FILOSOFIA UFMG 2010

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UNIVERSIDADE

FEDERAL

DE

MINAS

GERAIS

FILOSOFIA2a Etapa S ABRA QUANDO AUTORIZADO.Leia atentamente as instrues que se seguem. 1 - Este Caderno de Prova contm cinco questes, abrangendo um total de oito pginas, numeradas de 3 a 10. Antesdecomeararesolverasquestes,verifiqueseseuCadernoestcompleto. Caso haja algum problema, solicite a substituio deste Caderno. 2 - Esta prova vale 100 (cem) pontos ou seja, 20 (vinte) pontos por questo. 3 - NO escreva seu nome nem assine nas folhas deste Caderno de Prova. 4 - Leia cuidadosamente cada questo proposta e escreva a resposta, A LPIS, nos espaos correspondentes. S ser corrigido o que estiver dentro desses espaos. NO h, porm, obrigatoriedade de preenchimento total desses espaos. 5 - No escreva nos espaos reservados correo. 6 - Ao terminar a prova, chame a ateno do Aplicador, levantando o brao. Ele, ento, ir at voc para recolher seu CADERNO DE PROVA.

ATENO: Os Aplicadores NO esto autorizados a dar quaisquer explicaes sobre questes de provas. NO INSISTA, pois, em pedir-lhes ajuda.

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Durao desta prova: TRS HORAS.ATENO: Terminada a prova, recolha seus objetos, deixe a sala e, em seguida, o prdio. A partir do momento em que sair da sala e at estar fora do prdio, continuam vlidas as proibies ao uso de aparelhos eletrnicos e celulares, bem como no lhe mais permitido o uso dos sanitrios.

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PROVA DE FILOSOFIA - 2a Etapa

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QUESTO 01Na tica a Nicmaco, Aristteles prope uma compreenso da amizade em que a semelhana entre os homens importante, embora no a caracterize completamente, como se comprova neste trecho:

A amizade perfeita a dos homens que so bons e afins na virtude, pois esses desejam igualmente bem um ao outro enquanto bons, e so bons em si mesmos. Ora, os que desejam bem aos seus amigos por eles mesmos so os mais verdadeiramente amigos, porque o fazem em razo da sua prpria natureza e no acidentalmente. Por isso sua amizade dura enquanto so bons e a bondade uma coisa muito durvel. E cada um bom em si mesmo e para o seu amigo, pois os bons so bons em absoluto e teis um ao outro. [] Uma tal amizade , como seria de esperar, permanente, j que eles encontram um no outro todas as qualidades que os amigos devem possuir. Com efeito, toda a amizade tem em vista o bem ou o prazer bem ou prazer, quer em abstrato, quer tais que possam ser desfrutados por aquele que sente a amizade , e baseia-se numa certa semelhana. E amizade entre homens bons pertencem todas as qualidades que mencionamos, devido natureza dos prprios amigos, pois numa amizade desta espcie as outras qualidades tambm so semelhantes em ambos; e o que irrestritamente bom tambm agradvel no sentido absoluto do termo, e essas so as qualidades mais estimveis que existem.ARISTTELES. tica a Nicmaco. Trad. L. Vallandro e G. Bornheim. In: Os Pensadores. So Paulo: Editora Abril, 1979, VIII, 3, 1156b.

Com base na leitura desse trecho e em outras informaes presentes na obra em referncia, EXPLIQUE por que NO toda e qualquer semelhana entre os homens que motiva uma amizade verdadeira. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________QUESTO 01

4 QUESTO 02Leia estes dois trechos:

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E h de se entender o seguinte: que um prncipe [...] no pode observar todas as coisas a que so obrigados os homens considerados bons, sendo frequentemente forado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a f, a humanidade, a religio. [...] Nas aes de todos os homens, mxime dos prncipes, onde no h tribunal para que recorrer, o que importa o xito bom ou mau. Procure, pois, um prncipe vencer e conservar o Estado. Os meios que empregar sero sempre julgados honrosos e louvados por todos, porque o vulgo levado pelas aparncias e pelos resultados dos fatos consumados [...]MAQUIAVEL, O Prncipe. Trad. L. Xavier. In: Os Pensadores. So Paulo: Editora Abril, 1979, XVIII, pp. 74-75.

Num combate da guerra civil contra Cina, um soldado de Pompeu, tendo matado involuntariamente o irmo, que era do partido contrrio, ali mesmo matou-se de vergonha e tristeza; e alguns anos depois, numa outra guerra civil desse mesmo povo, um soldado, por haver matado o irmo, pediu recompensa a seus comandantes. Explicamos mal a honestidade e a beleza de uma ao por meio de sua utilidade; e conclumos mal ao estimar que todos estejam obrigados a ela e que ela seja honesta para todos se for til.MONTAIGNE, Os Ensaios. Trad. R. C. Ablio. So Paulo: Martins Fontes, 2001, III, 1, p. 25..

Nosdoistrechos,osfilsofos,queviveramnoinciodaEraModerna,propemduasperspectivas distintasadavida poltica e a da vida privada,paraaapreciaodovalordasaeshumanas. Cada uma dessas duas perspectivas gera, por sua vez, critrios distintos de avaliao. A partir da leitura dos dois trechos transcritos, REDIJA trs textos, A) um, contrastando as duas perspectivas propostas. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ B) um, identificando os critrios que cada um dos dois autores adota para avaliar as aes humanas. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

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C) um, argumentando a favor de ou contra a possibilidade de se conciliarem as duas perspectivas. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

QUESTO 02

6 QUESTO 03Leia este trecho:

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[...] uma crtica que limita a razo especulativa , nesta medida, negativa; na medida em que ao mesmo tempo elimina com isso um obstculo que limita ou at mesmo ameaa aniquilar o uso prtico, de fato possui utilidade positiva muito importante [...]KANT, I. Prefcio Segunda Edio. Crtica da razo pura. Trad. V. Rohden e U. B. Moosburger. So Paulo: Nova Cultural, 2005, p.42.

Nessetrecho,Kantintroduzduasdistines,fundamentaisparaoentendimentodesuafilosofia, que so esclarecidas ao longo do Prefciodaobraemrefernciaadistinoentreasutilidades negativa e positiva da crtica da razo pura e a distino entre a razo pura terica, ou especulativa, e a razo pura prtica. Com base na leitura desse trecho e em outras informaes contidas no referido Prefcio Segunda Edio, REDIJA dois textos, A) um, estabelecendo a diferena entre as duas utilidades da crtica. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ B) um, explicando como essa distino permite a Kant preservar o que ele chama de interesse prticodarazoisto,adefesadaliberdademoral. _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

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QUESTO 04Leia este trecho:

Se Ele [Deus] o proibisse, por exemplo, de calar a meia esquerda antes da direita, e o punisse por no agir assim, seria desaconselhvel faz-lo, mas no seria errado.NAGEL, Thomas. Certo e errado. Uma breve introduo filosofia. Traduo de Silvana Vieira. Editora Martins Fontes: So Paulo, 2001. p. 67.

Um dos argumentos que Nagel apresenta contra a fundamentao religiosa da moral apoia-se nesse trecho.

Com base na leitura desse trecho e considerando outras informaes presentes na obra em referncia, REDIJA um texto, expondo esse argumento e explicando como esse trecho o apoia.

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QUESTO 03

QUESTO 04

8 QUESTO 05Leia estes dois trechos:

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[] o artista moderno quer criar coisas. A nfase est em criar e em coisas. Ele quer sentir que realizou algo que antes no existia. No apenas a cpia de um objeto real, por mais habilidosa, no apenas uma pea de decorao, por mais engenhosa, mas algo mais importante e duradouro do que ambas, algo que ele sente ser mais real do que os objetos vulgares da nossa trivial existncia. Se quisermos entender essa disposio de esprito devemos voltar nossa prpria infncia, a uma poca em que ainda ramos capazes de fazer coisas de tijolo ou areia, em que transformvamos uma vassoura num veculo mgico e um punhado de pedras num castelo encantado. Muitas vezes essas coisas que crivamos adquiriam para ns um significado imenso possivelmente to grande quanto a imagem devia ter para os primitivos. Acredito ser esse forte sentimento pela unicidade de uma coisa criada magicamente por mos humanas que o escultor Henry Moore (1898-1986) quer que alimentemos ao olhar para suas criaes. Moore no principia olhando para o modelo; principia observando a pedra. Quer fazer alguma coisa dela. No com o fragment-la, reduzi-la a pedaos, mas tateando-a e procurando descobrir o que a pedra quer. Se ela se converte em sugesto de uma figura humana, timo. Mas at mesmo nessa figura Moore quer preservar algo da solidez e simplicidade de uma rocha. Ele no quer fazer uma mulher de pedra, mas uma pedra sugerindo uma mulher.GOMBRICH, E. H. A histria da arte. Trad. A. Cabral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. p. 467. (Itlico do autor)

HENRY MOORE : Figura reclinada (1938). Londres, Tate Galery.

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O LUTADOR Lutar com palavras a luta mais v. Entanto lutamos mal rompe a manh. So muitas, eu pouco. Algumas, to fortes como o javali. No me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encant-las. Mas lcido e frio, apareo e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida. Deixam-se enlaar, tontas carcia e sbito fogem e no h ameaa e nem h sevcia que as traga de novo ao centro da praa. Insisto, solerte. Busco persuadi-las. Ser-lhes-ei escravo de rara humildade. Guardarei sigilo de nosso comrcio. Na voz, nenhum travo de zanga ou desgosto. Sem me ouvir deslizam, perpassam levssimas e viram-me o rosto. Lutar com palavras parece sem fruto. No tm carne e sangue... Entretanto, luto.[...]

ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Potica. Rio de Janeiro: Record,1988. p.182-185.

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REDIJA um texto, explicando como a nova perspectiva da arte do sculo XX, referida por Gombrich, est exemplificada no poema O LUTADOR, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1942.

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M E

R B

N A

O C

QUESTO 05

Questes desta prova podem ser reproduzidas parausopedaggico,semfinslucrativos,desdequeseja mencionada a fonte: Vestibular 2010 UFMG. Reprodues de outra natureza devem ser previamente autorizadas pela Copeve/UFMG.