Finasterida - Obtenção de Complexos Binários

download Finasterida - Obtenção de Complexos Binários

of 98

Transcript of Finasterida - Obtenção de Complexos Binários

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    1/98

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

    ANA CAROLINA CAVAZZIN ASBAHR

    OBTENO E CARACTERIZAO DE COMPLEXOS BINRIOS E TERNRIOS

    DE FINASTERIDA

    Curitiba

    2008

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    2/98

    ANA CAROLINA CAVAZZIN ASBAHR

    OBTENO E CARACTERIZAO DE COMPLEXOS BINRIOS E TERNRIOSDE FINASTERIDA

    Dissertao apresentada ao Curso de Ps-Graduao em Cincias Farmacuticas, rea de

    Concentrao Insumos, Medicamentos eCorrelatos, Departamento de Farmcia, Setor deCincias da Sade, Universidade Federal doParan, como parte das exigncias para obtenodo ttulo de Mestre.

    Orientadora: Dra. Letcia N. Carpentieri Rodrigues

    Curitiba

    2008

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    3/98

    Aos meus pais, Brbara e Carlos, meus

    maiores incentivadores durante toda a

    realizao deste trabalho.

    Ao meu av Luiz (in memorian) pelo papel

    decisivo na minha educao.

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    4/98

    AGRADECIMENTOS

    professora Letcia N. Carpentieri Rodrigues pela dedicao e carinho com

    que me ajudou a desenvolver este trabalho.

    Aos amigos do Herbarium Laboratrio Botnico pelo incentivo, apoio e

    pacincia durante a execuo deste trabalho, em especial Dra Anny Trentini,

    Cristina Beerends, Marianne Martinez, Roberta Ferraro, Danielle Celupi, Alessandra

    Krug, Joelma Estrada e Gustavo Bertol.

    Luzia Franco pela grande ajuda nos mtodos cromatogrficos.

    Samira e Rodrigo de Faria pelo apoio e amizade.

    Lalika Arajo pela ajuda em lngua inglesa.

    Michelle Georges Issa IC/USP-SP.

    Ao professor Aldo Zarbin UFPR.

    s professoras Tnia Bonfim e Iara Machado UFPR.

    Ao Departamento de Bioqumica da UFPR.

    Ao Centro de Microscopia Eletrnica da UFPR.

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    5/98

    RESUMO

    Ciclodextrinas so conhecidas como bons solubilizantes para vriosfrmacos, melhorando sua biodisponibilidade quando incorporadas em formulaesfarmacuticas. O presente trabalho tem por objetivo formar e caracterizar complexosde incluso entre um derivado hidroxipropilado de ciclodextrina a 2-hidroxipropil--ciclodextrina (HPCD) e um inibidor da 5 -redutase pouco solvel em gua, afinasterida (FIN), quimicamente a N-(2-metil-2-propil)-oxo-4aza-5-androst-1-eno17Bcarboxamida, em presena ou ausncia de diferentes polmeros (PVP K-30 equitosana).

    Sistemas slidos FIN/HPCD, em presena ou ausncia de 0,1% (p/p) dePVP K-30 ou 0,3% de quitosana, foram preparados por co-evaporao e liofilizao.O estudo de solubilidade de fase foi empregado para investigar as interaes entre aFIN e os excipientes em soluo aquosa, seja sozinhos ou em combinao. Oscomplexos binrios e ternrios de FIN/HPCD obtidos por co-evaporao e

    liofilizao foram caracterizados por microscopia eletrnica de varredura (SEM),calorimetria exploratria diferencial (DSC) e difrao de raios-X (XRD). Por meio dacomplexao com HPCD ou HPCD e polmeros, a solubilidade da FIN em soluoaquosa melhorou significativamente. A taxa de dissoluo dos complexosFIN/HPCD foi avaliada e comparada com a do frmaco puro. A taxa de dissoluoda FIN dos complexos de incluso foi mais rpida em relao FIN pura.

    O mtodo de preparao no teve influncia nas propriedades fsico-qumicasdos complexos. Os resultados obtidos sugerem que tanto o mtodo de co-evaporao quanto de liofilizao forneceram um grau razovel de amorfizao dossistemas e sugerem a formao de complexos de incluso reais, binrios e ternriosde FIN/HPCD.

    Palavras-chave: Finasterida; 2-Hidroxipropil--CD; Complexos de incluso binrios eternrios; Diagrama de solubilidade de fase; Microscopia eletrnica de varredura;Calorimetria exploratria diferencial; Difrao de raios X; Ensaio de dissoluo.

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    6/98

    ABSTRACT

    Cyclodextrins are known to be good solubility enhancers for several drugs,improving bioavailability when incorporated in pharmaceutical formulations. In thiswork we intend to assess and characterize the formation of inclusion complexesbetween a hidroxypropilated derivative of cyclodextrin - 2-hydroxypropyl--cyclodextrin (HPCD) and a poorly water-soluble 5 -reductase inhibitor, finasteride(FIN), chemically N-(2-methyl-2-propyl)-oxo-4aza-5-androst-1-ene17Bcarboxamide, in presence or absence of different polymers (PVP K-30 and chitosan).

    Equimolar FIN/HPCD solid systems, in presence or the absence of 0,1%(w/v) of PVP K-30 or 0,3% of chitosan were prepared by co-evaporation and freeze-drying methods. Phase-solubility analysis was used to investigate interactions inaqueous solution between FIN and the excipients, either alone or in combination.FIN/HPCD co-lyophilized and co-evaporated binary and ternary complexes werecharacterized by scannig eletron microscopy (SEM), differential scanning calorimetry

    (DSC) and X-ray diffractometry (XRD). Through complexation with HPCD and withHPCD and polymers, the solubility of FIN in aqueous solution was improvedsignificantly. The dissolution rate of FIN/HPCD complexes were investigated andcompared with that of the pure drug. The dissolution rate of finasteride from theinclusion complexes was more rapid than finasteride alone.

    The preparation method did not influenced the physicochemical properties ofthe complexes. The results obtained suggest that both co-evaporation and freeze-drying methods yield a reasonable degree of amorphous entities and indicatedformation of FIN/HPCD binary and ternary complexes.

    Keywords: Finasteride; 2-Hydroxypropyl--CD; Binary and ternary inclusioncomplexes; Phase-solubility diagrams; Scanning electron microscopy; Differentialscanning calorimetry; X-ray diffractometry; Dissolution rate.

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    7/98

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 - APARELHO GENITO-URINRIO MASCULINO....................................20

    FIGURA 2 - ESTRUTURA DA TESTOSTERONA E DIIDROTESTOSTERONA.......21

    FIGURA 3 - ASPECTO DA PRSTATA NORMAL E DA PRSTATA AFETADAPELA HIPERPLASIA BENIGNA.............................................................23

    FIGURA 4 - ESTRUTURA DO FRMACO FINASTERIDA........................................28

    FIGURA 5 - MECANISMO DE AO DA FINASTERIDA PROPOSTO POR

    BULL E COLABORADORES (1996)......................................................30

    FIGURA 6 - ESTRUTURA DA CICLODEXTRINA E VISTA LATERAL DOASPECTO TRONCO-CNICO DA MOLCULA...................................40

    FIGURA 7 - ESTRUTURA DO DERIVADO HPCD. EM DESTAQUE, ASPOSIES DOS GRUPOS SUBSTITUINTES......................................43

    FIGURA 8 - ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DE UM DIFRATMETRO DE

    RAIOS-X.................................................................................................53

    FIGURA 9 - REPRESENTAO DOS COMPLEXOS FRMACO-CD-POLMEROEM SOLUO........................................................................................59

    FIGURA 10 - CROMATOGRAMA OBTIDO PARA A FINASTERIDA EMPRESENA DE HPCD.......................................................................69

    FIGURA 11 - CURVA ANALITICA EMPREGADA PARA QUANTIFICAO DAFINASTERIDA NOS ENSAIOS DE SOLUBILIDADE...........................70

    FIGURA 12 - CROMATOGRAMA OBTIDO PARA FINASTERIDA NOS ENSAIOSDE DISSOLUO.................................................................................70

    FIGURA 13 - CURVA ANALITICA EMPREGADA PARA QUANTIFICAO DAFINASTERIDA NOS ENSAIOS DE DISSOLUO..............................71

    FIGURA 14 - DIAGRAMA DE SOLUBILIDADE DE FASE PARA A FINASTERIDAA 25 C EM PRESENA DE HPCD...................................................71

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    8/98

    FIGURA 15 - EFEITO DA ADIO DE DIFERENTES QUANTIDADES DOSPOLMEROS QUITOSANA E PVP K-30 SOBRE A SOLUBILIDADEDA FINASTERIDA.................................................................................73

    FIGURA 16 - DIAGRAMAS DE SOLUBILIDADE DE FASES DA FINASTERIDAEM SOLUO AQUOSA DE HPCD NA PRESENA OUAUSNCIA DE POLMEROS QUITOSANA E PVP K-30 A 25 C.......73

    FIGURA 17 - REGRESSO LINEAR DOS DIAGRAMAS DE SOLUBILIDADEDE FASES DA FINASTERIDA EM SOLUO AQUOSA DEHPCD NA PRESENA OU AUSNCIA DE POLMEROSQUITOSANA (0,3%) E PVP K-30 (0,1%) A 25 C................................74

    FIGURA 18 - CURVAS DSC DA FINASTERIDA (FIN), QUITOSANA(CHITOSAN), PVP K-30, HPCD E DAS MISTURAS FSICASFINASTERIDA/HPCD (PM1); FINASTERIDA:HPCD:QUITOSANA(PM2) E FINASTERIDA:HPCD:PVP K-30 (PM3), OBTIDAS SOBATMOSFERA DINMICA DE NITROGNIO (100 mL.min-1)E RAZO DE AQUECIMENTO DE 10C min-1.....................................79

    FIGURA 19 - CURVAS DSC DA FINASTERIDA (PADRO SECUNDRIO DEREFERNCIA), QUITOSANA, PVP K-30, HPCD, COMPLEXOSBINRIOS FINASTERIDA:HPCD OBTIDOS POR LIOFILIZAO(BL) OU COEVAPORAO (BC), COMPLEXOS TERNRIOSFINASTERIDA:HPCD:PVP K-30 OBTIDOS POR LIOFILIZAO(TL2) OU COEVAPORAO (TC2), E COMPLEXOS TERNRIOSFINASTERIDA:HPCD:QUITOSANA OBTIDOS POR LIOFILIZAO(TL1) OU COEVAPORAO (TC1), OBTIDAS SOB ATMOSFERADINMICA DE NITROGNIO (100 mL.min-1) E RAZO DEAQUECIMENTO DE 10C min-1...........................................................81

    FIGURA 20 - DIFRATOGRAMAS OBTIDOS PARA A FINASTERIDA (PADROSECUNDRIO DE REFERNCIA) E HPCD, OPERANDO A40 KV E 40 mA, COM VELOCIDADE DE VARREDURA DE 2GRAUS/MINUTO (2 THETA)................................................................82

    FIGURA 21 - DIFRATOGRAMAS OBTIDOS PARA A FINASTERIDA (FIN),MISTURA-FSICA FINASTERIDA: HPCD 1:1 (PM1) ESISTEMAS BINRIOS FINASTERIDA:HPCD OBTIDOS PORCOEVAPORAO (BC) E LIOFILIZAO (BL), OPERANDOA 40 KV E 40 mA, COM VELOCIDADE DE VARREDURA DE 2GRAUS/MINUTO (2 THETA)................................................................82

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    9/98

    FIGURA 22 - DIFRATOGRAMAS OBTIDOS PARA A FINASTERIDA (FIN);MISTURA-FSICA FINASTERIDA:HPCD:QUITOSANA (PM2)E SISTEMAS TERNRIOS OBTIDOS POR COEVAPORAO(TC1) E LIOFILIZAO (TL1), OPERANDO A 40 KV E 40 MA,

    COM VELOCIDADE DE VARREDURA DE 2 GRAUS/MINUTO (2THETA).................................................................................................83

    FIGURA 23 - DIFRATOGRAMAS OBTIDOS PARA A FINASTERIDA (FIN),MISTURA-FSICA FINASTERIDA:HPCD:PVP K-30 (PM3) ESISTEMAS TERNRIOS OBTIDOS POR COEVAPORAO(TC2) E LIOFILIZAO (TL2), OPERANDO A 40 KV E 40 MA,COM VELOCIDADE DE VARREDURA DE 2 GRAUS/MINUTO(2 THETA)............................................................................................83

    FIGURA 24 - MICROSCOPIA ELETRNICA DE VARREDURA DAFINASTERIDA (A), HPCD (B), MISTURA FSICAFINASTERIDA:HPCD (1:1) (C); SISTEMAS BINRIOS OBTIDOPOR COEVAPORAO (D) E LIOFILIZAO (E), OBTIDOS EMMICROSCPIO ELETRNICO DE VARREDURA JEOLMOD. JSM-6360 LV.............................................................................85

    FIGURA 25 - MICROSCOPIA ELETRNICA DE VARREDURA DA MISTURA-FSICA FINASTERIDA:HPCD:QUITOSANA (F) E SISTEMASTERNRIOS FINASTERIDA:HPCD:QUITOSANA OBTIDO

    POR COEVAPORAO (G) E LIOFILIZAO (H), OBTIDOSEM MICROSCPIO ELETRNICO DE VARREDURAJEOL MOD. JSM-6360 LV...................................................................86

    FIGURA 26 - MICROSCOPIA ELETRNICA DE VARREDURA DA MISTURA-FSICA FINASTERIDA: HPCD:PVP K-30 (I) E SISTEMASTERNRIOS FINASTERIDA:HPCD: PVP K-30 OBTIDOSPOR COEVAPORAO (J) E POR LIOFILIZAO (K),OBTIDOS EM MICROSCPIO ELETRNICO DE VARREDURAJEOL MOD. JSM-6360 LV...................................................................87

    FIGURA 27 - PERFIL DE DISSOLUO DAS PASTILHAS CONTENDO OFRMACO FIANSTERIDA (FIN) E OS COMPLEXOS BINRIOSCOEVAPORADO (BC) E COLIOFILIZADO (BL); COMPLEXOSTERNRIOS COM QUITOSANA COEVAPORADO (TC1) ECOLIOFILIZADO (TL1); E COMPLEXOS TERNRIOS COMPVP K-30 COEVAPORADO (TC2) E COLIOFILIZADO (TL2).............89

    FIGURA 28 - FOTOGRAFIA MOSTRANDO O ASPECTO DE UMA PASTILHADURANTE O ENSAIO DE DISSOLUO............................................89

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    10/98

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 AES DA TESTOSTERONA E DA DIIDROTESTOSTERONA

    NO ORGANISMO MASCULINO DURANTE A PUBERDADEE PS-PUBERAIS................................................................................22

    TABELA 2 EMPREGO DAS CDS NA SOLUBILIZAO DE FRMACOS............38

    TABELA 3 SOLUBILIDADE E PESO MOLECULAR DE ALGUMASCICLODEXTRINAS NATURAIS E MODIFICADAS..............................42

    TABELA 4 EXEMPLOS DE MEDICAMENTOS CONTENDO

    CICLODEXTRINAS COMERCIALIZADOS NO MUNDO......................61

    TABELA 5 VALORES DE SOLUBILIDADE INTRNSECA (S0), INTERCEPTODOS DIAGRAMAS DE SOLUBILIDADE DE FASE (Sint) ECOEFICIENTE DE CORRELAO DE PEARSON (r).........................75

    TABELA 6 CONSTANTES DE COMPLEXAO (K1:1), EFICINCIA DECOMPLEXAO (CE), RAZO MOLAR DE COMPLEXAO(F:CD) E GANHO DE MASSA CALCULADAS A PARTIR DOS

    DIAGRAMAS DE SOLUBILIDADE DE FASE PARA OSSISTEMAS BINRIO DE FINASTERIDA E HPCD ETERNRIOS CONTENDO FINASTERIDA, HPCD E PVP K-30OU QUITOSANA...................................................................................76

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    11/98

    LISTA DE ABREVIATURAS

    BC complexo binrio coevaporado (finasterida + HPCD)

    BL complexo binrio liofilizado (finasterida + HPCD)

    CD ciclodextrina

    -CD - -ciclodextrina

    -CD - -ciclodextrina

    -CD - -ciclodextrina

    ACCD acetil--ciclodextrina

    DHPCD dihidroxipropil--ciclodextrina

    DMCD dimetil--ciclodextrina

    HECD hidroxietil--ciclodextrina

    HPCD hidroxipropil--ciclodextrina

    MCD metil--ciclodextrina

    RMCD -ciclodextrina randomicamente metilada

    SBECD sulfobutilter--ciclodextrina

    CE eficincia de complexaoCSD Cambridge Crystal Structure Database

    DSC calorimetria exploratria diferencial

    EV endovenosa

    FDA Food and Drug Administration

    FIN finasterida

    Hfuso entalpia de fuso

    HDMB brometo de hexadimetrina

    HEC hidroxietilcelulose

    HPC hidroxipropilcelulose

    HEMC hidroxietilmetilcelulose

    HPMC hidroxipropilmetilcelulose

    IM intramuscular

    IPSS International prostate symptom score

    IV infravermelho

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    12/98

    Kc constante de complexao

    LH hormnio luteinizante

    LHRH hormnio liberador do hormnio luteinizante

    MC metilcelulose

    Na-CMC carboximetilcelulose sdica

    PM1 Mistura fsica 1 (finasterida + HPCD)

    PM2 Mistura fsica 2 (finasterida + HPCD + quitosana)

    PM3 Mistura fsica 3 (finasterida + HPCD + PVP K-30)

    PSA antgeno prosttico especfico

    PVA lcool polivinlico

    PVP polivinilpirrolidona

    r coeficiente de correlao de Pearson

    S0 solubilidade intrnseca

    Sint intercepto do diagrama de solubilidade de fase

    RMN ressonncia magntica nuclear

    SEM microscopia eletrnica de varredura

    Tfuso temperatura de fuso

    TC1 complexo ternrio coevaporado 1 (finasterida + HPCD + quitosana)

    TC2 complexo ternrio coevaporado 2 (finasterida + HPCD + PVP K-30)

    TL1 complexo ternrio liofilizado 1 (finasterida + HPCD + quitosana)

    TL2 complexo ternrio liofilizado 2 (finasterida + HPCD + PVP K-30)

    XRD difrao de raios X

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    13/98

    SUMRIO

    1 INTRODUO ....................................................................................................162 REVISO BIBLIOGRFICA................................................................................192.1 AS DOENAS DA PRSTATA...........................................................................192.1.1 Consideraes Gerais......................................................................................192.1.2 A Prstata e os Hormnios Andrognicos........................................................202.1.3 O Diagnstico das Doenas da Prstata..........................................................222.1.4 Doenas da Prstata - A Escolha do Tratamento ............................................252.1.4.1 Farmacoterapia nas Doenas da Prstata ....................................................262.1.4.2 Finasterida.....................................................................................................282.1.4.2.1 Aspectos Fsico-qumicos...........................................................................282.1.4.2.2 Aspectos Farmacolgicos ..........................................................................292.2 ABSORO E BIODISPONIBILIDADE DE FRMACOS ...................................322.2.1 Biodisponibilidade de Frmacos Pouco Solveis.............................................362.3 AS CICLODEXTRINAS .......................................................................................372.3.1 Toxicidade das ciclodextrinas...........................................................................412.3.2 Ciclodextrinas hidroxialquiladas .......................................................................432.3.3 Fatores que interferem na complexao ..........................................................442.3.4 Caracterizao dos Complexos de Incluso ....................................................472.3.4.1 Deteco da Formao de Complexos em Soluo .....................................482.3.4.2 Deteco da Formao de Complexos no Estado Slido .............................502.3.4.2.1 Microscopia eletrnica de varredura (SEM) ...............................................50

    2.3.4.2.2 Difrao de raios X.....................................................................................522.3.4.2.3 Mtodos termoanalticos ............................................................................542.3.5 Estratgias para aumentar a eficincia de complexao das ciclodextrinas....552.3.6 Aplicao Farmacutica das Ciclodextrinas.....................................................593 OBJETIVOS........................................................................................................623.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................623.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ...............................................................................624 MATERIAIS E MTODOS...................................................................................634.1 MATERIAIS.........................................................................................................634.1.1 Amostragem e Substncia Qumica de Referncia..........................................634.1.2 Reagentes e Solventes ....................................................................................63

    4.1.3 Instrumentao.................................................................................................634.2 MTODOS ..........................................................................................................644.2.1 Desenvolvimento de Metodologia Analtica......................................................644.2.2 Preparo dos Sistemas Binrios e Ternrios .....................................................654.2.3 Ensaio de solubilidade......................................................................................664.2.4 Caracterizao dos Sistemas Binrios e Ternrios..........................................665 RESULTADOS E DISCUSSO...........................................................................695.1 METODOLOGIA ANALTICA PARA QUANTIFICAO DA FINASTERIDA.......695.1.1 Quantificao da finasterida no ensaio de solubilidade....................................695.1.2 Quantificao da finasterida no ensaio de dissoluo......................................705.2 ENSAIO DE SOLUBILIDADE..............................................................................71

    5.3 CARACTERIZAO DOS SISTEMAS BINRIOS E TERNRIOS ....................79

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    14/98

    5.3.1 Calorimetria Exploratria Diferencial (DSC) .....................................................795.3.2 Difrao de Raios X..........................................................................................815.2.3 Microscopia Eletrnica de Varredura (SEM) ....................................................845.3.4 Ensaio de dissoluo........................................................................................88

    6 CONCLUSO......................................................................................................90REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..........................................................................91

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    15/98

    16

    1 INTRODUO

    At o incio da dcada de 60, era comum que se considerasse um

    medicamento eficaz clinicamente apenas assegurando-se o controle de qualidade,

    que inclua o conhecimento das propriedades fsicas e fsico-qumicas do frmaco.

    At ento no havia preocupaes em relao ao comportamento da forma

    farmacutica no organismo. Entretanto, vrias evidncias demonstraram que

    determinados componentes da formulao bem como as tcnicas de fabricao

    poderiam dar origem a um medicamento ineficaz ou at mesmo txico (ABDOU,

    1989).

    Diversos trabalhos descritos na literatura mencionam que, a partir da dcada

    de 60, a ineficcia clnica e, em alguns casos, intoxicaes graves, serviram de

    alerta para estudos mais aprofundados sobre os componentes da formulao,

    processos empregados e caractersticas fsico-qumicas dos frmacos

    (STORPIRTIS, 1993; GONZLZ et al., 1995).

    Com o avano das pesquisas cientficas, a qualidade dos medicamentos

    passou a ser associada tambm aos aspectos farmacotcnicos, denominando-se de

    qualidade biofarmacutica ou biofarmacotcnica (SHARGEL e YU, 1993;

    STORPIRTISet al., 1999).

    Dentre as formas farmacuticas de uso oral, as formas farmacuticas slidas

    particularmente os comprimidos tm merecido destaque pela possibilidade de

    apresentarem problemas de biodisponibilidade.

    Para obteno do efeito teraputico a partir de um medicamento na forma

    comprimido, quando administrado por via oral, necessrio que o frmaco passe da

    forma em que se encontra para outra em que seja diretamente absorvvel. Esteprocesso, chamado de liberao, anterior a absoro e se desenvolve em duas

    etapas: (1) a desagregao, a qual envolve um aumento da rea superficial do

    frmaco pela formao de grnulos e partculas menores, seguida (2) da dissoluo

    nos lquidos orgnicos.

    Vrios so os fatores que interferem na liberao de um frmaco, sendo o

    principal deles a sua solubilidade no trato gastrintestinal. Em geral, frmacos pouco

    solveis apresentam biodisponibilidade reduzida. A forma do slido afeta

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    16/98

    17

    diretamente sua solubilidade e, em conseqncia, sua dissoluo, estabilidade e

    biodisponibilidade. Os frmacos slidos podem existir como substncias cristalinas

    ou partculas amorfas, sem estrutura identificvel. O carter amorfo ou cristalino de

    uma substncia pode afetar sua estabilidade e atividade. De um modo geral, a forma

    amorfa apresenta maior solubilidade, velocidade de dissoluo e biodisponibilidade

    que a forma cristalina, uma vez que, no estado amorfo, a energia necessria para

    separao das molculas, coesas ao acaso, menor que para a forma cristalina.

    Por outro lado, formas cristalinas so mais estveis que as formas amorfas (GRANT,

    1999; SHARGEL e YU, 1999). Processos vigorosos de moagem podem induzir ao

    aparecimento da forma amorfa, indesejvel, j que podem converter-se rapidamente

    nas formas cristalinas conduzindo a alteraes na dissoluo e biodisponibilidade dofrmaco (BRITTAIN e FIESE, 1999).

    Diversas tcnicas so disponveis para aumentar as caractersticas de

    solubilidade e biodisponibilidade de frmacos. Dentre elas, a complexao com

    ciclodextrinas tem sido amplamente estudada (LOFTSSON e BREWSTER, 1996;

    BADWAN, 1997; BREWSTER e LOFTSSON, 2007).

    Ciclodextrinas naturais (CDs) so oligossacardeos cclicos contendo seis (-

    ciclodextrinas), sete (-ciclodextrinas) ou oito (-ciclodextrinas) unidades de -1,4-glucopiranose, contendo uma superfcie externa hidroflica e uma cavidade central

    hidrofbica, a qual pode acomodar uma variedade de frmacos lipoflicos (VEIGAet

    al., 1995). Estes complexos tm mostrado aumentar a estabilidade (ANDERSEN e

    BUNDGAARD, 1984; LOFTSSON et al., 1989), solubilidade, velocidade de

    dissoluo (PITHA et al., 1986; BLANCO et al., 1991; LOFTSSON, 2002) e

    biodisponibilidade (CHOW e KARARA, 1986; VILA-JATO, BLANCO e TORRES,

    1988), alm de reduzir efeitos colaterais associados com alguns frmacos (OTERO-ESPINARet al., 1991; LINet al., 1994).

    O processo de envelhecimento humano est associado a um aumento na

    freqncia de vrias enfermidades e, no caso dos homens, as alteraes benignas e

    malignas da prstata esto entre as patologias mais comuns. A partir dos quarenta

    anos de idade, mudanas hiperplsicas comeam a ocorrer e, por volta dos oitenta

    anos, atingem cerca de 90% dos homens, sendo 70% destas de carter maligno. O

    carcinoma de prstata a forma mais comum de neoplasia em indivduos do sexo

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    17/98

    18

    masculino e a segunda principal causa de bito por cncer. Estima-se que sejam

    detectados cerca de 200.000 novos casos por ano, sendo que 20% dos pacientes

    vo a bito. A faixa etria mais atingida de 70 a 75 anos, porm a freqncia de

    casos j comea aumentar a partir dos 50 anos (SCHER, 2001).

    A finasterida um azasteride, administrado por via oral, que inibe

    competitivamente a enzima 5-redutase tipo II e assim diminui os nveis plasmticos

    de diidrotestosterona em 60 a 70% e as concentraes prostticas em cerca de

    85%. A meia-vida da finasterida de cerca de 6 horas em pacientes com menos de

    60 anos, podendo estender-se a at oito horas em pacientes com mais de 70 anos.

    A taxa de ligao s protenas plasmticas de cerca de 90%. O frmaco apresenta

    baixa solubilidade em gua (classe II, SCB) e biodisponibilidade oral varivel 63%(KOROLKOVAS et al., 1995) a 80% (GORMLEY, 1995). Dois polimorfos

    enantiotrpicos (forma I e forma II) foram descritos por Wenslow e colaboradores em

    2000. A forma II apresenta maior solubilidade em ciclohexano do que a forma I

    (WENSLOWet al., 2000).

    Com base nestes estudos, o presente trabalho tem como objetivo estudar as

    interaes de finasterida com HP--ciclodextrina em presena ou ausncia de

    polmeros naturais (quitosana) e sintticos (PVP K-30), visando melhorar asolubilidade e velocidade de dissoluo do frmaco e, conseqentemente, suas

    caractersticas de biodisponibilidade.

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    18/98

    19

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 AS DOENAS DA PRSTATA

    2.1.1 Consideraes Gerais

    As alteraes benignas e malignas da prstata esto entre as patologias mais

    comuns associadas ao envelhecimento de indivduos do sexo masculino. Estima-se

    que sejam detectados cerca de 200.000 novos casos de cncer de prstata por ano,

    sendo que 20% dos pacientes vo a bito. A faixa etria mais atingida de 70 a 75

    anos, porm a freqncia de casos j comea aumentar a partir dos 50 anos

    (SCHER, 2001).

    A hiperplasia benigna a alterao prosttica mais comum. Ela est

    associada a sintomas irritativos e oclusivos do trato urinrio inferior, como reteno

    urinria, fluxo urinrio reduzido, urgncia em urinar, esvaziamento incompleto da

    bexiga urinria, disria e incontinncia urinria, que causam incmodo e uma

    diminuio na qualidade de vida do paciente. Histologicamente, a doena estcaracterizada por um aumento das clulas normais da prstata, mas sua causa

    ainda no est bem definida (LOGAN e BELGERI, 2005).

    As causas do carcinoma prosttico tambm no so totalmente conhecidas.

    Fatores hereditrios foram investigados, mas no foi possvel associa-los a nenhuma

    alterao cromossmica especfica. Sabe-se que o fator tnico exerce influncia

    importante, pois os estudos revelam que a incidncia entre os indivduos asiticos

    muitssimo menor (3 a 4 por 100.000) do que entre caucasianos (50 a 60 por100.000) e negros. Porm, acredita-se que fatores de risco ambientais tambm

    estejam associados doena, o que justificado pela maior incidncia de casos

    entre os asiticos que migraram para pases ocidentais do que entre os indivduos

    que permaneceram em seus pases de origem. Um dos fatores ambientais propostos

    a ingesto de uma dieta rica em gorduras, o que influenciaria os nveis de

    hormnios como a testosterona que, por sua vez, afetaria o crescimento prosttico

    (COTRANet al., 1996).

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    19/98

    20

    2.1.2 A Prstata e os Hormnios Andrognicos

    A prstata (FIGURA 1) um rgo glandular constitudo por dois

    compartimentos: o cino, unidade funcional da glndula, e o estroma, constitudo porfibroblastos e clulas musculares lisas, separados por uma membrana basal. O

    cino consiste em um compartimento epitelial que inclui clulas basoepiteliais e

    clulas neuroendcrinas, sendo as primeiras responsveis pela produo do PSA

    (antgeno prosttico especfico) e da fosfatase-cida prosttica especfica. Tanto o

    cino como o estroma expressam receptores andrognicos e dependem dos

    andrgenos para crescer. O andrgeno circulante mais importante a testosterona,

    a qual convertida para sua forma ativa, diidrotestosterona pela enzima 5 -redutase (FIGURA 2).

    FIGURA 1 - APARELHO GNITO-URINRIO MASCULINO

    FONTE: NETO, 2007. (NETO, 2007)

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    20/98

    21

    FIGURA 2 - ESTRUTURA DA TESTOSTERONA E DIIDROTESTOSTERONA

    FONTE: GORMLEY, 1995.

    Duas isozimas da 5-redutase foram caracterizadas, clonadas e localizadas

    em tecidos humanos. A 5-redutase do tipo I expressa em vrios tecidos, incluindo

    a pele e o fgado, e particularmente importante em vias metablicas de

    catabolismo dos andrognios e outros esterides. A isozima do tipo II encontrada

    predominantemente no fgado e em tecidos genitais, incluindo a prstata, e tambm

    est presente em algumas regies da pele, estando envolvida em rotas de sntese

    de andrognios (ANDRIOLEet al., 2004).

    Tanto a testosterona quanto a diidrotestosterona agem ligando-se ao receptor

    andrognico. A ligao s seqncias de DNA nuclear, leva a produo de PSA e

    protenas regulatrias que modulam o crescimento e o funcionamento das clulas.

    Apesar da diidrotestosterona e a testosterona ligarem-se ao receptor e ativarem a

    sntese de protenas da mesma maneira, a diidrotestosterona dissocia-se do

    receptor andrognico mais lentamente (SCHER, 2001).

    A testosterona comea a ser secretada no organismo masculino na oitava

    semana de gestao, estimulando a diferenciao da genitlia interna, incluindo o

    epiddimo, as vias deferentes e a vescula seminal. Ela convertida a

    diidrotestosterona na genitlia externa primordial para estimular a diferenciao do

    pnis, bolsa escrotal e da prstata (ANDRIOLEet al., 2004).

    Durante a puberdade, o aumento da produo testicular de testosterona leva

    ao desenvolvimento dos tbulos seminferos, prstata, vescula seminal, alm do

    crescimento e diferenciao do epiddimo. Assim d-se a espermatognese e a

    produo e transporte de lquido seminal. O aumento dos nveis sistmicos de

    testosterona leva ao desenvolvimento dos caracteres sexuais secundrios, aumento

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    21/98

    22

    da massa e da fora muscular, aumento do crescimento dos ossos longos e da

    densidade mineral dos ossos (TABELA 1).

    Na idade adulta, os nveis sricos de testosterona permanecem relativamente

    estveis e sua funo manter as caractersticas sexuais e regular a

    espermatognese (GORMLEY, 1995).

    TABELA 1 AES DA TESTOSTERONA E DA DIIDROTESTOSTERONA NO ORGANISMOMASCULINO DURANTE A PUBERDADE E PS-PUBERAIS (GORMLEY, 1995)

    Aumento do pnis e da bolsa escrotal

    Espermatognese

    Espessamento das cordas vocaisAumento da massa muscular

    Testosterona

    Libido e performance sexual

    Aumento dos plos no corpo e na barba

    Acne

    CalvcieDiidrotestosterona

    Aumento da prstata

    A relao entre os hormnios andrognicos e as doenas da prstata foirelatada pela primeira vez em 1895, quando White notou uma diminuio no

    tamanho da prstata em 87% dos homens castrados. Mais tarde, em 1944, Moore

    relatou que a ausncia de funo testicular em homens com menos de quarenta

    anos prevenia o desenvolvimento da hiperplasia benigna da prstata e do carcinoma

    prosttico (KENNYet al., 1997).

    2.1.3 O Diagnstico das Doenas da Prstata

    Mais de 75% dos pacientes portadores de cncer de prstata recebem

    diagnstico quando comeam a apresentar comprometimento urinrio, com sintomas

    muito semelhantes aos manifestados nas alteraes benignas, como a dificuldade

    para iniciar e interromper o jato, disria, policiria e hematria. Nestes casos, a

    doena j se encontra nos estgios ditos C ou D, sendo que, no primeiro caso, o

    tumor est localizado e, no segundo caso, h o surgimento de metstases, que

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    22/98

    23

    afetam principalmente os ossos (vrtebras da coluna lombar, fmur proximal, pelve,

    coluna torxica e as costelas) e os gnglios linfticos plvicos. A distino entre uma

    alterao benigna e o cncer s pode ser realizada por meio de exames

    histolgicos. Nos casos em que o tumor se estende alm dos limites da glndula,

    sintomas como hematoespermia ou disfuno ertil podem ocorrer. Pacientes com

    metstases sseas podem no apresentar sintomas urinrios, porm apresentam

    dor nas costas e em outras partes do corpo, enquanto outros permanecem

    totalmente assintomticos apesar do cncer estar em estgio avanado.

    Os mtodos de diagnstico tradicionais para as doenas da prstata incluem

    questionrios, toque prosttico, determinao dos nveis e velocidade de PSA e

    ultra-sonografia uretral (CATALONAet al., 1994; SCHER, 2001).

    FIGURA 3 - ASPECTO DA PRSTATA NORMAL E DA PRSTATA AFETADA PELA HIPERPLASIABENIGNA

    FONTE: NETO, 2007 (NETO, 2007)

    Anamnese do paciente

    Alm da hiperplasia benigna da prstata e do carcinoma prosttico, outras

    doenas, como a prostatite, o clculo prosttico e a disfuno do msculo detrusor

    da bexiga urinria, podem levar ao surgimento de sintomas do trato urinrio inferior

    (LOGAN e BELGERI, 2005). Para determinar as causas e quantificar estes

    sintomas, aplicado o questionrio Escore Internacional de Sintomas Prostticos

    (IPSS - International Prostate Symptom Score), composto por sete perguntas

    relacionando os sintomas sua freqncia. Quanto maior a freqncia, mais pontos

    so somados, permitindo que os sintomas sejam classificados como suaves (0 a 7

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    23/98

    24

    pontos), moderados (8 a 19 pontos) ou severos (20 a 35 pontos) (BARRY e

    ROHERBORN, 1997).

    Em conjunto com o questionrio, outras condies devem ser avaliadas no

    momento do diagnstico, como o uso de medicamentos diurticos e bloqueadores

    dos canais de clcio que podem causar, respectivamente, noctria e diminuio na

    contratilidade da bexiga urinria. A existncia de doenas como o diabetes,

    hipercalcemia e insuficincia cardaca congestiva, que aumentam a freqncia

    urinria tambm devem ser consideradas (BARRY e ROHERBORN, 1997)

    Toque Prosttico

    O toque prosttico considera o tamanho e a consistncia, a presena de

    leses, ou a evidncia de extenso alm dos limites da glndula. A superfcie

    posterior dos lobos laterais, onde o carcinoma comea com maior freqncia,

    facilmente palpvel num exame de toque, porm, tanto o carcinoma prosttico,

    quanto o clculo prosttico e a hiperplasia benigna caracterizam-se por uma rea

    dura, nodular e irregular. Entre 20 a 25% dos pacientes que apresentam alteraes

    no exame de toque retal tm a bipsia positiva para carcinoma prosttico.

    PSA

    O PSA, antgeno prosttico especfico, uma protease produzida por clulas

    epiteliais normais ou neoplsicas. Os valores normais esto entre 0 e 4 ng.mL-1.

    Cerca de 30% dos homens tm valores entre 4 a 10 ng.mL -1e 50% daqueles com

    PSA acima de 10 ng.mL-1tero cncer. Por outro lado, 20% dos pacientes tiveram

    cncer diagnosticado enquanto apresentavam valores normais de PSA.

    O parmetro velocidade do PSA derivado de clculos da faixa de mudana

    no PSA antes que o diagnstico de cncer seja estabelecido. Aumentos maiores que

    0,75 ng.mL-1ao ano so indicativos de casos de cncer, ainda que o valor de PSA

    esteja dentro dos nveis normais. Medidas dos nveis de PSA livre (menores em

    quadros de carcinoma prosttico) e PSA combinado so utilizados como parmetro

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    24/98

    25

    para selecionar os pacientes que devero ser submetidos bipsia apesar de

    apresentarem nveis normais de PSA.

    Ultra-sonografia Transretal

    til no clculo do PSAD, ou seja, o quociente entre o valor de PSA srico

    (ng.mL-1) e o volume prosttico (cm3) (CATALONA et al., 1994), a ultra-sonografia

    transretal permite estimar o tamanho da glndula, porm o exame nem sempre

    diferencia o carcinoma da hiperplasia benigna. O papel principal da ultra-sonografia

    dar suporte para uma amostragem correta quando da realizao da bipsia.

    2.1.4 Doenas da Prstata - A Escolha do Tratamento

    A escolha do melhor tratamento a ser seguido est intimamente relacionada

    com a gravidade da doena.

    Num primeiro grupo, temos pacientes que apresentam desordens benignas,

    ou aqueles que apresentam histrico familiar de doenas da prstata, altos nveis de

    PSA ou sintomas urinrios. Num segundo grupo, estariam os pacientes que

    apresentam um tumor maligno restrito glndula. O terceiro grupo, incluiria

    pacientes com nveis crescentes de PSA, mesmo depois de uma cirurgia ou

    radioterapia para tratar uma leso localizada, mas que no tm alteraes clnicas

    detectveis. Por fim, no quarto grupo, estariam os indivduos com metstases

    detectadas, para os quais a prostatectomia pode ou no ser indicada (SCHER,

    2001).

    De acordo com Scher (2001), os procedimentos cirrgicos empregadosincluem a resseco transuretral da prstata, a inciso transuretral, e ainda, a

    remoo da glndula por via retropbica, suprapbica ou perineal. Nos casos de

    cncer que exigem prostatectomia radical, remove-se toda a glndula e mais uma

    margem de segurana, preservando o esfncter externo para manter a continncia

    urinria e os nervos, evitando a disfuno ertil. A radioterapia tambm pode ser

    empregada nos casos de cncer, podendo ser aplicada externamente, implantando

    fontes radioativas dentro da glndula ou por meio de uma combinao de ambos os

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    25/98

    26

    processos. Nos casos de hiperplasia benigna, as clulas hiperplsicas podem ser

    destrudas por meio de microondas ou ablao.

    O tratamento farmacolgico das doenas da prstata eficiente apenas em

    quadros no severos, entretanto pode ser aplicado para retardar a progresso do

    tumor ou melhorar a sobrevida do paciente.

    2.1.4.1 Farmacoterapia nas Doenas da Prstata

    Orquiectomia farmacolgica

    As clulas epiteliais neoplsicas possuem receptores andrognicos, edependem destes hormnios para sobreviver. Para o tratamento dos casos em

    estgio avanado, que envolvem o aparecimento de metstases, fundamental

    privar as clulas neoplsicas de testosterona. Isso pode ser conseguido pela

    remoo dos testculos (orquiectomia) ou mediante a administrao de estrognios

    ou de agonistas sintticos do hormnio liberador do hormnio luteinizante(LHRH). O

    principal efeito dos estrgenos a supresso do hormnio luteinizante (LH)

    hipofisrio que, por sua vez, reduz o dbito testicular de testosterona, de formasemelhante ao papel desempenhado pelos agonistas sintticos do LHRH. Em longo

    prazo, a administrao destes agonistas suprime a liberao de LH e atinge os

    efeitos de uma orquiectomia farmacolgica. Efeitos semelhantes so obtidos com os

    anlogos do hormnio liberador de gonadotrofina como o acetato de leuprolida e o

    acetato de groserelina. A elevao inicial dos nveis de testosterona pode resultar

    em uma piora dos sintomas. Assim, estes frmacos esto contra-indicados para

    paciente com sintomas de obstruo, dor causada pelo cncer ou comprometimentoda medula espinhal (SCHER, 2001).

    O dietilestilbestrol uma alternativa teraputica de baixo custo que produz o

    efeito de orquiectomia farmacolgica em uma ou duas semanas de uso. No entanto,

    apresenta uma toxicidade cardiovascular significativa, podendo causar edema,

    colapso cardaco congestivo, infarto do miocrdio, acidentes vasculares cerebrais,

    flebite e embolia pulmonar (SCHER, 2001).

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    26/98

    27

    Progestgenos, tais como o acetato de medroxiprogesteronae o acetato de

    megestrol so menos eficazes na produo da orquiectomia farmacolgica e, por

    isso, no so considerados frmacos de primeira escolha (SCHER, 2001).

    Uso de anti-andrognicos no-esteroidais

    Os antiandrognicos no-esteroidais - flutamida, a bicalutamida e a nilutamida

    - bloqueiam a ligao dos andrognios ao seu receptor sendo teis para evitar o

    agravamento dos sintomas quando do tratamento com inibidores do hormnio

    liberador de gonadotrofina; quando se deseja preservar a potncia sexual; e ainda,

    como parte de um tratamento combinado para inibir simultaneamente os andrgenostesticulares e adrenais. Os efeitos adversos deste grupo de frmacos incluem

    ginecomastia, cansao, elevao dos nveis sricos de transaminases e diarria. A

    nilutamida, em particular, causa ainda dificuldade de adaptao visual ao escuro,

    intolerncia ao lcool e, raramente, pneumonites (SCHER, 2001).

    Bloqueadores 1adrenrgicos

    Bloqueadores 1adrenrgicos - terazosina, alfuzosina, doxazosina e

    tamsulosina no influenciam a progresso tanto da hiperplasia benigna da prstata

    quanto do carcinoma prosttico, mas aliviam os sintomas do trato urinrio inferior,

    relaxando a musculatura lisa da bexiga e aumentando o fluxo urinrio. A hipotenso

    ortosttica o principal efeito adverso deste grupo de frmacos (SWEETMAN,

    2003). Nos casos de hiperplasia benigna, os bloqueadores 1adrenrgicos podem

    ser administrados de forma isolada ou combinados com azasterides (BARRY eROHERBORN, 1997).

    Azastererides

    Os azasterides so compostos que inibem competitivamente a 5-redutase,

    descritos pela primeira vez no incio da dcada de 1980 pela empresa americana

    Merck

    (KENNY et al., 1997). Reduzem o tamanho da prstata em cerca de 50%

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    27/98

    28

    aps 6 a 9 meses de tratamento, por aumentarem a taxa de apoptose de clulas

    prostticas, alm de reduzir a sobre-expresso do gene bcl-2, que previne a

    apoptose (LOGAN e BELGERI, 2005). Com isso, o fluxo urinrio aumenta e h uma

    melhora significativa dos sintomas do trato urinrio inferior (NOVARAet al., 2006). A

    administrao de azasterides tambm reduz os nveis de PSA em at 50% aps

    seis meses de tratamento, podendo mascarar o diagnstico de cncer prosttico

    (LOGAN e BELGERI, 2005).

    A dutasterida um azasteride capaz de inibir tanto a 5-redutase do tipo I

    quanto do tipo II, usado na dose de 0,5 mg ao dia. Seu principal efeito adverso a

    ginecomastia (LOGAN e BELGERI, 2005).

    A finasterida (FIGURA 4) o principal azasteride utilizado atualmente nateraputica da hiperplasia benigna da prstata e na preveno do cncer de

    prstata. Ela age inibindo especificamente a 5-redutase do tipo II.

    FIGURA 4 - ESTRUTURA DO FRMACO FINASTERIDA

    FONTE: GORMLEY, 1995.

    2.1.4.2 Finasterida

    2.1.4.2.1 Aspectos Fsico-qumicos

    A Finasterida, N-(2-metil-2-propil)-3-oxo-4-aza-5-androst-1-eno-17B

    carboxamida, cuja frmula emprica C23H36N2O2, apresenta peso molecular de

    372,55 Da. muito solvel em solventes orgnicos polares, como etanol, metanol,

    clorofrmio e DMSO (BUDAVARI, 1996) e praticamente insolvel em gua sua

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    28/98

    29

    solubilidade em gua temperatura ambiente da ordem de 0,043 mg/mL

    (LOFTSSON e HREINSDTTIR, 2006).

    2.1.4.2.2 Aspectos Farmacolgicos

    Mecanismo de ao

    A finasterida no capaz de se ligar diretamente ao receptor andrognico,

    no apresentando, desta forma, ao antiandrognica, estrognica ou progestgena

    (GORMLEY, 1995).O stio ativo do frmaco para a inibio da 5-redutase a funo lactama do

    anel A do esqueleto esteride (GORMLEY, 1995). Os orbitais das duplas ligaes

    tanto da testosterona quanto da finasterida, dividem uma orientao axial 1,3 na

    conformao em cadeira do anel esteride A, que os faz semelhantes em termos

    tridimensionais. Apesar da grande afinidade pela enzima, a ligao entre esta e o

    frmaco no se d de forma covalente. O mecanismo proposto por Bull e

    colaboradores (1996) para a inibio da 5-redutase est demonstrado na FIGURA5. As duas reaes seguem de maneira semelhante na formao de um enol

    intermedirio, mas divergem no passo final, quando a finasterida aborta o processo

    por translocar o carbnion enolato para uma posio na qual ele fica indisponvel

    para a transferncia do prton que completa a reduo. Presume-se que esta etapa

    seja responsvel por definir se haver ou no a formao da diidrotestosterona. A

    presena do heterotomo nesta posio parece ser essencial para impedir a

    transferncia do prton, porque seria capaz de prende-lo por meio de uma ponte

    de hidrognio. Uma parte muito importante da reao cataltica a estabilizao do

    enolato intermedirio, que parece ser idntica para a testosterona e o frmaco

    (BULLet al., 1996).

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    29/98

    30

    FIGURA5-MECANISMOD

    EAOD

    AFINASTERIDAPROPOSTOP

    OR

    BULLE

    COLABORADORES(1996)

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    30/98

    31

    Farmacocintica

    Com relao farmacocintica, a finasterida bem absorvida por via oral e

    as concentraes plasmticas mximas de 38 ng/mL so alcanadas em cerca de

    duas horas. A administrao concomitante com as refeies no prejudica a

    absoro e a biodisponibilidade (GORMLEY, 1995). O frmaco apresenta uma meia-

    vida de aproximadamente 6 horas em pacientes com menos de 60 anos, alcanando

    oito horas em pacientes com mais de 70 anos. A biodisponibilidade mdia de 63 a

    80% e a taxa de ligao s protenas plasmticas de cerca de 90% (SWEETMAN,

    2003).

    Aps metabolizao heptica, que produz derivados oxidados inativos, a

    excreo se d atravs da bile (60 a 80%) e, de forma menos expressiva, atravs da

    urina (GORMLEY, 1995).

    O frmaco diminui os nveis plasmticos de diidrotestosterona em 60 a 70% e

    as concentraes prostticas em cerca de 85%, aps duas ou trs doses dirias de

    5 mg. No entanto, as taxas de diidrotestosterona nunca chegam a zero devido

    produo residual pela isozima do tipo I, que no inibida pela finasterida

    (GORMLEY, 1995; ANDRIOLEet al., 2004).

    Uma dose diria de 5 mg diminui em 24% o tamanho da prstata, aumenta as

    taxas de fluxo urinrio, reduzindo a incidncia de reteno urinria aguda e

    diminuindo as taxas de interveno cirrgica (SCHER, 2001). A reposta ao

    tratamento em geral lenta e este deve estender-se por pelo menos seis meses.

    A eficcia e a segurana do uso da finasterida na hiperplasia benigna da

    prstata foram comprovadas por meio de vrios estudos clnicos (GORMLEY, 1995).

    A eficcia do tratamento de casos de carcinoma prosttico com finasterida menorem relao aos resultados alcanados na hiperplasia benigna, porm estudos esto

    em andamento com o objetivo de avaliar sua utilizao como forma de preveno da

    doena (SWEETMAN, 2003).

    Os efeitos adversos mais freqentes da finasterida so a diminuio da libido,

    impotncia, transtornos de ejaculao e reduo do volume de smen. Ginecomastia

    e mastalgia, alm de reaes de hipersensibilidade, como inchao do rosto e dos

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    31/98

    32

    lbios, prurido, urticria, exantemas e dor testicular tambm so citados

    (SWEETMAN, 2003).

    Teoricamente, a inibio da 5-redutase poderia interferir com a

    espermatognese, que andrognio-dependente. Porm, estudos recentes no

    constataram nenhuma alterao na espermatognese durante o uso da finasterida

    (OVERSTREETet al., 1999).

    Alm do emprego nas doenas da prstata a finasterida tambm

    empregada no tratamento da calvcie masculina (em doses dirias de 1 mg) e

    hirsutismo. Entretanto, a administrao para mulheres em idade reprodutiva deve ser

    criteriosa, dado o risco de feminilizao de fetos do sexo masculino (GORMLEY,

    1995).

    2.2 ABSORO E BIODISPONIBILIDADE DE FRMACOS

    Na dcada de 1930, quando surgiram os primeiros trabalhos relacionados

    absoro de frmacos a partir de formas farmacuticas, os estudos eram baseados

    em dados de excreo urinria. Somente a partir da dcada de 1950 surgiram os

    primeiros estudos com determinao sangnea do frmaco. Na dcada de 1970, o

    termo biodisponibilidade passou a ser utilizado, e a preocupao em relao

    influncia de fatores fisiolgicos e patolgicos sobre a biodisponibilidade aumentou

    significativamente.

    Gleiter e colaboradores (1998) ressaltam a diferena entre os termos

    absoro e biodisponibilidade. Segundo Lbenberg e Amidon (2000), a

    disponibilidade sistmica (biodisponibilidade) representa a quantidade do frmaco

    que chegou at a circulaosistmica, enquanto que a absoro representa apenasa etapa de permeao do frmaco na mucosa do trato gastrintestinal, quando este

    ainda no est disponvel na circulao sistmica. A biodisponibilidade no uma

    propriedade somente do frmaco, como tambm da formulao que o contm.

    O processo de absoro de frmacos atravs do trato gastrintestinal muito

    complexo, podendo ser afetado por inmeros fatores (YU et al., 1996;

    CONSIGLIERI, STORPIRTIS e FERRAZ, 2000). Dentre os fatores que podem

    potencialmente influenciar na extenso e velocidade de absoro do frmaco

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    32/98

    33

    destacam-se trs: fatores fisico-qumicos do frmaco, incluindo pKa, solubilidade,

    lipofilicidade, tamanho de partcula entre outros; fatores fisiolgicos como pH

    gastrintestinal, esvaziamento gstrico e mecanismos de absoro e, por fim, fatores

    relacionados forma farmacutica. Alm desses fatores, devem ser consideradas as

    variaes das caractersticas individuais como idade, sexo, peso corporal e fatores

    fisiopatolgicos associados (STORPIRTISet al., 1999).

    A dissoluo do frmaco fundamental para absoro e conseqente

    resposta teraputica da maioria dos frmacos de administrao oral, apresentados

    na forma farmacutica slida (AMIDONet al., 1995). Baseando-se nesta afirmao,

    conclui-se que a solubilidade pode ser considerada o principal fator relacionado s

    caractersticas fsico-qumicas do frmaco que influencia na biodisponibilidade demedicamentos.

    A solubilidade pode ser afetada por vrios fatores como a constante de

    dissociao e lipossolubilidade do frmaco, o tamanho da partcula, a forma

    cristalina e a apresentao molecular na forma de sais ou steres.

    No processo de absoro de um frmaco fatores como pH e coeficiente de

    partio esto inter-relacionados. A velocidade de absoro gastrintestinal de um

    frmaco est diretamente relacionada com a concentrao das suas formas noionizadas no local de absoro, o que uma funo do pKa do composto e do pH do

    meio. A solubilidade de um frmaco em lipdeos determinada pela presena de

    grupos polares na estrutura da molcula bem como dos grupos ionizveis que so

    afetados pelo pH local. Assim, a relao hidrofilia e lipofilia de toda molcula,

    traduzida como coeficiente de partilha (Log P), determina se uma molcula se

    difunde facilmente ao sofrer difuso passiva atravs da membrana gastrintestinal

    (DRESSMANet al., 1998; LACHMAN, LIEBERMAN e KANIG, 2001).A rea superficial das partculas do frmaco outro parmetro que influencia

    a sua dissoluo e, conseqentemente, sua absoro, particularmente para

    frmacos com solubilidade aquosa reduzida. Partculas pequenas com uma grande

    rea de superfcie dissolvem-se mais rapidamente do que partculas maiores,

    embora ambas tenham a mesma solubilidade intrnseca (LACHMAN, LIEBERMAN e

    KANIG, 2001).

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    33/98

    34

    Os frmacos no estado slido podem apresentar-se sob a forma amorfa, mais

    solvel, ou cristalina. Os polimorfos so formas cristalinas que diferem no

    empacotamento e orientao das molculas sob condies de cristalizao

    diferentes. O polimorfismo responsvel por diferenas nas propriedades fsico-

    qumicas do frmaco, como solubilidade, densidade, ponto de fuso, entre outras.

    Assim, diferenas de velocidade de dissoluo e na absoro podem ser observadas

    entre polimorfos de um determinado composto.

    O polimorfismo um problema particular dos esterides. Aproximadamente

    67% dos esterides exibem polimorfismo (MESLEY e JOHNSON, 1965). Segundo

    Borka (1991) se uma substncia ocorre em duas formas cristalinas, uma sempre

    mais estvel a uma dada temperatura e a outra a forma metaestvel.Quando da existncia de polimorfos, a forma mais estvel geralmente

    apresenta menor solubilidade, e conseqentemente, a forma que apresenta maior

    solubilidade a menos estvel (CARSTENSEN, 2001). As formas que apresentam

    maior ponto de fuso so usualmente denominadas Forma I, e as formas instveis

    so Formas II, III, etc., seguindo essa ordem medida que o ponto de fuso diminui

    (BORKA, 1991).

    Wenslow e colaboradores (2000) identificaram dois polimorfos para afinasterida usando espectroscopia IV, RMN-C13, difrao de raios-X (XRD) e

    calorimetria exploratria diferencial (DSC). A Forma I apresenta padro de difrao

    compatvel com sistema cristalino ortorrmbico, com espao entre os grupos P212121

    e parmetros cristalogrficos a() = 6,437, b() = 12,712 e c() = 25,929 com Z = 4.

    J a Forma II apresenta padro de difrao compatvel com sistema cristalino

    monoclnico, com espao entre os grupos P21e parmetros cristalogrficos a() =

    16,387, b() = 7,958 e c() = 18,115 com Z = 4. A finasterida Forma I pode sercristalizada por secagem com acetato de etila ou acetato de isopropila, sendo que

    sob aquecimento pode converter-se na Forma II. A temperatura de transio da fase

    slida dependente da taxa de aquecimento, diminuindo de aproximadamente 230

    para 200 C quando a taxa de aquecimento varia de 10 para 0,1 C/min. A

    temperatura de fuso (257 C) varia somente dois graus da Forma I para Forma II. A

    baixa solubilidade da Forma I em baixas temperaturas consistente com a

    observao que as duas formas so polimorfos enantiotrpicos (reversveis).

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    34/98

    35

    Um terceiro polimorfo denominado Forma III j foi descrito e patenteado,

    porm sua estrutura cristalina ainda no foi publicada (OTHMANet al., 2007).

    Outro aspecto importante em relao forma cristalina que esta pode

    apresentar diferentes estados de solvatao. Durante o processo de cristalizao, o

    solvente pode ser incorporado na estrutura do cristal: a gua pode adsorver-se junto

    superfcie do cristal ou pode ocupar uma posio dentro da molcula. A formao

    de solvatos (ou hidratos) na estrutura cristalina usualmente modifica as propriedades

    farmacuticas como solubilidade, dissoluo, biodisponibilidade, estabilidade

    qumica, fluxo do p e compactao (BYRN et al., 1995). Portanto, informaes

    sobre a estrutura do cristal so cruciais para entender o comportamento da

    dissoluo, bem como a atividade teraputica do frmaco e formas farmacuticas.De acordo com Othman e colaboradores (2007) dois solvatos da finasterida foram

    descritos e suas estruturas cristalinas fazem parte do Cambridge Crystal Structure

    Database (CSD). O solvato de cido actico tem formato monoclnico, com uma

    razo molar de 1:1 entre a finasterida e o solvente. J o solvato de acetato de etila

    ortorrmbico e tem uma razo molar frmaco/solvente de 2:1, alm de conter gua

    em uma razo 1:2 em relao finasterida. Por essa razo, conhecido como

    bis(finasterida) monosolvato monohidratado ou finasterida hemisolvato hemihidrato(OTHMAN et al., 2007). O trabalho descreve ainda um solvato de dioxano cuja

    estrutura cristalina no foi publicada at o momento.

    Outros polimorfos e solvatos da finasterida foram descritos em literatura, mas

    ainda no h evidncias suficientes para assegurar que sejam polimorfos e solvatos

    verdadeiros. Este o caso das formas H1 e H2, obtidas por cristalizao em

    metanol, etanol ou isopropanol e dioxano, respectivamente. As Formas IV e V

    seriam obtidas, por sua vez, pelo uso de uma mistura de acetato deetila/tetrahidrofurano/gua ou cido actico diludo, respectivamente (OTHMAN et

    al., 2007).

    A formao de sais constitui uma modificao qumica que aumenta,

    normalmente, a solubilidade da molcula em gua e, portanto, a dissoluo do

    frmaco. O aumento da solubilidade pode tambm ser influenciado pela seleo do

    sal a ser utilizado. Em geral, sais preparados a partir de bases ou cidos fortes so

    muito solveis, mas tambm muito higroscpicos, levando a instabilidade do frmaco

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    35/98

    36

    (WELLS, 1988). Hirsch e colaboradores (1978) estudando a estabilidade dos

    diferentes sais do fenoprofeno concluram que fenoprofeno clcico e fenoprofeno

    sdico, em forma farmacuticas apresentam igual biodisponibilidade, entretanto o

    fenoprofeno clcico mais instvel do ponto de vista farmacutico.

    A forma farmacutica, bem como os excipientes empregados para sua

    composio e os mtodos de preparo, possuem importncia fundamental na

    velocidade de liberao e, conseqentemente, na absoro dos frmacos.

    Geralmente, a velocidade de liberao do frmaco das formas farmacuticas

    administradas por via oral diminui na seguinte ordem: solues, suspenses, ps,

    cpsulas, comprimidos e comprimidos revestidos e/ou drgeas (YU, CRISON e

    AMIDON, 1995), havendo assim, maior influncia dos parmetros fsico-qumicospara as formas farmacuticas slidas (FERRAZ, 1997).

    Amidon e colaboradores (1995) propuseram um sistema de classificao

    biofarmacutica que assume que a solubilidade e a permeabilidade so os

    parmetros principais que controlam a absoro dos frmacos. Baseado nestes

    critrios, os frmacos so divididos em quatro grupos: Classe I: frmacos de alta

    solubilidade e alta permeabilidade; Classe II: frmacos de baixa solubilidade e alta

    permeabilidade; Classe III: frmacos de alta solubilidade e baixa permeabilidade; eClasse IV: frmacos de baixa solubilidade e baixa permeabilidade (AMIDONet al.,

    1995). Segundo Loftsson e Hreinsdttir (2006) a baixa solubilidade e boa

    permeabilidade da finasterida (Log P = 3,2) permitem classific-la entre os frmacos

    de Classe II no Sistema de Classificao Biofarmacutica.

    2.2.1 Biodisponibilidade de Frmacos Pouco Solveis

    Frmacos pouco solveis apresentam problemas de biodisponibilidade e tm

    demonstrado serem imprevisveis e mais lentamente absorvidos se comparados com

    frmacos de maior solubilidade em gua (VEIGAet al., 1995).

    A solubilidade aquosa fator determinante para que novas substncias

    qumicas tenham sucesso como novos frmacos. Contudo, as novas tecnologias, tal

    como qumica combinatria e modelagem molecular, so baseadas no princpio da

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    36/98

    37

    qumica medicinal, segundo o qual o mtodo mais adequado para aumentar a

    potncia medicamentosa in vitro a adio de grupo(s) lipoflico(s) determinada

    posio da estrutura molecular. Tal fato tem causado um aumento expressivo no

    nmero de molculas de carter lipoflico, pouco solveis. Vrias tcnicas tm sido

    empregadas para compensar a insolubilidade e, conseqentemente, a baixa

    eficincia de dissoluo, incluindo o emprego de slidos amorfos nas formulaes,

    uso de nanopartculas, microemulses, disperses slidas, formao de sais e

    formao de complexos hidrossolveis (LOFTSSON, HREINSDTTIR e MSSON,

    2005).

    As ciclodextrinas tm apresentado um papel importante no desenvolvimento

    de frmacos pouco solveis por aumentar a solubilidade aparente e/ou dissoluo,devido sua propriedade de formar de complexos de incluso ou disperso slida,

    atuando como carreadores hidroflicos de frmacos com caractersticas inadequadas

    para complexao, ou ainda, como promotores da dissoluo de comprimidos

    contendo doses elevadas de frmacos, nos quais o emprego de complexos

    frmaco/CD difcil, como por exemplo, nos comprimidos de paracetamol.

    Algumas das aplicaes das ciclodextrinas como agentes solubilizantes de

    frmacos so mostradas na TABELA 2.

    2.3 AS CICLODEXTRINAS

    Ciclodextrinas naturais (CDs) so oligossacardeos cclicos contendo seis,

    sete ou oito unidades de -D-glucopiranose, formando um anel cuja superfcie

    externa hidroflica e o interior constitui uma cavidade central hidrofbica, a qual

    pode acomodar uma variedade de frmacos e outras substncias lipoflicas (VEIGA

    et al., 1995).

    Uma caracterstica importante das ciclodextrinas a formao de complexos

    de incluso tanto no estado lquido quanto no estado slido, nos quais cada

    molcula-hspede rodeada pelo ambiente hidrofbico da cavidade, o qual

    formado por um esqueleto carbnico e oxignios na forma de teres. Isso pode levar

    alterao de propriedades fsico-qumicas da molcula-hspede, incluindo sua

    solubilidade, estabilidade e biodisponibilidade (LOFTSSON e BREWSTER, 1996).

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    37/98

    38

    Estes complexos tm mostrado aumentar a estabilidade (ANDERSEN e

    BUNDGAARD, 1984; LOFTSSON et al., 1989) solubilidade, velocidade de

    dissoluo (PITHA et al., 1986; BLANCO et al., 1991; LOFTSSON, 2002) e

    biodisponibilidade (CHOW e KARARA, 1986; VILA-JATO, BLANCO e TORRES,

    1988), alm de reduzir efeitos colaterais associados com alguns frmacos (OTERO-

    ESPINARet al., 1991; LINet al., 1994). Podem ser usadas tambm na converso de

    frmacos lquidos em ps microcristalinos, para evitar interaes frmaco-frmaco e

    frmaco-excipientes e para reduzir ou eliminar sabores e odores desagradveis das

    formulaes (LOFTSSON e BREWSTER, 1996).

    TABELA 2 EMPREGO DAS CDS NA SOLUBILIZAO DE FRMACOSCD Frmacos

    -CDNimesulida, sulfometiazol, lorazepam, cetoprofeno, griseofulvina,

    praziquantel, clortalidona, etodolac, piroxicam, itraconazol, ibuprofeno

    -CD Praziquantel

    -CD Praziquantel, omeprazol, digoxina

    HPCD

    Albendazol, DY-9760e, ETH-615, levomopamil HCL, sulfometiazol,

    cetoprofeno, griseofulvina, itraconazol, carbamazepina, zolpidem,

    fenitona, rutina

    DMCD Naproxeno, camptotesina

    SBECD DY-9760e, danazol, fluasterona, espironolctona

    RMCD ETH-615, tacrolimus

    ACCD naproxeno

    FONTE: CHALLAet al., 2005. (CHALLAet al., 2005)

    Uma das principais utilidades potenciais das ciclodextrinas solubilizao de

    frmacos. A vantagem do uso de ciclodextrinas frente ao uso de solventes orgnicos

    est ligada no s ao aspecto toxicolgico, como tambm ao seu desempenho no

    organismo. Dada a sua capacidade em formar complexos de incluso, as

    ciclodextrinas normalmente solubilizam frmacos como uma funo linear de sua

    concentrao. Na presena dos lquidos orgnicos, a concentrao do frmaco cair

    drasticamente e no haver precipitao. Solventes orgnicos, por outro lado,

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    38/98

    39

    solubilizam frmacos como uma funo logartmica de sua concentrao. Quando

    esta soluo introduzida em um meio aquoso, o poder solubilizante do solvente

    orgnico cai rapidamente, pois ele tambm diludo, e pode ocorrer uma

    precipitao. Dependendo de onde esta precipitao ocorre, pode haver um

    deslocamento do equilbrio qumico necessrio para a absoro pelo trato

    gastrointestinal (BREWSTER e LOFTSSON, 2007).

    As ciclodextrinas (FIGURA 6) foram isoladas pela primeira vez em 1891 como

    produtos de degradao do amido e foram caracterizadas como oligossacardeos

    cclicos (UEKAMA e HIRAYAMA, 1996). De acordo com o nmero de unidades de -

    D-glucopiranose, as ciclodextrinas so classificadas em (seis unidades); (sete

    unidades) e - ciclodextrina (oito unidades). Devido a fatores estricos, no existem

    ciclodextrinas com menos de seis unidades -D-glucopiranose. Por outro lado, so

    conhecidas ciclodextrinas com nove (-), dez (-), onze (-), doze (-) e treze (-)

    unidades, porm s a -ciclodextrina foi bem caracterizada (LOFTSSON e

    BREWSTER, 1996). Os monmeros so ligados entre si por ligaes -1,4, sem

    livre rotao, formando molculas tronco-cnicas com uma cavidade central

    hidrofbica e uma superfcie externa hidroflica. Os grupos hidroxila primrios esto

    localizados no lado estreito do toruse os secundrios, no lado mais largo. Devido

    diferena do dimetro interno das cavidades das molculas, cada ciclodextrina

    apresenta um grau diferente de encapsulao molecular com molculas hspedes

    diferentes (LOFTSSON e BREWSTER, 1996).

    A solubilidade em gua das ciclodextrinas naturais muito menor que a dos

    glicdios lineares de peso molecular semelhante. Isso dificulta seu uso amplo como

    carreadores para frmacos, especialmente no caso da -ciclodextrina, na qual so

    formadas pontes de hidrognio entre os grupos hidroxila secundrios, diminuindo a

    formao de pontes de hidrognio destes com as molculas de gua que rodeiam a

    ciclodextrina, o que aumenta a entalpia da solubilizao (LOFTSSON e

    BREWSTER, 1996). A adio a solues aquosas de frmacos e a suspenses, leva

    precipitao dos complexos destas ciclodextrinas.

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    39/98

    40

    FIGURA 6 - ESTRUTURA DA CICLODEXTRINA E VISTA LATERAL DO ASPECTO TRONCO-CNICO DA MOLCULA

    FONTE: JINDRICH, 2007. (JINDRICH, 2007)

    Para a obteno de propriedades carreadoras e solubilidade em gua

    melhores que as obtidas com as ciclodextrinas naturais, os grupos hidroxila servem

    como pontos de partida para modificaes estruturais, como a adio de grupos

    metila, alquila e acila (TABELA 3) (LOFTSSON e BREWSTER, 1996). A melhor

    solubilidade obtida quando dois teros dos grupos hidroxila so substitudos, mas

    comea a cair quando a substituio quase completa (UEKAMA e HIRAYAMA,

    1996).

    Os derivados metilados, hidroxialquilados e branchedso altamente solveis

    em gua, sugerindo seu uso como solubilizantes para frmacos fracamente

    hidrossolveis. Tanto o nmero mdio de grupos alquila ou hidroxialquila que

    tenham reagido com cada unidade de -D-glucopiranose, quanto a localizao

    destes grupos na molcula de ciclodextrina iro afetar as propriedades fsico-

    qumicas do derivado, incluindo a sua capacidade de formar complexos (LOFTSSON

    e BREWSTER, 1996).

    Outros derivados foram desenvolvidos especialmente para apresentar

    solubilidade pH dependente, como o caso da O-carboximetil-O-etil--ciclodextrina.

    Esta molcula apresenta um pKa estimado de 3,7 e limitada solubilidade em pH

    estomacal. J no intestino delgado, onde o pH maior, a solubilidade da

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    40/98

    41

    ciclodextrina aumenta, melhorando a dissoluo e liberao do frmaco nela

    complexado, sendo til na formulao de formas slidas de liberao modificada

    (STELLA e RAJEWSKI, 1997).

    As ligaes glucosdicas das ciclodextrinas so fracamente estveis em

    solues alcalinas e so hidroliticamente clivadas por cidos fortes, dando

    oligossacardeos lineares. A taxa de abertura do anel aumenta com o aumento do

    tamanho da cavidade e aceleradaquando o anel est retorcido. A taxa de abertura

    do anel da -ciclodextrina diminui com a adio de molculas-hspede,

    especialmente aquelas que tm um formato ajustado cavidade. Esta reduo

    atribuda inibio do acesso do on oxnio s ligaes glucosdicas. As ligaes

    glucosdicas das ciclodextrinas so quebradas por algumas amilases, porm areao se d de maneira muito mais lenta do que a que ocorre com os acares

    lineares. Geralmente, a introduo de substituintes nos grupos hidroxila diminui a

    hidrlise enzimtica por diminuir a afinidade da ciclodextrina pelasenzimas. e -

    ciclodextrinas so resistentes ao metabolismo no organismo, enquanto que a -

    ciclodextrina, que tem uma grande cavidade, hidrolisada at mesmo pela -

    amilase salivar (IRIE e UEKAMA, 1997).

    2.3.1 Toxicidade das ciclodextrinas

    A alegada alta toxicidade oral da CD relatada em 1957 tem sido contestada

    ao longo dos anos atravs de estudos detalhados de metabolismo e toxicidade em

    ratos e ces (SZEJTLI, 1984; IRIE e UEKAMA, 1997), originando uma posio mais

    receptiva por parte das autoridade oficiais com relao a este tipo de compostos.

    A toxicidade das substncias est diretamente ligada com sua capacidade de

    ser absorvida pelo organismo, de interagir com os sistemas enzimticos, provocando

    alteraes metablicas ou, ainda, com a capacidade de se depositarem em certos

    rgos e tecidos.

    A estrutura qumica das ciclodextrinas, que contm um grande nmero de

    aceptores e doadores de hidrognios, assim como seu alto peso molecular e seu

    coeficiente de partio em octanol/gua muito baixo, so caractersticas que

    explicam porque elas so to pouco absorvidas no trato gastrointestinal,

    contribuindo, assim, para sua baixa toxicidade (LOFTSSON e DUCHNE, 2007).

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    41/98

    42

    TABELA 3 SOLUBILIDADE E PESO MOLECULAR DE ALGUMAS CICLODEXTRINAS NATURAISE MODIFICADAS

    Ciclodextrina Substituioa Peso molecular (Da) Solubilidade em gua (mg.mL-1)b

    -CD - 972 145

    -CD - 1135 18,5

    HPCD 0,65 1400 > 600

    RMCD 1,8 1312 > 500

    SBECD 0,9 2163 > 500

    CD - 1297 232

    HPCD 0,6 1576 > 500

    FONTE: Loftsson e Duchne, 2007.

    aSubstituio: nmero mdio de substituintes por unidade de glucopiranose.bSolubilidade em gua pura a cerca de 25C.

    Estudos revelaram que as e -ciclodextrinas naturais apresentam certo grau

    de nefrotoxicidade, efeito este vinculado sua cristalizao ou formao de

    complexos com o colesterol nos tecidos renais. A utilizao de derivados

    hidroxipropilados contorna este problema, j que as molculas apresentam uma

    solubilidade bem mais elevada em gua (IRIE e UEKAMA, 1997).A atividade hemoltica das ciclodextrinas naturais est relacionada

    solubilizao de componentes das membranas celulares e segue a seguinte ordem:

    -CD >-CD > -CD. Quando a cavidade modificada por derivatizao qumica,

    seus efeitos sobre as membranas celulares so bastante diferentes daqueles

    obtidos com as molculas originais (IRIE e UEKAMA, 1997).

    A -CD est hoje autorizada como ingrediente alimentar em vrios pases, tais

    como Sucia, Alemanha, Blgica, Espanha, Frana, Holanda, Hungria, EstadosUnidos da Amrica e Japo. A monografia da -CD est includa na Farmacopia

    Americana, Farmacopia Europia e Farmacopia Japonesa, entre outras, assim

    como no Handbook of Pharmaceutical Excipients (LOFTSSON e DUCHNE,

    2007). A Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa), na Resoluo RDC 2 de

    15 de janeiro de 2007 aprova o uso de ciclodextrinas como aditivos para

    aromatizantes (BRASIL, 2007).

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    42/98

    43

    2.3.2 Ciclodextrinas hidroxialquiladas

    Um grupo de derivados das CDs muito utilizado hoje na complexao de

    frmacos o das CDs hidroxialquiladas. Como exemplos deste tipo de derivados,existem a 2-hidroxietil--CD (2-HECD), a 2-hidroxipropil--CD (2-HPCD), a 3-

    hidroxipropil--CD (3-HPCD) e a 2,3-dihidroxipropil--CD (2,3-DHPCD) (FIGURA

    7) (DUCHNE e WOUESSIDJEWE, 1990).

    FIGURA 7 - ESTRUTURA DO DERIVADO HPCD. EM DESTAQUE, AS POSIES DOS GRUPOSSUBSTITUINTES

    FONTE: DUCHNE e WOUESSIDJEWE, 1990

    As ciclodextrinas hidroxialquiladas so largamente aplicadas na indstria

    alimentcia, farmacutica e de produtos para agricultura. So preparadas por meio

    da reao de -ciclodextrina com xido de propileno em solues alcalinas. Altas

    concentraes de lcalis favorecem a alquilao em O-6, enquanto que

    concentraes baixas, favorecem-na em O-2, gerando produtos sempre alquilados

    randomicamente. Por esta razo, as HPCD so misturas amorfas de componentes

    quimicamente relacionados com diferentes graus de substituio. Esta caracterstica

    heterognea previne a cristalizao e, com isso, permite que o derivado

    hidroxialquilado seja bastante solvel em gua e etanol (YUAN, JIN e LI, 2008).

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    43/98

    44

    O grau e o padro de substituio podem afetar a formao e a estabilidade

    dos complexos de incluso com estas ciclodextrinas. Segundo Yuan, Jin e Li (2008),

    HPCDs com grau de substituio inferior a 8 teriam propriedades de solubilizao

    timas para molculas-hspede lipossolveis e estas preparaes poderiam ser

    transformadas em ps no-higroscpicos.

    Em razo da sua polaridade, a HPCD no capaz de atravessar

    membranas lipdicas, mas pode extrair delas molculas de colesterol. Este efeito

    observado somente por via injetvel e pode causar irritao dos tecidos. Por via oral,

    estudos metablicos e farmacocinticos realizados em diferentes modelos animais

    demonstraram que apenas 1 a 3% da HPCD administrada pode ser absorvida de

    forma intacta, sendo o material no absorvido excretado nas fezes (RAMA et al.,

    2005).

    Quando se administra por via oral um complexo de incluso de um frmaco

    com uma ciclodextrina hidroxialquilada, de acordo com os estudos realizados

    previamente, espera-se que o complexo no sofra qualquer tipo de alterao ao

    chegar no estmago. No intestino delgado, os complexos sero continuamente

    formados e dissociados e haver competio entre o frmaco e os sais biliares pela

    complexao com a ciclodextrina. Conseqentemente, a presena de complexoshidrossolveis no epitlio intestinal hidratado favorecer a disponibilidade e

    absoro do frmaco (LOFTSSON e DUCHNE, 2007). No intestino grosso, as

    bactrias da flora microbiana realizaro, em pequena extenso, a hidrlise

    enzimtica da HPCD, sendo que a maior parte da ciclodextrina ser eliminada nas

    fezes na forma intacta (RAMAet al., 2005).

    A HPCD foi a primeira ciclodextrina modificada aprovada pelo FDA (YUAN,

    JIN e LI, 2008) e j possui monografia na Farmacopia Europia (BREWSTER eLOFTSSON, 2007).

    2.3.3 Fatores que interferem na complexao

    Vrios so os fatores que condicionam a complexao com ciclodextrinas,

    destacando-se a composio qumica, tamanho e geometria da molcula-hspede,

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    44/98

    45

    sua solubilidade em gua, estado de ionizao, peso molecular e ponto de fuso,

    alm das condies do meio, como temperatura, pH e solventes utilizados. De forma

    geral, a complexao ocorre de forma mais favorvel quando a molcula-hspede

    possui uma massa molecular entre 100 e 400 Da, solubilidade em gua inferior a 10

    mg/mL e ponto de fuso inferior a 250 C. Molculas maiores tambm podem ser

    complexadas, desde que apresentem cadeias laterais apropriadas para a incluso

    parcial, que tambm levar a modificaes na solubilidade e estabilidade da

    molcula original (RAMAet al., 2005).

    Segundo Challa e colaboradores (2005), alm dos aspectos relativos

    natureza da molcula hspede, outros fatores podem influenciar a formao dos

    complexos de incluso: (1) O tipo de CD pode influenciar a formao bem como odesempenho do complexo frmaco:CD; (2) Mudanas na temperatura podem afetar

    a complexao frmaco:CD. Em muitos casos, o aumento da temperatura reduz a

    magnitude da constante de estabilidade do complexo (Kc) sendo este efeito atribudo

    para a possvel reduo das foras de interao frmaco:CD, como foras de van

    der Waalls e foras hidrofbicas. Contudo, mudanas na temperatura podem ter

    efeito negligencivel quando a interao frmaco:CD predominantemente

    resultante da liberao de molculas de gua de hidratao ao redor da carga dasmolculas hspede e hospedeiro no complexo de incluso; (3) O mtodo de

    preparao, coevaporao, malaxagem, disperso slida, co-precipitao, spray

    drying, ou liofilizao podem afetar a complexao frmaco:CD. A efetividade do

    mtodo depende da natureza do frmaco e da CD.

    As propriedades fsico-qumicas das CDs, incluindo a habilidade de

    complexao, podem ser influenciadas pelo tipo, nmero e posio dos substituintes

    sobre a molcula de CD. Quando produzidas sob diferentes condies, aspropriedades fsico-qumicas da HPCD com o mesmo grau de substituio podem

    no ser idnticas em virtude das diferenas na posio de ocupao dos grupos

    hidroxilas. A pureza da CD tambm pode ter efeito significativo na qualidade do

    complexo (BLANCHARD e PRONIUK, 1999).

    A complexao com ciclodextrinas caracterizada pela ausncia de formao

    e quebra de ligaes covalentes. A fora motriz do processo a entalpia gerada

    pela sada de molculas de gua presentes na cavidade da ciclodextrina, que

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    45/98

    46

    estavam impossibilitadas de fazer ligaes de hidrognio com o meio externo. A

    energia do sistema diminui quando a molcula-hspede menos polar entra na

    cavidade da ciclodextrina, expulsando as molculas de gua que ali estavam. Outras

    foras tambm contribuem para a manuteno do complexo, como a liberao da

    tenso do anel (especialmente para as -ciclodextrinas), interaes do tipo van der

    Waals, ligaes de hidrognio e alteraes da tenso superficial do solvente

    utilizado como meio para a complexao (LOFTSSON e BREWSTER, 1996).

    O fato de no haver formao de ligaes covalentes entre a molcula-

    hspede e a ciclodextrina faz com os complexos se dissociem facilmente em

    condies fisiolgicas (RAMA et al., 2005). Em soluo aquosa, os complexos

    coexistem em equilbrio com a molcula-hspede livre, constituindo um processodinmico em que a molcula-hspede se associa e se dissocia constantemente da

    ciclodextrina. Vrios equilbrios qumicos podem ser encontrados no sistema

    simultaneamente (DUCHENE, WOUESSIDJEWE e POELMAN, 1997):

    Molcula-hspede no-dissolvida molcula-hspede dissolvida

    Molcula-hspede dissolvida + ciclodextrina dissolvida complexo dissolvido

    Complexo dissolvido complexo no-dissolvido

    A extenso da complexao em meio aquoso caracterizada pela constante

    de complexao K, que representa a estabilidade do complexo formado.

    Considerando que uma molcula de ciclodextrina seja capaz de complexar uma

    molcula-hspede, K1:1pode ser definido como (STELLA e RAJEWSKI, 1997):

    livrelivre

    complexada

    inaciclodextrhspedemolcula

    hspedemolculaK

    ][][

    ][1:1

    =

    Valores baixos de K indicam que o complexo tender a existir mais na forma

    dissociada, enquanto que valores altos indicam que a forma complexada ser

    predominante em relao forma dissociada (DUCHENE, WOUESSIDJEWE e

    POELMAN, 1997).

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    46/98

    47

    Vrios mtodos podem ser empregados para a determinao dos valores de

    K, detectando modificaes de caractersticas fsico-qumicas e qumicas da

    molcula-hspede, entre os quais merecem destaque a variao da solubilidade em

    gua, reatividade qumica, absortividade molar, mtodos pHmtricos e estudos de

    solubilidade de fase (LOFTSSON e BREWSTER, 1996).

    O fato de os complexos normalmente constiturem uma mistura de complexos

    de incluso e no-incluso em solues aquosas saturadas explica porque o valor

    da constante de equilbrio algumas vezes dependente da concentrao e porque

    seu valor numrico varia dependendo do mtodo empregado para sua determinao

    (LOFTSSON e DUCHNE, 2007). Vale ressaltar que a determinao do valor de K

    no indica se um frmaco formou ou no um complexo de incluso com umaciclodextrina, apenas indica como a ciclodextrina influenciou a mudana em alguma

    propriedade do frmaco, entre elas a solubilidade (LOFTSSON, MSSON e

    BREWSTER, 2004).

    Embora seja a mais comum, alm da forma clssica de complexao em que

    a molcula-hspede se situa dentro da cavidade hidrofbica da ciclodextrina, podem

    ocorrer outras formas de associao entre as ciclodextrinas e outras molculas, de

    forma anloga ao que ocorre com oligossacardeos e polissacardeos no-cclicos(BREWSTER e LOFTSSON, 2007). Os grupos hidroxila presentes na superfcie

    externa do anel podem formar pontes de hidrognio com outras molculas. Tanto as

    ciclodextrinas sozinhas quanto os complexos podem formar agregados que, por sua

    vez, tambm so capazes de melhorar a solubilidade em gua de molculas

    hidrofbicas por um mecanismo semelhante formao de micelas (LOFTSSON,

    HREINSDTTIR e MSSON, 2007).

    2.3.4 Caracterizao dos Complexos de Incluso

    Uma das principais caractersticas das CDs o fato de formarem complexos

    de incluso quer em soluo, quer no estado slido, nos quais cada molcula

    hspede se encontra envolvida pelo ambiente hidrofbico da cavidade da CD. Desta

    forma, faz-se necessrio lanar mo de diferentes tcnicas para avaliar cada caso

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    47/98

    48

    especfico, levando em conta a natureza do complexo e as caractersticas qumicas

    da molcula-hspede.

    Vrias tcnicas podem ser empregadas para avaliar a formao de

    complexos entre frmacos e ciclodextrinas. Entre elas, podemos citar a microscopia

    eletrnica de varredura (RIBEIROet al., 2003); os mtodos termoanalticos, como a

    calorimetria exploratria diferencial, e a difrao em raios-X. Mtodos

    espectroscpicos, como a espectroscopia de infravermelho por transformada de

    Fourier (RAOet al., 2006) e espectroscopia Raman (VEIGAet al., 1995; PEREIRAet

    al., 2007), permitem verificar quais grupamentos qumicos da molcula hspede

    interagiram com a CD. A ressonncia magntica nuclear de especial valia, pois a

    combinao desta tcnica com o uso de softwares como o HyperChem 6 ou oGROMACS, permite realizar a modelagem molecular do complexo (OMARI et al.,

    2006; BNIet al., 2007; DRAGANet al., 2007; FIGUEIRASet al., 2007).

    2.3.4.1 Deteco da Formao de Complexos em Soluo

    Mtodo de Solubilidade de Fases

    Entre as propriedades das molculas hspedes que se pretendem alterar por

    complexao com CDs, a solubilidade sem dvida aquela que mais interesse

    apresenta em termos de aplicaes farmacuticas. Por conseguinte, o mtodo de

    solubilidade de fases, descrito por Higuchi e Connors (1965), habitualmente

    utilizado como primeira verificao da formao de complexos de incluso em

    soluo.

    Este mtodo fundamenta-se na monitorizao das alteraes de solubilidadedas molculas hspedes induzidas pela adio de quantidades crescentes de

    agentes solubilizantes/complexantes, como as CDs, e, algumas vezes, de co-

    complexantes. A capacidade de solubilizao das CDs ento quantativamente

    avaliada por meio de diagramas de solubilidade de fases, cuja forma dependente

    do modelo de equilbrio que se estabelece durante a formao dos complexos de

    incluso, estando classificada basicamente em dois tipos, A e B, que, por sua vez,

    apresentam diferentes subtipos.

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    48/98

    49

    Os diagramas do tipo A correspondem formao de complexos solveis, e,

    portanto, demonstram um aumento da solubilidade da molcula hspede em funo

    do aumento da concentrao de CD. Dependendo da natureza dos complexos

    formados, os diagramas podero ser lineares, AL, ou apresentarem uma curvatura

    positiva, AP, ou negativa, AN. Os diagramas lineares AL resultam da formao de

    complexos de primeira ordem em relao CD e podem ser de ordem 1 em relao

    molcula hspede, enquanto que diagramas do tipo APsugerem a formao de um

    complexo de ordem 2 ou superior. Os diagramas do tipo ANpodem resultar da auto-

    agregao dos complexos em soluo.

    Os diagramas do tipo B, por sua vez, correspondem formao de

    complexos insolveis ou de solubilidade limitada. As isotermas do tipo BScorrespondem sistemas em que a medida que a concentrao de CD aumenta, um

    complexo solvel formado, fazendo com que haja um aumento da solubilidade da

    molcula hspede. Porm, em um determinado ponto, a solubilidade mxima do

    frmaco atingida e um acrscimo de CD forma complexos insolveis que

    precipitam. Por fim, os diagramas do tipo BItm a mesma origem que os BS, porm,

    os complexos formados desde o incio do ensaio so to insolveis que em nenhum

    momento a solubilidade do frmaco aumenta em relao ao valor inicial(BREWSTER e LOFTSSON, 2007).

    Espectroscopia de Ultravioleta/Visvel

    Os mtodos espectroscpicos so tambm muito usados na deteco da

    formao dos complexos de incluso em soluo. Muitas molculas hspedes

    apresentam alteraes nos seus espectros de absoro de ultravioleta/visvel aps asua complexao, ocorrendo normalmente um desvio batocrmico e/ou um

    alargamento das bandas. Estas alteraes se devem perturbao dos nveis de

    energia dos eltrons da molcula hspede, resultante quer de uma interao direta

    com a CD, quer da expulso das molculas de gua de solvatao ou ainda da

    combinao destes dois efeitos (CLARKE, COATES e LINCOLN, 1988).

  • 7/26/2019 Finasterida - Obteno de Complexos Binrios

    49/98

    50

    Espectroscopia de Ressonncia Magntica Nuclear

    A espectroscopia de ressonncia magntica nuclear (RMN) uma das

    tcnicas mais usadas na investigao da estabilidade, estequiometria e geometria

    dos complexos de incluso. As tcnicas de RMN-1H proporcionam um importante

    conhecimento acerca da estrutura e interaes estabelecidas pelas CDs e seus

    complexos de incluso (IKEDAet al., 2004; TRAPANIet al., 2007).

    2.3.4.2 Deteco da Formao de Complexos no Estado Slido

    A formao dos complexos em soluo no garante necessariamente a suaobteno e isolamento no estado slido, uma vez que estes so o resultado de um

    conjunto de equilbrios qumicos. O produto slido resultante pode ser apenas uma