Física e Metafísica Do Som

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A origem do som, segundo a cincia, pode estar relacionada teoria do Big Bang e do universo em expanso

SOM DEFINIO GERAL

uma sensao auditiva, ou seja, algo que nossos ouvidos so capazes de detectar. Esta sensao produzida pelo movimento organizado de muitas molculas que compem o ar. Ao estalarmos os dedos, por exemplo, provocamos uma perturbao que faz vibrar o ar e que se propaga at ser captada por nossos ouvidos, constituindo o que chamamos de som. Essa perturbao se propaga em movimento ondulatrio e, por isso, dizemos que o som se comporta como uma onda.

(HELP VOL. 2 ESTADO)

SOM E RUDO

Do ponto de vista acstico, os sons utilizados para produo musical (excetuando os sons de alguns instrumentos de percusso), possuem determinadas caractersticas fsicas, tais como oscilaes bem definidas (freqncias) e presena de harmnicos. Entende-se, no caso, por oscilaes bem definidas, o fato de que um som musical, na grande maioria das vezes, ocorre de forma sustentada (pouco ou muito), de maneira que sua caracterstica de oscilao se mantm por alguns ou muitos ciclos (veja figura 1), diferentemente dos rudos e outros sons no musicais.

No que diz respeito presena de harmnicos cabe lembrar que a maioria dos sons musicais no ocorre apenas em seu modo mais simples de vibrao (modo fundamental), pois so compostos sempre do modo fundamental e de mais outros chamados de modos harmnicos, que nada mais so do que o corpo vibrante oscilando tambm com freqncias mltiplas inteiras (x2, x3, x4, etc.) da freqncia do modo fundamental. A figura 2 mostra alguns dos modos de vibrao de uma corda (deve se atentar para o fato de que na realidade a vibrao da corda ocorre conforme a soma superposio de todos os modos presentes).

Os harmnicos presentes em um som so componentes extremamente importantes no processo musical, tanto na formao das escalas musicais, como na harmonia musical. Por causa dessas caractersticas naturais, sons com alturas (freqncias) diferentes, quando postos a ocorrer ao mesmo tempo, podem criar sensaes auditivas esteticamente diferentes.

Em suma, para quem gosta de coisas bem sintetizadas, o som musical tem uma estrutura ondulatria organizada e o rudo no. Alm do que, no som ocorre a presena de harmnicos, que so vibraes secundrias que ocorrem simultaneamente execuo do som principal.

(MIGUEL RATTON) (www.music-center.com.br/escalas)

SINAL DE ONDA - SOM E SILNCIO

Sabemos que o som onda, que os corpos vibram, que essa vibrao se transmite para a atmosfera sob a forma de uma propagao ondulatria, que o nosso ouvido capaz de capta-la e que o crebro a interpreta, dando-lhe configuraes e sentidos.

Representar o som como uma onda significa que ele ocorre no tempo sob a forma de uma periodicidade, ou seja, uma ocorrncia repetida dentro de uma certa freqncia.

O som o produto de uma seqncia rapidssima (e geralmente imperceptvel) de impulses e repousos, de impulsos (que se representam pela ascenso da onda) e de quedas cclicas desses impulsos, seguidas de sua repetio. No a matria do ar que caminha levando o som, mas sim um sinal de movimento que passa atravs da matria, modificando-a e inscrevendo nela, de forma fugaz, o seu desenho. Essas ondas so mudanas na presso do ar de aproximadamente 10 milsimos em relao presso normal do ar. O ar no se move inteiramente com uma onda sonora, ele simplesmente vibra ao redor de uma posio mdia.

Em outros termos, pode se dizer, que a onda sonora formada de um sinal que se apresenta e de uma ausncia que se pontua desde dentro, ou desde sempre, a apresentao do sinal. O tmpano auditivo registra essa oscilao como uma serie de compresses e descompresses. Sem este lapso, o som no pode durar nem sequer comear. No h som sem pausa. O tmpano auditivo entraria em espasmo. O som presena e ausncia, e est, por menos que isso parea, permeado de silncio. H tantos ou mais silncios quantos sons no som, mas tambm, de maneira reversa, h sempre som dentro do silencio: mesmo quando no ouvimos o barulho do mundo, fechados numa cabine prova de som, ouvimos o barulho do nosso prprio corpo produtor/receptor de rudos (referencia experincia de John Cage, que se tornou a seu modo um marco na msica contempornea, e que diz que, isolados experimentalmente de todo o rudo externo, escutamos no mnimo o som grave da nossa pulsao sangunea e o agudo do nosso sistema nervoso).

Toda msica est cheia de inferno e cu, pulsos estveis e instveis, ressonncias e defasagens, curvas e quinas. De modo geral, o som um feixe de ondas, um complexo de ondas, uma imbricao de pulsos desiguais, em atrito relativo.

Esse feixe frequencial embutido no som, esse espectro de ondas que o compe, pode ser, como atravs de um prisma, subdividido nos sons da chamada srie harmnica. A srie harmnica a nica escala natural, inerente prpria ordem do fenmeno acstico.

(O SOM E O SENTIDO JOS MIGUEL WISNIK ED. COMPANHIA DAS LETRAS).