Firth, Raymond - Sucessão à chefia em Tikopia

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    Sucessaoa Chefiaem TikopiaRaymond Firth

    TEXTOS DE AULAAntropologia 5

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    Sucessao .a Chefia em Tikopia 1Raymond Firth

    A insrituicao da chefia e basica para 0sistemapolitico dos T'ikopia e, tradicionalmente, eraurn dos aspectos chaves no seu desempenhoreligioso. E interessante, entao, examinar os~cipios ; . . O,!?!..$~~~s,.u~~~o pelo qual ospapels a~di'clia eram preenchidos.A sucessao, no sentido social, e urn processo desubstituicao, com reconhecimento publico, se-gundo 0 qual os tftulos, cargos, autoridades,papeis e outros indicadores de status sao trans-feridos de uma pessoa (incumbidaj para outra.A sucessao pode se fazer por geracao, quandoo periodo socialmente ativo do incumbido secompleta por remmcia ou morte, ou pode serperiodica, segundo urn intervalo definido. Asucessao a urn cargo ou titulo raramente eaberta a qualquer membro da comunidadesem criterios especificos exigidos do candidato;geralmente e restrita e envolve uma Iimitacaode sexo, qualidade de maturidade, a condicaode membro de urn dadogrupo social, etc. Parteda restricao pode. ser em termos de urn elo deparentesco, tornando a sucessao hereditaria.Em Tikopia, asucessao a chefia se faz ~Lg,r-

    . . . . . .- .ffi&~0;- e restrita ao sexo _~~sCJ,1Jin2.$..J:lg~!.,,~. Normalmente da-se apenas nocaso demorte do incumbido; nao ha rotacao de cargonem dispositivo reconhecido para rernincia.

    A sucessao a cargo e posicao de autoridade im-plica em uma necessidade, por parte da socie-dade, de continuidade de pessoaL Em qual-quer comunidade espera-se que 0 mecanismo

    para escolher urn novo incumbido funcione taologo quanto possivel para que a autoridade eordem social tenham uma continuidade e osservices essenciais tenham seu funcionario. On-de 0 incumbido tern a autoridade e as funcoesmulriplas de urn chefe, a escolha rapida de urnsubstituto e particularmente importante. Umainterrupcao da oportunidades a desordem nocorpo politico e pode deixar 0grupo sem re-present ante frente a outros grupos e suposta-mente (na 'Tikopia tradicional) frente aos deu-ses. Quando uma vaga e aberta por renuncia,o planejamento da sucessao e facilitado e 0momenta para sua ocorrencia pode ser arran-jado: Quando a vaga e aberta por morte, 0planejamento e imperfeito e a necessidade desucessao pode chegar a qualquer momento. Asucessao, quando da morte de urn chefe, exigeurn principio de substituicao aceito pela socie-dade. A vaga pode chegar de urn momentapara outro. Ap6s a morte de urn homem deposicao, a tensao emocional tende a ser grandee e funcionalm.e~liu..~LY~~rpe~~_mJl"m~&., .j?,?~_ser-.;!cj,9'e_g1,lIJ!.LP,S,'}~"sJ!.p~!Ltuicao rapida .Em algumas sociedades este problema aindanao foi muito claramente resolvido. Urn perio-j, V Ir" ~do de confusao seE&1!e a morte 1JJ!L.!;:hefe,Y' "I'-- -disputas faccionais violentas podemdesenrolar-se ate uma pessoa surgir comovitoriosa no processo de sucessao. Em algumasoutras sociedades e costume a morte de urnlider ser anunciada com a proclamacao de seusucessor, anteriormente apresentado. Le Roi

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    est mort, vive le Roi. Em Tikopia, 0 sistemanao era de competicao conf~;"'"~~tre candida-tos, nem de sucessao automatica, Era um siste-rna interessante de eleicao, em que 0 papelprincipal era desemPe;iliado por fazedcres-de-rei, ao inves de candidatos competidores.Ao examinar este sistema em detalhe queroprimeiro considerar 0 tipo de qualidade numchefe, vistas como desejaveis pela sociedade Ti-kopia.Qualidades Desejadas em urn ChefeTikopiaSe alguem perguntar 0 que se requer de umchefe em T'ikopia, que qualidades deve pos-suir, nao se tem uma formulacao bem delinea-da de uma personalidade ideal que atenda aum conjunto claramente demarcado de obriga-t;oes. A imagem de um chefe ideal sO pode serextraida gradualmente das opinioes expressassobre 0 seu comportamento em situacoes con-cretas, e de assertivas isoladas sobre 0principiofreqtientemente temanado destas situacoes. Asgeneralizacoes mais expltcitas tem vindo, naodo povo, mas dos proprios chefes e dos mem-bros de suas familias, cada vez mais conscienti-zadps de seu papel de chefe. Pela minha expe-riencia em 1928-29 e 1952, pode-se dizer, demodo abrangente, que ~odos os Tikopia garan-tiam. serem, ~~hef.~_~ardi~~=~~p.?~~isto demandava do chefe certos tipos .de condu-_ _ . _ '_ ~ .. . . . . " " " " " ~ .. ~ -= - " " - . _ . _ " '. . . . . ~ .~ ._ , .._ _ ._:oo=~ ~ _ _ __,J,~",_,incluindo ~b~c~I].,~~~a_ injup,~direta ~ ,g:u.povo por motivos egoisticos, e Iimitacoes a sua'fi6eroliae' de" at;ao~onae' tal liberdade pudesse~e~~lhesindiretamente prejudici~( T~adiclonal~mente est~ 'posi~a;"'e;ci~~rrd;ta as suas fun-c;oes como sacerdotes, ou seja, como represen-tantes e intermedlinos dos deuses TikoPia.

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    demora; ele morreria no mesmo instante, Po-rem, disse ele: 0 Ariki Kafika tern compaixaoda terra; cada individuo permanece no seupensamento. Se urn homem esta doente algurese a noticia chega ao Ariki Kafika, ele recitara

    Aliada a pureza fisica, acreditava-se que urn a formula para 0 homem ficar born.chefe devia ter uma certa pureza moral, 0 la- }A tit d d h f d Tik - I _ -, _ .. _ ~-- f '".~' a 1u e os c e es e 1 opra em re acao ado enco da religiao dos T'ikopia nao era orte- ~.!." f .. . _ de si I d ~. 'd'. . \\., eincana nao era e SImp es a erencia ao co I-mente enfatizado por eles, todavia assegurava- ~" 't' t di I 0 d d d IJ'\' go e lCO ra icionar. n e a ota a, 0 era, par-se que a feiticaria deveria ficar fora da.,,\ d f"~ . , d bilid, . . . " te em ,e lClenCl~ urn senso e responsa 1 I a-provmcia de urn chefe. Em 1929, 0 Ariki Tau- d ~I d d d d d d'.. e e parte pe 0 me 0 e per er 0 po er e I-mako falou-me: Urn chefe deveria contmuar a .... AI- di b lh f d d. " ,,' ngu rrtuais. em lSSO,em ora e osse a avrver belamente, a fazer kava; este .so e feito fid I'd d b I - I . d. 1 e 1 a ever a, as vezes e a era ignora a, oupara 0 bern estar, para 0 ahmento ser born. 0 havi fi f I d f' d.' ,aVla su iciente a ta e e, por parte 0povo,termo traduzido como belamente tambem b ;.. I f i. ~ . em sua 0 servancia para que e es tzessern acu-podena se-lo como de modo apropriado, ou _ 'f' d . I _ M fei d. sacoes especi teas e VIO acao. as 0 e eito eseja, sem rna intencao, A sancao dada a tal I'd' db' ~ . d feiti di. ~ . _ ta co Ig0 e a stmencia e emcaria era I-npo de comportamento era uma referencia a f did f 'I' d h f " .. . . un 1 0 entre as arrn las os c e es, eo povomorte tradicional do grande heroi cultural Ti- t be hava I di d d.. . . . am em 0 ac ava In tca o como parte 0 con-kopia, a prrmerra divindade da comunidade it I d d d h f I _. . cei 0 gera 0 ever 0 c e e em re acao a seuinteira, 0qual tinha jdo sem pecados para 0reino dos deuses sem vingar-se do seu assassino.Dizia-se entao que ele objetou a qualquer dis-curso de amaldicoamento- (taranga tautuku),i.e., quaisquer formulas de feiticaria por chefesque em tantos ritos e atividades eram seguido-res do modelo criado por ele. 0 Ariki Tauma-

    .~.ko, tambem me contou "que seu pai Ihe disse:"Nos que Iazemos 0 kava, seguimos 0 unicodeus, a divindade de Kafika. -De acordo comseu pai, urn chefe que usasse feiticaria perdiaseu manu, a potencia do seu kava; urn chefeque praticasse feiticaria teria feito mal, seumanu se haveria dirigido por esse meio para afeiticaria, Seu kava so seria eficaz em ocasioesdo ritual descritivo em si. Em outras ocasioes 0chefe invocaria os deuses, mas eles nao 0 ouvi-riam; nao mais 0 desejariam, A chuva naomais cairia a uma palavra sua, nem os maresse acalmariam. Como 0 suposto controle de

    i tais fenomenos ajudava 0chefe a manter a op_i-,Imao favoravel de seu povo, esta crenca poderiaI !dissuadi-lo de usar indevidamente 0 seu rela-Icionamento com os deuses. Em 1929, Pa Fe-, 'nuatara disse: Se urn chefe esta zangado, ele1 so ralha com palavras boas, ele maldiz em no-me do pai (i.e. Que seu pai coma sujeira),mas ele nao usa feiticaria. Todavia, continuou:E verdade mesmo, alguns chefes sao maus. 0Ariki Tafua me foi mencionado (confidencial-mente) como urn dos causadores das mortes devarias pessoas e da doenca de outros, invocan-do seus deuses contra eles, e isto era condena-do como rna conduta por quantos me falaramdo assunto. Pa Fenuatara foi ao ponto de ad-mitir que, se seu pai, 0 Ariki Kafika, tivesseusado feiticaria contra urn homem, Ele mor-reria mesmo; ele nao veria a noite; nao haveria

    mo falta. Mas as opinioes, em 1952, constata-ram ser a fraqueza do Ariki Kafika, causadapor sua velhice, considerada deleteria para 0bern estar e prosperidade da terra (4)

    pOVO(Sl.Todavia, correlata a esta atitude de responsa-bilidade eiobrigacao concernente ao povo deseu cia e a comunidade como urn todo, estavao orgglho sentido por urn chefe e sua familiade;rdo-.isua~ao. Em sua vida cotidiana,'cad"'i-~hcte";~~a ~~ntinuamente afirmando atese de sua supremacia e seu papel unico noseu cia. Ele aceitava presentes como uma espe-cie de tributo devido; acreditava na prodigali-dade como urn direito seu; comportava-se deurn modo que em outros homens seria descritocomo arrogante; apressava-se em criticar asacoes dos homens comuns que a seu ver ultra-passavam os limites de seus status; tinha crisesde furia quando qualquer coisa the pareciauma afronta. Indo alem dos seus interesses pes-soais imediatos, falava aprovando as acoes deoutros chefes com referencia ao -cIa deles, cui-dava da manutencao de seus interesses comunse se prontificava a estar presente em ocasioescritic as e a apoia-Ios com a sua autoridade.Urn chefe estava apto a exemplificar seu statuscom expressoes figurativas especiais. 0 ArikiKafika me disse, em 1929: Eu que habitoaqui sou 0 urua rompedor de rede, 0tubaraocomedor-de-homem - compararido-se com 0peixe furioso do oceano. Em outra ocasiao,deu-me nova serie de metaforas, 0 Ariki Kafi-ka e a boca da terra, a confirmacao de todasas coisas, aquele ao qual a terra ouve, 0famo-so chefe, Explicando-me uma formula secreta,chamou atencao para uma {rase que nela ocor-ria A divindade da terra e (mica. Esta divin-dade, segundo ele, era 0 chefe que em seu po-der permanece acima dos comuns como urndeus. Se urn homem comum de seu cia pertur-

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    ba a paz da terra, entao 0. chefe ouvi-lo-a e fa-ID-a pagar por isto. Em termos da estrutura SD-cial, 0. PDVDera considerado pelas familias dDSchefes CDmD de menor importancia , Pa Fenua-tara disse-me, em 1929: A historia ancestraldo. homem do. PDVDe a do. chefe; sua divindadenao pesa e nao vai para muitos lugares. Istosignificava que 0. individuo cornum do. cla naotinha historia nem origens tradicionais, alemdas do. seu chefe, que superavam as suas. Osdeuses a quem ele invocava tinham poucainfluencia (

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    ebendons-le, Quando protestei, meu infor-mante fez uma careta e disse: Niio sei, e 0costume da rerra.A festa de casamento da jovem da Fetauta Ioi.feita na casa de Vangatau; a da jovem de Aki-tunu, na casa de Te Aorere; e a da terceiraesposa, que permaneceu como Nau Taumako,em Motuata, a propria casa do chefe. Em1952, os tres casamentos do chefe aso erambem vistas por alguns membros do seu clii,Meu informante disse: Objetemos - os valo-res, a corda do sinete e os remos desaparece-ram, porque ele casou tres vezes. Os valores e 0alimento do cIa de Taumako e nosso, a linha-gem de Taumako aqui, simplesmente se foramese foram e se foram. Tiieles e remos chega-ram ao fim. (Matou ne teke - ku leku ko rekoroa, te kafa ma te fe - ku avanga fakatoru.Poi, poi, poi ko te koroe ma re kai re kainangasa Taumako ma matou sa Taumako nei - otiko re kumete ma te fe.)Alem da objecao ao casamento triplo, doispontos de importancia estao implicitos nestaafirmativa. Um ie que os assuntos maritais deum chefe ou mesmo de urn chefe em potencialtambem dizem respeito ao cla. Seus membrosse c~nsideram autorizados a arranjar-Ihe umaesposa e prontificam -se a protestar se essa espo-sa 0abandona, apesar de ser induzida a faze-10. Em segundo lugar, 0 grau de Iigacao entrecIa e chefe e ate certo ponto dependente dahospitalidade que sua esposa oferecer. Ela eresponsavel por tomar providencias para osmembros do cla, que visitam 0 chefe, serembem recebidos e alimentados. Por sua condutaneste sentido ela pode faazer muito para cons-truir ou destruir a reputacao do chefe e suasrelacoes com 0cla, mesmo com seus parentesagnaticos Intimos. 0 interesse do cla ao arru-mar uma esposa para 0 chefe esta, portanto,diretamente relacionado a qualidade de suaspr6prias futuras relacoes com ele. Os Tikopianao tern qualquer expressao equivalente a afri-cana: A esposa do chefe e a esposa da tribo.Porem, em verdade seu comportamento ternquase 0mesmo significado.Princfpios de SucessaoComo eram tais ideais reconhecidos e postosem execucao quando surgiam problemas de su-cessao? Arist6teles formulou tres qualificacoesrequeridas para os que tern de preencher 0cargo mais alto. Sao: lealdade a constituicaoestabelecida; a maior capacidade administrati-va; e virtude e justica apropriada a forma degoverno. Como todas estas qualidades nao seencontram obrigatoriamente na mesma pessoa,

    e necessana uma selecao , Arist6telesaconselhou-nos fazer a escolha a luz do tipo defuncoes que 0incumbido tern de exercer. Sele-cionando urn general, por exemplo, deviamosescolher urn homem habilidoso ao inves de urnvirtuoso sem habilidade, pois capacidade mili-tar e supostamente rara. Mas deviamos esco-Iher virtude em urn homem procurado para in-tendente, pois a capacidade administrativa exi-gida por este cargo e comum (conforme opi-niao sua).Em geral, 0modo Tikopia de pensar pode serrelacionado aos conceitos de Arist6teles. Elesnao parecem sentir necessidade de aptidao mi-litar no sentido organizacional. Seus Iideres,em combates como tinham, parecem ter sidolutadores individuais agressivos (toe) mais doque generais. A lealdade a constituicao da so-ciedade pode ser pressuposta, ja que aterecentemente todos os Tikopia parecem terparticipado dos mesmos valores gerais e dasatisfacao com seu modo de vida, incIuindo aestrutura social tradicional. A medida que aocidentalizacao se aproxima de Tikopia, 0in-teresse maior de alguns homens pelos meiosmodernos tern apenas comecado a levantar 0problema da lealdade basica como urna ques-tao consciente. A capacidade administrativacomo criterio para a chefia parece ter sido des-prezada pelos Tikopia - ou melhor pareceter-se presumido (como Aristoteles) que todosos homens a possuem em um grau suficientepara exercer 0 cargo. Alem disto, urn chefepode ter bons conselheiros. A virtude foi consi-derada urn determinante de importancia, em-bora nao necessariamente final, na selecao pa-ra 0cargo.Isto aconteceu porque os 'Tikopia realistic a -mente podem ter considerado mais simples as-segurar a conduta virtuosa em urn chefeexigindo-a ap6s sua eleicao, do que procura-Iade antemao, Em ourros termos, com uma visaourn pouco cinica da fraqueza hurnana, eles pa-recem ter confiado mais no efeito regulador doc6digo social em urn titular de cargo, do queem qualquer inducao anterior de virtude perse. Parecem ter dado muito mais importanciaa urn~ reguf;t!_:de~J!uCeSsao_~d~_que a-~'i:prOCuraaasq;';'lidades ideais na p~~~a-~que-serias~ce~9r, e~bor~ tais qualidades -niof o ; ; ; J t i i~o'rad~~: Este tipo de assertiva intelec-tual e abstrata nao e, obviamente, 0dos Tiko-pia. E inferencia minha da evidencia dada poreles.Nem em 1929, nem em 1952, ocorreu urn casoreal de sucessao a chefia em Tikopia. Masforam-me dadas inumeras informacoes descriti-

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    vas sobre casos recentes e tam bern pude levarem consideracao a massa de materialgenealogico sobre as linhagens dechefes de Ti-kopia. Embora isto nao possa ser tornado comomaterial especificamente historico, os tipos desucessao indicados assemelham-se aos de ocor-rencia mais recente e podem ser tornados comoexemplos da teoria Tikopia e, provavelmente,da pratica tarnbern.A sucessao a chefia em Tikopia tern sido here-ditaria, com descendencia patrilinear. Nenhu-'rna mulher~)nem qualquer descendente matrili-near foi sucessor de alguem na chefia. Com ex-cecao apenas de urn ancestral fundador, nin-guem podia ser sucessor se nao fosse urn agna-to na linhagem do chefe.o material de sucessao a chefia Tikopia e ob-tido das genealogias das quatro linhagens dechefes, e comportava, em 1952, urn total de 49casos de sucessao, 13 Kafika, 13 em Tafua, 15em Taumako e 8 em Fangarere. A sucessaotern sido dos seguintes tipos:Filho foi sucessor em 27 casosFilho do filho 3 casosIrmao 5 casosFilho do irmao 7 casosOutros agnatosTotal

    7 casos49casm,

    o principio de transmissao hereditaria diretado cargo esta claro no material. Ravia tam bernuma enfase na primogenitura.Enquanto coletava material genealogico, roi-me dito, em varias ocasioes, que urn homemdeterminado - geralmente urn perdido nomar - tinha sido te ariki fakasomo, 0chefecrescente, te pupura, 0rebento ou a plan-ta nova, ou te pupuranga atua a planta novados deuses. Os termos eram usados, em cadacaso, apenas com referencia ao filho mais ve-lho de urn chefe, e as analogi as com plantasem crescimento mostram como os T'ikopia con-sideram 0 filho mais velho como 0 provavelherdeiro do chefe ' ? " , Tambem podia ser dado atal filho mais velhoTum tratamento especial,como levar-Ihe alimentos como presente, jaque ele e 0 proximo chefe. A primogenitura,entao, era 0modo normal de sucesslio em T'i-kopia ,Em 11 dos 27 casos onde filhos eram sucesso-res, 0escolhido era 0 filho mais velho em or-dem de idade; em quatro outros casos urn filhounico foi 0sucessor; e no resto era 0filho maisvelho vivo ou 0 unico filho vivo, tendo outrosherdeiros em potencial perecido (geralmenteperdidos no mar). Nao consta caso algum onde

    r-i

    urn filho mais novo tenha sucedido a seu paicomo chefe quando seu irmao mais velho ain-da vivia. (So ha urn caso, 0de Kafika - jamencionado - onde urn irmao mais novo su-cedeu a seu irmao mais velho, estando 0ulti-mo ainda vivo mas doente). 0 padrao de su-cessao filial era comum a todos os ellis. Em"Kafika e em Tafua, 0filho sucedeu ao pai emoito casos entre 13, em Taumako em sete casosentre 15, em Fangarere em quatro casos entreoito. Em geral, onde urn filho nao foi 0suces-sor, 0normal parece ter sido selecionar urn ir-mao , ou outro agnato tao proximo quantopossivel do chefe morto. Urn problema surgia ,porem, quando da morte' deste homem - eledevia ser sucedido por seu proprio filho ou a'chefia reverteria a linha de seu predecessor?Aqui os Tikopia parecem ter adotado 0J?Iincipj~_d~_ r~~~rJ.!o, mas nao automatica-mente. A adocao deste principio parecia de-pender da disponibilidade relativa de sucesso-res provaveis nas diferentes linhas, e era aquitalvez que as qualidades consideradas deseja-veis em urn chefe surgiam como criterio maisimport ante de selecao , Mas a sucessao no casodos filhos do irmao era, na maioria das vezes,uma reversao a uma linha mais antiga.Em Kafika aparentemente existem tres casosnos quais a reversao ao ramo _mais velho naoocorreu apos a sucessao ter sido quebrada destejeito. 0 primeiro foi quando 0chefe Pepe, queabdicou por motivo de doenca, fundou a casade Tavi. Nenhuma tentativa parece ter sidofeita para procurar chefes posteriores de Kafi-ka nesta casa. 0 segundo caso ocorreu duas ge-racoes depois. 0 chefe, Tanakiforau, tinha su-cedido seu pai; ele era 0 segundo filho, masseu irmao mais velho, Mourongo, te pupura, asemente de chefe, havia morrido no mar.Como Tanakiforau envelheceu, foi negligencia-do por seus filhos. Eles costumavam sair embusca de alimento; mas nao lhe traziam as pe-quenas guloseimas devidas a urn pai idoso -frutas silvestres, caranguejos terrestres, passa-ros. Egoisticamente, eles proprios os comiamna floresta. Vendo isto, urn de seus parentesmais novos, Vakauke, uma crianca adotada nacasa, costumava trazer-Ihe tais coisas para seudeleite. Isto durou bastante tempo e urn dia 0chefe disse : ao rapaz: Quando eu me for,aquilo que 'est a pendurado em meu pescocodevera ser se-- -- Isto e, 0rapaz receberia 0colar feito de palma de coqueiro, usado porurn chefe em rituais. Tanakiforau ficou doentee estava para morrer. Todos seus parentes sereuniram. Tereiteata, 0Ariki Tafua, foi con-vocado. Quando ele chegou, 0chefe de Kafika

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    estava aparentemente morto, mas vez poroutra urn longo suspiro assegurava ao povo queele estava vivo. (A prop6sito, disse0Ariki Ta-fua, que me contava esta lenda, em 1929,0chefe estava realmente morto, e 0 deus em seucorpo s6 estava esperando 0Ariki Tafua che-gar antes de deixar0cadaver semmorador.) 0Ariki Tafua veio e perguntou: 0 que ele dis-se?Onde esta0discurso deixado por ele?To-dos responderam: Ele nao disse nada, Entaovoltou-se para 0 agonizante, agora parado, edisse: Fala-nos, deixa-nos saber a quem 0colar de chefe deve ser dado. 0 corpo naodeu qualquer sinal -de vida. Ele dirigiu-se aoccorpo reperidas vezes, mas nao houve respostaalguma. Entao comecou a repetir os nomes dosfilhos do morto, mas nao houve qualquerindicio do chefe quanto a favorecer a urn delesou nao. 0 Ariki Tafua falou os nomes de todosos filhos e outros agnatos pr6ximos e novamen-te repetiu: Diga-nosquem deve receber0co-lar de chefe. Nao houve resposta alguma. Porfim, virou-se e disse: E esta coisa saqueadora,sentada ali?, indicando Vakauke e usando urntermo denotador de desprezo. 0 corpo aparen-tamente sem vida ergueu-se, acenou sua cabe-ca assentindo, e caiu de volta, sem outro movi-mento, agora realmente morto. Assim a suces-sao foi confirmada e Vakauke tornou-se chefe.Ele foi 0 ancestral da presente Iinhagem dechefesque sao, portanto, os frutos de urn ramomenor da linhagem de Kafika.Tal e a lenda tradicional, que tern certos as-pectos estranhos, inclusive a especificacao pou-co usual de urn sucessor feita por urn chefeagonizante. Pode ser interpretada, em parte,como uma est6ria moral para influenciar os fi-lhos e faze-los comportar-se bern em relacaoaos seuspais. Mas0Ariki Tafua a contou paramim dando enfase ao aspecto politico para ex-plicar - e ate certo ponto se regozijar com elaa quebra da linha direta de Kafika.Realmente eu ja havia descoberto ser im-possivel1averiguar precisamente quais eram osancestrais de Vakauke; a est6ria pode ter sidouma-reconstrucao originaria do cla Kafika pa-ra apoiar a eleicao de urn esrranho, Contudo,se fosse assim, esperar-se-ia urna ligacao maisdireta na sucessao, Na estoria relatada peloAriki Tafua, seu proprio ancestral toma parteimportante, e esta interferencia de urn outrochefe _ a facilitar uma decisao quanta a su-cessaoesta de acordo com a regra tradicional.o termo coisa saqueadora, denotandodesprezo, usado pelo chefe que dirigia a reu-niao, indica a imprevisao da escolha. 0 motivoda escolha ter sido deixada para 0chefe agoni-

    zante nao e explicado, tnotavel tambern queneste caso a selecao de urn novo chefe foi con-siderada como efetivada atraves de urn sinaldos deuses. Como urn chefe Tikopia tinha tra-dicionalmente, como f\in!;aoprimaria , a i:arefade servir de intermediario dos deuses e, as ve-zes, como sua personificacao, e interessanteque normalmente pareca nao se ter procuradonenhuma aprovacao sobrenatural para a sele-c;:aohumana. 0 que esta lenda sugere e umasucessao anomala, provavelmente porque naohavia de modo claro quaisquer candidatos dis-poniveis; talvez seja significative que, emboraos filhos de Tanakiforau sejammencionados nalenda, eu fui incapaz de descobrir seus nomes,o que nao e normal. como especulacao, pode-se adiantar isto como exemplo de ultimogentu-ra virtual: 0 velho chefe nao tinha filhos deborn calibre, a linha mais velha como urn todonao tinha individuos de destaque, a chefia,portanto, recaiu sobre urn agnato muito novo,na realidade vivendo com 0 chefe e a ele ser-vindo, Urnmembro do ramo mais velho - urnbisneto do Mourongo mencionado acima - foiescolhido como chefe de Kafika mais tarde.Entretanto, quando ele morreu, 0titulo rever-teu a urn irmao de seu predecessor e depois aofilho de seu predecessor, e nao a urn descen-dente seu.Em Tafua, a linha direta de sucessaofoi segui-da rigorosamente. A divergencia mais mar-cante foi no caso do predecessor do Ariki Ta-fua que conheci em 1928-29. Este homem eraurn filho do filho do irmao do pai do pai deseu predecessor e 0fruto de uma terceira espo-sa. Quando ele morreu, foi sucedido pelo filhomais velho da primeira esposa de seu predeces-sor e novamente assumiu-sea linha direta.Houve urn caso, relatado pelo Ariki Tafua em1929, onde urn antigo chefe de Tafua, Mori-tiaki, tentou reservar 0 cargo de chefe para seufilho mais novo. Comuma esposa Anuta ele te-ve Taupe. Embora 0rapaz nao fosse seu filhomais velho,0chefe desejava que ele obtivesse0kasoa, 0colar de chefe, pois em virtude da ori-gem estrangeira de sua mae ele nao tinhaqualquer grupo de parentes para dar-Ihe apoioem Tikopia. Seusmeio-irmaos, por outro lado,tinham posicao, devido a seus laces de paren-tesco. Mas quando os irmaos ouviram as pro-postas do pai ficaram muito zangados, e todosdesertaram Uta, onde 0pai vivia. Vendo isto,Taupe ficou envergonhado por ser a causa detanta discordia e foi viver em Namo. La ele vi-veu durante longo tempo, pescando, cozinhan-do, comendo peixes e dormindo s6. Finalmen-te, caso+-se la e tornou-se pai da linhagem de

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    Akitunu. Por fim seu paichamou-o para Uta.La deu-Ihe uma cestinha de machadinhas sa-gradas (toki tapu) para carregar e foram juntospara Maunga Faea. La 0 chefe enterrou asmachadinhas em varies lugares, como obsta-culos (pipi) para tomar posse perpetua daterra para Taupe e seus descendentes e evitarqualquer usurpacao possivel pelos seus irmaosou descendentes deles. Ap6s a morte de seupai, 0 mais velho dos irmaos, Te Urumua,tornou -se chefe, mas 0 futuro econornico deTaupe estava assegurado.Em Taumako e Fangarere a linha do filhomais velho foi ignorada, em alguns casos, pro-vavelmente por nao haver nenhum candida todisponivel. Mas parece que, em quase todos oscasos, fez-se uma tentativa de retorno a linhamais antiga tao logo quanto possivel. Em Tau-mako, onde urn irmao foi 0 sucessor em trescasos, quando ele morreu a sucessao foi feitapor urn filho de seu irmao mais velho em doiscasos e, no outro, a chefia reverteu a urn ramomais velho. Onde urn filho do irmao foi 0su-cessor, quando ele morreu a sucessao voltou aoramo mais velho novamente. Em Taumako, aprimogenitura com 0direito do ramo mais ve-lho suceder tern sido 0 principio domminante;salvo 0 unico caso de recusa, a idade jovem oua ausencia parecem ter sido a unica barreira.Normalmente, urn chef~- Tikopia e urn homemcasado, na epoca de sua eleicao, Mas esta naoe uma regra invariavel , Pakimoana de Tauma-ko foi eleito quando ainda era crianca (vermais adiante), e Tereiteata foi sucessor eerasolteiro. Ele se perdeu no mar antes de casar-see nao deixou descendentes, mas, de acordocom uma pratica Tikopia de respeito a urnchefe, foi-Ihe dado urn titulo, Pu Tafua Lasi,equivalente ao de urn homem casado, e urnancestral.A excecao mais marcante a sucessao normal achefia Tikopia foi 0caso recente de Fangarere.Como descobri em 1952, quando morreu 0Ariki Fangarere, meu conhecido, dois chefesdo cla foram eleitos. Isto era urn caso obvio deinteresses faccionais surgindo da divergcia reli-giosa. 0 filho mais velho do ex-chefe, urn cris-tao nao muito agradavel pessoalmente, haviasido nome ado 0 Chefe do Evangelho por in-sistencia do Ariki Tafua. 0 filho mais novo,urn pagao pessoalmente mais adaptavel ao car-go, tinha sido nome ado 0 Chefe dos Chefesr:pelos" seus colegas pagaos, Ele era 0 chefe destatusmais elevado i'".Ao contra rio da pratica entre alguns povosafricanos, Tikopia nao tern estipulacoes parauma regencia. 0 cla tern de ter urn chefe 0

    mais cedo possivel , ap6s a morte de seu 'ex-hder, e quem lidera 0 cIa como chefe tern deter plenos poderes. Na sociedade Tikopia tra-dicional esta ausencia de regencia poderia sercorrelacionada jt necessidade de um chefe de-sempenhar funcoes rituais de relacao diretacom ancestraise consciente de que ele pr6priopor sua vez seria incorporado a linha ancestralcomo urn objeto de apelo espirituaL Ninguemque nao tivesse sido propria e completamenteempossado como chefe poderia desempenharesses papers, Geralmente; entendia-seque,quando urn chefe vindo de urn ramo rnais novomorresse, a sucessao provavelmente retornariaa urn descendente de urn ramo mais velho.Mas tal Iimitacao 56 podia estar implicita nosistema Tikopia, Nao era estruturalmenteex-pressacomo uma limitacao explfcita ; em ou-tros termos, nao havia quaisquer poderesgenuinos de regentes.Nao ha caso algurn de uma chefia Tikopia tersido tomada a forca, embora frequentementese faca referenda, na tradicao, a tencativa detomar 0 poder como tal, pela violencia, e aslendas de origem falem de disputas pelo cargo,Com certeza,em epocas quase historic as , acombinacao de sancoes rituaise sociais para achefia parece ter sido tal que nenhuma Iegiti-midade poderia ser esperada por uma tom adade poder pela forca , (Naturalmente essa toma-da pode realmente ter acontecido, e ter sidodissimulada sob uma est6ria de sucessao nor-mal, mas isto e imposstvel, pois oentrosamentodeelos de parensteco idos outros clas provavel-mente te-Ia-ia revelado).Mecanismo de EleiC;;aoE interessante que no sistema Tikopia de suces-sao, a _desJ2eito ~ase na primogenitura,nao ha regra automatica pe aQUalum-~dei"-

    ~. . . --_.".- ..........~ . ... " ''I.

    ro des~ado suce ea urn c e e morta. Ne-~hti~-h;ine~,~~e;;--o-~ fil~~ai~~~clhc;:-po-deria reivindicar a chefia para si adiantada-mente. Ao inves disto, por umcostu"~~;gl,laseunico na Polinesia, ..urn chefe eescolhido pelo~;;~;~h'a;;-~

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    A luta dos parentes do governante eleito paradissuadir os que elevam 0novochefe pareceparadoxal. Por que os parentes de urn homemdeveriam colocar obiecoes tao energicamente?Por que eles haveriam de querer que urn chefefosse escolhido em outra parte, como os pro-prios Tikopia dizem querer? 0 Ariki Kafikadeu-me duas razoes para esta atitude. A pri-meira foi que 0 grupo de parentes perde al-guns dos services de urn homem quando ele eeleito, pois ele nao_ira preparar alimento tantoquanto antes, devido a seu novo status e obri-ga~oes. Nao me pareceu haver multo peso pra-tico nesta objecao, porque,embora urn chefeTikopia participe pouco no preparo de alimen-to, e nada no trabalho de fogao, ele se ocupano cultivo do solo, na pesca e em muitas outrasocupacoes economicas. Alem russo, existem ou-tras vantagens economic as passiveis de compen-sar a perda imediata de seus services. Asegunda razao, talvez mais plausivel, era a deque os parentes do chefe temem ser cham ados0 ch~fe que estava morando Ia foi .escolhid~ , uma familia desejosa de ser chefe (paito fia

    por rmm: meu chefe a quem escolhi, Eu fUI ) r r ariki) - ou seja, temem ser acusados de arnbi-onde 0 povo estava chorando (i.e. lamentando'". I ~ao e ganancia. Contudo, essas duas razoespelo chefe recern-falecido). Eu perguntei: 'On- i .l!rov~lIl}ente....seja~p_u_ram~~LI)..Qmjnais_ Ade esta meu chefe? A multidao apontou-o com mostra de resistencia parece ser, em -;;;ndeseus dedos. Entao 0 Ariki Kafika chegou para parte, urn movimento. tradicionalizado parao filho do morto, que estava lamentado por salvar 7s7Pa.7e~ci ; ; :~ -~ta i~t~;preta~ao ema'-7seu pai perto do cadaver, e agarrou-o com for- -!ia do fato de eu nao ter obtido indicacoes de Ica a despeito de sua luta para libertar-se. En- tal resistencia ter sido alguma vez levada a 1\tao urn outro hornem, tam bern membro da ponto de impedir a eleicao. /familia de Kafika, veio por tras do Ariki paraajuda-lo. 0 Ariki disse: Segure seu chefe elevante-o ao colo de urn homern, Ele foisegurado com forca e levantado do chao en-quanto seus parentes lutavam para solta-Io. Es-te, segundo 0 Ariki Kafika, e 0 costume geralno sau ariki, a escolha de urn chefe. 0 partidoque determinou uma escolha segue numgrande grupo de parentes (paito soa) para acasa de lamentacoes, e, enquanto alguns segu-ram 0 homem que escolheram, os outrosempenharn-se numa briga com os membros desua linhagem. 0 grupo de parentes do ho-mem, escolhido para ser urn chefe, coloca ob-[ecao a sua escolha. Grande e a luta durante aescolha de urn chefe. Quando urn chefe e esco-Ihido, e terrivel. 0 povo sofre urn impacto e osparentes do novo chefe lamentam por seu filho .

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    como sinal para 0povo em geral de que a su-cessao foi estabelecida. Este e 0 unico ato ceri-monial necessario para completar a eleicao, aparte a operacao de vestir 0 chefe---!ec~m-eleitocom uma nova tanga feita dei~6rtex 'Nao ha\ ,/qualquer ato de posse ritual fiJrnrai pela qualele seja apresentado aos ancestrais ou de algumoutro modo consagrado a seu novo trabalho. Aescolha do funeral como lugar de eleicao tern avantagem de dar maior publicidade ao fato,pois durante as exequias de urn chefe grandenumero de pessoas esta presente, vindo de to-dos os clas e de todas as partes da ilha. 0 atoda elevacao (que tambem pode ser efetuadocom 0 chefe em outras ocasioes) e descrito pelotermo sapai e expressa, em forma simbolica, 0alto status do chefe em relacao ao povo em ge-

    l' - ral. Por este ate tambem~~lecio~:-d?re~_g_21II _c_~ef.~a:mitem.fO~o~~r:t~~.~:!!pna I~!~- I~ _q _!'l _ _~ _~ ~ e e . - - - - - IDeve ser especialmente notado neste processoque a escolha e elevacao do chefe sao feitas porpessoas a quem ele nao governa. Como ne-nhum chefe morreu enquanto permaneci emTikopia, nao tenho dados de primeira mao,mas' foram-me dadas descricoes capazes de tor-nar claro 0processo, Em 1929, 0Ariri Kafikadescreveu para mim como 0 entao Ariri Tau-mako tinha sido escolhido. Ele disse:

    cscolhido para governar. E m . o @ l 'a urn chefeindique 0 homem a ser elevade, ao fazer a se-lecao, deve ser notado que ele nae eleva 0novochefe em seus braces. Isso seria depreciadorpara sua propria dignidade. A tarefa de elevare feita, em seu lugar, por urn ou mais de seuspartidarios,

    Os parentes do escolhido nao sao os umcos acolocar obiecao. 0 proprio homem geralmenteda mostras de evitar a eleicao, lutando ou fu-gindo , Em 1929, disseram-rne como 0 entaoAriki Kafika fugiu, quando achou que suaeleicao estava proxima, e se escondeu numacasa, no topo de uma prateleira, arrurnandocuidadosamente ao seu redor algumas tijelas demadeira. Mas urn homem 0descobriu e anun-ciou seu paradeiro a multidao. Com isto, 0 re-lutante ariki 'eleito desceu e correu, mas foi in-terceptado por braces estendidos; ele foi agar-rado e levant ado como chefe. Nesta evasao ha-via concebivelmente urn pouco de timidez porser [ogado repentinamente no centro da aten-~ao publica e pela ameaca de uma mudancaradical em seu modo de vida. Mas tal conduta

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    tam bern 'e tradicionalmente ditada como umaexpressao de modestia e e adotada para, evitarsuspeita de um.~desejo..,de,.,as~~~=(')::::J:l_ad_t::t:.

    , -TIk~PIITP~cuTlaniientes~ivel a censura de,-'ser uma pessoa que quer se engrandecer-, (tenea fia pasaki); esta recusa simulada da hon-raria esta, portanto, em acordo com 0compor-tamento de seus parentes.f\ _A sensibilidade a tal censura publica da umaexplicacao evidente para 0 costume anornaloda eleicao de urn chefe por membros de urnoutro cla. Mas alern de permitir aos propriosseguidores do chefe preservar uma reputacaode modestia e relutancia, 0costume tern certasoutras funcoes, talvez igualmente import antes,embora nao sejam enfatizadas pelos Tikopia.Vma referencia as condicoes constantes de su-cessao ira revelar tais funcoes. Pelo ja dito, es-ta claro que nao existe qualquer direitQ_.,cl.~!k,.-~~~-~ "cessao ao cargo de chefe. Entretanto, certasp;ob~bilidad~s saQjilJDr;;'aimente...I:eJ:o~ig:~....na vI_a_

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    ser escolhido como 0proximo Ariki Taumako.Em verdade havia urn engano, segundo meafirmaram. Urn dia, a familia de chefes de Ka-fika, numa reuniao privada em sua casa Ma-pusanga, concordou em escolher 0 filho dovelho chefe - 0 homem realmente escolhidomais tarde pelo Ariki Kafika. Mas para acal-mar Pa Veterei - 0qual de outro modo pode-ria ter se sentido magoado - os membros deKafika tam bern concordaram em fazer mencaode segura-lo, embora sem a intencao delevanta-lo. Isto era para melhorar seu humor(fakamatamata laui). A mod a tipica de Tiko-pia, as noticias dessa decisao chegaram ate 0velho Ariki Taumako por uma de suas filhas,numa versao adulterada: que 0povo Kafika es-tava planejando fazer de Fa Veterei 0chefe. 0velho ficou zangado. Ele disse: Vao deixarmeu filho ficar inativo, enquanto escolhem al-guem de tras? - querendo dizer que iamignorar 0 filho em favor do ramo mais novo.Depois disso, dizem que apelou para seus deu-ses, fazendo Pa Veterei ser envenenado nomar, por comer sumu, uma especie de peixe,de modo que morresse. Essa era uma explica-!;ao post hoc da morte deste hornem; foi-medada em 1929 por Pae Sao, urn proeminentelider ritual. Esse incidente mostra como os T'i-kopia reconhecem a possibilidade de urn pode-roso homem de posicao aspirar a chefia, embo-ra nao sendo 0 herdeiro mais direto. Pa Vete-rei provavelmente nao tinha ambicao politica.Mas, plajenando ou nao chegar a chefia, aopiniao popular the atribuia algum interessepessoal na sucessao. Na vepoca da morte doAriki Taumako poder-se-ia imaginar que PaeAvakofe tivesse pensado na sucessao. A necessi-dade de aliviar orgulhos feridos e bern reco-nhecida pelos Tikopia. Frequentemente, se fazalguma concessao com urn fingimento. 0 atode segurar uma pessoa como se fosse paralevanta-Ia implica que, embora tenha acabadode perder na selecao, ela e de tao grande im-portancia que suas reivindicacoes sao seriamen-te consideradas. Assim, ainda que possa ficardesapontada, ela nao se sentira afrontada.Ora, e possivel que 0ato do Ariki Tafua, aoemitir gritos quando descobriu que tinha sidoantecipado e que Pae Avakofe nao tinha sidoeleito, possa ser desse tipo de fingimento, 0fait accompli poderia ter-lhe agradado, masseu protesto era urn cum prim ento formal a PaeAvakofe, talvez ,ainda chorando a morte de seufilho ainda reconhecido como 0homem marspoderoso em Tikopia depois dos chefes.A competicao real pela chefia e quase desco-nhecida. Parece ser possivel a urn homem indi-

    car, em particular, que gostaria de ser conside-rado. Mas urn fator poderoso que opera contraqualquer passo ativo do candidato e 0medo deincorrer na reprovacao publica e de assim pre-judicar as chances de sua eleicao. Anotei ape-nas umexemplo de tal cornpeticao. Foi para achefia de Taumako ha cinco geracoes. Em1929, 0 Ariki Tafua contou-rne como Pu Vete-rei, 0chefe do cla ha urn seculo atras, perdeu-se no mar. Seu filho Pakimoana ainda era umacrianca, tao nova que ainda nao tinha vestidouma tanga - 0 que aconteceria mais ou me-nos antes dos 10 anos de idade. Pu Nukuraro,urn homem forte do cla Kafika, quando soubeda morte, pegou a crianca e colocou em voltade sua cintura 0 riri, a tanga cerimonial decortex, usada por urn chefe em ocasioes rituaise com que e investido em sua eleicao. Entao,gritou para 0povo reunido: Eis vosso chefe.Mas Pu Kavasa, urn homem da casa de chefesde Taumako, embora nao em linha direta, jatinha posto uma nova tanga em si mesmo co-mo sinal que se tinha nomeado chefe. Quandoouviu a proclamacao, replicou conciliatoria-mente: Eu YOUme sentar assim na habitacaode chefes e saborear os frutos do poder antesdo outro; quando eu morrer, 0 seu descenden-te sera erguido para 0lugar de chefe. Em ou-t.ras palavras, estava muito otirnisticamenteoferecendo-se como urn substituto, pleiteandouma COnCel)SaO,urn tipo de regencia imagina-ria. Mas ele foi posto de lado rudemente porPu Nukuraro e a crianca foi aceita como che-fe.Como a competicao pela Ichefia e quase desco-nhecida, a recusa efetiva da honraria tamberno e. So tenho urn caso anotado. Quando mor-reu Fakatonuara, 0 Ariki Taumako ha cincogeracoes, seu filho Vakasaua nao queria ser 0sucessor e recomendou que 0 colar ritual,simbolo da chefia, fosse oferecido ao irmao doseu pai. Ele disse: De para ser colocado nele.Foi-rne sugerido que aqueles tempos eram pro-blematicos e que ele provavelmente nao sesentia suficientemente forte para ssumir as difi-culdades do cargo. Portanto, e claro que,quanto a sucessao pessoal, urn hom em pode re-cusar a eleicao, mas nao assegura-Ia.Os descendentes de Vakasaua, embora perten-centes a linha primogenita de chefes de Tau-mako, a partir dai comecaram a ser tidoscomo de posicao inferior. Eles formavam a li-nhagem de Maneve ou Resiaki. Este ramo suoperado nao reteve qualquer primazia ritual.Eles cultuavam seus proprios ancestrais, mas 0chefe desempenhava os pr'incipais ritos da li-nhagem edo cla.

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    Quais as Raz6es que influenciam as pessoasque Fazem a selecao? Geralmente pode ser a sa-tisfacao com 0 desempenho do poder e com atomada de decisoes, Nas diferentes geracoes,hom ens fortes podem ter tornado parte emmais de uma eleicao. Por exemplo, Pu Nuku-raro, que selecionou 0 chefe Taumako, tam-bern foi responsavel, dizem, pela eleicao de Te-reiteata, urn chefe de Tafua. Ligado a isso,esta a satisfacao de ter 0 credito publico pelaresponsabilidade de fazer urn chefe. As pala-vras sobrias de Ariri Kafika mencionadas aci-rna mostram isso. Mas tambern pode haver ou-tros fatores de interesse pessoal. Nao ha qual-quer ligacao especificamente reconhecida decarater formal entre 0 novo chefe eo povo queo elegeu.Ele nao Ihes agradece de modo al-gum, dando-Ihes presentes, nem parece haverqualquer sentimento de amizade entre eles.Mas em casos particulares e possivel asseguraralguns beneficios, tirando vantagem da estru-tura de parentesco, Em 1929, 0 Ariki Tafuafez-me a significativa afirmacao de que as pes-soas desejam ter urn sobrinho materna comochefe. Eles se esforcam no sentido de 0 tamatapu (filho da irma) poder ser erguido; eles 0empurram para cima porque assim sua casaganha poder. Ele nao especificou exata-mente em qual aspecto, mas partindo dopadrao geral de relacionamento e claro que aspossibilidades de aumento do prestigio, de in-fluenciar as decis6es do chefe e mesmo de teralguma vantagem economica, podem estarimplicitas. Por outro lado, por tradicao, haviaurn lucro na esfera religiosa pois 0 nome dochefe, apos sua morte, poderia ser invocado noKa va do povo de sua mae. Isto nao era umavantagem ilusoria para os T'ikopia ,Mas essa escolha de urn chefe baseada na van-tagem pessoal dos selecionadores deve ser su-bordinada a outros fatores. Ao selecionar 0Ariki Taumako de 1929, por exemplo, 0 ArikiKafika nao escolheu urn sobrinho materna seu,mas de Tafua, e 0Ariki Tafua, ao desejar ele-ger Pae Avakofe, estava promovendo urnsobrinho da linhagem Rarovi, de Kafika. Ba-seado na vantagem pessoal, pareceria ser maisdo interesse do Ariki Kafika prom over PaeAvakofe, casado com uma mulher de sua pro-pria linhagem, pois assim obteria, como chefe,urn cunhado tanto quanto urn homem que eraurn tama tapu da linhagem do seu cla. Alerndisso, a linhagem Kafika estaria construida dosirmaos da mae do filho de Pae Avakofe seele, por sua vez, fosse sucessor. A escolha dePa Veterei pela casa Kafika teria preenchidoesta condicao, mas, como mencionado ante-riormente, ele foi rejeitado por ela.

    Os outros fatores de maior peso sao as qualifi-c~6es peSs(;ais d~-'CandiQato- e i>articularme-~c~statiiS7spedtico~en;-Oterinos de "antiguidade' i l a - h n h a g e m . - C~;o-disClltido antes, ne~hum'91e~~&-uma linhagem de comuiit~OaiiJ:daQb.(tsuaposl~io~sejircaTi'a~-pO

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    Quais as razoes que influenciam as pessoas quefazem a selecaor Geralmente parece ser a saris-facao com 0desempenho do poder e com a to-' - e I e i t o pelo"grupo de p~ssoas da- t e r r a para cui-dar dogrupo de pessoas da terra. Se urn ho-mem est a faminto 0chefe 0 alimenta. Se urnhomem emau 0 chefe falara com ele. Qual-quer coisa que possa estar errada com a terra,o chefe falara de modo a poder torna-Ia boa.No sistema Tikopia a eleicao do chefe e feitapor proclarnacao e aclamac;ao publica, nao porquafer processo de escofi:ia por'voto. 0 siste-ma permite uma certa quantidade de politic ade poder para a operacao de interesses faccio-nais. Estes afirrnam-se nao tanto talvez na lutapara levantar candidatos competidores a che-fia, quanto no impulso competitivo de chegara cena primeiro e ter 0credito de elevar 0can-didato obvio. A incidencia ocasional de casoscontestaveis quando a sucessao nao esta claraserve para reforc;ar 0 principio geral de que aeleicao de urn chefe depende da vontade dopovo e nao de. urn direito automatico.Por algumas observacoes, tiro conclusoes sobreos efeitos da selecao sobre 0 hom em mais en-volvido} A eleicao de urn homem como chefesignifica'uma transformacao abrupta em suacondicao social.f Ate entao ele tinha sido urnhomem coIiiU'rn. Repentinamente, comoariki, ele e investido com urn novo conjunto deprivilegios e se torna responsavel por uma seriecomplexa de deveres rituais. Nao me e possiveldescrever em detalhe como tal homem se com-porta nesta ascencao rapida ao poder, pois naovi qualquer eleicao, mas pode-se presumir queo embaraco sentido por ele e suavizado atecerto ponto por urn mecanismo util. Este me-canismo e a pratica convencional dos outroschefes de d a r ~ m e f~st ;~~~6~S:"{ i 'm'Sp"art lc ' imlr :so:" '""l-~'_-'"""~""'~"~

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    conveniencia da sucessao de urn homem comochefe que nao seria necessariamente escolhidopelo processo tradicional de eleicao. i t dificilpredizer 0 result ado de tal situacao. Mas se 0interesse do -governo na sucessao for grande,poderia ser pruJente, fazer, antes, uma pesqui-sa discreta e privada de opiniao local, princi-palmente entre os outros chees. Em geral, 0respeito a opiniao publica mostrado pelos che-fes poderia inibi-Ios de agir como inovadoresefetivos da politica em favor do governo, sequalquer procedimento de governo indireto(indirect rule) for adotado. Por outro lado, adeferencia do povo a autoridade do chefe po-deria dar a urn conselho de chefes urn podermaior do que 0atual-'?".

    Notas1. Para iniciar a preparacao deste artigo, devomuito ao uso de parte de uma subvencao pes-soal de pesquisa concedida pela BehavioralSciences Division da Ford Foundation. Na pre-paracao da versao final fuil muito ajudadopelas vantagens postas a minha disposicao co-mo Fallow, em 1958-59, do Center for Advan-ced Study in the Behavioral Sciences, Stanford,e pela discussao que ai mantive com meus cole-gas.2. Vide We, The Tikopia, pp. 173-360;Primitive Polynesian Economy, p. 219.3. Vide We, The Tikopia, Genealogy I, p.347. History and Traditions in Tikopia.4. Raymond Firth, Some Principles of SocialOrganization, Journal Royal AnthropologicalInstitute, Vol. LXXXV 1955, pp. 8-10.5. Cf. Social Change in Tikopia, pp. 311-313.6. 0 titulo de Ariki Fafine (Chefe Feminino),conferido as vezes a filha mais velha da casa dechefes de Kafika, era uma dignidade de statusritual ligada a certos privilegios e funcoes, masde nenhum modo cornparavel ao status e fun-I;oes do Ariki do cla.

    7.Primitive Polynesian Economy, p. 190, indi-ca 0 papel economico de tal herdeiro poten-cial.8. Vide Social Change in Tikopia, pp.280-283.9. A falta de qualquer herdeiro designado du-rante 0 periodo de vida de urn chefe nao e ra-ra na Polinesia (e.g., na sucessao aos titulos'matai em Samoa). Mas a eleicao de urn Iiderde urn grupo por lideres de outro grupo pareceincomum. A analogi a mais proxima da praticade Tikopia parece estar em Rarotonga, ondeF. J. Moss registrou que tradicionalmente 0Ariki, e 0 supremo, mas muito controlado pe-los Mataiapos_(ou nobres). 0 novo ariki e no-meado pelos arikis de outras tribos dentre osmembros da familia dos arikis da tribo do fale-cido. Mas a confirrnacao depende dosMataiapos, bern como 0 empossamento(Journal Polynesian Society, Vol. III, p. 24). E.Beaglehole cita tambem, de Moss, a amargadisputa entre os cinco principais chefes de Ra-rotonga pelo direito de urn deles apontar pes-soalmente antes da morte dela(sic) urn filhoadotivo como sucessor dela (sic). Os chefes res-tantes recusaram ter 0 que eles chamavam deuma barata rastejando na esteira 'deles.s(Social Change in South Pacific, 1957~ p. ll5).Ele tambem assinala 0 poder dos chefes dosta-tus Mataiapo para eleger 'e controlar bastanteo supremo chefe do distrito em que osMataiapos possuiam terra (ibid., p. 169). Por-tanto, 0 sistema de eleicao ainda nao esta mui-to claro na literatura.10. Comparar com 0meu Authority and Pu-blic Opinion in Tikopia, em Social Structure,ed. MeyerFortes, pp. 185-187.11. Nao estou seguro de que isso tenha aconte-cido quando 0Ariki Kafika morreu em 1955,uma vez que Pa Fenuatara parece ter morridopela mesma epoca. 0 filho mais velho de PaFenuatara, Rakeivave (Pa Farikitonga), foi 0sucessor logo depois,12. Cf. Social Change in Tikopia, p. 297.

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    H E 1 E d i f o r a U n i v e r s i d a d e d e B m s f l i a