Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

246
8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994 http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 1/246 COLECÇÃO FILOSOFIA & ENSAIOS FILOSOFIA GREGA PRÉ-SOCRÁTICA PINHARANDA GOMES QUARTA EDIÇÃO Com selecção de textos, tradução, introdução e aparato crítico de Pinharanda Gomes, apresentam-se os textos integrais dos filósofos pré -socráticos e suas diferentes escolas: a Cosmogonia remota, as Escolas J nica, Itálica, Eleática e Abderítica, a Sofística. GUIMARÃES EDITORES

Transcript of Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

Page 1: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 1/246

COLECÇÃO FILOSOFIA & ENSAIOS

FILOSOFIAGREGAPRÉ-SOCRÁTICA

PINHARANDA GOMES

QUARTA EDIÇÃO

Com selecção de textos, tradução, introduçãoe aparato crítico de Pinharanda Gomes,

apresentam-se os textos integrais dos filósofos pré-socráticos e suas diferentes escolas: a Cosmogonia

remota, as Escolas J nica, Itálica, Eleática eAbderítica, a Sofística.

GUIMARÃES EDITORES

Page 2: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 2/246

F I L O S O F I AG R E G A

P R É - S O C R Á T I C A

Quando a moderna divulgaçãocientífica afirma que a vida nasceu do

mar, está longe, ou perto, da filosofiagrega que, na água, situava a origem detoda a existência?

Q ue tem a sabedoria grega pré--socrática a ver com a civilização e a cultura contemporâneas?

Houve um progresso real e efectivoquanto ao conhecimento dos primeiros

princípios, ou, tudo o que acerca delessabemos já se encontra enunciado nafilosofia pré-socrática?

As interrogações eleáticas sobre oprincípio, a origem, o processo e os finsuniversais já foram solvidas pelo progressocientífico?

Que sabe o homem contemporâneo,a mais do que Zenão, sobre a realidade dopensamento e do movimento?

Esta selecção de textos não deixará deprovocar um clima de fecunda perplexidade.

Page 3: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 3/246

COLECÇÃO FILOSOFIA & ENSAIOS

FILOSOFIAGREGA

PRÉ-SOCRÁTICA

PINHARANDA GOMESQUARTA EDIÇÃO ·

GUIMARÃES EDITORES • LISBOA

Page 4: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 4/246

Page 5: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 5/246

COLECÇÃO FILOSOFIA E ENSAIOS

Page 6: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 6/246

Page 7: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 7/246

FILOSOFIA GREGAPRÉ-SOCRÁTICA

Page 8: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 8/246

1.a ed ição- Janeiro, 19732.a edição -Abr i l , 19803.a

ed ição- Novembro, 19874.a ed ição- Outubro, 1994

Page 9: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 9/246

FILOSOFIA GREGA

PRÉ-SOCRÁTICA

PINHARANDA GOMES

QUARTA EDIÇÃO

LISBOAGUIMARÃES EDITORES

1994

Page 10: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 10/246

Page 11: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 11/246

SUMÁRIO

NOTAÀ

2.a

EDIÇÃO 9PREFÁCIO 11

INTRODUÇÃO

I. A leitura 17

II. As fontes documentais 22

III. Perspectiva histórico-filosófica 271. A cosmogonia remota 282. A escola jónica 343. A escola itálica 474. A escola eleática 54

5. A escola atomista 64

6. Asofística 69IV. Síntesefinal 77V. Bibliografia 79

FILOSOFIA GREGA PRÉ-SOCRÁTICA(Textos) 83

I. A cosmogonia remota 8 51.

Homero85

2. Hesíodo 88

3. Orfismo 904. Os sete sábios 93

II. A EscolaJónica 991. Tales de Mileto 992. Anaximandro de Mileto 1023. Anaxímenes de Mileto 104

Page 12: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 12/246

4. Anaxágoras de Clazómenas1065. Arquelau de Atenas 113

6. Heraclito de Éfeso 1147 Diógenes de Apolónia 126

III. A Escola Itálica 131

1. Ferécides de Siro 131

2. Pitágoras de Samos 1323. Empédocles de Agrigento 1374. Alcméon deCrotona 1555. Filolau deCrotona 1586. Eurito de Crotona 1627. Arquitas de Tarento 163

IV. A Escola Eleática 1671. Xenófanes de Cólofon 1672. Parménides de Eleia 1723. Melisso de Samos 1804. Zenáo de Eleia 183

V. A Escola Atomista 1871. Leucipo de Abdera 1872. Demócrito de Abdera 188

VI. A Sofística 2131. Protágoras de Abdera 2132. Górgias de Leontinos 2173. Pródico de Ceos 222

4. Hípias de Élis 226Glossário e Índice dos Principais

N ornes Próprios citados noTexto 229

Page 13: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 13/246

I

r

NOTA A2.a EDIÇAO

Q ando, em janeiro de 1973, Guimarães Editores publi-cou a Filosofia Grega Pré-Socrática, o leitorera colocado

perante a primeira tentativa decriação de uma obra do géneroelaborada nonosso país, e porum autor português.

Patentes, nela,as virtudes eos defeitos, a crítica maisescla-recida, algumas vezes colaborante eútil !I), soube dizer de suajustiça. E, quando assinalouas deficiências, não deixoude reco-nhecer oesforço que a obra constituía,já como devoção traba-lhosa do autor, já comorisco do editor.

Não pudémos, aqui, como noutros escritosnossos, aceitarsem íntima discussão os

contributos da crítica; mas não hesitá-mos em introduzir aqueles quenos pareceram razoáveis.Esta nova ediçãonão é um novo livro.É o texto da I.a edi-

ção, com algumas significativas variantes, resultantes decortes ede acrescentos, de clarificações ede ajustamentos, o que, tudojunto, de modo nenhum altera naessência a perspectiva inicial.Quanto a esta, estamos certosde a ter mantido, porquanto omodificadose situa mais no domínio do acidentaldo que nodomíniodo principia!.

(1) Cumpre -nos mencionar, entre outras críticas, as de Carlos AlbertoLouro da Fonseca (Humanitas,XXIII-XXIV , 574 -77), António Martins(Rev. Port. de Fi/., Sup. Bib., n .0 55, 274), ] . Barata-Moura (Didaskalia,III, 1, 1986 -98), Maria Emília Sal ema (Diário de Notícias, 6-9-1973),P . Dias Palmeira (ltinerarium, 84, 223) e António Quadros, (DiárioPopular, 22--3 -1973).

Page 14: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 14/246

Entretanto, o país terá sido enriquecido com obras equiva -lentes, mormente traduzidas de uma que outra língua viva.O facto é vantajoso, porque a opção não se faz sem escolha, e aescolha não se faz sem variedade.

Quanto a nós, resta a garantia de esta ser , com todas as pos-síveis limitações, a nossa, e não de outro, «filosofia grega pré --socrática>>, que o público, de uma forma geral , distinguiu.

Page 15: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 15/246

PREFACIO

E m modo prefocial seja-nos permisso apresentar esta ediçãoantológica da filosofia grega pré-socrática, e justificar

alguns pontos de relevo sobre a matéria versada.

Motivar a edição por causas extrínsecas, eis o que se nos afigura prescindível , porque, já na faculdade, já no seminário,muitos assumem a tarefo de ensinar a filosofia pré-socrática, noscurrículos que pedem tal ensino. A inexistência, ou a limitadaexistência, de bibliografia portuguesa sobre o tema (louvor se

presta, por devido, à professora D. Maria Helena da RochaPereira, de Coimbra, e ao professor Gerd Bornheim, do Brasil, aquem se devem peculiares manuais didácticos, de cuja valia nosnão cabe ajuizar!) ndo demonstram que a filosofia pré-socráticaseja ignorada; quando muito, podem servir de argumento probatório à tese que afirma haver, desde longa data, neste país, umprofimdo desinteresse pela filosofia como pura filosofia, mesmoquando se julga que, saber de filosofia, é saber da sua história.

Sem dúvida, a filosofia não é uma arte profona, e torna-seigualmente duvidoso saber o que pode ensinar-se, se a filosofia , se

a arte de filosofor, se a mera história da filosofia . Por tal motivo ,enquanto o movimento editorial se desenvolve no fomento deedições respeitantes às categorias do saber, a filosofia implicaproblemas de vária ordem, dos quais, e não o menor, será o dacomunicação, que se resume genericamente ao seguinte: a) a filosofia deve ser posta à disposição de todos, transferindo o ensino

Page 16: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 16/246

12 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

das aulas, ou o <<private tuiton», para os livros, que se oferecem àcompra do grande público? b) no caso de ser posta ao disporcomunitário, qual a forma apropriada de expressar e de comunicar o pemamento filosófico?

Assumindo que a filosofia não se destina a todos, mas assumindo, também, que todos podemos ensaiar o acesso à filosofia,forçosamente se devém para o segundo termo do problema qual

seja o de encontrar uma veiculação que se ajeite à eventualidadedos leitores, e à seriedade do tema.

Quando se publica um livro, visa-se principalmente uma

expressão comunicante e comunicável. Tal regra nos orientou nafeitura da presente antologia, que, por isso, não surge, nem paradisputar a dificuldade da erudição estabelecida, nem para fran-

quear a facilidade da ignorância acossada. A liberdade, outradesignação para a temperança, continua sendo o meio termoentre a avareza da erudição e a carência da ignorância.

Dos que desejam aprender, um buscam a escola, outros oslivros. Ou o aprendiz vai à escola, ou o livro vai ao aprendiz, deonde o viso desta edição se tornar evidente e justificado. Em face

do que, gostaríamos de sublinhar algumas características daobra, características essas, que desejaríamos ver olhadas comocausas de possíveis benefícios. Em termos de utilização, as antologias deste tipo não se distinguem umas das outras, a não ser pelosbenefícios que oferecem . Das características técnicas, diremos oseguinte :

I . O leitor fará o favor de entender que projectámos uma

antologia filosófica,não uma antologia científica.As fontes deque nos servimos, quer como fontes básicas, quer como fontesconsultivas, eram abundantes em doxografia, de que s6 recolhemos parte .

Quanto à ordenação, achámos por bem seguir a práticaadoptada em manuais divulgativos publicados em outros países,

para fins didácticos, respeitando a numeração estabelecida porDiels, 8. a edição (1956), com excepção do referente à Sofísticae

Page 17: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 17/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 13

às notas biográficas e doxográficas, onde adoptámos a nossa própria numeração.

Sem prejuízo da necessária consulta da obra de Diels, sempre que as circunstâncias o peçam, teve-se em mente facilitar aosestudantes uma refirência para exercícios de menor responsabilidade, tanto mais que se admite que, em trabalhos de maior res-ponsabilidade, o estudante não deixará de consultar, ou Diels,

ou Mullach, consoante a orientação que lhe for proposta.2. Por via de regra, cada autor encontra-se representado

com a biografia, uma doxografia e os fragmentos.Por biografia, entenda-se um mínimo de informação sobre

a vida e as obras, retirada de fontes antigas, devidamente refirenciadas.

Por doxografia, entenda-se um mínimo de opiniões atribuídas aos autores, também refirenciadas a fontes antigas.

Por fragmentos, entenda-se a totalidade dos mesmos, atribuída à autoria dos pré-socráticos antologiados.

3. As fontes vão, por via de regra, citadas na íntegra amenos que, no sentido de evitar frequentes repetições, se haja

adoptado uma ou outra sigla.Esse critério foi adoptado para «D.L.» (Diógenes Laércio)e para a sua obra Vidas, doutrinas e sentenças dos filósofos, epara <<Aécio>>, cuja menção significa encontrar-se em refirência asua obra Opiniões.

No mais, e que tenhamos visto, efictuou-se sempre a integral citação das fontes, incluindo as numerações dos livros, capítulos, partes, e nomes dos autores.

4. Para facilitar a arntmação de materiais, e para evitarcapítulos à parte, os apotegmas dos Sete Sábios vão abusivamente incluídos no 1. 0 capítulo.

5. Os nomes citados nos textos aparecem, por vezes, comentados em rodapé, mas a maior parte foi remetida para um índicefinal , onde a consulta se torna funcional.

Page 18: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 18/246

14 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

Qualquer explicação, apenas em referência a nomes significativos, pode ser procurada na tábua onomástica final.

Pareceu-nos sensato evitar a sobrecarga de notas comentarísticas ao texto. O leitor erudito prescinde de tais notas e, quantoao leitor médio, não se sentirá inibido de efectuar uma leituratanto quanto possível linear.

6. Quanto à tradução em geral: salvo no primeiro capítulo,

pareceu-nos mais consentânea com as realidades a versão emprosa . Embora a filosofia não tenha de ser obrigatoriamentecomunicada em prosa, o formulário poético, com seus correspondentes atavios, dificulta a linear leitura das ideias; por outrolado, a relação entre os ritmos poéticos gregos e portugueses oferece dificuldades várias a quem falece a impiração rítmica.

Quanto aos onomásticos, procurámos respeitar as normas doVocabulário Ortográficoda Língua Portuguesa,da Academiadas Ciências .

7 Uma palavra de referência ao aparato introdutório,através do qual, de forma nenhuma, se pretende evitar a leiturafimdamental dos textos .

A Introduçãovisa apenas, por um lado, a respeitar o cos-tume de apensar tal aparato às obras antológicas e, por outro ,tentar discernir algumas motivações, constantes e variantes, naunidade pluralizada da filosofia grega pré-socrática .

O leitor menos afeito ao tema poderá, se quiser, e sem o preconceito de acatamento das opiniões do introdutor, passar uma

vista de olhos ao que na introdução se escreve. Em todo o caso,uma leitura viva e vivenciável será a que o leitor efectuar, des-prevenido da norma alheia.

8 . Enfim, tentámos restringir a enorm e gama de bibliografia consultada a uma selecção bibliográfica, cujo conhecimento setornará mais acessível. As espécies constantes da nossaBibliografiaremetem, por norma, para outra, e esta para outra,

ainda . O leitor que procure a leitura suficiente e fimcional,jamais a leitura adiposa e infuncional, pois, como antes afirmá-

Page 19: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 19/246

FILOSOFIA PRÉ -SOCRÁTICA 15

mos, o livro vale pelo beneficio, em primeiro lugar, e só pelas

características, em segundo lugar.9. Uma palavra de agradecimento para quantos, em avisos

e sugestões, nos ajudaram a completar este trabalho de quase trêsanos, realizado a intermitências com outras tarefas. Uma obraque se publica é u m risco que se corre, e a firmeza que os livrosoferecem, mesmo quando muito valiosos, é problemática. Que o

saber firme , só no firmamento!E porque, se for para bem, a graça lhes retribuirá e, se forpara mal, teriam de ser envolvidos no processo, o autor pedelicença para omitir os nomes de quantos o ajudaram . A glóriaque lhes advém de suas obras, nunca seria aumentada com apobreza das palavras de quem lhes deve a gratidão.

Page 20: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 20/246

Page 21: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 21/246

INTRODUÇÃO

I . A LEITURA

A s leituras são objectivas e subjectivas . Por exemplo: selermos o teorema de Pitágoras, havemos de o fazer

objectivamente, queiramos ou não queiramos, porque a suaformulação é limitada, isto é, enuncia-se e determina-se num

conjunto de postulados apriorísticos, que impossibilita umaoutra interpretação que não seja a literal e figurativamentecontida no teorema. Tomemos, ainda, o conceito de triângulo, e veremos como a leitura da palavra, que contém esse

conceito, só permite ser lida como triângulo, ou algo que sedetermina na convergência de três ângulos. Agora, se lermos

o substantivo caos (xáoç), eis que essa leitura se prefiguralogo em toda a subjectividade, e tanto o podemos interpretarna forma habitual de desordem, como noutros sentidos, emque se intuirão conceitos de vazio, de não-ser, de i/imitação,de origem, de envolvência esférica, etc., conceitos que aparecem de modo mais ou menos intermitente e permanente, nageneralidade da filosofia grega pré-socrática. A filosofia pré-socrática não pode ser lida pelas mesmas regras pelas quaisefectuamos a leitura de filosofias mais próximas da nossageração. Porque, enquanto a leitura da filosofia próximaassenta nos subsídios exegéticos de uma tradição estreitamente unida a nós, a leitura das filosofias remotas ofereceinestimáveis dificuldades, pois, embora sendo exacto poder

mos ler o que os remotos escreveram, já é menos exacto que

Page 22: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 22/246

18 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

estejamos em posição de ler qual o que foi escrito, pois, no

bulício da história, se perderam, sem dúvida, as rigorosas elementaridades que nos permitem predeterminar, e determinar,a verídica substância do que foi escrito. A profunda e íntimacópula da filosofia e da filologia oferece-nos com liberalidadeo juízo de relacionarmos o que se encontra escrito com o que,nisso que se encontra escrito, julgamos pensado. Mas, pese a

efectividade lógica e gnoseológica da cópula filosofia/filologia, essa relação pode exigir, ou não, um testemunho escriturístico e, caso este exista, nós podemos saber, ou não, qual oefectivo significado daquilo que, na escritura, se nos oferece,justamente porque a semântica altera os conteúdos e corremos, portanto, o risco de lermos os pré-socráticos pensandoestar a ler o que eles escreveram, sem termos a garantia desaber o que eles efectivamente pensaram. Ou seja, a filosofiapré-socrática é para cada um ler segundo as suas interioresvirtualidades, ou para todos assentarmos, em forma dedogma, que só podemos ler o que neles foi dado comoescrito?

Consabidas as enormes gamas de colorações conceptuaisque o filósofo põe em cada conceito principiai da estruturafilosófica por ele criada, como podemos nós, à distância,quase utópica e quase ucrónica, saber se o conceito de apeirondevido a Anaximandro, consiste, com rigorosa justeza, nissoque os leitores julgamos?

Trata-se de um conceito de «iiimitaçáo», sem dúvida,

mas a que se refere tal ilimitação, ou, como a vamos encaixar, com lógica e certeza, no esquema da filosofia deAnaximandro?

De resto, as anteriores dúvidas colocam-nos em face dealgumas dificuldades gnoseológicas, quais as preditas porAristóteles (ll relativamente ao conhecimento nominal e con-

<ll Segundos anallticos, I, 1 1O.

Page 23: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 23/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 19

ceitual. A leitura dos textos pré-socráticos, e dos textos antigos em geral, efectua-se muito mais a partirdo conhecimentonominal do quedo conceptual, ou seja, lemosas palavras semabsoluta garantia de que tais palavras signifiquem com exactrigor- qual da imagem de um objecto noe s p e l h o - o conceito que julgamos. Vertendo de novo à facilidadedo exemplo, tomemos o conceito deapeiron (andpov), especulado, oupelo menosintuído, por Anaximandro.Quem de verdadesabia o conteúdo do conceito eraAnaximandro e, depoisdele, os discípulos que dependiam do seu magistério,Anaxímenes incluído. Todavia, a tendência para a dialécticconceituai, em grupos animados peloardor da especulaçãofilosófica, é naturalmente a de sujeitaros conceitos principiais

à análise especulativa eà síntese teórica,de onde se tornarlegítimo conjecturarse o conceito deapeiron é, para o seuintuidor, algo de bastante diferente da forma comose apresenta paraos seus discípulos, ou estudiosos. Demais, e comoveremos adiante, cada escola assumeum esforço de especulação sobreas origens, e, conquanto a estrutura nominal de

cada escola se diferencie com certa largueza, importa assinalaque a especulação sobreas origensse apresenta como orientação capital em todasas escolas, sem excepção. Acrescentemoso facto de existir uma íntima relação,uma aguda osmose,entre o saber das várias escolas, de onde se poder conjecturaque os principais conceitos de cada escola seencontrammuito mais próximos dos conceitos deoutra do que na aparência se julgará.De onde se indagaria qual a relação conceptual existente entreos conceitos dearké (áPXfJ) e de apeiron(lmdpov),isto é, se a formulação deum não dependerá substancialmenteda formulaçãodo outro, e se, paraos seus criadores, eles não constituiriam nominações diferenciadas duma mesma ideia, ouuma diversidade de nomes para umauniversidade de conceito.

Page 24: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 24/246

20 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

Parece difícil, sem dúvida, comunicar ao leitor esta realidade: o que temos dos pré-socráticos é u m conjunto de textos por

via de regra em segunda mão. Para alémda distância espacial etemporal, que nos inibede perguntar aum pré-socrático oque pretende dizer com estaou aquela palavra, existe ainda adeficiência, provindade os textos disponíveis haverem chegado, até nós, atravésde uma infinidadede mãos, as quaisnem sempre representaram um pensamento de fidelidade aomagistério dos pré-socráticos e que,na maior parte das vezes,os pretendem e desejam ultrapassar,sobretudo quando as

doutrinas emergentesna história posterior afirmam tesesdealgum modo susceptíveis de conflitocom as teses pré-socráticas. O conhecimento, mesmo sucinto, das fontes para a filo

sofia grega pré-socrática, bastará para nospôr de sobreaviso epara tomarmos o cuidado de modestamente assentarmos emque talvez existauma filosofia pré-socráticar e a l - a que existiu ali, ee n t ã o - e uma filosofia pré-socrática ideal, esta queousamos perceber, sem absoluta certezade a entendermos.Há textos para percebermos;por saber fica seos podemos defacto entendercomo os entenderiam,já os autores, jáos discípulos.

Além do mais, e este elementonão é mero pormenor,importa considerar o conhecimento fragmentarísticoda filosofia grega pré-socrática . A ordenação dos fragmentos émuito posterior aos autores, e opróprio conceitode «pré-socrático»constitui algo que não foi afirmado pelos que estavam antesde Sócrates, mas pelosque vieram depois, e muitomais tarde.De certo modo, parecelícitoadmitir que a leiturapossívelda matéria filosófica em causa é apenas a leitura queos grandes investigadores, historiadores e reconstituidores,sobretudo germânicos, fizeram dela. A convicção formalcomque lemos essa matéria depende,em última análise, nãoda

certezade que dispomos quantoà autenticidadeda matéria,mas do apreço devido a quem, atravésde lutas ede lúcida

Page 25: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 25/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 21

visionação, procurou dar equilíbrio lógico e consequente aoque, até aí, se afigurava apenas potencial e antecedente.Melhor: a leitura da filosofia grega pré-socrática, ou se faz deum ponto de vista historicista (e nada nos garante que a história dela seja qual a que julgamos ser. . .), ou se faz de umponto de vista filosófico, isto é, a partir do modo comosomos e como pensamos, a partir daquilo que se nos oferece

pensar.A motivação intrínseca e extrínseca que nos acompanha

na leitura, hoje, é concerteza algo diversa da motivação comque um Eusébio efectuava a sua própria leitura; e, mais, a leitura que neste momento se efectua, ou que qualquer de nóspode efectuar, apresenta-se concerteza já diversificada damodística que um Diels teria adoptado para intrínsecoconhecimento da história e da filosofia dos pré-socráticos.

Um exemplo característico surge no caso da filosofiacontida na cosmogonia e na cosmologia órficas. Até queponto a autenticidade órfica chegou até nós? Até que ponto ojulgado segundo as motivações poéticas e filosóficas doorfismo não constitui, em última análise, uma excrescência

tardia, surgente na mistura histórica do orfismo com outrasmitologias, até, com a nascente e forçante teologia da patrística e da gnose?

Outro caso se consideraria, quanto ao pitagorismo : que épitagórico, de Pitágoras, que é pitagórico, de seus presumíveisdiscípulos, que é pitagórico, formulado e acrescentando em

gerações mais tardias, se, no regime de seitas e de correntesgrupais de opinião, se encontram motivações pitagóricas acada passo da história, no conserto cultural mediterrânico?

Cremos existir um abundante grupo de dificuldades queimporta reter e que, por isso, nem sempre a percepção e oentendimento que houvermos da matéria discursada se adequará inteiramente à percepção e ao entendimento de quemprimeiro a discursou.

Page 26: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 26/246

22 FILOSOFiA PRÉ-SOCRÁTICA

O que acima seencontra explanado leva parauma conclusão, muito menos hipotéticado que aparenta, qual seja ade ficarmos a saber o seguinte: que afilosofia grega pré-socrática que sabemosé, afinal de contas,a filosofia que o pós-socratismo julga constituir o pré-socratismo .

O que pedeuma leitura tllosófica,de preferência aumaleitura histórica,ou uma leitura mais especulativamentedo

que retentivamente efectuada.As fontes são o que nos permite saciar o quedo entendimento queremos, maisdo que dahistória abarcamos.

II. AS FONTES DOCUMENTAIS

Textos completosde filósofos gregos sóos possuímosdepois de Platão ede Xenofonte. Antes deles, nem mesmoSócrates, sena verdade chegou a escrever, logrou atingir aposteridade comum testemunho directo e insuspeito, isto é,sem a forma que ao seu luminoso pensamento teria sido moldada, por discípulos e comentadores.Em todo o caso, enamedidaem que houvermos presente a excepcional dimensãoda obra platónica, certamente poderemos conceder que, maisou menos objectivamente,os tópicos principaisda filosofiasocrática nos foram transmitidoscom suficiência e clarezasatisfatórias. Se não ousarmosdistinguir entre um Sócratesreal (o que ele na verdade foi) eum Sócrates histórico (o que

nos foi dado entender segundo Platão), teremos assente que,embora indirectamente, é a partirde Sócrates que dispomosde um conhecimento,tanto quanto historicamente possível,global,da filosofia clássica dos gregos.

O mesmo se não adiantaráquanto a tudo o que se passou antes de Sócrates e,por isso, o primeiro argumento,de

carácter historicista,que delimitaum período pré-socrático,consiste na discutibilidade do noticiário referente a esse

Page 27: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 27/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 23

período. Claro, outros argumentos, e de maior peso, justifi

cam a designação de «filosofia pré-socrática>> e, entre eles,teríamos de salientar o argumento crítico, segundo o qualesse período teria sido dominado pela temática e pela problemática do conhecimento da natureza e do cosmos, sem oconhecimento, aristotélico , da Causa Primeira. Relativamenteao Ocidente o período pré-socrático constitui como que o

abismo, a fundura, onde lançam raízes todasas

posterioresincursões filosóficas do espírito europeu. ParafraseandoHesíodo, bem poderíamos dizer que, antes da Filosofia, talcomo a concebemos em nossos dias, era uma apetência inominável que para ela tendia, uma espécie de caos a que sucedeu a terra, ou uma fatigante busca dos princípios, que origina toda a sistemática moderna.

Das escrituras dos pré-socráticos, que as houve, chegaram-nos ecos, mas não só ecos, vozes também, e reais . Umasólida reconstrução da cultura grega tem convocado muitodas grandes disponibilidades da história da ciência e da filosofia, por ser exacto que a atenção prestada ao pensamento pré-socrático pelos primeiros padres da Igreja, atenção que per

manece, embora delida, ao longo do tempo, ressurge emapropriada dimensão nos países renancentistas, de onde, atéagora, a reconstrução do pré-socratismo ter assumido carácterde permanência.

Tal reconstrução exige fontes documentais, que existem,sem dúvida, e a sua imensa variedade (já estudada por notáveis inves tigadores , entre os quais seria injustiça não salientarquantos alemães, desde o século XIX, se lhe têm entregue),constituiria matéria bas tante para cometimentos bibliográficos que, neste ensejo, melhor será deixar ao cuidado dosbibliógrafos (1).

l l l Francisco Luis Leal, História dos Filósofos Antigos e Modernos, II(Lisboa, 1792), traduz e comenta alguns excertos pitagóricos e pré-socráticos.

Page 28: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 28/246

24 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

Para os reconstrutoresdo pré-socratismo, todasas fontes

eram imediatas,ou seja, todos os textosde que se serviam seencontravam mais próximos,no tempo e no espaço, dospensadores gregos pré-socráticos. Indubitavelmente que, uma vezas tarefas principaisda reconstrução efectuadas, passámos adispor de mais cómodos veículos de acesso à filosofia pré-socrática,e, por via de regra, o estudiosomédio não carece

de um contacto directocomas

fontes mediaras, poisas

fontesimediatasproporcionam já, na actualidade,uma ampla visãodas determinações filosóficas dos pré-socráticos.

No sentido de proporcionar uma visão indutiva destareconstrução,importa enumerar,em primeiro lugar, as fontesdocumentais mediatas, ou seja, essasde que ac,tualmente dispomos para um acesso rápido à filosofia pré-socrática. Taisfontes documentais são geralmente constituídas, ou porrecompilações maciças,ou por recompilações antológicas,oupor monografias, ou por outras variedadesde estudos, nasquais sepermite um contacto, oucom um, ou com a maioria(ou com todos!) dos pré-socráticos. Julgamos que, noentanto, cercade meia dúziade fontes mediaras nos habilitará

a esboçaruma imagem generalizadado esforço levado a cabopara a reconstituiçãoda filosofia pré-socrática. Entre as váriasrecompilações, apraz-nos citaras seguintes,por via de regratidas por exemplares:

Burnet,J. - Early Greek philosophy, 4.a edição. Londres,1930.

Diehl,E r n s t -

Anthologia Lyrica graeca. Leipzig, 1942.Diels,Hermann- Doxographi graeci. Berlim, 1878.Diels, H.- Poetarum philosophorum fragmenta . Berlim,

1902.Diels, H.- Die Fragmenta der vorsokratiker, 8.a edição,

Berlim, 1956.Kern, I . - Orphicorum fragmenta, Berlim, 1922.

Mullach,A. - Fragmenta philmophorum graecorum, 3 volumes, Paris, 1860-1881.

Page 29: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 29/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 25

Em segundo lugar, faremos uma breve e sumária enumeração das fontesimediatas, nas quaisos modernos recompiladores, sobretudo Mullach e Diels,se basearam, para realização das suas monumentais e modernas obras.

As fontes documentais imediatas são classificadas emfunção dos critérios dos historiadores e exegetas.Com ressalva por outras opiniões, pareceu-nos queas poderíamosagrupar em quatro espécies, a saber:

1. A tradição dosdebates filosóficos, em que, filosofando,alguns pensadores efectuaram resumos dos seus predecessoresresumos esses formulados, ou no sentido polémico,ou nosentido apologético. Aristóteles, emmuita da sua obra, edesignadamente emFísica, De Coelo e Metafísica, oferece frequentes resumos das principais teses de alguns pré-socráticoscom o intuito deas rebater, oude as reformular. O mesmoocorre em considerável parte dos diálogos de Platão,de quemse citaria, a título de exemplo, os diálogosParménides (importante para o conhecimentoda doutrina de Parménides e deZenão), O sofista (importante quanto a Empédocles e

Heraclito), oPedro, etc, bem como na obra de Plotino.Mesmo admitindo que tais resumos, por vezes sucintospequem por certa parcialidadedo relator, na medidaem que,já Platão, já Aristóteles, assumiam posições controversas relativamenteàs teses resumidas, tais resumos facultamumaimportante aproximação aopensamento pré-socrático, namedidaem que são, aliás,ai primeiras e mais imediatas fontesdisponíveis.

2. A segunda espécie é constituída porexposições. Obrastardias, algumas delasde rivadasdo influxo queo liceu aristotélico exerceu nas artesde investigação e recompilação, já naciência, já na história, representamuma fonte abundante demateriais doxográficos. A gamade exposições é vasta e, só atítulo de exemplo, consideraremosas seguintes:

Page 30: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 30/246

26 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

Opiniões (Vetusta placita),de Aécio; Vidas, doutrinas esentençasdos filósofos mais ilustres(IlEp( ~ l W VÕOy!J.Ú'tWVXUlànmp8EÚ!J.Ú1:WVnúvw cplÀ.ooocpCaÉuÔOXl!J.Y]Oávwu),deDiógenes Laércio; Miscelâneas (IIEpl 1:wuápoxó1:wvcplÀ.ooócpmçcpumxwv õoy!J.ácwv), de Pseudo - Plutarco;Éclogas físicas('Exf....oym),de Estobeu; e, enfim, a Doutrinados físicos (<l>umxwvõo1;m) de Teofrasto, que parece constituir a fonte primeira de todas as demais doxografias citadas,as quais vieram a ser posteriormente utilizadas, já pelos filósofos, já pelos padres da Igreja, já pelos que, até ao aparecimento da ciência moderna, se guiaram pelo saber pré-socrático em matéria científica.

3. A terceira espécie consiste em imensa variedade decomentarística e de doxografia, atribuída a comentadores e afilósofos subsequentes. Tornar-se-ia moroso enumerar quantos, desde Platão a Cícero, de Aristóteles a Marco Aurélio, eaos Estóicos em geral, comentaram e glosaram as fontes pré-socráticas. Mas, entre tantos, seria falta maior não citar oContra os matemáticos (ou professores), (Adversus

mathematicos), de Sexto Empírico, e bem assim, oComentário,de Simplício.

4. Enfim, referência à patrística que, no âmbito daaurora do cristianismo, observou, com rigor, umas vezes, compaixão ardente , outras, a sabedoria pré-socrática . O Contra]ulianum,de Cirilo, a Stromata,espécie de miscelânia , devidaa Clemente de Alexandria, a Preparação evangélica(Praeparatio evangelica),de Eusébio, a Refutação de todasas

heresias ('Ef....Eyxoçxa1:á napwv aL"pf:mwv), de Hipólito, obraanteriormente dada à autoria de Orígenes, sob o título deFilosofoumena(<l>lÀ.oooyoiJ!J,EVa),bem como as obras deJustino, de Orígenes, de Hermias, e outros, foram documen

tos gráficos muito importantes na tarefa de reconstrução dopensamento pré-socrático, e permitiram que nós soubéssemos

Page 31: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 31/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 27

pelo menos o que,no seu tempo, era havidocomo o con-

junto mais significativo das teses pré-socráticas.Bem se poderia afirmar que as fontes mencionadas,

como as muitas omitidas, sãoos olhos pelos quais a histórialêo pré-socratismo.

III. PERSPECTIVA HISTÓRICO-FILOSÓFICA

N o princípio eraHomero, ou, como dizia Xenófanes,«desde o princípio todos aprendemosem Homero» - o que

seria convertívelà regrade que, no princípio, foi a poesia!Mas a poesia e a filosofiaandam tão estreitamente vincu

ladas uma à outra, quese torna difícil efectuaruma diferen

ciação, ao menos antes de Anaximandro,que foi o primeiro aescreverem prosa, pois ologos (f..àyoç) tanto designao discurso poético com a razão intrínseca ao discurso poético.A noção criacionista, interpostana relação do logos para apoesia (:n:o(YJOLÇ),surge como a primeira congenital capacidade de espantodo homem, face a esse sentir-se a si mesmo,e, mais, a esse sentir-se na envolvênciade uma natureza cujosfenómenos se tornam bem evidentes, é certo, mas queesconde a profundeza da razão de ser, parecendo que elamesma, natureza, aparece aos homens, não segundo a intrínseca realidade, mascomo texturade símbolos,que o logos temde interpretar.Mais tarde,logos sofre as alteraçõesresultantesda evolução cultural,e, se por um lado continua designandoo pensamento do ser, por outro passa a designar o discursoprosódico,por oposição aepos (É:n:oç)e a meios (f.tÉÀ.Óç),quese afirmamcomo termos designativos das espéciespuramente

poéticas.Em todo o caso, o queimporta assinalar é a capacidade de espanto em faceda mundividência, sem cujo espantoa poesia e a filosofia certamente não seriam possíveis, nemcomo exercício filológico,nem como opção filosófica.

Page 32: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 32/246

28 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

Na confluência das culturas origináriasdo Oriente,da

Caldeia eda Suméria,do Egipto e de Creta, a pura vivênciaacrescenta-setambém aos dados formuladosna textura dasapiência, ou seja, a vivência natural enriquece-se de contributos culturais. As artes eas técnicas,as ciências eas letras, as

religiões eas políticas, adicionam-se de forma sincrética aosimples factode estar vivo. Ser e pensar funcionam concomi

tantemente: o ser asi mesmo se afirmacomo o que pensa ecomo o que, pensando-se, se atribuiuma realidade fundaque, sem pensar, não ousaria possuir. Então, o homem surgecomo a expressão natural em queas categoriasdo ser e dopensar se imbrincam de tal maneira, que, se é homem, pensa,e que, se não pensa, não é homem. .

1 - A COSMOGONIA REMOTA

Ora, a dignidade com queos gregosse assumem homensé a notade maior relevância nessa obscura idade em que,absortos nos vales,se perguntariam o que eram eles,ondeestavam, qual a origem, ou princípio, detudo isso, e a quantomontava omundo para além dos vales. Haviam de subiràs

montanhas, perscrutaros horizontes, meditar, indagar, revulsionar a cabeça e o coração, ou, enfim, tentar obter uma resposta satisfatóriaaos quesitos de Édipo,um mito que, desdemuito cedo, nos põe em contactocom a energia que determina o milagreda filosofia grega: a capacidade de interrogar,a persistência emface do enigma, o cultodo mistério, o átriode todo o possível descobrimento.

Interrogar o princípio e a origem é o que de forma maisinstante se nos dá a ler nos gregos. Que sabiam eles?Teogonia,cosmogonia,ou antropogonia?Onde o princípio,onde a origem?

Dilucidar o processode como os gregos chegam maisdepressa àteogonia do que à cosmogonia seria pretensão

Page 33: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 33/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 29

estulta neste lugar, mas talvez importe assinalar a dúvida: seeles não chegaramà teogonia, porquede muito cedoantropomorfizaramas ideias e as imagensdo conhecimento, istoé,se de muito cedointuíram o mundo como algo à semelhançado homem, de onde a personalização das divindades e dasinfernidades, a nominação quase antroponímica que atodo omomento assalta as suas vivências e determinações gnoseoló

gicas? Em certa medida, ohomem é, com a terra, os astros,aságuas, personagemda mesma e única cena, ondeos comparsas se mascaramde formas diferentes, para efectivaçãodojogo telúrico.E do celígeno também! Então, a teogonia é,emcerta medida,uma antropoteogonia!

Em Homero se encontramas remotas e poéticas noçõesdas disponibilidades gnoseológicas dos gregos. Torna-se arriscado optar pelas soluções radicaisde saber se a cosmogoniahomérica deve serlida literalmente,ou se deve ser lida mitograficamente para, sobos mitos, se descortinaro que ele pretendia dizer. Mas o estadoda ciência grega parece não oferecer, ao tempoda sabedoria homérica,uma distinçãoentre osaber mítico e o saber sófico, pois, na verdade, se imbricamum no outro, e omi to (!A'Ü8oç),ou conto, que se conta,é oveículo pelo qual se comunica o mesmo saber sincrético, emque a razãose persuade a significar, sobos nomes esob oscontos, a íntima realidadede quantoé, e de quanto existe.

Teogonia e cosmogonia sãoas duas contemplaçõesdacosmogonia remo ta, e a vidênciaque de Homero se desprende é predominantemente telúrica, tal como nos precursores da primitiva cosmogonia filosófica,ou cosmologia.A riqueza comque Homero descreve o escudode Aquiles(!fiada, XVIII, 478-608) permite-nos observar o estadodacosmogoniaà datade Homero: «Cinco eramas camadas quedispôs, e em cada uma delas I compõe lavores numerosos,com seus sábios, pensamentos.I Forjou lá a terra, o céu e omar /o sol infatigável e alua na plenitudeI e ainda quantos

Page 34: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 34/246

30 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

astros coroam o céu»01 • A importância da motivação poéticade Homero reside emque ela se compõede motivos míticos,históricos, eprincipalmente naturais, ou retiradosda natu-reza. A terra surge como a origem,<<a sólida mãede todas as

coisas, a mais antiga».Em toda a vida existe a pujançadooceano,o suporteda terra. Oceano, a terra,o firmamento, anoite e od i a - o tempo em suas fases cíclicas- são, enfim,o claramente visto que a cosmogonia remota sabe, porque vA cosmogonia homérica,tanto quanto a de Hesíodo, encontra-se incapacitada paraformular explicações racionais dosfenómenos - de onde a cosmogonia remota tem maisimportância, pelo que o seu carácter descritivo nos permitconjecturar: o grego espanta-se e admira-sé. Descreve issoperante oque se espanta e se admira.Omite o discurso lógicoexplícito mas, na própria forma como descreve oque vêinsere, ou implícita,uma lógicaexplicitação das causas e dosprocessos.

Se a cosmogonia éuma tentativa para sistematizar toda amítica relativaà natureza visível, a teogonia éoutra tentativa,

essa para sistematizar todasas histórias dos deuses<21

- outoda a mítica relativa, não só à natureza visível, mastambémà invisível,de onde a conspícua importância que Hesíodo,com o respeito devido à estéticade Homero, assume, paraquem deseje aprofundar o mistério,ou o enigma,do sabergrego.

Algode

diverso aconteceem

Hesíodo, relativamente aHomero. Verifica-seum aprofundamento das perspectivasoriginais, a teogonia obriga a saltarum pouco para foradacosmogonia,de onde se predizerque a teogonia já constituiuma transição para a filosofia, ao menos na forma como viria ser encarada, no subsequente cursoda história.

Ol Tradução extraída deH é/ade (Coimbra,1963), 34.< 1 W. Jaeger, The theology of he ear!y Greek philosophers.

Page 35: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 35/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 31

Da dimensionalidade perfeitamente telúrica lida emHomero, Hesíodo, catalogando a tradição homérica,as tradições misteriosas dos santuários,as míticas hieráticas(tEpol,f...àym);assumindo o saber de que a cosmogonia era tão velhaquanto a humanidade; Hesíodo alarga a genealogia cosmogónica para a dimensão teogónica, põe, antesda Terra, o Caose, a seguirà Terra, adynamis e a energeia de Eros, que é como

que o laço que, dos fundamentos sólidosde quanto existe,fomenta a geração e a interminável sucessão de vidas,ou aforça que, no dizer de um poeta mais tardio, Íbico, atirapara«as redes intérminas de Cípria». O princípioda origem, ouoprincípioda geração!As imensas e intermináveis motivaçõescosmogónicas e teogónicas de Hesíodo,por valiosas, não apa

gam a importância capital da introdução dos dois conceitoque julgamos maisrelevantesna sua obra: a noção deCaos(xáoç) e a noção deEros, (Épwç)as quais irão,num futuropróximo, constituir o ternário de superior realce em toda subsequente filosofia. Porque,se o Caos, aqui dito como oabismo, já emsi traz as potenciais noções de princípio -matéria original, espaço ilimitado, Deus!- então, teremosde verificar o significadoda obra de Hesíodo paraos posteriores filósofos, e compreenderemos qual o motivo porquelançado para outras perspectivas, e para outras dimensões despanto filosófico( n : a p à ô o ~ o v )Heraclito afronta a influênciade Hesíodo na cultura popular, achando-a altamente perniciosa. No entanto, o principal conceito de Hesíodo não podia

deixar de ter algo de muito íntimo a vercom as perspectivasnovas, determinadas por Heraclito.Entretanto, e apesarda notável redimensionação teogó

nica de Hesíodo, tudo leva a crer (emborase não possa garantir que a sua 8wyovLa é única, podendo ter havido outras)que a cosmogonia persistiu valorativamente sobre a teogoniasendo óbvio o excesso de naturalismono século VII,e, até,no século VI. Teria sido em vista deste excessivo naturalismo

Page 36: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 36/246

32 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

com tudo oque ele acarretaria de imanentismo ede potentematerialismo, que, no século VI,se assiste auma renovaçãoda vida religiosa, destinada a abafar, na medidado possível, avaga de naturalismo que, desde Homero, predominavnacultura grega. Certamente que havia práticas religiosas, mencontravam-se algo destituídasde motivação intrínseca.A evoluçãocultural havia-se rotinado num saber inconsciente, e o culto valia mais pelo aparato externodo que peloteor significativo,uma vez o excesso de cosmogonia,em certamedida,atirar, para segunda instância,as exigências teogónicas. A natureza visível é mais patente do que anatureza invísivel, eentrar no templo do invísivel é correr o riscodedefrontar o primeiro segredodo cosmos, ou o risco depôrem causa a sistematização cosmogónicaOJ.

Mas foi pelos cultos cosmogónicos, qual ode Dionísioque, no século VI, cresceude súbito, se derivou para umamais fecunda teogonia, expressa na erupção de imensos c

.locais e na veneração de mistérios antigos, caídos em desentre os quais tiveram particular relevoos cultos purificatórios, os ritos de purificação,os teletai (TEÀETat) de cujo sincronismo, ede cujo sincretismo, vem a surgir o orfismo qapesar de todasas suas radicações cosmogónicas, se atira fracamente parauma vivencialidade religiosa que implica comtodosos costumes de seus prosélitos, a pontos de se constiuma ~ L O Ç ,um modo de vida.

O Caosde Hesíodo talvez apareça, no orfismo, desnado por Zeus, o«mestredo raio I o princípio e o fimI acabeça, o meio, o pai do UniversoI o ser masculino, a virgemimortal»: Zeus, a íntima união dos conceitos, que perfutoda a problemática filosófica, pré e pós-socrática, o princípioe a ongem.

cJ W. Jaeger, op. cit .

Page 37: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 37/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 33

O orfismo deu lugar auma vastaliteratura,que poderíamos chamar de propaganda órfica,e, embora as origensdoculto sejam atribuídas aOrfeu, tal literatura émotivada egarantidacem outros nomes míticos, quais os deMuseu eSileno, e nelesse faz a apologia dos deuses, se propõeumaética, se explanam regulamentos ascéticos, se abomina ocon-su!no de carne (àljruxoç j)opà) e se procuram explicaras ori

gens da natureza edo mundo, tudo isso constituindocomoque uma espécie de teologia semdogmática . Mas, para osgregosdo tempo, a teologiatem pouca expressão. O que particularmente lhes interessa, os motiva eos entusiasma é a teogonia. A teologia requer a incineração dos mitos, e a teogonigrega vivia, ainda, e continuaria vivendo,da enorme gamadeconceptualidades míticas.

O orfismo tende a englobar toda a literatura mística ereligiosa, e semdúvida que imensas conatações órficas sãoconcentráveis em épocas posteriores, e em filósofos,comoHeraclito. Mas a difusão dos testemunhos órficos é tardia,oshinos chamados órficosainda são mais tardios, etorna -seproblemático saber em que medidaos hinos, compendiadospor Eusébio, por Macróbio e outros, são assistidos porumagarantia de autenticidade e de fidelidade, em que medida elenão nos chegam carregadosde certas intuições cristãs, oudecertas e variadas motivaçõesde outras correntes filosóficas egnósicas. O que de algummodo se deduz,de todo este longoprocesso, é o facto de a mitologia suportar, já a teogonia, já cosmologia.Numa e noutra existem indícios de iluminaçõessuperiores, que parecem transcenderdo mito para a verdade,ou do enigma para a solução, mas a filosofia requer todaumaoutra formade encarar, ede pensar,os dados dos problemas.Até se aduz que a mitologia contempla o que a filosofiapensa, ou que a filosofiachoca com a mitologia,enquantopretende desvendar o enigma e o mistérioe, assim, teremoscompreendido os motivos pelos quaisHomero e Hesíodo

Page 38: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 38/246

34 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

sofrem, por vezes, a cisma e a birra dos filósofos que viedepois deles.

As alegorias filosóficas de Hesíodo,as imaginações poéticas deHomero, as ético-estéticas explanações de toda a mitlogia, a propaganda políticade Teseu para a unificação daÁtica, as lendas morais,as sagas helénicas,as facções históricas, todo esse vasto sincretismoliterárionão sabe, ainda, onde

termina a mitologia e começa a filosofia, mas, se a mitoltinha propostoos objectos eos temas, bom seria que a filosofia tentasse,de futuro, discerniras causas eas origensde unsede outros.

2 - A ESCOLAJÚNICAJulgamos desnecessário estabelecer uma rubrica separ

para tratamento dos<<Sete Sábios», porquanto, além de teremsido incluídos com o tiro de não deixar de fora o que pchamar-seuma catalogaçãoda moral, da ética e da políticagregas, a designação que lhes cabe afigura-se puramente sbólica, pois nem todas as tábuas comportam os mesmosnomes. Demais, as sentençasconstituem como que umaespécie de reflexão ética, a qual vamos encontrar em mudos pensadores pré-socráticos,não havendo também garantiade autenticidadedos apotegmas,uma vez previsto que a suaredacção é devida, nãoaos ditos sábios,_mas a quem, delestendo recebido a tradição,os pôs em testemunho gráfico0 l.

Além disso, o conteúdo dos apotegmas constituijá umaderivaçãoda filosofia para a moral,para a política e para aética, consequências que devem serda ciência das primeirascausas e dos últimos princípios, os quaissão o leit-motiv detudo a quanto a filosofia pré-socrática nos obriga.

OJ P. Tannery, Pour l'histoire de la science hellene.

Page 39: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 39/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 35

O agrupamento dos pré-socráticos por escolas tem maisuma função didáctica do que uma fundação realista, porquanto a primeira ilação que se tira da leitura dos textos é ade uma considerável similitude de temários e de problemários, similitude essa de onde em onde perturbada pela efusãode um conceito novo, de uma chave que parece trazer a solução da abertura das portas dos segredos, que aos filósofos sepunham. De facto, e mesmo em referência à função didácticados agrupamentos, existe uma certa discrepância entre osvários especialistas porque, enquanto uns abrem resolutamente um capítulo para os jónicos, nele integrando todos,incluindo os mais tardios, qual um Anaxágoras, outros especificam a filosofia em ritmo de cronologia, e abrem dois capí

tulos, um para considerar os primitivos, e outra para considerar os posteriores lo .

Ora, tanto quanto julgamos acertar, o agrupamento deveser feito em função das constantes ideiéticas, relegando paraúltima instância as constantes cronológicas, dessa forma sedefinindo, o conjunto de razões a que, por via de regra, cha

mamos «escola>>.A Escola Jónica, ou dos filósofos jónicos, desenvolveu-se

em Mileto, na Jónia, e o temário que a preenche é, à semelhança das outras escolas, a investigação dos primeiros princípios, através de uma hermenêutica fisiológica, expressa numconjunto de tratados que, em suas variantes, remete semprepara o estudo acerca da natureza, ou para o que eles chamariam ntpl q>umuç.

Os pensadores jónicos afirmam um pluralismo e umhilozoísmo, isto é, uma teoria pela qual admitem a multiplicidade ou a pluralidade dos elementos e dos seres, e uma teo-

1" Esta diferença é assinalável em vários compêndios de história da filoso

fia, de que citamos, por um lado, Klimke e Abbagano e, por outro,Dilthey.

Page 40: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 40/246

36 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

ria pelaqua l denotam não categorizarentre o espírito e amatéria.

O seu mestre teria sido Tales, a quem Aristóteles cogminou de «Príncipe>>,ou de primeiro filósofo, e,segundoinformação de Laércio, era vulgarmente conhecido pelo«Sábio>>, tendo sido elequem iniciou o ensinoda fisiologia,ou da física, entre os gregos.

A sequência lógica e cronológicado magistério jónicomostra umaíntima relaçãode mestre a discípulo, e a sequência poderia ser salientadana indicação de que Anaximandrfoi discípulo de Tales, Anaxímenes foi discípulo deAnaximandro, Anaxágoras,um jónico mais tardio, foi discípulo de Anaxímenes, Arquelau foi discípulo de Anaxágora

enfim, Heraclito, ao que parece isolado,denota profundascorrelações espirituais com toda afi losofia jónica,embora atenha ultrapassadona formulação dasteses essenciais.

Dos pensadores, eda corrente em que se integram, dir-se-á que se enquadram em três momentos altos: o momentoinicial do magistériode Tales, o momento do magistériodeAnaximandro e omomento de surgência de Heraclito. O quefica entreos três momentos, com todo o relevo quemerece,surge talvez menos originaldo que o conteúdo das três etapaantes mencionadas.

No entanto, o desenvolvimento teóricodo magistériojónico apresenta-se com uma rigorosa inclinação para oentendimento dos primeiros princípios, e a eles voltam rodosos que, no seguimentode Tales, se aparentam ao seu magistério. Tales propõeum único princípio imóvel(apxlÍ)que é ainteligência universal, e uma única origem,ou um único elemento original,que disse consistirna água, (üôwp), o líquidoelementar, que se deixa penetrar pela energia divina.

A água seria a matéria-prima que, fecundada pelo prin

pio, constituiria a origemde todasas coisas, animadas, ao fime ao cabo, poruma espéciede substância cinética, a alma, qu

Page 41: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 41/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 37

reduziria a virtualidadeda potência criadora eda actualidadegeradora.No entanto, em Tales, a distinção radical e separatizante entre o princípio imóvele a origem,ou elemento original, não aparece afectada, e torna-se quiçá propício deteminar se ele conformaria,no mesmo princípio imóvel,ou na

arké, a duálica unidade do que determina e do que surge

como determinado, ou seja, do princípio e da origem, da

energia criadora edo elemento primário, a água.Discípulode Tales, Anaximandro terá ensejo de apro

fundar as tesesdo mestre, etudo leva a crerque o conceitode

apeiron (iim:tpov) constituiuma nova dimensionaçãodo itálico conceitode apx'l'í, pois oapeiron não surgecomo um elemento, mas como uma natureza infinita, indimensional, distinta da gradação dos elementos, sendocomo que uma razãooriginante,ou um princípioque efectivamente sedistinguedo processo geracional, aoqual será, senão superior, pelomenos envolvente . Quer dizer, onde Tales havia posto aágua, Anaximandro surgepara destituir a intrínseca razãoporTales concedida a esse elemento, epara afirmar a existência

de um elemento eterno, imortal e indissolúvel,no qual tudose gera e se dissipa, insusceptívelde excesso ede carência, edeixando omisso se esseapeiron deveriareferir-seà água, aoar, à terra, ou ao fogo, de onde parece lícito inferir queAnaximandro postulava,no hilozoísmoda escola, uma perspectiva diferente,um arrepio, senãono sentido da físicaparaa metafísica, pelo menosno sentido anterior,da físicapara acisfísica,com o fito de descortinar,não propriamente o quese encontrapara além da natureza,ou da IP'Úmç,mas o que seencontra antes dela, as causas que a determinam, ordenam earquitectam.

Justamente em virtude deste arrepio de Anaximandro,nos pareceubem citá-lo como o segundomomento alto da

escola em que, Tales, seuparente, fora também seu mestre.

Page 42: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 42/246

38 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

No trânsito de Anaximandro para Anaxímenes, oquefavoravelmente se intui é a fidelidadedo discípulo ao mestre.Anaxímenes, segundo os testemunhos disponíveis, aceitacabalmenteas noções eas teses de Anaximandro, mas, concerteza perturbado pela indeterminação do apeiron, e pelareferênciade Tales ao elementoágua, talvez se haja encontrado indecisoquanto ao radical seguimentoda indeterminação quinte-essencialde Anaximandro e ao particular projectde Tales, quanto à principaloriginalidade da água. Dessaindecisãoteria nascido o que, na doxografia, surge como cociliação entre a noção do ilimitado de Anaximandro e anoção referenciada à água, de Tales. Simplesmente, ao eftuar a conciliação, precisando dedeterminar o indeterminado

de Anaximandro, fá-locom a introdução de um elemento, oar, que seria o primeiro princípio, ilimitado, sem dúvida, mdefinido, melhor,nominado e referenciado aum dos elementos. Portanto, o pentágono de Anaximandro, constituídopelos quatro elementos e peloilimitado, é, na perspectiva dodiscípulo, rectificado para o quadrângulo dos quatro elemtos, em que um deles, o ar, é oprópro ilimitado, seja como arenquanto tal (á+Jp),seja como ventoou sopro (n:vtu[!a)umavez que, segundo a doxografia, Anaxímenes dava amboscomo sinónimos. Oque ainda se acrescenta é adúvida desaber se Anaxímenes,ao citar o ar, não dava já, a este, a significação de espírito- o que sopra- de onde, então, na suaperspectiva orgânica, termos apenastrês elementos materiais,ou gerados, eum elemento anímico, oar .. Em todo o caso,ainda na teoria deste pensador, oespíritoe a matéria surgemcomo um todo único, insusceptívelde diálese, oude ônticadistinção, porquanto o ser que existe é também o ser quedetermina tal existência. A relação espírito/matériaencontra-se altamente indiferenciada, porquemesmo o conceito de ilimitado é pensadocomo algo de profundamente inserido namatéria,ou na natureza, monobloco elementaronde se torna

Page 43: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 43/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 39

possível pensar a elementaridade, masonde os elementos senegam auma análise, feitade rigores categoriais.

O magistériode Anaxímenes propiciará o currículo filosóficode Anaxágoras que,embora tardiono esquema jónico,parece ter sido o primeiro a efectuaruma pertinente relaçãoentre o espírito e a matéria.De facto, refluindoà iniciáticanoção de Caos, onde eram todos os elementos, Anaxágoras

precisavade justificar a passagemda ordem caótica àordemnoética; esendo o Caos isso em que a geração se afiguraimpossível, ehavendo necessidadede transitarpara a ordem

noética, Anaxágoras havia necessidade deum terceirodadoque, na relaçãoda física para a cisfísica- ou da Naturezapara o Caos - tomasse a decisãodo pensamento edo movi

mento que tal passagem exigiria. Para ele, todasas coisas seencontravam juntas, indistintas, inesperadas,no estado dehomeomerias, ou de uma mistura original, de onde, porsuperior instância,as coisas se separam,dando lugar à enormemultiplicidade material. A origem é una, éuma substânciaprimordial, e,por sistemasde revoluções,as coisas separaram-se umas dasoutras, aparecendo na pluralidade, masman-

tendo a unidade, pelo que o todo não passou a ser, nemmaior nem menor, dado existir para além das partesque ointegram,ou o revelam,em multiplicidadede aspectos.

Que elemento novo é o de Anaxágoras?É a próprianoção de inteligência (vouç),de espíritocognoscente,que éuno, separado,distinto, eterno,que está onde estão as coisas,no que a ele seencontra homeomericamenteunido e no que,por revolução,dele se separa.Autónomo, independente damatéria,em virtude dele nada nasce e nadamorre - tudo sesepara, tudo se interpenetra, ou,em termosde hoje, tudo setransforma.<<As coisas combinam-seou separaram-se>>,comoa água se separa das nuvens, a terrada água, as pedras da

terra, e assim sucessivamente,num projecto combinatório e

Page 44: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 44/246

40 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

dissolutório,que a realidade noéticacontempla , ou que adinâmica noética transforma em actualidade hilética.

Que tem a ver ovouç de Anaxágoras com oarrnpov deAnaximandro? Estáum distante do outro? Ou, melhor, oconceitode Anaxágoras não constituiráuma rectificação,umapuramento conceptual,uma refinação ideiética, uma reformulaçãodo ilimitado,do eterno edo imenso, atributos, tem

poral e espacial,do ilimitado?Não nos repugnaria aceitarque, na dialéctica escolar, a concepção de Anaxágoras tenhde imbricar-senuma psicologia de profundezas, comas concepções de Anaximandro. Todavia, a problemáticada exegesepré-socrática continua sendo a problemática da leitura .. qua não existir, como existe, nos levaria a considerar aporétic

situaçõesde valor, quaisas de saber a relaçãoentre um eoutro e, mais, o que a teoriada separação teria a vercom atese de Anaxímenessobre o motor aéreo, aoprovocar amultiplicidade material pelos processosda condensação(m1xvwcnç) e da dilatação (ápaíwcnç).

Em Anaxágoras, a escola jónica reassume ummomentoalto, não talvez tão altocomo seria justo inferir, mas, logo deseguida a dimensionalidade predominantemente especulatide Anaxágorasse vê subsumida na preferência pragmática deArquelau que, tendo sido mestre de Sócrates (há notícias uma viagem de Sócrates e de Arquelau a Samos), se interesou mais pela especulação imediatado que pela especulaçãomediara, hesitando entre a propedêutica da ética e a ciênc

física. Arquelaude Atenas, embora tendo introduzidoumavisão original na cosmogonia- talvez dando novas sugestõesna exposição das doutrinas- , manteve-sefiel ao mestre eaceitou, como ele, os mesmos princípios noéticos e homeméricos, assinalando a identificaçãoda razão noéticacom oprincípio aéreo.

Ora, o jonicismo poderia ter ficadopor aqui. Arquelaujá apanha Sócrates, e este, em certa medida, surge para ultr

Page 45: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 45/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 41

passar o estádio cosmogónico, em busca de uma nova dimesão para a filosofia, talvez a dimensãode uma antropoteogonia . No entanto, havia Heraclito, natural de Éfeso, que,orgulhoso e insolente - , chamavam-lhe <<O obscuro»(ó oxo•nvóç) aparece desgarrado dos pensadores jónicos, dosquais acusa, todavia,determinadas influências,ou, senãoinfluências, pelo menos coincidências gnoseológicas queimporta reter, pois Éfeso não ficava assim tãolonge deMileto, e se com o tempose transformounum misantropo, éde crer que houvesse recebidoas óbvias influênciasde umaescola que tinha reafirmado uma tradição poética e filosófictão importante como a que vem de Tales a Anaxágoras.

O admirável solitário, o perturbante contestárioda sabe

doria estabelecida, o opositorda erudição polimática, o ascetaque se fechanuma estrumeira, aguardando a curada hidropsia, depois de verificar queos médicos não sabiam responderà sua enigmática questiúncula, o contemplador dos mistérioso senhor deuma obscura clareza queé, por isso, o acme doparadoxal- , Heraclito nãose pronuncia sem que sintamosalgo de nós em causa. Étoda uma seriedadede pensar e deser, uma íntima e corajosacoerênciaentre o pensamento e avida, o pensamento e o movimento,que o corpo fragmentário disponível nos propõe, num estilo em que a alegria purcontrasta com a acutilante ironia, eem que um dinamismooptimista nos leva a olvidar o hilozoísmo mecanicistadeoutros pensadores jónicos.Que pensava Heraclito?

- Que há um ser, principiai e original, que tem o poderde conceber e de criar, seresse que, Deus embora, identificacom o fogo (ll. O fogo (nüp) é a origemde todas as coisas, e

il l Em algumas traduções, como a hebraica (e mesmo em determinadainstâncias da cultura grega), o Espírito é simbolizado pelofogo, e não peloar. Espinosa analisou a simbologia do fogo,com teológica profundidade,no seu Tratado teológico-político. No entanto, a palavra grega que melhortraduz a hebraicaRuah (sopro)é pneuma.

Page 46: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 46/246

I

I!I

42 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

o fim de todas elas, sejapor transformação, sejapor sublimação, sejapor condensação.O fogo propõe-secomo uma corrente emque há curso e recurso,ou discurso, isto éuma teoria de oposição dos contrários,por cuja oposiçãoos seres segeram, epor cuja concordânciaos seres se integram de novono seio do rio eterno. A terra surgecomo o fogo condensado,a terra é o berçoda água por liquifação,enquanto, num ciclodinâmico,onde nada seencontra inerte- tudo flui, (rrav-rapei) - o s seres surgem e se dissipam,num cosmos que, concebido e gerado pelo fogo,mantém a unidade superiordo seucriador, o mesmo carácter ciclíco, amesma determinaçãofatalista, amesma lógica, a razão demovimento, porque ocosmos se geraem funçãodo movimento e nunca em funçãodo t e m p o - o tempo que é, enfim, uma relação enganosadomovimento para os sentidos.Na verdade, otempo resulta dasmodificações aparentes,porque nenhuma coisa permanececomo parece num dado instante, encontrando-se em perpétuo processode modificação.

O logos cognoscente absorve indícios das modificaç

havidas,de onde cria a noção de tempo eadquire a certeza deque nenhuma coisa sensível é passívelde conhecimento adequado. No momento em que julgamos estar a conhecê-la, émomento em que já se não apresenta como a julgávamosconhecer. <<Banhamo-nos e não nosbanhamos nas águasdomesmo rio)). De onde os filósofos deverem alertar-sequantoao real valor das coisas,uma vez que,dormentes ou vigilantes, os sentidos nos enganam sempre;na medida em que <<O

que éem nós é sempreum, e o mesmo, vida e morte, vigília sonho, juventude e velhice,porque a passagem de estado érecíproca)).

Somos e não somos, pensamos e não pensamos, nãopodemos descer duas vezesàs águasdo mesmo rio, os olhos eos ouvidos são más testemunhas paraconhecimento das aparênciasdo real - o cosmos,como o julgamos pelo conheci

Page 47: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 47/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 43

mento sensorial- e porque só o logos conhece e o logos,que a si mesmo se multiplica, pertence ao espírito.O fluxo heraclitino apela paraum modo de vida.É umafilosofia que bulecom o serdo homem; um discurso sobre oreal realizado e o real ideado, ou sobre a aparência e a realdade, ou sobre a existência e a essência.

A existênciaé o que da essência flui, corre,como aságuasdo rio; nós não conhecemos o movimentodo rio, limitamo-nos a ver a posição das águas, mas a unidade intrínseca essênciade tudo isso, é algoque nos foge. Efectuar distinções no essencial, pelas aparências existenciais, constituiumrisco igual ao que corremosquando a Deus damos onome deDeus porque, enfim,Deus, que é Deus, quer, e não quer, serinvocadopor tal nome!Nominar é um modo de definir, eDeus persiste como oque não se define0l. Como o inominá-vel! Não é, nem para demonstrar,nem para provar, masparacontemplar. Como o deus, cujo oráculo se encontra emDelfos: «nem fala,nem finge, mostra>>

Admirávelé a universalidadedo pensamento filosóficode Heraclito que,partindo de uma teoriado conhecimentorigorosamente modesta, assume a noção dos limites gnoseológicos humanos e,como tal, se nega atodaa formulação própriade filosofias regulamentares, estabelecendo, a partir dessteoria,uma ética (relaçãodo homem com Deus),uma política(relaçãodo homem com as instituições) euma moral (relaçãoindividual), cujo vértice consistenuma já esboçada axiologia,em que a salvação devémda obediência íntimaaos projectos

incognoscíveisdo Uno, isso em que se crê, atravésde umadoença sagrada, que é a crença: a justificação recíproca,emque o crente garante acrençae, esta, o crente.

O pensamento filosóficode Heraclito oferece,por vezes,o risco de negar aprópria filosofia. Sendo, a filosofia, oamor

<•> A inefabilidadedivina tem tido muitos defensores,entre eles um

Dionísio Aeropagita, cujas relaçõescom Heraclitose deveriam equacionar.

Page 48: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 48/246

l

44 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

da sabedoria, que interroga e se interroga, no sentido degarantir-se um saber, e sendo sua razão o logos, mas, nãosendo o logos humano possuidor de pensamento próprio,que todo o pensamento é divino, como pode o homem filosofar? Aliás, ao escrever obscuramente, para que as suas doutrinas se não vulgarizem, talvez Heraclito estivesse assumindoa dificuldade própria da sua visão filosófica que, a ser assim,

devia quanto possível ser dada apenas a iniciados, ou a discípulos, preparados para darem testemunho da verdade e paraassumirem todas as contingências mundanais que a filosofiade Heraclito recusa como não verdadeiras. A Sibila, que, nostextos de Heraclito aparece mencionada, é, talvez, o próprioHeraclito : «faz ouvir palavras enigmáticas, sem ornamentos e

sem floreados, faz ecoar seus oráculos por mil anos, poisrecebe a inspiração dos deuses».

Ocorre memorar que Anaxímenes, discípulo deAnaximandro, e com possíveis ligações com Parménides, postulara um primeiro princípio, o ar - que tanto invocava soba forma aérea, como sob a forma pneumatológica - quedelimita o cosmos, surgindo, assim, como uma espécie deapeiron aeriforme, envolvendo e gerando o Universo.

De Diógenes de Apolónia, que alguns autores preferemligar directamente à escolaridade jónica, para respeitar a tradição, segundo a qual Diógenes é um discipulo de Anaxímenes,existem testemunhos de que este discipulato se refere a umacomparticipação em teses de Anaxímenes, e não a umadirecta e oportuna actividade no seio da escola, uma vez quea- passagem de Laércio (IX, 57) referente a Diógenes assentaem Antístenes, e certos autores 01 dizem constituir uma errónea interpretação que Laércio teria feito do testemunho deAntístenes. É difícil introduzir lógica na perspectiva crónica,e não nos cabe resolver o problema da situação época! de

" 1 Kirk and Raven, The presocratic philosophers.

Page 49: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 49/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 45

Diógenesde Apolónia, embora, tendo aceite quese trata deum autor pós-pan:nenidino, pudéssemos incluí-lo no finaldoeleatismo.

Advertidos destas dificuldades, assinale-se o desejo declareza quedita a obra de Diógenes, o qual, segundoas biografias, teve como preocupação primeira estabelecer postulados sólidos e comunicar comos outros, atravésde uma lin

guagem precisa e acessível, nãoquerendo seguir o mesmoprocessode Heraclito, quantoà obscura comunicabilidadedos textos.

A semelhançade Parménides, Diógenes entendeque omundo é finito,à semelhança de Anaxímenes, entende que omundo devémdo ar infinito, que, segundo o graude ponderabilidade, geraos seres da natureza. O nada não existe, o arconstituiesse caos ignoto e insondável a que o autor alude, ea terra constitui o centro do Universo.Já se deixa ver que, apartir destes postulados, dando o infinitocomo incognoscível, Diógenes poria de parte toda a especulação metafísica, ouontológica, desviando a atenção para o que hoje designamopor ciênciasda natureza.Os fragmentos disponíveis dão

franco testemunhoda sua preocupação intelectual, e o atributo de fisiólogo, bem como a grande nomeada que parecehaver tido, justificam-se plenamente, pois, maisdo que umfilósofo, Diógenesfoi um físico, pesem emboraas passagensem que emite afirmações sobre a metafísica,as quais servemapenas para demarcar o seu campo de trabalho ede investigação: os fenómenos naturais, incluindo o corpo humano,decuja circulação efectuou uma curiosa anatomia.

A validade filosófica de Diógenes garante-se principalmente pela forma como, atravésda física, introduz,na filosofia, o conceitoda razão (vàtJmç).

H á uma evidente relação filológicaentre o nous deAnaxágoras e anoêsis de Diógenes,uma vez que o étimo radical é o mesmo. Onous de Anaxágoras vem dadocom seus

Page 50: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 50/246

46 FILOSOFIA

atributos e para s1

o

um determinismo

para o Universo

a substância existencial com o

, mas

aorazão,

afirma que esta governa e

seres sentem, entendem e

cotsas, e que os

da razão.A razão é, no esquema de

rior, não mero instrumento

fim de a e

de muito supe-

ria, como, de resto, Sócrates não teve dificuldade em

nhecer, e isto a crermos no

C!J Fétlon, 98, B7. Tradução do P. Dias Palmeira, Coimbra, 1954.

Page 51: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 51/246

FILOS O FIA PRÉ-SOCRÁTICA 47

perfeita consciência desse valor, razão fundamental,que érazãode r a z ã o - a que desi mesma sabe, e de todo o outro.

O florescimento da filosofia na Jónia apresenta-se comoum trânsito e comoum regresso - porum lado, a tentativade prosseguir o apuramento das razões de sere, por outro,um esforço no sentido de identificar o ser de razão. Entreasprimevas concepções de Tales eas posteriores visionações de

Heraclito, é todo um longo caminho em que tudo flui, emque, mesmo quando não parece,as ideias de cadaum segeram nas ideiasdo outro, em queos debates escolares easargumentações discorrem, mas ao mesmo tempo concorrem,para a tarefa de construção de uma disciplina, cadavez maislibertado culturalismo sincrético, e cadavez mais ciente das

suas limitaçõese, p ~ r

isso, pouco a pouco mais assenhoreadadas inestimáveis possibilidades.

3 - A ESCOLA ITÁLICA

Escolas itálicas houve, pelo menos, duas: a pitagórica e aeleática.As designações, fundadas em motivos geográficos, oude geografia política, têm destes paradoxos pouco, ou nada,razoáveis.No entanto, como a escola de Eleia obteve o nomepróprio deeleática, nada impede que a escola de Pitágoras sechameitálica e, para evitar confusões com aeleática, se chametambémpitagórica.

Quem fundou esta escola foi Pitágoras, oriundoda ilhade Samos, quese fixou em Crotona, onde passou a ensinar.Pitágoras,na data em que se fixa em Crotona, traz consigo, acrermos nos biógrafos e doxógrafos, uma longa experiência devida e de saber. Viajara imenso, estivera no Egipto, na Feníciae na Caldeiae, entretanto, teria sido discípulo de Ferécides deSiro, um cosmógono eum teógono que, na melhor das hipóteses, teria lato conhecimento das ciências ocultas dos fení-

Page 52: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 52/246

48 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

cios, que teria efectuado alguns milagres, e passado aPitágoras muito do seu saber, a pontos de, em certos pormenores, haver dificuldade em certificarmo-nos sobre o quedeve ser atribuído a Ferécides e o que deve ser atribuído aPitágoras. (De acordo com o doxógrafo Apolónio, na data emque Ferécides adoeceu, em Delos, foi Pitágoras quem otomou' a seu cuidado, dele herdando a sabedoria que, acres

centada de outras contribuições, veio a desenvolver, e a transmitir, sob a forma do pitagorismo).

Pelos motivos expostos, pareceu-nos justo situarFerécides à cabeça da escola de Crotona, porque, em obediência ao critério filosófico das teses, Ferécídes apresenta-secomo o remoto fundamento do pitagorismo, ou, pelo menos,

como o consabido mestre de Pitágoras.Ferécides teria escrito o livro dos «Sete esconderijos»

('E:rr-rártuxoç) ' 1>, onde expõe o seu saber, do qual nos chegou,entre o mais, a explicação relativa à problemática da origem.Ferécides resolveu-a, não através de uma criação a partir doNada, mas pela defesa de que Zeus e Ctónia existiram desdesempre, um como o céu, outra como a terra. Os elementosrestantes são o fogo, o ar e a água, que resultaram das combinações do movimento, expresso na noção de tempo, Cronos.Temos, desta forma, cinco e não sete esconderijos, ou recessos, ficando, portanto, por saber quais eram os outros doisrecessos a que o título da obra de Ferécides alude, ou se atransmissão histórica do título terá sido correctamente efectuada.

Poéticas e cosmogónicas, as alegorias de Ferécides têmgrande importância, e acentuam uma forma de singularabsorção de contribuições culturais, sendo possível que a suaobra haja recebido tais contribuições da filosofia e da teogo-

Cll Certos autores, entre eles, Diels e Jaeger, inclinam-se para «cincoesconderijos», em vez de «sete>>.

Page 53: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 53/246

FILOSOFIA

ou porque, em

já existente entre as várias ~ J ' - ~ ' a J ,

ricos tomavam os cuidados necessários à nãoseus conhecimentos, de

da

que

Page 54: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 54/246

50 FILOSOFIA

Page 55: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 55/246

FILOSOFIA

V !Ce-versa:

1. Limitado2. Ímpar3. Unidade4. Direita5. Macho

6.7. Recta8. Luz

9. Bem

10.

Par

Fêmea

MovimentoCurva

(1)

51

Page 56: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 56/246

52 FILOSOFIA

f l 0 v V U 0 1 - ' ' - ' ' ' V

à Tétrade.É este o

antesque as significa e que

com o demais.

mátíco na sua

já a coisa em

Page 57: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 57/246

FILOSOFIA

tem, nem excesso,mula nodo uno, e, por

dela são sempreAmor que une o sercinde o ser

mecânico.O poema sobre a

53

e, ao que parece,

que, em

Page 58: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 58/246

54 FILOSOFIA

reverter à e àonde se não morre!

A tanto havia levado o

metria.

4 - A ESCOLA ELEÁTICA

em Eleia, na Itália

Zenão.Dilucidar a as

ções acerca das que se levantam quanto a

parte integral dacujas teorias abrem o conti-

Page 59: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 59/246

FILOSOFIA 55

avant Socrate.

Page 60: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 60/246

FILOSOFIA

cosmos são um e o mesmo - o ser eterno, incriado e incor-

Page 61: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 61/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 57

dó nem piedade, designadamente a tendência de antropomorfização dos deuses - assinalando Xenófanes uma noçãocorrecta, já expandidanas tradições médio-orientais, de que adivindade não tem imagem(l>. Muito embora, Xenófanestinha inteira certeza de que a verdade, tal como a concebianão era para divulgar, porqueas imagens da opinião, ou dosenso comum,são historicamente mais fortes do que a justiça

da verdade, ou a verdade da justiça. O fragmento 34 é altamente explícito quantoao juízo de Xenófanes, e serve paraalertar o filósofo sobre o valor das essências e das aparênciasgarantindo-lhe que o vulgo não quer senãoas aparências,enquanto a filosofia não quer senãoas essências.De ondehaver muita coisa, dada como filosofia, que não é senão uma

forma refinada de opinião, ou de logos comum.Apesar da valorização atribuída a Parménides, a filosofiadeste, quefoi discípulo de Xenófanes, jáse encontra projectada nos fundamentos da escola xenofónica. Todavia, alémdo magistério que recebe de Xenófanes, Parménides liga-setambémao jonicismo de Anaximandro de quem,se não aceitou todosos ensinamentos, aceitou, pelo menos, a teoria doprincípio único, bem como algoda tradição pitagórica, quelhe teria sido transmitida por Amínias, iniciador de Parménides na via mística, muito mais do que o seu primeiro mestre, Xenófanes.

Grande parteda celebridade de Parménides deriva daviagem efectuada a Atenas, na companhia de Zenão, onde, a

crer na historicidade dos diálogos platónicos, haveria propiciado um encontro com Sócrates, para discussão da teoria dasideias. Dedicando um diálogo ao acontecimento, Platão é emparte responsável pela notabilidade do filósofo eleático, umdos mais seguros interlocutoresde Sócrates, a cujas tesesAristóteles dedicou considerável atenção.

<•J E. W. F. Tomlin, The Eastern philosophers.

Page 62: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 62/246

58 FILOSOFIA

incriado, imprincipial, peridêntico a si mesmo, uno e

deixar de ser, porque éI J ' - l c l ~ d . R W . l Hde

surge-nos u m poucometa designa apenas uma categoria adverbial, a categoriasubstancial sendo a física. Portanto, a

da se pro-através do enriquecimento modal do

Mas o que na verdade Parménides nega é tanto acisfísica (o que se encontra como a

possibilidade da tisica (o que se encontrabilidade da metafísica (o que se encontra O que negaem é a física, como sujeito substantivável, e tanto

nos leva a pôr que, a física, se tem de toda a

intrínseca realidade da negar o adver-bialmente pode depender, a e a A qualifi-

Page 63: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 63/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 59

cação de racionalismo metafísico, atribuído ao pensamentode Parménides, oferece alguma garantia de autenticidade?Se

os elementos gramaticais suportam um pensamento lógico,temos que a relaçãose oferece na afirmação dos elementosrelativos: ora, se nego a realidade de um deles, não posso fazerdependeros outros desse que nego. Logo, se nego a física,tenho de negar a metafísica.

Que qualificativo atribuir, então,ao pensamento parmenidino? Cremos que sóum lhe calhaem absoluto, com todasas garantias de adequação ao conteúdo do que, deParménides, sabemos: racionalismodo ser, racionalismoontológico, ou, porque estabelece a univocidadedo ser, ontologismo unívoco. Não vemos que outra solução possa justifi

car-se, umavez

definidasas

noções de racionalismo metafísico e de racionalismo ontológico, e bemdemarcadas as

fronteiras entre ontologia e metafísica. A ontologia é garantida, a metafísica é o que restada física, e Parménides quer ecrê o Ser, não o que restado possívelSer.

Racionalismo ontológico é também o de Zenão. Diferedo de Parménides na matéria formal da argumentação, porque, enquanto Parménides prefere a via poética, Zenão prefere a via dialéctica, sendo em virtude deste acidente formalque se classificade dialéctico o racionalismode Zenão.De facto, a diferença deveria ser estabelecida em três termos:de um lado, o racionalismo ontológico-poéticode Parménides; de outro, o racionalismo ontológico-dialécticode

Zenão. Cremos atingir maior grau de clareza adoptandoessas

tríades, das quais constam o sujeito, o objecto, e o processode um para o outro.

Ora, Zenão, segundo Laércio, era filhoadoptivo deParménides, e seu discípulo. Aristóteles e Platão concordamem que opoder de conversação dialécticado discípulodeParménides era notável, e que tanto seguia a linha afirmativa,como a linha negativa, em ambasse sentindo à vontade, gra-

Page 64: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 64/246

60 FILOSOFIA

quemestre, haja, em certo momento,

~ u u a ~ ~o processo levando-o para uma ~ ..~ , ~ ~ " . ~

u ~ . - 1 u u u " 'e, ao que parece, globaLZenão pensou o Ser, tal como e o

Ser como o único uno, univocamente extenso, univocamente

só conhecemos e torna-sena sua análise sem entrar no campo das

turas, uma vez que Zenão é um~ - ' ~ ' ' J " ' ' ' " ' - ' 'lógico, e por

enganar o conjecturador. Em todo o caso, e em resumo,Zenão leva a ontologia de Parménides ao extremoestudando o Ser do de vista do movimento e

para demonstrar como o Ser é imóvel, contínuo, indivisível, atributos que já apareciam nas teses de Parménides.

dír-se-ia que Zenão argumentou a dialéctica de defesadas teses pelo mestre. Parménides seria ode uma tese, cuja discussão Zenão teria efectuado em

Para ser, o Ser carece de extensão,extensão. Mas as da extensão estão nonitamentenão têm, nem grandeza, nem a serem

Uno que é, a plenitude, o Ser não

permanece Ser - é, foi, será, a todo oinstante idêntico a si mesmo - de onde Zenão, pela

Page 65: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 65/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 61

relaçãoda unidade e da multiplicidade,da singularidade eda

pluralidade,da indivisibilidade e da divisibilidade, da inérciae do movimento, concluir, como Parménides, que o Ser éincriado, imóvel, contínuo, finito.

Zenão teve o mérito, não de demonstrar a realidade dassuas teses, que são obscuras, mas de mostrar a dificuldade quehá em pensar ontologicamente o Ser. Aliás, estas dificuldades,evidenciadas por Zenão, teriam sido a causa das perplexidades, porvezes surgidas sob a forma de anedotário, quantoàssuas doutrinas.

Efectuando a exegesedos argumentos de Zenão,Leonardo Coimbra<I> agrupa em dois paresesses argumentos:os da dicotomia, segundoos quais «nãopode haver movi

mento porque é sempre preciso que o móvel passe pelo meiodo seu percurso antes de chegar aofim; o de Aquiles, segundoo qual «O mais vagaroso nunca virá a ser alcançado pelo maisrápido que o persegue, porque é preciso queele chegue antesao ponto de onde partiu o fugitivo, de modo que este terásempre algum avanço»; oda flecha, segundo o qual«é impossível que uma flecha se mova num instante, porque,

movendo-se, dividiria este e ele não seriaum instante atómico»; e odo estádio, em quese mostra como o instante, queé indivisível, seria dividido, deonde se verificar apenas orepouso. Leonardo afirma que«O paradoxo de Zenão só mostra que realmente o espaço euclidiano e o tempo absolutonão existem» e que, «então (é) possívelsupor indefinidos

observadores em indefinidas participaçõesdo espaço edotempo», pois que«as possibilidades de todosos espaços e detodos os tempos indeterminam o movimento». Nesse caso, omovimento é invisível - e, o que deum ponto de vista

CIJ A razão experimental. Porto, 1923. Ao publicarO criacionismo (1912),Leonardo estudarajá os argumentos, demonstrandoque o problemanão

é de ordem matemática, eobtendo uma explicação criacionistapara omesmo.

Page 66: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 66/246

62 FILOSOFIA PRt-SOCRÁTICA

físico, ou fenoménica, vemos, são as posições e as durações,não o movimento, não o tempo. Seria isso, em suma, queZenão queria demonstrar? Tempo e espaço eram temas instantes na ciência grega do tempo, e Zenão, à semelhança domestre, certamente repeliria em grande parte o excesso deapreensão da natureza pelos fenómenos particulares, receandogeneralizar, das aparências do acidente, para a essência doente. No entanto, mesmo entre os contemporâneos deZenão, houve quem não tivesse entendido a paradoxal oraculidade dos argumentos, de onde derivou, ou um excessivocepticismo dialéctico, patente na sofística, ou um excessivo rigorismo físico, tal o patente no ramo mais interessado naexperimentação do que na invenção, como o que parte deMelisso de Samos, discípulo de Parménides, cujas investigações contribuiriam, em grande parte, para a assunção do atomismo.

Melisso aceitou, de Parménides, as noções de unidade,plenitude e identidade cósmicas, mas dissentiu da tese parmenidina sobre a finitude do Ser. Para Melisso, «O cosmos é infi

nito», baseando a tese numa perspectiva espácio-temporal:quanto ao tempo, o Ser é infinito, ou sem fim, porque, nãotendo havido princípio, não pode haver fim; quanto ao espaço, o Ser é infinito, porque, sendo sempre Ser em toda a parte, a sua extensão deriva necessariamente infinita - o quetem um princípio, no tempo ou no espaço seja, não é, nemeterno, nem infinito e, se o Ser não tem nem princípio, nemextensão limitada, o Ser é infinito. Parece que o conceito deapeiron, ou de ilimitado, por outros pensadores entendidocomo algo anterior ao cosmos, é transferido para a própriaessência do Ser por Melisso, e, sendo assim, o apeiron nãoconstitui algo exterior ao Ser, mas é um atributo do próprioSer.

Incorpóreo e uno, indivisível e infinito, o Ser é amónada (!.wváç) universal, conceito que Melisso parece ter

Page 67: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 67/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 63

introduzido na panóplia da conceptologia filosóficapré-

-socrática, possivelmente por influência de remotos orientalismos (II. O Seré, enquanto mónada essencial, a razão cósmica,o constituinte cósmico, que asi mesmo se constitui, e não aoutro, negando toda a transformabilidade, toda a mutabilidade e toda a acidentalidade - porque, mesmo havendo pluralidadede entes, todos seriamum só, e o mesmo, Ser.

A silogização disjuntiva de Melisso acusauma íntimatendência dialéctica, quese assemelha, jáàs disjuntivasdeParménides, jáàs alternativas de Zenão, e deve anotar-se ofacto de Aristóteles haverdetectado, nos raciocíniosdeMelisso, uma defeituosidade paralógica, a qual muito bempode derivar da forma duálica pela qual o pensador de Samosraciocina, incorrendo no risco de olvidar a terceira possibilidade, ou síntese, que a um pensador lógico acaba por se pôr,mais cedoou mais tarde.

Melisso coloca-nos emface de um cripto-materialismo,ao especificar substancialmente oSer, uma vez que a substânciado Ser é menos do que o Ser-em-si considerado? A sua atitude relativamente a uma possibilidade de conhecimento teo

lógico, ou relativamente auma teologia,demonstra umanítida vocação para um entendimento materialista da existência, enquanto a monadologia aponta parauma outra formade materialismo, qual o que iremos encontrar nas proposiçõesdo atomismo. A finitude cósmicapermitira a Parménidesresolver o acesso aum certo conhecimento teológico,enquanto, ao infinitizá-lo, Melisso de certomodo afasta, doscaminhosdo homem, a capacidade de acessoà crença eàintuição teológicas, uma vez que entendia os deuses comoinsusceptíveis de conhecimento.

O eleatismo, ao fixar-se no Ser enquanto Ser, criaumbeco, uma aporética situação, de que deviria difícil sair, sem

<•I Tomlin,op. cit.

Page 68: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 68/246

HLOSOFllA

5-AESCOLA

O atomismo é,-socrática, um sistemasua natureza e do seuque o Ser, apesar de

na perspectiva u v ' L H ' ' - V l . H ' - U ' - · "

e de outros jónicos remotos.Repensando a matéria ou homeomérica, bem

como as teses monadológicas, o atomismo éfísica, o que se patenteia emcismo de todo o atomismo, e a datermos

111 W. Heisenberg,

Page 69: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 69/246

FILOSOFIA

tais as

ca de Leucipo,considerado, é átomo,vel, incriado edade atomística, ou é umao tempo, e infinito quanto ao espaço,divisão do em muitos átomos, aco1sas.

eterno q uamoela mesma,

de todas as

Este atomismo é já um - o movimentoatómico é eterno, cria-se por determinação de uma causaintrínseca, e garante-se na necessidade de se criar.

Terá sido nestes termos que Demócr i to , - seudiscípulo, porque Laércio não garante o facto

seguro, atribuindo a notícia a outro escritor - oatomismo de Leucipo. Partindo da suposição de que houve

ensino de Leucipo para Demócrito, talvezu u . , ~ " u " ' ~

adiantar ter sido assim que Demócrito entendeu o atomismo,a crermos igualmente nos testemunhos sobretudono que encontrou orias de forma que, um ponto vistaainda se mostra exequível.

Em substância, Demócrito afirma que o átomo é a únicacerteza de que o conhecimento humano pode o

Page 70: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 70/246

66 FILOSOFIA

os átomos existem em grandeza e emjuntando-se, para formação

turbilhão que os como deixoudito no fragmento 164: «os seres associam-se em função da

os aos as aves às aves, e assim suces-sivamente, o mesmo se verificando quanto aos seres inorgânicos e mortos, como podemos observar na crivagem dos

Em do pela criva-às lentilhas, os grãos

O mundo de um de que sedo sendo a natureza constituída por

projectados em todas as direcções, e o prôprio homem constitui um pequeno universo atômico: o seu corpo é a forma dasua alma, que, morre com oconstituintes entram de novo em ou

" 'L" ' - ' ' · ' - ' venvolvidos noutros deonde outros seres humanos se hão-de gerar, uma vez que a

an.nn,aca!o atómica é diferenciada ser para ser, concluindo-se, pois, que os átomos constituintes do homem sóconstituir o como, em crítica, salientou o notávelespírito de Aristóteles, para evidenciar a sua perplexidade emface das teorias de Demócrito.

Nelas se de certo modo, a plena assunção doNada, ou do vazio, uma prócere teoria da relatividade e ummaterialismo patente, de resto, na maioria das máximas e dos fragmemos que, autoria de Demócrito, chegaram até nós.

Pensador da substância e caos, imanentizador

alma, visionário do turbilhão, Demócrito apresenta-sevia, discursivo e pragmático, ou não fosse a sua certeza

Page 71: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 71/246

HLOSOHA 67

o

os;;ru:r>tlr-<>f>. e de ser-se em espiritual t ranqui l idade- uma vez

que o surge somente em fortuitos fenómenos, por

via de regra inapreensíveis, dado que os pertencem àv1a inferior à via que é,

uv"""" ' ou uma via de razão.a filosofia grega em face

u u . ~ u . > a .ou a eleática, ou a física atomista,ou o ontologismo ou o naturalismo abderí-

tico. Recusam o primeiro e o segundo,sem haverem previsto a maior desse naturalismo

que, e muito bem o viu Cornford (!) , por constituiruma mundividência ao do senso comum.

O é o de o atomismo determi-nar, adentro de seus parâmetros, essa filosofia senso-comuni-

uma epistemologia ciências da natureza (qual a quese encontra reformulada, em mais na teoria

molecular, na teoria quânticae

na teoria corpuscular

de Boyle e de Dalton), e, a l H ' c " '" - 'U l V l V L " "

um Leibniz, que é, em certos aspectos, um atomismo

transfere, ou supera do físico para o metafísico, e istorindo que, ao contrário do atrás a metafísica possuigarantia reaL

(l) I11t Before and afta Socrates.

Page 72: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 72/246

68 FILOSOFIA

ria pena de morte," v ' " l ' - · ! u , de carác-

ter humanista eÉ deste seu humanismo que ae é humanismo que a u n . , ~ u · u «

uma vez que nem sempreas

humanismo, são bastantes para que aque é sempre mais do que convém aosestar no mundo. O leva, mais tarde ou mais

a pôr o ser antesdo pensar, o que, para uma filosofiapengos que, ora, não enumerar.

do ser e pensar, pelos elea-pelo edo atomismose

que é um materialismo de intrínsecarazão de ser, vazio de ser razão - um materialismona

acepção em quese quer, como toda a realidade, essa que, atlnal, não pode conhecer,porque escapaàs vias sensoriais.

Brilhante oatomismo surge comodefeituosa hipótese filosófica, e só a transfiguraçãorada por um Leibniz o poderia, em certa remeter amais altas instâncias do pensamento.

Page 73: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 73/246

FILOSOFIA

6 - A

A

outro nos ensinaram, outamanha hipótese, temos que, em ""n""" '

e dos sofistas é mais um

Resposta não se obterá a breve porquanto, e semir mais além, a tarefa uma revisão fundamental

filosófica da Grécia e, quem sabe,! A quem ou a quem intui

sector, resta deixar umas sementesno para que, a resistência aolugar comum.

Antes de mais, a ''"'"<"'r"

em que o foram as escolas pré-socráticas.A genealogia da palavra a entrever a reali-

dade do conceito. Em antigos textos, o sofia(ooqJía) surge para um saber prático, uma habili

um artesanato ou uma engenharia - e temos notícia

Page 74: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 74/246

70 FILOSOFIA

a este com a arte de estalei-ros navais, ou deconceito de não envolveuma comquem se mostra capaz realizar, oude a um

que peça habilidade e engenho, encontra-se posseAs inferências tardias permitem

não teria o valor exactoacepção, mas apenas o de de

a ~ · - ~ - · , , u uanglo-saxónica), istoé, a quemou de uma perícia, ou uma arte, No entanto,

no

se transfigurouna- a sabedoria

ter-se-á aumaem vezde se ter trans-

H < n c u u " ' " " ' de habilidade,

acarência e sem excesso, de a partirdo seinsistirna necessidade de distinguir entre oque ou é,a sofia, e o que a possuir, ou o que a ama, o filósofo(qJLÀÓompoç).

No decurso de um século, porém, o ciclodo conceitoparece, por um lado, percorreruma escala ascendente(a que levada filosofia para a sofia)e, no século parecepercorreruma escala descendente(a que da filosofiaa arte detornar a através ensmoNão se encontra bem evoluções, mas a

da sofia, que realmente se verificanum certoda cultura transfere-se, senão uma inferio-

ridade, pelo menos parauma relatividade O ouOOqJl<YtlÍÇ,é, por um lado, ohomem que sabeda sofia e, poroutro, quetem e habilidade dela, eque pode, em vista

professar o ensinodo saber em sociedade, tendo emvista tornar os cidadãos mais perfeitos.Prova de que, na

ln llíatla, XV, 410.

Page 75: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 75/246

FILOSOFIA 71

comotação para aareté

que, num certo história grega,se teriaoferecer a maior númerode cidadãos, maistica e das realidades em presença. Dir--se-á

à tradição colegial e liceal, restrita aacaba por

"'"''"'"""u""0dafilosofia na É a época das otempo que preludia a alta especulação grega em matéria de

política, é, a dizer, o século ateniense - aurgênciada acção que solicita a assistência mediação, omovimento que pede o pensamento. A escolaridade! U ' R ' ' L ' H ' - "

desagrega-seum pouco e os filósofos tornam-seComo anotou Xenofonte, o filósofo mistura-se no sistema

intercambialda cidade, ensina quem deseja ser ensinado erecebe, por uma justa compensação que,por vezes, aclientela e a concorrência julgarão exorbitante. Masisso constitui um outro segmento históricoda sofísticae, quiçá infelizmente, o que deveio mais divulgado, no sentido desofística, uma imagem prejudiciaL

Os encontramuma nova maneira de ganhar avida, ensinando. Vêmde Abdera, de Mégara, de outras cidades; actuam, por via de regra, isoladamente, obtêmos seuspróprios contratos, arranjamos seus alunose, por um ladoganham a vida ensinando, enquanto, por outro, criam condições comodidade para se dedicaremà filosofia.As solicita-

Ol Há uma certa analogiacom os conceitos setecentistas deSavant e dePhilosophe no Iluminismo francês.

Page 76: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 76/246

72 FILOSOFIA

os

homem: a criança, odade, ou a cidade, o

conjunto de homensA sofística aplicada à ~ ~ ' " ' ~ " - ' J " - " ' anão será dos aspectos

menores, mas o que de nos pelo noticiário etestemunhos, é a sofística quer à

quer à príncipes todos os

como, resto, os diálogosXenofonte e os de Aristóteles, deixam

Em princípio, a sofística não constitui um mal e o pró-prio Platão se encontrou nela, não vemosque outro significado dar às suas com o monarcaSicília; o que nela devém mesma, mas a suacircunstância. da específica escolaridade cole-gial, iniciática, para os condicionalismos societários, a filosofia de sofrer as se a u a , ~ u · u "

ama a sociedade perfeita, é menos exacto que as ~ v ' - ' ' - ' U " " ' " " " ~

Page 77: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 77/246

FILOSOFIA 73

da sua o pensamentodesligadas da factologia política e

social - , sofística se dizer que ela incorreu nesse tár-taro, onde a filosofia morre. A acusação da

tica, por esta se apresentar como um saber, ou uma arte,

nessa Via que, umau u u a ' " " ' a teria salvo e, em vez de se no desco-

fixa-se no consentimento p e · d a ~ g ó J g K : o

Page 78: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 78/246

FILOSOFIA

de indução,autoridade, o terror, as sucessivas

aoarte e nenhuma sabedoria tratou do aci-

menos sofísticos -motivam a nossa selecção.

ao que se julga de J L J ~ ; " ' ' U ' - '

o humanismo patente na filosofia mestreO seu uma sfncrese da ética, damoral e da onde se um forteceptiCISmo e um qual o que tambémde Demócrito certamente recebera. No entanto, ambos os

valores são mitigados uma sensível tendência paratualizar a em torno da ordena as teses, de ondeo ter-se da sua em relação aode um Heradito, posta de aviso a crença na impossibilidadede conhecer a em virtude da obscuridade do tema e

da vida humana -estoicismo, grego e romano, haveria de comentar elevar às últimas instâncias pragmáticas. Das teorias sobre

cação e política, legadas por Protágoras, e explicadas atravésde efabulações mitológicas, como no caso mito dePrometeu - trata-se de um pedagógico, não de umacrença sofista, como se torna de verificar - não falaa história que se parecem na generalidade com as

pedagogia e demagogia atenienses. De enigmático e de pro

blemático é o seu pensamento sobre a métrica humanaquanto a todas as coisas, das que existem enquanto existem, e

Page 79: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 79/246

FILOSOFIA

a ~ ' ' " ' ~ t < > o - . n ' · "

pretação nestes termos? Claro, a ex,eg(;setagórica nos aProtágoras teve em vista - - não

75

e con-

Universo numa como se julga, mas ' - ' ' - H u . u c , u

com dramático rigor, as carências gnoseológicas do homem avias conhecimento, só os sentidos

- como estava dito em Demócrito, seu mestre - e que,isso, na incognoscível dimensionalidade, na macrocós-

mica dimensionalidade reduz à dimensãoseu microcosmos. Uma outra forma de o

homem, é tanto mais pequeno quanto sejulga e, a ser assim, já se lobriga como o humanismo deProtágoras, pela imagem como o sabemos, poderia serrevisto de forma categórica.

Em Protágoras, como em Górgias, a preocupação fundamental ainda se refere aos primeiros princípiosalguns sofistas, como Hipias, Polo, Trasímaco e outros, preferissem a psicologia, a logogogia e poligogia .. ) e é esse aspectoque salientar no extremo cepticismo racionalista deGórgias que, dizendo-se orador, e sendo de genealogiaca, manteve fixa atenção à filologia e à arte das palavras noconjunto de significante e de significado, em vista o

Page 80: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 80/246

76 FILOSOFIA

se existe; e, sedecide persuadir-se sobre o que

mais que sob outras a métrica seencontra também no textosas e as origens da filologia.

tão principais parece nãoas

haver tido ume um logógrafo da categoria Pródico deque ganhou a vida a comentários aos

efectuar milhentas entre as palavras, tendode ver, para uma pura e

dele nos através dos textoso o caricaturiza, por causa

extremos tomados com a voz, é das mais simpáticasde quantos sofistas Platão põe em causa. Não assumiu, aoque se as de outros

e manteve dignada sua pátria, como se deduz

a educação de Herácles, com especial

exemplo, aa.:>0u"'"'"'" em seriedade e

Page 81: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 81/246

FILOSOFIA 77

mas

em que a U a N V H < >

a filosofia. Entre Tales,omem, e, oHípias, temos instantes para uma e outra coisa.Mas a também, uma guerra. A da

não quer o diáfano manto

s ESE F

É Sócrates o eixo da da filosofia?A imagem histórica Sócrates é terrivelmente

siva. Ela foge-nos, parece que se deixa " ' ~ - ' ' ' " u . " u

escapa, em textos nos transmitem as suasdeambulações e congeminações. Mas, apesar-se uma filosofia pré-socrática?

(lJ L. Robin, A Trad. portuguesa, Porto, s. d.

Page 82: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 82/246

78

encontra

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

oocorrências

não tanto a quem as lê, mas

a quem as escrevee, por se tomam espec1a1spara não contrariar o que, de muito se

possa assinalar-se que, na dagrega, se encontraum - o perifi-

vai de Tales aos últimos Eleatas- , umo antropológico, que é o da (e que

e, enfim, um éesse que, projec-tado por Sócrates epor Platão,só se inteiramente emAristóteles, o períododa filosofia, ou filosófico.

O primeiro com certidão,é cosmológico, engloba a cosmologia pré-socrática; o

período é antropológico, e congrega o socrá-tico, incluindo a sofística.Em ambos estes existeuma previdenciação teológica. generalizados, ousincréticos,eles não possuem, ainda, as egações uma filosofia, ou os dois períodos anterioressão de não umafilosofia sistemática.

A sistemática só se cabalmente em

Aristóteles.Na sua delimitam-se, com extremos rigores,os parâmetrosda cosmologia,da e o

Page 83: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 83/246

FILOSOFIA 79

filosófico não é mais um saber generalizado e

ou sincreticamente mas um sabersistematizado. Não é mais só a física, não é mais só a u " - c a . u

não é mais só a " '0"0 ' "" -

para umse, de um

vista estritamente se deveria preferir o termo

-aristotélico, é questão que ousamos sugerida a levar devencida.

Assente-se, para tanto, em que a história anterior aAristóteles ainda factos e feitos e que, em

o facto e o se pensam como ideia, a n . u J m . ! u

em definitivo, que a além amor da ~ " - ' J " ' ' - ' u '

pensamento das ideias enquanto ideias e nãomenos, do que ideias. Uma constante

mento pensante contra o pensamento pensado, o ~ - ' " " 0 ' 2 " ' ' " " ' c ~

que se pensa e de si mesmo e de pensa, paraque, na ascética da nem se engane, nem engane osoutros.

BIBLI GRAFIA

1 - ESPECIAL

Bornheim, G. A. - Os

Brasilach, Robert - .nr.nn,utuvu:

1950.

Page 84: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 84/246

80 FILOSOFIA

grega. Coimbra, 1

Pedro da S i l v a - «Os IX-X e o Poema de

2 - G E R A L

sophy. Cambridge, 1926.Cornford, F.M. -

Dilthey, W. - HistóriaFarrington, B . - Science in

112 (1981), p. 420-431.Pré-Socrática. Lisboa, 1

1944.Da Dupla Visão ao

em Parménides

1n VI

1nrP·wrrortr philo-

Socrates. Cambridge

Page 85: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 85/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 81

Gomperez, T. - Greek Thinkers. A History o f Ancient

Philosophy. Londres, 1939.Graves,R . - The Greek Myths. Londres, 1969.Heidegger,M . - Introdução à Metafisica. Trad. port., Rio de

Janeiro, 1969.Heisenberg,W . - Physique et Philosophie. Paris, 1961.Jaeger,W . - Paideia. Trad. port. Lisboa,s. d.

Jaeger, W. - The Theology of the Early Greek Philosophers.Oxford, 1967.

Klimke,F . - História de la Filosofia. Barcelona, 1947.Marx, K. - A Filosofia da Natureza em Demócrito e Epicuro.

Trad. port. Lisboa, 1972.Neves, A. ]. G o u v ê a - História da Filosofia Grega. Porto,

1957.Palmeira, Dias - O Formulismo da Poesia Homérica.

Coimbra, 1960.Palmeira, Dias- A Epopeia Homérica, Braga, 1974.Robin, L. - La pensée Grecque et les Origines de la Pensée

Scientifique. Paris, 1923.Robin,L. - A Moral Antiga. trad. port. Porto,s. d.

Shiel, James - Greek Thought and the Ris e o f Christianity.Londres, 1968.Silva, Agostinhod a - A Religião Grega. Lisboa, 1930.Sousa, J. Cavalcante de - Caracterização dos Sofistas nos

Primeiros Diálogos Platónicos. S. Paulo, 1969.T annery, Paul - Pour l'Histoire de la Science Hellene. Paris,

1964.Tomlin , E. W. F. - The Eastern Philosophers. An

lntroduction. Londres, 1968.

Page 86: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 86/246

Page 87: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 87/246

Filoso a Gregaré-Socrát ica

TEXTOS

Page 88: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 88/246

Page 89: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 89/246

I

L

L HINO À

Cantarei à terra, a mãe

seno mar, viventes.

os que se nutrem

geram

que aos mortaistas a tirar.

(l )

todas as a ma1s

os seres; no solo

e voam nos ares.e belas searas.

o bem da que lhes

ou

feliz quem

abundância!da tua benevolência, terá sempre

01 Embora haja remotas referências indirectas a Homero, a mais conhe-cida, e tida mais antiga, é a de Xenófanes (Fragmentos 10-l l ) , masparece que era dado como poeta épico, e como tendo realmenteexistido, desde a época arcaica.

A questão homérica consiste em saber se a Ilíada e a Odisseia são, ou não,constituídas por sucessões de orais, concebidos em diferentescas e, mais tarde, por atribuídos a um só autor. A """"J;;>.a'""sobre esta problemática é copiosa, mas, como visão judicativa da mesma,o u > ; ~ " . W < Y Oa leitura da obra de Hegel, Estética: Arte - A de existe

portuguesa (1964), e, de Dias Palmeira, O PoesiaH<nn,'ru:a (1960), e do mesmo a crítica à obra de Lohmann, sobre a Ilíada

1973) e o estudo sobre A Homérica (Itinerarium,

Page 90: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 90/246

86 HLOSOHA

de tesouros; nos

momento!Governa com

e aSeus

a o

suas filhas e correm napradaria.

pisando as

Eis a sorte de quem amas, deusa """"''""''"dade!

esposa do céuem prémio de meus cantos,

invocar-te sempre, em minhas orações (1).

2.O ESCUDO

(Hefesto), primeiro, forjou um escudo e robusto,a toda a extensão e pôs-lhe uma cercadura faiscante,

e coruscante, com um talabarte prata.Cinco foram as camadas que e em todas teceu

vários ornamentos,seus

Forjou, nele, a terra, o céu e o mar.o sol infatigável e a lua cheia,e astros coroam o firmamento

0 ' O poema revela uma concepção popular da Terra. O céu é um hemisfério sólido a cobrir a chateza da Terra. Emre eles existe um mundo misto,(àljp) e, por cima, o éter (a(fh'jp).

Page 91: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 91/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

E pôs oenorme poderdo rio oceano

a toda a voltado perfeito escudo(!).

87

(!fiada, XVIII, 478-485e 607-608)

3. ESTROFES AO OCEANO

a) Apanhando-o, arremessá-lo-ei para o obscuro Tártaro,para mui longe, para onde se encontra o gigantesco golfosubterrâneo,de portõesde ferro e soleirasde bronze, nas profundezasdo

H ades,para tão longe comodo céu à terra.

(!fiada, VIII, 13)b) Outros dos perpétuos deuses mandaria facilmentedormir,mesmo as correntesdo mar rio, que deu o ser a todas as

COiSas,

mas de Zeus, filho deCronos, nunca dele me aproximaria,nem para o adormecer, a menosque Zeus ordenasse.

(!fiada, XIV, 244)c) Zeus, que me arrebatariado éter para o mar,para longeda vista,que não tivesse a noite,que domina os deuses e os homens, assimme salvando.Para ele voei, e Zeus parou,embora estivesse irado,porque receava desagradarà Noite veloz (2).

(!fiada, XIV, 258-261)(IJ Heródoto (IV, 8) afirmaque os gregos antigos diziam que o mar nas

cia no Oriente, e corria à voltada Terra, embora não tivessem argumentospara provar a afirmação.Como se verá, seguimos de muito perto atradução, já existente, deD. MariaHelena da Rocha Pereira.

<zJÚnica passagem dos poemas homéricosem que a Noite aparece personificada. NuÇ deve sertomada enquanto figura da mitologia cosmogónica,à qual os deusesse rendem pelo sono.

Page 92: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 92/246

88 FILOSOFIA

2.?)

l .A

Antes co1sas era o velO agrandee eterno assento de

os

um ser a ela semelhante,o Céu aos

n1ar, ovagas furiosas, sem a

116-132)

111 Este poema estabelece uma genealogia assim esquematizada:Xáoç-> rata->Époc; - t "EpEj)óç- t - t Hf1Épa

A situação de Eros parece justificar-se pela necessidade de individuar osseres, com base num critério empírico e amtropom()rt:lco.

Caos a uma noção de vazio onde,

«tártaros>>, ou a terra se separa céu. Não por seconsiderarem interpolações, os vv. 118, 119 e 125.

Page 93: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 93/246

FILOSOFIA

2, O OCEANO

nosas,

ses,

imortais.

Aí se encontra aque negras nuvens

3. DEUS

lado a os

E, uma vez que os aventurados acabaram atorça, os Titãs a cederem-lhes as

89

as COI-

Oceano

os

Terra, Zeus à ambição

e trono imortais.E, assim, Zeus repartiu por as honrastomando por esposa,ele, rei deuses,

u u ... u . ~ " 1 'mais sabedora do que os e os mortais cl).

Ctl Prudência, ou Métis,

Page 94: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 94/246

90 FILOSOFIA

3. ORFISMO (! )

HINOS

os sentimentos outrora teusnão te afastar da preciosa vida.

o verbo acerca-te dele,oferece o coração e a inteligência da almae, avança para ele, por esse estreito caminho,pensando que ele é o único rei Universo.Ele é uno, a si mesmo se gera, e tudo nele se gerou,move-se pelo para os mortais,embora ele as coisas criadas.Dele com a felicidade, as guerras sangrentas

Não há outro como este que não vejo, umanuvem o dissimula

Nos olhos dos mortais as pupilas morreramimpotentes verem o todo-poderoso, rei do Universo.A sua encontra-se no bronze celígeno,

01 Comentando o orfismo, Damáscio (Dos princípios, 123 b) afirma quea teogonia órfica diz estar a água no princípio, existindo desde sempre, eque, solidificando, originou a Terra.

O orfismo costuma também entender-se como a junção do culto deou xatlápmoç, o purificador, e das crenças da reincamação. Estas

crenças, recordadas em contos sagrados, os lEpol Àoym atribuem-se aOrfeu, Museu e Epiménides, mas alguns especialistas postulam que desde oséc VI a. C. existem cânticos órficos registados. Os textos que possuímos

datam, já, do período helenístico e do período romano. Damáscio é a principal fome das versões órficas.

(21 Museu passa por ter sido contemporâneo de Orfeu.

Page 95: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 95/246

FILOSOFIA 91

a terra,

para os confins do "- ' ' ' - ' -<UHY.

à sua volta fremem

2. Zeus, mestre do é oZeus é a o o paiZeus é masculino, sendo também a

sopro inextinguível fogo.Zeus, estofo dos mares, Zeus-Lua, Zeus-Sol,Zeus, Senhor, Zeus, princípio criador deEle é a energia, o Arcanjo, oo único corpo real onde o Universo se insere,o dia, a noite, o fogo, a terra, a água, o éter.A crença antiga, o amor imensos

Apenas o corpo de Zeus contém as coisas!A sua cabeça, a sua fronte, são maravilhassemelhantes ao céu ofuscante, as cintilantesprendem, ó esplendor, o oiro de seus cabelos!Dois cornos de toiro brilham em sua dourada fronte,oriente, ocidente, caminhosSeus são o Sol e a oposta

u u . a ~ • u c w . ~ ~espírito.nada no mundo existe,

palavra, leve ruído, som, ou rumor,que não seja por Zeus todo-poderoso.

(Eusébio, XHI)

Page 96: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 96/246

92 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

3. Cantarei a mãe dos homens e dos deuses,cantarei a Noite.A Noite é a origemdo Universo a que chamamos Cipria.Acolhe-nos, ó venturosa deusa, ornada de estrelas,

ó penumbrosoSol!que oferece a harmonia, o repouso e o sono variado!6 felicidade, ó encantamento, ó rainha da vigília,ó mãe dos sonhos,ó consoladora, ó tu, que permites o repouso a toda a misériaó dormente, cavaleira, luz escura, amante universal,ó inacabada, ó abraçoda terra e do céu,ó esférica, que brincas comas forças tenebrosas,

que tiras a luz dos mortos, aos quais retornas!Terrível fatalidade, amante de todasas coisas universal,ó venturosa Noite, ó miríade felicidade, ó ternura universalouvindo a voz suplicante que ati se dirige,

ó indulgente,possas tu dissiparos terroresda sombrae mostrar-nos o teu amável resplendor!

4. Hélio, a quem damos o nome de Dionisotu só és Zeus, tu só Oscus, tu só Hélio,tu só Dioniso,tu só deus entreos deuses.

(Eusébio,ibidem)

Porque havemosde chamar-te por tão diversos nomes?

(Macróbio,Saturnais, I, 18)

Page 97: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 97/246

4. OS SETE

VJ[_y

(1)

LINDOS

pno

8. Sejamos9.

lO. ' L . U . ! U < C U

Implorar a14. Pôr fim aos15. Considera público quem o povo.16. Evita acarinhar a tua em público; quem a

em público procede mas, quem a acanCJa,paixões

17. Não castigues os servosres, serás considerado

estaremtambém.

se o

93

01 A designação de «Sete sábios» é simbólica e a primeira lista consta doF n > t à < m " n 343 a, de Platão. deles, Tales, Pítaco, Bias e Sólon,recem em todas as Diógenes Laércio, falando deinforma que este dizia terem sido dezassete, e que cada um destes dezasseteescolheu o seu próprio de sete.

Quanto aos apotegmas cada um, considerar que são recolhi-dos da tradição, na se teriam certamente alterado relativamente aosconceitos inicialmente expressos ditos sábios.

121 Mftpov lipw1:ov.

Page 98: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 98/246

FILOSOFIA

18. Casa com da tua condição; se casares com umaem vez de sogros

19. as críticas quesó te trará a má

20. Evita a felicidade

2. DE ATENAS

1. Evita o exagero.2. Evita a crítica para não seres julgado3. Evita o causa de remorso.

a é melhor douma

5. as tuas palavras pelo cir-cunstâncias.

6. Evita a mentira,7. Esforça-te8. Não queiras mais sabiamente do que teus maiores.9. Não tenhas pressa em amigos e, quando os tive-

res, nunca lhes peças de d H J I ! L d . w c .

1o. souberes v u · ~ u . ~ - ' - " '

11. Se exiges a

12. Aconselha o que não o que agradável.13. Não sejas insolente.14. Foge dos maliciosos.15. Ora aos deuses.16. Respeita os ' " ' " ' " ' ~ ' J ·

17. Honra e mãe.18. Guia-te pela razão.19. Nunca digas tudo o que20. Ainda que saibas, silencia.

21. Sê dócil para com os familiares.22. Conjectura o pelo visível.

Page 99: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 99/246

95

3.

não seres motivode troça.

3.o que não que te

5. Não julgues um os deuses vingam-se.6. Paga o que7. Aceita as pequenas8. Ama o próximo, mesmo que

9. Não fales mal dum nem bem dum se o

serás insensato.10. é quem discernir o

mas o11. A terra é12. A ambição é13. Sê honesto.

14. Dá-te ao respeito.15. Ama a educação, a temperança, a

fidelidade, a experiência, aoutros, a exactidão, os

piedade.

(Ver II, 1, 9).

5. BIAS DE PRlENE

1. A maior2. Vê-te num

o é pas-

Page 100: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 100/246

FILOSOFIA

e, uma vez m1-

as tuas afirmações a que

16. A memória aorança à força, a

os

à crença.

a menos que tires

17. Corrige a com amizade, sê leal nas sen-sato no silêncio,nas enérgico,nobre na maneira de u"''-'''""'

no juízo, corajoso e virilno poder, autoritário e

6. QUÍLON DE LACEDEMÓNIA

1. Conhece-te a ti mesmo.2. Quando beberes, pouco para não cometeres

ções.3. Não ameaces homens pois não é justo.4. Não maldigas dos outros, para não ouvires críticas desa

gradáveis.5. Se a uma festa de amigos, vai mas se fores

na desgraça, corre.

Page 101: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 101/246

FILOSOFIA

6. as núpcias sem

7. Espera que um homem morra, antestuoso.

8.9.

97

Vlf-

1O. que ganhar com no pn-meiro caso, sentirás aborrecimento uma só vez; no

segundo, senti-lo-ás sempre.11. Não troces dos " " · ~ " L ~ 0

12. Se és fica serás não

13. dos assuntos u v ' " " ~ 0 ' · ' " " ' 0 ·

14. Põe a razão antes da língua.15. a16. Ao caminhar, não te mostres nem levantes a

mão, para não pareceres tolo.17. Cumpre a lei.18. Se foste vítima de uma injustiça, reconcilia-te com o

injusto; se sofreste um ultraje, vinga-te.

7. PERIANDRO DE CORINTO

1. O estudo abarca todas as coisas.2. O repouso é agradáveL3. A temeridade é perigosa.4. Um lucro desonesto é uma calúnia contra o espírito.5. A democracia é preferível à tirania.6. Os prazeres são mortais, as virtudes imortais.7. Moderação na abundância, prudência na adversidade.8. Mais vale morrer na pobreza, que viver na necessidade.9. Sê pai e mãe.

1O. Procura o louvor em vida e a felicidade na morte.11. Feliz, ou infeliz, sê constante os amtgos.

12. Transgride os maus juramentos.

Page 102: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 102/246

98 FILOSOFIA

13. Guarda os

14. Julga para

15. Rege-te pelas

16. os

17. Oculta os

mumgos.

julgados.antigas, mas come frescos.

e a reincidência.

motivo de gozo aos

Falera, e D. L, I.)

Page 103: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 103/246

I I

ES J I

L TALES DE

BIOGRAFIA

1. No dizer de Heródoto Tales era de Exâmiase de Cleobulina, parente da família T élides, umacia, que descendia directamente de e de

segundo Platão. Foi o a receber o«sábio>>, no tempo em que, em Atenas, governava o arconteDamásio. ( .. ) Calímaco ter sido Tales quembriu a Ursa Menor ( .. ), outros autores que ele escreveuapenas dois livros, um sobre o solstício, outro sobre o equinócio, dado pensar serem todas as demais coisas incognoscíveis.

(D. L , I, 22)

2. Tendo estudado filosofia no Egipto, ftxou-se depois,já entrado em anos, em Mileto.

(Aécio, L 3, 1)

3. A tradição regista que Tales foi o primeiro a ensinar ainvestigação física aos gregos. Teve diversos precursores,

como diz Teofrasto, mas depressa os ultrapassou, lançando

Page 104: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 104/246

100

D

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

23)

um unKo princípioAristóteles,há quem jul

e Hípon,que parece ter ateu, afirmaram que esse princípio era a

As aparências sensíveis conclusão,os seres vivos carecem de se manterem

o que seca morre, acontecendo,por seremuma seiva. Por

natureza líquida pelo as coisaseles admitiam ser a água o prin

tendo afirmado que a terra repousa

23, 21)

2. Tales e seus discípulos afirmam que o cosmosé uno.

3. Afirmam também que as

pela junção dos elementos, noslogo que se juntam.

II, 1, 2)composições se efectuam

ocorrem modificações,

I, 17, 1)

(l l Simplicio confirma a tradição de Tales ter sidoum fisico, no sentidoem quese dedicavaà investigação da natureza comoum todo. Como diriaAristóteles(Metafisica, A3, 983b6): «muitos dos primeiros filósofos pensavam que os princípios na forma da matéria eram os únicos princípios detodasas coisas».

(' l Plucarcotambém relaciona a teoria de Talescom a de Homero, porque ambos diriam ser a água o elemento original. Aqueleautor sugere umainfluência da cosmogonia egípcia nesta corrente do pensamento grego.

Page 105: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 105/246

FILOSOFIA 101

1,7,11)

5.

Deus a " " ~ " " ' ~ ' ' " ~ " ~

(Cícero, De natura, I, 1O)

(de afirma quea relação entre a sua

7. Um rectas paralelas determina, em trans-versais, segmentos correspondentes proporcionais.

(Proclo, 352)

8. Parece que Talescinética. ser a alma uma substância

(Aristóteles, Da A2, 405)

9. Apotegmas atribuídos a Tales:

1. Quem promete

2. Perto ou longe, importa lembrar os amigos.3. Evita os adornos exteriores e procura os interiores.4. Evita enriquecer por vias desonestas.5. Evita as palavras que possam ferir os6. Procura dar a felicidade aos autores7. Evita a desonestidade.8. Espera receber de teus velho, o mesmo

tratamento que dispensaste a teus pais.

Page 106: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 106/246

102 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

9. A bondade é difícil de reconhecer.1O. A maior alegria vem da posse do objecto amado.11. A ociosidade é penosa.12. A gula é um vício.13. A ignorância é incómoda.14. Aprende e ensina apenas o bem.15. Mesmo sendo rico, evita a ociosidade.16. Guarda segredo da tua felicidade para evitar a inveja.17. Evita a compaixão alheia.18. Sê moderado.19. Não dês excessiva confiança.20. Se és chefe, começa por saber dominar-te. ,

(Demétrio de Falera, Registo dos Arcontes)2. ANAXIMANDRO DE MILETO

(Mileto, séc. VI a. C.)

BIOGRAFIA

1. Anaximandro, filho de Praxíades de Mileto, e filósofo,era parente, discípulo e sucessor de Tales; descobriu o equinócio, o solstício e os quadrantes de horas, e que a terra é umastro central. Introduziu a noção de «gnomon» <I> e tornouconhecidas as teorias gerais de geometria, tendo escrito tratados sobre a natureza, o círculo da terra, as estrelas, o globo

celeste e outros temas.(Suda, s. v.)

DOXOGRAFIA

1. Defendeu que a alma é de natureza etérea.

(Aécio, IV, 3, 2)

C•l Princípio do rdógio de sol.

Page 107: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 107/246

HLOSOHA PRÉ-SOCRÁTICA 103

2. Entre os

Anaximandro"'""' '"" movente,

u u u ' " " é o princípio e a substânvez, o con-

ceito arquê, para não amentos conhecidos, masuma naturezamuito diversa, na qual,ou da qual, se teriamos existentes. Deste

seres que se dissipamem àsdade, pois, como escreveu, de«OS seres são castigados e

a recíproca injustiçaAo a recíproca ele-

mentos, Anaximandro pensavaque ser

tomado como o motor ou substracto, mas que omotor imóvel era algode muito diferente elementos.Assim, explica o não transformação dos elementos,mas pela cisão opostos, em eterno movimento. Este omotivo pelo qual Aristóteles o ombrearcom Anaxágoras.

(Simplício,Física, 24, 13)

3. Na verdade, oque existe, ou é um princípio(lJ, ou segeraem um princípio.Ora, o infinito não tem princípiopor-que, se o tivesse, este seria o seu limite. Alémdo mais, o infinito é e incorruptível, e a criaçãotem necessariamente um fim, havendoum fim para a corrupção;por isso,não existeum princípio das coisas,às parece conter e

como foi postulado pelosque não admitemoutracausa alémdo infinito, como a inteligência e o amor.Deste

o infinito é Deus,uma vez que se prefigura imortal e

(l i Segundo Simplício:â:rtHpov.Teofrasto admite ter sido Anaximandroo primeiro a usar o conceito deàpx'YJno sentido de principio e origem,mas o conceito mais original de Anaximandroé o de1:0 annpov, na acep

ção de ilimitado, infinito.

Page 108: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 108/246

Page 109: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 109/246

FILOSOFIA

ao tempoà da

105

(D. L , H, 3)

DOXOGRAFIA

1. O ar constitui osimples.

2. A seu mestre,de uma única substância infinita,

em vez a deixar achou quee disse ser o ar. Este elemento difere de umas

e é

outras em virtude da e da vVHU. ' -"<JOCyU'V)

subtil, é quando vento, nuvem,

aos

e rocha. seres originam-se nestes. Admite que a ua .uJnn

mabilidade do movimento eterno.

3. O ar é o princípio denam, e a nossa alma éenvolve o Universo. Para«pneuma» são sinónimos ( l l .

4. Afirmainterpenetra os

24, 26)retor

pneuma queele, os conceitos de «ar», e

(Aécio, I, 3, 4)

sep, uma que

I, 7, 13)

01 O conceito de à1'jp é vago e misto, mas Anaxímenes, segundo a tradição doxográfica, diviniza esse conceito, por o entender como criador earquitecto do Universo. Há um único fragmento de Anaxímenes.

Page 110: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 110/246

106 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

5. O céu é o ma1s da terra.

(Aécio, II, 11.1)

1. Assim como a alma, que é ar, nos suporta eass1m o sopro e o ar o cosmos.

4. DE CLAZÓMENAS

BIOGRAFIA

I. Anaxágoras, Clazómenas, discípulo defoi o a inteligência e amatéria. No começo seu escritonum opu-lento e sugestivo, disse que«as coisas eram no caos e ao

a inteligênciaas por isso tendo onome de inteligência».

2. Todas as artes(D. L., II, 7)

devem fundamentar-se nanatureza, uma vez que delas

que nelas se encontra,juntamente com a Foi assimque Pérides procedeu,juntando dons aos seus naturais, a grande

felicidade haverconhecido Anaxágoras,um homem desaber que se à investigação natureza, e que estu-dou a essência do espírito, como a carência deste.

(Platão, 270a)

3. Entre os que escreveram um só livro contam-seParménides e Anaxágoras.

(D. L 16)

Page 111: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 111/246

FILOSOFIA

DOXOGRAFIA

parece ter acelte a teseque a opinião, corrente entre os

ser criado a partir nada, por issouma certa «mistura original>>(!), afirmando que o

uma modificação, einclusivamente apostulava também outro

uns aos outros, mas que sãoé necessário que o

ser, ou não-ser. Admitindo a

107

não-ser constituir essa origem, no que os são

concordes, fica-nos a hipótese, segundo a qual a essência dascoisas se gera a de seres pré-existentes, osrude das suas massas, escapam aos nossos 0 ' - ' ' a ' u v · J .

os que as coisas se encontram sinteti-zadas em um uma vez que tal é demonstrado pela

As aparências, ou fenómenos, variam e as nomi

nações também, os infinitos que entram na suacomposição (2). No estado puro não um branco-puro-branco, nem preto, nem nem carne, nem osso, sendoestes uns nomes aos fenómenos, em do aspectodominante cada um

(Aristóteles, 187a)

2. Os físicos que a inumerabilidadetos, como Anaxágoras e Demócrito, um com o conceito de

outro com o ou «reserva

ll l Nv cà:n:àv-ca..12l A etra: «mas as coisas parecem diferentes umas das outras, e recebem

nomes diferentes, de acordo com a natureza do demento que é numerica

mente predominante entre os inumeráveis componentes da sua mistura».

Page 112: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 112/246

108 FILOSOFIA

afirmamnem como um todo

a existência do infinito, que defi-por contínua (II .

sustentou que ospor parecer

do não-ser, ou que

não-ser. Se tomarmos umou água, esse acarne, os nervos, os ossos e outros órgãos corpo; em vista

é certo os alimentos ingeridos em coe-todas essas se desenvolvem a partir

contêm geradoras de sangue, ner-que só a razão pode ~ ~ " " ~ v ~ '

u " ' " " ~ ~ ' ' - ' " " u ' "de as submeter aose a água constituem formas desses

órgãos.Em virtude de as n n . r n v · c alimentares serem semelhantes

que as chamou-as de u v u " - U l l l ! ' - '

como homeoméricas a matéria e a causaciente e ordenadora do Universo. Sustentou a junção detodas as coisas e a sua por da inteli-gência. A sua teoria parece na medida em que pre-conizou a interferência de um ser criador.

4. Para Anaxágoras, Deus é a

01 Substâncias homeoméricas:seminal: O r t ~ p f - ! a .

ou

I, 3. 5)

I, 7, 14)

(Aécio, 9, 1)

Reserva

Page 113: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 113/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 109

6. Estudemos agora a homeomeria de Anaxágoras: é o

nome que lhe dãoos gregos, que a pobrezado vocabuláriopátrio não permite transpor, mas é fácil aplicá-lo, ao conceito, por outras palavras: primeiro, aquilo a que chamamoshomeomeria das coisas é que, por exemplo,os ossos são constituídos por pequeníssimos, diminutos,ossos; que as víscerasse formam de diminutas vísceras; que o sangue surgeda jun

ção de muitas gotas; que o ouro, segundo diz,pode ser constituído por partículas de ouro; que a terra nasce de terras; queo fogo nasce de pequenosfogos e a humanidadede humanidades; e acha que todasas coisas se formamdo mesmo modo.Todavia, não aceita que haja vazio, nem que haja limite paraa divisibilidade dos corpos.Parece-me que nestes dois pontosele erra, pela mesma razão, tanto comoos outros de quemfalámos antes.

(Tito Lucrécio Caro,Da natureza, I, 830)

FRAGMENTOS

DA NATUREZA<J>

1. Todas as coisas estavam juntas, infinitasem número egrandeza,na ilimitada pequenez,porque o infinitamentepequeno também existia e, enquanto estiveram juntas,nenhuma podia distinguir-se das outras, emvirtude dessapequenez. O caos era ocupado pelo ar e pelo éter, ambos ilimitados, porque sãoeles que transcendem todasas coisas em

número e em grandeza.2. O ar e o éter<2> separaram-se da massa que envolve ocosmos, sendo esta massa infinitamente grande.

(I) A problemática da obra de Anaxágoras é complexa, masSimplkio atribui-lhe o tratadoDa natureza, cujos fragmentosse transcrevem.

' 2 ) Átíp ou aLBtíp. Aristóteles (De Coelo, A3), diz que a noção deAnaxágorasquanto ao éter não foi bem expressa, devendoter dito fogo emvez de éter.

Page 114: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 114/246

110 FILOSOFIA

3. Não há grau de pequenez no pequeno,embora haja sucessivamente um grau menor; com efeito,o que é, náo ser, mesmo pela sucessiva divisão.Esta regra à um grausucessivamente maior, quantitativamente à pequenez e

em si mesmo, simultaneamente pequeno e4. caso, temos de sustentar a existência dos com-

de numerosas espécies,

seres vtvos comOs homens possuem e campos

e como o

sas; a terra oferece-lhes inumeráveis recursos decie, e esses homens levam para casa o que 11'-'-"''0""'"''

às suas vidas.

Nesta havia também uma

de germes, diferemes e profusos: outras nenhumaé semelhante e, temos de

cia num todo.5. Uma vez a separação efectuada, o não passou a

ser, nem menor, nem maior, porque o todo existe independentemente das partes, permanecendo

6. Havendo pluralidade eno pequeno, o todo existe em aexistência singular das uma vez que participam do

mesmo todo. Não sendo a existência de um grau

infinitamenteserão jamais,

as coisas não são nem ocomo no princípio e, neste caso, a

Page 115: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 115/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 111

pluralidade e a unidade existemem todas as coisas, ao mesmotempo: igualdadena pluralidade das coisas diferentes.

7. Por isso, o mundo das coisas separadas é incognoscível, já pela razão, já pela experiência.

8. As coisas existentesno mundo uno não seencontramseparadasumas das outras, nem divididas à força; não hácalor a partirdo frio, nem frio apartir do calor.

9. Em virtudeda energia edo movimento, processam-serevoluções e separações, porque,como o movimento libertaenergia, não se parece comas coisas existentesno mundo doshomens, sendo inteiramente diferente dessas coisas.

1O. Como poderiaum não-cabelo gerarum cabelo, e anão-carne gerar a carne?

11. Há uma porçãodo todo em todas as coisas, exceptono Notts (ll, o qual, apesar disso, seencontra em alguns seres.

12. As outras coisas têmparte no todo, mas o Nous éapeiron, autónomo, jamais se misturando, sendo em simesmo e para si mesmo; se assimnão fosse, se estivesse juntoa outra coisa, participaria dessa coisa,porquanto se encontraria ligado a ela;porque há uma parte do todo em todasas coi

sas, como acima ficou dito.Unido, seria impedido de poderdispor das coisas edo seu próprio poder. O Notts é a maisleve e a maispura de todasas coisas, das quais possui inteirasabedoria, sendo também o mais energéticode quanto existe.

Grande ou pequeno, o que tem alma está sujeito aoNous, cuja energia se exercena revolução universal, aque dáo impulso; esta revolução atingia, ao princípio,uma curta extensão, mas dilatou-se depois, ehá-de continuar a dilatar-se.

O Nous conhece tudo oque é uno, separado, distinto,o devir das coisas, omodo como foram e são, a revolução quearrasta os astros, o sol, a lua, oar e o éter, actualmente separados uns dos outros.Há uma pluralidadede partes na pluralidade das coisas, masnada se separou integralmente, não

(I ) Noüç, oü.

Page 116: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 116/246

112 FILOSOFIA

coisas distintas umas das outras, o. .a s1 mesmo, mawr e menor;

não há coisas inteiramente iguais, e cada umaéme o ser de que em grau maiorou menor.

13. Quando o Nous pôs as coisas em revolução, operoue essa

a cotsas emmovimento acentuou mais o grau de separação.

14. O que é eterno, agora mesmo, onde estãona massa envolvente, no que está unido a eno

a separação, para aéter.

16. A terra formou-se de coisas separadas, como a águase separou das nuvens, a terra da e, da terra, em virtudedo ainda maisdo que a água,

o exterior.

cer emorrer>>, porquefalam erradamentequando dizem «nasnasce, nada morre, apenas se veri-que as co1sas se ou se separam, ou,

melhor; todasas coisas tiveram poretodas p o r u ~ ~ V U , J V o H v o a v .

18. O sol empresta o seu19. O arco-írisé o da luz solar nas nuvens, cons-

um a água, prove-niente das nuvens,faz levantar o vento e cair a chuva.

21. A fraqueza sentidos torna-nos impotentes paravermos a verdade.

21-a. O abre os nossos olhospara o invisível( l l .

(l l Variante: «Os fenómenos são a visão instantâneado invisível»(Õ')>LÇy a p 1:WV ÚÔllAWV-rá < q J « L V Ó ~ ! E V a ) .

Page 117: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 117/246

FILOSOFIA 113

21 Somos em e em velocidade aos

outros animais, porque utilizamosmemória e a prática.

apenas a a

22. O que vulgo chama de

5.

DOXOGRAFIA

DE ATENAS

séc. V a. C.)

foi dee ele quem levou a ciên-

cidade onde era conhecidomorreu com e1n do

Sócrates. Julga-se que também seainda especulado sobre o

L , 16)

en1 JOVelll, acon1-

L , 23)

1. Tentou algo de e de pessoal na cos-mogonia e em outros ramos docliente aos de Anaxágoras, como este, sus-

que os princípios são infinitos em númeroem espécie, consistindo em u v u " - v " " ~ "

27, 23)

Page 118: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 118/246

114 FILOSOFIA

2. Disse que oprimeiroe rarefeito<ll.

6.

e o erro sáo

DE ÉFESO

con-

I, 3, 6)

e não

II, 16)

séc. VI-V a. C.)

naturalde Éfeso, tinha cerca qua-nona Era homemorgulhoso e insolente,como se

a inteligência, pois, seassim não fosse,teria Hesíodo e Pitágoras,

e Hecateu)). Pensavaque havia uma sósabedoria: a razão, oconhecimento da essência das cmsas ...

... Com o num misantropo, reti-rou-se domundo, e paraas montanhas,acuu"ou l .d . l . ' u ' r

-se de ervas e arbustos.Tendo contraído atude desse regime alimentar, desceu à cidadeos dos quais indagou,saberiam transformar oComo ninguém oaguardou a cura, que o

emgma, seem tempo seco.

fechou-se num elibertado

com que se a traria.Não chegou a curar-se, emorreuaos sessenta anos.

(D. L, IX, 1)

1l Condensado, oar gera o segundodemento, a água, e, sublimado, oterceiro, o

Page 119: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 119/246

D

1. Eis um resumo das suas teorias: o

115

trata da natureza,

política ede o ter

todas as coisas e se convertem emfugir. O movimento gerou a

se encontra e de ' - ' C ' - H n f t ! H V. : > o

Para ele, a crença constituiuma doença sagrada e, a

vista,uma ilusão;no seu livro exprime-se por vezes tão clara eluminosamente mesmo os espíritosmenos isentos o

e o itinerárioda sua filosofia,pensamentoé inimitavdmente rico e consciso.No seu livro,as teorias encontram-se assim expostas: oé um elemento, etudo se sua transformação,

seja por sublimação, sejapor Não a clari-ficar este assunto, mas diz que se processa pela

e que tudo flui como um rio, queum só Universo, criadodo fogo, e que ao fogo vol-

tará, depois decumpridos certos períodos,num ciclo eterno,. .porque a ass1m o ex1ge.

Há uma entre os opostos emordem à ~ u a v • ~ v ,

há uma concórdia que tendeà u u u n . a . y a v .

u u " u ' " ' superno e inferno, criou omundo da maneiraseguinte: ao condensar-se, o mas,condensando-se, a tornou-se terra, e esteconstitui o movtmento inferior; no movimento inverso, aterra e

1'1 Segundo Laércio, o livro obteveral sucesso, que granjeou discípulos, os

quais ficaram a ser conhecidospor «heraditilllos>> ('Hpa)(ÀHnovç).

Page 120: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 120/246

116 HLOSOHA

torna-se água, de onde se geram as

que se reduz à evaporação das

um

atravésgem de

o movimento

dos seres, a

L., 1)

como

os seres, que retornam ao fogo,sublimação. O

uma

(Simplkio, 23, 33)

I, 7, 22)

4. Heradito sustentou que o Universo é uno (lJ.

(Aécio, 1, 2)

5. O Universo gera-se em função do pensamento e nãoem tempo.

(Aécío, 11, 4)

6. Tudo se passa conforme à fatalidade, idêntica à necessidade.

ln Deus é dia Itodos os opostos.

I, 27, 1)

Inverno I Verão, guerra I paz, saciedade I fome,Refutatio, IX, 10, 8).

Page 121: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 121/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 117

7. A alma do cosmos<1> emanadada humidade, e a almados viventes têm a mesma natureza, sendo proveniente dasemanaçõesdo fogo, exterior e interior.

(Aécio,IV, 3, 12)

8. Heraclito sustenta que todasas coisas se encontramem processo, que nenhuma permanece como parecee, com

parando-as a um rio, disse ninguém poder descer duas vezesao mesmo no.(Platão,Crátilo, 402a)

FRAGMENTOS

DA NATUREZA <2>

1. Os homens nunca puderam entender o«logos», que écomo eu o concebo, nem antes nem depois de o ouvirem,mas, embora tudose processe a partir dele,os homens parecem não ter qualquer experiência, nem das palavras, nem dosfactos, conformeàs minhas teses, ao examinar a natureza.Além disso, todos ignoram o que fizeramquando estavam

acordados, tal como esquecem o que fazem durante o sono.2. Por isso, importa seguir o«logos comum» que, sendodo domínio geral, a vulgaridade não vê nele maisdo que umavariedade de inteligência particular(3).

3. O sol tem um diâmetro correspondente ao tamanhodo péde um homem.

4. Se a felicidade consistisse nos prazeresdo corpo, teríamos de proclamaros bois comofelizes no momento em queencontram umasfavas para comer.

<ti KÓO!JOÇ:ordem, disposição, arranjo. Harmonia, para Pitágoras.<'1 Desta obra, Burnet indica 130 fragmentos, e Diels 126, mas alguns

são óbvias repetições.Optámos pelo número de Diels.<31 Outra versão: «Por isso convém seguir o que,no ente, está junto; mas

enquanto o logos é o essencial ao ente, a multidão vive comose cada qualtivesse o seu logos.»

Page 122: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 122/246

118 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

5. Procuram

7. Se os entesnannas.

8. A bela

mesmoe não nos banhamos, nas águas

exalam o odor da humidade.13. alegram-se na lama.

a

Aos noctívagos, aos magos, às ménades e aos mistas,

a quem ameaça o castigo depois da morte, profetiza o fogo,porque, isso que os homens chamam mistérios ...

14-b. Os mistérios praticados pelos homens são mistérios profanos.

15. Se não ote:re<:es1;en1os

do cânticos às cerimónia seria o acto

mais indecente, mas cumpre que é a Dioniso, aoHades, que oferecemos a loucura delirante.16. Quem poderá esconder-se do fogo, que não17. Não é como julga a maior parte gentes:

ensinada que nunca sabe o que saber.18. Não há inesperado sem o é

penoso encontrar.19. A gente, que não sabe, nem ouvir, nem dizer ..

Page 123: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 123/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 119

20. nascem,rPtPr, , rn viver descansados, as

e ver a morte; ouentregues ao

da morte.21. , vemos a morte; vemos

22. pretende encontrar oiro, mexe eremexe aterra, pouco ou

23. Sem injustiça,24. Os que morrem

homens e pelos deuses.25. Os monos

tinos.

encontrando.a

são venerados pelos

os mais brilhantes des-

26. O homem acende uma candeia, parase de

uma vez morto, também no decursoquando dorme, os parecemorto e, acor-dado, parece

27. O que espera oshomens apôs a morte não é,nem o

serva, mas atemunhos.

sabe e con-

29. Uma coisa existe que, os perfeitos desejam acima dasoutras: a eterna glóriado o vulgo farta-secomo bestas(!).

30. Este mundo, o mesmo para todos, não foinem homens; écomo sempre foi, e

mar, metadedo mar é

com moderação se extinguindoformam ode vento.

Ol Outra versão: «Antesde tudo, os mais nobres escolhem urna coisa, afama, que permanececonstante em face do que morre. Amultidão estásaciadacomo o gado.>> Kleos deve entender-se maiscomo f a m a - estar soba luz, ser considerado, surgirna r i b a l t a - do que como glória.

Page 124: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 124/246

120 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

A terra liquefaz-seretomando a formaque tinha antes dedevir terra.

31-a. As metamorfosesdo fogo são, primeiro, o mar;metadedo mar é a terra, e metade o turbilhão.

32. O uno, a sabedoria, quer e não quer ser invocadopelo nome de Zeus.

33. A lei continua a ser a de obedeceraos projectosdo

uno.34. Como surdos, os loucos ouvem sem entender, e o

provérbio é-lhes aplicável porque, presentes, é comose estivessem ausentes.

35. Os filósofos devem ser advertidosdo valordas coisas.36. Para as almas 0>, a morte consiste na' transformação

em água; para a água,na transformação em terra; mas,daterra, nasce a águae, da água, nasce a alma.

37. Os porcos revolvem-se na lama eas aves sacodem-sena poeira e nas cinzas.

38. Tales de Mileto foi o primeiro astrónomo.39. Em Priene viveu Bias, filho de Teutano, cuja fama

ultrapassou a dos outros.40. A polimatia, ou o aprender muita coisa, não aperfeiçoa a inteligência;se assim nãofosse, a polimatia teria aperfeiçoado Hesíodo e Pitágoras, Xenófanes e Hecateu.

41. A sabedoria consiste emuma simples coisa: conhecero pensamento, que ordena tudo em toda a parte.

42. Homero deveria ser expulso dos jogos, e vergastado,como fizeram a Atquíloco.

43. Maisvale uma injúriaque um incêndio.44. O povo deve bater-seem defesa da lei, comose bate

em defesa das muralhas.45. Os limites da alma são ocultos, seja qual for o cami

nho para eles, tal é formado seu ocultamento.

(I) WuxiJ.

Page 125: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 125/246

FILOSOFIA 121

46.A

o(11, mas a sua é a

morte.Entre mil pessoas,um

que as restantes.49-a. Descemos e não descemosàs

somos e nãosomos.

ma1s

50. Escutar é sinal de sabedoria; não a não àsminhas que é Uno.

51. Não como é possível que o que asi

mesmo se a estar de acordo mesmo:há um movimento de como os do arco eda lira.

52. O ( li é uma criança jogando ao gamão, o reinode uma

53. Aguerra (1 é a causa e o arquitecto todasas coisas.De uns deuses, de outroshomens, de uns escravos, deoutros cidadãos.

54. A harmonia maisdo que a visível.

55. Os objectos da minha preferência sãoos que possover, ouv1r e'-UC'-'""'''""56. Quanto ao conhecimento, os homens enganam-se

tanto como Homero, que no entanto, o mais dosHelenos.As crianças a quemse catamos piolhos enganam-nocom o dito: o que vemos e apanhamos, deixamos; o que nãovemosnem apanhamos, destruímos,

57. O mestredo vulgo é Hesíodo, que julgava ser sábio,embora fosse de distinguir odia da noite, ditoque dia e noite sãouma e a mesma coisa (41.

0 ' Bwç, (vida, arco).'21 Xpóvoç.l3) flÓÀE!10Ç.l<J Teogonia, 124.

Page 126: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 126/246

122 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

58. O bem e o mal são o mesmo.Os médicos cortam,queimam, torturam e, fazendo nosdoentes um bem que

parece mal, ainda reclamam o pagamento de honorários qunão merecem.

59. O caminho direito e o caminho curvoda espiral sãoum o mesmo caminho.

60. O caminho que sobe e o caminho que desce são ume o mesmo caminho.

61. A águado mar é a maispura e a mais impura aomesmo tempo; potável paraos peixes, é impotável e imbebível paraos homens.

62. Imortais, mortais; mortais, imortais; ,a vida é mortedos primeirose, a sua vida, é a nossa morte.

63. Do além se levantam, tornando-se vigilantes sentine-las dos vivos e dos mortos.

64. O raio dirige tudo.65. O fogo, a fome, a abundância ..66. Tudo será julgado, e devorado, pelo fogo que há-de

v1r.

67. Deus é a abundância e a fome, o dia e a noite, oInverno e o Verão; embora assuma muitas formas, à semelhançado fogo, que, aspergido por aromas, toma o nome dosperfumes que exala.

67 -a. Tal como a aranha, sossegada no meioda teia,

sente que a mosca lhe rompe a teia, acorrendo açodada, aflitaassim a alma humana, umavez o corpo ferido, acode logo,magoada pela dordo corpo, ao qual se encontra firmementeunida.

70. Os pensamentos dos homens são como brincadeirasde crianças.

71. Devemos alertar o homemque se esquecerdo seucaminho.

Page 127: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 127/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 123

72. Estão em desacordo quanto ao logoscomum e superior e, por isso, acham estranhosos acontecimentos quotidianos.

73. É necessário agir e falar, mas não ensonados0 >.

76. O fogo vive a mortedo ar; o ar vive a mortedo fogo;a água vive a morteda terra e a terra vive a morteda água.

77. Paraas almas, a humidade significa prazer ou morte;todos vivemos a morte e todos vivemos da nossa morte.

78. O caminho humano não possui sabedoria que nãoseja ado espírito divino.

79. O homem é tão criança emface da verdade, como acriança frente aum adulto.

80. A guerra é comum, a justiça é discórdia,tudo se cria

e se destrói pela discórdia.81. Pitágoras é o antecessor dos charlatães.82. Comparado ao homem, o símio mais belo é feio.83. Comparado a Deus, o mais sábio dos homens pare

cerá um símio, pelo saber, pela beleza e portudo o mais.84-a. Movendo-se, descansa (o fogo etéreodo corpo

humano).84-b. A obediência e o serviçoaos mesmos amos é fati

gante.85. É difícil lutar contraos desejos, exige o resgate da

alma.86. O divino nega-se em grande parte ao conhecimento

por falta de crença.

87. Um tolo assusta-se comas palavras.88. O que é em nós, é sempre um, e o mesmo: vida emorte, vigília e sonho, juventude e velhice, porque a passagem de estado é recíproca.

89. Há um só e o mesmo mundo paraos vigilantesde

espírito.

OJ Na ordenação usual,ao Fragmento 73 sucede o Fragmento 76.

Page 128: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 128/246

124 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

89-a. Repousa-se pela mudança.90. Todasas coisas se modificam pelo fogo e o fogo

modifica-se por todasas coisas, assim comoas mercadoriassetrocam por oiro e o oiropor mercadorias.

91. Não pode descer-se duas vezes aomesmo rio.Dispersa e une, avança e retira.

92. A Sibila que,em delírio,faz ouvir palavras enigmáticas, sem ornamentos e sem floreados,faz ecoar seus oráculospor mil anos, pois recebe a inspiração do deus que há nela

93. O deus, cujo oráculose encontra em Delfos, nemmanifesta, nem oculta. Mostra(l) .

94. O sol não franquearáos seus limites, caso contrário,as Irinias, servasda Justiça, saberiam encontrá-Ío,

95. Mais vale dissimular a ignorância, embora seja difícil, no caso de o espíritose entregar ao relaxo e à bebida.

96. Os cadáveres devem ser lançados fora maisdo que oestrume.

97. Oscãesladram aos estranhos.98. As almas farejam no Hades.

99. Apesar dos astros,se não fosse o sol, seria sempre denoite.100. O tempo traz todasas coisas.101. Procurei-me a mim próprio(2>.1O1-a. Os olhos são testemunhas mais exactasdo que os

ouvidos.

102. Aos olhos de Deus, tudo é belo, bondoso e justo,embora os homens julguem justas certas coisas e injustas,outras.

103. Na linhada circunferência,os extremos tocam-se<3>.

1o Ou seja, «dá um sinal>>;orn.tct.LVEt.Manifestar (ÃeyEw),ocultar(x6úrrm).

(l l Éôtl;'Y)OÚ!.t'Y)V É!.tEúl1J1:ÓV.I>J Ou: «Na linha circular o ponto inicial e oponto final reunidosem si,

são um e o mesmo.»

Page 129: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 129/246

FILOSOFIA 125

o seu e o seuconfiança nos aedos da rua, tomam por mestre o vulgo, igno-

maioria homens, e que só a minoria

106. que a natureza dos é uma ea mesma.

107. Os e os são más para oquando este tem alma de

108. Nunca consegui ouvir ninguém que que ase encontra fora as coisas.

110. o suce-

uv'"'"-" torna a saúde agradável, o mal o

orepouso.112. o

a fartura e a fadiga leva a

é uma virtude A

ria UJ consiste em dizer coisas verdadeiras e em proceder deacordo com a natureza, ouvindo a sua voz.

113. O é comum.114. Quem fala segundo a razão deve apoiar-se no que é

comum, assim como a cidade se apoia na lei, ou numa razãosuperior, porque as leis humanas são nutridas por uma únicalei divina, que domina, à medida da sua que a

basta e a tudo vence.115. O logos, que a si mesmo se pertence ao

espírito.116. A possibilidade da autognose e da demonstração da

sabedoria foi concedida a todos os homens.117. O bêbado titubea, e deixa-se guiar por uma criança,

por não para onde vai, e porque a sua alma se encontrahumedecida.

118. Onde a terra seca, a é mais sábia eperfeita.

(l ) Tó 0Q(jl0V.

Page 130: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 130/246

126 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

119. O carácteré oO) do

120. Os limites Poente são a Ursae,

que que os outros e que,sedeveria ir para outro123. A natureza gostade se124. A harmonia mais perfeita é semelhante a um monte

de esterco feito ao acaso.125. Se não for agitada, atéuma beberagem venenosa se

12 5 -a. Possa afortuna não vos jamais,óEfésios, para quevos convençaisde como o vosso procedi-mento infame.

126. O frio torna-se quente, o frio, ohúmidoseco e o seco húmido.

7. DIÓGENESDE APOLÓNIA(Apolónia, séc. V a.C.)

BIOGRAFIA

1. Diógenesde Apolónia foi um fisiológo de grandenomeada e, segundo informa Antístenes, foi discípulo deAnaxímenes e contemporâneode Anaxágoras.

(D. L, IX, 57)

2. O livro que escreveu começa assim: «Antes de iniciareste tratado, parece-me necessário estabelecer postulados só

(l l b.a(!!WV.(lJ Estrela alfa da constelação do Boieiro.

Page 131: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 131/246

FILOSOFIA

lidos, usando uma linguagem ao mesmo

grave>>.

DOXOGRAFIA

1. que o ar é a

2 . 0 é

127

e

L., IX, 57)

seres.

(Aécio, I, 3, 26)

(Aécío, 4,

3. As teorias de Diógenes de Apolónia eram estas: existeo ar, e um caos e insondável. '-'""'"""'J'H'-

a o ar gera os seres. Nada nasce do nada e nada

volta ao nada. A terra é esférica e situa-se no centro doUniverso.

(D. L., IX, 57)

4. As crianças, quando nascem, carecem de maslogo a tomam quando o ambiente insufla em seus pul-mões o ar (pneuma) exterior.

FRAGMENTOS

DA NATUREZA

I. Antes de começar este tratado, parece-me necessárioestabelecer postulados sólidos, usando uma linguagem aomesmo simples e grave.

2. Em resumo, a minha é a que todos os seresderivam das transformações em uma única substân-cia primordial e os seres constituem uma expressão dessasubstância, como facilmente se poderá verificar. Com efeito,se o que existe, a terra, a água, o ar e o fogo, e todos os fenómenos que surgem aos nossos se, digo, essas coisas

Page 132: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 132/246

128 HLOSOHA

3. Sem a razão, a

osà qual

primordialsena em SI-mes-

mos; nem o Inverno, nem o nem a nem o dia,nem as chuvas, nem os ventos, nem o sereno céu seriam.Quanto ao resto, se pensar como convém, tudo se

da maneira mais perfeita4. Existem provas evidentes para as minhas teses: os

homens e os seres animados vivem, aspirando o ar, que é,para eles, a alma e a inteligência, conforme demonstro categoricamente nesta obra.

a primordial se vê rejeitada, os seresmorrem e a razão evola-se.

5. Penso que a substância primordial que contém a razãoé o elemento chamado ar, que governa e ordena todas as coisas, sendo ainda o ar, na minha opinião, a própria divindade,

por se encontrar em a parte, ordenando as coisas, sobre-existindo relativamente a todas, nada existindo, absolutamente nada, que não participe do ar. O grau participaçãovaria de acordo com os seres, havendo muitos graus, jáquanto à participação do ar, já quanto à participação darazão.

Com efeito, a diversidade é enorme, já calor, já dofrio, já do seco, já do húmido, já do calmo, já do agitado, e

Page 133: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 133/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 129

esta diversidade provoca transformações e gradações infinitas,nos sentidos do gosto e da visão. A alma dosseres vivos é damesma substância, o ar, que é muito mais quente do que oarambiente, mas mais frio do que o ar que envolve o sol.Todavia, em nenhum ser vivo o grau calórico é idêntico,divergindo de ser paraser. A diferença gradual é pequena,mas suficiente para que a semelhança seja possível.

No entanto, nenhumadas coisas sujeitas a transformaçõespode diferir realmente da outra, umavez que todas participam da mesma substância primordial. Comoas transformações do ar são imensas, imensos são, e diversos,os seres vivos,os quais não têm, nem forma idêntica, nem identidade devida, nem de inteligência,em virtudeda multiplicidade degraus queas transformações implicam; todosos seres vivosexistem, sentem e entendem, em virtude da substância primordial, e todos dependem da razão.

6. O sistema circulatóriodo corpo humano é comosegue: há duas veias, que atravessam o ventre, junto da espinha dorsal e quese dirigem, uma, para a coxa direita e outrapara a coxa esquerda; sobem, depois, para a cabeça, pelas clavículas, juntoao pescoço. Destas duas veias saem outras, quese ramificam pelo corpo, partindo, umas, da veia esquerdae,outras, da veia direita. Junto da espinha dorsal encontram-seduas veias muito importantes, que se dirigem para o coração;há ainda duas mais acima, que atravessam o peito, sobas axi-las, e se prolongam atéàs mãos através dos braços.Uma

chama-se veia esplénica ou do baçoe,

a outra, veia hepática,ou do fígado. Nas extremidades, ambasse ramificam, para opolegar e para a palma da mão, de onde saem outrasveiasténues paraos dedos. Das grandes veias saem outras maispequenas, indo para o fígado, para o baço e paraos rins.As veias dascoxas fracturam-se nas articulações e expandemse na parte superior dacoxa; a sua ramificação mais importante passa pela parte posteriorda coxa, sendo exteriormente

Page 134: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 134/246

130 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

visível, por ter um diâmetro considerável. Outra veia, demenor diâmetro, passa por dentro da coxa e, ultrapassando ojoelho, desce pela perna até à planta dos pés, terminando nosdedos, tal como se verifica com as veias da parte superior docorpo, que terminam nas mãos. Das veias primárias partemveias secundárias, que se expandem no ventre e no dorso; asque se dirigem para a cabeça, e que passam no pescoço,

podem ver-se distintamente. De cada uma delas partem veiasque se ramificam pela cabeça, do lado esquerdo para o direitoe vice-versa. A extremidade das veias da cabeça fica nas orelhas. Na zona do pescoço, junto à veia grande, encontra-seuma veia menor, na qual se juntam outras veias provenientesda cabeça e que descem, pelo pescoço, até ao interior do

corpo e, de cada uma saem, sob a omoplata, ramificações quese estendem até às mãos. Junto das veias esplénica e hepática,distinguimos outras de menor relevo, nas quais se praticam as

incisões de sangria, quando uma moléstia se abriga sob a pele;se a doença se localizar no ventre, as veias utilizadas para asangria são a esplénica e a hepática. Há mais veias, que nascem nas duas anteriores, sob as mamas, havendo outras demenor tamanho, que saem aos lados da espinal medula e queterminam nos testículos. Algumas veias correm sob a pele,outras no interior da carne, até aos rins, terminando nos testículos dos machos e na vagina das fêmeas. As veias do abdómen são grandes, mas tornam-se pequenas à medida que seramificam; estas veias são as seminais, onde o sangue é maisdenso e onde, absorvido pela carne, acaba por sair para osórgãos atrás mencionados, tornando-se subtil, quente e espumoso.

7. A substância primordial existe em si e para si, é umcorpo eterno e imortal, embora tudo o mais feneça e morra.

8. Em minha opinião, a substância primordial é imensa,

omnipotente, eterna, imortal e sapiente.

Page 135: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 135/246

III

séc. VII- VI a.

GRAFIA

1. Segundo no seu" ' " ' " ~ ' " ' ' - 0era filho de Babis, natural de e foi discípulo de

Pítaco.

L., I, 116)

2. Na ilha de Siro ainda se conserva um quadrante solar,ter por Ferécides (ll. No livro

obra <<Santuários)), lê-se que o seu rezavao seguinte: <<Toda a sabedoria se resume em mim, quem desejar venerar-me I deve venerar primeiro a Pitágoras, omeiro dos Gregos I Dizendo digo a

(D. L, I, 119)

(l ) São diversas as invenções atribuídas a Ferécides e, muitas delas, aparecem também atribuídas a Pitágoras.

Quanto ao epitáfio, importa salientar que Ferécides era mais velho doque Pitágoras, tendo sido mestre deste. Se o epitáfio existiu, como refere oamor da obra «Santuários>>, ele foi, sem dúvida, redigido por pitagóricos,ambiciosos de venerar Pitágoras, que teriam por superior a Feréddes.

Page 136: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 136/246

132 FILOSOFIA

DOXOGRAFIA

1. O livro escritopor se conserva ecomeça: (1), e Ctónia são imortaisI

tomou nome da Zeus enviou umao f e ~

I, 116)

2. quemente com Cronos eCronos

124b)

fsec. a.

BIOGRAFIA

que os atenienses conquistaram.

(D. VIU, 1)2. Começou porser de Ferécides de

a morte do qual veio para Samos, ondese tornou-.u''"""'u''vHermodamas, Creófilo, que era jáJovem e emigrou e mKwu-se em os misté-

gregos e bárbaros. Tendo obtido uma de

(l l No original, forma etimológica deZEÚÇ.

Page 137: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 137/246

FILOSOFIA

aristocracia.

DOXOGRAFIA

havendo

133

enslque se tornaram

5)

quem pnme1-

em níveis,uL'" ' ' " - '"" 'U0' ou Matemá

"" '"L' ' ~ . , tinham

3. O número 1O constitui o número autêntico,gregos e bárbaros contam até 1O e, logo que chegam a estenumeral, voltam ao 1. defende que a do 1Odepende do 4, ou da seguinte: se tomarmos o 1

111 Iniciados: OL

Page 138: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 138/246

FILOSOFIA

e os números entre 1 e 4se um número superior a 4,número maior que 1O, ou tomamos o 1,mais 2, mais 3 e mais 4, obteremos 1O. Porda unidade, este número, se encontre no encon

os pitagórique nos deu a

rra-se no 4. Esta a razão

FRA

os ensinamentosde sangue, procura criar

01 A Tétrade (I + 2 + 3 + 4 = lO):

eterna>>(!).

I, 3, 8)

O VERSO DE OIRO (l )

deuses conforme o graua palavra,

que, se assim procederes, teráslei. Honra pai e mãe e parentes

entre os estranhos, esco-

(I I As regras de oiro atribuídas a Pitágoras são, ao que parece, apócrifas.Versões díspares correm nos tratados eruditos e a que escolhemos para esteestudo afigura-se se não de um espíriro cristão, pelo menos decerto estoicismo. oferece também esta versão, muito curiosa:

L Abstinência de favas; 2. Não apanhar o que está caído; 3. Não tocarnum galo branco; 4. Não cortar o pão; 5. Não passar por uma travessa demadeira; 6. Não atiçar o lume com um ferro; 7. Não comer o inteiro;8. Não denegrir um prémio; 9. Não assentar à beira do banco; 10. Nãocomer o coração; 11. Não passear nos caminhos; 12. Não permitir andorinhas no telhado; 13. Não deixar o rasto da panela na cinza, a qual deveremexer-se, uma vez tirado o pote; 14. Não olhar para um espelho, ao ladoda luz; 15. Ao sair da cama, mexer a enxerga para tirar a cova.

Torna-se curioso notar que estas normas, pitagóricas ou não, se introdu-

ziram na magia popular. Pensemos na tradição da fava e do bolo-rei, símbolos do saber e do oriente.

Page 139: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 139/246

FILOSOFIA 135

semo outro. Em vista

os mortais por divina, aprende a supor-

dor, mas procura minorizá-la na medidaque os que oprimem os homensl ! ' - J ' U ~ · ~ " nnão são tantos como à primeira vista

De boas ou de más palavras, ados outros, não deixes arrastar-te por ela, mas não

tapes os se tiveres degar uma falsidade, mantém a mas procura

as circunstâncias, o seguinte: que, nunca, ninguém,actos, te induza a contraria-

tua maneira de ser. antes de fazer,evita fúteis. Um tolo fala e age sem Enfim, senão houver motivo de procede na inversa.

Não actues sem de causa, atenta na

maneira de o melhor, eis a regra uma feliz.Procura ser come, bebe, pratica os exercícios físicos,em conta, peso e medida.

Por conta, peso e isto é, que não seja causa deoutros Pratica uma sã, foge da modorra, da

das despesas supérfluas, mas não evites aporque a moderação é uma excelente virtude. Evita os mausjuízos, reflecte antes de actuar, nunca permitas que o sono se

Page 140: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 140/246

FILOSOFIA

exame de

e os que as

natureza, emderás tempo ànada te sendo P n . r A I I " 1 > P t · r , - ,

também os vítimas dasonheceráscom

que seos

que são incapazes de

se encontram às suas mãos, nãoos bens que

desviar-se dainfelicidade. O a almaas bolas, que acolá, expostas a u u u u c v J

sofrimentos na a discórdia, essacompanheira, na vil tristeza, da se aper-cebem, embora a por ter com serevitada, não fazendo concessões às suas exigências.

Zeus, pai Universo, males tirariasombros se mostrasses aos mortais qual a dedemónios aos eles o o e w ~ c e m :

Confia, que os mortais são de linhagem

a natureza sagrada mostra-lhes e os

Se souberes cumprir, mostrarás ter

Page 141: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 141/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 137

mentos, através dos quais poderás encontrar a felicidade e liberdade do espírito. Evitaas ambições atrás referidase, sejanas purificações(!>, seja na libertação final, em que o espíritose solta do corpo, usa a razão, reflectenas coisas, eleva o pensamento, o melhor dos guias, para oalto! Se negligenciares ocorpo para ascenderàs alturas amplasda eternidade, seráscomo um deus imortal, incorruptível, terás fugido à leida

morte!(2>.

3. EMPÉDOCLESDE AGRIGENTO

(Agrigento,séc. V a. C.)

BIOGRAFIA

1. Filho de Metão, neto de Empédocles, naturalde

Agrigento.De acordo com Aristóteles e Heráclides, morreuaos sessenta anos.

(Simplício,Fisíca, 25, 19)

2. Nasceu pouco depois de Anaxágoras, e foi admiradore condiscípulo de Parménidese, sobretudo, dos pitagóricos.

(Simplício,Fisíca, 25, 19)DOXOGRAFIA

1. A necessidade é a causa que impeleos princípios eoselementosao movimento(3).

(Aécio, I, 26,1)

(I) Purificaçãoou catarse:xáBapmç.C2)O professor de língua grega e humanista, Luís António de Azevedo

publicouum a edição bilingue (com o texto grego e a tradução portuguesa)dos «Versos de OinJ». (Lisboa, 1795), abundantemente anotada. A ediçãomais recente é a do poeta José Blanc de Portugal, (Lisboa, 1988).

C3JPrincípios e elementos,ápxfuv e otOLXEi:ov.

Page 142: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 142/246

138 FILOSOFIA

sedivina das

na existência dee a terra, e nas energias

( l) uma que une, outra que cinde.ao ar à terra Adónis, en-

Nestia e a Fonte Viva significam o sémen e a água.

L 3,

5. Os elementos não existem em lugares determinados,nem constantes, uma vez que se encontram em e

transmutação.

7, 6)

01 For mas: E ' ~ ô f ! .

( ll Amor e Repulsa

Page 143: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 143/246

FILOSOFIA 139

é somente umaresto consiste na matéria inerte.

mente, sem contacto com os poros, outrosentrar.

F R A G M E N TO S

I, 5,

4, 8)

conseguem

DA NATUREZA(!)

humanos, imensoshumanos pensamentos. Os homens assistem a uma H h • < F , U H

das suas e, condenados a existência,como o fumo: cada homem crê

constantemente,

III As obras «Da natureza» IlEpLcompreendem, em, cerca

Page 144: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 144/246

FILOSOFIA

são os

o custo;nossa musa, e que o teu ~ - - " u ~ < " " " '

sempre as necessárias4. A desconfiança é

nos lábios da musa sevra ter ~ - ' " ' ' ~ " ' ' u v

5. e conserva os ensinamentos no recôndito

Zeusmenta a fonte das lágrimas

7. Elementos eternos.8. Direi mais: nenhuma coisa

para a funesta morte; há somente a síntese e a

tua

"-"''""'"''-' é um nome atribuí-mortais.

(IJ Ver deAécio"

Page 145: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 145/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 141

9. Quando os elementos assomam àluz solar sob aforma humana, ou sob a forma do animal selvagem,daplanta, ouda ave, dizemos ter havido geração;quando os elementos se separam, pronunciamos a dolorosa palavra mortpalavra que não tem justificação, embora a respeitepor pertencer à sabedoriado senso comum ..

1O . .. e faleda morte dolorosa.

11. Apenasos insensatos, por estreitezada razão, julgamque o inexistente devém existente, e que perece e que morre12. Nenhuma coisa pode gerar-sedo inexistente, e

nunca foi testemunhado, nem ouvido afirmar, que o que émorre, uma vez que o que é será sempre,em qualquer parteonde o situemos.

13. O vazio e o supérfluo não existem no todo.14. O vazio não existe no todo; de onde poderia vir algo

que o tornasse maior que o todo?15. Um sábio nunca pensará dessa forma, nunca julgará

que, enquantoos mortais vivem o que chamam a vida, existam, expostos ao acaso do bem e do mal, e que, antes de nascerem, ouuma vez mortos, não existem mais.

16. Assim como o Amor e a Repulsa já existiam antesassim existirão para sempre e nunca, julgo, deixarão de existno tempo infinito.

17. Duplo será o meu discurso: assimcomo o uno crescefundado no múltiplocll, assim o múltiplose produz pela divisão do uno. Neste caso, duplo é o nascimento das coisas perecíveis,dupla é a morte, porque em todasas circunstâncias aunião gera e mata, e em todasas coisas a divisão cresce emata, sendo infinita esta perpétua evolução.É o Amor queune todasas coisas no unoe, ao invés, é a Repulsa que separae produz. Enquanto o uno se gera naturalmentedo múltiplo,e enquanto o múltiplose constitui,as coisas nascem mas nãovivem eternamente. A evolução é infinita,as coisas prevale-

''>Unotí ~ - t Õ v á ç ,e Múltiplo IlÀÉov.

Page 146: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 146/246

142 FILOSOFIA

uno aumentou,

pela

Imensamente

o ' - ' " ' " " ' " " " " - ' ~es se cumprem e, por

e por Afrodite e, o Amor se mova em-algum dele.

os são iguais e mas cadaum tem uma função, uma natureza específica e, depara rotação, é um que no decurso

culo. Nada se gera, nada morre fora porque, se existis-sem em contínuo não existiriam agora. Que po-

rornar o todo vlfaumento?

Como perecer, uma vez não existir ovazio? Os são como sempre foram, correm uns

atrás dos outros, a todo o momento se sem se alterarem.

18. O amor.19. O Amor que une ..20. Esse combate das

nia dosenergias revelou-se na

u u u ~ · ~ w J ,que o Amor tão lesto

como as terríveis disuma para seu lado, nos confins

Page 147: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 147/246

nas.

FILOSOFIA

e morte, como acontece às árvores e aos

em suas asas!

o que é, eas árvores crescem,

a terra, o céu e o oceanoque no mundo caduco;

da homeomeria e do Amor é

amma1ságua, deuses de

Mas não permitas que

gem para as co1sas que e

Page 148: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 148/246

FILOSOFIA

até que o uno,o uno se gera no

assim dura eternana medida em que a

27. Não vemos, nem a brilhante facenem o oceano, de tal

é

nem nemigual em toda a sua extensão.

nem

30. Mas a Repulsa se levanta na e cresce, e se

lança, de cumprido o tempo que aoregresso do Amor e da em da íntima aliançaque une um à outra.

31. Os divinos uns a se-guir aos outros.

Page 149: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 149/246

FILOSOFIA 145

seres mortais, u L n a u u ' ~

lo deslumbrante, dignoE, enquanto as coisas se a Repulsa dei-

xava-se relegar para os extremos37. A terra uniu-se a si mesma, o éter uniu-se ao éter.38. Direi agora qual a primeira

se gerou o que vemos, a terra, o oceano, o are o éter, o que detém o Universo em seus bra-

ços.Se as

eram as

saídas da

mais do que uma

u H u ' - . ' " " " ~da terra eram infinitas,a darmos às

mcapazes

Page 150: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 150/246

146 FILOSOFIA

céu (!J.

é

47. ALua olhadeAo

noite.O ar é sombra da noite

50. É do mar que Íris nos traz o vento eas úbe-res.

51. O brota e eleva-sede súbito.52. Muitas a luz

diversas.

um rosto.58. Os isolados, erravam, sem eiranem beira.

e aparente dos fenómenos cosmológicos.Tambémos abundarão em elementosde física, de astronomia,de outros saberes, oferecidos segundo as dotempo.

Page 151: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 151/246

FILOSOFIA

e muitas mãos.de dupla face,

de toiro e

mem-

do Amor que,

no interiornascem o sémen cai no frio,

quando cai no quente.66 . . . . Nos recessos , c ; , , u , , u . . . _ , ~

Na mais do corpoe, os homens são morenos,

'" ' '" 'u"' ao décimo dia do oitavo mês.assumem a

sétimo, ou ao décimo meses.

água,

formas

A

nos coitos

ou ao

e as

Page 152: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 152/246

148 FILOSOFIA

72, Como nascem as árvoresmar, ,

terra, que na eDHlt:rnne,

77, As árvores conservam as

tos, cresceram,,

80,As

em

e os

os fru-

cascos,

82, A natureza dos cabelos, das folhas e das asas é amesma, tal como as escamas, que nasce1n os mem-

85, A chama recebe uma certa porção de terra,

Page 153: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 153/246

FILOSOFllA

86. Foi os mcan-

muito

uma só vista.as coisas existentes a

o amargo, o

se une ao

no

a e o que98 . . . lançou âncora nos convidativos

em harmonia de e de

sangue e os

99. A orelha parece um sino .. ramo carnoso.100. Eis como

em numerosos e

(1)

11 Ou cochonilha, insecto de que se extrai uma substância com que se

fabricam tintas vermelhas.iJI Hefestos, deus ou dos vulcões.

Page 154: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 154/246

150 FILOSOFIA

o ar,o líquido. O ar em con-

escoa-se. O mesmo se passa com o sangueao refluir, no

precipita-se na sua e,

aflui de novo, o ar é expirado.

101. Os cães farejam, com o o rasto dos animaisna ainda tenra.

o ser vivo recebeu uma de respiração ede

103. Todos os seres são de por von-Fortuna.

104. Assim como o mais leve se encontra em queda ..A nutre-se nas vagas de sangue ebulien-te, dela o que chamamos dedado que o sangue, afluente em torno

humano

dos elementos, as coisas se constituíram em harmonia e, pela harmonia, ~ - ' " ' ' ~ " u " > "gozamos esofremos.

108. Na em que uns homens são diferentesdifere de uns para os outros.

pelo éter, onura, a ternura e, pelo

Page 155: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 155/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 151

109-a. Emanações no olho ( .. ) como se fossem imagens.11 O. Se pelo pensamento aprenderes estes ensinamentos,e se os meditares com atenção, respondendoà solicitude do

teu espírito, eles manter-se-ão contigo para sempre, juntamente com outros que possas adquirir,porque a instruçãoaumenta nos homens o desejoda sabedoria, consoante anatureza de cada homem; em contrapartida,se cederesàs soli

citações exteriores, inumeráveis e perturbadorasdo pensamento, serás,um dia, abandonadopor elas, porque cada coisase uneà sua semelhante. Fica sabendo que tudo participadaprudência e possui um grau de inteligência.

111. Um dia virá em que aprenderás quaisos remédioscontraas moléstias e a velhice e a ti, só a ti, farei estas revelações. Aprenderás a travar o ímpeto dos ventos que devastamos campos, elevando-se em remoinhos; conduzirás o soproreparadore, após a chuva sombria, restabelecerás a seca queos homens precisam;e, a seguir à estival secura, produzirásaschuvas que vão alimentaras plantas. Enfim, retirarásdoHades a almado homem morto.

PURIFICAÇÚES <t)

112. 6 amigos, que habitaisna acrópoleda douradacidade de Agrigento, amadoresde nobres tarefas, amigos hospitaleiros, respeitadores das vossas pessoas, a quem nenhumdefeito mancha,salvé! Vim até vós como deus imortal, nãocomo simples mortal, cumulado de louvorese, comoé justo,caminho entre vós de cabeça engrinaldada de laços e coroasde flores! Tão depressaentro em vossos floridos palácios,neste cortejo de homens ede mulheres, logome venerais!Sou seguido pelas multidões,que me interrogam sobre ocaminho a seguir para alcançar a fortuna, alguns pretendemque lhes adivinhe o futuro e outros, acabrunhados por males

OJ Este livro, que constitui uma teoria da queda,ou da cisão, é formalmente inspirado pelas odes pindáricas.

Page 156: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 156/246

152 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

mil, vítimas de muito sofrimento, desejam ouvir palavras deconforto!

113. Para que hei-de deter-me perante estes factos, comose pudesse fazer algo de milagroso, lançando-o sobre oshomens, vítimas de enormes dificuldades?

114. Amigos meus, sei muito bem qual o motivo porquea verdade se encontra nas palavras que vou pronunciar, mas o

«élan» da crença, que arrebata as almas, é difícil para os mortais e por eles desprezado!

115. Há um oráculo da Necessidade (I>, antigo decreto deeternas divindades, selado por sólidos juramentos. Se umaalma tiver conspurcado seu corpo em momento de fraqueza,ou se tiver obedecido à discórdia, terá perjurado na impie

dade, ante um espírito que recebeu uma longa vida porherança, e errará, três vezes dez mil estações, longe dos justosassumindo, nas várias incarnações, todas as formas mortais,compelida a percorrer os difíceis caminhos da vida. Por isso, aforça do éter há-de lançá-la no oceano, o mar esmagá-la-ácontra a terra, e a terra a repelirá para as chamas do sol calcinante que, por sua vez, a rejeitará para os etéreos turbilhões.Recebida por cada um destes elementos e por todos repelida,eis que eu próprio sou uma dessas almas que, tendo fugidoaos deuses, anda aqui vagueando, rendida à furiosa discórdia.

116. A harmonia detesta a intolerável fatalidade.117. Fui rapaz, depois rapariga, árvores e ave, petxe

mudo do mar.

118. Diante desta morada verti lágrimas e solucei.119. Longe de todas as honras, da ilimitada felicidade,encontrei-me fora da casa de Zeus, voltando ao mundo dosmortais.

120. Chegámos sob esta caverna ..121. ... a região sem alegria, onde a carnalidade e o res

sentimento e muitos ouros fados, acabrunhantes moléstias,

<•>,AváYXl'J·

Page 157: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 157/246

126. A natureza os corposcom esse estranho de carne.

sam a nos montes ou emgem, entre os bosques.

128.Na

áurea,os

homens não

e os

navam tirar a vida a um ser enobres.

129. Entre eles vivia um u ~ ~ u · - · u

de notáveis

os

mas que costumamseres humanos.

questões, justamente as mes-a ou a vinte de

Page 158: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 158/246

154

óses!

FILOSOFIA

crença.134. Deus é

nem temnem de

uma inefável energia, cujo pensao Universo.

135. A lei que a parte se' - 3 < ' - u u ~ . co vasto éter e a

acabareis com essa dolorosa carnalidade?Não vedes que vos decapitais?

137. O a seu se modificou,acompanhando o com uma prece, ó

Os apressam-se a ajudá-lo durante oholocausto da implorante vítima; e o criminoso,súplicas, seu filho, e prepara

seus paços; assim como o filho o pai, os filhos e a mãearrancam a vida e devora a sua carne.138. Suprimindo-lhes a existência a

Ah, porque não desapareci para sempre num dia deantes de meus chegarem a o cnmmoso

acto da amamentação.140. Foge das folhas de consagradas aos receios!

Page 159: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 159/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 155

141. Infeliz, desgraçado, que tuas mãos não toquemnas

favas <1).142. O que não puder deleitar-se, nem nos palácios de

Zeus, portadorda égide, nem nas tenebrosas moradas deHécates!

143. Bebendoem cinco fontes com o indómito bronze ..144 .. . necessáriase torna a libertação dos pecados.

145. Porquevos

deixastes apanhar na rede de vossosdefeitos, jamais o vosso coração se libertará de plangentessacrifícios!

146. Enfim, tornam-se adivinhos, rápsodos, médicos epolíticos; vivem na terra e distinguem-senas fileiras dos deuses, cumulados de louvores!

147. Vivem sob o mesmo tecto, sentam-seà mesa dosmortais, nãosão tocados pelos sofrimentos humanos, nematormentados, nem vencidos.

148. O corpo é a forma terrena dos humanos.149. O ar é o elemento que juntaas nuvens.150.O fígado é pletórico de sangue.151. Afrodite dá a vida.

152.A tarde, velhicedo dia ..153.A terra-mãe é o ventre.154. Os véus do embrião formam-se em setevezes sete

dias.

4.ALCMÉONDECROTONA

(Crotona,séc. VI-V a. C.)BIOGRAFIA

1. Alcméon de Crotona era jovem, sendo Pitágorasjáum velhote.

(Aristóteles,Metafisica, A5, 986)

<'>Anote-se o assento pitagórico deste fragmento edo anterior.

Page 160: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 160/246

FILOSOFIA

L.,

DOXOGRAFJA

se move,

movimento(Teofrasto, Do

2. Escreveu as

L , vm, 83)3.

mentosque a fonte da saúde é a harmonia

húmido e do seco, frioele-

do

l ll Esta distinção não faz o vulgo, que diz o verbo teriade usar o verbo entender. Para perceber, basta e para entender énecessária a razão. Na maior pane dos casos, quando, em conversa, dize-

mos não perceber, queremos na verdade dizer que não entendemos.l i i Conceito de isonomia, proporção das no binário de 1:1.O conceito difere do pitagórico conceito de man«HH<d.

Page 161: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 161/246

FILOSOFIA 157

1)

que se encontracoisas divinas, sejam o a

Da 45)

FRA

l . Dasaos homens,

2. Os morrem porque não

ao fim.2-a. O homem

de

5. É maisu m

dos outros anmu1s

enquanto os animais só

do que

Page 162: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 162/246

HLOSOHA

5. FILOLAU DE

séc. V a. C.)

DOX OGRAFIA

libertaçãoque se encontrava sob

(D. L, 84)

e Filolau

(D. IX, 38)

Filolau Crotona sustenta que os corpos são quentespor não participarem do conforme demonstra pelos

seguintes argumentos: o esperma é quente, e dele se geram osseres vivos; quente, o lugar onde se deposita, o é tam-bém ora, as coisas com as mesmas características têmos mesmos atributos e, por isso, nem o elemento gerador,nem o lugar de geração, participam frio, onde o sergerado ter a mesma natureza. do ser vivo,

11 Existe uma tradução comentada, do Timeu em vu'""'l ' . 'uc;, da autoriade Manuel Maia Pimo (Porto, s. d.).

Page 163: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 163/246

159

8)

F R A G M E N TO S (n)

no cosmos com

e2. Todas as coisas são limitadas ou ""l""u'""""'

não ser, porque não são só

mentos limitados ou na natureza se ordena-ram os e ilimitados, sededuz sua Assim, as coisas reais, ....

v u u J v ~

de elementos são limitadas, e as

mentos ilimitados, são ilimitadas, enquanto as r n . n n n r . c r ' l

ambas as categorias são, ao mesmodas.

3. O conhecimento das coisas seria se tudo

o que conhecemos tem um

conhecer sem uma gnoseológica para essenúmero.

' ' 'Os fragmentos atribuldos a Filolau são cerca de vime, mas a sua autenticidade não se encontra 1 ' .a , .am.Ma.

Page 164: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 164/246

160 FILOSOFIA

Emcos, nem

u 1 , , a u u v quanto ao que não é, nemi l d . ! U J I V ! l l l " - , contida no Uni-

verso.A escala 1 compreende a

:3) , a quinta maior do que anum tom :9), havendo, entre a «hypate» (mi) e a

«mese)) uma quarta. Desta à «nete» (mi), há uma quinta eà <<trite» há uma e desta à há uma

quinta. Entre «trite» e <<mese)) um tom, e a está na

relação 3:4, a de 2:3 e a oitava de 1:2,sendo a oitava composta cinco tons e dois semitons, a

de três tons e um semitom, e a quarta de tons eum semitom.

7. A primeira

esfera é o fogo.8. O um é o

que se encontra no centro

9. Da natureza e não pelas leis.

lO. A consiste na unidade da composição e naeuritmia discordâncias.

Page 165: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 165/246

Page 166: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 166/246

162 FILOSOFIA

enquanto o dos órgãos

encontraalma.

16. De não

nem certos actos,existem pensamentos que são muito mais

EURITO DE

séc. V a.

DOXOGRAFIA ( l)

1. Não foi ainda determinado o motivo

predomina

os

números são as causas das substâncias e seres, e se o são,ou não, 1) como limites, uma vez que os pontos são grande-zas espac1a1s, Eurito afirmado que cada coisa tinha umnúmero (o o cavalo), imitando a figura dos seresv1vos com procedendo como se faz para desenhar um

ou um quadrado e, 2) por que motivo a ordem éuma escala numeral.

(Aristóteles, Metafisica, N 5)

2. Em virtude da tese que permite definir o homem pelonúmero 250 e o das plantas pelo 360, Eurito tomou 250 seixos, uns verdes, outros outros rubros, e outros demuitas outras cores, untou a parede com cal branda, traçou oesboço de uma figura de uma planta, e colocou osseixos nas diversas partes da (cabeça, mãos e outras par-

01 As noticias biográficas acerca de Eurito são de tal forma escassas, e asua personalidade aparece tão ligada à de Fi!olau, que omitimos, no seucaso, a rubrica «biografia>>.

Page 167: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 167/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 163

tes do corpo) e, uma vez os seixos dispostos, dizia representarem o número pelo qual definia o homem.

(Alexandre,Metafisica, 827, 9)

3. Alguns julgam queos limites do corpo (superfície,linha, ponto e unidade) são substâncias superioresàs docorpo eàs do sólido.

(Aristóteles,Metafisica, Z 2)4. Alguns têm dúvidas sobre o círculo e o triângulo, pen

sando que a definição destes, como linhas e espaços, é incorecta, dizendo queas linhas eos espaços estão para o círculo eo triângulo como a carne eos ossos para o homem, o bronzee a pedra para a estátua, e reduzem todasas coisas a números,

dizendoque a formada linha é a forma correspondente aonúmero 2.(Aristóteles,Metafisica, Z 11)

ARQUITAS DE T E R E N TO

(Terento, séc.V. a. C.)

BIOGRAFIA

1. ( .. ) Filho de Mneságoro,foi tambémum pitagórico.Foi ele que libertou Platão das mãos de Dionísio, que lhfazia perigar a vida, medianteuma carta que lhe dirigiu.O seu carácter bondoso era motivo de admiração de todasaspessoas e, com efeito,foi sete vezes estratega da cidade, enquanto outros cidadãos o não podiam ser mais do queumano, conforme preceituado na lei.

(0. L., VIII)

FRAGMENTOS

1. Parece-me queos matemáticos conseguiram excelentes resultadosna ciência, não sendonenhuma surpresa a

Page 168: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 168/246

164 FILOSOFIA

seres.

tocarem.nossos ou

em virtude da distância ae, outros, em virtude da alta fre-

~ · " u " ~ ~ · ~ ,uma vez que os sons muito fortes nãotal como nada se consegue entornar para

queremos entornar muitaconseguem os sentidos, parecem-nos

agudos, se nos chegarem com rapidez e e graves, se

nos chegarem com lentidão e moleza.Se pegarmos numa vara e a com lentidão e

ligeiramente, produziremos um som grave, mas se a abanarfortemente, conseguiremos um somoutros exemplos podemos distinguir os sons e

, , u a l l t v. > ou cantamos, obter um som

~ - ' " ' ' - " · ' u . v "consegui-lo com uma respiraçãomas, se quisermos obter um som grave, ou uma cv.ua .uuca.uc- . .

Page 169: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 169/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 165

silente, teremos de respirar fracamente.Um outro exemplo édado pelos projécteis: seos atirarmoscom força, vão atélonge mas,se os atirarmos sem força, caem perto, porqueosprimeiros cortam melhor o ar e,os segundos ao contrário.O mesmo se dirá dos tons: um tom produzidopor respiraçãoforte será forte e, produzidopor respiração fraca, soará demodo fraco e grave.Outro exemplo persuasivo é o deum

homem se poder fazer ouvir a grande distância, em voz alta, a curta distância em voz baixa - o que também aconteccom as flautas.Se o ar for precipitado pelos orifícios situadosperto da boca, a pressão é forte e o som resultante é agudomas, se a pressãose exercer sobreos mais afastados da boca, osom produzidoé grave.

De onde se deduz que o movimento rápido produz osom agudo e que o movimento lento o som grave. O mesmocorre nos rombos usados nas festas dos mistérios porquproduzemum som gravese movidos lentamente, eum somagudo, se movidos fortemente. A flauta rústicadá um somgrave se soprarmos tendo tapado a abertura inferior, eumsom agudo se procedermosao contrário, istoé, se soprarmos

a meio ou noutro ponto da flauta,uma vez que o ar, que é omesmo, é precipitado lentamentenum comprimento longoou impetuosamentenum comprimento curto. Torna-se evidente que, através de muitos exemplos,os sons agudos sãomais fugazes eos graves mais lentos.

2. Há três proporções musicais; a aritmética, a geométrica e a harmoniosa, que é contraposta. Há proporçãoaritméticaquando três termos manifestam a seguinte diferença por analogia: o segundo supera o primeiro na proporção em que o terceiro supera o segundo, assimse verificandocomo, nesta analogia, a relação dos termos maiores é mene, a dos menores, maior.

Há proporção geométrica quando o primeiro termo estpara o segundo, como o segundo está para o terceiro, gua

Page 170: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 170/246

166 FILOSOFIA

ou é qual,em grandeza,termo supera o terceiro. Nesta a relação

é menor e, amenor.

3. Cumprecom alguém, já por

O que não sabe investigarse descobrir a razão, estaaumenta a

monia efaz cessar a desordem, não ma1s para adesarmonia,porque só a sendo-nos possí-vel reencontrar os nossos

É por da razão que osaos pobres,porque tanto uns como os

outros esperam uma equidade futura. Norma epara os injustos, obrigaos raciocinantes àu ' - ' " ~ ' - " " ' - 1 " '

rão nadem,rem.

4.

persuadindo-os que não se mame-regressareme, aos que não compreen

a injustiça, impedindo-osde a comete-

parece, aaritmética tem predominânciao mesmo tem a geometria,por pos

u u • u • R ' ' - " demonstrativasporque consegueas outras ciências sóencontram dificuldades

de demonstração. Todavia,se a geometria falha, logo a aritmética faz as suas demonstrações, incluindo a exposiçãoformas, se éque existeuma ciência formas.

Page 171: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 171/246

I

ES EL TI

FON

a.

BIOGRAFIA

1. filho da terrae na uns, que

cuu'u"''"'"- e, outros, que teve por mestre a Boton de Atenasou a Arquelau. Escreveu poemascontra Hesíodo eções sobre os deuses. À

quarenta anos.IX, 18)

D O X O G R A F I A

1. A escola eleática, que começou com emesmo antes dele, afirma que as chamadas coisas não são

mais do que uma só.(Platão, O Sofista, 242d)

2. Teofrasto informa que de mestrede Parménides, admite um só princípio, considerando o unocomo o ser, o não é, nem finito, nem infinito, nem pas-sivo, nem activo. é de que esta tese pertencemais a outra ciência qualquer do que à física porque, 0 ~ j ' , M A ' ' ~

Page 172: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 172/246

168 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

Xenófanes, o uno é universal, o próprio Deus, e demonstraunicidade e potência divinas.

De acordo com Xenófanes, existem vários seres peloquais o poder é equitativamente repartido,mas Deus é omaisexcelso, sendo em tudo superioraos demais seres; incriado,porque nãofoi gerado, umavez que o que nasce tem de sergerado, ou porum semelhante, oupor dissemelhante.

(Simplício,Física, 5)

3. O mundo é incriado, eterno e incorruptível.(Aécio, II, 4,11)

FRAGMENTOS

ELEGIAS<l>

1. Já o chãofoi purificado e, com ele,as mãos eas taçasdos convivase, enquanto umfaz a imposição das grinaldas deflores, outro estende-nos o vaso com essências perfumadaO vaso está erguido, cheio de delícias, o vinho não perderá odor do mel, exalando o perfume das flores.

Ao meio do grupo de convivas, o incenso deixa osagrado eflúvio evadir-se, a água fresca, doce e pura abundae,junto dela,há um pão loiro, e a mesa encontra-se repleta dequeijos e de untuoso mel.Ao centroda sala eleva-se um altar,decorado com flores, e por toda a casa ressoamos cânticos eos clamores de júbilo. Em primeiro lugar,os homensfelizesadoram o deus comfrases de bom augúrio, orações castas,efectuando libações, e suplicando a graça da justiça emseusactos porque a justiça é a virtude que devemos cultivar acimde todas; nem exaltação, nem orgulho; duranteas libaçõesdeve respeitar-se a regra, de forma a que o regresso ao lapossa fazer-se sem a ajuda do escravo, a qual deve utilizar-apenas se a idade do conviva o justificar.

<t> Estas Elegias foram recolhidaspelo retórico egípcio Ateneu deNaucratise, outras, são referidas por Diógenes Laércio.

Page 173: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 173/246

FILOSOFIA

Não é a presença de um bom na nem au v u " ~ ' ucapaz de vencer no pentatlo, ou na luta, ou na

a velocidade seja mais que a- , em suma, em todas as

com que a cidadePouco significativa é a alegria que umana um dos seus concorrentes, junto às

não

01 Pematlo: conjumo de cinco modalidades ae,;nortJ,ras.salto e do disco.

grega e o

Page 174: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 174/246

170 HLOSOFIA

a umboi; eis um

a Hélade, e que

outro tema, para o procedi-Conta-se que,uma vez, ao passar

cão, no momento em que era espancadoparou e gritou: «basta, ouço gemer a alma um

os golpes desse8. Há sessenta e sete anos,

mento percorre a terrada e, antesmais vinte e cinco anos o meu nascimento.

9. Muito mais "" ' 'M'uv que um ancião.PARÓDIAS (2)

1O. o prinnpw, aprenderamem Homero ..11. Homero e Hesíodo atribuíram aos as causas

e da mortais; o o adultério e a

traição.12. atribuiu aos

seres que se vestem,como o deles.

passeio público.l)

(2) ou silas, poemas satíricos,o(ÀÀm.

certos actos

comoum corpo

Page 175: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 175/246

171

mes,geme semelhança<o.

16. Os que os e

nariz chato,os trácios dizem queos

masencontrá-las,com o

DA NA TU REZA (l )

23. Há um só senhor dos deuses ehomens, que não se parece comos homens, nem forma,nem pelo~ - ' " ' " ' c u u ' " ' '

24. Que vê o pensa o todo, ouve o25. Que governa,por vontadedo pensamento, sem

26. Que é imovível, porque não carece de27. Tudo nasceda terra e voltaà terra.

01 É importanteanotar a forma como Xenófanes entree mitologia, pondo esta em causa e esboçando uma teoriaembora criti<J,ue a tendência da

l' 1 <jl'I!OE'UÇ,sobre a natureza. Aécio não a existência destaobra. é a substância primordial,u"'''!S''"''uuo fundamemal, oposto

Page 176: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 176/246

172 FILOSOFIA

ar eas no

29. O que nasce e cresceé terra e água.30. O maré a e vento, e o não

existiria nas nuvens se omar imenso não comonão existiriamos rios eas céu. É o mar imensoquegera as nuvens,os ventos eas correntes.

31. O e aquece a terra ...32. O uma nuvem que parecedenatureza e

33. Nascemos da terra eda

e a que menunca terá a coragemde oe tem mais força.

As coisas queos morrais37. E, em certas cavernas, a

. Se Deus não tivesse o os

homens achariamos mais doces.

2. DE ELEIAa.

BIO

21)

Page 177: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 177/246

FILOSOFIA 173

2.

vieram a Atenas para assistir às

e estava jáquase branco, mas era

um

DOXOGRAFIA

1. Contra

são a~ ; ; u u ~ ' " ' · "são falsas, porque toma o ser em

o utilize em várias e anão é válida, porque como únicos as coisas bran-cas. O ser, significado branco, não leva as coisas

uma vez que, nem pela comi-

o branco será uno.

o branco e o seu sujeito, sem 1ssopara do branco, de

diverso, uma vez ser conceito que o branco e o seuse distinguem. não chegou a este

I, 185b)

2. teve razão contra ao sustentar

que o todo é finito, do centro.

3. Deus é imutável,

I, 7, 26)

Page 178: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 178/246

174 FILOSOFIA

4. e Demócrito afirmaram que se pro-necessidade, que consiste numa

e providência mundo.

L 3)

1, 2)6 . 0 é eterno e

H, 4, l l )

FRAGMENTOS

DA (I)

1. Os corcéis que me transportavampara o onde a minha almaLançaram-se os corcéis na

tando o através de todas as e assim me

taram, para o me os hábeis ginetes que puxa-vam o meu carro (2).

Meus passos eram orientados Incandescentenos cubos das moviam o carro, o eixo ouvir ogrito estridente quando as de Hélio, saindoda nocturna para me à luz, deixaram

cair mãos os véus que lhes os rostos. Eis asque abrem para os caminhos da Noite e do em

01 Cremos conveniente salientar a dualidade proposta deParménides: a via da aparência e a via da verdade, i. e., a e ado mistério, a do e a do ser.

( li Alegoria da humana, puxada por dois corcéis, umSobre o sentido iniciático do poema, cf Pedro da Silva

Lusíadas, IX-X e o Poema de Parménides», in Bmtéria, 112 (1981),420-431.

Page 179: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 179/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 175

dintel, em baixo, a soleira, em pedra. Erguida no éter, a port

é fechadapor robustos batentes, e a Justiça,que reprimetodas as faltas com violência, guardaos ferrolhosde duplofecho.

Agradáveis,as ninfas aproximaram-se, e logo persuadiram a Justiça a afastar o ferrolhoda porta. Os batentes abriram-se solenemente,os gonzos deslizaram nos chanfros, guarnecidos de cobre, reforçados de cavilhas e grampos.Em frente das portas, sobre a larga estrada,as ninfas conduziram o carro eos corcéis. A divindade recebeu-mecom benevolência, tomou a minha mão direita, apertou-ana sua, edisse: <<Benvindo sejas, jovem, a quemas imortais aurigastrouxeram, tu, a quem este carro trouxe à nossa morada!Não

foi uma sorte funesta(!>, que te guiou para estas paragens, masim o amorda Justiça eda Verdade. Deves ser elucidadosobre todasas coisas, jádo coração incomovívelda Verdade,já das humanais opiniões. Não deve dar-se omenor créditoàsopiniões, mas devem conhecer-se para que, pelo estudo, saibamos qual o juízo a fazer da opinião. Afasta o pensamentdessavia, e não deixes que o hábito televe a olhar para estecaminho às cegas, às surdas, dizendo palavras insensatas!Aplica a razão para responderes ao enigmade que falei, àcoragem s6 restaum caminho; medita o que se subtrai à visãoe o que deixa ver-se! Não lograrás cindir o serda sua continuidade, quenem se dissipa, nemse une.

2. Pois bem, vou falar, escuta e retémas minhas palavras,nas quais aprenderásas duas viasda indagação; a primeiraafirma que o Seré, e que o Ser não pode deixarde ser, sendoesta a via da Verdade(2), que faz a certeza; a segunda afirmaque o Ser nãoé, que o Não-seré, sendo esta viaum estreito

(IJ Motpa. Cf O conceito de moira na tragédia grega, de António Freire,Braga, 1969.

(21 Conceitode aÀ:IÍ8Elh,conotada a revelação.

Page 180: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 180/246

176 FILOSOFIA

aprender, uma vez que o Não-

é para de O)

3. Ser e pensar são um e o mesmo.4. a ausência

presença, não ser, nem

para o a

7. Não tens de temer quetrar que o Ser não é e, por

ao tema volta-

e pennão é, e

libertada mesma forma para

caminham,

COirJSI<Cieraç'o à palavra ouvires sobrepassíveis deomo os

1 - ' " ' " ' ' d " Y · de como o Ser é e também de como é impossível o Não-ser.de uma confiança segura é a de a revelação.

O segundo: como o Não-ser não é e, quão necessário é. Este,portanto, conforme manifesto, é uma vereda que não se pode interrogar,

não se pode conhecer o Não-ser, uma vez que é inacessível, nem sepode demonstrar com ""'J"v''"""'·

12l C / Carmo Silva, Da Visão ao

Critica da e sua><uvuL" ' ' ' "v Simbólica», in utaa:rtea.tzr;:,

Page 181: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 181/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 177

8. Um só caminho nosf i c a - o Seré! Existem miríadesde sinais demonstrativos de que o Seré, incriado, imperceptível, perfeito, imóvel e eterno, não sendo ilícito afirmar que oSer foi, ou que será, porque é Ser a todo o instante, uno econtínuo. Qual a sua origem? Quaisos meios do seu crescimento? Não, não permitirei que afirmes, nem que penses, oSer devir Ser, em virtude do Não-ser!Nunca se poderá dizer,

muito menos pensar, que o Ser nãoé, pois, se a sua origemfosse o Não-ser, que necessidade o teria feito Ser, antes oudepois? O Ser é incriado, imprincipial, oué, ou nãoé, absolutamente sendo, ou não sendo!Nenhum argumento meconseguirá levar a pensar que o Ser pode devirdo Não-ser!Assim a Justiça não abrandeas suas cadeias, e não permitamais, nem o nascimento, nem a morte, mas mantenha o quede mente firmese afirma! Em vistade tanto, o juízo é postoem facedo dilema: ou o Seré, ou o Ser nãoé, logo se tornando evidente que, sendo impossível pensar o contrário,sedeve abandonar a via impensável e inominável,por não sercorrecta,de onde nos ficarsó uma, a viada Verdade. Comopoderia oSer vir aser? Como poderia ter sido?Se passou a

ser, não era;se foi, não é; eis como se destrói a geração, ecomo se anula a corrupção!O Ser é indivisível, idêntico asi mesmo, não cresce, por

que o crescimento é contraditórioda sua unidade; não mingua, porque, uno,se encontra pleno de Ser; contínuo, o Ser écontíguo ao Ser.

O Ser é imóvel, travadopor possantes liames, não tem,nem princípio, nem fim, nem geração, nem corrupção, portudo isso repugnar ao conceito de Verdade que nos convence.

O Ser permanece idêntico a si mesmo, em si mesmo,para si mesmo, imutável, imovível, porque a poderosaNecessidade o mantém preso em seus limites. O Ser não éinfinito, porque,se o fosse, teria carênciado finito. O pensar

e o objecto do pensar(a percepção e isso em virtude do que

Page 182: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 182/246

178 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

há percepção) identificam-se(IJ. Sem o Ser, talcomo foienunciado, não poderíamos pensar, não havendo nada fdo Ser, considerando que a Necessidade oordenou uno eimóvel. Poresse motivo,as coisas são simples nomes atribuídos pelos mortais,na sua incredulidade. Nascimento e morteSer e Não-ser, mutabilidade e alteração das cores maravilsas!

Havendo um extremo limite, o Ser é perfeito, parecuma esfera perfeita, equilibrada.O Ser não tem, nem excesso,nem carência, a sua continuidade é imutável, não sendo maqui, e menos acolá. O Ser é inviolável. O ponto, a partir qual é idêntico asi mesmo, tende paraos seus limites.

Termino aquias palavras dignas de crépito eas reflexõessobre a Verdade. Atenta agora nas opiniões<2> dos mortais,ouvindo a ilusória harmonia dos seus discursos.

Na sua ideia,os homens distinguem duasc ~ t e g o r i a sdeseres, nominável, uma, inominável, a outra, quese manterialonge do conhecimento. Pensam encontrar-se formalmenopostase, por isso, lhes apuseram diferentes atributos.De umlado, o fogo, cuja labaredase eleva ao ar, o fogo auspicioso,subtil, idêntico a si mesmo, mas diferentede outro; e, deoutro lado, o contrário do fogo, a noite obscura,esse corpopesado e espesso. Em seguida, exporeias relações prováveisentre ambosos elementos, de forma a que o teu pensamentnão se deixe ultrapassar pela opinião.

9. Dado que tudo se chama dia e noite; dado que a ene

gia, derivada dos elementos, corre em todaselas;

o Universoestá simultaneamente pleno de luz e de trevas, mesmo nahavendode comum entre ambas.

1O. Conhecerás a substância do céu,os astros, os efeitosluminososdo puro fogo solar e a sua origem. Saberás quaisas

fúteis fases lunares e a sua natureza.

Ct) Aceitámos a interpretação de Heidegger.C2J Doxa, oposra aaleteia.

Page 183: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 183/246

179

a terra, o

1sso começoua existir.

12. Como os anéis mais estreitos se encontram deestão os anéis nocturnos,

como, entre se encontra a

Eros.14. Como a lua

e15. contempla os raios15 -a. A terra,16. Como o

que governa o corpo e os

gência e a natureza

e

eróticas, a sediferentes, outros

ras com19. ponto vista

é, o que nasce e o que morre, as co1sas a que anomes próprios.

cnou

a

para

Page 184: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 184/246

180 FILOSOFIA

3. MELISSO DE SAMOS

séc. V a. C.)

BIOGRAFIA

L, 24)

DOXOGRAFIA

l . um Universo idêntico a si

mesmo, uno e pleno. O movimento não é uma ilusão.aos deuses, não ser necessária uma explica-

uma vez que são

L , 24)

2. O cosmos é

(Aécio, H, I , 12)

3.A é a mónada eterna e

1,7,27)

4. incorre em ao concluir queo que tem um princípio, e que o nãotem princípio. O

princípio eme isso tanto se refere à cria-

Page 185: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 185/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 181

unidade do ser não é específica, a menos que esta não sejauma unidade específicada matéria.

(Aristóteles,Física, I, 18 5b)FRAGMENTOS

DA NATUREZA OU DO SER <J>

1. O ser sempre foi e sempre será porque, se ames de sertivesse sido, deveria não ter sidoe, se não era,não poderia vira ser. O que devém, eé, sempre foi, não tem,nem princípio,nem fim, sendo infinito; se deviesse, teriaprincípio, teriacomeçado,em certo instante. Senão começa,nem acaba, massempre foi e será, não tem,nem princípio,nem fim, poisuma coisa não é totalmente se assim não for.

2. Porque é sempre, asua extensão é infinita.3. O que tem um princípio,ou um fim, não pode ser,

nem eterno,nem infinito.4. Se não fosse uno, teriade ser limitadopor outro.5. Sendo infinito é uno. Se houvesse dois seres,nenhum

deles poderia ser infinito,uma vez queum seria limitado pelo

outro.6. Por isso, o cosmos é eterno, infinito,uno e contínuo;não é aumentável, nem diminuível, nem internamente mutável, nem sofre, nem se desgosta.

7. Sujeito a tais características, não seriauno, podendotornar-se outro, igualmente contínuo, porque o anteriorsucumbiria ao posterior e o Não-ser passaria a Ser. Se o cosmos tivesse mudado, em dez mil anos, nemque fosse apontada unha, o cosmos teria perecido, deonde se infereque éimutável,uma vez que aordem (cosmos) anterior não perece,nem o Não-ser devém Ser.Quando nada seaumenta e nadase subtrai, riem se verificam alterações,como poderia o Sermudar? Se algo se tornasseoutro, o cosmos teria sido alte-

(tl IlEpL cp'Í50EWÇií :rtEp( 'tOÜ O'VtOÇ.

Page 186: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 186/246

182 HLOSOFIA

não porque, se não seria cosmos, tendoem vista que o que sofre nãoda de um são.

se alguma coisa entrar, ou ser nãomas, se não puder entrar, nem ser introduzida, háPor o Ser é uma vez que o vazw

não existe e, pleno, é imóvel.8. Eis a prova dos nove em como o Ser é uno, emboraoutras provas, como as seguintes: se houvesse

seres, seria necessário que cada um como o Ser. Seforem seres como a terra, o ar, o ferro, o oiro, omorto, se os demais que oshomens verdadeiros; se depreendemos, é necessário que todas essas coisas se mante-nham sempre tal qual as vemos pela primeira vez, sem modificações, como sempre Ora, nós que a

a inteligência são justos, mas o calor torna-seo e o o vivo morto,

ou o nascer não-vivo.Tudo se modifica, permanece: o

puro que seja, usa-se no dedo, tal como o a etodos os outros corpos sólidos. A terra e a rocha transfor-

mam-se em nem o vemos, nem o conhece-mos. Em não existe a menor coerência;

Page 187: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 187/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 183

dizemos quehá muitas formas eternas, e sólidas, mas o quevemos altera-se e transforma-se.

Por conseguinte, é necessário afirmarque não vemoscom verdade, que todasas coisas nos surgem falsamente porque, se fossem verdadeiras, não mudariam, conservar-se-iamcomo puramente são, umavez que só a verdade triunfa.

9. Ora, na transformação, o que morre é o que aparece.

Se houvesse pluralidade de seres, todos seriam comoum sóSer.1O. Se o Seré, só pode ser uno; sendo uno, não é corpó

reo, porque,se tivesse corpo, teria partes e não seria uno(I>.

Se o Serse divide, morree, em movimento, o Ser nãoé.

4. ZENÃO DE ELEIA

(Eleia, séc. VI-Va. C.)

BIOGRAFIA

1. Zenão de Eleia era filho de T elentágoras e filho adoptivo de Parménides, seu discípulo e protegido.No Sofista,Aristóteles diz que Zenão inventou a dialéctica.

(D. L., IX, 29 e 57)

2. Passando agora ao eleático Palamedes(2), por acaso

não sabemos que falava com tanta arte, que a mesmacoisaparecia, aos seus ouvintes, ora de um modo, orade outro, emunidade e diversidade, ora imóvel, ora móvel?

i' l Corpo:crfu1-1a; partes:1-1€poç.12J Cognome de Zenão de Eleia.

(Platão,Pedro, 261d)

Page 188: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 188/246

184 FILOSOFIA

D O X O

sucessivamente aumentadoem duas Neste caso,nunca é pelocausas que impedem a dicotomia.casos se conclui que o limite é u h u ~ ' " ' > ' > '

sível em partes

se o existe em

LU

A terceiraencontra de

em movimento se

u"'''-1"'-''" no argumento de que o

239 a)

Page 189: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 189/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 185

FRAGMENTOS

DA NATUREZA <t>

1. Sem extensão, ouno não existiria mas, se existe, cadaparte deve possuir uma certa extensão euma certa espessura,devem situar-se a alguma distânciada outra, o mesmo sepodendo dizer sobre a outra, porque também esta teráuma

extensão e alguma outra coisa pr6xima dela. Dizer istoumavez, ou dizê-lo sempre, é o mesmo, poisnenhuma parte seráúltima, e o uno não pode ser comparado a outro; por isso, seas coisas constituemuma pluralidade, devem ser ao mesmotempo grandes e pequenas, pequenas a pontos de não teremgrandeza, e grandes a pontos de serem ilimitadas.

2. Se o serfosse adicionado a outra coisa, não a tornariamaior, porque nenhuma coisa pode ser maior pela adiçãodoinfinito,de ondese segue que o aumentoé nulo. Mas,se forsubtraído a outra coisa esta não fica menor, tal como a anterior não fica maior. Assim, se demonstra que nem o aumentonem a diminuição têm qualquer significado.

3. Se as coisas sãouma pluralidade, todasas coisas deve

rão ser múltiplas, nem a mais, nem a menos: ora, sendo assimtão múltiplas,elas serãoem número finito.Sendo uma pluralidade, serão em número infinito,por-

que, entre elas, haverá outras e, entre estas outras, muitasoutras;de onde todas serem em número infinito.

4. O m6vel nãose move, nem no espaço ondese encontra, nem no espaço onde nãose encontra<2>.

(IJ De acordo com Proclo, julga-seque os argumentos de Zenão contra apluralidade seriam quarenta, mas apenas quatro chegaram ao nossoconhe-cimento.

(Zl A interpretação da teoriado movimento, de Zenão,é magistralmentefeita por Aristóteles, emFísica, Z9. Leonardo Coimbra, na obraA razão

e>.:perimental (Porto, 1923) efectuauma profunda exegese dosmesmosargumentos.

Page 190: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 190/246

Page 191: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 191/246

ES IS

L LEUCIPO DE ABDERA

séc.V a.

BIOGRAFIA

1. Eleia, ou deZenão.

(D. L, IX,

2. Epicuro e Hermaco garantem que nunca existiu umfilósofo chamado alguns, como o epicurista

o mestre de Demócrito l l l .

L., IX, 34)

DOXOGRAFIA

1. Pensava que todas as coisas eram infinitas e se transformavam umas nas outras; que o uno era vazio, mas plenode substância; que os mundos se formavam quando esta substância entrava no vazio, e se que, do seu movimento, e da aglomeração, se geravam os astros; que o sol semove em um imenso círculo, em torno da lua; que a terra émantida no centro movimento de rotação, parecendo--secom um tambor.

111 Kirk e Raven aceitam o ponto de vista de Teofrasto,teria escrito o Mega diacosmos, e, Demócrito, o

Page 192: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 192/246

188 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

Foi o primeiro a sustentar queos átomos eram a origemde todasas coisas. O Universo é ilimitado,uma parte é plena,outra vazia.Os elementos eos mundos do Universo são infinitos e volvemaos seus elementos primordiais. Formam-pela divisãodo infinito em muitos corpos, que sejuntam novácuo e que,uma ve:z juntos, originam um turbilhão, chocando e rolando em todosos sentidos, apósos que se juntamde novo, em virtudeda homeomeria. Como,em virtude doseu grandenúmero, têm um equilíbrio instável,os corposmais finos dirigem-se para o vácuo exterior, comose tivessemsido passados ao crivo;os demais ficamno centro, onde formam uma sólida e esférica massa. Esta massa, de começocomo queuma membrana.

(D. L., IX, 34)

FRAGMENTO

2. Nada acontece em vão, mas tudo acontecepor determinação deuma causa, e deuma necessidade(ll.

BIOGRAFIA

2. DEMÓCRITO DE ABDERA

(Abdera, séc. V a. C.)

1. Natural de Abdera, ou de Mileto, foi discípulo doMagos e dos Caldeus, que Xerxes ofereceu a seu pai, seguinforma Heródoto.Com eles, ainda criança, teria aprendida teogonia e a astrologia.

(D. L., IX, 34)

Ctl Este fragmento vemem O. L., IX.

Page 193: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 193/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 189

2. Ele mesmo nos diz ter escrito o «Micro diacosmos»no ano 730 da conquista de Tróia. Segundo Apolodoro, terinascido cerca da octogésima Olimpíada.

(D. L., IX, 41)

3. Trasilo compôsum catálogo das obras de Demócrito,em forma de tetralogias, como fizera com Platão.

(D. L., IX, 45)

DOXOGRAFIA

1. As teorias de Demócrito sãoas seguintes:os átomosestão na origem de todasas coisas, no vácuo, etudo o mais

que se pense é mera hipótese.Os mundos são ilimitados,incriados, mas perecíveis; o Ser não devém do Não-ser, nem este retorna;os átomos existem em grandeza e em quantidades inumeráveismovimentando-se em turbilhão, deles segerandoos compostos, o fogo, o ar, a água e a terra, que sãocompostos por átomos incorruptíveis efixos. O visível é meraprojecção de imagens, tudo se processa em função daNecessidade, o turbilhão é a causa cosmológica, que se identifica com a própria Necessidade(!>.

O maior bem consiste na eutímia, ou felicidade, diversado prazer, embora muitos julguem que não; a felicidade éumestado de repouso e de paz de alma, a qual, na felicidade, senão deixa transtornar, nempor receios, nempor superstição,nem por afectos.

O direitoé uma invenção humana,os átomos e o caosexistem por natureza.

(D. L., IX, 24).

<llNecessidade:AvàYXTJ• que aparece igualmenteem Parménides enou

tros pré-socráticos.

Page 194: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 194/246

190 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

2. Os átomos são divisíveis e asua divisibilidade éeterna.

(Aécio, I, 16,2)

3. A alma é mortal, morre com o corpo.

(Aécio, IV, 7, 4)

4. A percepção e o juízo ocorremquando as imagensestimulamos sentidos.

(Aécio, IV, 8, 1O)

5. Para outros, como Demócrito, o céu eos astros têm aNecessidadepor causa, pois delaprovêm o turbilhão e o

movimento, que teriam cindidoos elementos, constituindo aharmonia que vemos no cosmos. Particularmente estranhele sustentar que, nemos vegetais,nem os animais, são gerados pela Necessidade, mas pela natureza, pela razão, ou outra causa de semelhante efeito.Ou seja: não importa o quenasce em virtudedo destino,do sémen, mas sim o quefaznascer uma oliveira,ou um homem. Por outro lado, julgaque o céu eos mais divinos dos seres visíveisse geraram aoacaso, tendouma origem diferenteda dos animais e vegetais.

(Aristóteles,Física, II, 196a)

FRAGMENTOS

DE OBRAS DETERMINADASI-11. Etica

1 b. Tritogenia (l )

2. Os objectivosda reflexão são três: pensamento, discurso e seriedade.

<'l Epíteto da deusa Atena, segundo os pitagóricos nascidado Ternário.

Page 195: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 195/246

FILOSOFIA 191

2. c. Da tra

e da inutili-

IH-IV. Física

5. i. So as átomos

6. O homem deve quão afastado se encontra da(! )

dede iro

8. Veremos como se torna embaraçoso u"-"'"''"" a natu-reza da existência.

8 b. Provas

9. De facto, de verdadeiro aprendemos, porque osurge apenas em fortuitos, conformedo corpo e as influências que nos atingem.

1O. Não podemos saber o que é, ou não é, conforme já

10 b. Da

11. Existem duas vias gnoseológicas, verdadeira uma,

falsa a outra. A alsa pertencem a visão, a o olfacto, o

ll l Referir este fragmento às teses de Parménides.

Page 196: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 196/246

192 FILOSOFIA

de tactear,as coisas mais mesquinhas, é

intervém a via que, essa,X-XL Das artes

16 a. Da

18. O queumpelo sopro divino, é uma

20 a. De Homero

DE OBRAS INDETERMINADAS

30. Muitos protestam contra oque

designamospor ar, afirmando que, acima dequem delibera, quem quem quem quem remasobre o cosmos.

31. A medicina cuida dos males corpo, a filosofiatrata malesda alma.

32. O acto sexual éuma breve apoplexia: ohomem sai

homem, cinde-se e separa-se,como que sob o efeitodeuma pancada.

33. A natureza e a pedagogia estão próximas; a pedaggia transforma ohomem e, por isso, criauma segundanatu-reza.

34. O homem é um pequeno Universo(li.

(l i Ou seja, um microcosmos:MlXjOÓÇ XÕO"l!OÇ.

Page 197: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 197/246

FILOSOFIA 193

MAS (t )

35. Quemcomo proceder em as

evitando as más acções.37. procura as virtudes

con-tenta-se com os mortais.

38. O dever é evitar a injustiça e evitar a nossa

39. Ou somos ou imitar osde virtude.As e as não

que só é carácter e pela sabedoria.

41. Evitar os erros, não por temor, mas por42. Manter a calma na adversidade é uma boa acção.43. Quem se arrepende erros, salva-se.45. O injusto é mais infeliz do que a vítima.46. A maior virtude consiste em suportar a insensatez

com paciência.47. Quem cumpre a lei, e quem acata a e a

sabedoria, tem perfeita noção dever.48. O homem honrado não evitar a maledicência.49. A vale menos é insuportável.50. O que se corromper pela será sempre

indigno.51. Na arte da persuasão, a palavra vale mais do que

OlfO.52. Quem deseje mostrar a razão a um insensato, perde

tempo.53. Há muita gente que, sem o razoável, obe-

dece à razão.

01 Uma noção geral sobre as Máximas: atribuídas a Demócrito, é

que muitas sejam de redacção mais tardia; algumas chegaram atésendo da autoria de um certo Democrato.

Page 198: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 198/246

194 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

53 -a. Muita gente de boas palavras pratica más acçõe54. Os loucos são sábios, em virtudeda sua infelicidade.55. Devemospôr zelo, não nas palavras, mas nas acções

para sermos coerentes.56. É necessárioum dom natural para conhecer e pos

suir a virtude.57. A qualidadedo gado prova-se pelo vigordo corpo, a

do homem prova-se pelo carácter.58. As esperanças dos justos são possíveis;as dos insensa

tos, impossíveis.59. Não podemos aspirar à arte e à sabedoria sem muit

estudo.60. Critiquemosas nossas acções, antes de criticarmosas

dos outros.61. O bom carácteré o princípioda vida honesta.62. Evitar a injustiça não basta;é preciso não a desejar.63. O louvor das boas acçõesé belo; só o manhoso, ou o

mentiroso, aprovamas más.64. Há muita gente disfarçadade sábia, sem a mínima

ponta de razão.65. O objectivo a atingir deveser o culto da razão e

nunca a polimatia.66. Mais vale pensar antesde actuar,do que lamentar a

acção.67. Não confiarem toda a gente, mas só nos que mere

cem confiança. Confiar em toda a genteé sinal de ingenuidade; confiar em quem é digno, é sinalde bom senso.

68. O homem digno revela-setanto nas acçõescomo nasintenções.

69. A bondade e a verdade são universais, mas o agradvel variade pessoa para pessoa.

70. Quem deseja em excesso, éuma criança, e nãoum

adulto.71. Os prazeres intempestivos acarretam desgostos.

Page 199: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 199/246

72. oo

80. A

FILOSOFIA 195

que

mas,

imitar os

mos os nossos assuntos.81. A à deve-

res.são os que fazem em

em actos.das conveniências é causa de

quem

86.

que a SI mesmose

massa-era.89. O inimigo não é o

é, o que nos a90. O é muito mais do que o

a mas convémser e

Page 200: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 200/246

FILOSOFIA

92. Os

multiplicarmos.ser aceitescom a

acautela-te,a

os

são

em

sem olhar a quem, e

do que a amizadede muitos.99. Sem um amigo, a vidaé inútil.

sensato, é mais

100. Quem vê os amigos afastarem-seé porque tem maugénio.

1O . Muitos se dos amigos,quando estes caemna pobreza.

102. A temperança é universalmente o abuso e atimidez desagradam-me.

103. não ama não é amado.104. O velho jovial, mas sisudo, merecetodo o respeito.105. A belezado corpo é uma virtudedigna das bestas,

se a inteligência anão sublimar.106. É fácilencontrar uma na felicidade; mas é

difícil encontrá-lana adversidade.107. Na família, amigos autênticos, sãoos desinteressa

dos.107 -a. Se somos homens, não mofemos

humanas,bem dignasde

108. A bondade é penosa encontrar,enquanto adade nos fere,quando menos esperamos.

Page 201: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 201/246

FILOSOFIA

a Atenas, e ninguém mesabemos da verdade, porque a

o fundo abismo.

197

calar

àestás a ser

118. A posse uma origem dos seres épreferível ao reino da Pérsia.

119. Os têm da fortuna uma tal imagem, queela se tornou um mau motivo para justificar imprudências,porque a só por mero acaso, é da

120. Na maior parte das vezes, a sensatez e a

tentam levar-nos ao bom caminho.121. Um homem é como os e todos os

homens são como um só homem.125. A cor existe por convenção, tal como o doce e o

amargo. Pobre razão, que torna a sério os e seserve deles para a calúnia! A sua vitória é a sua

126. As lagartas ondulam ao deslocar-se.127. Os homens desejam a do prazer, como

desejam a repetição do amor (!) .

144. A música é urna arte nova. por excesso e nãopor carência.

145. A é a prisão acções.

III Na catalogação tradicional há este salto do fragmento 127 para o 144.

Page 202: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 202/246

146. o a tirar os prazeres SI

mesmo ...Os porcos no esterco.

148. No ventre materno,regra contra a ressaca e as correntesamarra que va1 nascer e

recer.

para

se

o éter.153. É insensato ter a154. Há imensas coisas nas

existe tanto como existe «qualquer coisa>>.

157. A ciência certos homens,

no processo,

Page 203: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 203/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 199

condenaria abertamente a alma. Pois, não levou ela o corpo

miséria,por ser negligente? Nãofoi ela que, em seus enervamentos o tornou maisfraco?Não foi ela quem o corrompeu,por volúpia?

Quando um instrumentose encontra em mau estado,cumpre condenar o utente e não o utensílio.

160. Viver mal, sem razão, sem moderação, sem respeito

pelo sagrado, não é vivermal;

é morreraos

poucos.164. Os seres associam-se em funçãoda espécie:os pombos aos pombos,as aves às aves e, assim sucessivamente, omesmo se verificando quantoaos seres inorgânicos e inertes,como podemos observar na crivagem dos cereais, ou nasrochas, sujeitas à ressaca.Com efeito, em virtudedo turbilhão provocado pela crivagem,as lentilhas separam-se e juntam-seàs lentilhas,os grãos de cevada aos grãos de cevada,osde trigo aos de trigo;por outro lado,em virtudedo mesmoturbilhão,as pedras oblongas são roladas nos locais onde existem pedras oblongas,as redondas onde há redondas, como sea homeomeria dos objectosos levasse a juntarem-se unsaosoutros (!>.

165. Eis o que tenho a dizer: ohomem é o que todossabemos.166. Certas imagens atingem ohomem, sejam boas,

sejam más; o desejo visaas imagensda felicidade.167.Um turbilhão de átomos cindiu-sedo todo <2>.

168. A natureza é constituídapor átomos, projectadosem todasas direcções.

169. Quem não quer ser ignorante, não deseja sabertudo.

170. A felicidade e a infelicidade são fenómenosdaalma.

1'1Este fragmento é muito feliz porque, nele, de forma imagística, oautorexpõeas suas teorias sobre a origem e evoluçãodo Universo.

121 Turbilhão de átomos:ôlyoçEtÔÉoov.

Page 204: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 204/246

200 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

171. A felicidade não consiste na posse,nem de reba

nhos, nem de ouro, porque a causa da felicidade reside alma.172. As mesmas causas que trazem o bem,podem trazer

o mal, embora nos ofereçamos meios paraos evitar. A águaprofunda é útil, mas perigosa, porque nos podemos afognela; para vencer o perigo, temos de aprender a nadar.

173. O homem julga queos males se geram nos bens,quando não sabe orientá-los; no entanto,os bens verdadeirosnão podem ser misturados comos males, mas podemos servir-nos dos bens para evitarmosos males.

17 4. O homem corajoso sente-se impelido à justiça, àobediência, sabe sempre em que consiste a alegria, encont-se pletórico de energia e vive sem pesadelos; pelo contrárquem nãofaz casoda justiça, nem cumpreos deveres, encontra-se sujeito à tristeza, e quando, mais tarde, fizer o balanda vida, ficará cheiode receios e de tormentos.

175. Hoje, como ontem, os deusesconcedem aoshomens todosos bens, negando-lhes a maldade, o perigo e preconceito, muito embora seja para estes queos homensse

precipitam,por cegueira e loucura, queperturba as suasalmas.176. A fortunaé magnânima, mas incerta; o carácter

depende apenasdo carácter. Porisso, as vantagensdo carácter, embora pequenas, são certas e constituem promessas esperança.

177. As boas palavras não apagamas más acções, masnenhuma boa acção será apagada pela calúnia.178. A frivolidadeé o pior que pode ensinar-se a uma

criança, porque a frivolidade provoca desejos e desenvolveperversidade dos apetites.

179. Se as crianças forem orientadas paraoutra actividade que não seja o trabalho, nunca aprenderão,nem as artes,nem a leitura, nem a música, nem o atletismo,nem a honra,

Page 205: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 205/246

FILOSOFIA 201

porque o sentimento da

gera-se na prática180. A educação é um

para os infelizes.181. o c . v " " ' ' - l L ' " " e ao bom senso

o homem que, u c . ! A a . u ' - • v -

não procedeu

a cumprir os será recto,em casa e na rua. mostra-se corajoso e

por impulso da razão e da consciência.182. A sabedoria não se senão através das dificul-

por s1 mesmasesforço, mas obrigam os fracos a

tanto é

as mes-exigem grande

forma

como dosporque a idade não a sabedoria. No entanto, uma educa-ção à natureza faz os sábios.

184. A companhia assídua maus desenvolve a pro-

para o vício.185. A esperança sábios vale mais do que a certeza

amizades.

corpo, porque a cor-rige o corporal, mas a força corporal, isenta de senso,é impotente para aumentar a beleza

188. O prazer e o nojo são limites da utilidade e da inu-

189. O homem tem em viver com o máximoe o mínimo de tristeza, o que se torna fácil, se não

importância às coisas caducas.

190. Omitamos referências às nossas más acções.

Page 206: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 206/246

202 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

191.A tranquilidade da alma provém da moderação doprazer e dos costumes. A carência e o excesso provocammutações aborrecidas e perturbações psíquicas; agitadas potais mutações,as almas desequilibram-se e intranquilizam-see, por isso, dêmos a nossa dedicação ao possível, contentemo-nos com o presente, desprezemos a inveja, a cobiça, e evitemos pensar nelas. Tenhamos presenteos desgraçados, pensemos nas suas misérias, de forma a que o nosso estado e nossa sorte nos pareçam dignos e invejáveis; deixando de querer o que não devemos, deixaremos de nos atormentar. Quemadmire as riquezas e julgueos outros felizes, e não deixe depensar nisso, será sempre impelido a imagi!).ar novos expedientes, novas tentativas, empurrado pela ambição de infringir as leis. Não desejemos o que não nos pertence, dêmo-nosatisfeitos comas nossas posses, pensemos na nossa felicidade,comparada com a infelicidade alheia; não nos julguemos madignos de sorte queos outros, e veremos a nossa felicidade.Se seguirmos este modo de ver, viveremos tranquilamente pouparemos muita desgraça, como a inveja, a cobiça e o ódio

192. O elogio é tãofácil como a calúniae, tanto numcomo noutro caso, o mau carácter tem ensejo de revelar-se

193.A prudência consiste em evitar a ofensa e na sensibilidade bastante para evitar a vingança, depois de recebida ofensa.

194. As grandes alegrias devem-se à contemplação dasobras de arte.

195. As estátuas harmoniosas, que nos convidam à contemplação, são destituídas de alma.

196. O esquecimento dos pecados causa a temeridade.197. Os tontos preferemas regalias da riqueza mas,

quem conhece tais regalias, prefereos privilégiosda sabedona.

Page 207: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 207/246

FILOSOFLA 203

receio morte.200. Os tontos vivem sem a de viver.201. Os tontos mesmo sem

202. Os tontos ma1s que eque têm na mão.

que evitar a morte, porir ao encontro

Os tontos nunca

205.Os

tontos querem viver por temor da morte, masnão temem a

206. Por temor

207.s1m.

208. ofilhos.

os prazeres,

é o para os

209. A noite nunca é curta para quem come pouco.210. A sorte sortida; a

uma mesa que

ou doou

213. A coragem atenua os azar.2 não é somente o que vence os é,

Há quem governe e

pen-

sarnento; a

Page 208: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 208/246

204 FILOSOFIA

216. A e merece honras

mawres.217. Os deuses.218. A

219. o

e os tormentos.P < r. n P < t r.

é um golpe nalucro é o da perdição.para os herdei

o seu carácter.corpo estão à mão a

sem e sem sacrifício; as que exi-gem esforço e sacrifício, e que entristecem a vida, são as da

alma, não as corpo.224. ma1s até o que já

tem, como acontece ao cão de225. O é dizer a

com226.A mas é difícil

quando mostrar a227. Os avarentos têm a sorte das abelhas: trabalham,viver eternamente.

avarentos, que crescem na ignorância,são como na punhais; se não dançamcom acerto, morrem.

torna-se difícil cair no sítio previsto, porque oespaço para a queda é muito pequeno. Eis o que acontece atais uma vez libertas da tutela e da parcimónia pater-nas, dissipam.

229. A economia equandovirtudes

no momento

c•JAlusão à fábula de Esopo.

positivos,e o homem de

Page 209: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 209/246

FILOSOFIA 205

230. Uma semé um longo caminho sem

234.saúde, porções; no entanto, pore são apetites.

lhe

a

235. Para quem encontra prazer na satisfação do ventre,sem regra, excessl-

vas sexuars, as são breves, durando

dura a comida e a bebida.Como acarretam contratempos, fazem nascer

sem cessar os desejos que, uma vez logo aO instante de prazer absorvido é a única v a n t ~ g e m ,

porque novos desejos são suscitados a seguir.

236. A luta contra as tendências é árdua, mas a vitória édo sensato.

237. A inveja é inócua, porque, ao querermos ooutros, perdemos o nosso.

238. Caímos no descrédito e no se nos compa-rarmos ao mais forte.

239. Os juramentos maldosos, em circunstân-cias adversas, são logo quebrados, uma vez o perigo240. As tarefas voluntárias tornam-nos aptos para

enfrentarmos as tarefas impostas.241. Um trabalho constante torna-se suportável por

força do hábito.242. As pessoas que são honestas, são-no mais por

do que por exercício.

Page 210: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 210/246

206 FILOSOFIA

que os outros tenão cometessem os

não existiria para servir de " " " M ~ ' "

vivessem a seu porque acórdia.

246.

aceitarem a

em terra alheia ensina-nos a uepeJila,erUm de

masnão

e a derrota

e nela se encontra~ ~ ' ~ " ' ~ ' ~ ' atudo defende e, perdida,

Page 211: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 211/246

FILOSOFIA 207

o interesse

com estaregra: os maus não é U H H " ' U ~

púbico exija a sua258. A morte

preço for, sem

justiça, mais mais259. O que a lei nos

venenosas, acho

tanto, teremos

nos e emforma de

260.

a a certos animais e às

que deve ser aosnão houver legislação em

ser suprimido. No en-em santuá

contra esta

a sua morte,o cnme.

261. Devemos socorrer, enquanto éa sevícias, dando-lhes Tal éassim não faz, é

Page 212: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 212/246

208 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

262. comete faltas passíveis deou de outra pena, condenado semsua contra a lei, graças a

fraqueza.homenageia quem o merece, mostra ser

Não sintas mais vergonha diante outrosdo queti; evita que o teu comportamento seja revelado;a ti mesmo e segue esta norma: vencer a vergonha

265. Os lembram-se mais dos mausdo que dosbons tratos e com razão porque,var quem paga o que deve, é castigar oquedever. A mesmanorma se aplica aos funcionáriosu u u u " v ~

que para serem dignos, e nunca para daremmaus ~ A • " u ' ' - " ' J 0

266. Actualmenteas ofensasà magistratura são inevitáveis, mesmo a magistratura excelente. O facto de uhomem estar sujeito a magistrados de nomeação é male, por

devem ser tomadas disposições para que o cidadão ínt

gro, por severas que as sentenças contraos réus, nãocala a alçada dos réus.Uma lei, ou uma disposição espe-cial, evitarque o magistrado seja passíveldo ressenti-mento dos réus.

267. A chefia pertence ao melhor.268. O a lisonja e não a bondade.269. A é princípioda acção; a fortuna é mestra

dasescravoscomo dos membrosdo corpo,

um para cada fim.271. A mulher amada olvidaros arrufosde amor.272. encontraum genro, encontraum filho;

encontraum mau genro, perde uma filha.273. A mulher é mais atreitado que o à impru-

dência eà impulsividade.

Page 213: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 213/246

i

I

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 209

274. O laconismo é um ornamento na mulher; aliada aolaconismo, a simplicidade é já beleza.

275. A educação dos filhos é tarefa ingrata, mesmoquando bem sucedida, porque, além de muitas canseiras,pode não resultar e ser origem do pior.

276. Não aprovo a procriação, porque ter filhos acarretamuitos perigos e poucas alegrias, as quais, ainda por cima, são

pequenas e insignificantes.277. Quem necessite de descendência, o melhor que tem

a fazer é adoptar o filho de um amigo. Dessa forma, terá umfilho, como deseja, escolhido a gosto, respeitando as aptidõesnaturais que vir no adoptado. A única diferença é esta: pelaadopção, escolhemos um filho ao nosso gosto, mas, se tiver

mos um filho mesmo nosso, ficaremos sujeitos ao pior, porque teremos de o aceitar tal qual a natureza no-lo deu.278. Os filhos parecem uma necessidade da natureza e

um velho costume. Se considerarmos os outros animais, a leitorna-se evidente: o que obedece à natureza propaga a vida,mesmo sem esperar proveito; uma vez nascidos, os rebentoscarecem de alimentação, causam temores, e os país sofremcom o que possa acontecer a seus filhos, porque o instintoassim determina. Só o homem, por lei, pode tirar algum proveito da prole.

279. A distribuição de bens entre os filhos deve ser meticulosa, como se a sua distribuição fosse a entrega de um prémio. Ao mesmo tempo, os ftlhos devem ser vigiados para nãogastarem o dinheiro; tal é a forma de lhes ensinar a economia,fazendo-os rivalizar uns com os outros. O que se entregacomo prémio é difícil de gastar, e os ganhos em comum trazem mais alegria do que os lucros privados.

280. Mesmo sem gastar muito, é possível educar osfilhos e dar-lhes uma protecção às suas pessoas e aos seus

bens.

Page 214: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 214/246

210 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

281. Quando ocorre um ferimento, a gangrena é temível; tambémas riquezas devem ser temidas, por provocarem adesarmonia entre a naturezahumana e a sua duração.

282. O uso reflectido do dinheiro é útil, permite a liberalidade e o bem público.Quando irreflectido, éuma penainsuportável.

283. Pobreza, riqueza! Nomes que escondem a necessidade e a saciedade. Quem sofre de carências não é rico, quemas não sofre, pobre nãoé!

284. Se desejares pouco,esse pouco te será dado e parecerá muito, porqueas ambições moderadas tanto fortalecem ariqueza como a pobreza.

285. A vida humana é frágil,dura pouco, é perturbada a

todo o momento pela fatalidade e pela necessidade; porisso,devemos moderar o desejo de bens e avaliar a pobrezaemfunçãoda necessidade.

286. Quem não se preocupa com o que não tem ese ale-gra com o que tem, é um sábio.

287. A pobreza pública é mais lamentáveldo que a

pobreza envergonhada; onde a desgraça é geral não hásocorro a esperar.288. Há males de família eda vida, cornohá males do

corpo.289. Quem não ligaàs necessidades da vida éum louco.290. Pela razão, procuratriunfar do sofrimento edo

temperamento da alma, paralisada pela dor.291. Dignodo sábio é saber padecer a pobreza.292.As esperanças dos loucos são insensatas.293. Quem tira prazerda desgraça alheia não sabeas

vicissitudesda sorte, que não escolhe; e,por isso, não temdireito a serfeliz.

294. A força e a beleza são privilégiosda

juventude, masa velhice é o nascimento da esperança.

Page 215: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 215/246

FILOSOFIA 211

295. O velho já tàí novo, embora o não

um bem mais do que um

A velhice amortece os e,

em que v1vem a

a morte,na consciência.

Page 216: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 216/246

Page 217: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 217/246

s FÍSTI

L DEABDERA

séc. V a.

BIOGRAFIA (! )

informa

IX).

DOXOGRAFIA

l. Mito Epimeteu e Prometeu.Houve tempo em que existiam mas não as espé-

cies mortais. Quando chegou o momento assinalado pelodestino para a criação mortais, os formaram-noscom uma mistura terra, de fogo, e de outros elementosa 0 , ' V ' - H R ~ V 0à terra e ao fogo, nas telúricas, Quando

a ocasião de os fazer vir à luz, os deuses incumbiram

(I I Uma nota, discutível, sobre os sofistas:<<Chamam-se sofistas os que a sabedoria à venda a troco de di-

nheiro dos alunos» (Xenofonte, I, 6, 13). Na tradição maisantiga, o substantivo sofistês significava o o homem A partirdo de Protágoras e de Górgias, a palavra passa a o pro-

fessor que ensina a troco de honorários.

Page 218: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 218/246

214 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

Prometeu e Epimeteu deos proverem das qualidades apro

priadas, mas Epimeteu solicitou a Prometeu que lhe deixassfazer, sozinho, a partilha das qualidades.«Quandoacaba r- disseele - tu virás observar».Satisfeito o pedido, Epimeteu procedeu à partilha, atri

buindo, a uns, a energia sem a velocidade, a outros, a velocdade sem a energia; deu armas a uns e recusou-as a outros

aos quais concedeu outras possibilidades de defesa;aos quemostravam pouca corpulência, deuasas para voar e para buscarem subterrâneos refúgios;aos corpulentos, bastar-lhes-ia acorpulência. Aplicou este processo de compensação a todososanimais,no sentido de evitar a extinção das espécies criadas.Todavia, quando lhes atribuiuos meios para. evitar a mútuadestruição, pretendeu ajudá-los a suportaras estações de Zeuse, por isso, lembrou-se deos revestir de espessos pêlos e defortes peles, bastantes paraos protegerdo frio e do calor edestinadas, ainda, a servirem de coberturas naturais durante sono. Além disso, deu-lhes,por calçado, sapatos de corno epeles calosas, desprovidas de sangue; mais lhes deu, ainda, almentos variegados, consoanteas espécies: a uns, ervasdo

chão, a outros, frutos das árvores, a outros, raízes; a algundeu outros animais como alimento, limitando a fecundidaddos comedores e multiplicando a das vítimas, para assegurar continuidade das espécies.

Todavia, Epimeteu, pouco reflectido, tendo já esgotadoas qualidades a partilhar, verificou que ainda lhe faltava a raç

humana, e ficou sem saber como haveria de resolver o problema.Entrementes, Prometeu veio observar e viuos animais

bem providos de tudo, enquanto o homem se encontrava nudescalço, sem cobertura e sem armas, embora o dia em que homem deveria surgir naface da terra, já estivesse próximo.Não sabendo que inventar para compensar o homem, Prometeu roubou a artedo fogo a Hefestos e a Ateneia, porque, sem

Page 219: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 219/246

FILOSOFIA 215

o

suae essa crença era um

e, por isso, o homem ergueuem virtude da ciência, veio a arti

os nomes, a inventar as casas, o vestuá

a agricultura. Com tais recursos, os

e as cidades nãoa sucumbir aos dos animais

que os homens que,para fazer a guerra aos animais

não tinham ainda a ciência política, a arteguerra.

Nesta ordem desistema de segurança,quando se reuniam,rem da ciência

tentaram reunir-se e criaram umfundando as cidades; no entanto,

mal uns aos outros, dado carecevoltavam a separar-se e

encarregou Hermes

e a que deveriam regrar

Page 220: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 220/246

216 HLOSOFIA

ou

namtença de uns

pela o homem semnado, por constituir um perigo para a

(Platão, vrntt1J7t'Jrll.\ 320)

FRAGMENTOS

1. Da v e J ' a t J ~ a e .ou (! )

O homem é a medida de todas as coisas,e das que estão na sua natureza,explicação da sua inexistência.

Para obter a instrução, é necessano possuir vocação eprática, e o deve começar-se na adolescência.

3. Dos 131

os nada posso nem que existem,nem que não porque muitas coisas nos impedem de

111 'AJdj6eta: ~ xm:apáÀÀOVtEÇ Àoym.(lJ MÉya:çMyoç.' ' 1 I l tp t Srwv.Anotar que o substantivo 8eóç também significa objecto

de culto ou de adoração.

Page 221: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 221/246

FILOSOFIA

entre se contam,

tema e, em

2. DE

séc. Va.

BIOGRAFIA

1. - A

Sócrates - Nesse caso, atua- ... e de bom

mar-me o que, na deSócrates - É isso mesmo.

-Chama-me , orador.

DOXOGRAFIA

e a prudência;e a para

assemelha-se àpia, chamando quem lhequem deve.

2. No livro

s

217

Vlf

encarar omembros.

1 ' Este texto foi-nos transmitido por Sexto Empírico(Adversus mathema-ticos, 65) e tem o título original de nepl1:oií ~ 1 1Õvtoç 1í n/:p( ' t ~ Ç

cpÚOE'\JÇ.

Page 222: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 222/246

218 FILOSOFIA

argumenta

se ou é ser, ou ou ascoisas ao mesmo tempo; mas o ser não é mais do que o Não-ser - Por é e o Não-sernão é porque, se o Não-ser não é, é e não é ao mesmoporque, se pensa como ser, não é e,

não é, ser contraditório ser e

Por conseguinte, o Não-ser não énão é, estas são

que o é, segue-se que oser não é. o Não-ser não é porque, se o ser é,necessário se torna que ou criado, ou ou mcna-

não tem origem e o que não temSe é é não estando em

se está em alguma oe, então, o ser não é

que um outro o o continente é maior do que o con

maior do que o infinito, de ondeo situar-se em

O infinito também não é limitado em si mesmo e, nessecaso, o ser é duplo, por ser, ao mesmo o limite e olimitado, o continente e o e corpo, uma vezque onde está é o lugar e o que tem em si é o corpo. Por con-

o ser não é em si e, se o ser é é infinito; seé infinito, não está emalguma, não existe. Se o ser éum momento e, nativesse criado, ou teria H"-· ' ' " ' 'uv

Não-ser não nasceu, porque, se existe,. . - ~ ~ ~ u ater nascido; não

seja o que for,

existiu sempre, e nãoporque este não

razão de que o

Page 223: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 223/246

FILOSOFIA 219

etanto, o ser é

da existência e, por-

o ser nãoser incriado e

se a U U H U H

nasceu e, nãoque o ser não é, nem

se existe, ou é um, ou é como seonde se que o ser não existe.

Se é só um, tem extensão e,ou um corpo; em qualquer

não é só um porque,tese, corpose é corpo, terá três características, agura e de seexiste sem possuir tais atributos; por

Também não é múltiplonão há, porque a

e, se admitimos a unidade,

não

onde se conclui que nem o ser nem o Não-ser existem.

à inexistência de ambos, é fácil deque, se o Não-ser é tanto como o ser, o Não-ser ée, por nenhum deles existe, uma vezNão-ser não existe e que o ser é o mesmo que o

o ser não existe.No entanto, como o ser é ao o ser nãoser uma coisa e outra, porque, então, não seria idêntico

a si mesmo; se é idêntico, não pode ser ao mesmotempo; de onde se segue que o ser não existe, como oNão-ser nem os dois em conjunto, e se nem uma coisa nemoutra são conclui-se que nada existe.

Da mesma maneira importa demonstrar

algo, esse se afigura ' H ' - " - ' J o ; · ' " ' ' ~ ' " ' '

" " ; " ' u u u v ~ " v ' " ' ' " - " ·o que pensamos não existe e, por o ser

Page 224: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 224/246

220 FILOSOFIA

não o que se explica muito se pensarmos que uma coisa é branca, mesmo que possamos pensar o

por lSSO

o serv - . ; ; u ~ . o . u • L J ,importa

que não existe verdadeiramente. ser é impensável!O que pensamos não existe verdadeiramente

se pensa tudo o quemos, o que constitui umapensarmosmar, queincorrectoexiste em

n r . n P r n n . o < ver o OUV!f onão ser audível, nem o

visível, por um a um sentido, em

se julga; assim, o que pensamos, ainda sem o vermos, nemouvirmos, existiria, por ser conhecido por um sentidoquado.

Se pensarmos poderem os carros rodar sobre o mar,mesmo sem os vermos, é porque efectivamente há carros

rodando sobre o mar - o que é absurdo! Conclui-se,maneira, que não podemos, nem pensar, nem conhecer o sere, mesmo admitindo que o poderíamos conhecer, ele continuaria incomunicável, as percepções visuais, auditivas

externos - o visívelda audição - não

comunicar o que em si mesmo é imperceptíveLsignificação que usamos é a palavra, mas a

Page 225: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 225/246

FILOSOFIA 221

somente a

não

necessária. Podemos ter a certeza que não

sena o mesmo do visível e do audível, uma

vez que a palavra é e existe, nos revela oque é dado e o que existe; se a é dosoutros dados e os corpos visíveis são diferentes da palavra,porque o melOonde apreendemos alar a maiorrem a sua natureza.

o visível é diverso dessede onde a palavra não nos reve

coisas dadas; de onde estas nos oculta-

São estas as dificuldades propostas por e que, namedida do possível, fazem cair por terra as provas emda teoria do conhecimento porque, como o ser é incognoscível e incomunicável, não provas a sua existência.

(Sexto Empírico, r ~ a u n - , u . \mtl tn 'P»UJ . t

Page 226: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 226/246

222 FILOSOFIA

3. ICO DE CEOS

(Ceos, séc. V a.

BIOGRAFIA

1. Ceos ganhou a vida a comentáriosos

(D. L ,

de Ceos

3. De é necessário

D O X O G R A F I A

1. O Pródico ocupou-se também da virtude numtratado que escreveu Héracles. Em resumo, e tanto

me fê-lo da seguinte<<Consta que Hérades, sendo

sentado a repousar, hesitando ana é nesta que os começam a depen-der de si mesmos, e já denunciam se vão optar vício ou

virtude.Ao seu encontro vieram duas mulheres: uma de

simpática, vestida comde outra,

111 Texto transmitido por Xenofontenos efeitos que o pensamento de

Pródico deixou várias obras, das.PÚOE'liÇ,entre outras.

Atentar

Page 227: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 227/246

FILOSOFIA 223

deu: « meus am1gospara meaproximou-se a outra mulher e

« - Venho ao teu encontro, Hérades, e sei oacerca de teus e de ti

de te ensinar estouçada em que o meu caminho, o qual leva a e

feitos, e que, a ti, eu brilhar aos

merecendo a

Page 228: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 228/246

224 FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA

Ao dizer-te para escolheres o prazer segundoas regras divinas,não estou a enganar-te; revelo a pura verdade, tal comoé,sem tirar nem pôr.

«Os deuses não concedemaos homens, nem a bondade,nem a beleza, sem muito esforço e semmuita dedicaçãoe,por isso, se desejasas graças divinas, deves começar por lhesprestar o devido culto; se desejas ser estimado pelos amigosnão deves regatear a estima; se pretendes a distinção políticatens de ser útil à cidade natal;se desejas ser admirado pelavirtudeem toda a Hélade, tens de ser útil à Hélade;se querescolher abundantes frutosda terra, tensde cultivar a terra;se achas bom ter muitos rebanhos, tensde ocupar-te dosrebanhos; se pretendes alcançar a glória na guerra, obtendo

consideração dos aliados e a derrota dos adversários, tens daprender a arteda guerra junto de quem sabe, efectuandotreinos regulares; enfim, se queres ser robusto,habitua ocorpo a obedecer ao espírito, obriga-o a tarefas que façamcorrer o suor pela tua fronte!»

Logo veio de novo a Volúpia que,segundo Pródico,comentou: « - Não vês, Héracles, como é penoso e longo ocaminho da alegria, pelo qual estamulher tenta levar-te?O meu caminho para a felicidade émuito mais curto!».Nisto, replicou a Virtude: « - Miserável, quais sãoos teusbens? Que compromissos desejas estabelecer, quandoas tuasrazões não merecem sequeruma palavra?Nem sequer esperasque surja o desejo da bondadee, muito antes de ele surgir, játu tentas satisfazê-lo!Fazes comer quem não tem fome, beberquem não tem sede! Para conseguires esse corpo tentadocomandas os cozinheiros; para ingerires inebriantes vinhoscomprasas produçõespor alto preço; no pinodo Verão, corres por montes e valesà procura de um pouco de neve; paraestares confortavelmente deitada, precisas de fofos cobertore

e de repousantes colchões, e de belos leitos;e, no entanto,quando recolhesà alcova, não é para repousar,uma vez teres

Page 229: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 229/246

FILOSOFIA 225

o que é o

mente à envergonhadosacabrunhados, ao pensarem no que ter

a sua esvai-se de prazer emé passada a tentar olvidar os males

«Sou eu quem ajuda os e osconselhos! perigo vem deles, nem nem

aos homens! Sou a mais veneradaentre os

e oshomens

são da maior importância! Sou aartistas, a fiel guardiã dos lares, a

dos servos, a mensageirana guerra, a melhorgos os manjares e as e

o apetite os não incomoda; eles têm um sonoma1s que os

por teremnão negligenciam os os regozijam-se com os

elogios dos os velhos sentem-se glorificados com as

da juventude e lembram-se comdas suas belas acções, nas continuam a encontrar

motivo de prazer!

Page 230: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 230/246

226 FILOSOFIA

4. DE

(Élis, Séc.V-IV a.

BIOGRAFIA

1. Sócrates - Eu te Há quan-to da tua presença!

muito Sócrates. Sempre queÉlis tem assuntos a discutir com outra cidade, sou o primeiroentre a ser para mensage1ro, porque me con-

o mais hábil, tanto para como para pronun-

numerosas asobretudoà Lacedemónia,onde tive de tratar,

por vezes, negócios, o que meu u v M . u u visitar avossa com maior frequência.

Sócrates - Essas missões, Hípias, são

prías sábioe virtuoso.pagar

Page 231: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 231/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 227

. aos jovens, aliás, mais preciosasdo que o dinheiro que tepagam ...<o

(Platão,Hipias Maior, 281b)

2. Hípias de Élis ( .. ) vangloriava-seperante toda aGréciade nada haver queele ignorasse, tanto do que falamosagora, e quefaz a educação deum homem livre e de boa

linhagem - geometria, música, belas-letras, poesia - comoda física, dos costumes, dos negócios políticos.O anel quetrazia, o manto que vestia,os sapatos que calçava, até issoeleconfeccionara por suas mãos.

(Cícero,De Oratore, III)DOXOGRAFIA

1. O semelhante é por natureza parente do semelhante,mas a lei, tirano dos homens,é muitas vezes contrária à natureza.

(Platão,Protágoras, 337 c)

2. Como tomar as leis a sério, como acreditar ser necessário cumpri-las, seos próprios legisladoresas infringem emodificam?

(Xenofonte,Memoráveis, IV, IV, 14)

3. O queé belo, o que é precioso,é saber, com arte ebeleza, pronunciar peranteos tribunais e perante o conselho,

peranteos magistrados que julgam o nosso caso, um discursopersuasivo, cujo resultado seja, nãouma pequena retribuição,mas a nossa salvação pessoal, a da nossa fortunaou a dos nossos amtgos.

(Platão,Hipias Maior, 304 b)

nJ Platão escreveu dois diálogos sob onome de Hípias:Hípias Maior(acerca do Belo) eHípias Menor (acerca da Falsidade).

Page 232: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 232/246

Page 233: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 233/246

GLOSSÁRIO E ÍNDICEDOS PRINCIPAIS NOMES PRÓPRIOS

CITADOS NO TEXTO

Page 234: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 234/246

( a n t . ) -

Page 235: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 235/246

Abdera (geog.) - C i d a d e da Trácia, onde viveram Demócrito e

Protágoras.Adónis (mit.) - Nome helenizado do deus babilónico da fertili

dade, T amus, através da base hebraica Adonai, que significatambém !avé e <<meu senhor». As festas do deus, ou Adónias,eram celebradas no solstício do Verão, em Atenas, desde os finsdo séc. V a. C. Empédocles identifica metaforicamente a Terracom Adónis.

Aécio ( a n t . ) - Autor de uma doxografia, Opiniões, datando provavelmente do séc. II da nossa era.

Afrodite (mit.) - Deusa do amor, mãe de Eros, corresponde àVénus romana. Também nomeada por Cípria e por Páfia, ouseja, pelos nomes dos templos da sua invocação. Era-lhe consagrado o dia de sexta-feira.

Agenor (mit.) - Presumível antepassado fenício de Tales. Rei de

Tiro e pai da Europa. Quando Zeus raptou a Europa, Agenormandou os seus sete filhos libertá-la, não podendo regressarsem a terem libertado. Um dos filhos, Cadmo, fundou acidade de Tebas, na Beócia.

Agrigento (geog.)- Cidade da costa meridional da Sicília.Alcméon de Crotona ( a n t . ) - Cf III, 4.Alexandre (ant.) - A u t o r da obra Sucessões.

Amínias (ant.) - Discípulo de Pitágoras, contemporâneo deParménides.

Anaxágoras de Clazómenas (ant.) - Cf I, 4.Anaximandro de Mileto (ant.) - Cf I, 2.Anaxímenes de Mileto (ant.) - Cf I, 3.Antístenes ( a n t . ) - Sofista, séc. V-IV a. C., continuador do magis

tério platónico, autor de um tratado sobre a educação, dissen

tiu de Platão, acusando-o de a teoria das ideias constituir umaideia vã. Presumível criador da filosofia cinista, postulou que afelicidade deriva da virtude e, esta, da filosofia.

Page 236: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 236/246

232 FILOSOFIA

viveu no séc. I a. C.( m i t . ) - Filho da deusa Tétis e de um

o rei dos e um dos chefes aqueusa Tróia. Desejando

I : U l H ~ m - vnaSficou de fora e, nesse

do mas o calcanhar de

Aquiles é mais tardio que o herói.Ares (mit.) - Deus da guerra,

ncclduou: vestido de

- 0

obras.Arquelau de Atenas I, 5.Arquíloco - Poeta, natural de Paros, séc. VII a. C.

de T erento 7.à Diana dos Romanos,

outra difira. A grega aparecee a romana armada de arco,

cultuada em Atenas, protectora dacostumava ser associada ao culto da água, de onde o

atributo de que lhe aparece "IY''"""uv.

Babe (ant.) - P a i de Ferécides de Siro.

Biasde

Priene (ant.)- F i l h o de Teutamo, foi

porSátiro, como um dos sete sábios. Segundo Laércio, teria escritoum poema de 2000 versos sobre a Jónia.

Blóson (ant.) -Presumível pai de Heradito.Boton de Atenas - Presumível mestre de Xenófanes de

Cólofon.

CadmoCalcídica

fundador de Tebas.

Page 237: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 237/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 233

Calímaco (ant.} - Poeta doséc. IV-III a. C., naturalde Cirene, ehistoriador.

Calfope (mit.}- Musada épica, da lírica eda eloquência, mãe deOrfeu e das Sereias.

Catânia (geog.)- C i d a d e marítima da Sicília.Centauros (mit.}-F iguras híbridas de homem e de cavalo, pare-

cem significar a luxúria.Ceos (geog.)- I l h a grega das Cidades.Cícero( an t .} - Escritor romano,séc. I a. C.Cípria(m i t . } - Cf MroditeCleantes (ant.} - Poeta e filósofo doséc. IV-III, a. C., sucedeu a

Zenãona escola do Pórtico(estóica}.Clemente de Alexandria (ant.}- T i t o Flávio Clemente, primeiro

sábio cristão, natural de Atenas eautor, entre o mais, da

Stromata, obra em que apresentaos filósofos antigos como preparadores evangélicos.Cleobulina( a n t . ) - Mãe de Tales.Cleóbulo de Lindo (ant.}- Filho de Evágoras, descendente de

Hércules.Corinto(geog . ) - Cidade grega, a nordestedo Peloponeso.Creófilo( an t .} - Tio de Hermodamas, mestre de Pitágoras.

Crono (mit.} - Figura mítica alusivaaos fenómenos atmosféricos.Crotona (geog.)- C i d a d e da Itália meridional.Ctónia (mit.}- A erra, origemdos mitos crónicos.

Damáscio (ant.} - Filósofo neo-platónico, séc. Va. C., autor deuma obra sobreos Principias.

Damásio (ant.} - Arconte de Atenas, contemporâneo de Tales.Delfos(geog . ) - Localidade grega da Fócia.Demétrio de Falera (ant.) - Discípulo de Aristóteles, governador

de Atenas e polígrafo.Demócrito de Abdera( a n t . ) - CfV, 2.Diochaito( a n t . ) - Discípulode Pitágoras.Dfocles (ant.) - Discípulo de Pitágoras, é citado por Platão, no

Fédon.Diógenes de Apolónia( an t . ) - Cf IV, 5.

Page 238: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 238/246

FILOSOFIA

Laércio - Historiadordo séc. III da nossa era,autor da obra sobreas vidas e as dos mais célebres

e fonteda filosóficatica.

Díon ( a n t . ) -

citado naCarta

Dionísio de Sicília

séc. a. C.

siciliano contra ode Platão.

de

- Tirano de Siracusa e autor

é

Dioniso - Deusdo vinho eda natureza em geral. Omito éde trácia e o seu nome ter-se originadoem dióscu-

r os.

Dixio - Presumível pai de Xenófanes de Cólofon.

- Cidade jónica, agora turca.(geog.)- C i d a d e do litoral do Mar Jónio, no

Empédodes de Agrigenw m, 3.Epicuro - Filósofo grego, natural de Samos, séc.

a. fundadordo «Jardim», deu o nomeao epicurismo.Epiménides (ant.)-Companhe i ro de Pitágoras na viagem a Creta,

autor de várias obras.

Epimeteu - U m dos irmão de Prometeu, marido dePandora, dequem houve Pirra, mulherde Deucalião.Equécrates - Pitagórico, natural de Pleios.Érebo (mit.) - Mito cosmogénico, filho do Caos eda

transformadoem foi lançado no Hades, por ter tomado opartido dos Titãsna luta contra Zeus.

Erineus( m i t . ) - Fúrias,ou deusesda vingança.Eros (mit.) - Mito do amor, que Platão estudou como impulso,

necessidade, vontade, carência e plenitude.Esopo - Fabulista, séc. Va. C., autor das fábulas que lhe

foramatribuídaspor Demétrio de Falera.Euclides( a n t . ) - séc. IV-IHa. C., viveu em Alexandria.Eubulo( a n t . ) - Presumível pai de Anaxágoras.

Euristrato{an t . ) - Pai de Anaxímenes de Mileto.Eurito deCrotona - Cf III, 6.

Page 239: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 239/246

FILOSOFIA 235

Eusébiode Cesareia (ant.) -

riografia

de Cesareia, precursorda histov,-,.,,.,.,,-,m e w : . ~ n < T , P i u · a .destinadaa mostrar a hebraica.

Exarnias - Pai de Tales de Mileto.Ferécides de Siro 1.

Filolau de Crotona 5.

Górgiasde Leontinos( a n t . ) - 2.

Hades - O mundo dos mortos, entidade filhade Crono e da Terra.

Hécate -Div indade deusada nutrição, corres-ponde à romana Trivia.

Hecateude Mileto (ant.) - Político e geógrafo,séc. VI-V a. C.,descreveuos que visitou, naobra '- 'V«'"'""'

Hefestos (mit.) - Divindade do e dosao romano Vulcano.

Hera ( m i t . ) - Filha deCrono e de Rea, aparece associadaà maternidade.

Héracles (mit.) - Semideus libertador de corres-ao romano Hércules.

Hérádides Pôntico (ant.) - Discípulo de Platão, efísico.

Heradito de Éfeso (ant.) - Cf 6.

Hermaco - Citado por Laércio, defensorda inexistência deLeucipo.

Hermodarnas( a n t . ) - Mestre de Pitágoras,em Samos.Hermodoro de Siracusa - Discípulo de Platão e biógrafo

deste filósofo.Heródoto -His tor iador e natural de Halicarnasso,séc. V a. C.

Hesíodo - Cf I, 2.

de Metaponto( a n t . ) - Natural de Crotona, pitagórico.(ant.) - Cf VI, 4.

Hipócrates de Cós (ant.)- M é d i c o , natural de Cós,séc. V a. o

«pai da medicina>>.

Page 240: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 240/246

Hipólito (ant.) - Santo,um dos últimos escritores do Ocidente autilizar o em obras literárias.Homero toda a ressalva pelaautor dos poemas!!fada e Odisseia.

lida (mit. e

séc. V a. C.

- N o m e de duas montanhasdade Ida.

- P o e t a

- Pai. de Melisso.

gregada Ásia Menor.

1.

Menor e de

de Eurípedes,

Macróbio (ant.)- A m b r ó s i o Aurélio Teodósio, governadordaGália e das cristão e opositordoautor deSaturnais.

Marco Túlio Cícero(ant.) - Cícero,o notável político e oradorromano, séc.I a. C.

Melisso de Samos 3.Menesarco (ant.) - Presumível pai de cinzeladorem

Samos.Metão (ant.) - Pai deMídon - Pai deMileto(geog . ) - Cidade Ásia Menor.Mitilene(geog.) - Cidade na ilha de Lesbos.

" ' - · ' " ' ~ ' n v -Pai de Arquitas de Terento.Musas - Mitos figuradores da inspiração, eram nove: Clio,

Euterpe, Tália, Melpómene, Terpsicore, Erato,U rânia e Calíope.

Nestia( m i t . ) - O sémen, segundo Empédodes.Ninfas (mit.) - F i l h a s de Júpiter, divindades dos rios edos

bosques.

Olimpo (mit.) - Montanha a norte da Grécia, na Tessália,ondeos gregos situavam amorada dos deuses.

Page 241: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 241/246

FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 237

Orfeu (mit.) - Personalidade mítica, origemdo Orfismo, desceu

aos infernos, ondefoi buscar sua mulher, Eurídice.Não tendocumprido o preceito de não olhar para trás, perdeu a mulher.

Palamedes (ant.) - Cognome de Zenão de Eleia.Parménides de Eleia( a n t . ) - Cf IV, 2.Pausânias (ant.) - Filho de Arquitas, personagemda obra de

Empédocles.Periandro de Corinto( a n t . ) - Um dos sete sábios.Péricles (ant.)-Estadis ta grego, séc. V a. C., discípulo de Zenão e

de Anaxágoras.Criador da época política conhecida por<<século de Péricles».

Pítaco de Mitilene( a n t . ) - Um dos sete sábios.Pitágoras( a n t . ) - Cf III, 2.Plotino (ant.) - Natural do Alto Egipto, ano 205da nossa era.

Teve uma escolaem Roma.As suas obras foram coligidas porPorfírio.

Plutarco (ant.)-Histor iador, séc. l-II da nossa era, autor deVidas

Paralelas.

Polícrates de Samos (ant.) - Tirano de Samos, ondefez grandeobra política.

Polimnestor( a n t . ) - Discípulo de Pitágoras.Porfírio (ant.)- A u t o r de uma biografiade Plotino, e de comentá

rios a Aristóteles, morreu em Roma.Posídon (mit.)- M i t o das águas e guia das ninfas, correspondeao

romano Neptuno.Praxíades (ant.)- P a i de Anaximandro.Proclo (ant.) - P l a t ó n i c o , séc. V a. C., autor de Teogonia

Platónica.

Pródicode Ceos ( a n t . ) - CfVI. 3.Prometeu (mit.) - Filho de Jápeto, irmão de Epimeteu. Por ter

roubado o fogoaos deuses,foi atado aum rochedo, onde umaáguia lhe vinha devorar o fígado durante o dia, depois de renascido durante a noite.

Protágoras de Abdera( a n t . ) - CfVI, 1.

Quílon de Lacedemónia (ant.)- P o e t a espartano.

Page 242: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 242/246

238 FILOSOFIA

Menor.

séc. n da nossa era.

natural de

séc. VH -VI a. C.

Tales de Mileto (ant.) - L

Tártaro - O o lugar do sofrimento.Teofrasto ( a n t . ) - Natural de aluno de Leucipo, teria suce-

dido a Aristóteles na do «LiceU>>.

- P o e t a da comédia antiga, autor de Maravilhm.

- Cidade no do mesmo nome, ao sul da

Timão (ant.) - Poeta ec.

de Pirro, séc. IV-III a.

Titãs (mit.) - Gigantes que pretenderam destronar Zeus; os seis

filhos de Urano e de Gaia.Tito Lucrécio Caro (ant.) - O poeta romano, autor deDa Natureza.

T rasilo -F i lósofo neoplatónico, estudou a autenticidade e acronologia dos diálogos platónicos.

Xenófanes de Cólofon - Cf IV, 1.

Xenófilo ( a n t . ) - Pitagórico, originário da Calddica.Xenofonte ( a n t . ) - Poeta e escritor, séc. IV a. autor de

Memoráveis.

Xerxes ( a n t . ) - Filho de Dario, rei dos Persas.

Zenão de Eleia (ant.) - C f 4.Zeus - A principal divindade do grego, pai dos

deuses e dos homens.

Page 243: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 243/246

COMPOSTO POR

GUIMARÃES EDITORESEM LISBOA

IMPRESSO PORTIPOGRAFIA GUERRA

EM VISEUSETEMBRO DE1994

ISBN 972-665-132-8Legal n.0

Page 244: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 244/246

F I L O S O F I AG R E G A

P R É - S O C R Á T I C A

É a primeira vez que se publica, em

Portugal, uma obra como esta, englo-bando específicamente a filosofia gregapré-socrática.

Nela se procurou dar todo o relevo aotema e aos autores e, para oferecer uma

visão global, estendeu-se a antologia até às

fontes primevas, como Homero, Hesíodo

e o Orfismo.De cada um dos principais autores

inclui-se uma biografia genuína, sumária,uma doxografia fundamental, e os fragmentos atribuídos por Diels a cada um

dos autores.

Para serviço dos estudiosos respeitou-se a numeração estabelecida por Diels,para os fragmentos.

Servir os leitores em geral, e os estudiosos em particular, foi o objectivo queditou

a presente edição, a qual vem preencher uma lacuna de há muito existente na

cultura portuguesa.

Page 245: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 245/246

Page 246: Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

8/4/2019 Filosofia Grega Pre Socratica 4Ed _Pinharanda Gomes -1994

http://slidepdf.com/reader/full/filosofia-grega-pre-socratica-4ed-pinharanda-gomes-1994 246/246