Flávio Dantas Universidade Federal de Uberlândia ... · EDUCAÇÃO HABITAÇÃO EMPREGO...

III CONFERÊNCIA INTERPARLAMENTAR DE SAÚDE: Medicina Tradicional e Complementar : Uso Racional para uma Assistência Integral e com Equidade da Saúde Flávio Dantas/2005

MEDICINA TRADICIONAL E COMPLEMENTAR

III CONFERÊNCIA INTERPARLAMENTAR DE SAÚDEMedicina Tradicional e Complementar :

Uso Racional para uma Assistência Integral e com Equidade da Saúde19-20 de Maio

CONCEITORELEVÂNCIA SOCIAL

INDICAÇÕES E LIMITAÇÕESPROVAS CIENTÍFICAS

USO INTEGRADO

Flávio DantasUniversidade Federal de UberlândiaUniversidade Federal de São Paulo


OBJETIVOS E PLANO DE APRESENTAÇÃO

• Conceituar MTC• Reconhecer a relevância

social da MTC no contexto latino-americano

• Identificar as principais indicações e limitações da MTC bem como suas provas científicas

• Valorizar a inserção da MTC nos sistemas nacionais de saúde

• Conceito de MTC• Uso e razões• Eficácia, segurança e

aspectos econômicos– Homeopatia– Acupuntura

• Formação de Profissionais• Investigação científica


SAÚDE

EDUCAÇÃOHABITAÇÃO

EMPREGODESENVOLVIMENTO

CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO

ECONOMIACULTURA

LEIS

MEIOAMBIENTE

AGRICULTURA


CONCEITO – MEDICINA TRADICIONAL• Uso tradicional pela população

– Medicina Indígena– Medcina Tradicional Chinesa– Medicina Ayurvédica– Medicina Africana– Medicina Unani

• Sistema Terapêutico– Medicamentoso

• Plantas• Animais• Minerais

– Não-medicamentoso• Terapias manuais• Acupuntura• Exercícios• Dietas• Terapias espirituais


MEDICINA COMPLEMENTAR / HETERODOXA

• Promoção, restauração e proteção da saúde• Perspectiva restrita de patenteamento• Baixo investimento sistemático em pesquisa• Inclusão tímida em políticas nacionais de CTI em

Saúde• Provas científicas limitadas e pouco satisfatórias• Insuficiente inclusão nos currículos oficiais• Uso reduzido pelos profissionais de saúde


MEDICINA TRADICIONAL E COMPLEMENTAR

• Uso tradicional pela população• Promoção, restauração e proteção da saúde• Perspectiva restrita de patenteamento• Baixo investimento sistemático em pesquisa• Inclusão tímida em políticas nacionais de CTI em

Saúde• Provas científicas limitadas e pouco satisfatórias• Insuficiente inclusão nos currículos oficiais• Uso reduzido pelos profissionais de saúde


AcupunturaAcupuntura

AlopatiaAlopatia

Homeopatia

Fitoterapia

Ayurveda

Antroposofia

MedicinaIndígena

ORTODOXIA & HETERODOXIA


CIÊNCIA

ÉTICA

EXPERIÊNCIA

M T C


USO PELA POPULAÇÃO• USA: 32% (1990) 42% (1997)• CANADÁ: 70%• FRANÇA: 49%• ALEMANHA: 80% • CHILE: 71%• COLÔMBIA: 40%• BRASIL: 70 – 90% ( 280.000 consultas/SUS – 2003)


POR QUE - USUÁRIOS• Mais natural, efetivo, relaxante• Papel mais ativo do paciente• Ineficácia do tratamento ortodoxo• Efeitos colaterais dos medicamentos

convencionais • Comunicação deficiente entre pacientes e

profissionais ortodoxos

Furnham A. Why do people choose and use complementary therapies? In: Complementary Medicine: an objective appraisal (1996).


USO POR PROFISSIONAIS DA SAÚDEBrasil• Mais de 900 profissionais de saúde na rede pública• 15.000 médicos homeopatas (16a. especialidade) • 12.000 médicos acupunturistasMunicípio de São Paulo• 81% dos médicos entendem que as práticas da MTC

são úteis para o tratamento• 91% admitem ser importante o conhecimento delas• 52% indicam ou prescrevem algum tipo de MTC

Kazusei A. Práticas não-convencionais em medicina no município de São Paulo. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 2004 [tese de doutorado]


POR QUE – PROFISSIONAIS DA SAÚDE

• Abordagem integral e humanística• Observação de bons resultados em pacientes ou em

familiares• Insatisfação com resultados da prática convencional

– Efetividade– Segurança

• Ganho econômico


FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS CAPACITADOS

• Prática profissional e Academia– Fitoterapia– Acupuntura– Homeopatia

• Ensino nos Cursos de Graduação em Saúde• Pós-graduação lato sensu

– Cursos de especialização– Residência Médica

• Capacitação básica nos serviços de saúde


Sintomas e Busca por Atenção Médica

2000

1980


POR QUE - GESTORES• Respeito à vida, à cultura e à dignidade das pessoas• Acesso universal a todas as possibilidades efetivas de

promoção, proteção e recuperação da saúde• Racionalização das ações de saúde

– alternativas inovadoras e socialmente apropriadas– desenvolvimento nacional de modo sustentável

• Integração e complementação de recursos e ações emsaúde


ESTRUTURA ETÁRIA – BRASIL

20001980


PARA QUE

• Ampliação do acesso a práticas de saúde socialmenterelevantes e epidemiologicamente adequadas– abordagem individualizada, humanizadora e integral– Uso de intervenções seguras e efetivas por profissionais

capacitados e competentes– Redução da desigualdade social em saúde

• Aumento de resolutividade do sistema• Economia• Produção e difusão de conhecimentos válidos e úteis• Conscientização sobre a saúde e seus condicionantes• Geração de empregos• Diminuição da dependência externa


REFERÊNCIAS SOBRE MTCPubMed

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004

Anos


REFERÊNCIAS SOBRE HOMEOPATIA PubMed

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004

Anos


Metanálise de estudos clínicoshomeopáticos

(1997)

89 estudos analisados

Vantagem sobreo placebo: 2.45


Estudos clínicoshomeopáticos: análise de subgrupos

Variação de 1.66-5.04


CONCLUSÕES

• Não compatível com a hipótese de que osefeitos da homeopatia são exclusivamenteefeitos placebo

• Não demonstrada eficácia clara para um problema de saúde específico

• Necessidade de pesquisas adicionais

Linde K et al. Are the clinical effects of homeopathy placebo effects? A meta-analysis of placebo controlled trials. Lancet 1997;350:834-43


É A HOMEOPATIA SEGURA?

• Busca na literatura entre 1970-1995• Comparação de efeitos de medicamentos com placebo• Consulta a órgãos governamentais reguladores (FDA e

MCA), indústrias farmacêuticas• Incidência muito baixa de efeitos adversos

• Sintomas leves e transitórios• Publicações sem mencionar efeitos adversos• Confusão (fitoterápicos, não homeopáticos)

• Medicamentos homeopáticos com maior número de efeitosadversos do que placebo

Dantas F, Rampes H. Do homeopathic medicines provoke adverse effects? A systematic review. Br Hom J 2000;89:S35-38


EFEITOS ADVERSOS DE MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO vs PLACEBO

Artigo Medicamento IncidenciaUso de MH

IncidenciaUso deplaceboPlacebo

Lökken 1995Arnica D30(mostly)

5 / 24 5 / 24 Non-specific complaints ( headache, dizziness)

Reilly 1994 Alergen CH30 1 / 11 2 / 13 AggravationReilly 1986 Pollen CH30 11 / 56 11 / 52 AggravationReilly 1985 Pollen CH30 1 / 10 7 / 25 AggravationLabrecque1992

Thuj. CH30, Ant-c.CH7, Nit-Ac. CH7

2 / 84 4 / 87 Stomach ache, loose stools, pimples and tiredness

Attena 1995 AnasBarbariaeCH200

77 / 783 17 / 790 Aggravation : myalgiae, low grade fever with spontaneousremission in 3-4 days, , rhinorrea, headache, skin rash, earache, itching,

Wiesenauer1995

Galphimia glaucaD4

0 / 64 1 / 68 Slight nausea in the morning

Ernst 1990 Plantcomplex, Øto D4

0 / 31 0 / 30 None

Jansen 1992 Individualized, 30to 1000C

0 / 6 1 / 4 Repeatedaggravations (placebo)

Jacobs 1994 Individualized,30C

0 / 43 0 / 44 None

De Klerk1994

Individualized, 6 to200C

12 / 86 13 / 84 Irritability, aggressive behaviour(2), increased perspiration(2),rash (2), fever, ear discharge, eczema, tummy ache ...109/1198 61/1221

Efeitos adversos


CONCLUSÕES

• Medicamentos homeopáticos em altas diluições, preparados de acordo com a farmacopéia homeopática, são seguros e têm baixa probabilidade de provocar efeitos adversos graves

• Riscos indiretos precisam ser avaliados• Necessidade de um sistema de

monitoramento e relato de efeitos adversos

Dantas F, Rampes H. Do homeopathic medicines provoke adverse effects? A systematic review. Br Hom J 2000;89:S35-38


HOMEOPATIA - INDICAÇÕES• CRIANÇAS

– Diarréias infantis (Jacobs, 2003)– Otites médias (Jacobs, 2001)– Amigdalites recorrentes (Furuta, 2001)

• MULHERES– Tensão Pré-Menstrual (Yakir, 2001)– Climatério (Jacobs, 2005)– Fibromialgia (Bell, 2004)

• ALERGOLOGIA– Rinossinusites e asma (Reilly, 1994)– Dermatite atópica

• DISTÚRBIOS FUNCIONAIS– Digestivos, cardiovasculares, dermatológicos …


HOMEOPATIA - LIMITAÇÕES

• Infecções graves• Indicação de reposição• Doenças psiquiátricas graves (depressão

grave, esquizofrenias, risco de suicídio)• Dependência química• Doenças com graves lesões orgânicas• ....


ASPECTOS ECONÔMICOS -HOMEOPATIA

• Alternativa custo-efetiva a antibióticos no tratamentoda rinofaringite recorrente em crianças (Trichard, 2005)

• 782 pacientes tratados com homeopatia por 80 médicos: satisfação, melhora com tratamento, custosmenores do que o convencional e interrupção do usode várias drogas (Van Wassenhoven, 2004)

• NECESSIDADE DE MAIS ESTUDOS…


A C U P U N T U R A


REFERÊNCIAS SOBRE ACUPUNTURA PubMed

0

100

200

300

400

500

600

1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004

Anos

Acupuncture therapy OR acupuncture OR electroacupuncture OR ear acupuncture


General Guidelines for Methodologies on Research andEvaluation of Traditional Medicine


EFICÁCIA DA ACUPUNTURA

• Estudos meta-analíticos e revisões sistemáticas– Náuseas e vômitos na gravidez, pós-cirúrgicos e por quimioterapia

(Vickers, 1996; Lee, 1999)– Odontalgia aguda (Ernst, 1998)– Cefaléias crônicas (Melchart, 1999)

• Estudos clínicos– Lombalgia, ciática, dor crônica, epicondilite, torcicolo– Dismenorréia, cólica renal e biliar, epigastralgia aguda– Transtornos depressivos e ansiosos, insônia, hipertensão– Acidentes vasculares cerebrais, rinite alérgica– Indução do parto, correção de má apresentação fetal


SEGURANÇA DA ACUPUNTURA• Risco muito baixo de eventos graves

– 0,05 por 10.000 tratamentos– 0,55 por 10.000 pacientes

• Amplitude de efeitos adversos– Tonturas, convulsões, traumas, pneumotórax, danos ao SNC– Hepatite B, infecções do pavilhão auricular

• Eventos podem ser prevenidos

White A. A cumulative review of the range and incidence of significant adverse events associated with acupuncture. Acupunct Med. 2004;22(3):122-33.

• RISCOS INDIRETOS


ACUPUNTURA E ASPECTOS ECONÔMICOS

• Aumento leve do custo em cefaléia crônica (Wonderling, 2004)

• Custo-efetivo em angina de peito grave usada emassociação (Ballegaard, 2004)

• NECESSIDADE DE MAIS ESTUDOS…


PESQUISA EM MTC - Brasil

• GRUPOS DE PESQUISA NO CNPq– Plantas medicinais : 313– Produtos naturais: 422– Fármacos naturais: 51– Homeopatia: 28– Acupuntura: 7– Práticas corporais: 6

• Nicho estratégico de pesquisa na PolíticaNacional de CTI/S


PESQUISA EM MTC – SERVIÇOS DE SAÚDE

• Simples• Viável no curto e médio prazo• Progressiva• Econômica• Eticamente justificável• Flexível• Adaptável às várias realidades locais

Dantas F. Avaliação de resultados terapêuticos da homeopatia: uma proposta paraa realidade brasileira. Revista de Homeopatia 2003; 68(1-2):47-62


NICHOS DE PESQUISA - MTC

• Tratamento convencional pouco satisfatório– Efetividade baixa– Risco significativo de efeitos adversos– Custo econômico elevado

• Alta prevalência do agravo/doença• Efetividade/Indicação clínica da MTC• Impacto na qualidade de vida• Impacto financeiro

Dantas F. Avaliação de resultados terapêuticos da homeopatia: uma proposta para arealidade brasileira. Revista de Homeopatia 2003; 68(1-2):47-62


MONITORAÇÃO DE RESULTADOS• Diagnóstico clínico com critérios aceitos internacionalmente e

adequadamente validados • Procedimentos idênticos - validados ou adaptados de ensaios

controlados randomizados - para mensuração de resultados• Identificação do grau de gravidade clínica • Acompanhamento de mudanças clínicas importantes

– co-morbidade clinicamente significativa• Registro de tratamentos e recomendações concomitantes • Custo econômico e satisfação dos pacientes



AVALIAÇÃO SISTEMÁTICA DA EFETIVIDADE DA MTC

• Randomização + Grupo comparativo• Inclusão seletiva de pacientes• Acompanhamento clínico e laboratorial• Uso de técnicas e procedimentos específicos • Avaliação de qualidade de vida

-----------------------------------------------------------------• Inclusão ampla de pacientes e condutas terapêuticas• Mensuração de resultados via instrumentos previamente validados / em

uso corrente• Critérios diagnósticos validados e internacionalmente aceitos


Prof. Flávio Dantas


CENTROS DE AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE - MTC

• Respeito à especificidade da MTC / abordagem holística– Dificuldade na avaliação

• Plantas medicinais– Aspectos culturais / regionais

• Desenvolvimento de novas metodologias• Estudos clínicos, avaliações críticas e revisões sistemáticas • Avaliação do impacto e implicações técnicas, políticas,

econômicas, ético-legais e sócio-culturais do desenvolvimento, difusão e uso da MTC

• Sede em universidades públicas• Centro de referência para Ministério da Saúde• Rede de Centros Centros Colaboradores da OMS


MEDICINA USO RACIONAL&


Flávio Dantas• Médico, Bacharel em Direito, Mestre em Administração de

Empresas (FGV-EAESP), Livre-Docente em ClínicaHomeopática (UNIRIO) e Pós-Doutorado no Royal London Homeopathic Hospital

• Professor Titular de Homeopatia, Universidade Federal de Uberlândia

• Professor Visitante na Universidade Federal de São Paulo• Diretor Científico da Associação Médica Brasileira de

Acupuntura• Coordenador da Comissão “Homeopatia na Universidade” da

Associação Médica Brasileira de Homeopatia• E-mail: [email protected]

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