Fiscalização e meio ambiente

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Pesca Brasil l 28 Meio ambiente A notificação de derramamento de óleo nos arredores da ilha de Cambriú (na divisa dos estados de São Paulo com Paraná) alardeou a sede da ESEC Tupiniquins (Estação Ecológica dos Tupiniquins) em 13 de fevereiro. A denúncia inicial havia sido feita dez dias antes ao órgão ambiental do Paraná. Do dia da de- núncia (4 de fevereiro) ao dia da vistoria (22 de fevereiro) passaram-se quase 20 dias, e quando a equipe da Estação Ecológica lá chegou não havia mais óleo espalhado pelo mar. Entretanto, o estrago ficou visível nas manchas incrustadas nos blocos de rochas dos costões da ilha. A causa do derrame de óleo ainda es- tava sendo apurada até o momento de fecha- mento desta edição. Segundo Lúcia Guaraldo, chefe da ESEC Tupiniquins, moradores e pesca- dores do município de Cananéia-SP acreditam na possibilidade de ter acontecido um naufrágio não informado às autoridades. A faixa de óleo atingiu um raio de 70 quilômetros, de Ilha Comprida até o município de Iguape. “Quando o óleo ainda está na água, há métodos de contenção da mancha. Mas a denúncia foi parar no Paraná e até chegar a São Paulo demorou 15 dias. Agora, resta explorar esse local para verificar se aconteceu uma mor- tandade muito grande de organismos de cos- tão, e se eles se recuperarão com o tempo”, lamenta Lúcia. Fiscalizar também é conscientizar sobre preservação do meio ambiente » Por: Janaína Quitério|Fotos: Enrique Balbueno [email protected] Derramamento de óleo no litoral sul de São Paulo atinge ilhas pertencentes à Estação Ecológica dos Tupiniquins. Equipe da unidade de Itanhaém-SP inicia projeto de fiscalização em cooperação com a Fundação SOS Mata Atlântica e com a Sociedade em Defesa do Litoral Brasileiro para fortalecer preservação Derrame de óleo marca pedras da ilha do Castilho

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Matéria publicada na Revista Pesca Brasil 18, em abril de 2009. (Txt sem aplicação da Nova Ortografia): Derramamento de óleo no litoral sul de São Paulo atinge ilhas pertencentes à Estação Ecológica dos Tupiniquins. Equipe da unidade de Itanhaém-SP inicia projeto de fiscalização em cooperação com a Fundação SOS Mata Atlântica e com a Sociedade em Defesa do Litoral Brasileiro para fortalecer preservação

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Pesca Brasil l 28

Meio ambiente

A notificação de derramamento de óleo nos arredores da ilha de Cambriú (na divisa dos estados de São Paulo com Paraná)

alardeou a sede da ESEC Tupiniquins (Estação Ecológica dos Tupiniquins) em 13 de fevereiro. A denúncia inicial havia sido feita dez dias antes ao órgão ambiental do Paraná. Do dia da de-núncia (4 de fevereiro) ao dia da vistoria (22 de fevereiro) passaram-se quase 20 dias, e quando a equipe da Estação Ecológica lá chegou não havia mais óleo espalhado pelo mar. Entretanto, o estrago ficou visível nas manchas incrustadas nos blocos de rochas dos costões da ilha. A causa do derrame de óleo ainda es-tava sendo apurada até o momento de fecha-

mento desta edição. Segundo Lúcia Guaraldo, chefe da ESEC Tupiniquins, moradores e pesca-dores do município de Cananéia-SP acreditam na possibilidade de ter acontecido um naufrágio não informado às autoridades. A faixa de óleo atingiu um raio de 70 quilômetros, de Ilha Comprida até o município de Iguape. “Quando o óleo ainda está na água, há métodos de contenção da mancha. Mas a denúncia foi parar no Paraná e até chegar a São Paulo demorou 15 dias. Agora, resta explorar esse local para verificar se aconteceu uma mor-tandade muito grande de organismos de cos-tão, e se eles se recuperarão com o tempo”, lamenta Lúcia.

Fiscalizar também é conscientizar sobre preservação do meio ambiente

» Por: Janaína Quitério|Fotos: Enrique Balbueno [email protected]

Derramamento de óleo no litoral sul de São Paulo atinge ilhas pertencentes à Estação Ecológica dos Tupiniquins. Equipe da unidade de Itanhaém-SP inicia projeto de fiscalização em cooperação com a Fundação SOS Mata Atlântica e com a Sociedade

em Defesa do Litoral Brasileiro para fortalecer preservação

Derrame de óleo marca pedras da ilha do Castilho

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Vidas resguardadas em Estações Ecológicas As estações ecológicas são áreas de ecos-sistemas naturais de uso restrito, destinadas à re-alização de pesquisas em ecologia, à proteção do ambiente natural e ao desenvolvimento da educa-ção ambiental. A Estação Ecológica dos Tupiniquins localiza-se nos municípios de Itanhaém, Peruíbe e Cananéia — numa área de 1758 hectares — e en-volve as ilhas de Peruíbe, de Queimada Pequena, de Ilhote, do Castilho e de Cambriú, além do parcel Noite Escura. “A idéia da criação dessa estação é ter um cinturão verde no mar capaz de proteger a Estação Ecológica da Juréia, que está em terra”, salienta Lúcia. As ilhas que compõem a ESEC Tupiniquins têm vegetação típica de Mata Atlântica e são fun-

damentais para a reprodução de peixes e nidificação de aves marinhas. “Em todas as ilhas há espécies endêmicas (peculiar a determinada região), devido ao isolamento delas. Assim, são áreas que neces-sitam de preservação, e para alcançá-la estamos iniciando um projeto de fiscalização, que tem como premissa, num primeiro momento, a educação am-biental para conscientização da população”, explica Lúcia. Sob responsabilidade do recém-criado Ins-tituto Chico Mendes de Conservação da Biodiver-sidade, a equipe da ESEC Tupiniquins tem organiza-do reuniões com todos os usuários das ilhas, como pescadores artesanais, marinas, ONGs parceiras etc. sobre as restrições no local e os projetos de fiscalização criados para a preservação da região.

Saiba mais Estações Ecológicas não devem ser visi-tadas sem autorização. Antes de embarcar, veri-fique se nas ilhas é possível o turismo, a pesca e o mergulho. Nas ilhas pertencentes à Estação Ecológica dos Tupiniquins não é permitido pescar no raio de um quilômetro ao redor da ilha.

Pescadores esportivos pescam em local proibido: eles estão a menos de 1 km do entorno da ilha de Cambriú. Equipe da Esta-ção Ecológica dos Tupiniquins, ao fazerem vistoria, alertam sobre proibição

As ilhas em vermelho pertencem à Estação Ecológica dos Tupiniquins