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PARÓQUIA CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA ESCATOLOGIA Pe. JULIO PAULINO DA SILVA 1

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PARÓQUIA CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA

ESCATOLOGIA

Pe. JULIO PAULINO DA SILVA

Cuiabá-MT2016

1

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JUÍZO PARTICULAR E JUÍZO FINAL OU UNIVERSAL

1 - O JUÍZO PARTICULAR

O juízo particular ocorre imediatamente após a morte, e define se a

alma vai para o Céu, inferno ou purgatório. Não há uma ação violenta

de Deus, mas simplesmente a alma terá nítida consciência do que foi

sua vida terrestre, e assim, se sentirá irresistivelmente impelida para

junto de Deus (Céu), ou para longe da presença de Deus (Inferno) ou

ainda para um estágio de purificação (Purgatório).

2 - O JUÍZO FINAL ou UNIVERSALO juízo final ou universal é a tomada de consciência, do indivíduo e

de todos os homens, das obras boas e más que cada um realizou.

Note que é diferente do Juízo Particular. Neste, Deus revela a cada

um, em foro privado, a pureza de intenção que definiu sua sorte no

além. Já o Juízo Universal não se trata de uma segunda instância,

pois o julgamento individual já ocorreu no Juízo Particular, mas

simplesmente revelará a todos os homens os mistérios da história da

humanidade e todos os efeitos positivos ou negativos das atitudes de

cada um. Tudo será manifesto a todos.

3 - Juízo particular e juízo finalAlém do juízo particular, que acontece imediatamente depois da

morte, a fé da Igreja diz que no fim do mundo será julgada toda a

humanidade. Este segundo juízo será de todos e na presença de

todos os homens, ao final dos tempos, e por isto é chamado de juízo

final ou juízo universal.

4 - Sentido do juízo finalO juízo final não mudará em nada a sentença estabelecida no juízo  

particular, mas servirá para que resplandeça a sabedoria e a justiça

divina, para prêmio dos bons e castigo dos maus, também em relação

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ao corpo. Perante Cristo, que é a Verdade, será revelada

definitivamente a verdade em relação a cada homem com Deus.

O juízo final revelará até suas ultimas consequências o que cada um

fez - bom ou mal- ou tenha deixado de fazer durante sua vida terrena.

O juízo final revelará que a justiça de Deus triunfa sobre todas as  

injustiças cometidas por suas criaturas e que seu amor é mais forte

que a morte.

5 - Diz S. Paulo que após a morte sucede-se o Juízo;  trata-se do

Juízo Particular e não do Juízo Final, quando ressuscitaremos. No

Juízo Particular encontramos o nosso destino até o final dos tempos:

a salvação (indo diretamente para o céu ou passando por uma

purificação preliminar) ou a condenação (indo para o inferno).

Consideremos, então, que o Senhor viesse hoje: todos os mortos -

justos (inclusive os que estavam no purgatório) e injustos -

ressuscitariam (cf. At 24,15) e seriam julgados - publicamente -

juntamente com aqueles que se encontravam vivos; então o que cada

um tiver feito será revelado diante de todos e haverá apenas 2

destinos finais: a Vida Eterna (para os justos) e o castigo eterno (para

os injustos). Se por um lado parece que há vantagem pelo fato de

ficar vivo até o Dia do Senhor, para não passar eventualmente pelo

purgatório, por outro exige mais responsabilidade da parte do cristão:

Porque ninguém - senão Deus - sabe o dia e hora do Juízo Final.

Porque o resultado do julgamento será fulminante: ou a Vida ou a

Morte eterna.

6 - Está dito do dia do juízo, que os homens verão aqueles que, entre

vós, viveram vidas ímpias e tiveram obras falsas quanto aos

mandamentos de Jesus Cristo.  Porém, os justos, tendo boas obras e

sofrido tormentos, bem como aborrecido os prazeres da alma, quando

contemplarem aos que têm obras más e negaram a Jesus com suas

palavras e atos, sendo castigados com penosos tormentos e um fogo

inextinguível, darão glória a Deus, dizendo: "Há esperança para

Aquele que serviu a Deus de todo coração".

7 - Há dois juízos: o particular e o universal

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O Juízo particular de cada um se dá logo após a morte, quando

recebemos nossa sentença eterna. Podemos, então, ser condenados

ao inferno ou ser enviados ao céu. Caso tenhamos morrido em

pecado venial, nossa alma é enviada ao purgatório, para se purificar,

e, depois, vai ao céu, para sempre.

No fim do mundo, todos os homens que estiverem vivos então,

morrerão. Depois é que se dará o Juízo universal. No Evangelho

Nosso Senhor diz que, no dia do Juízo Final, o mundo atual sofrerá

grandes cataclismas e os mortos -- (todos os homens estarão já

mortos) -- ressuscitarão, voltando a ter seu corpo e sua alma unidos.

Todos seremos reunidos num local, no vale de Josafat. Os bons serão

colocados ? direita de Jesus Cristo, e os maus ? esquerda .  E Cristo fará o Juízo Universal. Este não será o Juízo de cada alma, -- que já

foi feito, e não será mudado -- e sim o julgamento do que os homens

fizeram na História.

Os maus serão ressuscitados com seus corpos, que farão

transparecer em seu aspecto, o pecado em que morreram. Os bons

terão corpos gloriosos: luminosos, impassíveis, imortais e ágeis,

semelhantes ao corpo de Cristo depois de sua Ressurreição gloriosa.

Os pecados dos bons, dos quais eles já foram perdoados e purgados

no purgatório, aparecerão como cicatrizes gloriosas como os de um

soldado vencedor numa batalha. Após o Juízo Final, os homens serão

mandados, ou para o céu, ou para o inferno, eternamente. Não

haverá mais o purgatório.

8 - "Irmãos, não queremos que ignoreis coisa alguma a respeito dos

mortos, para que não vos entristeçais, como os outros homens que

não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou,

cremos também que Deus levará com Jesus os que nele morreram.

Eis o que vos declaramos, conforme a palavra do Senhor: por ocasião

da vinda do Senhor, nós que ficamos ainda vivos não precederemos

os mortos. Quando for dado o sinal,? voz do arcanjo e ao som da

trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do céu e os que

morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os vivos, os

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que estamos ainda na terra, seremos arrebatados juntamente com

eles sobre nuvens ao encontro do Senhor nos ares, e assim

estaremos para sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos

outros com estas palavras". 1Tes 4,113-18

Muitos interpretaram erroneamente este texto, achando que os

últimos homens não morrerão, mas serão arrebatados ao céu ainda

vivos. Particularmente as seitas pentecostais gostam desta

interpretação, que se encaixa perfeitamente na sua escatologia de

pinel: um grupo escolhido passando para o paraíso sem a dor da

morte. Daí marcarem datas para o fim do mundo, prometendo aos que

se dedicarem a ela a vida eterna fácil... (ex.: testemunhas de

adonay).

Mas a Bíblia deve ser interpretada no conjunto, não isoladamente, e

também diz São Paulo: "Assim como todos morreram em Adão, assim

todos serão vivificados em Cristo". (I Cor. 15,22). Além do que, nesta

mesma passagem de Tessalonicenses, se diz que "que Deus levará

com Jesus os que nele morreram". Portanto, para ir com Cristo, é

preciso morrer primeiro.

Os que serão arrebatados morrerão neste arrebatamento, para que

possam então renascer e ter a vida eterna. Assim sempre entendeu a

Igreja, cuja doutrina se encontra bem expressa nas palavras de Santo Ambrósio: "Nesse arrebatamento sobrevirá à morte. À semelhança

de um sono, a alma se desprenderá do corpo, (mas) para voltar ao

corpo no mesmo instante. Ao serem arrebatados, morrerão.

Chegando, porém, diante do Senhor, novamente receberão suas

almas, em virtude da (própria) presença do Senhor; porquanto não

pode haver mortos na companhia do Senhor". (Ambr. in 1 Th. 4, apud.

Catecismo Romano, I XII 6)".

9 - Somos dotados de corpo e alma, e se quem decide de nossas

ações é nossa vontade livre, o corpo coopera com nossas boas e más

ações. Portanto, o corpo será ressuscitado, no fim do mundo, para

ser punido ou premiado junto com a alma. No fim do mundo, todos os

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homens morrerão, e, depois, ressuscitarão em corpo e alma, para

serem publicamente julgados por Deus. 

Somos dotados de corpo e alma, e se quem decide de nossas ações

é nossa vontade livre, o corpo coopera com nossas boas e más

ações. Portanto, o corpo será ressuscitado, no fim do mundo, para

ser punido ou premiado junto com a alma. No fim do mundo, todos os

homens morrerão, e, depois, ressuscitarão em corpo e alma, para

serem publicamente julgados por Deus. 

10 - Era conveniente que houvesse também um juízo mais geral, em

que todo o gênero humano estivesse presente, para que todos

contemplassem a atuação de Deus e dos homens na história, e

compreendessem a imensa justiça e misericórdia que Deus usou para

castigar os maus e premiar os bons. Este juízo universal ou Final se

dará no final do mundo, e será precedido pelos sinais do fim dos

tempos, sendo o sinal mais impressionante a ressurreição de todos os

homens sob o som de uma trombeta.

Reunido então todo o gênero humano no vale de Josafat, Cristo

mandará seus anjos para separarem os bons dos maus, e apartá-los

para sempre. Uns para o descanso eterno, outros, os maus, para o

fogo eterno.

11 - O Juízo Final é a explicação da história, que será desvendada

aos olhos de todos, tantos dos justos como dos precitos.  Serão

postos às claras todos os pecados ocultos, todas os milagres de

Deus, todos os grandes atos de heroísmo e todas as consequências

dos méritos ou pecados das almas... Tudo isso é contado no Juízo

Final. É o grande desfecho da história. Nunca um precito voltará ao

Céu e nunca um santo descerá ao inferno. A morte, o Céu ou o

Inferno, são eternos.

Deus leva muito à sério a nossa falta de seriedade! Se quisermos ser

santos, devemos ser sérios e pensar nos "novíssimos", a saber:

Morte, Juízo, Céu e Inferno. Em vários trechos do Evangelho, Nosso

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Senhor nos manda pensar nos novíssimos: "Pense nos teus

novíssimos e não pecarás eternamente".

Eis o que falta à humanidade. Dizia o Pe. Antônio Vieira que a Morte

é uma coisa certa, incerta e única. É certa porque todos sabem que

vão morrer, tanto ricos como pobres. É incerta, pois ninguém sabe

quando. E é única por não haver uma segunda chance.

12 - A alma culpada diante do JuizÉ sentimento comum entre os teólogos que o Juízo particular se faz

logo que o homem expira, e que no próprio lugar onde a alma se

separa do corpo, aí é julgada por Jesus Cristo, que não manda

ninguém em seu lugar, mas vem Ele mesmo para este fim.

13 - Exposições do Magistério da Igreja . Catecismo da Igreja Católica 677; 678; 679; 681; 1021;

1022;1032;1038-1041;1470

. Concílio Vaticano II - Lúmen Gentium 48(132);

. Outras: IV Concílio de Latrão; Concílio de Trento - Decreto Cum

Hoc Tempore; Carta Eius Exemplo de Inocêncio III; II Concílio de

Lyon – Profissão de Fé de Miguel Paleólogo; Constituição Benedictus

Deus de Bento XII;

CITAÇÕES BÍBLICAS

Ap 20, 12; 2Pd3, 12-13; Mc 12, 38-40; Lc 12, 1-3; Jô 3, 20-21; At 24,

15; Jo 5, 28-29; Mt 25, 31-33-46; Jo 12, 48;

 http://www.ultimasmisericordias.com.br/Pagina/2714/JUIZO-FINAL-E-JUIZO-PARTICULAR

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CÉU

1 - Significado do céuNa Sagrada Escritura, a expressão "céu e terra" significa tudo aquilo que

existe, a criação inteira. Indica também o nexo no interior da criação, que ao

mesmo tempo une e distingue céu e terra: "a terra" e o mundo dos homens; "o

céu" ou "os céus" pode designar o firmamento, mas também o "lugar" próprio

de Deus: "nosso Pai nos céus" (Mt 5,16) e, por conseguinte, também o "céu"

que e a glória escatológica. Finalmente, a palavra "céu" indica o "lugar" das

criaturas espirituais - os anjos - que estão ao redor de Deus.

Essa vida perfeita com a Santíssima Trindade, essa comunhão de vida e de

amor com ela, com a Virgem Maria, os anjos e todos os bem-aventurados, é

denominada "o Céu". O Céu é o fim último e a realização das aspirações mais

profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.

Viver no Céu é "viver com Cristo". Os eleitos vivem "nele", mas lá conservam -

ou melhor, lá encontra - sua verdadeira identidade, seu próprio nome.

Por sua Morte e Ressurreição, Jesus Cristo nos "abriu" o Céu. A vida dos

bem-aventurados consiste na posse em plenitude dos frutos da redenção

operada por Cristo, que associou à sua glorificação celeste os que creram nele

e que ficaram fiéis à sua vontade. O céu é a comunidade bem-aventurada de

todos os que estão perfeitamente incorporados a Ele.

Esta expressão bíblica não significa um lugar ["o espaço], mas uma maneira de

ser; não o afastamento de Deus, mas sua majestade. Nosso Pai não está "em

outro lugar", Ele está "para além de tudo" quanto possamos conceber a

respeito de sua Santidade. Porque Ele é três vezes Santo, está bem próximo

do coração humilde e contrito:

É com razão que estas palavras "Pai Nosso que estais no céu" provêm do

coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas

também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca.

Os "céus" poderiam muito bem ser também aquele que trazem a imagem do

mundo celeste, nos quais Deus habita e passeia.

O símbolo dos céus nos remete ao mistério da Aliança que vivemos quando

rezamos ao nosso Pai. Ele está nos céus que são sua Morada; a Casa do Pai

é, portanto, nossa "pátria". Foi da terra da Aliança que o pecado nos exilou e é

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para o Pai, para o céu, que a conversão do coração nos faz voltar. Ora, é no

Cristo que o céu e a terra são reconciliados, pois o Filho "desceu do céu",

sozinho, e para lá nos faz subir com ele, por sua Cruz, sua Ressurreição e

Ascensão.

"Que estais nos céus" não designa um lugar, mas a majestade de Deus e sua

presença no coração dos justos. O céu, a Casa do Pai, constitui a verdadeira

pátria para onde nos dirigimos e à qual já pertencemos.

A esta primeira resposta é acrescentada uma segunda: "Se queres ser perfeito,

vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois,

vem e segue-me" (Mt 19,21). Esta não anula a primeira. O seguimento de

Jesus Cristo inclui o cumprimento dos mandamentos. A Lei não foi abolida,

mas o homem é convidado a reencontrá-la na pessoa de seu Mestre, que é o

cumprimento perfeito dela. Nos três Evangelhos sinópticos, o apelo de Jesus

dirigido ao jovem rico, de segui-lo na obediência do discípulo e na observância

dos preceitos, é relacionado com o convite à pobreza e à castidade. Os

conselhos evangélicos são indissociáveis dos mandamentos.

2 - Céu: A realização absoluta da vidaA palavra é antiga, pertence ao domínio público, consagrado pelo seu uso. Seu

emprego evoca a ideia de “lugar” ou “espaço” pelo qual se aspira e ao qual se

chega depois de mais ou menos longa peregrinação terrena: sua evocação

remete ao alto, ao transcendente, aquilo que está acima do homem, o único

que lhe pode trazer a paz e a plenitude tão almejada e do qual o grande teto

azul dos dias claros é símbolo e representação.

A tradição cristã sempre identificou o céu como o ponto máximo da aspiração

humana, a meta suprema da vida em graça.

Encontra o céu já, em germe, na trama desta vida ou é algo ao qual só se

chega depois da passagem da morte?

Trata-se de realidade totalmente diferente e incompatível com tudo que se

conhece e se pode conceber nas categorias humanas ou, pelo contrario, é

coisa de dimensões históricas, que pode ser compreendido a partir de

experiência humanas concretas?

Pode ser conquistado e obtido através dos atos individuais de cada um ou é

um processo global histórico no qual estão envolvidos, chamados a

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participação, todos os homens criado por Deus para “crescer e dominar a

Terra?” (Gn 1,28).

Seja qual for a linguagem empregada ou as cosmovisões subjacentes, o céus

da parte integrante e essencial, desde sempre, da vida e da esperança cristãs.

O Céu é vida eterna, é promessa real entregue ao ser humano por Deus,

ratificada em Jesus Cristo, proposta de plenitude de vida e de realização

radical para aquele que deposita sua confiança no amor e na abertura aos

outros. Existe, no entanto, maneiras diferentes de pensar, crer e esperar essa

meta final assinalada por Deus para a história da salvação, que chamamos

céu.

3 - As imagens da EscrituraNo AT, o céu é intramundano. A promessa de Deus a seu povo funciona como

dispositivo de abertura da historia que se desdobra paulatinamente, à medida

que as esperança de libertação vão se realizando e suscitando novos e

maiores desejos por uma libertação mais plena e completa.

Ao ver sua esperança sempre diferida e o objeto de seu desejo sempre mais

querido e nunca totalmente esgotado, Israel faz a experiência de a fé num

Deus que é, ao mesmo tempo, o que promete e a promessa (Gn 15,1). A vida

plena cumulada pelas benções de Javé, é esta vida vivida na amizade e

comunhão com Deus único Bem capaz de dar sentido à existência. O homem

do AT começa, no entanto, a vislumbrar que a plenitude e a imediatez da

presença de Deus, pela qual suspira, não é possível durante a existência

temporal. (Sal 16,73 ), o livro da Sabedoria e outros, mais próximos à fronteira

do NT (Dn; 2Mc, etc), refletem essa esperança de vida eterna, na qual o

Senhor será plenamente conhecido e desfrutado, para além dos limites e do

poder da morte.

A pregação de Jesus vem delinear com traços mais nítidos o conteúdo último

da promessa de Deus e da esperança humana. Sendo Ele mesmo a promessa

cumprida.

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4 - Reino acontecido.“Ver a Deus” é o anseio que o semita carrega consigo desde os primórdios da

historia de seu povo ( Ex 33,18-23). “ Ver” significa, em termos bíblicos,

participar da vida, viver em presença de. Para o semita, “ver o rei” é gozar de

sua intimidade, sentar-se à sua mesa, ter com ele relações familiares e

afetivas. Trata-se, portanto mais de uma comunhão existencial que de um

conhecimento teórico ou contemplação passiva.

Essa visão, que é comunhão, colocada por Jesus ao nível de bem-aventurança

(“Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus” – Mt 5,8)

acontece nesta vida ainda em estado imperfeito, confuso. “Agora vemos por

um espelho, mas então o veremos frente a frente. Agora conheço de um modo

imperfeito, mas então conhecerei como sou conhecido” 1Cor 13,12.

“ainda não se manifestou o que seremos. Sabemos que, quando se manifeste,

seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é” 1Jo 3,2.

João acentua o fato de que Jesus não só possui a vida, anuncia a vida, dá a

vida, mas é – ele mesmo – a vida (Jo 11,25; 14;6 1Jo 5,20).

A vida eterna proposta no NT é a plenitude do amor. Ora, onde há amor, ali há

vida, presença, conhecimento e visão de Deus, bem-aventurança. “Se nos

amamos uns aos outros, Deus permanece em nós” 1Jo 4,12.

A vida eterna e verdadeira, bem-aventurança prometida e desejada, é ver a

Deus, conhece-lo tal como ele é, e ser por ele visto e conhecido. Conhecimento

e visão que só acontecem, no entanto, onde há abertura, amor participação e

comunhão.

O céu para o Vaticano II, começa na terra, na luta dos homens para que o

grande banquete as Criação possa ser, com verdade, a festa de todos.

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PURGATÓRIONO CATECISMO DA IGRAJA CATOLICA

Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão

completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna,

passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade

necessária para entrar na alegria do Céu.

A Igreja denomina Purgatória esta purificação final dos eleitos, que é

completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a

doutrina da fé relativa ao Purgatório, sobretudo no Concílio de Florença e de

Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja

fala de um fogo purificador:

No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo

um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo,

que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não

lhe será perdoada nem presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta

afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século

presente, ao passo que outras, no século futuro.

Este ensinamento apoia-se também na prática da oração pelos defuntos,

da qual já a Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele (Judas Macabeu) mandou

oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que

fossem absolvidos de seu pecado" (2Mc 12,46). Desde os primeiros tempos a

Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em

especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar

à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as

indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos:

Levemos-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó (1,5)

foram purificados pelo sacrifício de seu pai que deveríamos duvidar de que

nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não

hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles.

AS PENAS DO PECADO Para compreender esta doutrina e esta prática da

Igreja, é preciso admitir que o pecado tem uma dupla consequência. O pecado

grave priva-nos da comunhão com Deus e, consequentemente, nos torna

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incapaz da vida eterna; esta privação se chama "pena eterna" do pecado. Por

outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às

criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no

estado chamado "purgatório". Esta purificação liberta da chamada "pena

temporal" do pecado. Essas duas penas não devem ser concebidas como uma

espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas, antes, como uma

consequência da própria natureza do pecado. Uma conversão que procede de

uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, de tal modo

que não haja mais nenhuma pena.

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INFERNO

1 - Definição do infernoNão podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-

lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra

nosso próximo ou contra nós mesmos: "Aquele que não ama permanece na

morte. Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis que nenhum

homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor

adverte-nos de que seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro

das necessidades graves dos pobres e dos pequenos que são seus irmãos.

Morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor

misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para

sempre, por nossa própria opção livre. E é este estado de auto-exclusão

definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa

com a palavra "inferno".

Jesus fala muitas vezes da "Geena", do "fogo que não se apaga", reservado

aos que recusam até o fim de sua vida crer e converter-se, e no qual se pode

perder ao mesmo tempo a alma e o corpo. Jesus anuncia em termos graves

que "enviar seus anjos, e eles erradicarão de seu Reino todos os escândalos e

os que praticam a iniquidade, e os lançarão na fornalha ardente" (Mt 13,41-42),

e que pronunciar a condenação: "Afastai-vos de mim malditos, para o fogo

eterno!" (Mt 25,41).

2 - Doutrina da Igreja sobre o infernoAs afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja acerca do

Inferno são um chamado à responsabilidade com a qual o homem deve usar de

sua liberdade em vista de seu destino eterno. Constituem também um apelo

insistente à conversão: "Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o

caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita,

porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são os

que o encontram" (Mt 7,13-14): Como desconhecemos o dia e a hora,

conforme a advertência do Senhor, vigiemos constantemente para que,

terminado o único curso de nossa vida terrestre, possamos entrar com ele para

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as bodas e mereçamos ser contados entre os benditos, e não sejamos, como

servos maus e preguiçosos, obrigados a ir para o fogo eterno, para as trevas

exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.

3 - Inferno e aversão livre e voluntária de DeusDeus não predestina ninguém para o Inferno; para isso é preciso uma aversão

voluntária a Deus (um pecado mortal) e persistir nela até o fim. Na Liturgia

Eucarística e nas orações cotidianas de seus fiéis, a Igreja implora a

misericórdia de Deus, que quer "que ninguém se perca, mas que todos venham

a converter-se" (2Pd 3,9): Recebei, ó Pai, com bondade, a oferenda de vossos

servos e de toda a vossa família; dai-nos sempre a vossa paz, livrai-nos da

condenação e acolhei-nos entre os vossos eleitos.

4 - Pecado mortal causa da morte eternaO pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o

próprio amor. Acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante,

isto é, do estado de graça. Se este estado não for recuperado mediante o

arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a

morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções

para sempre, sem regresso. No entanto, mesmo podendo julgar que um ato é

em si falta grave, devemos confiar o julgamento sobre as pessoas à justiça e à

misericórdia de Deus.

2. INFERNOS

1 - Descida de Cristo aos infernos"Pela graça de Deus, Ele provou a morte em favor de todos os homens" (Hb

2,9). Em seu projeto de salvação, Deus dispôs que seu Filho não somente

"morresse por nossos pecados" (1Cor 15,3), mas também que "provasse a

morte", isto é, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre sua

alma e seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que

expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado do Cristo morto

é o mistério do sepulcro e da descida aos Infernos. É o mistério do Sábado

Santo, que o Cristo depositado no túmulo manifesta o grande descanso

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sabático de Deus depois da realização da salvação dos homens, que confere

paz ao universo inteiro.

"Jesus desceu às profundezas da terra. Aquele que desceu é também aquele

que subiu" (Ef 4,9-10). O Símbolo dos Apóstolos confessa em um mesmo

artigo de fé a descida de Cristo aos Infernos e sua Ressurreição dos mortos no

terceiro dia, porque em sua Páscoa é do fundo da morte que ele fez jorrar a

vida:

Cristo, teu Filho/ que, retomado dos Infernos,/ brilhou sereno para o gênero

humano,/ e vive e reina pelos séculos dos séculos. Amem.

As frequentes afirmações do Novo Testamento segundo as quais Jesus

"ressuscitou dentre os mortos" (1Cor 15,20) pressupõem, anteriormente à

ressurreição, que este tenha ficado na Morada dos Mortos. Este é o sentido

primeiro que a pregação apostólica deu à descida de Jesus aos Infernos: Jesus

conheceu a morte como todos os seres humanos e com sua alma esteve com

eles na Morada dos Mortos. Mas para lá foi como Salvador, proclamando a boa

notícia aos espíritos que ali estavam aprisionados.

A Escritura denomina a Morada dos Mortos, para a qual Cristo morto desceu,

de os Infernos, o sheol ou o Hades. Visto que os que lá se encontram estão

privados da visão de Deus. Este é, com efeito, o estado de todos os mortos,

maus ou justos, à espera do Redentor que não significa que a sorte deles seja

idêntica, como mostra Jesus na parábola do pobre Lázaro recebido no "seio de

Abraão". "São precisamente essas almas santas, que esperavam seu

Libertador no seio de Abraão, que Jesus libertou ao descer aos Infernos".

Jesus não desceu aos Infernos para ali libertar os condenados nem para

destruir o Inferno da condenação, mas para libertar os justos que o haviam

precedido.

"A Boa Nova foi igualmente anunciada aos mortos..." (1Pd 4,6). A descida aos

Infernos é o cumprimento, até sua plenitude, do anúncio evangélico da

salvação. É a fase última da missão messiânica de Jesus, fase condensada no

tempo, mas imensamente vasta em sua significação real de extensão da obra

redentora a todos os homens de todos os tempos e de todos os lugares, pois

todos os que são salvos se tomaram participantes da Redenção.

Cristo desceu, portanto, no seio da terra, a fim de que "os mortos ouçam a voz

do Filho de Deus e os que a ouvirem vivam" (Jo 5,25). Jesus, "o Príncipe da

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vida", "destruiu pela morte o dominador da morte, isto é, O Diabo, e libertou os

que passaram toda a vida em estado de servidão, pelo temor da morte" (Hb

2,5). A partir de agora, Cristo ressuscitado "detém a chave da morte e do

Hades" (Ap 1,18), e "ao nome de Jesus todo joelho se dobra no Céu, na Terra

e nos Infernos" (Fl 2,10).

Um grande silêncio reina hoje na terra, um grande silêncio e uma grande

solidão. Um grande silêncio porque o Rei dorme. A terra tremeu e acalmou-se

porque Deus adormeceu na carne e foi acordar os que dormiam desde

séculos... Ele vai procurar Adão, nosso primeiro Pai, a ovelha perdida. Quer ir

visitar todos os que se assentaram nas trevas e à sombra da morte. Vai libertar

de suas dores aqueles dos quais é filho e para os quais é Deus: Adão

acorrentado e Eva com ele cativa. "Eu sou teu Deus, e por causa de ti me

tornei teu filho. Levanta-te, tu que dormes, pois não te criei para que fiques

prisioneiro do Inferno: Levanta-te dentre os mortos, eu sou a Vida dos mortos."

2 - Descida do homem aos infernosO ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As

almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente

após a morte aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, "o fogo eterno". A

pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em

quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às

quais aspira.

No colégio dos Doze, Simão Pedro ocupa o primeiro lugar. Jesus confiou-lhe

uma missão única. Graças a uma revelação vinda do Pai, Pedro havia

confessado: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16,16). Nosso Senhor

lhe declara na ocasião: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha

Igreja, e as Portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela" (Mt 16,18). Cristo,

"Pedra viva"; garante a sua Igreja construída sobre Pedro a vitória sobre as

potências de morte. Pedro, em razão da fé por ele confessada, permanecerá

como a rocha inabalável da Igreja. Terá por missão defender esta fé de todo

desfalecimento e confirmar nela seus irmãos.

As Igrejas particulares são plenamente católicas pela comunhão com uma

delas: a Igreja de Roma, "que preside à caridade". "Pois com esta Igreja, em

razão de sua origem mais excelente, deve necessariamente concordar cada

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Igreja, isto é, os fiéis de toda parte." "Com efeito, desde a descida a nós do

Verbo Encarnado, todas as Igrejas cristãs de toda parte consideraram e

continuam considerando a grande Igreja que está aqui [em Roma] como única

base e fundamento, visto que, segundo as próprias promessas do Salvador, as

portas do inferno nunca prevaleceram sobre ela.

3. O inferno no AT, na pregação de Jesus A concepção de inferno herdada por Jesus de seu povo e seu universo

religioso. Como entendia o judaísmo o destino do ímpio após a morte? Existia,

já em Israel, antes de Cristo, uma concepção de inferno como castigo que

tenha sido assumida, ainda que apenas em parte, pelo Cristianismo?

Uma das mais constantes e firmes persuasões do AT é a da bondade de Deus

e a consequente positividade de tudo que é obra de Suas mãos (cf. Gn 1; Sb

1.13; 11,24). O desejo de Deus é de que tudo que é criado não morra, mas

viva, mesmo o homem e a mulher ferido pelo pecado (Ez 18,23; 33,11).

Segundo a concepção tradicional do AT, o destino comum de todos os que

morriam era o Sheol, ou mansão dos mortos, imaginando como cova sob as

bases das montanhas, onde reinava a treva, o silencio, o pó, o esquecimento e

a desesperança (cf. Jó 10,21s; 17,16; 14,21; Dt 32,22; Sl 94,17; Is 14,40).

Para esse lugar iam todos os mortos, e ai viviam outra forma de existência, da

qual não havia retorno à terra dos vivos (cf. Jó 7,7-10) nem inclusão da ideia de

recompensa ou retribuição.

Essa concepção conheceu uma própria evolução dentro do próprio AT. A partir

da necessidade da ressurreição do corpo, intimamente unido à alma, o sheol

passa a ser um lugar considerado morada intermediaria, de justos e ímpios,

onde os primeiros, passando por processo de purificação, aguardariam a

ressurreição (cf. Is 26,19). Em Dn 12,2s tem-se outra concepção diferente de

ressurreição que afirma que ambos ressuscitam: os justo para a vida eterna e

os ímpios para a desonra. O sheol aparece, então ai, como mansão infernal

destinada aos ímpios para castigo eterno.

Jesus usou as categorias da época para falar a seus contemporâneos.

Marcada pela influencia da apocalíptica judaica, a pregação de Jesus deixa

refletir as concepções dessa corrente: urgência da conversão, imediatismo da

irrupção de Deus na historia como juízo e iminência do fim (cf. Mt 3,2.10; 4,17).

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A mensagem central de Jesus Cristo é de salvação. Não existem, nos

Evangelhos, dois princípios geradores, duas vertentes igualmente importantes,

dois anúncios: um de salvação e um de condenação.

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RESSURREIÇÃO

"Homens da Galiléia, porque ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus

que vos acaba de ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo

que o vistes subir para o céu. (At 1,11) " .

1 - IntroduçãoA palavra “ressurreição”, literalmente, significa levantar, erguer. Ela é muito

usada nos textos da Sagrada Escritura, quando fala da ressurreição dos

mortos. É o ato de uma pessoa, considerada morta, viver novamente. É termo

que passa por profunda reflexão no mês de novembro, principalmente quando

celebramos o dia de todos os santos e de finados.

Nos fundamentos e no entendimento dos cristãos, a ressurreição tem uma

base de fé. Para os descrentes ela não passa de uma aberração. Os cristãos a

entendem como plenitude da vida, tendo seu desfeche em Deus. É o que

motiva e dá ânimo para o enfrentamento dos sofrimentos na história de vida

das pessoas.

O que dá base para a fé na ressurreição é a fidelidade aos ensinamentos

divinos. A vida temporal, na terra, deve apoiar-se na fé, na esperança e na

caridade. Pela ressurreição, ela terá continuidade na eternidade, não

necessitando mais destas virtudes humanas, mas apenas na totalidade do

amor de Deus.

No tempo presente, a pessoa precisa cultivar o jardim de sua existência

mesmo sendo dificultado por atos de perseguição, de sofrimentos e de

desânimo. Mas deve levar consigo a certeza de que a morte não é o término da

vida, mas o caminho que leva para a realização daquilo que é a finalidade do

ser humano, a vida em Deus.

Pensar na ressurreição como obra divina significa ter convicção de que Deus é

sempre misericordioso, mas que também leva em conta a prática da justiça.

Deus não abandonará na morte os que preferirem morrer a negar a fé.

Portanto, a ressurreição é fruto também da escolha de fé feita de forma livre e

determinada.

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Não é fácil ter fé firme no meio de um mundo marcado pela descrença. Muitas

pessoas, além de não ter fé na ressurreição, tentam também impedir a

propagação do evangelho. Existe até uma hostilidade de adversários, mas o

cristão não pode se intimidar e desanimar só porque encontra dificuldades. É

fundamental trabalhar a possibilidade de vida nova, vida feliz e plenamente

realizada em Deus.

2 - Ressurreição de Cristo: causa da ressurreição dos mortos.A fé cristã na ressurreição não está centrada no próprio corpo ou na própria

alma, mas em “outro”, em Cristo. A ressurreição de Cristo é causa da

ressurreição e norma para a esperança na ressurreição dos mortos.

1 - "Creio na ressurreição da carne"O Credo cristão - profissão de nossa fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e

em sua ação criadora, salvadora e santificadora - culmina na proclamação da

ressurreição dos mortos, no fim dos tempos e na vida eterna.

Cremos firmemente - e assim esperamos - que, da mesma forma que Cristo

ressuscitou verdadeiramente dos mortos, e vive para sempre, assim também,

depois da morte, os justos viverão para sempre com Cristo ressuscitado e que

Ele os ressuscitará no último dia. Como a ressurreição de Cristo, também a

nossa será obra da Santíssima Trindade:

Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vós,

aquele que ressuscitou Cristo Jesus dentre os mortos dar vida também aos

vossos corpos mortais, mediante o seu Espírito que habita em vós (Rm 8,11).

O termo "carne" designa o homem em sua condição de fraqueza e de

mortalidade. A "ressurreição da carne" significa que após a morte não haverá

somente a vida da alma imortal, mas que mesmo os nossos "corpos mortais"

(Rm 8,11) readquirirão vida.

Crer na ressurreição dos mortos foi, desde os inícios, um elemento essencial

da fé cristã. "Fiducia christianorum resurrectio mortuorum; ilíam credentes,

sumus - A confiança dos cristãos é a ressurreição dos mortos; crendo nela,

somos cristãos":

Como podem alguns dentre vós dizer que não há ressurreição dos mortos? Se

não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo

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não ressuscitou, vazia é a nossa pregação é vazia é também a vossa fé. Mas

não! Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram (1Cor

15,12-14-.20).

A ressurreição dos mortos foi revelada progressivamente por Deus a seu povo.

A esperança na ressurreição corporal dos mortos foi-se impondo como uma

conseqüência intrínseca da fé em um Deus criador do homem inteiro, alma e

corpo. O criador do céu e da terra é também aquele que mantém fielmente sua

aliança com Abraão e sua descendência. E nesta dupla perspectiva que

começará a exprimir-se a fé na reação. Nas provações, os mártires Macabeus

confessam:

O Rei do mundo nos fará ressurgir para uma vida eterna, a nós que morremos

por suas leis (2Mc 7,9). É desejável passar para a outra vida pelas mãos dos

homens, tendo da parte de Deus as esperanças de ser um dia ressuscitado por

Ele (2Mc 7,14).

Os fariseus e muitos outros contemporâneos do Senhor esperavam a

ressurreição. Jesus a ensina com firmeza. Aos saduceus que a negam, ele

responde: "Não é por isto que errais, desconhecendo tanto as Escrituras como

o poder de Deus?" (Mc 12,24). A fé na ressurreição baseia-se na fé em Deus,

que "que não é um Deus dos mortos, mas dos vivos" (Mc 12, 27).

Mais ainda: Jesus liga a fé na ressurreição à sua própria pessoa: "Eu sou a

ressurreição e a vida" (Jo 11,25). É Jesus mesmo quem, no último dia, há de

ressuscitar os que nele tiveram crido e que tiverem comido seu corpo e bebido

seu sangue. Desde já, Ele fornece um sinal e um penhor disto, restituindo a

vida a certos mortos, anunciando com isso sua própria ressurreição, que no

entanto será de outra ordem. Deste acontecimento único Ele fala como do

"sinal de Jonas", do sinal do templo: anuncia sua ressurreição, que ocorrerá no

terceiro dia depois de ser entregue à morte.

Ser testemunha de Cristo é ser "testemunha de sua ressurreição" (At 1,22), "ter

comido e bebido com Ele após sua ressurreição dentre os mortos" (At 10,41). A

esperança cristã na ressurreição está toda marcada pelos encontros com

Cristo ressuscitado. Ressuscitaremos como Ele, com Ele, por Ele.

Desde o início, a fé cristã na ressurreição deparou com incompreensões e

oposições. "Em nenhum ponto a fé cristã depara com mais contradição do que

em torno da ressurreição da carne." Aceita-se muito comumente que depois da

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morte a vida da pessoa humana prossiga de um modo espiritual. Mas como

crer que este corpo tão manifestamente mortal possa ressuscitar para a vida

eterna?

Que é "ressuscitar"? Na morte, que é separação da alma e do corpo, o corpo

do homem cai na corrupção, ao passo que sua alma vai ao encontro de Deus,

ficando à espera de ser novamente unida a seu corpo glorificado. Deus, em

sua onipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível a nossos corpos,

unindo-os às nossas almas, pela virtude da Ressurreição de Jesus.

Quem ressuscitará ? Todos os homens que morreram: "Os que tiverem feito o

bem (sairão) para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal,

para uma ressurreição de julgamento" (Jo 5,29).

De que maneira? Cristo ressuscitou com seu próprio corpo: "Vede as minhas

mãos e os meus pés: sou eu!" (Lc 24,39). Mas ele não voltou a uma vida

terrestre. Da mesma forma, nele" ressuscitarão com seu próprio corpo, que têm

agora"; porém, este corpo será "transfigurado em corpo de g1ória", em "corpo

espiritual" (1Cor 15, 44):

Mas, dirá alguém, como ressuscitam os mortos? Com que corpo voltam?

Insensato! O que semeias não readquire vida a não ser que morra. E o que

semeias não é o corpo da futura planta que deve nascer, mas um simples grão

de trigo ou de qualquer outra espécie (...) Semeado corruptível, o corpo

ressuscita incorruptível (...) os mortos ressurgirão incorruptíveis. (...) Com

efeito, é necessário que este ser corruptível revista a incorruptibilidade e que

este ser mortal revista a imortalidade (1Cor 15,35-37.42.52-53).

Este "corno" ultrapassa nossa imaginação e nosso entendimento, sendo

acessível só na fé. Nossa participação na Eucaristia, no entanto, já nos dá um

antegozo da transfiguração de nosso corpo por Cristo:

Assim como o pão que vem da terra, depois de ter recebido a invocação de

Deus, não é mais pão comum, mas Eucaristia, Constituída por duas realidades,

uma terrestre e a outra celeste, da mesma forma os nossos corpos que

participam da Eucaristia não são mais corruptíveis, pois têm a esperança da

ressurreição.

Quando? Definitivamente "no último dia" (Jo 6,39-40.44-54); "no fim do

mundo". Com efeito, a ressurreição dos mortos está intimamente associada à

Parusia de Cristo:

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Quando o Senhor, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta

divina, descer do céu, então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro (1Ts

4,16).

Se é verdade que Cristo nos ressuscitará "no último dia", também que, de certo

modo, já ressuscitamos com Cristo. Pois, graças ao Espírito Santo, a vida

cristã é, já agora na terra, uma participação na morte e na ressurreição de

Cristo:

Fostes sepultados com Ele no Batismo, também com Ele ressuscitastes, pela

fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. (...) Se, pois,

ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde Cristo está sentado

à direita de Deus (Cl 2,12;3,1).

Unidos a Cristo pelo Batismo, os crentes já participam realmente na vida

celeste de Cristo ressuscitado, mas esta vida permanece "escondida com

Cristo em Deus" (Cl 3,3). "Com ele nos ressuscitou e fez-nos sentar nos céus,

em Cristo Jesus" (Ef 2,6). Nutridos com seu Corpo na Eucaristia, já

pertencemos ao Corpo de Cristo. Quando ressuscitarmos, no último dia, nós

também seremos "manifestados com Ele cheios de glória" (Cl 3,3).

Enquanto aguardam esse dia, o corpo e a alma do crente participam desde já

da dignidade de ser "de Cristo"; daí a exigência do respeito para com seu

próprio corpo, mas também para com o de outrem, particularmente quando

este sofre:

O corpo é para o Senhor, e o Senhor é para o corpo. Ora, Deus, que

ressuscitou o Senhor, ressuscitará também a nós por seu poder. Não sabeis

que vossos corpos são membros de Cristo? (...) Não pertenceis a vós mesmos.

(...) Glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo (1Cor 6,5.19-20).

Para ressuscitar com Cristo é preciso morrer com Cristo, é preciso "deixar a

mansão deste corpo para ir morar junto do Senhor" (2 Cor 5,8). Nesta "partida"

que é a morte, a alma é separada do corpo. Ela será reunida a seu corpo no

dia da ressurreição dos mortos

"É diante da morte que o enigma da condição humana atinge seu ponto mais

alto." Em certo sentido, a morte corporal é natural; mas para a fé ela é na

realidade "salário do pecado" (Rm 6,23). E, para os que morrem na graça de

Cristo, é uma participação na morte do Senhor, a fim de poder participar

também de sua Ressurreição.

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A morte é o termo da vida terrestre. Nossas vidas são medidas pelo tempo, ao

longo do qual passamos por mudanças, envelhecemos e, como acontece com

todos os seres vivos da terra, a morte aparece como o fim normal da vida. Este

aspecto da morte marca nossas vidas com um caráter de urgência: a

lembrança de nossa mortalidade serve também para recordar-nos de que

temos um tempo limitado para realizar nossa vida:

Lembra-te de teu Criador nos dias de tua mocidade (...) antes que o pó volte à

terra donde veio, e o sopro volte a Deus, que o concedeu (Ecl 12,1.7).

A morte é conseqüência do pecado. Intérprete autêntico das afirmações da

Sagrada Escritura e da tradição, o magistério da Igreja ensina que a morte

entrou no mundo por causa do pecado do homem. Embora o homem tivesse

uma natureza mortal, Deus o destinava a não morrer. A morte foi, portanto,

contrária aos desígnios de Deus criador e entrou no mundo como

conseqüência do pecado. "A morte corporal, à qual o homem teria sido

subtraído se não tivesse pecado", é assim "o último inimigo" do homem a ser

vencido (1 Cor 15,26).

A morte é transformada por Cristo. Jesus, o Filho de Deus sofreu também Ele a

morte, própria da condição humana. Todavia, apesar de seu pavor diante dela,

assumiu-a em um ato de submissão total e livre à vontade de seu Pai. A

obediência de Jesus transformou a maldição da morte em bênção.

Graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. "Para mim, a vida é

Cristo, e morrer é lucro" (Fl 1,21). "Fiel é esta palavra: se com Ele morremos,

com Ele viveremos" (2Tm 1,11). A novidade essencial da morte cristã está

nisto: pelo Batismo, o cristão já está sacramentalmente "morto com Cristo",

para Viver de uma vida nova; e, se morrermos na graça de Cristo, a morte

física consuma este "morrer com Cristo" e completa, assim, nossa

incorporação a ele em seu ato redentor:

É bom para mim morrer em ("eis") Cristo Jesus, melhor do que reinar até as

extremidades da terra. É a Ele que procuro, Ele que morreu por nós: é Ele que

quero, Ele que ressuscitou por nós. Meu nascimento aproxima-se. (...) Deixai-

me receber a pura luz; quando tiver chegado lá, serei homem.

Na morte, Deus chama o homem a si. É por isso que o cristão pode sentir, em

relação à morte, um desejo semelhante ao de São Paulo: "O meu desejo é

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partir e ir estar com Cristo" (Fl 1,23); e pode transformar sua própria morte em

um ato de obediência e de amor ao Pai, a exemplo de Cristo:

Meu desejo terrestre foi crucificado; (...) há em mim uma água viva que

murmura e que diz dentro de mim: "Vem para o Pai".

Quero ver a Deus, e para vê-lo é preciso morrer. Eu não morro, entro na vida.

A visão cristã da morte é expressa de forma privilegiada na liturgia da Igreja:

Senhor, para os que crêem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E,

desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível

A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de

misericórdia que Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o

projeto divino e para decidir seu destino último. Quando tiver terminado "o

único curso de nossa vida terrestre", não voltaremos mais a outras vidas

terrestres. "Os homens devem morrer uma só vez" (Hb 9,27). Não existe

"reencarnação" depois da morte.

2 - Alma e corpo na ressurreição finalA Igreja ensina que cada alma espiritual é diretamente criada por Deus - não é

"produzida" pelos pais - e é imortal: ela não perece quando da separação do

corpo na morte e se unirá novamente ao corpo na ressurreição final.

3 - Cremação e fé na ressurreição dos corposA autópsia de cadáveres pode ser moralmente admitida por motivos de

investigação legal ou de pesquisa científica. A doação gratuita de órgãos após

a morte é legítima e pode ser meritória.

A Igreja permite a cremação, se esta não manifestar uma posição contrária à fé

na ressurreição dos corpos.

4 - Eucaristia força de ressurreiçãoO viático, último sacramento do cristão aos que estão para deixar esta vida, a

Igreja oferece, além da Unção dos Enfermos, a Eucaristia como viático.

Recebida neste momento de passagem para o Pai, a comunhão do Corpo e

Sangue de Cristo tem significado e importância particulares. E semente de vida

eterna e poder de ressurreição, segundo as palavras do Senhor: "Quem come

a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no

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último dia" (Jo 6,54). Sacramento de Cristo morto e ressuscitado, a Eucaristia é

aqui sacramento da passagem da morte para a vida, deste mundo para o Pai.

5 - Fé na ressurreição dos mortos elemento essencial na fé cristãCrer na ressurreição dos mortos foi, desde os inícios, um elemento essencial

da fé cristã. "Fiducia christianorum resurrectio mortuorum; ilíam credentes,

sumus - A confiança dos cristãos é a ressurreição dos mortos; crendo nela,

somos cristãos":

Como podem alguns dentre vós dizer que não há ressurreição dos mortos? Se

não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo

não ressuscitou, vazia é a nossa pregação é vazia é também a vossa fé. Mas

não! Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram (1Cor

15,12-14-.20).

6 - Modos de ressurreição dos mortosDe que maneira? Cristo ressuscitou com seu próprio corpo: "Vede as minhas

mãos e os meus pés: sou eu!" (Lc 24,39). Mas ele não voltou a uma vida

terrestre. “Da mesma forma, nele” ressuscitarão com seu próprio corpo, que

têm agora"; porém, este corpo será "transfigurado em corpo de g1ória", em

"corpo espiritual" (1Cor 15, 44):

Mas, dirá alguém, como ressuscitam os mortos? Com que corpo voltam?

Insensato! O que semeias não readquire vida a não ser que morra. E o que

semeias não é o corpo da futura planta que deve nascer, mas um simples grão

de trigo ou de qualquer outra espécie (...) Semeado corruptível, o corpo

ressuscita incorruptível (...) os mortos ressurgirão incorruptíveis. (...) Com

efeito, é necessário que este ser corruptível revista a incorruptibilidade e que

este ser mortal revista a imortalidade (1Cor 15,35-37.42.52-53).

Este "corno" ultrapassa nossa imaginação e nosso entendimento, sendo

acessível só na fé. Nossa participação na Eucaristia, no entanto, já nos dá um

antegozo da transfiguração de nosso corpo por Cristo:

Assim como o pão que vem da terra, depois de ter recebido a invocação de

Deus, não é mais pão comum, mas Eucaristia, Constituída por duas realidades,

uma terrestre e a outra celeste, da mesma forma os nossos corpos que

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participam da Eucaristia não são mais corruptíveis, pois têm a esperança da

ressurreição.

7 - Oposições e incompreensões relativas à fé na ressurreição dos mortosDesde o início, a fé cristã na ressurreição deparou com incompreensões e

oposições. "Em nenhum ponto a fé cristã depara com mais contradição do que

em torno da ressurreição da carne." Aceita-se muito comumente que depois da

morte a vida da pessoa humana prossiga de um modo espiritual. Mas como

crer que este corpo tão manifestamente mortal possa ressuscitar para a vida

eterna?

8 - Razões e fundamentos da fé na ressurreição dos mortosOs fariseus e muitos outros contemporâneos do Senhor esperavam a

ressurreição. Jesus a ensina com firmeza. Aos saduceus que a negam, ele

responde: "Não é por isto que errais, desconhecendo tanto as Escrituras como

o poder de Deus?" (Mc 12,24). A fé na ressurreição baseia-se na fé em Deus,

que "que não é um Deus dos mortos, mas dos vivos" (Mc 12, 27).

Mais ainda: Jesus liga a fé na ressurreição à sua própria pessoa: "Eu sou a

ressurreição e a vida" (Jo 11,25). É Jesus mesmo quem, no último dia, há de

ressuscitar os que nele tiveram crido e que tiverem comido seu corpo e bebido

seu sangue. Desde já, Ele fornece um sinal e um penhor disto, restituindo a

vida a certos mortos, anunciando com isso sua própria ressurreição, que no

entanto será de outra ordem. Deste acontecimento único Ele fala como do

"sinal de Jonas", do sinal do templo: anuncia sua ressurreição, que ocorrerá no

terSer testemunha de Cristo é ser "testemunha de sua ressurreição" (At 1,22),

"ter comido e bebido com Ele após sua ressurreição dentre os mortos" (At

10,41). A esperança cristã na ressurreição está toda marcada pelos encontros

com Cristo ressuscitado. Ressuscitaremos como Ele, com Ele, por Ele.

9 - Ressurreição de todos os mortosQuem ressuscitará ? Todos os homens que morreram: "Os que tiverem feito o

bem (sairão) para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal,

para uma ressurreição de julgamento" (Jo 5,29).

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10 - Ressurreição dos mortos obra da Santíssima TrindadeCremos firmemente - e assim esperamos - que, da mesma forma que Cristo

ressuscitou verdadeiramente dos mortos, e vive para sempre, assim também,

depois da morte, os justos viverão para sempre com Cristo ressuscitado e que

Ele os ressuscitará no último dia. Como a ressurreição de Cristo, também a

nossa será obra da Santíssima Trindade:

Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vós,

aquele que ressuscitou Cristo Jesus dentre os mortos dar vida também aos

vossos corpos mortais, mediante o seu Espírito que habita em vós (Rm 8,11).

11 - Revelação progressiva da ressurreição dos mortosA ressurreição dos mortos foi revelada progressivamente por Deus a seu povo.

A esperança na ressurreição c corporal dos mortos foi-se impondo corno uma

consequência intrínseca da fé em um Deus criador do homem inteiro, alma e

corpo. O criador do céu e da terra é também aquele que mantém fielmente sua

aliança com Abraão e sua descendência. E nesta dupla perspectiva que

começará a exprimir-se a fé na reação. Nas provações, os mártires Macabeus

confessam: O Rei do mundo nos fará ressurgir para uma vida eterna, a nós que

morremos por suas leis (2Mc 7,9). É desejável passar para a outra vida pelas

mãos dos homens, tendo da parte de Deus as esperanças de ser um dia

ressuscitado por Ele (2Mc 7,14).

12 - Significação de ressurgirQue é "ressuscitar"? Na morte, que é separação da alma e do corpo, o corpo

do homem cai na corrupção, ao passo que sua alma vai ao encontro de Deus,

ficando à espera de ser novamente unida a seu corpo glorificado. Deus, em

sua onipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível a nossos corpos,

unindo-os às nossas almas, pela virtude da Ressurreição de Jesus.

13 - Significação de ressurreição da carneO termo "carne" designa o homem em sua condição de fraqueza e de

mortalidade. A "ressurreição da carne" significa que após a morte não haverá

somente a vida da alma imortal, mas que mesmo os nossos "corpos mortais"

(Rm 8,11) readquirirão vida.

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14 - Tempo da ressurreição dos mortosQuando? Definitivamente "no último dia" (Jo 6,39-40.44-54); "no fim do

mundo". Com efeito, a ressurreição dos mortos está intimamente associada à

Parusia de Cristo: Quando o Senhor, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som

da trombeta divina, descer do céu, então os mortos em Cristo ressuscitarão

primeiro (1Ts 4,16).

A ressurreição de todos os mortos, "dos justos e dos injustos" (At 24,15),

antecederá o Juízo Final. Este será "a hora em que todos os que repousam

nos sepulcros ouvirão sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para uma

ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de

julgamento" (Jo 5,28-29). Então Cristo "virá em sua glória, e todos os anjos

com Ele. (...) E serão reunidas em sua presença todas as nações, e Ele há de

separar os homens uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos

cabritos, e por as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. (...) E irão

estes para o castigo eterno, e os justos irão para a Vida Eterna" (Mt 25,31-

33.46).

15 - Transfiguração de Cristo sinal da ressurreição do homemNo limiar da vida pública, o Batismo; no limiar da Páscoa, a Transfiguração.

Pelo Batismo de Jesus "declaratum fuit mysterium primae regenerationis - foi

manifestado o mistério da primeira regeneração": o nosso Batismo; a

Transfiguração "est sacramentum secundae regenerationis - é o sacramento da

segunda regeneração": a nossa própria ressurreição. Desde já participamos da

Ressurreição do Senhor pelo Espírito Santo que age nos sacramentos do

Corpo de Cristo A Transfiguração dá-nos um antegozo da vinda gloriosa do

Cristo, "que transfigurar nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo

glorioso" (Fl 3,21). Mas ela nos lembra também "que é preciso passarmos por

muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus" (At 14,22):

Pedro ainda não tinha compreendido isso ao desejar viver com Cristo sobre a

montanha. Ele reservou-te isto, Pedro, para depois da morte. Mas agora Ele

mesmo diz: Desce para sofrer na terra, para servir na terra, para ser

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desprezado, crucificado na terra. A Vida desce para fazer-se matar; o Pão

desce para ter fome; o Caminho desce para cansar-se da caminhada; a Fonte

desce para ter sede; e tu recusas Sofrer?

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BIBLIOGRAFIA BASICA

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA,  LIBÂNIO, J. B.; BINGEMER, Maria Clara L. Escatologia cristã: o novo céu e a nova terra. Col.: Teologia e Libertação, t. X. Petrópolis: Vozes, 1985/1996. SUZIN, Luiz Carlos. Assim na terra como no céu: brevilóquio sobre escatologia e criação. Petrópolis: Vozes, 1995.   http://www.ultimasmisericordias.com.br/Pagina/2714/JUIZO-FINAL-E-JUIZO-PARTICULAR

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ALVES, Rubens. Variações sobre a vida e a morte: o feitiço erótico-herético da teologia, 4ª ed. São Paulo: Paulinas, 1992.AUBERT, Jean-Marie. E depois... vida ou nada?: ensaio sobre o além. São Paulo: Paulus, 1995. BETIATO, Mário Antônio. Escatologia cristã: entre ameaças e a esperança. Petrópolis: Vozes, 2006. BETTENCOURT, Estêvão. A vida que começa com a morte, 3ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1963. BLANK, Renold J. Escatologia do mundo: o projeto cósmico de Deus. São Paulo: Paulus, 2002. BLANK, Renold J. Nosso mundo tem futuro: escatologia cristã. São Paulo: Paulinas, 1993. BLANK, Renold J.; VILHENA, M. Angela. Esperança para além da morte: antropologia e escatologia. Valência: Siquem, 2001. BOFF, Leonardo. Vida para além da morte: o presente: seu futuro, sua festa, sua contestação.  Vozes: Petrópolis, 1973. BRUSTOLIN, Leomar A. Quando Cristo vem...: a parusia na esperança cristã. São Paulo: Paulus, 2001. NOCKE, Franz-Josef, “Escatologia”, em SCHNEIDER, Theodor (org.). Manual de Dogmática, v. II. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 339-426.RONDET, Henri. Fins do homem e fim do mundo: ensaio sobre o sentido e a formação da escatologia cristã. São Paulo: Herder, 1968. 

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