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SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA – SOCIESC FACULDADE DO LITORAL CATARINENSE - FLC BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS Marcos Rodrigo Schmitt O FLUXO DE CAIXA COMO INSTRUMENTO DE PROJEÇÃO E CONTROLE NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Balneário Camboriú, SC 2012

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SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA – SOCIESC FACULDADE DO LITORAL CATARINENSE - FLC

BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Marcos Rodrigo Schmitt

O FLUXO DE CAIXA COMO INSTRUMENTO DE PROJEÇÃO E CONTROLE NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Balneário Camboriú, SC 2012

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Marcos Rodrigo Schmitt

O FLUXO DE CAIXA COMO INSTRUMENTO DE PROJEÇÃO E CONTROLE NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso à Faculdade do Litoral Catarinense, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Prof. Antonioni Colvara Bernardi Leripio, Esp.

Balneário Camboriú, SC 2012

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Marcos Rodrigo Schmitt

O FLUXO DE CAIXA COMO INSTRUMENTO DE PROJEÇÃO E CONTROLE NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Esta monografia foi apresentada, como trabalho de conclusão de curso, à

Faculdade do Litoral Catarinense, como requisito parcial para a obtenção do grau de

bacharel, e avaliada pela banca constituída pelo orientador e membros abaixo.

Balneário Camboriú, 13 de dezembro de 2012.

Banca Examinadora:

______________________________________________ Prof. Orientador Antonioni Colvara Bernardi Leripio, Esp.

FLC - SOCIESC

_______________________________________________ Membro da Banca: Prof. Joel Perozo, Msc.

FLC - SOCIESC

_______________________________________________ Membro da Banca: Prof. Mateus Pereira de Souza, Esp.

FLC - SOCIESC

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“Nossa maior fraqueza está em desistir,

O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez”.

Thomas Edison

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RESUMO

O objetivo geral do presente trabalho consiste em propor um instrumento de projeção e controle de fluxo de caixa para as micro ou pequenas empresas, de forma a subsidiar o administrador com informações gerenciais na tomada de decisão. Para alcançar tal objetivo será apresentada a estrutura e forma de elaboração da DFC – Demonstração do Fluxo de Caixa – aplicável às micro e pequenas empresas conforme estabelece a legislação contábil vigente, bem como demonstrar as suas mudanças separadamente em atividades, os métodos de aplicação dos fluxos, e suas vantagens e desvantagens; além de elaborar a ferramenta de projeção e controle do fluxo de caixa e aplicá-la em uma microempresa. Esta pesquisa pode ser delineada como aplicada, qualitativa, descritiva, documental e um estudo de caso. Verifica-se, na análise da aplicação deste instrumento, que é possível visualizar com maior facilidade os eventos financeiros da empresa. Conclui-se que o fluxo de caixa facilita o empreendedor no planejamento de seus recursos financeiros através do controle de entradas e saídas de numerários, desta forma antecipando os eventos e facilitando a análise e as decisões que possam comprometer esses recursos, utilizando-se de maneira eficaz as disponibilidades de caixa da empresa. Palavras-chave: Micro e pequenas empresas. Demonstrações contábeis. Fluxo de caixa. Tomada de decisão.

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ABSTRACT The overall goal of this work is to propose an instrument of control and forecast cash flow for micro and small enterprises in order to subsidize the administrator with information in managerial decision making. To achieve this goal will be presented the structure and form of development of DFC - Statement of Cash Flows - applicable to micro and small enterprises as stated in the accounting legislation in force, as well as demonstrating its changes separately in activities, methods of application flows , and their advantages and disadvantages, besides preparing the tool projection and control of cash flow and apply it in a microenterprise. This research can be applied as outlined, qualitative, descriptive, documentary and a case study. There is, in the analysis of the application of this tool, which you can view with ease the financial events of the company. We conclude that the cash flow facilitates the entrepreneur in planning their financial resources through the control of cash inflows and outflows, thereby anticipating events and facilitates the analysis and decisions that may compromise these features, using so effectively the company's available cash. Word keys: Micro and small enterprises. Financial statements. Cash flow. Decision making.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 1 – Funcionamento do sistema contábil .................................................... 28

Ilustração 2 – Conjunto do processo de gestão ........................................................ 38

Ilustração 3 – Ciclos de uma empresa ...................................................................... 47

Ilustração 4 – Representação do fluxo de caixa ........................................................ 54

Ilustração 5 – Fluxograma das informações preliminares do fluxo de caixa ............. 57

Ilustração 6 – Ciclo de caixa de uma empresa .......................................................... 58

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LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Conceitos Básicos de Contabilidade ...................................................... 21

Quadro 2 – Diferenças entre Cont. Financeira e Controladoria e Gestão ................. 26

Quadro 3 – Usuários Internos da Contabilidade ........................................................ 35

Quadro 4 – Usuários Externos da Contabilidade ...................................................... 35

Quadro 5 – Demonstrativo dos critérios de classificação de MPME’s ....................... 42

Quadro 6 – Fluxo de Caixa pelo Método Direto ........................................................ 64

Quadro 7 – Fluxo de Caixa pelo Método Indireto ...................................................... 65

Quadro 8 – Instrumento de Fluxo de Caixa para aplicação na empresa – 1° semestre 2011 (Realizado) ....................................................................................................... 85

Quadro 9 – Instrumento de Fluxo de Caixa para aplicação na empresa – 2° semestre 2011 (Realizado) ....................................................................................................... 86

Quadro 10 – Instrumento de Fluxo de Caixa para aplicação na empresa – 1° período 2012 (Projetado) ........................................................................................................ 87

Quadro 11 – Instrumento de Fluxo de Caixa para aplicação na empresa – 2° período 2012 (Projetado) ........................................................................................................ 88

Quadro 12 – Instrumento de Fluxo de Caixa para aplicação na empresa – 3° período 2012 (Projetado) ........................................................................................................ 89

Quadro 13 – Quadro Auxiliar de Recebimento de Vendas e Desembolsos 2011 (Realizado) ................................................................................................................ 91

Quadro 14 – Quadro Auxiliar de Recebimento de Vendas e Desembolsos 2012 (Projetado)................................................................................................................. 91

Quadro 15 – Fluxo de Caixa da empresa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME – 1° semestre 2011 (Realizado) ....................................................................................... 95

Quadro 16 – Fluxo de Caixa da empresa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME – 2° semestre 2011 (Realizado) ....................................................................................... 96

Quadro 17 – Fluxo de Caixa da empresa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME – 1° período 2012 (Projetado) .......................................................................................... 97

Quadro 18 – Fluxo de Caixa da empresa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME – 2° período 2012 (Projetado) .......................................................................................... 98

Quadro 19 – Fluxo de Caixa da empresa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME – 3° período 2012 (Projetado) .......................................................................................... 99

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LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Recebimento de Vendas e Desembolsos ano 2011 (Realizado) ............ 92

Gráfico 2 – Recebimento de Vendas e Desembolsos ano 2012 (Projetado) ............ 93

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CCT Curso de Ciências Contábeis (Sociesc)

CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CRCSC Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina

CVM Comissão de Valores Mobiliários

DFC Demonstração do Fluxo de Caixa

DLPA Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados

DMPL Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

DOAR Demonstração de Origens e Aplicações do Resultado

DRE Demonstração do Resultado do Exercício

DVA Demonstração do Valor Adicionado

EPP Empresa de Pequeno Porte

IASB International Accounting Standards Board

IFRS International Financial Reporting Standards

ME Microempresa

NBC Norma Brasileira de Contabilidade

PPC Projeto Pedagógico do Curso (Sociesc)

SOCIESC Sociedade Educacional de Santa Catarina

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

1.1 Tema ........................................................................................................... 13

1.2 Problema ..................................................................................................... 13

1.3 Objetivos ..................................................................................................... 15

1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................................... 15

1.3.2 Objetivos Específicos ........................................................................... 15

1.4 Justificativa ................................................................................................. 15

1.5 Estrutura do Trabalho ................................................................................. 16

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 18

2.1 Contabilidade e Gestão ............................................................................... 19

2.1.1 Conceitos Básicos ............................................................................... 19

2.1.2 Áreas de Concentração ....................................................................... 22

2.1.3 Contabilidade como um Sistema de Informação Organizacional ......... 29

2.1.4 Modelos e Processos de Tomada de Decisão ..................................... 36

2.1.5 Processo de Gestão: Planejamento, Execução e Controle ................. 38

2.1.6 Síntese dos Conceitos Básicos............................................................ 40

2.2 Referencial Teórico ..................................................................................... 41

2.2.1 Microempresa e Empresa de Pequeno Porte ...................................... 41

2.2.2 Gestão do Capital de Giro ................................................................... 43

2.2.3 Demonstrações Contábeis ................................................................... 47

2.2.4 Fluxo de Caixa ..................................................................................... 51

2.2.5 Projeção do Fluxo de Caixa ................................................................. 67

3 METODOLOGIA ................................................................................................ 69

3.1 O Método Científico .................................................................................... 69

3.1.1 Métodos de Abordagem ....................................................................... 71

3.1.2 Métodos de Procedimentos ................................................................. 73

3.2 Tipologia e Classificação da Pesquisa ........................................................ 74

3.2.1 Quanto à Natureza ............................................................................... 75

3.2.2 Quanto à Abordagem do Problema ..................................................... 76

3.2.3 Quanto aos Objetivos .......................................................................... 77

3.2.4 Quanto aos Procedimentos de Coleta dos Dados ............................... 78

3.3 Técnicas de Pesquisa ................................................................................. 81

3.4 Síntese da Classificação da Pesquisa ........................................................ 82

4 Análise dos Dados e Interpretação dos Resultados ..................................... 83

4.1 Caracterização da Organização Objeto de Estudo ..................................... 83

4.2 Construção da Projeção de Fluxo de Caixa da Ômega .............................. 84

4.3 Aplicação da Projeção de Fluxo de Caixa da Ômega ................................. 94

4.4 Análise da Aplicação do Fluxo de Caixa na Empresa Ômega .................. 100

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 102

5.1 Conclusões ............................................................................................... 102

5.2 Sugestões para Trabalhos Futuros ........................................................... 103

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 104

APÊNDICES ........................................................................................................... 107

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1 INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto o estudo do fluxo de caixa como

uma ferramenta de gestão nas decisões financeiras nas micro e pequenas

empresas.

O fluxo de caixa é o instrumento que permite ao administrador financeiro

conhecer com antecedência os lançamentos financeiros futuros da empresa, a

fim de programar as entradas e saídas de seus recursos em um determinado

período (ZDANOWICZ, 2000).

Assim, pretende-se com este trabalho, tornar o fluxo de caixa um

instrumento acessível e hábil ao administrador das micro e pequenas empresas

na análise da situação financeira, podendo, deste modo, definir com

antecedência as decisões, evitando acontecimentos inesperados.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

(2007), existem cerca de 3,7 milhões de empresas no Brasil, das quais 99%

(noventa e nove por cento) são de micro e pequeno porte. Sabe-se que grande

parte destas empresas encontram dificuldades no controle da sua situação

financeira, haja vista a não utilização de meios eficazes e de baixo custo de

sistemas de controle e gestão.

Com a inexistência da adoção de um fluxo de caixa, pode-se concluir que

seja esta uma das razões que determinam o alto número de mortalidade precoce

das empresas, eis que ausentes as ferramentas necessárias para o

planejamento e controle da sua liquidez, impedindo o administrador de conhecer

a realidade financeira.

Deste modo, no intuito de evitar o fim das atividades das pequenas

empresas num curto prazo, e em consequência da ingerência de seu capital,

verifica-se que a adoção de um fluxo de caixa como ferramenta de gestão nas

decisões financeiras, poderá auxiliar o administrador no controle da liquidez da

entidade.

De acordo com Ferronato (2011, p. 196), o modo como os fluxos de caixa

são administrados pode determinar o sucesso ou o fracasso das empresas, uma

vez que o caixa é vital para o bom andamento do empreendimento.

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Considerando que parte das microempresas e empresas de pequeno porte

não adotam meios de gestão eficazes, em virtude de não dispor de recursos

financeiros, faz-se necessário a adoção de um fluxo de caixa simplificado,

confeccionado em planilhas eletrônicas, tornando-o um instrumento de

gerenciamento dos processos financeiros, auxiliando o administrador na tomada

de decisões.

Nesta seção, apresentam-se, o tema, problema, objetivo geral e objetivos

específicos, a justificativa e a estrutura geral do trabalho.

1.1 Tema

Área de Concentração: Controladoria e Gestão1.

Tema de Pesquisa: O fluxo de caixa como instrumento de projeção e

controle nas micro e pequenas empresas.

A presente pesquisa tem como objeto o estudo do fluxo de caixa como um

instrumento hábil e eficaz para as microempresas e empresas de pequeno porte, a

fim de auxiliar o administrador financeiro na tomada das decisões.

1.2 Problema

As micro e pequenas empresas representam grande percentual das

entidades em atividade no Brasil, e, consequentemente, são responsáveis por uma

grande fatia de mercado que gira a economia em nosso país. Estas empresas

geram empregos e oportunidades, são os passos iniciais de futuras grandes

empresas, servindo de laboratório para empresários e executivos (KASSAI, 1997).

A sustentação e perpetuação destas empresas de pequeno porte são de

vital importância para a economia nacional, pois são elas que geram a maior parte

dos empregos e rendas. Segundo o SEBRAE (Sistema Brasileiro de Apoio às Micro

e Pequenas Empresas), são criados anualmente mais de 1,2 milhão de novos

1 Contempla o desenvolvimento de estudos e pesquisas científicas relacionadas ao fornecimento eficiente de informações gerenciais para os usuários internos, combinando contabilidade, finanças e gestão, com as técnicas de ponta necessárias para a formulação e implementação da estratégia organizacional, no contexto da controladoria, com base em uma cultura centrada no valor, na gestão do desempenho corporativo, na eficiência das operações de financiamento, na sofisticação na gestão do capital, na gestão de riscos e na governança corporativa, visando melhores tomadas de decisão. (PPC-CCT, 2012)

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empreendimentos formais no Brasil. Sendo desse total, mais de 99% micro e

pequenas empresas e empreendimentos individuais. Pesquisas realizadas por esta

mesma fonte no ano de 2010 apontam que as micro e pequenas empresas são

responsáveis por 52% dos empregos formais do Brasil. Além de ter uma

participação de 20% no PIB (Produto Interno Bruto), o que é um percentual baixo

com relação à quantidade de empresas existentes.

Em contrapartida, e não são exceções, devido a fatores inúmeros, tais como:

falta de planejamento, falta de capital de giro (caixa), avanços cotidianos de

tecnologias e crises na economia brasileira, aumento do custo de crédito,

concorrência acirrada, etc., fazem com que muitas dessas empresas, em um curto

espaço de tempo, acabem encerrando suas atividades precocemente.

Estas informações são evidenciadas na pesquisa do SEBRAE (2010), o qual

se constatou que do total dos micro e pequenos empreendimentos que iniciam suas

atividades no Brasil, 22% não conseguem manter as portas abertas por mais de dois

anos, acabam falindo, tendo como algumas das principais consequências, a falta de

planejamento financeiro e a escassez de capital de giro gerada pela inexperiência do

usuário na gestão de caixa.

O capital de giro pode servir de auxílio ao administrador financeiro dos

pequenos empreendimentos, gerando estratégia econômica sólida e eficaz para que

este tenha recursos de liquidez imediata a aplicar na empresa ou gerar lucro em

aplicações diversas. Deve focar a atenção neste sentido, pois a falta de controle nas

entradas e saídas de caixa na empresa está levando-as a encerrar as atividades, em

face da competitividade brutal do mercado atual.

Diante disto é observada a necessidade de um planejamento e controle

eficaz na organização e administração do negócio, independentemente da área de

atuação, sobremaneira, do levantamento de informações no intuito de projetar

receitas e despesas futuras.

Nesse sentido, a questão-problema, que norteia a pesquisa proposta, é:

Como a análise do fluxo de caixa e sua respectiva projeção, pode fornecer

informações financeiras úteis no processo decisório de Micro e Pequenas

Empresas?

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1.3 Objetivos

A seguir, apresentam-se, o objetivo geral e os específicos da pesquisa.

1.3.1 Objetivo Geral

Propor um instrumento de projeção e controle de fluxo de caixa para uma

microempresa ou empresa de pequeno porte de modo a subsidiar ao administrador,

com informações gerenciais na tomada de decisão.

1.3.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos são:

a) Apresentar a estrutura e forma de elaboração da Demonstração do

Fluxo de Caixa aplicável às microempresas ou empresas de pequeno

porte, de acordo com a legislação contábil vigente, assim como suas

atividades, métodos, vantagens e desvantagens;

b) Elaborar instrumento de projeção e controle de fluxo de caixa para

microempresas ou empresas de pequeno porte;

c) Aplicar o modelo elaborado na projeção e controle de fluxo de caixa na

empresa objeto deste estudo.

1.4 Justificativa

De fato, é grande o número de empresas que encerram suas atividades num

curto período de operacionalidade. Entre as micro e pequenas empresas esse

número chega a 57% (cinquenta e sete por cento) dos novos empreendimentos, que

acabam fechando as portas para o mercado em menos de cinco anos, conforme

pesquisa feita pelo IBGE em 2010.

Diante desta estatística, e sabendo que estes empreendimentos são

responsáveis por 52% (cinquenta e dois por cento) dos empregos formais diretos no

mercado nacional, este fato ocasiona reflexos crescentes na taxa de desemprego, o

que acaba influenciando negativamente na economia brasileira.

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Os pequenos empreendimentos respondem, inquestionavelmente, por

grande parcela da geração de riquezas, o que contribui sobremaneira ao

crescimento do Produto Interno Bruto do Brasil, além de democratizar o acesso ao

trabalho e possibilitar oportunidades aos novos empreendedores. (FERRONATO,

2011).

Além disto, estudos apontam que um dos motivos do precoce encerramento

desses empreendimentos estaria baseado na ineficaz administração da liquidez

destes negócios, ou seja, ingerência de caixa, e não necessariamente da

inexistência de lucro. Neste sentido, pode-se afirmar que uma empresa quebra pela

falta de caixa e não pela falta de lucro. Muitas empresas, mesmo operando com

lucros contábeis, acabaram se inviabilizando financeiramente. (SÁ, 2012).

Na atual conjuntura econômico-financeira, os empresários devem buscar

mensurar toda informação útil disponível nos relatórios contábeis, tendo em vista a

necessidade de antecipar certos acontecimentos futuros, e manter a situação da

empresa estável no mercado, o que em certas ocasiões, em que não captam

informações relevantes, acabam gerando sintomas de anomalias podendo resultar

na falência do negócio.

Na tentativa de aumentar o percentual das micro e pequenas empresas que

sobrevivem ao mercado competitivo e acirrado, é que se buscam formas de gerir o

empreendimento de modo a evitar que administradores cometam incoerências,

principalmente no que tange as disponibilidades imediatas da empresa, com a

utilização de um fluxo de caixa adequado.

A utilização desta ferramenta serve para facilitar e aprimorar a administração

de uma entidade, haja vista a real necessidade na organização de suas contas

financeiras de entradas e saídas de recursos. Seja para o presente, ou de forma a

projetar um fluxo de caixa útil para a tomada de decisões futuras.

1.5 Estrutura do Trabalho

Este trabalho está dividido em cinco (05) seções, a saber:

A presente seção, onde se expõem: o tema do trabalho, o problema, os

objetivos, geral e específicos e a justificativa.

Na segunda seção, apresenta-se a revisão de literatura, discutindo-se

conceitos e definições necessárias ao desenvolvimento da pesquisa, bem como a

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fundamentação teórica, com aspectos relevantes, inerentes ao tema principal

proposto.

A terceira seção trata sobre a metodologia da pesquisa, a tipologia da

pesquisa, classificação quanto à natureza, quanto à abordagem do problema,

quanto aos objetivos e quanto aos procedimentos de coletas de dados e as técnicas

utilizadas.

Na quarta seção é abordado um breve histórico sobre a empresa utilizada no

estudo, e proposto um instrumento de controle e projeção de fluxo de caixa ao micro

e pequeno empreendedor, bem como a sua aplicabilidade na microempresa

referenciada.

Na quinta seção, como considerações finais, apresentam-se as conclusões

do pesquisador e sugestões para pesquisas futuras.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

No auge da evolução econômico-financeira do Brasil, ultrapassando as

barreiras do subdesenvolvimento, cominando com índices crescentes de

desenvolvimento em diversos aspectos, em meio à crise internacional, podemos

encaixar estas vertentes numa projeção animadora, apresentando a contabilidade

como uma ciência em evolução.

Esta seção apresenta conceitos, definições, descrições e detalhamentos

sobre os seguintes assuntos: contabilidade gerencial, em termos gerais e suas

subdivisões, contabilidade tributária, contabilidade financeira, controladoria e gestão

e sistemas de informação contábil.

Ainda com referência a estes temas, são delimitados em suas respectivas

subseções das quais: a parte de contabilidade tributária em planejamento tributário,

contabilidade fiscal e contabilidade pública; a contabilidade financeira em análise de

demonstrações contábeis, perícia e auditoria contábil; a área de controladoria e

gestão em sistemas de planejamento, controladoria e gestão de desempenho; e os

sistemas de informações como ferramentas do processo de gestão estratégica em

gestão do conhecimento, sistemas de informação e tecnologias de apoio à gestão.

Na presente pesquisa será dado maior enfoque ao tema de controladoria e

gestão, haja vista que o tema proposto, fluxo de caixa, com sua utilização específica

como ferramenta gerencial para a tomada de decisão do micro e pequeno

empreendedor na gestão de seus empreendimentos, estarem diretamente

relacionados ao assunto.

Ainda assim, será tratado brevemente sobre cada área de atuação da

ciência contábil, por meio dessa nova conceituação de contabilidade focada na

gestão do empreendimento, tendo como principal objetivo munir o empresário/gestor

de informações relevantes para a tomada de decisão, o tema principal, contabilidade

e gestão, será evidenciado, assim como suas ramificações de atuação.

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2.1 Contabilidade e Gestão

A contabilidade pode ser conceituada como uma ciência que estuda o

patrimônio de uma entidade. Tem por objetivos captar, mensurar e processar dados

de modo a fornecer informações úteis e fidedignas aos diversos usuários, visando

subsidiar a tomada de decisões dentro e fora das organizações.

Diante desta definição, a seguir serão elencados os conceitos de

contabilidade geral, necessários ao entendimento da matéria.

2.1.1 Conceitos Básicos

A fim de compreender melhor a conceituação dessa ciência social aplicada,

voltada modernamente para o planejamento, controle, execução e gestão dos

procedimentos contábeis de uma organização como um todo, é que se explicam, por

meio de definições e classificações, a matéria proposta.

Em uma definição bem acessível aos conhecimentos diversos, pode-se

concluir que por meio da contabilidade é que se planejam os objetivos, se juntam os

resultados e se avaliam os desempenhos. Tudo gerado com base nas informações

de relatórios confeccionados por intermédio de sistemas de informações contábeis,

o que proporciona aos administradores tomar decisões quanto ao preço utilizado, ao

mix de produtos, à tecnologia a ser empregada, entre outras. (SZUSTER ET AL,

2008).

A contabilidade é proposta aos seus usuários como meio de facilitar o

andamento do negócio, sempre na busca por redução de custos e maximização de

resultados. Tem por escopo e ética, os segmentos indispensáveis à honestidade,

sempre seguindo os princípios fundamentais e pressupostos básicos da

contabilidade.

Segundo Ferronato (2011, p. 117): “a Contabilidade nasceu das mãos do

gestor patrimonial, como instrumento de controle e como uma ferramenta auxiliar do

processo decisório”.

Desde o ano de 2006, quando da criação do Comitê de Pronunciamentos

Contábeis (CPC), é que se passou a centralizar e uniformizar o processo de

emissão de pronunciamentos sobre os procedimentos de contabilidade. Essa nova

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estruturação conceitual foi atualizada e regulamentada em 2011, conforme

regulamenta o pronunciamento contábil CPC 00.

O fundamento principal de uma entidade empresarial é o cumprimento de

sua missão, respeitando os valores desde a criação e no andamento do processo de

informação que é gerado por meio da contabilidade, até a mensuração desta

informação e utilização no contexto de produzir resultados positivos ao

empreendimento. (PADOVEZE, 2009).

Em se tratando de um novo conceito, totalmente convergente às Normas

Internacionais de Contabilidade (IFRS), a cargo do IASB – International Accounting

Standard Board, os empresários brasileiros, incluindo os pequenos e médios

empreendedores, passaram a se adaptar a esses conceitos, sempre buscando

alcançar os objetivos da contabilidade.

Por se tratar de uma ciência social, a contabilidade tem por objetivo

mensurar as informações, para assim poder informar, aspectos quantitativos e

qualitativos do patrimônio de quaisquer entidades. Serve como instrumento de

gestão e controle das empresas e tem por propósito básico a geração de

informações úteis para a tomada de decisões de seus diretores, administradores,

gestores e todos os interessados. (SZUSTER ET AL., 2008).

Resumidamente, os objetivos da contabilidade, pois, devem ser aderentes,

de alguma forma explícita ou implícita, àquilo que o usuário considera como

elementos importantes para seu processo decisório, conforme define a Comissão de

Valores Imobiliários (CVM) e o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

(IBRACON).

Por fim, para um entendimento exacerbado do conteúdo proposto neste

trabalho científico, e pretendendo evidenciar determinados conceitos básicos da

contabilidade geral, no intuito de definir esclarecimentos futuros ao tema

pesquisado, para tanto, é que será apresentado um rol de definições e significados

fundamentais à matéria.

Neste sentido, partindo do pressuposto da necessidade de compreensão

dos termos básicos da contabilidade, Padoveze (2009) define assim alguns

conceitos, como pode ser verificado no Quadro 1.

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Ativos

São os recursos controlados pela entidade, capazes de gerar fluxos de caixa futuros. Benefício futuro de um ativo significa ter potencial para contribuir para o fluxo de caixa e equivalentes de caixa. É a parte positiva do patrimônio e está representada pelos bens e direitos da empresa.

Ativos Circulantes ou Financeiros

Entende-se pela facilidade de conversão em moeda. Os itens circulantes e financeiros podem assim ser chamados por se tratarem de contas em que são de imediata liquidez para poder cumprir com as obrigações da empresa.

Ativos Não Circulantes ou Não

Financeiros

São assim definidos, pois, apesar de comporem o capital de bens e direitos, tem um grau de liquidez menor aos disponíveis, assim como os ativos permanentes.

Passivos

São os recursos consumidos pela empresa para a geração de fluxos de caixa futuros. É a parte negativa do patrimônio e está representada pelas obrigações da entidade para com terceiros, no período corrente. São obrigações resultantes de eventos ocorridos e que exigirão de ativos para a sua liquidação.

Passivos Circulantes

Entende-se pelo grau de quitação das obrigações. Os passivos circulantes se tratam de obrigações com vencimentos dentro do período do exercício atual, com menores prazos, no máximo 360 dias. Podemos exemplificar com: fornecedores, empréstimos e financiamentos, salários a pagar, provisões de férias, obrigações sociais, fiscais e tributárias.

Passivos Não Circulantes

Os passivos não circulantes representam as obrigações futuras, com vencimentos no próximo exercício, tais como: financiamentos e empréstimos a longo prazo.

Patrimônio Líquido

É constituído da aplicação dos sócios na entidade, acrescidos dos lucros, ou decrescidos dos prejuízos, no decorrer das atividades da empresa. Definido como a diferença entre ativos e passivos.

Caixa Compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis.

Equivalentes de Caixa

São aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor.

Quadro 1 – Conceitos Básicos de Contabilidade

Fonte: Padoveze, 2009.

Page 22: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

22

A partir do conhecimento destes conceitos essenciais a aplicabilidade da

ciência contábil, a próxima seção discorrerá sobre as áreas que se concentram a

contabilidade.

2.1.2 Áreas de Concentração

Neste tema serão abordadas as definições e conceitos de contabilidade, em

âmbito global, voltada para a gestão, planejamento e controle do negócio,

denominada de contabilidade gerencial, os seus termos gerais e subdivisões,

constituída pela contabilidade tributária, pela contabilidade financeira, pela

controladoria e gestão e por sistemas de informação contábil.

Todas essas áreas contemplam a totalidade dos usuários da informação

contábil, sempre utilizada como ferramenta de gestão, o que com a convergência às

normas internacionais, vem exigindo mais do profissional da contabilidade,

cobrando-o sobremaneira do conhecimento de diversas áreas ligadas a essa

ciência, tais como: conceitos econômicos, governança corporativa, entre outros.

Aqui serão apresentadas as áreas de concentração da contabilidade,

definindo alguns breves conceitos, classificações e objetivos destas, para fins

gerenciais da contabilidade.

2.1.2.1 Contabilidade Tributária

Para obter uma definição concreta do tema contabilidade tributária, é

necessário o discernimento sobre o aspecto tributário de uma entidade. E isto

remete aos princípios diretamente relacionados à cobrança de impostos e taxas de

uma empresa. A contabilidade tributária vem tratar de assuntos relacionados à

tributação, porém direcionada a gestão deste tema, de forma a se utilizar dos

procedimentos contábeis, visando tão e somente à diminuição destes dispêndios

com base na legislação pertinente a cada situação.

Em um conceito resumido, Fabretti (2009, p. 5) diz: “é o ramo da

contabilidade que tem por objetivo aplicar na prática conceitos, princípios e normas

básicas da contabilidade e da legislação tributária, de forma simultânea e

adequada”.

Page 23: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

23

De um ponto de vista mais elaborado, o projeto pedagógico deste curso

conceitua a contabilidade tributária como o conjunto dos estudos e pesquisas

científicas desenvolvidos com a finalidade de gestão tributária de uma determinada

organização, por intermédio do fornecimento e análise das informações para o

planejamento, o controle e a tomada de decisões, as quais estejam diretamente

relacionadas com tributos.

Pode-se classificar a parte da contabilidade tributária em três subdivisões

que tratam especificamente da parte do planejamento tributário, da contabilidade

fiscal e da contabilidade pública.

A contabilidade tributária abrange os aspectos de apuração, de gestão e de

planejamento tributário, e é parte do âmbito da Contabilidade Gerencial, uma vez

que qualquer decisão tributária afeta necessariamente os negócios da empresa,

bem como qualquer decisão gerencial só é considerada válida se os impactos

tributários forem devidamente avaliados. A elevada carga tributária apresentada

neste país só faz aumentar a importância desta integração entre as decisões

tributárias e as decisões gerenciais. (PADOVEZE, 2009).

Com a convergência às Normas Internacionais de Contabilidade, tem-se

buscado, através do CFC, e por meio do Comitê de Pronunciamentos Contábeis,

estabelecer a contabilidade não apenas como uma obrigatoriedade de tratamento

dos registros contábeis para os ajustes tributários, e sim como ferramenta de auxílio

ao planejamento tributário. (FEBRETI, 2009)

Desta forma, a área tributária na contabilidade é ferramenta indispensável

aos usuários externos e internos da organização, voltando sua atenção às

necessidades e obrigações das entidades em cumprir com as exigências da

legislação em vigor na atualidade.

Também denominada de Contabilidade Fiscal, tem como objetivo fornecer

dados ao órgão tributante, o Governo, principalmente à Secretaria da Receita

Federal. A elaboração de um planejamento tributário é de fundamental importância

na antecipação dos impostos gerados nas transações e na estruturação das

operações, sempre buscando minimizar a carga tributária, de maneira lícita.

(SZUSTER ET AL., 2009).

O planejamento tributário, em todos os seus aspectos, é de suma

importância para as empresas, levando em consideração as diferentes taxas,

impostos e contribuições existentes em nosso país, pois a carga tributária é elevada,

Page 24: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

24

e na atualidade, este fator tem representatividade significativa no montante

financeiro, o qual pode interferir negativamente no resultado econômico das

empresas.

2.1.2.2 Contabilidade Financeira

A contabilidade financeira contempla o desenvolvimento de estudos e

pesquisas científicas relacionadas aos aspectos de identificação, mensuração e

divulgação da informação contábil para usuários externos, mediante relatórios que

evidenciem a situação econômico-financeira e a mutação patrimonial das

organizações, incluindo abordagens preditivas e análises dos aspectos conceituais

e/ou empíricos dos mercados em que tais entidades atuam, e estudos sobre temas

envolvendo as atuais prerrogativas profissionais do contador em auditoria, perícia e

análise das demonstrações contábeis, conforme conceituação do projeto

pedagógico do curso de ciências contábeis da Sociesc.

A área da contabilidade financeira pode ser ramificada em três áreas

distintas de atuação, consideradas de maior importância aos usuários externos da

entidade, que são: a análise das demonstrações contábeis, a perícia e a auditoria

contábil.

O autor ressalta que a contabilidade financeira tem sua finalidade,

principalmente, voltada para o público externo à entidade, ou seja, é relacionada

com o fornecimento de informações para os acionistas, credores e outros que estão

fora da organização. (PADOVEZE, 2009).

Por isso a Contabilidade Financeira, também é definida como Contabilidade

Externa, a qual trata dos recursos financeiros, obrigações e atividades da entidade

legal. É direcionada, principalmente, ao público externo, com objetivos de orientar

investidores e credores na decisão de alocarem seus recursos. Também são

utilizadas por muitas outras pessoas, tais como os executivos e empregados da

empresa, fornecedores e outros externos à empresa. (SZUSTER ET AL., 2008).

Tem sua função principal na obtenção de relatórios contábeis, sempre

buscando dar publicidade a realidade econômico-financeira da entidade, no intuito

de proporcionar a inserção de novos investidores ou acionistas, bem como

possibilitar a obtenção de empréstimos, financiamentos ou investimentos de fontes

diversas.

Page 25: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

25

Pode-se concluir que a contabilidade financeira é a contabilidade tradicional,

utilizada como instrumento acessório no desenvolvimento dos relatórios contábeis, a

fim de propiciar aos usuários externos informações as suas necessidades de

atender as regras estabelecidas.

2.1.2.3 Controladoria e Gestão

A controladoria pode ser definida como um centro administrativo responsável

pela utilização de toda informação contábil extraída de uma empresa, com a função

de mensurar, analisar, corrigir e coordenar todo o aparato contábil disponível na

organização, para satisfazer os usuários.

A controladoria e gestão, de acordo com o projeto pedagógico do curso de

ciências contábeis da Sociesc, contempla o desenvolvimento de estudos e

pesquisas científicas relacionadas ao fornecimento eficiente de informações

gerenciais para os usuários internos, combinando contabilidade, finanças e gestão,

com as técnicas de ponta necessárias para a formulação e implementação da

estratégia organizacional. Neste contexto de controladoria, com base em uma

cultura centrada no valor, na gestão do desempenho corporativo, na eficiência das

operações de financiamento, na sofisticação, na gestão do capital, na gestão de

riscos e na governança corporativa, sempre visando melhores tomadas de decisão.

Direcionada para atender aos usuários internos, a área de controladoria e

gestão possui três subdivisões, que são: os sistemas de planejamento, a

controladoria e a gestão de desempenho, assim classificadas para poderem atender

especificamente cada necessidade de obtenção da informação contábil.

A Controladoria é responsável pela utilização de todo o conjunto da Ciência

Contábil dentro de uma entidade. Por se tratar de uma ciência do controle em todos

os aspectos temporais (passado, presente e futuro), e por ser social exige a

constante comunicação da informação, neste caso, a informação econômica, assim,

a Controladoria é responsável pela implantação, desenvolvimento, aplicação e

coordenação de toda estrutura contábil, nas mais diversas necessidades.

(PADOVEZE, 2007).

Destarte, com uma definição conceitual destas áreas da contabilidade, pode-

se definir e identificar as principais diferenças entre a contabilidade financeira e a

controladoria e gestão, conforme pode ser observado no Quadro 2.

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DIFERENÇAS ENTRE A CONTABILIDADE FINANCEIRA E A CONTROLADORIA E GESTÃO

Contabilidade Financeira Controladoria e Gestão

Usuários Externos e internos. Internos.

Relatórios Padronizados. Customizados.

Escopo

Decisões de investimento, crédito, fornecimento de produtos e serviços, parcerias, compras de produtos e serviços.

Apoiar o processo de gestão (planejamento, execução e controle).

Desempenho Global. Situação financeira, resultado, resultado abrangente e fluxo de caixa.

Localizado. Desempenho dos gestores e centros de resultado, e fluxo de caixa específico.

Padrões

Características qualitativas de informação em demonstrações contábeis e normas por órgãos reguladores e governo.

Definidos pelos gestores.

Critérios

Contábeis, tendendo a econômicos quando aplicadas as normas de contabilidade internacionais.

Econômicos.

Restrições nas informações fornecidas

Princípios contábeis geralmente aceitos.

Nenhuma restrição, exceto as determinadas pela administração.

Pressuposição Objetividade ou subjetividade responsável quando aplicados às normas internacionais. Auditável.

Subjetividade.

Periodicidade Anual, trimestral e mensal dependendo do tipo de empresa.

Especificado pelo usuário interno. Podem ser únicos e específicos ou com periodicidade definida.

Característica da informação fornecida

Deve ser objetiva (sem viés), verificável, relevante e a tempo.

Deve ser relevante e a tempo, podendo ser subjetiva, possuindo menos verificabilidade e menos precisão.

Temporalidade Pretérita. Atual e Prospectiva.

Quadro 2 – Diferenças entre Cont. Financeira e Controladoria e Gestão

Fonte: Adaptado de Gimenez e Oliveira, 2011.

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27

Como está ilustrada no quadro anterior, a diferença evidente entre as

contabilidades financeira e gerencial (controladoria e gestão) são as suas

aplicabilidades, na primeira está mais voltada para atender as exigências da

legislação com a apresentação de relatórios obrigatórios, e na segunda, tem sua

principal utilização na gerência, com a elaboração de relatórios gerenciais.

2.1.2.4 Sistemas de Informação e Contabilidade

O sistema de informação contábil contempla o desenvolvimento de estudos

e pesquisas científicas relacionadas à gestão dos Sistemas de Informações como

ferramentas do processo de gestão estratégica, tática e/ou operacional, e

elementos-chave para a inovação tecnológica nas organizações, promover a

geração e a disseminação do conhecimento, facilitar a comunicação, aumentar a

competitividade e o retorno sobre os investimentos, a maximização do valor e a

otimização organizacional. (PPC-CCT, 2012)

É essencial que uma empresa possua um sistema de informação contábil, e

para o seu estudo, pode-se classificar os sistemas de informações em três

subdivisões essenciais para o seu entendimento e aplicabilidade para o processo de

gestão estratégica. As subdivisões são: gestão do conhecimento, sistemas de

informação e tecnologias de apoio à gestão.

Para que a contabilidade venha a se tornar um instrumento gerencial, é

essencial a construção de um Sistema de Informação Contábil Gerencial.

Resumidamente, é possível fazer e é possível ter contabilidade gerencial dentro de

uma entidade, com a construção de um Sistema de Informação Contábil.

(PADOVEZE, 2009).

Segundo a CVM e o IBRACON, a Contabilidade é, objetivamente, um

Sistema de Informação e Avaliação destinado a prover seus usuários com

demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de

produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização.

Sistema de informação pode ser conceituado como um conjunto de recursos

humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo uma sequencia

lógica para o processamento de dados e tradução em informações, para com seu

produto, permitir às organizações o cumprimento de seus objetivos principais.

(PADOVEZE, 2009).

Page 28: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

28

Seguindo o pensamento de Padoveze, a busca da informação contábil que

satisfaça as necessidades dos diversos usuários, é necessário seguir uma rotina de

processos de recebimento, registro, arquivamento, análise, e por fim o

processamento, transformando-os em relatórios, assim como podemos verificar na

Ilustração 1.

Ilustração 1 – Funcionamento do sistema contábil

Fonte: Adaptado de Gimenez e Oliveira, 2011.

Em consonância a matéria, na sua aplicabilidade aos sistemas de apoio à

gestão, o sistema de informação contábil é de suma importância neste processo,

tendo em vista a sua empregabilidade e funcionalidade na área gerencial, auxiliando

sobremaneira na finalidade de gerenciar a informação contábil, quantificando os

resultados, e assim, mensurando em sua qualidade para obter base segura na

tomada de decisão.

São os sistemas ligados à vida econômico-financeira da empresa, e

principalmente para atingir às necessidades de avaliação do desempenho dos

usuários internos. A principal utilização é no planejamento e controle financeiro e a

avaliação de desempenho dos negócios. Deve estar preocupado com as

informações necessárias para a gestão econômico-financeira da empresa, tendo

como base as informações de processo e quantitativas, geradas pelos sistemas

operacionais. (PADOVEZE, 2007).

Page 29: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

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As informações contábeis destinadas a usuários externos não suprem

adequadamente os modelos decisórios dos usuários internos. Os responsáveis pela

gestão econômica da empresa necessitam de informações adequadas aos seus

modelos de decisão. Assim, os sistemas de informações contábeis devem dar o

devido suporte informativo a cada etapa do processo de tomada de decisão.

(GUERREIRO, 1992).

De tal maneira, verifica-se que o sistema de informação na contabilidade é

fundamento básico no processo de transformação da informação contábil, sendo

organizado em todas as suas etapas, com o objetivo final de utilização da

informação gerada pelos relatórios, a fim de controlar o processo de gestão da

empresa.

2.1.3 Contabilidade como um Sistema de Informação Organizacional

A contabilidade tem sua função essencial na busca pela elaboração de um

sistema de informação organizacional, a qual, a tendência é proporcionar, diante de

seus relatórios contábeis, segurança ao administrador/gestor do empreendimento na

tomada de decisão.

Nos pequenos negócios, esta busca ainda é mais preciosa, pois um

pequeno desvio pode gerar impacto fatal na administração do empreendimento.

Uma das dificuldades encontradas é a falta de conhecimento dos pequenos

empresários sobre a contabilidade. Este desconhecimento torna dificultosa a

compreensão da informação contábil, resultando assim, no pouco aproveitamento

dos relatórios contábeis para o processo de decisões econômico-financeiras da

empresa.

Neste sentido, são imprescindíveis no mundo dos negócios algumas noções

básicas de contabilidade, por quatro razões: primeiro que a Contabilidade é a

linguagem dos negócios; segundo que se trata do insumo básico para a tomada de

decisões dos agentes econômicos; terceiro motivo é que de nada adianta o

fornecimento de demonstrações gerenciais sem que o pequeno empreendedor saiba

interpretar essas informações, e por último, a Contabilidade é uma ciência social e o

seu propósito é prover de informações úteis os tomadores de decisões.

(FERRONATO, 2011).

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30

Destaca-se assim, que a informação contábil, para que seja utilizada no

processo de projeção e gestão administrativa, é necessário que essa informação

contábil seja desejável e útil para as pessoas responsáveis pela administração da

entidade. Uma informação, só é desejável se conseguida a um custo adequado e

interessante para a entidade. (PADOVEZE, 2009).

Na seção seguinte será tratado sobre o ciclo contábil, conceitos, etapas e

características peculiares ao processo como um todo.

2.1.3.1 Ciclo Contábil

O ciclo contábil nada mais é do que o conjunto de todas as etapas que

envolvem a ciência contabilidade e o estudo de seu objeto. O processo no qual

contempla toda a trajetória da informação desde a sua captação, seu

reconhecimento, sua mensuração, sua classificação, sua sumarização até a sua

evidenciação, no que atinge o patrimônio de uma entidade.

Consiste na sequência dos procedimentos contábeis utilizados para

identificar, classificar, mensurar, registrar, acumular, sumarizar e evidenciar a

informação contábil. Trata-se do processo para a elaboração das Demonstrações

Contábeis, partindo das transações econômicas realizadas. O ciclo se refere à

repetição contínua das etapas, o que possibilitará uma atualização constante.

(SZUSTER ET AL., 2008).

Pode ser classificado em cinco fases distintas, sendo elas a captação,

reconhecimento, processo de acumulação, sumarização e evidenciação.

Szuster (2008) classifica o ciclo contábil nestas cinco fases:

A primeira fase começa com a captação dos dados sobre os atos e fatos que

afetam o patrimônio da entidade, isto é, das informações sobre as transações

realizadas por ela e dos demais eventos que afetam seu patrimônio, independente

da ação da entidade. É o ato de analisar os documentos distintos e eventos

macroeconômicos que afetam a entidade.

A segunda fase é a do reconhecimento destes atos e fatos com implicações

em diversas decisões, no reconhecimento das transações, no momento deste

reconhecimento, qual a sua classificação e os critérios adequados da mensuração e

valores.

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31

Na terceira fase é que se dá o processo de acumulação, o qual consiste na

estruturação de um banco de dados, elaborado por intermédio dos registros

reconhecidos na fase anterior. A utilização de sistemas informatizados é fato usual

atualmente, devido à agilidade e precisão do processo.

Como quarta fase tem-se o processo de sumarização dos dados, até então

processados e organizados, resumindo-os e transformando-os em informações úteis

aos seus usuários. O primeiro passo desta fase é a identificação das necessidades

e, posteriormente, são elaborados os relatórios contábeis.

Na última e quinta fase do ciclo é que se dá a evidenciação, quando ocorre a

divulgação dos relatórios, tornando-os públicos, isto é, acessíveis ao conhecimento

de seus usuários, de acordo com o exercício social da entidade, realizado pela

administração do empreendimento.

Por meio deste ciclo contábil é que a empresa consegue obter as

informações contábeis necessárias à confecção de um fluxo de caixa de natureza

relevante e útil, possibilitando assim, ao administrador da informação contábil, tomar

decisões para evitar os resultados inesperados no caixa da empresa. Sendo assim,

a informação contábil deverá apresentar características específicas, conforme será

tratada no assunto seguinte.

2.1.3.2 Características Qualitativas da Informação Contábil

Características qualitativas são atributos que tornam as demonstrações

contábeis úteis aos seus leitores. Sua qualidade poderá ser mensurada pelo grau de

satisfação das necessidades dos consumidores, ou seja, dos usuários das

informações contábeis. Uma maior qualidade da informação contábil gera maior

utilidade ao processo decisório e para a compreensão da empresa analisada.

(SZUSTER, 2008).

A qualidade da informação contábil-financeira é de fundamental importância,

e está diretamente ligada a sua utilidade, voltada exclusivamente a atender as

expectativas de investidores, credores e outros potenciais interessados

externamente ao negócio. Necessitam ser altamente relevantes e representarem

com fidedignidade aquilo que se propõem.

As características qualitativas englobam diversos atributos que tornam as

demonstrações financeiras úteis para a grande maioria de seus usuários. Sempre

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32

objetivando prepará-la, sem viés, a fim de não interferir na decisão final. (GIMENEZ

e OLIVEIRA, 2011)

Para que exista uma melhor compreensão e possa atender em sua

totalidade as necessidades dos usuários das demonstrações contábeis, estas

precisam ter como características qualitativas fundamentais: a relevância, a

materialidade e a representação fidedigna, e como características qualitativas de

melhoria: a comparabilidade, a verificabilidade, a tempestividade e a

compreensibilidade, conforme o capítulo 3, Pronunciamento Conceitual Básico (R1),

do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

A relevância é uma das características qualitativas fundamental, e a

informação para ser relevante necessita ser útil, e, consequentemente,

indispensável às necessidades de cada usuário específico na tomada de decisões.

Para isto, a informação precisa auxiliar na avaliação das atividades já desenvolvidas,

revelando novos fatos e descobrindo novos caminhos a serem explorados, ou ainda,

confirmando fatos já desenvolvidos.

De acordo com o Pronunciamento Conceitual Básico do CPC, a informação

contábil-financeira tem valor confirmatório se retroalimentar – servir de feedback –

avaliações prévias (confirmá-las ou alterá-las). A relevância é diretamente afetada

pela sua natureza e materialidade. A materialidade é um aspecto de relevância

específico da entidade baseado na natureza ou na magnitude, ou em ambos.

Outra característica qualitativa fundamental da informação é a representação

fidedigna, a qual nos remete a intenção de representar a realidade com maior

autenticidade possível da informação, mediantes relatórios completos, sem

interferências e livre de erros (proximidade máxima da perfeição). Segundo o CPC

(QC12), o objetivo é maximizar os atributos referenciados, na extensão que seja

possível.

Para que o processo seja mais eficiente e significativo na busca de

características qualitativas fundamentais é necessário que se identifique o fenômeno

econômico que seja potencialmente útil para os usuários, extraindo-se daí, a

informação mais relevante, para representá-la com fidedignidade, e então

determinar se esta informação poderá ser representada com autenticidade,

transformando-se num ciclo de análise de relevância dessas informações. (CPC,

QC18)

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33

Ainda, podemos observar algumas importantes características qualitativas

de melhoria, as quais tendem a maximizar a utilidade da informação útil, material e

fidedigna.

A comparabilidade é essencial para a avaliação comparativa das

demonstrações contábeis, de períodos divergentes ou entidades distintas, e também

avaliar posições financeiras e patrimoniais de uma entidade, bem como os

desempenhos e fluxos de caixa presentes e futuros.

O CPC define como sendo a característica qualitativa que permite que os

usuários identifiquem e compreendam similaridades dos itens e diferenças entre

eles.

Outra característica, a verificabilidade, ajuda a confirmar a relevância e

utilidade da informação contábil econômico-financeira, por diferentes observadores,

chegando num acordo comum de representatividade fidedigna dessa informação.

Para majorar a qualidade dessa informação, deverá ser utilizada de forma

tempestiva, ou seja, oferecer aos usuários dentro do tempo para executar a tomada

de decisão. A elaboração de relatórios em período oportuno às necessidades,

possibilita oferecer informações confiáveis, dentro das imposições impostas pelo

mercado e pela legislação em vigor.

De acordo com Gimenez e Oliveira (2011, p. 69): “a tomada de decisão

exige a informação tempestiva, no momento oportuno, no tempo que é necessária

para apoiar o processo decisório, sendo que o atraso pode tornar a informação

inútil”.

Já a compreensibilidade é uma qualidade essencial, pois é fundamental que

os relatórios contábeis sejam de fácil compreensão pelos seus usuários, incluindo

nesse rol pessoas não contadores, interessados em compreender a situação

patrimonial e financeira da empresa. (SZUSTER ET AL, 2008)

A elaboração de um fluxo de caixa deve contemplar todas essas

características apresentadas, em virtude da necessidade de propiciar aos usuários

dos relatórios contábeis, confiança e, principalmente, relevância e fidedignidade da

informação, propiciando base segura para a tomada de decisões financeiras aos

administradores da entidade.

Na próxima seção trataremos da classificação destes usuários da

informação contábil, apresentando sua descrição e definições.

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2.1.3.3 Usuários da Informação Contábil

Sabendo do objetivo principal da contabilidade, que é a geração de

informações úteis para os usuários tomarem decisões no processo de gestão

empresarial, cabe aqui classificar e definir quem são os usuários da informação

contábil. Os estudiosos da ciência contábil normalmente dividem em dois grupos

distintos: os usuários internos e os usuários externos.

Nesse sentido, sabe-se que a coleta, o registro e a sumarização da

informação econômica visam fundamentar o processo decisório de todas as pessoas

relacionadas com as entidades, tais como os administradores, os investidores, o

Governo, os empregados, os financiadores e toda a sociedade, entre os agentes

econômicos internos e externos. (SZUSTER ET AL., 2008)

Os usuários internos, assim definidos, são aqueles que exercem suas

funções dentro da entidade, basicamente se utilizam da informação contábil para o

planejamento e controle, tais como: os funcionários, os administradores, os gerentes

etc.

Em contrapartida, os usuários externos podem ser definidos como aqueles

que atuam externamente à empresa, ou seja, utilizam da informação contábil para

fins de fiscalização, investimento, aprovação de financiamentos, entre outros. Como

exemplos têm: os investidores, os sócios, os acionistas, os fornecedores, as

instituições financeiras, o Governo, os sindicatos, a Comissão de Valores Mobiliários

(CVM) etc.

Como principais usuários internos da contabilidade, podemos destacar e

definir de acordo com o exposto no Quadro 3.

Usuário Definição

Gestores

Responsáveis por acompanhar o desenvolvimento da estratégia e garantir que o cumprimento das metas esteja em consonância com a expectativa dos usuários externos.

Financeiro

É onde os números são analisados e comparados, sendo responsável pelo financiamento, investimentos e gestão financeira das operações, sempre buscando a continuidade e crescimento da entidade.

Recursos Humanos

Preocupam-se com a política de recursos humanos, integrando os recursos humanos aos objetivos estratégicos.

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Marketing

Utiliza da informação contábil para elaborar uma estratégia objetivando atingir uma meta de volumes, preços e lucros previstos no orçamento.

Produção

Se utiliza das informações contábeis para dar apoio no planejamento e controle operacional e estratégico da produção, sempre com a ajuda de aplicativos informacionais e sistemas inteligentes.

Quadro 3 – Usuários Internos da Contabilidade

Fonte: Gimenez e Oliveira (2011) e Padoveze (2009).

Já os principais usuários da informação contábil, denominados de usuários

externos, estão definidos de acordo com o Quadro 4.

Usuário Definição

Investidores

Os quais analisam a empresa como uma oportunidade de maximizar sua riqueza.

Comunidade/ Consumidores

Os quais possuem preocupações mais voltadas aos aspectos socioambientais e têm interesse em conhecer a posição das empresas neste aspecto.

Sindicatos

Têm como escopo negociar junto às entidades patronais, ou empresas, os reajustes dos colaboradores.

Fornecedores

Os quais verificam a capacidade de cumprir com os compromissos pelo fornecimento de mercadorias ou serviços.

Governo

Utiliza das demonstrações contábeis para o controle das obrigações acessórias: arrecadação dos tributos, determinar políticas tributárias, preparar a estatística da renda nacional, ou regulamentar as atividades das entidades.

Quadro 4 – Usuários Externos da Contabilidade

Fonte: Gimenez e Oliveira (2011) e Padoveze (2009).

Enfim, a contabilidade como uma linguagem de processamento de dados e

obtenção de informações, promove aos diversos usuários instrumentos para que

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exerçam suas atividades como um todo e, assim, cumpram suas tarefas no controle

dos resultados.

O fluxo de caixa, como ferramenta de controle e gestão financeira, tem se

destacado por sua utilidade primordial aos usuários internos da empresa,

principalmente aos administradores e gerentes financeiros, devido a sua eficácia na

utilização do fluxo de caixa projetado, o que tem contribuído sobremaneira na

antecipação de fatores favoráveis e desfavoráveis ao gestor da micro e pequena

empresa. (GIMENEZ E OLIVEIRA, 2011)

Sendo a demonstração do fluxo de caixa uma ferramenta de gestão, que

tem por objetivo propiciar ao usuário desta demonstração tomar decisões com base

em informações relevantes ao processo, destaca-se no próximo item informações

acerca dos modelos e processos de tomada de decisão nos empreendimentos.

2.1.4 Modelos e Processos de Tomada de Decisão

O processo de tomada de decisão em uma empresa passa por algumas

etapas, na busca da informação contábil trabalhada em diferentes fases. É essencial

para o usuário da informação contábil, neste caso o tomador de decisão, obter base

segura e fidedigna, para assim, poder decidir a melhor alternativa a ser tomada,

sempre buscando reduzir custos e maximizar o resultado.

O modelo de decisão é a ferramenta utilizada na gestão com o objetivo de

medir as consequências que surgirão das alternativas disponíveis e para definir as

melhores alternativas. Tem sua busca, principalmente, nas definições das

alternativas a fim de buscar decisões de planejamento para o melhor funcionamento

do sistema de informações. As decisões são embasadas por variáveis

independentes. (MOSIMANN e FISCH, 2009).

Existem diversos modelos de decisão a serem tomadas pelos usuários da

informação contábil, dentre esses modelos podemos destacar: modelo de decisão

para definição da estrutura do ativo, modelo de decisão para emprestar ou não

emprestar, modelo de decisão de preços, modelo de decisão da margem de

contribuição, modelo de decisão geral para política de redução de custos, modelos

de decisão para os principais eventos econômicos, entre outros.

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37

Para Mosimann e Fisch (2009), a decisão é a escolha de uma ação definida

em um determinado ponto do tempo, e os elementos essenciais para esta decisão

são:

a) o tomador de decisões – indivíduo ou grupo que está tomando a decisão;

b) os objetivos – fins buscados pelo tomador de decisões quando efetua a

sua escolha;

c) o sistema de valor ou preferências relativo aos critérios utilizados pelo

indivíduo ou grupo quando toma as decisões;

d) as estratégias – os diferentes cursos de ação que o indivíduo ou grupo

pode escolher com base nos recursos sob seu controle;

e) os estados ambientais – fatores que não estão sob o controle do

indivíduo ou grupo, mas que afetam decisivamente na escolha da

estratégia mais adequada;

f) os resultados ou consequências – derivados de uma dada estratégica e

de um dado estado ambiental; e

g) o ponto do tempo em que a decisão foi tomada.

O processo de gestão das empresas está diretamente ligado à necessidade

de se tomar decisões, e assim como a gerência do empreendimento, a tomada de

decisão também passa por um complexo processo, resultando na tomada de

decisão.

A fim de serem tomadas decisões relevantes e oportunas, pode-se definir

uma sequência lógica de eventos para compor o processo de tomada de decisões,

que são: 1) reconhecer um problema ou a necessidade de uma decisão; 2) definir

todas as alternativas possíveis de solução ao problema; 3) reunir as possíveis

informações relevantes às soluções levantadas; 4) avaliar e classificar os méritos

das soluções hipotéticas; 5) selecionar a melhor solução alternativa; e 5) validar a

decisão pelo retorno da informação positiva. (MOSIMANN e FISCH, 2009)

Com isto, o modelo de decisão é suportado por variantes independentes e

dependentes, que formam um conjunto de variáveis de fundamental importância na

tomada de decisões.

Torna-se necessário que sejam tomadas decisões relevantes em todas as

fases do processo de gestão na entidade, chamado de resolução de problemas, pois

se inicia da necessidade de inovar algo ou reparar determinadas falhas.

Page 38: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

38

Consequentemente, as decisões são tomadas em todas as fases do processo,

sejam no Planejamento Estratégico, no Planejamento Operacional, na Programação,

na Execução e no Processo de Controle. (PADOVEZE, 2007).

O modelo de decisão deve ser significativo para o tomador de decisão e

atender ao seu processo lógico e específico para cada natureza do evento ou

problema a ser resolvido.

2.1.5 Processo de Gestão: Planejamento, Execução e Controle

O processo de gestão pode ser conceituado como um processo decisório, o

qual se apresenta num conjunto de procedimentos para decisões, em todas as suas

fases, que podem ser definidas como o planejamento, a execução e o controle da

entidade como um todo.

Os processos podem ser entendidos como a sucessão de estados de um

sistema, os quais possibilitam transformar as entradas do sistema nas saídas pelo

mesmo sistema. O processo de gestão está dividido em duas fases: o Planejamento

Estratégico e o Planejamento Operacional, e esta ainda incorpora uma fase

adicional, que finaliza o processo operacional, que pode ser denominada de

Programação, conforme Ilustração 2. (PADOVEZE, 2007).

Ilustração 2 – Conjunto do processo de gestão

Fonte: Padoveze, 2007, p. 27.

Page 39: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

39

Entre as três etapas citadas, o planejamento é o ponto inicial para o

processo de gestão de uma empresa. Deve estar sempre em perfeita integração

buscando cumprir a missão e manter a continuidade da organização. Resumindo, o

planejamento, restritamente, trata de um processo que envolve avaliação e tomada

de decisões em cenários prováveis, objetivando atingir um resultado futuro, com

base em diversas informações preestabelecidas, que configurem a situação da

atualidade. (MOSIMANN e FISCH, 2009).

O planejamento deve ser dinâmico, sempre antenado as mudanças

constantes, deve ter compatibilidade entre o que foi proposto ao que será

executado, tem por meta reduzir as incertezas, isto é, os riscos relativos ao processo

decisório, assim, majorando a possibilidade de sucesso aos objetivos pré-

estabelecidos.

A execução é a etapa do processo de gestão em que se põem em prática as

atividades propostas no planejamento, e assim, ações emergem. Tudo deve estar

em consonância ao que foi anteriormente planejado, fazendo com que os resultados

apareçam positivamente. Precisa ter coerência com o que foi programado.

(PADOVEZE, 2007; MOSIMANN e FISCH, 2009).

Por fim, o controle, que se apresenta como a fase contínua e recorrente

deste processo, avalia o grau de aderência entre o planejado e a sua execução,

compreendendo a análise constante dos desvios ocorridos, sempre buscando

encontrar as causas das imperfeições ao proposto e direcionar as correções

necessárias. (PADOVEZE, 2007).

A função de controle, função imprescindível às empresas da atualidade, seja

como cargo específico ou o ato de controle, feito no caso das microempresas,

geralmente pelo sócio proprietário ou administrador. Figura como uma ferramenta

administrativa na busca pelo desempenho de resultados exigidos no complexo

mercado competitivo.

Page 40: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

40

2.1.6 Síntese dos Conceitos Básicos

Nesta seção apresentada foi tratada da revisão de literatura inerente a todo

o processo de construção do conhecimento em que se propôs conceituar, de forma

resumida e objetiva, tópicos gerais do conhecimento empírico da ciência definida

como ciência contábil em toda a sua amplitude.

Foram abordados temas gerais sobre a contabilidade e gestão, conceitos,

objetivos e conceitos básicos de termos contábeis necessários ao entendimento da

matéria.

Foram definidas as áreas de concentração da contabilidade como

ferramenta de gestão empresarial, subdividas em contabilidade tributária, financeira,

controladoria e gestão e sistemas de informações contábeis, suas definições e

classificações.

Ainda foi conceituada a contabilidade como sistema de informação contábil,

destacando o ciclo contábil, as características qualitativas da informação contábil e

os seus usuários.

E por fim, destacam-se os modelos e processos de tomada de decisão e o

processo de gestão contábil.

Page 41: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

41

2.2 Referencial Teórico

Esta seção trata da fundamentação teórica ao tema proposto. O objetivo de

mensurar os resultados através da apresentação da demonstração do fluxo de

caixa, como instrumento de projeção e controle em uma microempresa ou empresa

de pequeno porte. Uma forma de controle financeiro utilizado pelos usuários internos

da contabilidade, em busca da informação útil e fidedigna deste relatório contábil, no

intuito de proporcionar base sólida para a tomada de decisão gerencial.

2.2.1 Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

As microempresas e as pequenas empresas têm papel fundamental na

economia nacional, pois impulsionam o mercado econômico, sendo celeiros na

empregabilidade, e, por conseguinte, melhoram a qualidade de vida da sociedade

em geral.

A Lei Complementar n° 123/2006 instituiu o Estatuto Nacional da

Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, trazendo definições acerca de seus

respectivos enquadramentos.

Para denominar-se Microempresa (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP),

a Lei Complementar em comento, traz em seu artigo 3º, incisos I e II as respectivas

definições, vejamos:

Art. 3° Para os efeitos desta Lei Complementar consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).

Nestes termos, cabe informar que algumas definições e classificações não

oficiais, estão sendo utilizados como critérios pelas organizações para caracterizar

as empresas em micro, pequena, média e de grande porte, conforme ilustrado no

Quadro 5.

Page 42: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

42

Entidade Critério

SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio

às Micro e Pequenas Empresas)

a) Quanto à receita bruta anual: Empreendedor Individual (EI): Até R$ 60.000,00 Micro Empresa: Até R$ 360.000,00 Empresa de Pequeno Porte (EPP): De 360.000,01 até 3.600.000,00 Simples (Lei 123 de 15 de dezembro de 2006) b) Quanto ao número de empregados: Na Indústria: Micro: até 19 empregados Pequena: de 20 a 99 empregados Média: 100 a 499 empregados Grande: mais de 500 empregados No Comércio: Micro: até 9 empregados Pequena: de 10 a 49 empregados Média: 50 a 99 empregados Grande: mais de 100 empregados Obs.: O presente critério não possui fundamentação legal, para fins legais, vale o previsto na legislação do Simples (Lei 123 de 15 de dezembro de 2006).

BNDES (Banco Nacional do

Desenvolvimento)

Quanto a receita operacional bruta anual: Micro: menor ou igual a R$ 2,4 milhões Pequena: maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões Média: maior que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões Média-grande: maior que 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões Grande: maior que R$ 300 milhões

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

Quanto ao número de pessoas ocupadas: Micro: até 19 pessoas Pequena: de 20 a 99 pessoas Média: 100 a 499 pessoas Grande: acima de 500 pessoas

Ministério do Trabalho

Quanto ao número de pessoas ocupadas: Micro: até 09 pessoas Pequena: de 10 a 99 pessoas Média: 100 a 499 pessoas Grande: acima de 500 pessoas

Quadro 5 – Demonstrativo dos critérios de classificação de MPME’s

Fonte: Adaptado de Kassai, 1997.

Conforme destaca Ferronato (2011, p.20): “As pequenas empresas prestam

contribuições singulares à economia brasileira. Nossa matriz de empregos é calcada

em um modelo produtivo que depende em demasia dos menores organismos

empresariais, pois fornecem grande parte dos novos postos de trabalho”.

Assim, com base nestes critérios, pode-se identificar em qual grupo de

empreendimentos está focada a pesquisa, e se tratando de microempresas e

empresas de pequeno porte, têm grande importância na economia brasileira, pois

respondem por uma fatia significativa do mercado.

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43

2.2.2 Gestão do Capital de Giro

As questões financeiras do dia a dia possuem importância constante para a

administração de qualquer empreendimento, incluindo os micros empreendimentos.

Ferronato (2001, p. 36) esclarece que “a frequente falta de capital aliada aos

problemas de baixa liquidez afeta diretamente o fluxo monetário das pequenas

empresas e é a causa de muitos dos problemas financeiros”.

A administração do capital de giro compreende a gestão dos recursos

responsáveis pelo funcionamento da empresa. Esses recursos correspondem

àqueles aplicados no ativo circulante, formado pelos estoques, contas a receber e

disponibilidades. (SILVA, 2001).

Nesta linha, com base nesses conceitos, a gestão do capital de giro, além

dos componentes do ativo circulante, inclui-se também os componentes do passivo

circulante, como: duplicatas a pagar (fornecedores) e empréstimos de curto prazo.

O termo capital de giro, numa conceituação básica, é a diferença entre o

Ativo Circulante e o Passivo Circulante, em consequência, pode-se entender como

sendo o valor líquido investido nas atividades operacionais correntes dos

empreendimentos.

De acordo com Assaf Neto e Silva (2002, p. 13), “o montante do capital de

giro é uma tarefa com sensíveis repercussões sobre o sucesso dos negócios,

exercendo evidentes influências sobre a liquidez e rentabilidade das empresas”.

A expressão “giro” se refere aos recursos de curto prazo da empresa, de

liquidez imediata, convertidos em caixa em curto prazo de tempo.

Complementando, o capital de giro corresponde aos recursos aplicados em

ativos correntes e fica girando dentro da empresa. O valor inicial do capital de giro

deve ir sofrendo acréscimo a cada transformação, para que, ao completar o ciclo

operacional, esteja maior do que o valor inicial. (HOJI, 2004).

A administração do capital de giro diz respeito à administração das contas

dos elementos de giro, ou seja, dos ativos e passivos circulantes, e às inter-relações

entre eles. Estuda-se o nível adequado de estoques que a empresa deve manter, os

investimentos de créditos a clientes, critérios de gerenciamento do caixa e a

estrutura dos passivos circulantes, de forma consistente e tendo como base a

manutenção de determinado nível de rentabilidade e liquidez. (ASSAF NETO e

SILVA, 2002).

Page 44: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

44

Assim, o administrador financeiro precisa manter certo nível de capital

investido no giro para que as atividades possam permanecer em um nível ideal,

mantendo a liquidez da empresa.

Para Hoji (2004, p. 29): “a liquidez é a capacidade de pagar um

compromisso financeiro no curto prazo”. Portanto, a liquidez é a facilidade em

transformar um ativo em valores para saldar os compromissos financeiros de curto

prazo.

Desta forma, a liquidez está diretamente relacionada com o fluxo de caixa,

devido ao fato de o caixa ser o ativo mais líquido de uma empresa, além de ser

responsável por cumprir as obrigações dentro dos prazos previstos.

O principal objetivo da análise da liquidez de uma empresa reside em

identificar sua capacidade de honrar seus compromissos de curto prazo. Muitas

pessoas, inclusive especialistas, argumentam que as empresas “quebram” por terem

problemas de liquidez. (SILVA, 2001).

Outro conceito importante é o da rentabilidade, o qual segundo Silva (2001)

conceitua-se como o grau de êxito econômico (lucro ou prejuízo) obtido por uma

empresa em relação ao capital investido.

Deste conceito, verifica-se uma ligação com o tema fluxo de caixa, haja vista

que os recursos aplicados em caixa sejam os menores possíveis, somente o

extremamente necessário para as obrigações, uma vez que o que gera rentabilidade

para uma empresa é a aplicação de seus recursos na sua atividade fim.

Nesse sentido, fica evidente a necessidade de manter um equilíbrio entre a

liquidez e a rentabilidade, como perfeitamente descreveram Yoshitake e Hoji (1997,

p. 117): “O equilíbrio entre a liquidez adequada e a rentabilidade satisfatória constitui

constante desafio enfrentado pela administração financeira”.

Assaf Neto (2002, p. 40) trata “a liquidez e a rentabilidade comparando com

o dilema risco e retorno, em que a manutenção da liquidez diminui o risco de

insolvência, porém diminui também o retorno do investimento”.

Para Zouain et al. (2011), as principais dificuldades encontradas nas micro e

pequenas empresas, relacionadas a escassez do capital de giro, são:

1. Escassez de recursos financeiros: a necessidade de adquirir

equipamentos e contratar recursos humanos de alto nível requer muitas

Page 45: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

45

vezes volume de recursos superior ao que os empreendedores dispõem

para investir no empreendimento;

2. Aquisição de equipamentos nacionais ou importados: em face da

especificidade de suas atividades, muitas empresas têm dificuldade em

adquirir equipamentos adequados; isso gera a necessidade de realização

de adaptações nos equipamentos disponíveis no mercado ou a utilização

de equipamentos de outras instituições, como universidades ou empresas

de maior porte; e

3. Obtenção dos componentes ou de matéria-prima: muitas vezes o

empresário enfrenta problemas para encontrar empresas que forneçam

os insumos de que precisa para sua produção. E quando encontra

esbarra em outro empecilho, que sua escala de produção requer lote

mínimo da matéria-prima, fato que não interessa ao fornecedor, que

estabelece lotes mínimos para a venda.

Estes fatores nos levam a crer que são evidentes as dificuldades

enfrentadas pelo micro e pequeno empreendedor em razão da escassez de

reservas de capital de giro, entre outros.

Dentro desses conceitos de capital de giro, liquidez e rentabilidade, é

importante discorrer acerca dos ciclos que envolvem as atividades de uma

empresa, que são: o ciclo operacional, ciclo econômico e ciclo financeiro, temas da

seção seguinte.

2.2.2.1 Ciclos Operacional, Econômico e Financeiro

No ciclo operacional estão incluídas todas as fases das atividades de uma

empresa, sejam relacionadas a uma empresa comercial, industrial ou de serviços

(compra de matéria-prima ou produtos, estocagem, recebimento, venda e

pagamento), e como dizem Yoshitake e Hoji (2007, p. 119): “O ciclo operacional

compreende todo o processo da operação”.

O intervalo de tempo que corresponde o ciclo operacional vai desde a

compra das mercadorias ou produtos até o recebimento efetivo pela venda. Assaf

Neto e Silva (2002) consideram que o fundamento da gestão do ciclo operacional

está em imprimir uma alta rotação, ou seja, diminuir o tempo de duração,

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46

procedimento que resulta na melhor utilização dos recursos, reduzem-se os custos

e aumentam-se os ganhos.

O ciclo operacional tem seu inicio junto com o ciclo econômico ou ciclo

financeiro, o que ocorrer primeiro, e encerra-se junto com um destes, o que ocorrer

por último. Em condições normais, é a soma de todos os outros ciclos. (HOJI,

2001).

O ciclo econômico, segundo Assaf Neto e Silva (2002, p. 22), “considera

unicamente as ocorrências de natureza econômica”. Este ciclo coincide com o

regime de competência utilizado na quase totalidade dos relatórios contábeis, pois

considera a compra e a venda sem levar em consideração os pagamentos e

recebimentos.

O intervalo do ciclo econômico vai desde a compra de matéria-prima ou

mercadoria até o momento da venda do produto final ou entrega do serviço

realizado.

Já o ciclo financeiro corresponde ao processo de efetivação financeira de

cada evento econômico em termos de fluxo de caixa. (PADOVEZE, 2005). Este

ciclo está diretamente ligado ao regime de caixa utilizado pela gestão financeira,

pois considera o momento dos pagamentos e recebimentos.

O intervalo de tempo que corresponde ao ciclo financeiro vai desde o

pagamento aos fornecedores/credores até o efetivo recebimento das vendas. Vale

destacar que caso haja qualquer desembolso de numerários antes do pagamento

aos fornecedores, então será este o marco de início do ciclo financeiro.

Assaf neto e Silva (2002, p. 20) destacam que “o ciclo financeiro representa

o intervalo de tempo que a empresa ira necessitar efetivamente para as suas

atividades, por isso a importância da utilização de estratégias para a redução desse

tempo”.

Reduzir o tempo significa reduzir os empréstimos e financiamentos,

responsáveis pelas despesas financeiras; e reduzir a necessidade de capital

ocioso, aplicado no giro, o que possibilita investir na empresa, na busca pelo

crescimento e desenvolvimento constante.

A Ilustração 3 representa graficamente todos os ciclos de uma empresa e

seus intervalos.

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47

Ilustração 3 – Ciclos de uma empresa

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Assaf Neto e Silva (2002).

A efetiva compreensão dos ciclos de uma empresa é de suma importância

para a gestão financeira como um todo. Desta foram, conclui-se que o ciclo

operacional está diretamente relacionado à gestão do capital de giro da empresa. O

ciclo econômico está diretamente ligado ao resultado operacional – lucro ou prejuízo

– da empresa. E o ciclo financeiro está diretamente relacionado à gestão do fluxo de

caixa.

2.2.3 Demonstrações Contábeis

As Demonstrações Contábeis compreendem o conjunto das informações

apresentadas pela empresa aos usuários externos da contabilidade, composta pela

posição patrimonial (balanço patrimonial), o desempenho (demonstração do

resultado e demonstração do resultado abrangente), e os fluxos de caixa de uma

entidade. (PADOVEZE, 2007).

Assim, pode-se entender que as demonstrações contábeis consistem num

conjunto de demonstrativos, previstos em lei ou consagrados pela prática, os quais,

normalmente, são elaborados ao final do exercício. (REIS, 2006).

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48

Segundo Gimenez e Oliveira (2011), o conjunto completo de demonstrações

contábeis deve incluir:

i. Balanço patrimonial ao final do período;

ii. Demonstração do resultado do período de divulgação;

iii. Demonstração do resultado abrangente do período de divulgação. Esta

pode ser apresentada em qualquer demonstrativo próprio ou dentro das

mutações do patrimônio líquido.

iv. Demonstrações das mutações do patrimônio líquido para o período de

divulgação;

v. Demonstração dos fluxos de caixa para o período de divulgação;

vi. Demonstração do valor adicionado;

vii. Notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contábeis

significativas e outras informações explanatórias.

Assim, a obrigatoriedade de apresentação das demonstrações financeiras

está contida no art. 176 da Lei n° 6.404/76, como segue:

Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I - balanço patrimonial; II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III - demonstração do resultado do exercício; e IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007); V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007); § 6o A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007).

No que tange a aplicabilidade nas microempresas e empresas de pequeno

porte, a Lei Complementar nº 123/2006, que instituiu o Estatuto Nacional da

Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, em seu art. 27 dispõe que as

microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional

poderão, opcionalmente, adotar contabilidade simplificada para os registros e

controles das operações realizadas, conforme regulamentação do Comitê Gestor.

Todavia, a escrituração simplificada não foi regulamentada pelo Comitê Gestor até a

presente data.

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Por sua vez, a NBC T 19.13 - Escrituração Contábil Simplificada para

Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, aprovada pela Resolução CFC nº

1.115/2007, prevê que a ME e a EPP devem elaborar, ao final de cada exercício

social, o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado, em conformidade

com o estabelecido na NBC T 3.1 - Das Disposições Gerais; na NBC T 3.2 - Do

Balanço Patrimonial; e na NBC T 3.3 - Da Demonstração do Resultado, que são

partes integrantes da NBC T 3 - Conceito, Conteúdo, Estrutura e Nomenclatura das

Demonstrações Contábeis, aprovada pela Resolução CFC nº 686/1990 e alterada

pelas Resoluções CFC nºs 847/1999, 887/2000, 1.049/2005 e 1.283/10.

É facultada à ME e à EPP a elaboração da Demonstração de Lucros ou

Prejuízos Acumulados, da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, da

Demonstração do Fluxo de Caixa e das Notas Explicativas.

No entendimento das exigências quanto a apresentação das demonstrações

contábeis, cabe destacar os conceitos, de forma breve, a respeito de cada um

desses relatórios.

O Balanço Patrimonial, talvez o principal relatório contábil, segundo Reis

(2006, p. 41): “Procura evidenciar, em determinada data, a natureza dos valores que

compõem o patrimônio da empresa – bens e direitos – e a origem desses valores –

obrigações e Patrimônio Líquido”.

Procura evidenciar as posições patrimonial e financeira da entidade, de

forma qualitativa e quantitativamente, numa determinada data. (GIMENEZ e

OLIVEIRA, 2011)

E para um melhor entendimento, Padoveze (2007) define o balanço

patrimonial como o resultado da evidenciação estática do patrimônio da empresa. É

uma demonstração de estoques de bens, direitos e obrigações que permite a análise

do desempenho empresarial.

A DRE, Demonstração do Resultado do Exercício pode ser considerada

dinâmica, a qual evidencia o fluxo de receitas e despesas e finalmente, o controle

entre estas duas contas. (SÁ, 2012). Assim, numa definição direta, é dito como o

relatório contábil que apresenta o resultado do período, lucro ou prejuízo, e as

diversas variantes.

A Demonstração do Resultado é o resumo das operações da empresa

durante o exercício social e precisa destacar, na última linha, o lucro líquido ou

prejuízo, ou o resultado dos acionistas, que se trata do montante que deve ser

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transferido ao patrimônio líquido, partindo dai a demonstração do resultado

abrangente. (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011).

A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido apresenta as contas

de receitas e despesas da empresa que são reconhecidas no patrimônio líquido, e

ainda os efeitos das mudanças nas práticas contábeis, os valores integralizados

pelos sócios, bem como os dividendos distribuídos a estes durante determinado

período. Também apontam as correções e erros do período proposto. (GIMENEZ e

OLIVEIRA, 2011).

Em suma, demonstra quais foram as variações ocorridas em todas as contas

do Patrimônio Líquido, incluindo a dos Lucros ou Prejuízos acumulados e os fatores

que originaram tais modificações.

De acordo com o artigo 186, § 2º da Lei nº 6.404/76, adiante transcrito, a

companhia poderá, à sua opção, incluir a demonstração de lucros ou prejuízos

acumulados nas demonstrações das mutações do patrimônio líquido. "A

demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do

dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das

mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia."

De acordo com Gimenez e Oliveira (2011, p. 104) esclarecem que “a

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados apresenta o resultado da

Entidade, assim como as alterações nos lucros ou prejuízos acumulados para o

período da divulgação”.

Evidencia a variação ocorrida na conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados

de determinado período para o seguinte. De acordo com Reis (2006, p. 41)

“evidencia, principalmente, a destinação dada ao resultado do período e aos de

períodos anteriores”.

A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração

das Mutações do Patrimônio Líquido são relatórios dinâmicos, os quais evidenciam,

principalmente, o fluxo da conta lucros ou prejuízos acumulados.

Além destas demonstrações contábeis relacionadas e conceituadas, ainda

podemos incluir, conforme prevê o pronunciamento técnico CPC 26 - apresentação

das demonstrações contábeis -, que versa sobre a apresentação das

demonstrações contábeis, a Demonstração do Fluxo de Caixa, que segundo Reis

(2006, p. 108) “indica a origem de todos os recursos monetários que entraram no

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Caixa, bem como onde foram aplicados os recursos monetários que saíram do

Caixa em um determinado período”.

A DFC é um instrumento da administração financeira e diferencia-se das

demais demonstrações contábeis, pois é apresentada pelo regime de caixa,

enquanto que as demais demonstrações contábeis são apresentadas respeitando o

princípio da competência.

De acordo com o pronunciamento técnico CPC 03:

A demonstração dos fluxos de caixa, quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de uma entidade, sua estrutura financeira (inclusive sua liquidez e solvência) e sua capacidade para alterar os valores e prazos dos fluxos de caixa, a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e oportunidades.

Assim, a DFC é considerada um importante instrumento gerencial, pois

evidencia em determinado momento a necessidade de recursos necessários à

empresa, mostrando o confronto entre as receitas e dispêndios do disponível,

transmitindo informações da existência de falta ou sobra de dinheiro, possibilitando à

administração com antecedência tomar decisões seguras e eficientes.

E por último, a Demonstração do Valor Adicionado, que evidencia, de forma

sintética, os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa

em determinado período e sua respectiva distribuição.

A DVA, Demonstração do Valor Adicionado destaca a parcela de riqueza

acrescentada pela empresa ao seu produto final (bens ou serviços) e a forma como

essa riqueza foi distribuída entre os vários fatores de produção envolvidos (mão-de-

obra, capital, etc.). (REIS, 2006).

Diante das definições expostas, conclui-se na importância dos diversos

relatórios contábeis emitidos, e segue na próxima seção a referência ao Fluxo de

Caixa.

2.2.4 Fluxo de Caixa

Neste tópico, será tratado o objeto de estudo desta pesquisa como um todo,

o fluxo de caixa, conceito, finalidades e objetivos, características, composição e

classificações.

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2.2.4.1 Conceito de Fluxo de Caixa

O Fluxo de Caixa evidencia as modificações ocorridas no saldo de

disponibilidades (aqui se entende por caixa e equivalentes de caixa), através dos

fluxos de recebimentos e pagamentos, em determinado período. Possui melhor

comunicação com a maioria dos usuários das demonstrações contábeis. (MARION,

2010).

Zdanowicz (2000, p. 40) diz que “o fluxo de caixa consiste na representação

dinâmica da situação financeira de uma empresa, considerando todas as fontes de

recursos e todas as aplicações em itens do ativo”.

Caixa, para fins de gestão financeira, são os valores monetários, montante

disponível em saldo, dinheiro ou bancos, para livre movimentação, além das

aplicações financeiras de liquidez imediata. (HOJI, 2004).

Além dos itens expostos como sendo caixa, as aplicações de liquidez

imediata são consideradas como as aplicações de curto prazo, com resgate

imediato. Esse conjunto de ativos descrito anteriormente é para a contabilidade, o

total das disponibilidades de cada empresa. Pode-se utilizar caixa neste caso, como

sinônimo de disponibilidade. (PADOVEZE, 2005)

Mais especificamente, fluxo de caixa pode ser conceituado como o conjunto

das alterações no financeiro da empresa, resultante dos recebimentos e

pagamentos realizados em razão da atividade empresarial e das operações de

captação de dinheiro para a empresa, na forma de empréstimos ou financiamentos e

operações de investimentos de capital.

Para Assaf Neto (2002, p. 39) é o instrumento que relaciona os ingressos e

saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de uma empresa em

determinado intervalo de tempo.

A fim de clarear as informações iniciais ao conceito de fluxo de caixa, faz-se

importante citar algumas atividades que alteram o saldo de caixa nas empresas,

sejam entradas de recursos que aumentam o saldo de caixa, ou saídas de recursos,

as quais diminuem o saldo de caixa.

Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2000), as atividades que aumentam o

saldo de caixa são denominadas fontes de caixa, pois sempre envolvem o aumento

Page 53: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

53

de uma conta de passivo ou patrimônio líquido, ou a redução de uma conta do ativo,

conforme os exemplos:

• Vendas de mercadorias à vista;

• Vendas de bens à vista;

• Obtenção de empréstimo;

• Obtenção de financiamento;

• Recebimentos de Duplicatas a Receber;

• Lançamentos de novas ações;

Já as atividades que reduzem o saldo de caixa são denominadas aplicações

de caixa, as quais acarretam a redução de um passivo por seu pagamento, ou o

aumento de um ativo pela compra de algo, conforme os exemplos:

• Compras de matérias-primas à vista;

• Compras à vista de mercadorias para revenda;

• Pagamentos a fornecedores;

• Liquidação de empréstimos;

• Liquidação de financiamentos;

• Compras de bens à vista;

• Recompra de ações.

Como já abordado anteriormente, as companhias abertas e as companhias

fechadas com patrimônio líquido superior a dois milhões de reais na data do

balanço, têm obrigatoriedade de apresentação da DFC, conforme consta na Lei nº

11.638 de 2007.

Diante do exposto, com base na mesma Lei, o art. 188 dispõe que a

Demonstração do Fluxo de Caixa indicará no mínimo as alterações ocorridas,

durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas

alterações em, no mínimo, três fluxos: das operações, dos financiamentos e dos

investimentos.

Page 54: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

54

Zdanowicz (2000) apresenta o fluxo de caixa de uma forma bem

simplificada, onde o tesoureiro recebe os valores monetários, trabalha com os

numerários e as duplicatas, utilizando-se para realizar a circulação do dinheiro, do

disponível, conforme retratado na Ilustração 4.

Ilustração 4 – Representação do fluxo de caixa

Fonte: Zdanowicz, 2000, p. 25.

De forma bem simples, uma empresa realiza suas atividades normais no

mercado dia após dia, sejam de vendas, compras ou investimentos. Partindo do

pressuposto de que em determinada data as entradas são maiores que as saídas ou

vice-versa, desta feita é necessário que a empresa tenha controle sobre a situação

financeira, consiga projetar suas disponibilidades para que possa antecipar os

acontecimentos e saldar seus compromissos. De igual teor, possa investir

disponibilidades ociosas, objetivando render frutos a curto prazo. (ZDANOWICZ,

2000).

Observa-se que estes conceitos abordados, além de caracterizar o fluxo de

caixa como um instrumento que permite ao usuário desta ferramenta projetar e

controlar as atividades financeiras da empresa, permite ainda fornecer informações

capazes de prever situações financeiras futuras com antecedência, possibilitando

assim, a tomada de decisão de forma segura e em tempo hábil.

Page 55: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

55

2.2.4.2 Objetivos do Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa é o utensílio mais importante para o administrador

financeiro, pois, com a sua utilização, o usuário da informação contábil tem a

possibilidade de contar com informações gerenciais, que lhe proporcione uma visão

ampla dos negócios, facilitando, assim, a transmissão desses dados aos executivos,

numa empresa, focando desde o operacional até o estratégico. (ZDANOWICZ,

2000).

O principal objetivo do fluxo de caixa, de acordo com Zdanowicz (2000, p.

41), “é dar uma visão das atividades desenvolvidas, bem como as operações

financeiras que são realizadas diariamente, no grupo do ativo circulante, dentro das

disponibilidades, e que representam o grau de liquidez da empresa”. E dentro deste

objetivo, Zdanowicz relaciona alguns objetivos básicos do fluxo de caixa:

• Permitir o planejamento dos desembolsos de acordo com as

disponibilidades de caixa, evitando-se o acúmulo de compromissos

vultuosos em época de pouco encaixe;

• Analisar a viabilidade de serem comprometidos os recursos pela

empresa;

• Participar e integrar todas as atividades da empresa, facilitando assim os

controles financeiros;

• Desenvolver o uso eficiente e racional do disponível;

• Verificar a possibilidade de aplicar possíveis excedentes de caixa; e

• Programar os ingressos e os desembolsos de caixa, de forma criteriosa,

permitindo determinar o período em que deverá ocorrer carência de

recursos e o montante, havendo tempo suficiente para as medidas

necessárias.

Desta forma, concluindo, o objetivo principal da utilização do fluxo de caixa é

antecipar as oscilações na empresa, isto é, trabalhar com o caixa, otimizar a

aplicação de recursos próprios e de terceiros nas atividades mais rentáveis. Não

deixar dinheiro em caixa ocioso, e tampouco não deixar o caixa aquém das

necessidades para quitar seus compromissos.

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56

2.2.4.3 Características do Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa se dá a partir da reunião de informações preliminares

oriundas dos diversos departamentos, seções, setores diversos da empresa, com

referência as movimentações periódicas de desembolsos ou entradas de

numerários, pode ser diário, mensal, semestral, de acordo com a necessidade de

controle. São emitidas as informações diretamente ao setor financeiro.

De acordo com Zdanowicz (2000, p. 131), algumas projeções e estimativas

de informações específicas, definidos os períodos, são úteis para a elaboração do

fluxo de caixa, tais como:

• Projeção das vendas, considerando-se as prováveis proporções entre as

vendas à vista e a prazo da empresa;

• Estimativa das compras e as respectivas condições oferecidas pelos

fornecedores;

• Levantamento das cobranças efetivas com os créditos a receber de

clientes;

• Determinação da periodicidade do fluxo de caixa, de acordo com as

necessidades, tamanho, organização da empresa e ramo de atividade;

• Orçamento dos demais ingressos e desembolsos de caixa para o

período em questão.

Ainda, segundo Zdanowicz (2000, p. 130) “são necessárias algumas

informações preliminares para a elaboração do fluxo de caixa e a sua melhor

compreensão, discriminados no fluxograma com os principais elementos

envolvidos”, conforme Ilustração 5.

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57

Ilustração 5 – Fluxograma das informações preliminares do fluxo de caixa

Fonte: ZDANOWICZ, 2000, p. 130

O fluxo de caixa consiste na representação dinâmica da situação financeira

de uma empresa, considerando todas as fontes de recursos e todas as aplicações

da entidade. Assim, o usuário desta informação pode antecipar os acontecimentos,

verificar se há sobras ou escassez de dinheiro, em função do nível desejado e ideal

para a empresa.

2.2.4.4 Composição do Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa é composto por contas, especialmente que tenha o

envolvimento de recursos financeiros da empresa, necessitando de análise do

deslocamento destes recursos constantemente. Resumidamente, procura-se

acompanhar o deslocamento dos recursos, partindo do disponível (caixa, bancos e

Page 58: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

58

aplicações financeiras), analisando suas operações e verificando se estão somando

ou diminuindo o nível de caixa.

Este processo se repete constantemente, formando um ciclo de caixa, com

recebimentos e desembolsos, que podem ser classificados em regulares,

razoavelmente regulares e irregulares. Neste sentido, as entradas e saídas

regulares, são as fixas, que ocorrem mensalmente, como o pagamento de salários;

os ingressos e saídas financeiras razoavelmente regulares são aquelas realizadas

de tempo em tempo, como a aquisição de matérias-primas; e por fim, todos os

aportes de entradas e saídas realizados pela empresa de forma inesperada, não

programada, são os classificados como irregulares, como ao pagamento de uma

ação trabalhista por exemplo. (ZDANOWICZ, 2000).

Este ciclo de caixa da empresa pode ser representado como representado

na Ilustração 6.

Ilustração 6 – Ciclo de caixa de uma empresa

Fonte: Adaptado de Zdanowicz, 2000, p. 142

Para fins gerenciais, a DFC (Demonstração do Fluxo de Caixa) é um dos

principais relatórios contábeis. A Lei n° 11.638/07 tornou obrigatória a apresentação

da DFC para as companhias abertas e as de grande porte. A DFC passou a

substituir a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) a partir

desta publicação.

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59

Para Zdanowicz (2000, p. 51), “se pensarmos bem, pouca coisa precisará

ser criada. A maioria das informações já existe na empresa. O problema é que

estão, às vezes, dispersas. Basta alguém coordená-las através de um bom esquema

para transformá-la em fluxo de caixa”.

É importante lembrar que o fluxo de caixa pode ser elaborado por consulta e

reacumulação de dados das contas representativas das disponibilidades, bancos e

aplicações financeiras. Sua construção tem como base a reconstrução de dados

extraídos da demonstração do balanço patrimonial, da demonstração do resultado

do exercício e da demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados. O fluxo de

caixa não é de competência exclusiva do setor financeiro, pode e deve ser

elaborado pelo setor de contabilidade de uma empresa. (PADOVEZE, 2009)

Por fim, a empresa verifica através do fluxo de caixa se está alcançando os

objetivos traçados anteriormente, no que tange ao resultado, retorno aos seus

sócios, e todos os índices de rentabilidade. Essencial para o controle e projeção do

financeiro empresarial.

2.2.4.5 Classificação em Atividades

De acordo com a Resolução do CFC n° 1.255/09, a qual aprovou a NBC TG

1000 – Contabilidade para pequenas e médias empresas, na seção 7, a

demonstração dos fluxos de caixa fornece informações acerca das alterações no

caixa e equivalentes de caixa da entidade para um período contábil, evidenciando

separadamente as mudanças nas atividades operacionais, nas atividades de

investimento e nas atividades de financiamento, as quais serão tratadas

individualmente.

2.2.4.5.1 Atividades Operacionais

As atividades operacionais são, normalmente, aquelas decorrentes da

atividade principal da empresa. (YOSHITAKE e HOJI, 1997). Geralmente são

divididas em recebimentos operacionais e pagamentos operacionais. (CAMPOS

FILHO, 1999).

É composto em sua totalidade da acumulação dos dados de recebimento e

pagamento oriundos da demonstração de resultados. Têm ligação estreita com os

Page 60: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

60

elementos do ativo e do passivo circulante, os quais representam as necessidades

líquidas de capital de giro da empresa. (PADOVEZE, 2009)

De acordo com o pronunciamento técnico CPC 03, os fluxos de atividades

operacionais são aqueles derivados basicamente das principais atividades

geradoras de receita da entidade, apresentando um reflexo na apuração do lucro

líquido ou prejuízo. Exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades

operacionais são:

a) Recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de

serviços;

b) Recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e

outras receitas;

c) Pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços;

d) Pagamentos de caixa a empregados ou por conta de empregados;

e) Recebimentos e pagamentos de caixa por seguradora de prêmios e

sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice;

f) Pagamentos ou restituições de caixa de impostos sobre a renda, a

menos que possam ser especificamente identificados com as atividades

de financiamento ou de investimento; e

g) Recebimentos e pagamentos de caixa de contratos mantidos para

negociação imediata ou disponíveis para venda futura.

Os fluxos de atividades operacionais podem ser considerados como o que

se refere a entrada de valores inerentes a atividade normal da empresa, com a

venda de produtos ou serviços, bem como, contempla todas as receitas e dispêndios

não relacionados com os fluxos de investimento ou de financiamento.

2.2.4.5.2 Atividades de Investimento

As atividades de investimento são aquelas em que se realiza a aquisição de

bens produtivos de longo prazo ou qualquer título que não são considerados

equivalentes de caixa. (YOSHITAKE e HOJI, 1997). Campos Filho (1999) resumiu

dizendo que os investimentos correspondem ao grupo do ativo permanente no

balanço patrimonial.

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61

É composto pelos dados do ativo permanente ou do realizável a longo prazo,

enfocando o conceito de ativo como aplicações de recursos. Devem ser registrados

os valores de entradas e saídas, pagamento de investimentos novos e venda de

bens anteriores. (PADOVEZE, 2009)

Os fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento, de acordo

com o pronunciamento técnico CPC 03, são:

a) Pagamentos de caixa para aquisição de ativo imobilizado, intangível e

outros ativos de longo prazo. Esses desembolsos incluem os custos de

desenvolvimento ativados e ativos imobilizados de construção própria;

b) Recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado,

intangível e outros ativos de longo prazo;

c) Pagamentos para aquisição de ações ou instrumentos de dívida de

outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto

desembolsos referentes a títulos considerados com equivalentes de caixa

ou mantidos para negociação imediata ou venda futura);

d) Recebimentos de caixa provenientes da venda de ações ou instrumentos

de dívida de outras entidades e participações societárias em joint

ventures (exceto recebimentos referentes aos títulos considerados como

equivalentes de caixa e os mantidos para negociação);

e) Adiantamentos de caixas e empréstimos feitos a terceiros (exceto

adiantamentos e empréstimos feitos por instituição financeira);

f) Recebimentos de caixa por liquidação de adiantamentos ou amortização

de empréstimos concedidos a terceiros (exceto adiantamentos e

empréstimos de instituição financeira);

g) Pagamentos de caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap,

exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata

ou venda futura, ou os pagamentos forem classificados como atividade

de financiamento; e

h) Recebimentos de caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap,

exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata

ou venda futura, ou os recebimentos forem classificados como atividades

de financiamento.

Page 62: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

62

Os fluxos de caixa de investimentos podem ser considerados como aqueles

relacionados com as operações que irão obter fluxo futuro de caixa.

2.2.4.5.3 Atividades de Financiamento

As atividades de financiamento são os recursos próprios e de terceiros,

inclusive os pagamentos de dividendos e resgates de empréstimos. (YOSHITAKE e

HOJI, 1997).

Este segmento nos leva aos dados do Exigível a Longo Prazo e do

Patrimônio Líquido, tendo como enfoque o passivo como fontes de recursos. Pode-

se acrescentar os dados dos empréstimos e financiamentos contidos no passivo

circulante. (PADOVEZE, 2009)

Como dispõe o pronunciamento técnico CPC 03, o fluxo de caixa de

financiamento serve para prever as exigências futuras de fluxo de caixa pelos

fornecedores de capital à empresa. Fluxos de caixa de caixa decorrentes das

atividades de financiamento são:

a) Caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos

patrimoniais;

b) Pagamentos de caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da

entidade;

c) Caixa recebido proveniente da emissão de debêntures, empréstimos,

títulos e valores, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazos;

d) Amortização de empréstimos e financiamentos, incluindo debêntures

emitidas, hipotecas, mútuos e outros empréstimos de curto e longo

prazos; e

e) Pagamentos de caixa por arrendatário, para redução do passivo relativo

a arrendamento mercantil financeiro.

2.2.4.6 Fluxo de Caixa Diário

Como um dos principais instrumentos de gestão, o fluxo de caixa vem a

somar no processo gerencial da empresa, auxiliando na tomada de decisões e com

isto, assegurando a prosperidade e continuidade do negócio no mercado cada vez

mais competitivo.

Page 63: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

63

Desta feita, tem-se no controle do fluxo de caixa diário uma ferramenta

imprescindível ao sucesso do empreendimento, pois se trata de instrumento de

planejamento e direcionamento dos recursos para as atividades cotidianas, para

apoiar as demais áreas na identificação de oportunidades e na geração de valor, ao

disponibilizar recursos para projetos com retorno superior ao custo de capital.

(GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011)

Gimenez e Oliveira (2011, p. 199) acrescentam que “o fluxo de caixa diário

também aponta a necessidade de fluxos para garantir a liquidez da empresa, sua

capacidade de honrar os compromissos”.

Devido à necessidade de a informação contábil ser tempestiva para a

elaboração de um fluxo de caixa diário, e tal fato ser elemento vital para o setor

financeiro, não pode receber tratamento contábil de mais de algumas horas ou de

um dia. Este processo necessita de um sistema de informação contábil que dispõe

de tal tratamento à informação, assim, tem sua aplicabilidade com maior constância

no setor administrativo da tesouraria. (PADOVEZE, 2009)

É de suma importância a adequação do fluxo de caixa às atividades da

empresa e às necessidades informacionais do gestor. E ainda é preciso gerir o fluxo

de caixa constantemente, um aprendizado diário, não somente do setor financeiro,

mas de todos que alimentam as informações para geração dos fluxos.

2.2.4.7 Métodos de Apresentação de Fluxo de Caixa

A movimentação das disponibilidades de uma empresa, num determinado

período, está estruturada na demonstração do fluxo de caixa através dos fluxos das

atividades operacionais, de investimentos e de financiamentos, conforme tratado

anteriormente. Segundo interpretação dos autores estudados, estas informações

podem ser expostas por dois métodos: o direto e o indireto.

O fluxo de caixa direto para Campos Filho (1999, p. 41) “relata os fluxos de

caixa das atividades operacionais diretamente, mostrando as principais classes de

recebimentos e pagamentos operacionais”, conforme mostra o Quadro 6.

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64

Fluxo de Caixa pelo Método Direto

Saldo Inicial R$ -

(+)

Entradas R$ -

Recebido de Clientes R$ - Outras entradas operacionais R$ - Entradas Financeiras R$ - Entradas Patrimoniais R$ -

Entradas Eventuais R$ -

(+)

Saídas R$ ( - )

Saídas Administrativas R$ ( - ) Saídas Comerciais R$ ( - ) Pagamentos a Fornecedores R$ ( - ) Saídas de Pessoal R$ ( - ) Encargos R$ ( - ) Impostos e Taxas R$ ( - ) Saídas Financeiras R$ ( - ) Saídas Patrimoniais R$ ( - )

Saídas Diversas R$ ( - )

(=)

Saldo Final R$ - Quadro 6 – Fluxo de Caixa pelo Método Direto

Fonte: Adaptado de Sá, 2012.

O método direto, de acordo com o apresentado, é constituído a partir das

informações do controle diário do caixa, facilitando a visualização diariamente da

situação de caixa da empresa.

Ainda de acordo com Campos Filho (1999), verifica-se vantagens na

utilização do método direto: 1. Cria condições favoráveis para que a classificação

das entradas e saídas siga critérios técnicos e não fiscais; 2. Permite que a cultura

de administrar pelo caixa seja introduzida na entidade; e 3. Disponibiliza o acesso as

informações de caixa diariamente.

Campos Filho (1999) ainda destaca duas desvantagens na utilização deste

método, que são: 1. O custo adicional para classificar os recebimentos e

pagamentos; e 2. A falta de experiência dos profissionais das áreas contábil e

financeira em usar as partidas dobradas para classificação das contas.

Page 65: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

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Fluxo de Caixa pelo Método Indireto

FLUXO DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS R$ - Fluxo de caixa da atividade principal R$ - Lucro Líquido R$ - (+) Depreciação R$ - (+) Juros provisionados sobre operações financeiras R$ - (+) Provisão de férias e 13° salário R$ - (+) Prejuízo na venda de imobilizado R$ - (-) Fluxo das atividades financeiras R$ - (-) Lucro de equivalência patrimonial R$ - (-) Dividendos recebidos R$ - Fluxo das Atividades Financeiras R$ - (+) Juros Recebidos R$ - (-) Juros pagos s/ empréstimos Curto Prazo R$ - (-) Juros pagos s/ empréstimos Longo Prazo R$ - Fluxo das Participações Acionárias R$ - (+) Dividendos recebidos R$ - Variação da Necessidade de Capital de Giro R$ - Recebíveis R$ - Estoques R$ - Outras contas a receber R$ - Folha e encargos R$ - Fornecedores R$ - Outras contas a pagar R$ - (+) FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO R$ - Variações do Ativo Permanente R$ - Imobilizado R$ - Venda de imobilizado R$ - (+) FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO R$ - Variações do Passivo Financeiro R$ - Empréstimos de Curto Prazo R$ - Empréstimos de Longo Prazo R$ - Variações do Patrimônio Líquido R$ - Lucros distribuídos R$ - (=) FLUXO DE CAIXA DO PERÍODO R$ - (+) SALDO INICIAL R$ -

(=)

SALDO FINAL R$ -

Quadro 7 – Fluxo de Caixa pelo Método Indireto

Fonte: Adaptado de Sá, 2012

Já o fluxo de caixa pelo método indireto demonstra as atividades

operacionais indiretamente. Segundo Silva (2001, p. 448) “A partir do lucro líquido se

faz os ajustes necessários para se obter o fluxo de caixa líquido das operações”.

Page 66: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

66

Para a sua elaboração é preciso ter as informações da contabilidade, balanço

patrimonial e a demonstração do resultado, como pode ser visualizado no Quadro 7.

Como vantagens da utilização do fluxo de caixa pelo método indireto,

Campos Filho (1999) destaca: 1. Apresenta baixo custo. Basta utilizar dois balanços

patrimoniais (o do início e do fim do período), a demonstração de resultados e

algumas informações adicionais obtidas na contabilidade; e 2. Concilia o lucro

contábil com fluxo de caixa operacional líquido, mostrando como se compõe a

diferença.

Campos Filho (1999) ainda cita como desvantagens da aplicação deste

método: 1. O tempo necessário para gerar as informações pelo regime de

competência e só depois convertê-las para regime de caixa. Se isso for feito uma

vez ao ano, por exemplo, pode revelar surpresas desagradáveis e tardiamente; e 2.

Se há interferência da legislação fiscal na contabilidade oficial, e geralmente há, o

método indireto irá eliminar somente parte dessas distorções.

Por ser elaborado com base nas informações da contabilidade, pode não

obter resultados totalmente fieis, haja vista que grande número das empresas

maquiam suas demonstrações contábeis.(SILVA, 2001)

De acordo com os autores citados, o método direto tem sido o mais indicado

por apresentar, de forma mais clara, a movimentação dos recursos financeiros da

empresa.

Por outro lado, o método indireto tem sido o mais utilizado pelas empresas.

Assaf Neto e Silva (2002, p. 51) comentam que um aspecto positivo do método

indireto “é que ele parte de uma informação muito utilizada na prática financeira, o

resultado do exercício, para chegar ao fluxo de caixa, demonstrando as razões das

diferenças entre ambos os itens”. De certa maneira, o fluxo de caixa indireto

representa uma forma de conciliação entre o regime de caixa e o regime de

competência.

Para Silva (2001), enquanto o método direto nos permite visualizar com

facilidade quanto a empresa recebeu de clientes, pagou para fornecedores e pagou

de despesas, por exemplo, o método indireto parte do lucro líquido e faz uma série

de ajustes para chegar ao fluxo de caixa operacional líquido.

Page 67: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

67

2.2.5 Projeção do Fluxo de Caixa

O conhecimento antecipado das necessidades e sobras de caixa no curto,

médio e longo prazos possibilita aos administradores financeiros tomar decisões que

otimizem os resultados globais. (HOJI, 2004).

A preparação de orçamentos de disponibilidades envolve a projeção de

entradas e saídas de caixa e das necessidades de financiamento, além do controle

de recursos financeiros. Os orçamentos de disponibilidades devem preocupar-se

com a defasagem entre as transações e os fluxos de caixa e elas relacionados

(regime de caixa vs. regime de competência), com necessidades de caixa e com

excessos de fundos que envolvem um custo de oportunidade. (WELSCH, 1983).

Assim, uma das principais vantagens de um programa amplo de

planejamento e controle de resultados possibilita a criação de condições para a

preparação de um orçamento realista de disponibilidades financeiras.

Um orçamento de disponibilidades é uma projeção de saldos de disponível

por subperíodos de um prazo maior. Muitas empresas devem preparar projeções de

sua posição financeira tanto a longo quanto a curto prazo. (WELSCH, 1983).

A determinação das entradas e saídas prováveis possibilita uma avaliação

da provável posição financeira no exercício orçamentário imediatamente seguinte. A

avaliação da posição financeira pode indicar a necessidade de alguma foram de

financiamento para cobrir os déficits projetados ou a necessidade de planejamento

para transferir os fundos excedentes a alguma aplicação proveitosa. (FREZATTI,

2007).

De acordo com Welsch (1983), as principais finalidades da projeção do fluxo

de caixa podem ser:

• Indicar a posição financeira provável em resultado das operações

planejadas;

• Indicar o excesso ou a insuficiência das disponibilidades;

• Indicar a necessidade de empréstimos ou a disponibilidade de fundos

para investimento temporário;

• Permitir a coordenação dos recursos financeiros em relação a capital

de giro total, vendas, investimentos e capital de tercei e capital de terceiros;

• Estabelecer bases sólidas para a política de crédito;

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68

• Estabelecer bases sólidas para o controle corrente da posição

financeira.

Hoji (2004, p. 170) complementa dizendo que “a qualidade informativa da

projeção de fluxo de caixa é muito importante, pois quanto melhor for a

previsibilidade, melhor será a maximização dos recursos financeiros”.

A projeção serve para prever eventuais sobras e faltas de caixa e planejar as

ações corretivas, isto é, investimentos em aplicações financeiras de curto prazo,

quando houver sobras, e captação de empréstimos para cobrir a escassez, nas suas

respectivas datas. Já com relação a periodicidade dos fluxos, quanto maior a

proximidade com o evento, maior a necessidade de detalhes, fluxo de caixa diário, e

quanto mais distante estiver do evento, menor será a necessidade de detalhes, fluxo

de caixa semanal, mensal, trimestral, semestral e anual. Quanto maior a constância

no controle dessas informações, mais minuciosas serão as informações obtidas para

a tomada de decisão.

Conclui-se que o fluxo de caixa projetado, portanto, é uma ferramenta

bastante versátil e flexível, pois é facilmente adaptada a realidade do

empreendimento, atendendo as necessidades específicas de cada usuário.

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69

3 METODOLOGIA

Neste tópico, serão tratados, basicamente, o delineamento, as limitações do

estudo, e os procedimentos metodológicos, que compreendem a coleta e o

tratamento dos dados.

De acordo com Silva (2010, p. 13), “Entende-se Metodologia como o estudo

do método para se buscar determinado conhecimento”. Assim, pode-se concluir que

existam diversos métodos para se realizar uma pesquisa científica, conforme diz

Silva (2010, p.14) “não existe um único método e sim uma multiplicidade de métodos

que procura atender às necessidades conforme o assunto e a finalidade da

pesquisa, bem como as várias atividades das ciências”.

A metodologia requer conhecimentos específicos para elaboração do

projeto, e consequentemente para a pesquisa. Para Marconi e Lakatos (2007, p.

157): “A pesquisa é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo,

que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a

realidade ou para descobrir verdades”.

Nesta linha, percebe-se a importância da pesquisa científica na busca pelo

conhecimento, o que segundo Gil (2008, p. 26): “pesquisa é o processo formal e

sistemático de desenvolvimento do método científico, e o objetivo fundamental é

descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos

científicos”.

A escolha do método científico tem crucial importância para a pesquisa

científica na obtenção dos resultados esperados. É necessário adotar as técnicas

que melhor se desenvolvem para cada tema ou atividade específica, assim como

será tratado no próximo tópico.

3.1 O Método Científico

A ciência tem como objetivo fundamental chegar à veracidade dos fatos.

Neste sentido não se distingue de outras formas de conhecimento. O que torna,

porém, o conhecimento científico distinto dos demais é que tem como característica

fundamental a sua verificabilidade. É necessário verificar as operações mentais e

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70

técnicas que possibilitam a sua verificação. Identificar o método que levou a este

conhecimento. O método é o caminho a se chegar a determinado fim e o método

científico é o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos que devem ser

seguidos na busca do conhecimento. (GIL, 2008, p. 8)

Corroborando com este conhecimento, Marconi e Lakatos (2007, p. 83)

definem o método como o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com

maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e

verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as

decisões do cientista.

Para se alcançar os objetivos propostos, por meio dos diversos métodos

científicos existentes, de forma científica, é crucial que se cumpra algumas etapas,

conforme ensinam Marconi e Lakatos (2007):

• Descobrimento do problema, que precisa estar discriminado com clareza,

caso contrário;

• Colocação precisa do problema;

• Procura de conhecimento ou instrumentos relevantes ao problema;

• Tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados,

caso contrário;

• Invenção de novas ideias ou produção de novos dados empíricos;

• Obtenção de uma solução problema com auxílio do instrumento

conceitual ou empírico disponível;

• Investigação das consequências da solução obtida;

• Comprovação da solução, confrontando a solução com a teoria, e se não

satisfatória a conclusão;

• Correção das hipóteses, teorias, procedimentos de dados empregados na

obtenção da solução incorreta.

Alguns autores citam a diferenciação entre os métodos aplicáveis a cada

ramo do conhecimento, e cada um destes ramos podem ter sistemas de

classificações distintas. Nesta pesquisa iremos adotar a classificação em dois

grupos, que são definidos como o dos que proporcionam uma base lógica de

investigação científica e o dos que esclarece acerca dos procedimentos técnicos que

poderão ser utilizados. (GIL, 2008, p. 9)

Page 71: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

71

Na sequência serão abordados os métodos em duas classificações distintas:

quanto ao método de abordagem e quanto ao método de procedimentos, e os

distintos métodos que compõe cada classificação desta, conforme se destaca no

tópico seguinte.

3.1.1 Métodos de Abordagem

Este método esclarece acerca dos procedimentos lógicos que deverão ser

seguidos no processo de investigação científica dos fatos da natureza e da

sociedade. Segundo Marconi e Lakatos (2000, p. 46), “os Métodos são

desenvolvidos a partir de elevado grau de abstração, que possibilitam ao

pesquisador decidir acerca do alcance de sua investigação, das regras de

explicação os fatos e da validade de suas generalizações”.

Cada método destes está vinculado a uma corrente filosófica que se propõe

a explicar como se processa o conhecimento da realidade.

Podemos classificá-los em: dedutivo, relacionado ao racionalismo; indutivo,

relacionado ao empirismo; hipotético-dedutivo, que se encaixa ao neopositivismo;

dialético, inerente ao materialismo dialético; e o fenomenológico, que se relaciona à

fenomenologia. (GIL, 2008)

De acordo com Gil (2008), o método dedutivo parte dos princípios

reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e nos permite chegar a um resultado

formal em razão de sua lógica. Vai do geral ao particular, específico. Marconi e

Lakatos (2007) afirmam que o método dedutivo tem o propósito de explicar o

conteúdo das premissas, ou seja, os argumentos sacrificam a ampliação do

conteúdo para atingir a “certeza”. Gil (2008) ainda diz que só a razão é capaz de

levar ao conhecimento verdadeiro, decorrente de princípios irrecusáveis.

Inverso do método dedutivo é o método indutivo, pois vai do particular e

coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados

particulares. Segundo Gil (2008), a verdade deve ser buscada através da

constatação a partir da observação de casos concretos confirmados na realidade.

De acordo com Marconi e Lakatos (2007), o método indutivo tem o desígnio de

ampliar o alcance dos conhecimentos, onde os argumentos indutivos aumentam o

conteúdo das premissas. Gil (2008) conclui que é o Método proposto por empiristas,

Page 72: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

72

onde o conhecimento tem sua fundamentação nas experiências, sem levar em conta

conceitos já existentes.

Gil (2008, p.11) diz que “por meio da dedução chega-se a conclusões

verdadeiras, já que baseadas em premissas igualmente verdadeiras e por meio da

indução chega-se a conclusões que são apenas prováveis”.

O método hipotético-indutivo surgiu das críticas atribuídas ao método

indutivo, por Karl Popper, o qual argumenta que a pratica da observação de fatos

isolados nunca chegaria a uma base finita, por maior que fosse a quantidade de

dados observados. Assim, este método procura falsear as hipóteses formuladas, isto

é, do problema proposto são determinadas hipóteses e destas deduzem-se

consequências que serão testadas ou falseadas, e se não obtiver qualquer fato

concreto que torne falsa a hipótese, então, tornar-se-á válida, porém não

definitivamente, pois a qualquer momento poderão surgir novos fatos que a invalide.

(GIL, 2008; MARCONI E LAKATOS, 2007)

O método dialético penetra o mundo dos fenômenos através de sua ação

recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que ocorre

na natureza e na sociedade, e para definir este método, Marconi e Lakatos (2007,

p.100) apontam quatro leis fundamentais, que são:

a. ação recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”;

b. mudança dialética, negação da negação ou “tudo se transforma”;

c. passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa;

d. interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.

O método fenomenológico, segundo ensinamentos de Gil (2008, p. 14) parte

da preocupação por parte do pesquisador em mostrar e esclarecer o que é dado.

Não parte da premissa de dar explicações por meio do que é lei, nem deduzir com

base em princípios, procura enfocar o que está presente na consciência dos

sujeitos.

Este método tem por objeto o mundo subjetivo vivido pelo sujeito. Devido a

inexistência de planejamento rígido e da não utilização de técnicas estruturadas para

coleta de dados, que são características da pesquisa fenomenológica, admite-se o

peso da subjetividade na interpretação dos dados. A pesquisa fenomenológica parte

do cotidiano, da explicação do modo de viver das pessoas, e não através de

conceitos e definições já definidos. (GIL, 2008)

Page 73: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

73

Define-se este método de abordagem como um método de finalidades mais

abstratas para a explicação dos conhecimentos, diferentemente dos métodos de

procedimentos, que são mais concretas, conforme tratado no próximo item.

3.1.2 Métodos de Procedimentos

Os métodos de procedimentos são etapas mais concretas da investigação,

com finalidades mais restritas em termos de explicação geral dos fenômenos e

menos abstratas. (MARCONI E LAKATOS, 2007)

Para Gil (2008, p. 12), “estes métodos têm por objetivo proporcionar ao

investigador os meios técnicos para garantir a objetividade e a precisão no estudo

dos fatos sociais”.

Conclui-se que os métodos de procedimentos objetivam orientar o

pesquisador na realização da pesquisa social, sobremaneira na coleta de

informações, processamento e validação dos dados coletados inerentes ao

problema de pesquisa proposto e à sua resolução.

Diversos autores possuem diferentes classificações para estes métodos,

sendo que nesta pesquisa serão tratados o método histórico, comparativo,

estatístico e monográfico, os quais mais se adaptam a pesquisas relacionadas na

área da ciência contábil.

O método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e

instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade da atualidade,

pois as instituições de hoje alcançaram a sua forma do presente através de

alterações de seus estruturas, ao longo do tempo, influenciadas pelo contexto

cultural particular de cada época. (MARCONI e LAKATOS, 2007)

Deste modo, conclui-se que o modo de vida social de hoje tem suas origens

no passado, devido a isto que se torna importante a pesquisa das suas raízes, no

intuito de entender a sua razão de existir e a sua natureza.

O método comparativo, de acordo com Gil (2008), procede pela investigação

de indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e

similaridades entre eles. Tem sua utilização no estudo comparativo de grandes

grupamentos sociais, separados pelo espaço e pelo tempo. Marconi e Lakatos

(2007) esclarecem afirmando que este estudo, sobre as semelhanças e diferenças

de diversos grupos, sociedades ou povos, contribui para uma melhor compreensão

Page 74: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

74

do comportamento humano, na busca pelos esclarecimentos de similaridades e

explicações das divergências entre estes.

O método estatístico permite ao pesquisador desvendar relações entre

divergentes segmentos. Segundo Marconi e Lakatos (2007), o método estatístico

significa redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos etc. a termos

quantitativos e a manipulação estatística, que permite comprovar as relações dos

fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou

significado.

Gil (2008) diz que as explicações obtidas do método estatístico não podem

ser consideradas absolutamente verdadeiras, mas possuem boa probabilidade de

serem. Reforça ainda que os procedimentos estatísticos fornecem considerável

reforço as conclusões obtidas, sobretudo mediante a experimentação e a

observação. Marconi e Lakatos (2007, p. 109) concluem dizendo que “a estatística

também é um método de experimentação e prova, pois é método de análise”.

Por fim, o método monográfico consiste no estudo de determinados

indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos, com a finalidade de obter

generalizações, por meio da investigação do tema escolhido, observando todos os

fatores que o influenciaram e analisando-o em todos os aspectos. (MARCONI e

LAKATOS, 2007)

Segundo Gil (2008, p. 18), “parte do princípio de que o estudo de um caso

em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou mesmo

de todos os casos semelhantes”.

Conclui Marconi e Lakatos (2007, p. 108) dizendo que: “A vantagem do

método consiste em respeitar a “totalidade solidária” dos grupos, ao estudar, em

primeiro lugar, a vida do grupo na sua unidade concreta, evitando a prematura

dissociação de seus elementos”.

Na seção seguinte será tratada a pesquisa, quanto aos tipos empregados e

suas respectivas classificações.

3.2 Tipologia e Classificação da Pesquisa

As pesquisas podem ser classificadas quanto à natureza, quanto à

abordagem do problema, quanto à realização dos objetivos e quanto aos

procedimentos técnicos, conforme as subseções a seguir.

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75

3.2.1 Quanto à Natureza

Do ponto de vista da sua natureza, as pesquisas podem ser classificadas

como básica e aplicada.

Segundo Gil (2008), a pesquisa básica objetiva produzir conhecimentos

novos, úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve

verdades e interesses universais.

O objetivo da pesquisa básica é intelectual, procura alcançar o saber para

satisfação do desejo de adquirir conhecimentos e proporcionar informações

possíveis de aplicações práticas, sendo desvinculada de finalidades utilitárias

imediatas, não sofrendo limitação de tempo.

Conforme Gil (2008, p. 83): “É dirigida à geração do conhecimento científico

não aplicável, imediatamente à solução de demandas tecnológicas específicas. Ela

amplia generalizações, define leis, estruturas, sistemas e teorias”.

Conclui-se que o pesquisador busca saciar a sua necessidade intelectual

pelo conhecimento, tendo como objetivo final o saber sobre determinado fato.

No que tange a classificação em pesquisa aplicada, Gil (2008) relata que ela

gera conhecimentos para aplicação prática, relacionada diretamente à solução de

problemas específicos. Envolve os interesses de determinados locais.

A pesquisa aplicada, como o nome diz, visa aplicações práticas, com o

objetivo de solucionar problemas que surgem no dia-a-dia, que resultam na

descoberta de princípios científicos que promovem o avanço do conhecimento nas

diferentes áreas. Conforme Gil (2008, p. 85): “Ela se empenha em desenvolver,

testar e avaliar produtos e processos, encontrando fundamentos nos princípios

estabelecidos pela pesquisa básica e desenvolvendo uma tecnologia de natureza

utilitária e finalidade imediata”.

Resumidamente, a pesquisa aplicada visa responder e resolver problemas

com a aplicação das suas descobertas científicas.

Portanto, quanto à natureza, esta pesquisa é aplicada, pois irá propor um

instrumento de projeção e controle de fluxo de caixa para as micro e pequenas

empresas e aplica-lo numa micro empresa no intuito de gerar informação gerencial

financeira necessária ao empresário na tomada de decisões.

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76

3.2.2 Quanto à Abordagem do Problema

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, as pesquisas

científicas podem ser classificadas em pesquisa quantitativa, pesquisa qualitativa e

pesquisa quali-quanti.

A pesquisa quantitativa considera que tudo pode ser quantificável, o que

significa traduzir em números opiniões e informações para classifica-los e analisa-

los. Requer o uso de técnicas estatísticas e de recursos (percentagem, média,

moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação, e outros). (GIL, 2008)

Para Silva (2010, p. 28): “Em nenhuma pesquisa pode ser negada a validade

dos aspectos quantitativos, contudo, o que não se deve é colocar em grau superior

de precisão os resultados numéricos”. Assim, a pesquisa quantitativa é focada na

mensuração dos fenômenos, envolvendo a coleta e análise de dados numéricos e

aplicação de testes estatísticos.

A pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o

mundo real e o sujeito, ou seja, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a

subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação

dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa

qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural

é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. (GIL,

2008).

Este tipo de pesquisa compreende os fenômenos sociais de acordo com as

perspectivas dos participantes. Para Silva (2010, p. 31), “os métodos e os processos

são flexíveis, o desenho da investigação é emergente, podendo ser modificadas as

decisões ao longo da investigação”.

E ainda, a pesquisa pode ser classificada como quali-quanti, ou seja,

possuindo características de ambos os tipos de pesquisa, tanto quantitativa, quanto

qualitativa.

Portanto, quanto à abordagem do problema, esta pesquisa é qualitativa,

devido ao fato de não tratar de dados estatísticos.

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77

3.2.3 Quanto aos Objetivos

Do ponto de vista de seus objetivos a pesquisa pode ser descritiva,

exploratória ou explicativa.

A pesquisa descritiva esta voltada para descrever as características de

determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre certas

variáveis. A forma mais comum de apresentação é o levantamento, em geral

realizado mediante questionário ou observação sistemática, que oferece uma

descrição da situação no momento da pesquisa. Metodologia indicada para orientar

a forma de coleta de dados quando se pretende descrever determinados

acontecimentos. (GIL, 2008).

É direcionada, normalmente, a pesquisadores que tem notório

conhecimento, de forma aprofundada a respeito dos fenômenos e problemas

estudados. (SILVA, 2010)

A pesquisa exploratória proporciona maior proximidade com o problema da

pesquisa, visando torna-lo explícito ou definir hipóteses. Procura aprimorar ideias ou

descobrir intuições. Possui um planejamento flexível, envolvendo, em geral,

levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências

práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos similares. Assume as

formas de estudo de caso e pesquisas bibliográficas. (GIL, 2008).

Esta pesquisa é voltada para pesquisadores que possuem pouco

conhecimento sobre o assunto pesquisado, pois, conforme destaca Gil (2008, p. 27):

“na pesquisa exploratória, normalmente há pouco ou nenhum estudo publicado

sobre o tema, é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses

precisas e operacionalizáveis”.

A pesquisa explicativa aprofunda o conhecimento da realidade porque

explica a razão, o porquê das coisas e, por isto, é o tipo mais complexo e delicado,

já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente. Visa identificar os

fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos acontecimentos.

Caracteriza-se pela utilização do método experimental (nas ciências físicas ou

naturais) e observacional (nas ciências sociais). Geralmente utiliza as formas de

Pesquisa Experimental e Ex-post-facto. É o método adequado para as pesquisas

que procuram estudar a influência de determinados fatores na determinação de

ocorrência de fatos ou situações. (GIL, 2008).

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78

Portanto, quanto aos objetivos, esta pesquisa é descritiva, pois se trata da

descrição das características de determinado fenômeno, no caso, a utilização do

instrumento de fluxo de caixa pela empresa e suas consequências.

3.2.4 Quanto aos Procedimentos de Coleta dos Dados

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos de coleta de dados, as

pesquisas podem ser classificadas em Pesquisa Bibliográfica, Pesquisa

Documental, Levantamento, Estudo de Caso, Pesquisa-Ação, Pesquisa Participante,

Pesquisa Experimental, e Pesquisa Ex-Post-Facto.

A Pesquisa Bibliográfica utiliza material já publicado, constituído

basicamente de livros, artigos de periódicos e, atualmente, com informações

disponibilizadas na internet. Quase todos os estudos fazem uso do levantamento

bibliográfico e algumas pesquisas são desenvolvidas exclusivamente por fontes

bibliográficas. Sua principal vantagem é possibilitar ao investigador a cobertura de

uma gama de acontecimentos muito mais ampla do que aquela que poderia

pesquisar diretamente. (GIL, 2008).

A técnica bibliográfica busca encontrar as fontes primárias e secundárias e

os materiais científicos e tecnológicos necessários para a realização do trabalho

científico ou técnico-científico. Podem ser realizadas em bibliotecas públicas,

faculdades, universidades e, atualmente, nos acervos e bancos de dados que fazem

parte das bibliotecas virtuais nos mais variados segmentos. (DENCKER, 2000).

A Pesquisa Documental é elaborada a partir de materiais que não

receberam tratamento analítico, documentos de primeira mão, como documentos

oficiais, reportagens de jornais, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias,

gravações, entre outros, ou ainda, documentos de segunda mão que, de alguma

forma, já foram analisados, como exemplo: relatórios de pesquisa, relatórios de

empresas, tabelas estatísticas, etc. (GIL, 2008).

Na Pesquisa Documental, a documentação utilizada, normalmente é

encontrada nas repartições públicas ou empresas privadas, na forma de manuais,

relatórios dos mais diversos, balancetes contábeis e outros.

O Levantamento envolve a interrogação direta de pessoas cujo

comportamento em relação ao problema estudado se deseja conhecer para, em

seguida, mediante análise quantitativa, identificar as conclusões correspondentes

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79

aos dados coletados. O Levantamento feito com informações de todos os

integrantes do universo da pesquisa origina um censo. (GIL, 2008).

Nesse sentido, sabe-se que o Levantamento utiliza de técnicas estatísticas,

análise quantitativa, permite a generalização das conclusões para o total da

população e, assim, para o universo pesquisado, permitindo o cálculo da margem de

erro. Os dados, desta forma, são mais descritivos do que explicativos. (DENCKER,

2000).

De acordo com Gil (2008), o Estudo de Caso envolve o estudo profundo e

exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e

detalhado conhecimento.

O Estudo de Caso pode abranger análise de exame de registros,

observação de acontecimentos, entrevistas estruturadas e não-estruturadas ou

qualquer outra técnica de pesquisa. Seu objeto pode ser um indivíduo, um grupo,

uma organização, um conjunto de organizações ou, até mesmo, uma situação.

(DENCKER, 2000).

A maior utilidade do Estudo de Caso é verificada nas pesquisas

exploratórias, e devido a sua flexibilidade, é sugerido nas fases iniciais de temas

complexos para a construção de hipóteses ou reformulação do problema. É utilizado

nas mais diversas áreas do conhecimento. A coleta de dados geralmente é feita por

mais de um procedimento. Entre os mais usados estão: a observação, a análise de

documentos, a entrevista e a história da vida (GIL, 2008), assunto do próximo tópico.

A Pesquisa-Ação é concebida e realizada em estreita associação com uma

ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes

representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo

ou participativo. (GIL, 2008). A Pesquisa-Ação não segue um plano rigoroso de

pesquisa, pois o plano é readequado constantemente de acordo com a necessidade,

os resultados e o andamento da pesquisa. O investigador se envolve no processo e

sua intenção é agir sobre a realidade pesquisada. (DENCKER, 2000).

Esta pesquisa implica no contato direto com o campo de estudo, envolvendo

o reconhecimento visual do local, a consulta a documentos diversos e, sobretudo, a

discussão com representantes das categorias sociais envolvidas na pesquisa. É

delimitado o universo da pesquisa e recomenda-se a seleção de uma amostra. O

critério de representatividade dos grupos investigados na pesquisa-ação é mais

qualitativo do que quantitativo. É importante a elaboração de um plano de ação

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80

envolvendo os objetivos que se pretende atingir, a população a ser beneficiada, a

definição de medidas, procedimentos e formas de controle do processo e de

avaliação de seus resultados. (GIL, 2008).

A Pesquisa Participante é realizada através da integração do investigador,

que assume uma função no grupo a ser pesquisado, mas sem seguir a uma

proposta pré-definida de ação. A intenção é adquirir conhecimento mais profundo do

grupo. O grupo investigado tem ciência da finalidade, dos objetivos da pesquisa e da

identidade do pesquisador. Permite a observação das ações no próprio momento em

que ocorrem. (DENCKER, 2000).

Esta pesquisa necessita de dados objetivos sobre a situação da população.

Isso envolve a coleta de informações socioeconômicas e tecnológicas que são de

natureza idêntica aos adquiridos nos tradicionais estudos de comunidades. Estes

dados podem ser agrupados por categoria, assim como: econômicos, educacionais,

e outros. (GIL, 2008).

A Pesquisa Experimental necessita de previsão de relações entre as

variáveis a serem estudadas e o seu controle. Desta forma, na maioria das

situações, é inviável quando se trata de objetos sociais. Resumindo, quando se

determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de

influencia-lo, definem-se as forma de controle e de observação dos efeitos que a

variável produz no objeto. Esta pesquisa é utilizada, normalmente, nas ciências

naturais. (GIL, 2008).

A Pesquisa Ex-Post-Facto é assim definida, quando o experimento se realiza

depois dos fatos, onde o pesquisador não tem controle sobre as variáveis. (GIL,

2008).

Esta pesquisa é um tipo de pesquisa experimental, diferindo desta apenas

pelo fato do fenômeno ocorrer naturalmente sem que o investigador tenha controle

sobre ele, isto é, nesse caso, o pesquisador passa a ser um mero observador do

acontecimento. Também é utilizada, geralmente, nas ciências naturais. (DENCKER,

2000).

Portanto, quanto aos procedimentos de coleta de dados, esta pesquisa é

documental e estudo de caso. É documental por utilizar dos relatórios contábeis

elaborados por contabilidade específica da empresa objeto do estudo. E é um

estudo de caso, pois propõe um instrumento gerencial e aplica na entidade

referenciada no capítulo 4.

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81

3.3 Técnicas de Pesquisa

Com referências as técnicas de pesquisa utilizadas, diversos autores

enumeram uma variedade destas. Nesta pesquisa serão descritas e caracterizadas

as seguintes: Observação, Entrevista, Questionário e Formulário.

A técnica de Observação é muito comum em várias áreas de pesquisa. Para

Gil (2008) a observação pode ser classificada quanto ao nível de participação do

observador. Pode ser participante, nos casos em que ocorre o contato direto do

investigador com o fenômeno observado para recolher as ações dos atores em seu

contexto natural, considerando sua perspectiva e seu ponto de vista. E não-

participante, onde o investigador observa de maneira espontânea os fatos que

ocorrem, assumindo o papel de expectador.

Para Marconi e Lakatos (2007), a Observação é uma técnica de coleta de

dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de

determinados aspectos da realidade. Também ocorre o exame dos fatos ou

fenômenos. Gil (2008) ratifica dizendo que a Observação se utiliza dos sentidos com

vistas a adquirir conhecimentos do cotidiano.

A técnica de Entrevista pode ser definida como uma comunicação verbal

entre duas ou mais pessoas com um nível de estruturação previamente

determinado, com a intenção de obter informações de pesquisa. É uma das técnicas

de coleta de dados mais usada nas ciências sociais. (GIL, 2008). Nesse sentido,

Silva (2010, p. 63) colabora, dizendo que é um “excelente instrumento de pesquisa e

largamente usada no mundo das organizações, com diversas finalidades”.

A Entrevista, mediante uma conversação de natureza profissional, é um

procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar

no diagnóstico ou no tratamento de um problema social. (MARCONI e LAKATOS,

2007).

A técnica de investigação através de Questionário precisa ser composta por

questões apresentadas por escrito às pessoas, com objetivo de identificar o

conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações

vivenciadas e outras. (GIL, 2008).

Silva (2010, p. 60) acrescenta que “devem ser observados a clareza das

perguntas, tamanho, conteúdo e organização, de maneira que o informante possa

ser motivado a respondê-lo”.

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82

Este instrumento de coleta de dados deve ser enviado ao informante por

correio ou por um portador. É necessário que seja preenchido sem a presença do

entrevistador, e devolvido de igual maneira, dentro de um prazo razoável.

(MARCONI E LAKATOS, 2007).

A técnica de investigação através de Formulário é considerada um dos

instrumentos essenciais para a investigação social, o qual tem por objetivo, colher

informações diretamente do entrevistado, são questões feitas oralmente e

respondidas pelo entrevistador. (MARCONI e LAKATOS, 2007).

De acordo com Silva (2010, p. 66): “o formulário é usado quando se

pretende obter respostas mais amplas, com maior número de informações.

Constitui-se na melhor técnica para coleta de dados em pesquisas de opinião

pública ou mercado”.

Com inerência a este tópico o presente trabalho não se utilizou das técnicas,

tendo em vista que não houve contato diretamente na empresa, por meio de

observação in loco, entrevista, questionário ou formulário.

3.4 Síntese da Classificação da Pesquisa

Em resumo, esta pesquisa classifica-se, de acordo com os seguintes

critérios: quanto à natureza, aplicada; quanto à abordagem do problema, qualitativa;

quanto aos objetivos, descritiva; quanto aos procedimentos de coleta de dados,

documental e estudo de caso.

A seguir, descrevem-se os procedimentos de caracterização da empresa

objeto do estudo, análise dos dados captados, aplicação do instrumento proposto e

a análise dos resultados obtidos.

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83

4 Análise dos Dados e Interpretação dos Resultados

No presente capítulo será apresentado um breve histórico da empresa, a

qual foi utilizada como exemplo nesta pesquisa, aqui denominada de Ômega

Comércio de Móveis Ltda ME, assim como sua caracterização, objetivos quanto a

faturamento, lucro e projeção de crescimento.

Para tanto, foram utilizados os dados contábeis da referenciada empresa,

através da utilização de seus livros diários, razão, de entradas e saídas, balanço

social e demonstrativo do resultado, como referência ao último período e servindo

como base a projeção de resultados futuros, apresentando uma proposta de

adaptação de um instrumento de fluxo de caixa a empresa Ômega, facilitando assim

o processo de tomada de decisão para o empresário.

4.1 Caracterização da Organização Objeto de Estudo

A empresa objeto do estudo, nesta pesquisa denominada Ômega Comércio

de Móveis Ltda ME, está localizada no Centro do município de Balneário Camboriú

em Santa Catarina. O micro negócio foi aberto no mês de setembro de 2010 e

iniciou suas atividades em outubro do mesmo ano, em parceria com os proprietários

de uma indústria moveleira situada na cidade de Camboriú.

A microempresa pode ser considerada familiar, haja vista que a sociedade é

formada por mãe e filho e ainda conta com o auxílio de outra filha que trabalha na

área de vendas, sendo a administração do negócio realizada pelo quotista

majoritário, responsável pela parte financeira.

Desta forma, o micro empreendimento possui três colaboradores, dois

sócios quotistas e uma funcionária que atua na área de vendas interna e serviços

gerais.

A empresa Ômega mantém em sua loja produtos única e exclusivamente

fabricados pela empresa parceira, na qual expõe um mostruário de produtos no

comércio em questão por regime de consignação.

O negócio foi inicialmente inaugurado em uma área de pouco movimento, e

consequentemente, de pouca visibilidade ao empreendimento, necessitando assim

de um trabalho de divulgação, através de propaganda impressa e mala direta.

Page 84: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

84

No ano de 2011 o negócio foi expandindo e os proprietários locaram um

imóvel em uma Avenida de maior movimentação, na área central de Balneário

Camboriú, desejando assim, maior visibilidade e uma captação maior de clientes em

potencial.

A atividade principal do empreendimento compreende móveis fabricados em

madeira e possui como principais clientes, empresas do segmento de bares,

restaurantes, hotéis e similares, no fornecimento de mesas, cadeiras e outros

móveis em geral.

4.2 Construção da Projeção de Fluxo de Caixa da Ômega

Foi proposto um instrumento de controle e projeção de fluxo de caixa para a

microempresa citada, baseado no conteúdo apresentado, partindo de um referencial

teórico e tendo como referências o material bibliográfico com autores especialistas.

Com base nos relatórios contábeis da empresa Ômega Comércio de Móveis

Ltda ME, dos anos de 2010 e 2011, foram elaboradas planilhas para destacar a

possibilidade de controle dos fluxos de caixa, do ano de 2011, conforme

apresentados nos Quadros 8 e 9, implantados com o uso do método direto e de

forma mensal, haja vista as informações disponíveis, e a melhor visualização pelo

administrador do negócio. Utilizou-se, a partir do modelo apresentado nesta

pesquisa, da obra de Carlos Alexandre Sá (2012), com algumas modificações a

facilitar o seu uso, destacando a inserção da linha “Saldo do Período”.

Igualmente, conforme ilustrados nos Quadros 10, 11 e 12, foram elaboradas

planilhas para utilização como instrumento de projeção do fluxo de caixa para o ano

de 2012, inicialmente de forma semanal, nos três primeiros meses e de forma

mensal nos meses subsequentes, utilizando-se do método direto. Utilizou-se num

primeiro momento de forma semanal, pelo fato de que quanto mais próximo da data

atual, mais detalhado deve ser o fluxo de caixa, podendo assim abranger as

informações necessárias para a aplicação na gestão do negócio.

A escolha pelo método direto se deu em virtude da melhor visualização das

informações por parte do administrador financeiro da empresa, não necessitando de

conhecimento aprofundado de contabilidade, e de forma bastante simplificada, pode

acompanhar as movimentações de entradas e saídas de caixa e tomar decisões

seguras ao empreendimento.

Page 85: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

85

Fluxo de Caixa 2011 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho

Saldo Inicial

(+)

Entradas

Recebido de Clientes

Outras entradas operacionais

Entradas Financeiras

Entradas Patrimoniais

Entradas Eventuais

(+)

Saídas

Saídas Administrativas

Saídas Comerciais

Pagamentos a Fornecedores

Saídas de Pessoal

Encargos

Impostos e Taxas

Saídas Financeiras

Saídas Patrimoniais

Saídas Diversas

(=)

Saldo do Período

(=)

Saldo Final

Quadro 8 – Instrumento de Fluxo de Caixa para aplicação na empresa – 1° semestre 2011 (Realizado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 86: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

86

Fluxo de Caixa 2011 Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Saldo Inicial

(+)

Entradas

Recebido de Clientes

Outras entradas operacionais

Entradas Financeiras

Entradas Patrimoniais

Entradas Eventuais

(+)

Saídas

Saídas Administrativas

Saídas Comerciais

Pagamentos a Fornecedores

Saídas de Pessoal

Encargos

Impostos e Taxas

Saídas Financeiras

Saídas Patrimoniais

Saídas Diversas

(=)

Saldo do Período

(=)

Saldo Final

Quadro 9 – Instrumento de Fluxo de Caixa para aplicação na empresa – 2° semestre 2011 (Realizado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 87: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

87

Fluxo de Caixa 2012 1ª semana 2ª semana 3ª semana 4ª semana 5ª semana 6ª semana

Saldo Inicial

Entradas

Recebido de Clientes

Outras entradas operacionais

Entradas Financeiras

Entradas Patrimoniais

Entradas Eventuais

Saídas

Saídas Administrativas

Saídas Comerciais

Pagamentos a Fornecedores

Saídas de Pessoal

Encargos

Impostos e Taxas

Saídas Financeiras

Saídas Patrimoniais

Saídas Diversas

Saldo do Período

(=)

Saldo Final

Quadro 10 – Instrumento de Fluxo de Caixa para aplicação na empresa – 1° período 2012 (Projetado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 88: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

88

Fluxo de Caixa

2012 7ª semana 8ª semana 9ª semana 10ª semana 11ª semana 12ª semana 13ª semana

Saldo Inicial

(+)

Entradas

Recebido de Clientes

Outras entradas operacionais

Entradas Financeiras

Entradas Patrimoniais

Entradas Eventuais

(+)

Saídas

Saídas Administrativas

Saídas Comerciais

Pagamentos a Fornecedores

Saídas de Pessoal

Encargos

Impostos e Taxas

Saídas Financeiras

Saídas Patrimoniais

Saídas Diversas

(=)

Saldo do Período

(=)

Saldo Final

Quadro 11 – Instrumento de Fluxo de Caixa para aplicação na empresa – 2° período 2012 (Projetado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 89: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

89

Fluxo de Caixa

2012 Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Saldo Inicial

(+)

Entradas

Recebido de Clientes

Outras entradas operacionais

Entradas Financeiras Entradas Patrimoniais

Entradas Eventuais

(+)

Saídas

Saídas Administrativas

Saídas Comerciais

Pagamentos a Fornecedores Saídas de Pessoal

Encargos Impostos e Taxas

Saídas Financeiras

Saídas Patrimoniais

Saídas Diversas

(=)

Saldo do Período

(=)

Saldo Final

Quadro 12 – Instrumento de Fluxo de Caixa para aplicação na empresa – 3° período 2012 (Projetado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 90: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

90

Este fluxo de caixa proposto pode e deve ser modificado de acordo com a

necessidade do usuário, e se feito de forma diária, ficará mais evidente as entradas

e saídas de caixa, podendo dar uma visão apurada e antecipada das operações na

empresa.

Para tanto, inicialmente foi elaborado um plano de contas (Apêndice A)

específico para a empresa, partindo dos relatórios contábeis (Balanço Patrimonial e

Demonstração do Resultado do Exercício) com contas utilizadas pela empresa em

questão, que são facilmente modificadas, acrescentando e/ou excluindo-as,

buscando a facilidade na utilização da ferramenta e atendendo a realidade e

necessidade do usuário.

Com informações restritas inerentes ao funcionamento do empreendimento,

a fim de elaborar uma projeção foram criados quadros auxiliares, para então,

alimentar o fluxo de caixa, e são eles: quadro auxiliar de recebimentos de vendas e

desembolsos do ano 2011, estes que foram criados com base nos dados oriundos

dos documentos contábeis (na forma Realizada) e fazendo uma projeção para o

próximo exercício (na forma Projetada).

Para a aplicação do instrumento de fluxo de caixa projetado para o exercício

2012, destacados nos Quadros 10, 11 e 12, foram utilizados os dados já obtidos

anteriormente, os quais resultaram no Quadro Auxiliar de Recebimento de Vendas e

Desembolsos inerentes ao ano 2011, conforme o Quadro 13, e assim, destes

números, simulou-se um aumento de 10% às Receitas para o próximo período,

conforme o Quadro Auxiliar de Recebimento de Vendas e Desembolsos referente ao

ano 2012, conforme o Quadro 14.

O Quadro 13 apresenta informações das entradas e saídas de caixa do

período inerente ao ano 2011, obtidas com base nos relatórios contábeis da

empresa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME do exercício, o que pode ser mais

bem visualizado no Gráfico 1.

Já a projeção feita para o ano de 2012, de recebimentos e desembolsos de

caixa, destacadas no Quadro 14, pode se dar um melhor entendimento conforme o

Gráfico 2.

Page 91: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

91

Ômega Comércio de Móveis Ltda ME

Quadro Auxiliar de Recebimento de Vendas e Desembolsos 2011 – Realizado

Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Recebimentos (R$) 16.625,00 18.330,00 18.640,00 20.390,00 12.700,00 8.400,00 7.395,00 12.280,00 13.420,00 16.000,00 19.150,00 23.870,00

Desembolsos (R$) 14.993,80 15.978,60 17.152,20 17.887,20 12.825,80 10.417,80 9.855,00 13.740,60 14.349,00 15.766,80 17.562,80 20.171,00

Quadro 13 – Quadro Auxiliar de Recebimento de Vendas e Desembolsos 2011 (Realizado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Ômega Comércio de Móveis Ltda ME

Quadro Auxiliar de Recebimento de Vendas e Desembolsos 2012 – Projetado

Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Recebimentos (R$) 18.287,60 20.163,00 20.504,00 22.429,00 13.970,00 9.240,00 8.134,50 13.508,00 14.762,00 17.600,00 21.065,00 26.257,00

Desembolsos (R$) 15.954,86 16.855,08 16.841,04 17.769,04 13.032,00 10.383,20 9.764,12 12.773,28 13.475,52 15.064,80 17.005,20 19.912,72

Quadro 14 – Quadro Auxiliar de Recebimento de Vendas e Desembolsos 2012 (Projetado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 92: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

92

O Gráfico 1 representa o período já realizado, referente ao ano 2011, dos

recebimentos e desembolsos contabilizados pela empresa Ômega Comércio de

Móveis Ltda ME.

Gráfico 1 – Recebimento de Vendas e Desembolsos ano 2011 (Realizado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

É possível perceber que a empresa obteve resultado negativo de caixa nos

meses de maio, junho, julho, agosto e setembro do ano 2011, bem como o fato de o

total dos desembolsos estarem diretamente ligados ao resultado das receitas, isto se

deve ao fato da empresa trabalhar em regime de consignação, efetuando o

pagamento dos custos das mercadorias vendidas somente após o recebimento das

receitas.

Está evidente a linha de baixa nos recebimentos de vendas no mês de maio

de 2011, passando a operar sem prejuízo financeiro, somente no mês de setembro

de 2011. Outra linha de destaque é o crescimento das entradas de outubro a

dezembro de 2011.

Page 93: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

93

Já o Gráfico 2, representa o período projetado, referente ao ano 2012, em

que foi simulado um aumento dos recebimentos em referência ao período anterior, e

ainda, consequentemente, um pequeno aumento dos desembolsos.

Gráfico 2 – Recebimento de Vendas e Desembolsos ano 2012 (Projetado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Com base na simulação dos quadros, percebe-se que a empresa Ômega só

apresenta resultado negativo de caixa nos meses de junho e julho do ano de 2012,

além de evidenciar um crescimento relevante entre os meses de agosto a dezembro

do ano de 2012.

Na seção seguinte será aplicado o instrumento de fluxo de caixa na empresa

Ômega Comércio de Móveis Ltda ME, conforme mencionados nesta seção.

Page 94: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

94

4.3 Aplicação da Projeção de Fluxo de Caixa da Ômega

De acordo com o instrumento proposto e os dados informados na seção

anterior, foram aplicados os valores nos fluxos de caixa dos respectivos períodos

(Realizado e Projetado), como é possível observar nos Quadros 15, 16, 17, 18 e 19.

Para a elaboração do fluxo de caixa projetado do ano 2012 (Quadros 17, 18

e 19) foram levados em consideração os dados já obtidos nos relatórios contábeis e

aplicados no instrumento de fluxo de caixa realizado do ano de 2011 (Quadros 15 e

16).

Diante disto, da análise dos fluxos realizados, foram projetadas médias

partindo dos resultados do período anterior com pequeno crescimento para o

exercício posterior, conforme já foram demonstrados nos Quadros Auxiliares de

Recebimentos de Vendas e Desembolsos dos períodos citados.

Demonstra-se na presente seção a aplicabilidade do instrumento proposto,

extraindo os valores das operações e inserindo nos fluxos de caixa dos respectivos

períodos.

Na elaboração do instrumento, realizado em planilha eletrônica, o usuário

poderá adaptar à sua realidade, conforme foi confeccionado, onde os dados são

alimentados diretamente as suas contas específicas, possibilitando visualizar de

forma clara a situação financeira da empresa no período desejado.

Seguem os Quadros com os valores e na próxima seção será feita uma

análise do instrumento proposto e a sua aplicabilidade na empresa Ômega

Comércio de Móveis Ltda ME.

Page 95: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

95

Fluxo de Caixa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME

2011 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho

Saldo Inicial -R$ 716,20 R$ 5.915,00 R$ 8.266,40 R$ 9.754,20 R$ 12.257,00 R$ 12.131,20

(+)

Entradas R$ 21.625,00 R$ 18.330,00 R$ 18.640,00 R$ 20.390,00 R$ 12.700,00 R$ 8.400,00

Recebido de Clientes R$ 16.625,00 R$ 18.330,00 R$ 18.640,00 R$ 20.390,00 R$ 12.700,00 R$ 8.400,00

Outras entradas operacionais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Financeiras R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Patrimoniais R$ 5.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Eventuais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

(+)

Saídas R$ 14.993,80 R$ 15.978,60 R$ 17.152,20 R$ 17.887,20 R$ 12.825,80 R$ 10.417,80

Saídas Administrativas R$ 2.286,00 R$ 2.316,00 R$ 2.316,00 R$ 2.321,00 R$ 2.316,00 R$ 2.316,00

Saídas Comerciais R$ 498,75 R$ 549,90 R$ 1.559,20 R$ 611,70 R$ 381,00 R$ 252,00

Pagamentos a Fornecedores R$ 7.481,25 R$ 8.248,50 R$ 8.388,00 R$ 9.175,50 R$ 5.715,00 R$ 3.780,00

Saídas de Pessoal R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00

Encargos R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80

Impostos e Taxas R$ 1.330,00 R$ 1.466,40 R$ 1.491,20 R$ 1.631,20 R$ 1.016,00 R$ 672,00

Saídas Financeiras R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Saídas Patrimoniais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Saídas Diversas R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 750,00 R$ 0,00 R$ 0,00

(=)

Saldo do Período R$ 6.631,20 R$ 2.351,40 R$ 1.487,80 R$ 2.502,80 -R$ 125,80 -R$ 2.017,80

(=)

Saldo Final R$ 5.915,00 R$ 8.266,40 R$ 9.754,20 R$ 12.257,00 R$ 12.131,20 R$ 10.113,40

Quadro 15 – Fluxo de Caixa da empresa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME – 1° semestre 2011 (Realizado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 96: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

96

Fluxo de Caixa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME

2011 Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Saldo Inicial R$ 10.113,40 R$ 10.653,40 R$ 9.192,80 R$ 8.263,80 R$ 10.497,00 R$ 12.084,20

(+)

Entradas R$ 10.395,00 R$ 12.280,00 R$ 13.420,00 R$ 18.000,00 R$ 19.150,00 R$ 23.870,00

Recebido de Clientes R$ 7.395,00 R$ 12.280,00 R$ 13.420,00 R$ 16.000,00 R$ 19.150,00 R$ 23.870,00

Outras entradas operacionais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Financeiras R$ 3.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 2.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Patrimoniais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Eventuais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

(+)

Saídas R$ 9.855,00 R$ 13.740,60 R$ 14.349,00 R$ 15.766,80 R$ 17.562,80 R$ 20.171,00

Saídas Administrativas R$ 2.316,00 R$ 2.316,00 R$ 2.316,00 R$ 2.319,00 R$ 2.321,00 R$ 2.316,00

Saídas Comerciais R$ 221,85 R$ 368,40 R$ 402,60 R$ 480,00 R$ 574,50 R$ 716,10

Pagamentos a Fornecedores R$ 3.327,75 R$ 5.526,00 R$ 6.039,00 R$ 7.200,00 R$ 8.617,50 R$ 10.741,50

Saídas de Pessoal R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00

Encargos R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80

Impostos e Taxas R$ 591,60 R$ 982,40 R$ 1.073,60 R$ 1.280,00 R$ 1.532,00 R$ 1.909,60

Saídas Financeiras R$ 0,00 R$ 1.150,00 R$ 1.120,00 R$ 1.090,00 R$ 1.120,00 R$ 1.090,00

Saídas Patrimoniais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Saídas Diversas R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

(=)

Saldo do Período R$ 540,00 -R$ 1.460,60 -R$ 929,00 R$ 2.233,20 R$ 1.587,20 R$ 3.699,00

(=)

Saldo Final R$ 10.653,40 R$ 9.192,80 R$ 8.263,80 R$ 10.497,00 R$ 12.084,20 R$ 15.783,20

Quadro 16 – Fluxo de Caixa da empresa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME – 2° semestre 2011 (Realizado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 97: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

97

Fluxo de Caixa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME

2012 1ª semana 2ª semana 3ª semana 4ª semana 5ª semana 6ª semana

Saldo Inicial R$ 15.783,20 R$ 17.794,84 R$ 16.090,47 R$ 17.747,11 R$ 18.115,94 R$ 20.333,87

(+)

Entradas R$ 4.571,90 R$ 4.571,90 R$ 4.571,90 R$ 4.571,90 R$ 5.040,75 R$ 5.040,75

Recebido de Clientes R$ 4.571,90 R$ 4.571,90 R$ 4.571,90 R$ 4.571,90 R$ 5.040,75 R$ 5.040,75

Outras entradas operacionais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Financeiras R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Patrimoniais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Eventuais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

(+)

Saídas R$ 2.560,26 R$ 6.276,26 R$ 2.915,26 R$ 4.203,06 R$ 2.822,82 R$ 6.538,82

Saídas Administrativas R$ 0,00 R$ 1.811,00 R$ 355,00 R$ 150,00 R$ 0,00 R$ 1.811,00

Saídas Comerciais R$ 137,16 R$ 137,16 R$ 137,16 R$ 137,16 R$ 151,22 R$ 151,22

Pagamentos a Fornecedores R$ 2.057,36 R$ 2.057,36 R$ 2.057,36 R$ 2.057,36 R$ 2.268,34 R$ 2.268,34

Saídas de Pessoal R$ 0,00 R$ 1.500,00 R$ 0,00 R$ 1.244,00 R$ 0,00 R$ 1.500,00

Encargos R$ 0,00 R$ 405,00 R$ 0,00 R$ 248,80 R$ 0,00 R$ 405,00

Impostos e Taxas R$ 365,75 R$ 365,75 R$ 365,75 R$ 365,75 R$ 403,26 R$ 403,26

Saídas Financeiras R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Saídas Patrimoniais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Saídas Diversas R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

(=)

Saldo do Período R$ 2.011,64 -R$ 1.704,36 R$ 1.656,64 R$ 368,84 R$ 2.217,93 -R$ 1.498,07

(=)

Saldo Final R$ 17.794,84 R$ 16.090,47 R$ 17.747,11 R$ 18.115,94 R$ 20.333,87 R$ 18.835,80

Quadro 17 – Fluxo de Caixa da empresa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME – 1° período 2012 (Projetado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 98: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

98

Fluxo de Caixa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME

2012 7ª semana 8ª semana 9ª semana 10ª semana 11ª semana 12ª semana 13ª semana

Saldo Inicial R$ 18.835,80 R$ 20.698,73 R$ 21.423,86 R$ 23.078,22 R$ 21.166,57 R$ 22.970,92 R$ 24.775,27

(+)

Entradas R$ 5.040,75 R$ 5.040,75 R$ 4.100,80 R$ 4.100,80 R$ 4.100,80 R$ 4.100,80 R$ 4.100,80

Recebido de Clientes R$ 5.040,75 R$ 5.040,75 R$ 4.100,80 R$ 4.100,80 R$ 4.100,80 R$ 4.100,80 R$ 4.100,80

Outras entradas operacionais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Financeiras R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Patrimoniais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Eventuais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

(+)

Saídas R$ 3.177,82 R$ 4.315,62 R$ 2.446,45 R$ 6.012,45 R$ 2.296,45 R$ 2.296,45 R$ 3.789,25

Saídas Administrativas R$ 355,00 R$ 0,00 R$ 150,00 R$ 1.811,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Saídas Comerciais R$ 151,22 R$ 151,22 R$ 123,02 R$ 123,02 R$ 123,02 R$ 123,02 R$ 123,02

Pagamentos a Fornecedores R$ 2.268,34 R$ 2.268,34 R$ 1.845,36 R$ 1.845,36 R$ 1.845,36 R$ 1.845,36 R$ 1.845,36

Saídas de Pessoal R$ 0,00 R$ 1.244,00 R$ 0,00 R$ 1.500,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 1.244,00

Encargos R$ 0,00 R$ 248,80 R$ 0,00 R$ 405,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 248,80

Impostos e Taxas R$ 403,26 R$ 403,26 R$ 328,06 R$ 328,06 R$ 328,06 R$ 328,06 R$ 328,06

Saídas Financeiras R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Saídas Patrimoniais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Saídas Diversas R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

(=)

Saldo do Período R$ 1.862,93 R$ 725,13 R$ 1.654,35 -R$ 1.911,65 R$ 1.804,35 R$ 1.804,35 R$ 311,55

(=)

Saldo Final R$ 20.698,73 R$ 21.423,86 R$ 23.078,22 R$ 21.166,57 R$ 22.970,92 R$ 24.775,27 R$ 25.086,82

Quadro 18 – Fluxo de Caixa da empresa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME – 2° período 2012 (Projetado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 99: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

99

Fluxo de Caixa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME

2012 Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Saldo Inicial R$ 25.086,82 R$ 29.746,78 R$ 30.684,78 R$ 29.541,58 R$ 27.911,96 R$ 28.646,68 R$ 29.933,16 R$ 32.468,36 R$ 36.528,16

(+)

Entradas R$ 22.429,00 R$ 13.970,00 R$ 9.240,00 R$ 8.134,50 R$ 13.508,00 R$ 14.762,00 R$ 17.600,00 R$ 21.065,00 R$ 26.257,00

Recebido de Clientes R$ 22.429,00 R$ 13.970,00 R$ 9.240,00 R$ 8.134,50 R$ 13.508,00 R$ 14.762,00 R$ 17.600,00 R$ 21.065,00 R$ 26.257,00

Outras entradas operacionais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Financeiras R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Patrimoniais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Entradas Eventuais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

(+)

Saídas R$ 17.769,04 R$ 13.032,00 R$ 10.383,20 R$ 9.764,12 R$ 12.773,28 R$ 13.475,52 R$ 15.064,80 R$ 17.005,20 R$ 19.912,72

Saídas Administrativas R$ 1.811,00 R$ 1.811,00 R$ 1.811,00 R$ 1.811,00 R$ 1.811,00 R$ 1.811,00 R$ 1.811,00 R$ 1.811,00 R$ 1.811,00

Saídas Comerciais R$ 672,87 R$ 419,10 R$ 277,20 R$ 244,04 R$ 405,24 R$ 442,86 R$ 528,00 R$ 631,95 R$ 787,71

Pagamentos a Fornecedores R$ 10.093,05 R$ 6.286,50 R$ 4.158,00 R$ 3.660,53 R$ 6.078,60 R$ 6.642,90 R$ 7.920,00 R$ 9.479,25 R$ 11.815,65

Saídas de Pessoal R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00 R$ 2.744,00

Encargos R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80 R$ 653,80

Impostos e Taxas R$ 1.794,32 R$ 1.117,60 R$ 739,20 R$ 650,76 R$ 1.080,64 R$ 1.180,96 R$ 1.408,00 R$ 1.685,20 R$ 2.100,56

Saídas Financeiras R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Saídas Patrimoniais R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

Saídas Diversas R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00

(=)

Saldo do Período R$ 4.659,96 R$ 938,00 -R$ 1.143,20 -R$ 1.629,62 R$ 734,72 R$ 1.286,48 R$ 2.535,20 R$ 4.059,80 R$ 6.344,28

(=)

Saldo Final R$ 29.746,78 R$ 30.684,78 R$ 29.541,58 R$ 27.911,96 R$ 28.646,68 R$ 29.933,16 R$ 32.468,36 R$ 36.528,16 R$ 42.872,44

Quadro 19 – Fluxo de Caixa da empresa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME – 3° período 2012 (Projetado)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Page 100: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

100

4.4 Análise da Aplicação do Fluxo de Caixa na Empresa Ômega

Após análise da aplicação do instrumento de fluxo de caixa, proposto para a

empresa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME, observou-se que a empresa possui

certo grau de desorganização quanto a sua situação financeira, o que acaba

gerando dificuldades na gestão do empreendimento.

Observa-se nos Quadros apresentados na seção anterior que a empresa

objeto do estudo não apresenta controle de suas disponibilidades, sendo que o

negócio apresentou resultado de caixa negativo nos meses de maio, junho, agosto e

setembro, e o administrador optou por captar dois empréstimos nos meses de julho

e outubro, nos valores de R$ 3.000,00 e R$ 2.000,00, respectivamente. Desta feita,

conclui-se a partir da análise do Quadro 13, que o empresário captou recursos

nesses meses por meio de empréstimos, sendo que o saldo apresentado do período

era positivo, com sobras, mostrando que os números não evidenciam a verdadeira

realidade da empresa.

Neste caso, fica explícito que a utilização de um instrumento de controle e

projeção de fluxo de caixa auxiliaria o gestor a manter a organização do

empreendimento quanto aos aspectos financeiros e, assim, demonstrar no fluxo de

caixa a realidade de liquidez da organização, deixando o empresário hábil a tomar

decisões confiáveis para a continuidade do negócio.

Percebe-se também uma linha de decréscimo de receitas que inicia no mês

de maio e permanece em baixa até o mês de setembro, o que poderia ser evitada

com uma política de enxugamento de gastos fixos e ainda um investimento em

publicidade ao público alvo, na busca por novos clientes e aumento do faturamento

do período.

Outro campo a se destacar é o crescimento do faturamento nos meses finais

do ano, deixando evidente que devido à sazonalidade, época de verão, e

consequentemente, um maior movimento de turistas na região, o que acaba

mexendo com a economia local e levantando as vendas, na grande parte, em face

aos investimentos dos empresários nos comércios da região.

Em uma análise criteriosa dos dados levantados na demonstração, em tese,

na obtenção das informações financeiras para a elaboração e apresentação dos

fluxos de caixa, ora pelo método direto, pressupõe da relevância desta ferramenta

Page 101: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

101

ao negócio no que tange ao controle financeiro na empresa. Assim, pode-se

trabalhar com a confiabilidade das informações e programar eventos ou ações na

busca pelo crescimento da lucratividade e, consequentemente a continuidade e

longevidade da entidade.

A empresa objeto de estudo necessita de maior controle e organização de

suas contas. Há a necessidade de ter de forma clara e precisa as mutações no

patrimônio, primordialmente no que tange a suas entradas e saídas de numerários.

È essencial que o administrador tenha informações sobre seus clientes e

fornecedores, assim como a forma de pagamentos e recebimentos, a fim de

gerenciar melhor as suas disponibilidades de liquidez imediata.

Percebe-se que o principal motivo para que ocorra a descontinuidade da

empresa Ômega é a falta de controle e planejamento. Para que a aplicação deste

instrumento de projeção e controle de fluxo de caixa consiga obter informações úteis

e relevantes, primeiramente é necessário que haja a alimentação e movimentação

na ferramenta com dados reais e oportunos.

Orienta-se que para uma melhor equiparação de saldos o administrador

tome decisões para soluções de situações negativas, como por exemplo: oferecer

descontos pontuais para clientes que antecipem os pagamentos contratados a

prazo.

Diante das informações oriundas dos fluxos de caixa, sugere-se ao tomador

de decisões, no caso das micro e pequenas empresas normalmente é função do

proprietário, conseguir controlar o seu caixa de forma inteligente, cumprindo com as

obrigações e antecipando os resultados futuros, possibilitando que consiga

aproveitar com segurança as oportunidades do mercado.

Devido aos fatores ora relacionados, conclui-se na importância deste

instrumento de fluxo de caixa proposto a micro e pequena empresa, independente

da atividade de atuação, haja vista a sua real utilidade no auxílio ao administrador no

processo de gestão e consequentemente, na base sólida de informações para a

tomada de decisão.

O próximo capítulo trará as considerações finais da pesquisa, as conclusões

deste estudo, bem como sugestões para trabalhos futuros.

Page 102: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

102

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta seção, apresentam-se as conclusões da pesquisa e as sugestões

para futuras pesquisas.

5.1 Conclusões

O fluxo de caixa é um instrumento de projeção e controle que permite ao

usuário demonstrar e estimar as operações financeiras realizadas pela empresa.

Para o micro empreendimento é uma ferramenta de grande utilidade devido a sua

facilidade de implantação e entendimento, o que permite o planejamento de seus

recursos e controle de todas as atividades operacionais e não operacionais,

proporcionando eficaz organização.

Neste trabalho, propôs-se um instrumento de projeção e controle de fluxo de

caixa para a Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte, especificamente na

Empresa Ômega Comércio de Móveis Ltda ME, de modo a subsidiar ao seu

administrador, com informações gerenciais na tomada de decisão, conforme consta

nas seções 4.3 e 4.4.

Na seção 2.2.4, apresentou-se a estrutura e forma de elaboração da

Demonstração do Fluxo de Caixa aplicável às Empresas, de acordo com a

legislação contábil vigente, assim como suas atividades, métodos, vantagens e

desvantagens; Buscou-se caracterizar de forma abrangente, o conceito de fluxo de

caixa, as suas características, objetivos dos fluxos e elementos de composição para

a sua elaboração,

Para alcançar o objetivo geral desta pesquisa, elaborou-se um instrumento

de projeção e controle de fluxo de caixa específico para a empresa Ômega

Comércio de Móveis Ltda ME, partindo do pressuposto das necessidades desta

empresa, em manter um controle da situação financeira e gerir o dinheiro com

segurança à realidade do negócio, conforme consta na seção 4.3.

Na sequencia, aplicou-se tal modelo, aos dados coletados da empresa

Ômega Comércio de Móveis Ltda ME, conforme consta na seção 4.4.

Assim, pode-se concluir que o instrumento proposto permite ao empresário

simular situações futuras de aumento ou queda de entradas e/ou saídas de caixa,

visualizar a posição de capital de giro, e assim, antecipar suas necessidades de giro,

Page 103: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

103

e ainda possibilitar ao usuário a utilização como ferramenta de planejamento e

controle dos recursos financeiros, gerando informações antecipadas e facilitando a

tomada de decisões.

Nota-se que com a utilização desta ferramenta a empresa possa controlar o

seu fluxo de caixa com excelência. A real necessidade em realizar os fechamentos

em tempo hábil; sejam eles de forma diária, semanal ou mensal; sempre

comparando com as projeções já realizadas, e com apoio dos quadros auxiliares de

recebimentos e desembolsos, buscando assim, evitar que a entidade fique sem

disponibilidades de caixa para saldar seus compromissos.

A conclusão a que se pode chegar, no decorrer do estudo desenvolvido, é

que a gestão adequada de um fluxo de caixa pela empresa Ômega Comércio de

Móveis Ltda ME poderá auxiliar na administração financeira do negócio, pois irá

organizar, controlar e planejar as entradas e saídas de montantes ao longo dos

períodos, sempre posicionando os pagamentos para datas em que projetem

recursos disponíveis, ou ainda vendas a prazo com vencimento em datas que

necessitem cumprir obrigações já programadas.

Assim, fica exposto, que o descontrole do caixa pode prejudicar o resultado

do período e colocar em risco a continuidade do negócio, ou ainda, deixar

numerários de caixa ociosos, perdendo oportunidades de rentabilidade, deixando de

gerar valores em aplicações financeiras.

5.2 Sugestões para Trabalhos Futuros

Para futuras pesquisas, sugere-se que seja realizado um estudo de caso em

uma empresa de pequeno porte ou não, obtendo informações diretamente do setor

financeiro do empreendimento, a qual não faça uso do fluxo de caixa para sua

gestão de caixa, e realize um acompanhamento, analisando todas as operações

realizadas e apontando as vantagens da utilização desta ferramenta in loco.

Page 104: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

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Page 107: Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas. Marcos Rodrigo Schmitt

APÊNDICES

APÊNDICE A – Plano de Contas da Ômega Comércio de Móveis Ltda ME ........... 108

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108

APÊNDICE A – Plano de Contas da Ômega Comércio de Móveis Ltda ME

Plano de Contas 1 ENTRADAS 1.1 Recebido de Clientes 1.1.1 Recebido em cheque ou dinheiro 1.1.2 Recebido em cheques pré-datados 1.1.3 Recebido de cartão de crédito 1.2 Outras entradas operacionais 1.2.1 Dividendos recebidos 1.2.2 Juros recebidos 1.3 Entradas financeiras 1.3.1 Empréstimos bancários 1.3.2 Desconto de duplicatas 1.3.3 Adiantamento de cartões 1.3.4 Adiantamento de cheques pré-datados 1.4 Entradas Patrimoniais 1.4.1 Aporte de capital 1.4.2 Empréstimos de acionistas 1.4.3 Venda de imobilizado 1.4.4 Diversos 1.5 Entradas Eventuais 1.5.1 Reembolsos diversos 1.5.2 Outras 2 SAÍDAS 2.1 Saídas Administrativas 2.1.1 Aluguel comercial 2.1.2 Condomínio 2.1.3 Luz 2.1.4 Água e esgoto 2.1.5 Seguros 2.1.6 Telefone e internet 2.1.7 Material de escritório e limpeza 2.1.8 Manutenção predial 2.1.9 Manutenção de equipamentos do escritório 2.1.10 Honorários contábeis 2.1.11 Diversos 2.2 Saídas Comerciais 2.2.1 Comissão de vendedores 2.2.2 Publicidade e propaganda 2.2.3 Diversos 2.3 Pagamentos a Fornecedores 2.3.1 Fornecedor A 2.3.2 Fornecedor B 2.3.3 Fornecedor C

2.3.4 Outros

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2.4 Saídas de Pessoal 2.4.1 Folha de Pagamento 2.4.2 Pró-labore 2.4.2 Rescisões 2.4.3 Vale-transporte 2.4.4 Cursos e treinamentos 2.4.5 IRRF 2.4.6 Diversos 2.5 Encargos 2.5.1 INSS 2.5.2 FGTS 2.6 Impostos e Taxas 2.6.1 ICMS 2.6.2 Cofins 2.6.3 PIS 2.6.4 IRPJ 2.6.5 IPTU 2.6.6 Contribuição Social 2.6.7 Simples 2.6.8 Diversos 2.7 Saídas Financeiras 2.7.1 Juros pagos 2.7.2 Pagamento de empréstimos 2.7.3 Diversas 2.8 Saídas Patrimoniais 2.8.1 Obras estruturais 2.8.2 Compra de Imobilizado 2.8.3 Dividendos 2.8.4 Outras 2.9 Saídas Diversas 2.9.1 Cheques devolvidos 2.9.2 Devolução de vendas

2.9.3 Diversos

Fonte: Elaborado pelo autor

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Ficha Catalográfica

SCHMITT, Marcos Rodrigo. O FLUXO DE CAIXA COMO INSTRUMENTO DE PROJEÇÃO E

CONTROLE NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS / Marcos Rodrigo Schmitt; Antonioni Colvara Bernardi Leripio – Balneário Camboriú, 2012.

109 p.; 06 Ilust., 19 quadros; 02 gráfs.

Monografia (TCC Graduação) – Faculdade do Litoral Catarinense FLC, Sociesc, 2012.

Inclui bibliografia

1. Contabilidade Gerencial. 2. Controladoria e Gestão. 3. Demonstrações Contábeis. 4. Fluxo de Caixa. I. Lerípio, Antonioni Colvara Bernardi. II. Faculdade do Litoral Catarinense FLC. Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis. III. O Fluxo de Caixa como instrumento de projeção e controle nas micro e pequenas empresas.

CDU: