286-5383

Carlota PortellaRua Jardim Botânico, 119 tel: 2539-0694

Supermercado CrismarRua Jardim Botânico, 178 tel: 2527-2727

Posto YpirangaRua Jardim Botânico, 140 tel:2540-1470

HUMAITÁBanca do AlexandreR.Humaitá esq. R.Cesário AlvimTel.: 2527-1156

LEBLONBanca ScalaRua Ataulfo de Paiva, 80Tel.: 2294-3797

Banca Café PequenoRua Ataulfo de Paiva, 285

Banca MeleRua Ataulfo de Paiva, 386Tel.: 2259-9677

Banca NovelloRua Ataulfo de Paiva, 528Tel.: 2294-4273

BancaRua Ataulfo de Paiva, 645Tel.: 2259-0818

Banca RealRua Ataulfo de Paiva, 802Tel.: 2259-4326

Banca TopRua Ataulfo de Paiva, 900 esq. Rua General UrquisaTel: 2239-1874

Banca do LuigiRua Ataulfo de Paiva, 1160 Tel.: 2239-1530

Banca PiauíRua Ataulfo de Paiva, 1273 Tel.: 2511-5822 Banca Beija-FlorRua Ataulfo de Paiva, 1314 Tel.: 2511-5085

Banca LorenaR. Alm.Guilhem, 215 Tel.: 2512-0238

Banca Cidade do LeblonRua Alm. Pereira Guimarães, 65 Tel.: 8151-2019

Banca BB ManoelRua Aristides EspínolaEsq.R. Ataulfo de PaivaTel.: 2540-0569

Banca do LeblonAv. Afrânio M. Franco, 51 Tel.: 2540-6463

Banca do IsmaelRua Bartolomeu Mitre, 144Tel: 3875-6872

BancaRua Carlos Goes, 130Tel.: 9369-7671

Banca Encontro dos AmigosRua Carlos Goes, 263Tel.: 2239-9432

Banca LuísaRua Cupertino Durão, 84Tel.: 2239-9051

Banca HMRua Dias Ferreira, 154Tel.: 2512-2555

Banca do CarlinhosRua Dias Ferreira, 521 Tel.: 2529-2007

Banca Del SolRua Dias Ferreira, 617 Tel.: 2274-8394

Banca Fadel Fadel Rua Fadel Fadel, 200 Tel.: 2540-0724

Banca QuentalRua Gen. Urquisa, 71 BTel.: 2540-8825

Banca do Vavá Rua Gen. Artigas, 114 Tel.: 9256-9509

Banca do MárioRua Gen. Artigas, 325 Tel.: 2274-9446

Banca Canto LivreRua Gen. Artigas s/n Tel.: 2259-2845

Banca da Vilma Rua Humberto de CamposEsq. Rua Gen. Urquisa Tel.: 2239-7876

Banca Canto das Letras Rua Jerônimo Monteiro, 3010 esq. Av. Gen. San Martin

BancaRua José Linhares, 85Tel.: 3875-6759

BancaRua José Linhares, 245Tel.: 2294-3130

Banca GuilherminaR. Rainha Guilhermina, 60 Tel.: 9273-3790

Banca RainhaR. Rainha Guilhermina,155 Tel.: 9394-6352

Banca Rua Venâncio Flores, 255 Tel.: 3204-1595

Banca Miguel CoutoRua Bartolomeu Mitre, 1082Tel.: 9729-0657

Banca Palavras e PontosRua Cupertino Durão, 219Tel.: 2274-6996

BancaRua Humberto de Campos, 827Tel.: 9171-9155

Banca da EmíliaRua Adalberto Ferreira, 18Tel.: 2294-9568

BancaRua Ataulfo de Paiva com Bartolomeu Mitre

Banca Novo LeblonRua Ataulfo de Paiva, 209Tel.: 2274-8497

BancaRua Humberto de Campos, 338Tel.: 2274-8497

BancaRua Alm. Pereira Guimarães, 65

Banca J LeblonRua Ataulfo de Paiva, 50Tel.: 2512-3566

BancaAv. Afrânio Melo Franco, 353Tel.: 3204-2166

BancaRua Prof. Saboia Ribeiro, 47Tel.: 2294-9892

Banca Largo da Me-mória Rua Dias Ferreira, 679Tel: 9737-9996

Colher de PauRua Rita Ludolf, 90Tel.: 2274-8295

Garapa Doida R. Carlos Góis, 234 - lj FTel.: 2274-8186

Banca do AugustoRua Humberto de Campos, 856Tel: 3681-2379

Sapataria Sola ForteRua Humberto de Campos, 827/ETel.: 2274-1145

Copiadora Digital 310

Loteria EsportivaAv. Afrânio de Melo Franco

Loteria EsportivaAv. Ataulfo de Paiva

Vitrine do LeblonAv. Ataulfo de Paiva, 1079

Café com LetrasRua Bartolomeu Mitre, 297

Café Hum LeblonRua Gen. Venâncio Flores, 300

Tel.: 2512-3714

Leblon Flat ServiceRua Almirante Guilhem, 332

Botanic VídeoRua Dias Ferreira, 247 - Lj B

EntreletrasShopping Leblon nível A 3

Proforma Academia Rua Dias Ferreira, 33Tel: 2540-7999

BOTAFOGOBanca Bob’sRua Real Grandeza, 139 Tel.:2286-4186

FLAMENGORepública Animal Pet-shopRua Marquês de Abrantes, 178 loja bTel: 2551-3491 / 2552-4755

URCABar e restaurante UrcaRua Cândido Gafrée, 205Próximo à entrada do Forte São João

Julíus BrasserieAv. Portugal, 986Tel.: 3518-7117

Banca do Ernesto

Banca da Teca

Banca da Deusa

Banca do EPV

CENTROFaculdade de São Ben-to do Rio de JaneiroRua Dom Gerardo, 42 - 6° andarTel.: 2206-8281 – 2206-8200

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Neste Natal,o presente que estána sua imaginaçãotambém está noShopping da Gávea.

230 lojas • 4 teatros • 5 cinemas • 31 opções de gastronomia

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