Filme Baldaia
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ANÁLISE WEBERIANA DO FILME
“O PREÇO DO AMANHÔ
O filme “O preço do amanhã” (2011) redigido e dirigido por Andrew Niccol e
protagonizado por Justin Timberlake e Amanda Seyfried retrata a dura situação dos
seres humanos no futuro. Segundo a história, todas as pessoas viverão de forma
“normal” até completarem 25 anos. Isso porque nessa exata idade surge um tipo de
relógio em seus braços que passa a contar a quantidade de tempo que as mesmas
possuem de vida. No entanto, o tempo pode ser trocado pelos indivíduos, virando
moeda de troca. Por ele pessoas trabalham e por ele pessoas matam.
Neste filme o autor faz uma crítica construtiva sobre o fato de as pessoas
estarem sempre preocupadas com o tempo e como esse acaba sendo, de certa forma, um
objeto de consumo, já que é extremamente comum pessoas sendo vistas tentando
melhorar sua alimentação, indo ao médico sempre que podem, adquirindo métodos de
vida mais saudáveis, tudo para aumentar seu tempo de vida.
No decorrer do filme têm-se várias passagens que destacam de maneira singular
a teoria de Max Weber. Max Weber diz que a realidade não pode ser explicada em sua
totalidade, mas que a Ciência e outras faculdades mentais podem utilizar de “tipos
ideais” para tentarem explicar a grande maioria das situações pelas quais a maioria dos
indivíduos perpassa em suas vidas. Tipos ideais seria uma espécie de “campo limitado”
no qual o observador escolhe devido a sua maior semelhança com todas as outras partes
do sistema. Para se ter uma noção, o tipo ideal e a realidade podem ser comparados ao
átomo e a Química. No caso do filme, o tipo ideal seriam as vidas dos protagonistas e a
realidade (o objeto maior), a luta pelo tempo.
Como diria Weber: “A realidade é fluida” e isso é claramente mostrado em todas
as situações do filme. Nada é regular e infinito. Tudo pode ser cambiado (trocado) e
todas as regras podem ser quebradas com e pelo tempo.
Toda a polêmica da história do filme e a adequação exacerbada do tempo como
uma mercadoria expressa por este só afirma uma das teses mais importantes de Max
Weber: “O mundo tende inexoravelmente à racionalização”. A racionalização implica
que as ações sociais se tornem oriundas de um processo de cálculo, estratégico e de
objetividade, se tornando, de certa forma, previsíveis e mecânicas ao invés daquelas
ações sociais de algum tempo atrás influenciadas pela ética, por aspectos emotivos,
tradicionais. Isso se torna claro no filme a partir do fato de que a partir dos 25 anos de
idade, todo indivíduo, pelo menos da população mais pobre da cidade, passaria a
trabalhar para obter mais tempo. Ou seja, se torna previsível o que o individuo fará
assim que completar 25 anos, suas ações se tornarão mecânicas porque ele será movido
sempre a tentar aumentar seu tempo de vida. Como uma máquina que repete um mesmo
processo todos os dias numa indústria automotiva.
A distopia pode ser claramente notada no caso de Will Salas quando ele perde
sua mãe por não ter conseguido entrar no ônibus (ela possui apenas uma hora e meia de
vida e a passagem do ônibus tinha aumentado o valor sorrateiramente para duas horas
de vida, ou seja, mesmo que ela tentasse pegar o ônibus, ela teria que depositar todo o
seu tempo de vida, o que levaria a sua morte). Ele a encontra no meio da rua quando
está indo para casa e percebe que seu tempo de vida está acabando quando começa a
correr em sua direção. Will larga as flores que tinha em mãos para dá-la percebendo o
que se passava e corre o mais rápido que pode em sua direção, para que possa dar
algumas horas de vida (que ganhou devido ao dia de trabalho) a sua mãe. No entanto, no
momento em que ele a alcança, ela morre em seus braços, no meio de uma estrada fria e
solitária. Ele percebe dali em diante que independente do que ele faça e do quanto ele
arranje tempo de vida para doar a outras pessoas, elas sempre morrerão quando menos
esperar. Por isso que a vida das pessoas do filme é sempre tão marcada pela busca quase
que sanguinária por um pouquinho que seja de tempo já que passam a ser totalmente
dependentes dele.
Ao fazer 25 anos então é correto afirmar que as pessoas se deparam com o
desencantamento do mundo ou distopia, devido ao fato dos cientistas genéticos terem
descoberto um método para encerrar o envelhecimento das pessoas quando estas
alcançam tal idade, isto é, como dizia Weber, o desencantamento do mundo é oriundo
do processo de racionalização. As pessoas que antes pensavam que levariam a vida até o
fim normalmente se deparam, num determinado momento, com uma espécie de
desilusão, a vida destas passaria a estar previamente definida ao passarem dos 25 anos.
Tudo advento da racionalização, ocorrendo um afastamento da tradição, costumes e
hábitos ancestrais, isto é, não há mais tempo para pensamentos sentimentalistas e
humanistas e sim para pensamentos calculistas que levassem as pessoas à sobrevivência.
Como consequências disto, as pessoas integrantes desta parte da população acabam
perdendo a esperança pela melhora na vida social ou econômica. O mundo, para eles,
sofre um constante de degradação e esta situação dificilmente será alterada.
O filme relata também a vida dos mais ricos, tal parte da população que habita
uma área privada da cidade, sendo que a parte pobre da população não pode entrar em
contato com eles. Diferentemente da população pobre ao completar 25 anos o jovem da
população rica também possui um relógio, porém devido a grande quantidade de tempo
dos pais, o tempo do jovem aumenta consideravelmente. É como se o desencantamento
do mundo não afetasse tanto esta parte da população.
A dominação também é um dos conceitos mais amplos abordados pelo filme.
Neste é relatado a influencia do tempo sobre as ações sociais das pessoas, é o tempo que
determina se uma pessoa terá que lutar pela sobrevivência ou se ele deverá a penas
aproveitar a quantidade de tempo que tem. Sendo o tempo uma forma de moeda de troca
da população, este tornou-se o principal fator que influencia na condição social delas.
Há também o fato de que algumas pessoas no filme tentavam impor suas vontades sobre
a das outras, no caso os “ladrões de tempo”, que estavam sempre perseguindo os mais
pobres para tomarem o pouco tempo que lhe restavam. Esta forma de dominação é
semelhante a umas das classificadas por Weber, que é a dominação racional, na qual o
indivíduo planeja uma estratégia para impor seu poder de intimidação, assim adquirindo
certa opressão sobre suas vítimas.
Vivendo estes então numa espécie de “pseudoutopia” na qual não se deparam
com a distopia quando alcançam os 25 anos de idade. Vivem apenas para aproveitar a
grande quantidade de tempo que possuem com festas e bens de consumo e exposição do
luxo, enquanto que o coletivo social sofre com a distopia, ou seja, estes sofrem da
alienação e da ideologia da “pseudoutopia”.
Então, conhecendo essa parte do filme, pode-se elaborar uma questão: por que a
população rica não sofre com a distopia presente no filme? Essa pode ser refletida na
sociedade atual, onde a população é separada entre ricos e pobres, porém a distinção
desta com o filme é que a nossa sociedade é “gerenciada” pelo dinheiro e a deles pelo
tempo. Quanto mais as pessoas acumulam o que os outros mais precisam, melhor a
qualidade de vida das mesmas. Segundo Max Weber, isso pode ser explicado de acordo
com o conceito de dominação tradicional, no qual a superioridade de um grupo diante
do outro é justificada a partir de fatos históricos ideológicos. O fato da hereditariedade
também não pode ser ignorado, como já foi dito, os descendentes dos mais ricos herdam
o tempo de seus pais contribuindo para que a situação social se mantenha constante.
Curso Técnico de Química Integrado ao Ensino Médio
ANÁLISE WEBERIANA DO FILME
“O PREÇO DO AMANHÔ
Data de Entrega: 14/01/2013
Disciplina: Sociologia
Professor: Fábio Baldaia
Turma: 8822
Aluno Everton Luis Santos Moreira N° 08
Aluno Jonathan Silva de Jesus Nº 16
Aluno Nahum de Assis Rodrigues N° 24
Salvador/BA
2013