Filho Das Vielas Idéia de Poema Historiado

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Filho das vielas Ele é vadio, A maria que o pariu o julga bom rapaz, Tranca as pálpebras e finge não ver o que seu rebento faz, Ele rouba e e cheira, minha senhora, Maria, precisas de ademais ? Cortem a raiz ! O delegado diz, O chamam filho, filho da outra, filho da puta, A mãe ainda assim acha que hormônio, Senhora, sinto, mas nem em sonho este será idôneo Ia à escola, mas não tinha caderno, passava fome, mas seu pai não deixava o caneco de pinga ao relento, Sua casa assistia as velhas juras de amor do casal tornarem-se surras, De seu irmão mais velho só via notícia no jornal dos foragidos, Amor, nem mesmo à quem o deu pão e sangue ele dá, Em seus poros exala o que não se pronuncia, Ninguém precisa dele, dele não sai nada pra ninguém, De quem dele dependeu terminou-se em desvaria, Explana para todos seu desdém, Navega no mar da cobiça e trilha um caminho de desgraça,

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Filho das vielas

Ele é vadio,

A maria que o pariu o julga bom rapaz,

Tranca as pálpebras e finge não ver o que seu rebento faz,

Ele rouba e e cheira, minha senhora, Maria, precisas de ademais ?

Cortem a raiz ! O delegado diz,

O chamam filho, filho da outra, filho da puta,

A mãe ainda assim acha que hormônio,

Senhora, sinto, mas nem em sonho este será idôneo

Ia à escola, mas não tinha caderno,

passava fome, mas seu pai não deixava o caneco de pinga ao relento,

Sua casa assistia as velhas juras de amor do casal tornarem-se surras,

De seu irmão mais velho só via notícia no jornal dos foragidos,

Amor, nem mesmo à quem o deu pão e sangue ele dá,

Em seus poros exala o que não se pronuncia,

Ninguém precisa dele, dele não sai nada pra ninguém,

De quem dele dependeu terminou-se em desvaria,

Explana para todos seu desdém,

Navega no mar da cobiça e trilha um caminho de desgraça,

A alcova de sua alma é a fossa onde perpassa,

A inveja ali pareia calada, de ódio se embriaga, sem paz, sem nada

Assalta pelas ruas, faz arruaça,

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Roubou seu primeiro gatilho, fez seu terceiro filho,

Agora já se acha homem feito, tem 15 anos, bigode vive nas bohemias,

Continua seus furtos, mas agora serão mais fartos,

Não pega mais só as bolsas das vadias,

Resolve ir à área nobre, todos o olham de lado, ele tem cara de pobre,

Ele não se intimida, olha o playboy, vê o relógio e vai ao seu desdobre,

Quando saca a arma afoito aparece uma amiga do riquinho,

Ela o assusta, ele atira na companhia do mauricinho,

Volta pra casa um pouco nervoso, mas no fundo achou aquilo gostoso,

Estava com o relógio que queria, sentiu-se poderoso,

Pôs medo em quem o deixava com inveja, quem o fazia se sentir fodido,

Roubou um playboy e que se dane o corpo caído,

Se sente agora o supra sumo da vitalidade,

Em seus assaltos abate à quem vier à frente,

Mulher ou menino pra ele não é diferente,

Se sente vivo, tem mulher, dinheiro e no pescoço três correntes,

Não durou muito

Teve polícia, gritos, invasão no morro,

A festa acabou, moleque dançou, seu sorriso quedou

Morre um filho, aquele da Maria, era cria da favela e deixou sua donzela,Era filho das mazelas, filho das vielas .

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Hoje a mãe chora ao ver sua prole caída