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M. C. ESCHER FILOSOFIA 1

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ExERCíCios

1. (Enem)

para platão, o que havia de verdadeiro em parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. lenta, mas irresistivelmente, a doutrina das ideias formava-se em sua mente.

ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. são paulo: odysseus, 2012 (adaptado).

seu ambiente e comportamento fundamentaram grada-tivamente o olhar sobre a vida (conceito por ele também explorado). Por essa razão, poderíamos afirmar que Aristóteles é o “pai da biologia”.

Desse modo, a ideia de estudar os fenômenos na-turais não era algo exclusivo do que chamamos na atualidade de “ciências da natureza” e, assim, entende-mos que, além do desenvolvimento do conhecimento filosófico, encontramos também o desenvolvimento de um conhecimento científico e de um importante capítulo para a história da ciência, que naquele contexto eram uma coisa só e que muito mais tarde, a partir do séculos XVII e XVIII, passou a sofrer uma sistemática divisão até os tempos atuais.

No campo do pensamento filosófico, são livros fun-damentais de Aristóteles: Retórica, Ética a Nicômaco, Ética a Eudemo, Órganon: conjunto de tratados da lógica, Física, Política e Metafísica. Discordando de seu mestre, Aristóteles criticava o conceito platônico de ideia, que para ele não tem uma existência separada, porque só são reais os indivíduos concretos. A ideia só existe nos seres individuais: ele a chama de "forma".

Preocupado com as primeiras causas e com o princípio de tudo, Aristóteles dessacralizou o “ideal” platônico, colocando as ideias nas coisas. Para tanto, deu destaque ao valor da experiência e assim os cami-nhos do conhecimento são os da vida. O ponto central de sua teoria é a distinção entre potência e ato. O que leva à segunda distinção básica entre matéria e forma: “a substância é a forma”.

Daí sua concepção de Deus como ato puro, primeiro motor do mundo (Deus ex machina, na tradução de seus textos para o latim), motor imóvel, Inteligência, pensa-mento que ignora o mundo e só pensa em si mesmo.

Quanto ao homem, Aristóteles afirma ser um “animal político” submetido ao Estado, que, pela educação,

obriga-o a realizar a vida moral, pela prática das virtu-des: a vida social é um meio, não o fim da vida moral. A felicidade suprema consiste na contemplação da realização de nossa forma essencial. A política aparece como um prolongamento do campo da moral. A virtude não se confunde com o heroísmo, mas é uma atividade racional por excelência. O equilíbrio da conduta só se realiza na vida social: a verdadeira humanidade só é adquirida na sociabilidade.

Resumo da ópera

Contemplamos os primeiros filósofos e suas ideias tendo em vista um divisor de águas da história da filosofia: o papel de Sócrates e seu pensamento. Aqueles que antecederam Sócrates, buscando explicações sobre a natureza e seus fenômenos, foram chamados de “pré-socráticos”. Já os pensadores que buscavam manipular o conhecimento e seu discurso foram chamados de “sofistas”.

Sócrates trouxe a proposição de um método de pensa-mento (maiêutica) e uma forma de argumentar (dialética) que foram se estruturando gradativamente por meio de seus discípulos. Dentre eles, destaca-se Platão, responsável não só por compilar suas ideias, mas também por abrir outros campos de conhecimento que fundamentaram o pensamen-to filosófico posterior.

Para Aristóteles, contrariamente a Platão, a ideia não tem uma existência separada. Só são reais os indivíduos con-cretos; desse modo, a ideia só existe nos seres individuais: ele a chama de “forma”. Preocupado com as primeiras causas e com o princípio de tudo, Aristóteles acaba por dessacralizar o “ideal” platônico, colocando as ideias nas coisas, estabelecendo-se o primado da experiência, cujos caminhos do conhecimento são os da vida, e, assim, sua teoria capital é a distinção entre potência e ato. O que leva à segunda distinção básica entre matéria e forma: “a substância é a forma”.

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O texto faz referência à relação entre razão e sen-sação, um aspecto essencial da doutrina das ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?

a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhe-

cimento a eles.c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e

sensação são inseparáveis.d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimen-

to, mas a sensação não.e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sen-

sação é superior à razão.

2. (Enem)

TEXTO I

anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. as nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. a água, quando mais conden-sada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.

BURNET, J. A aurora da filosofia grega. rio de Janeiro:

pUc-rio, 2006 (adaptado).

TEXTO II

basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.”

GILSON, E.: BOEHNER, P. História da filosofia cristã. são paulo:

Vozes, 1991 (adaptado).

Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolve-ram teses para explicar a origem do Universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que:

a) eram baseadas nas ciências da natureza.b) refutavam as teorias de filósofos da religião.c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.d) postulavam um princípio originário para o mundo.e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.

3. (Enem)

a felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.

ARISTÓTELES. A Política. são paulo: companhia. das letras, 2010.

Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais ex-celentes atributos, Aristóteles a identifica como:

a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.b) plenitude espiritual e ascese pessoal.c) finalidade das ações e condutas humanas.d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.e) expressão do sucesso individual e reconhecimento

público.

4. (Unicamp – SP) A sabedoria de Sócrates, filósofoateniense que viveu no século V a.C., encontra oseu ponto de partida na afirmação “sei que nadasei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A fra-se foi uma resposta aos que afirmavam que ele erao mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos,políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão deque ele se diferenciava dos demais por reconhecera sua própria ignorância. O “sei que nada sei” é umponto de partida para a filosofia, pois:

a) aquele que se reconhece como ignorante torna-semais sábio por querer adquirir conhecimentos.

b) é um exercício de humildade diante da cultura dossábios do passado, uma vez que a função da filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos.

c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a filo-sofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos.

d) é uma forma de declarar ignorância e permanecerdistante dos problemas concretos, preocupando-seapenas com causas abstratas.

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5. (Enem)

SANZIO, R.Detalhe do afresco A Escola de Atenas.

Disponível em: http://fil.cfh.ufsc.br. acesso em: 20 mar. 2013.

No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a:

a) suspensão do juízo como reveladora da verdade.b) realidade inteligível por meio do método dialético.c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus.d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino.e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade.

Estudo oRiEntado

Caro estudante,

Ao estudarmos a filosofia antiga, temos o objetivo de apresentar as principais características do primeiro momento de produção de conhecimento filosófico, observando as diferenças entre os pré-socráticos (que buscavam entender a natureza e seus fenômenos) e Sócrates (que buscava entender o conhecimento e o uso da razão).

Nos exercícios selecionados, propomos a utilização dos conceitos discutidos associados à habilidade de leitura e in-terpretação de textos. Tais atividades podem abarcar os filósofos do período estudado ou de especialistas que buscam apresentar as principais ideias dos pensadores antigos.

Na roda de leitura, os textos de Platão, apresentados na forma de diálogos, resgatam o trabalho de Sócrates por meio de seu discípulo. Por meio de tais documentos, podemos identificar sua metodologia (maiêutica), sua forma de argumentação (dialética), bem como um exemplo do pensamento dialético. Já no texto de Aristóteles, encontramos uma reflexão sobre o discurso artístico e seu fazer como forma de expressão e pensamento no fragmento de Poética.

Bons estudos!

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desse pacto, os indivíduos elegem um representante dos seus interesses dotado de poder absoluto.

Esse contrato se torna necessário porque o homem dese-ja sobreviver. Esse desejo de sobrevivência também é uma lei natural e é em nome dela que os homens estabelecem tal contrato, cujo poder deve ser exercido por um soberano, que pode ser uma assembleia ou parlamento, ou um rei.

Hobbes dá preferência à monarquia absolutista basean-do-se no princípio de que o poder, para ser eficaz, deve ser exercido de forma absoluta. Assim, tal filósofo desvincula--se das teorias tradicionais e metafísicas do direito divinodos reis. Para Hobbes, esse poder absoluto é o resultadoda transferência dos direitos dos indivíduos ao soberanopor meio do pacto social. Todavia, esse poder só pode serconsiderado legítimo enquanto assegura a paz civil, nãoservindo para a realização da vontade pessoal do soberano.

Resumo da ópera

Contemplamos duas correntes da filosofia medieval: o pensamento neoplatônico (Santo Agostinho) e a escolás-tica (Santo Tomás de Aquino).

Além dos conceitos trabalhados respectivamente pelos quatro pensadores apresentados, é importante observar a conexão de suas ideias com a tradição e pen-samento da Antiguidade, caracterizando uma releitura de filósofos como Platão e Aristóteles. Assim, deixamos de lado a retrógrada visão preconceituosa segundo a qual o período medieval foi uma época de atraso e ig-norância ou, ainda, que a cultura greco-romana tenha desaparecido por certo tempo.

Quanto aos pensadores do Renascimento (Maquiavel e Hobbes), ressaltamos como ponto central a mudança de paradigma (modelo) que a Europa ocidental passou a viven-ciar: a Igreja e o clero perderam não só o monopólio sobre o conhecimento, mas também deixaram de ser a única fonte de explicação para todas as coisas. Tal mudança foi operada, uma vez que o questionamento, a observação, a investigação e a análise de dados coletados formaram um caminho (méto-do) para levantar hipóteses e teorias sobre a explicação dos fenômenos que envolvem o homem e o Universo.

Ao tirar o foco da exclusiva orientação divina (teocen-trismo) e apontá-lo em direção ao homem (antropocen-trismo), o Renascimento abriu caminho para a construção do mundo que chamamos de moderno.

ExERCíCios

1. (Enem)

Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.

MAqUIAVEL, N. O príncipe.

rio de Janeiro: bertrand, 1991.

A partir da análise histórica do comportamento hu-mano em suas relações sociais e políticas, Maquia-vel define o homem como um ser:

a) munido de virtude, com disposição nata a praticar obem a si e aos outros.

b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas paraalcançar êxito na política.

c) guiado por interesses, de modo que suas ações sãoimprevisíveis e inconstantes.

d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré--social e portando seus direitos naturais.

e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficascom seus pares.

2. (Enem)

a natureza fez os homens tão iguais, quanto às facul-dades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quan-do se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que um deles possa com base nela reclamar algum benefício a que outro não possa igualmente aspirar.

HOBBES, T. Leviatã. são paulo: Martins Fontes, 2003.

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Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles:a) entravam em conflito.b) recorriam aos clérigos.c) consultavam os anciãos.

d) apelavam aos governantes.e) exerciam a solidariedade.

3. (UEL – PR)

Justiça e Estado apresentam-se como elementos indissociáveis na filosofia política hobbesiana. ao romper com a concepção de justiça defendida pela tradição aristotélico-escolástica, hobbes propõe uma nova moralidade relacionada ao poder político e sua constituição jurídica. o Estado surge pelo pacto para possibilitar a justiça e, na conformidade com a lei, se sustenta por meio dela. No Leviatã (capítulos XiV-XV), a justiça hobbesiana fundamenta-se, em última instância, na lei natural concernente à autoconservação, da qual deriva a segunda lei que impõe a cada um a renúncia de seu direito a todas as coisas, para garantir a paz e a defesa de si mesmo. Desta, por sua vez, implica a terceira lei natural: que os homens cumpram os pactos que celebrarem. segundo hobbes, “onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. Na guerra, a força e a fraude são as duas virtudes cardeais”.

HOBBES, T. Leviatã. Tradução de J. Monteiro e M. b. N. da silva. são paulo:

Nova cultural, 1997, cap. Xiii. (coleção os pensadores).

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Hobbes, é correto afirmar:a) A humanidade é capaz, sem que haja um poder coercitivo que a mantenha submissa, de consentir na observância

da justiça e das outras leis de natureza a partir do pacto constitutivo do Estado.b) A justiça tem sua origem na celebração de pactos de confiança mútua, pelos quais os cidadãos, ao renunciarem sua liber-

dade em prol de todos, removem o medo de quando se encontravam na condição natural de guerra.c) A justiça é definida como observância das leis naturais e, portanto, a injustiça consiste na submissão ao poder coer-

citivo que obriga igualmente os homens ao cumprimento dos seus pactos.d) As noções de justiça e de injustiça, como as de bem e de mal, têm lugar a partir do momento em que os homens

vivem sob um poder soberano capaz de evitar uma condição de guerra generalizada de todos.e) A justiça torna-se vital para a manutenção do Estado na medida em que as leis que a efetivam sejam criadas, por direito

natural, pelos súditos com o objetivo de assegurar solidariamente a paz e a segurança de todos.

Estudo oRiEntado

Caro estudante,

Ao analisarmos o pensamento renascentista, é importante não só compreendermos a mudança de paradigma que se anunciava (teocentrismo substituído pelo antropocentrismo), mas também a forma como as premissas da metodologia e do pensamento científico moderno estavam se estruturando. Tal processo possibilitou a abertura de importante caminho para se consolidar como forma de estudo e produção de conhecimento.

Nos exames a seguir, o período renascentista, bem como sua produção cultural e intelectual, são bastante solicitado, sendo exigido do candidato o conhecimento sobre os conceitos e a mentalidade daquele contexto. As principais ferra-mentas são a leitura e a interpretação de textos

Na seção Passeio, há uma sugestão de visita ao Masp para vivenciar em imagens o que seria esta nova “visão de mundo” que se abre a partir do século XVI.

Bons estudos!

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As primeiras são imprescindíveis, não obedecem à realidade, repetem-se indefinidamente, não trazem nada de novo e são inatas.

Por sua vez, as verdades de fato não têm em si a sua razão de ser e dizem respeito ao mundo real – elas são a realização de um dos inúmeros mundos possíveis. O contrário de uma verdade de fato também pode existir. A ordem da existência das verdades de fato deve ter um princípio; esse princípio é o que, de modo geral, a filosofia de Leibniz tenta encontrar.

Leibniz pergunta então por que é que existe esse mun-do em vez de nada? Como esse mundo não tem em si uma razão de ser, tal motivação deve estar fora desse mundo. Para ele, a razão de ser do mundo está em Deus.

Outro aspecto inovador em Leibniz é a sua teoria da natureza. Inicialmente, ele acreditava que “a natureza não dá saltos”, ou seja, para que um elemento da natureza passe a ser outra coisa, ele tem que passar por todos os graus intermediários que existem entre o que ele é e o que ele vai ser. Podemos pensar no exemplo a seguir, a fim de compreendermos melhor tal divagação de Leib-niz: para um bebê se tornar adulto, ele deve passar por todas as fases intermediárias da vida, como a infância, a pré-adolescência e a adolescência. Por fim, tal filóso-fo formula o conceito de força ou de ação motora: é a capacidade de algo produzir determinados efeitos. Por exemplo, os nossos músculos têm a capacidade de mo-vimentar os membros e também de movimentar outros

objetos; portanto, nossos músculos podem gerar efeitos sobre os membros e sobre os objetos.

Mas a força é mais do que o simples movimento, a força é algo colocado na natureza por Deus e não é somente uma capacidade das coisas naturais, mas um esforço de um movimento ou de um efeito que podem acontecer se não forem interrompidos por uma força maior. A essência das substâncias é o agir. A força é, assim, a essência do mundo natural.

Resumo da ópera

Aprendemos que, durante o século XVII, se observou o fortalecimento do poder real e da Igreja católica, por meio da Contrarreforma em todo o mundo católico (valendo-se da Inquisição e da Companhia de Jesus). Formou-se o am-biente ideal para o surgimento do Barroco, a síntese cultu-ral de um período marcado pela luta entre a fé e a razão.

Em tal momento, as bases do racionalismo e do empi-rismo foram lançadas por meio dos estudos teóricos de filosofia, ciências matemáticas e pensamento político, os quais contestavam ou condenavam a ordem absolutista e a concepção de mundo católica. Destacaram-se como principais teóricos desse período René Descartes, John Locke David Hume e Leibniz.

ExERCíCios

1. (Vunesp)

a modernidade não pertence a cultura nenhuma, mas surge sempre contra uma cultura particular, como uma fenda, uma fissura no tecido desta. as-sim, na Europa, a modernidade não surge como um desenvolvimento da cultura cristã, mas como uma crítica a esta, feita por indivíduos como copérnico, Montaigne, bruno, Descartes, indivíduos que, na medida em que a criticavam, já dela se separavam, já dela se desenraizavam. a crítica faz parte da razão, que, não pertencendo a cultura particular nenhuma, está em princípio disponível a todos os seres humanos e culturas. Entendida desse modo, a modernidade não consiste numa etapa da história da Europa ou do mundo, mas numa postura crítica ante a cultura, postura que é capaz de surgir em diferentes momentos e regiões do mundo, como na

atenas de péricles, na Índia do imperador ashoka ou no brasil de hoje.

CÍCERO, Antonio.resenha sobre o livro O roubo da história. Folha de S. Paulo, 1o nov. 2008. adaptado.

Com a leitura do texto, a modernidade pode ser en-tendida como:

a) uma tendência filosófica especificamente europeiae ocidental de crítica cultural e religiosa.

b) uma tendência oposta a diversas formas de desen-volvimento da autonomia individual.

c) um conjunto de princípios morais absolutos, dotados de fundamentação teológica e cristã.

d) um movimento amplo de propagação da crítica ra-cional a diversas formas de preconceito.

e) um movimento filosófico desconectado dos princí-pios racionais do iluminismo europeu.

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2. (UFU – MG)

para bem compreender o poder político e derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que estado todos os homens se acham naturalmente, sendo este um estado de perfeita liberdade para ordenar--lhes as ações e regular-lhes as posses e as pessoasconforme acharem conveniente, dentro dos limitesda lei de natureza, sem pedir permissão ou dependerda vontade de qualquer outro homem.

LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo.

são paulo: abril cultural, 1978.

A partir da leitura do texto citado e de acordo com o pensamento político do autor, assinale a alterna-tiva correta.

a) Segundo Locke, o estado de natureza se confundecom o estado de servidão.

b) Para Locke, o direito dos homens a todas as coisasindepende da conveniência de cada um.

c) Segundo Locke, a origem do poder político dependedo estado de natureza.

d) Segundo Locke, a existência de permissão para agiré compatível com o estado de natureza. 

3. (Enem)

Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e monta-nha, que já conhecíamos. podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que nos é familiar.

HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano.

são paulo: abril cultural, 1995.

Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que:

a) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem nasensação.

b) o espírito é capaz de classificar os dados da percep-ção sensível.

c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriaisdeterminadas pelo acaso.

d) os sentimentos ordenam como os pensamentosdevem ser processados na memória.

e) as ideias têm como fonte específica o sentimentocujos dados são colhidos na empiria.

Estudo oRiEntado

Caro estudante,

Entendendo a concepção do Universo como algo mecânico e mensurável, Descartes (1596-1650) acreditava que o conhecimento é somente oriundo da razão e sua extensão era finita. Uma das principais obras de tal pensador é o livroO discurso sobre o método. Em tal publicação, Descartes afirma que o conhecimento se forma a da dúvida sistemática.Por meio de tal ferramenta intelectual, o filósofo francês acaba por postular um axioma (verdade inquestionável quedispensa provação): “Penso, logo existo”.

O liberalismo político teve como seu propulsor o pensamento do teórico e filósofo inglês John Locke (1632-1704). Por meio de suas publicações, tal pensador defendia os chamados direitos naturais: a propriedade privada, a liberdade individual e a resistência às tiranias. Para tanto, era a favor do estabelecimento de um governo regido pela Constituição, isto é, um instrumento de controle entre o governo e seus subordinados. Para Locke, o conhecimento é construído com base na percepção sensorial, valorizando, portanto, o empirismo (a experimentação é a prática mais importante).

Assista ao filme Descartes, analisando-osugerido na seção Navegar. Dirigido pelo diretor italiano Roberto Rosselini, tal obra propõe uma leitura muito sofisticada sobre a vida e a época de Descartes, apontando os elementos principais de sua filosofia com muita atenção e seriedade.

Bons estudos!