Filhos do Pecado - PerSe · entenderam que uma nova igreja, com novos propósitos e doutrinas, ......
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Nova Ordem
Filhos do Pecado
Volume 3
Nova Ordem
Vanessa Araujo
Porque algumas mentiras podem mostrar muitas verdades. — Vanessa Araujo
Nova Ordem
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Introdução
A Nova Ordem
O mundo passa, o tempo passa, tudo passa...
A Nova Ordem foi um mandado equivocado dos homens, eles
entenderam que uma nova igreja, com novos propósitos e doutrinas,
estabelecendo uma falsa paz mundial, fosse o início de um novo
tempo, um tempo onde todos teriam os mesmos direitos, deveres,
situação financeira, oportunidades, estudos, qualidade de vida e tu-
do mais que sempre sonharam. Talvez, para a humanidade, o termo
fosse correto. Entretanto, para os alados, para o mundo sobrenatural,
o meu mundo, a Nova Ordem significava o início do fim.
Quatro cavaleiros apocalípticos reunidos, prontos para recebe-
rem a revelação de um rolo ainda selado, prontos para executarem a
destruição iminente do mundo. Soldados dispostos, escolhidos, nas-
cidos de arcanjos, para receber a Nova Ordem. E eu era um deles. A
líder, aquela que decidiria o destino do mundo humano, dos anjos,
dos demônios... E o meu próprio destino não estava em minhas
mãos, mas eu faria de tudo para tomar o controle da situação, porque
não pode ser derrotado quem está determinado a vencer.
Se a Nova Ordem era separar o joio do trigo, minha ordem se-
ria de exterminar o trigo e juntar o joio em um exército único. Foi
assim que dei início a uma guerra inusitada, pois apenas dois exérci-
tos estavam preparados para labutarem em tamanha peleja, e eles
não contavam com a surpresa que preparei para todos.
O mundo me venceu certa vez. Agora, eu massacraria o mun-
do como um inseto debaixo dos meus pés.
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Eis a Nova Ordem: matar e vencer, vencer ou morrer. E a mor-
te não estava em meu script...
Parte 1 O mundo em 2036
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CONTOS.
Um sonho,
Um mundo,
Uma missão.
Dois anjos,
Dois destinos,
Um coração.
Três escolhas,
Três vidas,
Uma opção.
Quatro herdeiros,
Quatro mandatos,
Uma revelação.
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1 – Descoberta
Olhando meu próprio reflexo.
Encontrando um novo ser.
Vi minhas marcas e pensei no que elas significavam. Uma á-
guia estendia-se desde o meu ventre, e suas asas quase alcançavam
meus seios. Tribais angélicos nos braços mostravam a ordem e a li-
nhagem a qual pertencia.
Toquei em cada linha. Era quente, mas suave.
E, para isso, eu precisei conhecer os prazeres da carne. O ato
mais descriminado pelos humanos foi o mais sagrado dos anjos. Ele
me trouxe a vida que eu não sabia que tinha o direito de ter.
— Encantada? – ele perguntou, abraçando-me por trás.
— Surpreendida. Não esperava por isso – respondi, enquanto
levantava meu braço para alcançar seu rosto perfeito. – Sempre sou-
be disso?
— Desde que descobri quem eu era.
— Hazanel? – inquiri, iniciando meu teste com o demônio.
— Confiando na sabedoria da Nova Ordem, ou seja, você.
— Meu pai?
— Acreditando. Ele sempre lutou para fazer de ti a melhor dos
herdeiros.
— Persis, e agora?
— Agora veja suas asas, minha rainha.
Abri meus novos membros, tão pouco usados para sua real fi-
nalidade, tornando-se apenas um instrumento que eu usava para
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surpreender meus inimigos. Sempre depositei minha força nas mi-
nhas habilidades de luta, nunca no fato de ser uma criatura alada.
Olhei para os membros que eu lutava para esconder e eis que
me maravilhei com o que descobri: penas prateadas, jamais vistas.
Diferentes.
Únicas.
Perfeitas.
Sorri.
Eram minhas!
Eu tinha asas, hora de aprender a voar.
— Prata! – exclamei, sorrindo.
— A sabedoria é como prata, saber usá-la é como ouro, Lienne
– respondeu-me ele, retribuindo o mesmo sorriso.
— Por que as suas são negras?
— O sacrifício que enegrece a vida de quem o carrega. Meu
destino é marcado pelo fim.
Virei e o encarei. Eu não aceitaria isso, não agora que tinha
descoberto toda a verdade, não agora que meus planos eram outros.
— Podemos mudar isso, Persis – declarei convicta.
— Como, minha rainha? Profecias são apenas certezas que
temos que aceitar.
— Não, porque eu não aceito isso. Matarei Liel e a profecia
não se cumprirá.
— E comprará briga com o maior dos arcanjos? Apollyon não
é o que parece.
— A força bruta não vence um bom raciocínio – rebati, gaban-
do-me de um dom do qual jamais fizera uso por completo. Porém, se
tratando do Rei das Trevas, não seria necessária uma mente dotada
de inteligência. – E sabedoria é algo que ele não tem. Confie em mim,
porque eu realmente morreria por você, Persis – menti.
Ele tomou meu rosto entre suas mãos e depositou um forte e
inebriante ósculo em meus lábios. Perguntei-me como quase deixei
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essa felicidade escapar... Persis me pertencia, ele mudou os fatos,
mudou minha história, iria se sacrificar por mim e por todos os ou-
tros.
— Agradeço sua dedicação, Lienne. No entanto, jamais permi-
tiria tal ato - declarou, pousando um suave beijo em minha testa. –
Eu morreria antes.
— Como ficam Adramalech e Kali? – perguntei, mudando o
rumo da conversa.
— Eles são nephilins.
— Claro, precisam passar pelo teste – concluí, revirando os o-
lhos.
— Fez um bom trabalho com Mikael e Sephora, sei que fará o
mesmo com eles.
— Caleb fez um bom trabalho – corrigi –, eu só o representei.
— Que seja. Saberá como agir. Lembre-se que estarei ao seu
lado sempre.
— Leve-me à minha casa, Persis – pedi. – Para que nossos pla-
nos deem certo, preciso continuar meu teatro com Apollyon.
— Não.
— Como disse? – inquiri, arqueando as sobrancelhas, sem a-
creditar que ele fosse mesmo capaz de me desafiar.
— Eu disse que não, Lienne. Não quero esse demônio asque-
roso com suas mãos sujas no seu corpo. Você é minha agora, não
permitirei tal afronta.
— Meu coração, meus pensamentos e até mesmo minha dedi-
cação a essa luta é sua. Contudo, o corpo é meu e faço dele o que bem
entender – retruquei com firmeza. – Sabe que essa é a única maneira
de mantê-lo sob nossas rédeas. Portanto, deixe de ciúmes infundados
e me leve para casa.
Suspirando derrotado, ele respondeu:
— Vista-se.
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— Me diga como, pois meus trajes viraram trapos em suas
mãos.
— Aproveitemos o momento – comentou com malícia, mos-
trando que seu brio falava mais alto. – Seja minha uma vez mais.
Um beijo intenso renovou a chama fraca, deixando meu corpo
em brasa, pronta para me entregar novamente ao melhor prazer de
todos, o sexo dos anjos.
As mãos de Persis percorrendo meu corpo me arrancavam
suspiros eróticos.
Ele me jogou em sua cama, enquanto seus lábios desciam,
marcando cada centímetro do que agora lhe pertencia. Éramos i-
guais, com as mesmas marcas. Amantes desenhados em perfeita sin-
cronia.
Subitamente, fui possuída, permitindo sem frescuras que ele
me tomasse, enquanto nossos olhos se fixavam em um fitar promis-
sor.
“Divino prazer, por que fugi de ti por tanto tempo?” – inquiri men-
talmente.
Meu sacrifício, meu amado, meu amante... Tudo nele era per-
feito. Perdi-me na profundidade de seu olhar, azul como o céu, um
olhar que me levava a viajar em sonhos exímios.
Nossas mãos, entrelaçadas; nossas bocas, abraçadas; nossos
corpos, unidos. Um Paraíso vivido em atos sagrados, corrompido em
deliberado pecado. Corpos como instrumentos, tocando a melodiosa
canção do amor.
Meu pescoço virou o alvo de seus lábios. Com lambidas quen-
tes, ele me fez gemer. Com um único sussurro, me fez arfar.
— Eu te amo, Lienne.
Agarrei forte em seus cabelos e trouxe sua boca de volta à mi-
nha. Mordi seus lábios, o apertei junto a mim, com um medo inexpli-
cável de perdê-lo de repente.
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Após alcançarmos o clímax do prazer, nossos corpos explodi-
ram em busca de ar. Sua cabeça repousou em meu colo e eu o acari-
ciei na face. Um demônio e seu anjo. Dois amantes invertendo as po-
sições. Prendendo-me em um forte abraço, ele clamou:
— Nunca morra, anjinha. Seja minha para sempre.
Eu seria, enquanto o “para sempre” durasse. Porém, o sempre
nunca nos daria o “para sempre”.
Anjos choram, e a Nova Ordem também conhecia as lágrimas,
porque ambos choramos...
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TUDO NOVO
Nova vida,
Novas ordens,
Novo poder.
Novo corpo,
Novos membros,
Novo saber.
Novo orgulho,
Novos sentidos,
Novo ser.
Tudo novo,
Tudo estranho,
Estranho e doce viver.
Um medo,
Um conselho,
Um surpreender.
Abraços, Palavras,
Ciúmes, Crescer.
A novidade aceita.
Um genitor e sua cria.
O poder de entender.
Tudo novo,
Novas ordens.
Hora de viver.