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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Ano 65 | Edição 3317 | 30 de setembro a 6 de outubro de 2020 www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00 www.arquisp.org.br | No sábado, 26 de setembro, foi criada a 305ª paróquia da Arquidiocese de São Paulo. Loca- lizada no Jardim Felicidade, zona Norte, a nova paróquia tem como padroeira o “Anjo bom da Bahia”, Santa Dulce dos Pobres, canonizada pelo Papa Francisco em outubro de 2019. A nova Paróquia nasceu de capelas e co- munidades que formavam a Área Pastoral São José, cujo território foi desmembrado da Paró- quia Natividade do Senhor, com sede no Jardim Fontalis. O ato de criação foi marcado por uma missa presidida pelo Cardeal Scherer, Arce- bispo Metropolitano, que, na ocasião, tam- bém nomeou e deu posse ao primeiro Páro- co, Padre Antonio Pedro dos Santos. Na homilia, Dom Odilo ressaltou que a paróquia é a comunidade dos discípulos de Jesus que leva avante a missão de evangeli- zar. Ele também exortou os fiéis a edificarem uma verdadeira família de Deus, no amor, na unidade e na caridade, a exemplo da nova padroeira. Páginas 12 e 13 Em mensagem de vídeo aos participantes da 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na sexta-feira, 25 de setembro, o Papa Francisco pediu que a humanidade se una na busca da paz e no combate às desigualdades sociais, amplifica- das pela pandemia. Neste “tempo de escolhas”, o melhor caminho a ser adotado é aquele que “conduz ao reforço do multilateralismo, expressão de uma renovada corresponsabili- dade mundial, de uma solidarie- dade fundada sobre a justiça e a realização da paz, e a unidade da família humana, projeto de Deus para o mundo”, disse o Pontífice. Página 16 Editorial O celibato e a fecundidade apostólica e espiritual dos sacerdotes Página 4 Encontro com o Pastor ‘A verdadeira religiosidade liberta e dá dignidade ao homem’ Página 2 Espiritualidade Dizer ‘sim’ ao contínuo convite do Pai aos trabalhos em sua imensa vinha Página 5 Comportamento O movimento de transformação dos pais para bem formar os filhos Página 7 Santa Dulce dos Pobres é a padroeira de nova paróquia da Arquidiocese Fiéis entronizam imagem de Santa Dulce dos Pobres, durante missa de criação da Paróquia, no sábado, dia 26 de setembro, no Jardim Felicidade, na periferia da zona Norte de São Paulo Em discurso na ONU, Papa pede união pela paz Na ONU, Papa alerta para a degradação ambiental, conflitos, aborto e descaso com os migrantes Pastoral Escolar reforça os laços de fé com estudantes em colégios Presidência da CNBB manifesta preocupação com queimadas no Brasil O SÃO PAULO apresenta dicas para uma boa leitura da Sagrada Escritura Páginas 8 e 9 Página 14 Página 11 Vatican Media Luciney Martins/O SÃO PAULO

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pessoas”, disse em entrevista, no Vaticano, na qual O SÃO PAULO esteve.Página 24

Semanário da arquidioceSe de São Pauloano 65 | Edição 3317 | 30 de setembro a 6 de outubro de 2020 www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00www.arquisp.org.br |

No sábado, 26 de setembro, foi criada a 305ª paróquia da Arquidiocese de São Paulo. Loca-lizada no Jardim Felicidade, zona Norte, a nova paróquia tem como padroeira o “Anjo bom da Bahia”, Santa Dulce dos Pobres, canonizada pelo Papa Francisco em outubro de 2019.

A nova Paróquia nasceu de capelas e co-munidades que formavam a Área Pastoral São

José, cujo território foi desmembrado da Paró-quia Natividade do Senhor, com sede no Jardim Fontalis.

O ato de criação foi marcado por uma missa presidida pelo Cardeal Scherer, Arce-bispo Metropolitano, que, na ocasião, tam-bém nomeou e deu posse ao primeiro Páro-co, Padre Antonio Pedro dos Santos.

Na homilia, Dom Odilo ressaltou que a paróquia é a comunidade dos discípulos de Jesus que leva avante a missão de evangeli-zar. Ele também exortou os fiéis a edificarem uma verdadeira família de Deus, no amor, na unidade e na caridade, a exemplo da nova padroeira.

Páginas 12 e 13

Em mensagem de vídeo aos participantes da 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na sexta-feira, 25 de setembro, o Papa Francisco pediu que a humanidade se una na busca da paz e no combate às desigualdades sociais, amplifica-das pela pandemia.

Neste “tempo de escolhas”, o melhor caminho a ser adotado é aquele que “conduz ao reforço do multilateralismo, expressão de uma renovada corresponsabili-dade mundial, de uma solidarie-dade fundada sobre a justiça e a realização da paz, e a unidade da família humana, projeto de Deus para o mundo”, disse o Pontífice.

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EditorialO celibato e a fecundidade apostólica e espiritual dos sacerdotes

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Encontro com o Pastor‘A verdadeira religiosidade liberta e dá dignidade ao homem’

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EspiritualidadeDizer ‘sim’ ao contínuo convite do Pai aos trabalhos em sua imensa vinha

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ComportamentoO movimento de transformação dos pais para bem formar os filhos

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Santa Dulce dos Pobres é a padroeira de nova paróquia da Arquidiocese

Fiéis entronizam imagem de Santa Dulce dos Pobres, durante missa de criação da Paróquia, no sábado, dia 26 de setembro, no Jardim Felicidade, na periferia da zona Norte de São Paulo

Em discurso na ONU, Papa pede união pela paz

Na ONU, Papa alerta para a degradação ambiental, conflitos, aborto e descaso com os migrantes

Pastoral Escolar reforça os laços de fé com estudantes em colégios

Presidência da CNBB manifesta preocupação com queimadas no Brasil

O SÃO PAULO apresenta dicas para uma boa leitura da Sagrada Escritura

Páginas 8 e 9 Página 14 Página 11

Vatican Media

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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2 | encontro com o Pastor | 30 de setembro a 6 de outubro de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

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Ter religião é parte da vivência humana e das suas expressões cultu-rais. Há muitas formas

de religião e religiosidade, por meio das quais o homem se rela-ciona com a transcendência. Se a religião é, contudo, uma manifes-tação humana importante, na visão cristã, não basta ter religião e reli-giosidade, mas importa vivê-las de maneira correta.

Algum modo de viver a religião se expressa na tentativa de tomar posse do divino para manipulá-lo e servir-se dele, ao bel-prazer do homem. De certa maneira, essa seria a expressão do desejo de sub-meter Deus à vontade e aos desejos do homem. Não seria, pois, uma forma correta de viver a religião, mas, sim, um profundo desrespeito a Deus, e revelaria a pretensão de estar acima Dele e de mandar Nele. Definitivamente, isso não pode ser do Seu agrado.

Em outras formas de religiosi-dade, o homem faz da religião uma fonte de lucro e de busca de prestí-

gio e vaidades. Nesse caso, a refe-rência da religiosidade não é o so-brenatural e o divino, mas o ganho econômico, reduzindo o divino à condição de mercadoria e objeto de transação comercial. Também essa forma de conceber a religião não pode agradar a Deus, e a Bí-blia deixa claro que Ele rejeita essa forma desrespeitosa de tratá-lo e de instrumentalizar a religião em vista do lucro material.

Há também formas de religiosi-dade mediante as quais o homem tenta submeter seu semelhante a um regime de pavor e dependência, ou de sujeição fanática. Nesse caso, não se trata de submeter o homem ao poder e à soberania de Deus, mas do próprio homem. Também essa forma de propor ou viver a religiosidade seria equivocada e perniciosa, pois não levaria a Deus e acabaria produzindo uma espé-cie de ídolo para colocá-lo em Seu lugar e desviaria para o homem a glória e a sujeição devidas somente a Deus. A verdadeira religiosidade liberta e dá dignidade ao homem, em vez de escravizá-lo e de tirar a sua dignidade.

Há ainda formas de religiosida-de meramente formais, reduzidas a ritos exteriores, afirmações intelec-

tuais ou fórmulas cabalísticas, sem incidência na vida pessoal e social. Os profetas do Antigo Testamento e Jesus, no Novo Testamento, são muito críticos em relação a tal for-ma de religiosidade esquizofrênica e hipócrita. A pretensão de agradar a Deus, sem acolher os seus desíg-nios e sem obedecer à sua lei, seria profundamente equivocada e falsa.

Qual seria, no entender cristão, a forma correta de viver a religião? Diversos são os elementos da reli-giosidade bíblico-cristã. Antes de tudo, o reconhecimento sincero e humilde de Deus e de sua sobera-nia sobre o mundo e o homem. O homem não é Deus, nem é igual a Deus, e a soberba humana no trato com o divino e o sobrenatural é das coisas detestáveis diante de Deus. Por outro lado, fazem parte da re-ligiosidade verdadeira a atitude de contemplação, a escuta e a perscru-tação da sabedoria e da vontade de Deus a nosso respeito e a respeito do mundo. Essas atitudes levam à adoração e à acolhida do amor mi-sericordioso de Deus para conosco. Foi Deus que nos amou primeiro e pensou em nós antes mesmo de existirmos. O homem não impõe nada a Deus, mas pode perguntar tudo, quando se deixa envolver de

paternidade e familiaridade por Ele. A religiosidade verdadeira leva à obediência a Deus e a colaborar com alegre zelo na sua obra, pois Deus dá ao homem essa dignidade extraordinária.

A religião e a religiosidade, se-gundo a nossa compreensão cris-tã, incluem uma referência dupla: Deus e as realidades sobrenaturais de um lado; o homem e as coisas naturais, de outro. Nossa fé nos faz olhar para cima, para os lados e ao nosso redor. Como lembra São João, “não podemos dizer que amamos a Deus, a quem não ve-mos, se não amamos nosso próxi-mo, a quem vemos” (cf. 1Jo 4,20). Respeito e amor verdadeiro a Deus, sem respeito e amor ao próximo, não existe. E isso inclui também o apreço, respeito e cuidado pela obra de Deus, nossa “casa comum”, como nos lembrou o Papa Fran-cisco na encíclica Laudato si`. A religião e a religiosidade cristã são confrontadas com o Deus Criador, que também é o Deus Salvador, que se encarnou e se fez humanidade, assumindo sobre si a realidade hu-mana para redimi-la. A uma reli-giosidade que não incluísse a aten-ção ao homem faltaria muito para ser verdadeiramente cristã.

caRdEal odilo pEdRo

schERERArcebispo

metropolitanode São Paulo

A religião que agrada a Deus

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NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO:Em 21/09/2020, foi nomeado e provisionado Pároco, da Paróquia Santa Dulce dos Po-bres, no bairro Jardim Felicidade, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Antônio Pedro dos Santos, pelo período de 06 (seis) anos, em decreto que entrou em vi-gor em 26/09/2020. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL:Em 23/09/2020, foi nomeado e provisionado Administrador Paroquial, “ad nutum epis-copi”, da Paróquia Espírito Santo, no bairro Vila Penteado, na Região Episcopal Brasilân-

dia, o Reverendíssimo Padre Evander Ben-to Camilo, MPS.

POSSE CANÔNICA:Em 12/09/2020, foi dada a posse canônica como Administrador Paroquial da Paró-quia Nossa Senhora da Penha, no bairro Jardim Peri, na Região Episcopal Sant’Ana, ao Reverendíssimo Padre Juarez Murialdo Dalan, CSJ.

Em 26/09/2020, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Santa Dulce dos Pobres, no bairro Jardim Felicidade, Região Episcopal Sant’Ana, ao Reverendíssimo Pa-dre Antônio Pedro dos Santos.

Atos da Cúria

‘Economia de Francisco’:jovens dialogam com Dom Odilo

Franchesco Lopez, Lucas Galhardo e Matheus Machado são três dos mais de 2 mil jovens, de 115 países, que participarão nes-te ano do evento “Economia de Francisco”, o encontro convocado pelo Papa Francisco com jovens economistas e empreendedores para pensar o presente e o futuro da econo-mia global.

O evento aconteceria em março, em As-sis, na Itália, mas, em razão da pandemia de COVID-19, foi remarcado para o período de 19 a 21 de novembro e será totalmente on-line, porém, com a mesma intenção de que os jo-vens partilhem experiências, trabalhos, pro-postas e reflexões em 12 eixos, chamados de “vilas temáticas”: trabalho e cuidado; gestão e dom; finanças e humanidade; agricultura e justiça; energia e pobreza; vocação e lucro; políticas para a felicidade; CO2 da desigual-dade; negócios e paz; economia e mulher; empresas em transição; vida e estilos de vida.

As reuniões on-line das vilas têm ocor-rido regularmente com a participação dos inscritos no evento, como é o caso de Fran-chesco, Lucas e Matheus, que integram a ADCE-Jovem, iniciativa da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa (ADCE), que desde 2014 dissemina valores cristãos entre os jovens e futuros empresários, com o objetivo de que construam uma sociedade mais justa, ética e cristã.

No dia 23 de setembro, os três jo-vens realizaram uma videoconferên-cia com o Cardeal Odilo Pedro Sche-rer, Arcebispo de São Paulo, para falar sobre os preparativos do encontro de novembro. Também participaram da reunião on-line o Padre Valdeir Gou-

lart, Assessor Espiritual da ADCE, e Gigi Cavalieri, presidente da ADCE-SP.

Ao ouvir o relato dos jovens, Dom Odi-lo se disse feliz pelo interesse que há sobre o evento que expressa a preocupação do Papa Francisco com o futuro da humanidade.

O Cardeal lembrou que as reflexões do encontro estão em conformidade com a Doutrina Social da Igreja, e que o Papa acre-dita que os jovens são capazes de apresentar ao mundo um novo olhar para a economia.

“O Papa aposta nos jovens e os convida a refletir sobre a economia mundial. E esta é a pergunta de fundo: é possível termos uma eco-nomia diferente da atual?”, afirmou Dom Odi-lo, observando que o modelo econômico atu-al é muitas vezes danoso ao próprio homem, ao meio ambiente e a toda a “casa comum”.

“Uma economia que tem como centro o lucro, demasiadamente, é uma economia que caminha para o suicídio da comunidade humana e, também, da natureza, e isso leva a pensar em grandes desastres, não só ambien-tais”, prosseguiu o Arcebispo.

Dom Odilo também externou aos jovens sua preocupação com a concentração de renda no Brasil, com o grande contingente de pobres na sociedade e com uma econo-mia que, muitas vezes, prioriza a produção e o consumo de coisas supérfluas.

Por fim, ele reforçou seu otimismo com o evento “Economia de Francisco”: “Nas vilas, jovens de muitos lugares, culturas e condi-ções econômicas diferentes pensam juntos e vão tornar esse encontro extremamente inte-ressante e rico. Lançarão sementes e fermen-tos que poderão transformar a economia com o passar do tempo”.

A íntegra da reportagem pode ser lida no link a seguir: https://cutt.ly/5f0lJXW.

(Colaborou: Flavio Rogério Lopes)

DANiEL [email protected]

Reprodução

A valorização da Bíblia, a atenção aos migrantes, a atuação dos cristãos na política e a finalidade do dízimo foram alguns dos temas tratados pelo Cardeal Scherer no programa “Diálogos de Fé”, na tarde do domingo, 27 de setembro, cuja íntegra pode ser vista neste link:https://cutt.ly/Rf00xOZ.

Reprodução da internet

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O celibato, um motor de evangelizaçãoEditorial

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Ninguém nega a importância da Ciência, ainda mais em tempos de COVID-19. Não se pode, porém, a partir dessa qualidade notável, atri-buir-lhe autoridade de Deus ou ca-ráter de religião, muito menos supor que possa dar resposta final aos an-seios últimos do homem. Seu sentido, incompleto e transitório, no fim das contas, depende de direcionamento, a embasar as finalidades de cada ato e as justificativas de cada escolha. Su-põe um ato de fé inicial, uma opção, digamos, arbitrária, de que estudare-mos isto e não aquilo, de que isto vale e aquilo não, sem o que estaríamos ta-teando às escuras, esperando por am-paro num mundo em ruínas, incapaz de se explicar a si mesmo e, assim, de dar a lei a que todas as leis obedecem. Seu desenvolvimento precisa partir de valores irrenunciáveis, jamais to-mar por premissa a ideia que os ex-clui, baseado naquele ceticismo fácil, que de científico tem muito pouco. A existência do Absoluto, o Ser imóvel em torno do qual giram as filosofias, é o princípio e o fundamento de tudo.

O caminho da Sabedoria é o que enxerga os papéis da Ciência e da Fé no tecido social e no coração de cada um. Erra-se muito ao contrapô-las, excluindo uma para deixar outra.

A divindade da ciência e a ciência da divindademas sincero, vai ser o caminho de Deus”. Independentemente da fé de cada um, ou mesmo da falta de algu-ma (sem que isso se converta em ati-vismo contrário), acredito que uma dose de boa vontade e estudo sincero acaba por desfazer essa oposição apa-rente que os tempos estabeleceram entre ambas.

Tão errado quanto desprezar a Ciência é lhe render culto, como fi-zeram algumas das piores correntes ideológicas, a exemplo do Iluminis-mo, Positivismo, Marxismo e ma-terialismos em geral. Um provérbio árabe, com duas versões, faz bom re-sumo do que penso: “Confie em Alá, mas amarre seus camelos” ou “Amar-re seus camelos, mas nunca deixe de invocar a proteção de Alá”; de modo que assumir os limites da Ciência não significa fazer oposição a ela; e sim se tornar capaz de aderir a seus esforços, de reconhecer seus méritos, sem se deixar levar pelas ilusões que cercam o idólatra, sempre a exigir do objeto de culto mais do que ele será capaz de um dia oferecer.

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Muito disso, claro, se deve à ignorân-cia e à má vontade ideológica. Para afirmá-lo nem seria preciso buscar amparo na encíclica Fides et ratio (Fé e Razão), do Papa São João Pau-lo II, ou invocar pensadores como Blaise Pascal, homem de grande fé e de muita ciência. Basta apenas ou-vir a voz do coração, que, segundo a tradição judaica, é também a voz do conhecimento. A razão dá sentido à fé e a separa da mera crendice; a fé re-veste de especial dignidade a ciência e a impede de enveredar por caminhos sombrios.

Foi por ódio à religião verdadei-ra, por desprezo à ética fundada no único imóvel ponto do mundo que gira, por amor desmedido à razão que, no século passado, os cientistas do nazismo protagonizaram algu-mas das maiores aberrações que o gênero humano já testemunhou.

A Ciência não é inimiga da Fé, mas um dos seus mais importantes frutos. Como um amigo me disse, inspirado em texto bíblico (Rm 1,20): “Ciência, para mim, é o descobri-mento do pensamento de Deus, o Criador. Para o cientista não crente,

PAULO HENRiQUE CREmONEZE

Opinião

Paulo Henrique Cremoneze é advogado, mestre em Direito Internacional pela Universidade Cató-lica de Santos, especialista em Direito do Seguro

pela Universidade de Salamanca, na Espanha, pós-graduado em especialização teológica pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora Assunção,

vice-presidente da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp).

4 | Ponto de Vista | 30 de setembro a 6 de outubro de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Um dos pontos da religião católica menos compreen-didos no mundo é o celi-bato de nossos pastores:

faz sentido, afinal, continuar pedindo aos padres e bispos, em pleno século XXI, que renunciem ao Matrimônio e à constituição de uma família própria? Que relação haveria entre o celibato sacerdotal e a fecundidade apostólica e espiritual dos sacerdotes?

O celibato, ao contrário de alguns boatos difamatórios e sem fundamen-to histórico, não é uma “invenção me-dieval” destinada a aumentar o poder econômico e político da Igreja: é, sim, uma instituição da era apostólica, ali-cerçada em razões pastorais e teoló-gicas. É, antes de tudo, uma exigência e aspiração de almas que, amando a Deus sobre todas as coisas, a Ele se consagram e com a Igreja se desposam.

No plano pastoral, o celibato asse-gura aos padres, por um lado, a ausên-cia de deveres conjugais ou familiares

que lhes pudessem dificultar a dispo-sição integral ao serviço apostólico. Um padre celibatário está disponível a mudar sua residência para qualquer lugar e a qualquer tempo, conforme as necessidades do povo de Deus. Pode, também, se deslocar imediatamente para atender à Confissão dos mori-bundos a qualquer hora do dia ou da noite. O padre celibatário pode assim dizer, como o salmista: “O Senhor é a minha parte de herança e meu cálice” (Sl 15,5), e imitar os primeiros apósto-los, que, ao encontrar Jesus, “deixaram tudo e O seguiram” (Lc 5,11).

Por outro lado, o celibato dá credi-bilidade ao padre que se apresenta aos fiéis como pastor de sua alma – afinal, se (como vejo!) o padre se entregou todo inteiro a Deus, então sei tam-bém que ele se entregará todo inteiro ao cuidado de minha alma. Também por esse motivo escrevia o Venerável Arcebispo Fulton Sheen, em “O sacer-dote não se pertence”, que “nenhuma

convicção profunda nasce no incrédu-lo até ver as mãos feridas e o coração aflito do sacerdote que é vítima com Cristo. O sacerdote mortificado, o sa-cerdote desapegado do mundo — es-tes inspiram, edificam e cristificam as almas”. Como São Paulo, o padre celi-batário faz-se tudo para todos, a fim de salvar a todos (cf. 1Cor 9,22).

É importante, no entanto, enten-der que o celibato sacerdotal não é de modo algum um demérito ao Matri-mônio. Pelo contrário: o Matrimônio, tanto quanto o celibato observado pelo ministro ordenado, foi instituído por Nosso Senhor como um sacramento que implica um dom total de si – e, por isso mesmo, porque não pode haver dois dons totais de uma única pessoa, é que sua concomitância não é ideal.

Teologicamente falando, dizia o Papa São João Paulo II que o sacra-mento da Ordem “configura o sacer-dote a Cristo Jesus, Cabeça e Esposo da Igreja”, a qual, “como Esposa de

Cristo, quer ser amada pelo sacerdo-te do modo total e exclusivo com que Jesus Cristo Cabeça e Esposo a amou” (exortação apostólica Pastores dabo vo-bis, 29).

E, se sua condição sacerdotal o tor-na apto a celebrar o sacratíssimo mis-tério da Eucaristia, no qual Jesus Cristo se entrega a nós todo inteiro, em corpo e alma, também o ministro deste ele-vadíssimo sacramento deve estar dis-posto a uma entrega completa de si. Por isso é que, mesmo nos momentos e nas regiões em que admitiu a ordena-ção de homens casados, a Igreja antiga exigiu a continência sexual dentro do Matrimônio.

Tenhamos, pois, a ousadia de acre-ditar na promessa de Nosso Senhor, segundo a qual “todo aquele que por minha causa deixar (...) mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna”, e lhe responda-mos com confiança: “Senhor, eis que deixamos tudo para te seguir!” (Mt 19,27).

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Na parábola dos “dois filhos” (cf. Mt 21,28-32), Jesus está num embate com os sacerdo-tes e anciãos, grupo que deti-

nha o poder religioso e jurídico na Judeia daquele período. Como no trecho anterior (cf. 21,23-27), Jesus era cobrado por não se submeter à autoridade deles ou não praticar aquilo que prescreviam ao povo. Nesta pa-rábola pequena e simples, o Senhor lhes dá uma lição sobre a vivência da fé e suas con-sequências, a partir da pergunta sobre qual dos filhos agiu melhor diante do pedido do pai para que fossem trabalhar na sua vinha.

Aqueles sacerdotes e anciãos estavam certos de cumprir a lei, e exerciam o papel de censores da vida cotidiana e a função de exigir a observância da lei e os sacrifí-cios no templo, ao redor do qual haviam

instalado vários negócios. A passagem de João Batista pregando a conversão, em conformidade com a vontade de Deus e a acolhida do Messias, não teve impacto nessa estrutura religiosa. Os sacerdotes e anciãos não abriram mão de algo que lhes beneficiava pessoalmente. Por isso, Jesus lhes disse: “João veio a vós, num caminho de justiça, e não crestes nele” (Mt 21,32).

Ao fazer alusão à justiça do Reino, Je-sus apresenta sua crítica central aos sacer-dotes e anciãos. Toca na ferida, afirmando que não realizavam a vontade de Deus, como o filho cujo “sim” não se traduziu em empenho na vinha. Nesse sentido, não bastam os gestos rituais desprovidos de ações concretas conforme a justiça exigi-da pela Palavra de Deus, e anunciada por profetas como o Batista.

E deve ter sido ainda mais dolorido para aquele grupo ouvir do Senhor que publicanos e prostitutas, os quais recebiam duro julgamento deles e por eles eram des-prezados, “vos precederão no Reino de Deus” (Mt 21,31). Essa afirmação propu-nha uma completa inversão na concepção sociorreligiosa de praticamente todos, in-clusive dos mesmos publicanos e prostitu-tas, acostumados a “apanhar” e a aceitar os últimos lugares.

Jesus, portanto, identifica este último grupo com aquele filho elogiado pelo fato de primeiramente dizer não, mas depois ir trabalhar na vinha, em obediência ao pai. Afirmação que ainda hoje causa es-tranheza, pois há evidências de algo er-rado no proceder dessas pessoas. Logo a seguir, porém, Jesus faz uma afirmação esclarecedora, ao dizer que o grupo pu-blicano-prostituta “acreditou em João”, e certamente Nele mesmo, O acolheram com fé, ponto de partida de uma sincera conversão.

A justiça do Reino anunciada por Jesus era permeada pelo amor misericordioso e perdão do Pai a todos os seus filhos, sem distinção. Tais palavras eram um bálsamo às pessoas que sofriam numa sociedade marcada por discriminações oriundas de como sacerdotes e anciãos propunham a observância da lei, pois gerava divisão entre puros ou impuros, bons e maus, perfeitos e imperfeitos, salvos e malditos, entre os que podiam aceder ao templo ou não etc. Quando isso ocorre, insere-se nas relações pessoais e sociais o que podemos chamar de princípio de violência, porque o amor misericordioso de Deus já não en-contrará lugar.

A parábola ajuda-nos a compreender

que não fazer a vontade do pai que con-vida a trabalhar na sua vinha, não é uma mera resposta religiosa, restrita ao âmbi-to da interioridade pessoal, como muitos pensam. Dizer “sim eu vou e não ir” gera consequências na vida da coletividade, pois contribui para a construção de todo um sistema de relações baseado na nega-ção de direitos, reconhecimento, fraterni-dade, igualdade etc., isto não favorece a vida. É visível como nossa sociedade tem trilhado esse caminho, o que ficou escan-carado no período recente.

Os discípulos missionários de Jesus Cristo têm a missão de manter viva a ati-tude do filho elogiado no Evangelho, pois entrou em comunhão com o pai e foi trabalhar na vinha. “Trabalhar na vinha” simboliza viver a fé de modo concreto, se-meando o amor misericordioso de Deus e sua justiça. O sim ao Pai conecta à justiça do Reino, realidade forte o suficiente para converter os frutos da negação, já mencio-nados, e deixar avançar a fraternidade nas relações entre as pessoas e na organização da vida social.

Que o sim de Maria Santíssima conti-nue a inspirar tantos outros “sins” ao con-tínuo convite do Pai aos trabalhos em sua imensa vinha.

DOm LUiZ CARLOS DiAS

BiSPO AUXiLiAR DA ARQUiDiOCESE NA REGiÃO BELÉm

Espiritualidade

Sim ao ‘sim’ gerador de vida

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Na sexta-feira, 25 de setembro, a Região Sé rendeu graças a Deus pelos 50 anos do Encontro de Casais com Cristo (ECC).

Inicialmente, pelas redes sociais da Paróquia Santo Antônio do Pari, Setor Pastoral Bom Retiro, foi apre-sentado um vídeo em que casais e padres contavam histórias sobre o começo do ECC em suas paróquias. Depois, o Pároco, Frei Wilson Batista, OFM, realizou a bênção dos Terços dos 50 anos, para que sejam ven-didos em prol de famílias necessitadas e para auxiliar as atividades do ECC da Região. Em seguida, foi re-zado o Terço de Nossa Senhora pelas famílias e, por fim, às 19h, aconteceu a Santa Missa, presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, concelebrada pelo Frei Nilo Agostini, OFM; Padre Adailton Mendes da Silva,

MI; Padre Ademar Pereira de Souza; e o Frei Wilson, Assistente Espiritual do ECC na Região Sé.

Na homilia, Dom Eduardo afirmou que pela vida de oração cada cristão pode realizar a missão de santi-ficar a família. Ele também exortou os casais do ECC de hoje a deixarem como herança aos que os sucede-rão o testemunho de que Cristo é o único Deus, Aque-le que ama, perdoa e salva.

Frei Wilson, em mensagem final, destacou a ne-cessidade de que os membros do ECC permaneçam unidos, mesmo a distância, por meio das mídias so-ciais, e aproveitem este momento para se dedicar à formação, sempre contando com a intercessão dos padroeiros das paróquias e com a força da comuni-dade eclesial.

Na Região Episcopal Sé, todas as dez paróquias que contam com este serviço-escola se fizeram repre-sentadas nas atividades do dia 25, seja por casais diri-gentes, seja pelos párocos.

Cardeal Scherer participa de reunião do cleroPOR CENTRO DE PASTORAL

DA REGiÃO SÉ

Em 23 de setembro, no Santuário Nos-sa Senhora do Rosário de Fátima, Setor Pastoral Perdizes, 70 padres atuantes na Região Episcopal Sé estiveram reunidos presencialmente pela primeira vez desde o início da pandemia de COVID-19.

Após a oração inicial, conduzida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé,

o Padre José Arnaldo Juliano dos Santos, Teólogo-Perito do sínodo arquidiocesa-no, lembrou que o caminho sinodal da Arquidiocese não acabou, e que os tra-balhos terão continuidade tão logo seja possível.

Também presente à reunião do clero, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebis-po Metropolitano, falou sobre a atuação da Igreja neste tempo de pandemia e se informou sobre as paróquias que têm re-alizado missas com a presença física dos

fiéis. Ele ressaltou que, durante a pande-mia, a família, como Igreja doméstica, foi fortalecida, e muitas intensificaram a prática da oração.

Dom Odilo também externou sua preocupação com os casos de suicídio verificados ao longo da pandemia e pe-diu aos padres que estejam atentos a essa realidade e ofereçam assistência aos que vivenciam situações que possam levar ao extremo de retirar a própria vida.

Teve a palavra também o Padre Lo-

renzo Nacheli, Coordenador do projeto “Animando a Esperança”. Ele detalhou o funcionamento da iniciativa e pediu aos padres que lancem os dados sobre as doações efetuadas por suas paróquias durante o período da pandemia, como forma de mostrar a atuação caritativa da Arquidiocese aos mais necessitados.

Ao final do encontro, os padres pude-ram comemorar os aniversariantes do mês junto com Dom Odilo, que no dia 21 de setembro completou 71 anos de vida.

Em ação de graças pelos 50 anos do ECCPOR COmUNiCAÇÃO DO ENCONTRO

DE CASAiS COm CRiSTO

Membros do ECC em missa na Paróquia Santo Antônio do Pari

ECC Região Sé

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[IPIRANGA] Na noite do domingo, 27 de setembro, por ocasião do dia do padroeiro da Paróquia São Vicente de Paulo, Setor Anchieta, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Me-tropolitano, presidiu missa solene na matriz paroquial.

BELéM

SANTANA

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[SÉ] No domingo, 27 de setembro, na missa iniciada às 10h, Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, deu posse ao Padre Ales-sandro Enrico de Borbón como Administrador Paro-quial da Paróquia Nossa Senhora da Consolação, Setor Pastoral Santa Cecília. Concelebraram os Padres Paulo Flávio da Silva, Assis Donizete de Carvalho e Michelino Roberto. (por Centro de Pastoral da Região Sé)

Passados seis meses do come-ço da pandemia de COVID-19 no Brasil, foi realizada no Cen-tro Pastoral São José, em 23 de setembro, a primeira reunião geral do clero atuante na Região Belém, com a participação de 75 pessoas, entre padres e diáconos.

O tema principal da reunião foi a eleição dos representantes do clero regional para o Conse-

lho Arquidiocesano de Presbí-teros, bem como a eleição dos setores para a nova composição da Comissão de Presbíteros da Região Belém.

Para o Conselho Arquidioce-sano de Presbíteros, foram elei-tos os Padres Cristian Uptmoor, Pároco da Paróquia São Carlos Borromeu, e Cláudio de Olivei-ra, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida.

Outros assuntos tratados na reunião foram: a utilização da Cartilha de Orientação Po-

lítica da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); o debate on-line, em 5 de outubro, que a Região Belém fará com candidatos a vereador; o Pacto pela Vida e pelo Brasil, a fim de que as paróquias e comunida-des possam assumi-lo, também considerando o contexto da re-alização da Semana Social Bra-sileira, a temática da Campa-nha da Fraternidade deste ano – “Fraternidade e vida: Dom e Compromisso”; e o Dia Mun-dial dos Pobres.

[BELÉM] No sábado, 26 de setembro, o grupo de Teatro do Santuário Nossa Senhora do Sagrado Coração e a Pas-toral da Comunicação apresentaram a encenação da Pai-xão de Cristo, que foi acompanhada presencialmente por alguns fiéis e transmitida pelos meios de comunicação do Santuário. Em razão da pandemia de COVID-19, a encena-ção, que tradicionalmente é feita na Sexta-feira Santa, foi remarcada para o mês de setembro, quando se realiza a Fes-ta da Exaltação da Santa Cruz. (por Fernando Arthur)

[IPIRANGA] Com o tema “Eu vi o clamor do meu povo e desci até ele” (Êxodo 3,7-8), foi festejada a padroeira da Paró-quia Nossa Senhora das Mercês, entre os dias 15 e 23 de se-tembro. Por causa da pandemia, a circulação de pessoas na Paróquia foi menor que em outros anos, mas os fiéis se enga-jaram para a realização da carreata, bênção drive-thru, novena e missas transmitidas on-line. Todos os anos, a Ordem Merce-dária faz um gesto concreto a favor da dignidade. Neste ano, estão sendo arrecadados fundos para o projeto de recupera-ção e reinserção social Recanto Mercê. As doações podem ser feitas pelo link a seguir: http://bit.ly/recantomerce

(por Gabriel Novaes)

[SÉ] Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidio-cese na Região Sé, participou, na quinta-feira, 24 de setembro, de uma reunião on-line, na qual os integrantes da Pastoral do Me-nor tiveram maior ciência sobre o documento Pacto pela Vida e pelo Brasil, assinado em abril pela Conferência Nacional dos Bis-pos do Brasil (CNBB) e outras instituições. (por Andréa Campos) [SÉ] No sábado, 26 de setembro, um total de 79 pesso-

as, a maioria adultos, recebeu o sacramento da Crisma durante missa na Paróquia Pessoal dos Fiéis Latino-A-mericanos, Setor Pastoral Catedral, presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidioce-se na Região Sé. Concelebraram os Padres Irmani Paulo Borsatto, Pároco, Antenor João Dalla Vecchia e Paolo Pa-rise, todos scalabrinianos. (por Pascom paroquial)

[SANTANA] No domingo, 27 de setembro, Dom Jorge Piero-zan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa na Solenidade dos Santos Arcanjos, na Capela Santos, dedicada aos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael, que pertence à Paróquia Nossa Senhora da Piedade, Setor Jaçanã. Concele-brou o Padre Luís Isidoro Molento, Pároco. (por Bianca Rabelo)

[SANTANA] Na sexta-feira, 25 de setembro, Dom Jorge Piero-zan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu a missa na Paróquia Santa Teresinha, no quarto dia da novena da padroeira. Concelebrou o Pároco, Padre Silvio César, salesia-no, com a participação do Diácono Nilo Carvalho Neto. O Bispo abençoou o novo ambão, do qual é proclamada a Palavra de Deus, e ressaltou aspectos da vida da Santa. Houve, ainda, a bên-ção das rosas de Santa Teresinha. (por Pascom da Região Santana)

Desde o dia 3 de maio, aos do-mingos, após a missa das 10h, o Padre Maykom Florêncio (foto), Administrador Paroquial da Paró-quia Santo Antônio, na Vila Maz-zei, percorre as ruas do bairro com a imagem de Nossa Senhora Apa-recida, dando a bênção aos fiéis que permanecem em suas casas.

De acordo com o Padre, essa ação,

iniciada devido à quarentena reco-mendada em razão do novo coro-navírus, atende ao chamado do Papa Francisco de uma Igreja “em saída”.

O trajeto das ruas é divulgado antes, e os fiéis são convidados a colocar um tecido branco no por-tão das casas, uma vela acesa ou uma imagem de devoção, para si-nalizar o desejo de receber a bên-ção. A ação é feita respeitando-se as medidas de distanciamento social.

(Com informações da Pascom paroquial)

PADRE SALvADOR R. ARmASCOLABORADOR DE COmUNiCAÇÃO DA REGiÃO

imagem de Nossa Senhora Aparecida é levada às ruas da vila mazzei

Clero realiza 1ª reunião presencial desde o início da pandemia

PADRE mARCELO mARÓSTiCA QUADRO E FERNANDO ARTHUR

COLABORADORES DE COmUNiCAÇÃO DA REGiÃO

Dom Luiz Carlos Dias reúne-se com o Clero atuante na Região Episcopal Belém, no Centro pastoral São José, dia 23

Padre Marcelo Maróstica Quadro

Pascom da Paroóquia Santo Antônio

Carlos Eduardo Santana

Pascom da Região Santana

Renata J. Silva

Luiz Alves

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Pascom da Paróquia Pessoal dos Fiéis Latino-Americanos

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LAPA

Comportamento

As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.

Fé e Cidadania

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O isolamento social necessário ao combate à crise trazida pela COVID-19 e os consequentes efeitos negativos sobre a economia das nações nos mostraram de maneira muito viva que milhões de pessoas não têm rede de proteção social algu-ma. Empregos perdidos e renda zerada para muitos cidadãos constroem um cenário ruim. A consequência mais dramáti-ca, porém, é o fato de que mais pessoas estão passando fome ao redor do mundo.

Piora uma situação que já vinha se deteriorando nos úl-timos cinco anos, quando milhões de pessoas se juntaram ao grupo daquelas com desnutrição crônica, como mostra o relatório “A situação da Segurança Alimentar e Nutrição no mundo”, da Organização das Nações Unidas para a Alimen-tação e a Agricultura (FAO). A última edição traz a estimati-va de que quase 690 milhões de pessoas (8,9% da população mundial) foram subnutridas em 2019, 10 milhões a mais que em 2018.

A COVID-19 pode levar outras 130 milhões de pessoas à fome crônica até o final de 2020. Como é mencionado no referido relatório, “cinco anos depois de o mundo se compro-meter com o fim da fome, da insegurança alimentar e de to-das as formas de desnutrição, ainda estamos longe de atingir esse objetivo até 2030”. O maior contingente de desnutridos está na Ásia, com 381 milhões, seguido pela África, com 250 milhões, e América Latina e Caribe, com 48 milhões.

O Brasil, em particular, que ao longo de décadas lutou muito para sair do Mapa da Fome, com a pandemia em 2020 deverá voltar a constar como um país com mais de 5% de sua população em estado de insegurança alimentar e nutricional. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica (IBGE), em 2018, mais de 25 milhões de lares (quase 85 milhões de brasileiros) estavam com algum grau de insegu-rança alimentar. Cerca de 56 milhões de pessoas viviam em domicílios com insegurança alimentar leve, 18,6 milhões em domicílios com insegurança alimentar moderada e 10,3 mi-lhões em domicílios com insegurança alimentar grave.

O Papa emérito Bento XVI tratou da questão da fome de maneira objetiva na encíclica Caritas in veritate, na qual diz que o “problema da insegurança alimentar há de ser enfren-tado numa perspectiva em longo prazo, eliminando as causas estruturais que o provocam e promovendo o desenvolvimen-to agrícola dos países mais pobres por meio de investimentos em infraestruturas rurais” (CV, 27)

Em outra encíclica, a Laudato si’, o Papa Francisco diz: “Em alguns círculos, defende-se que a economia atual e a tecnologia resolverão todos os problemas ambientais, do mesmo modo que se afirma, com linguagens não acadêmi-cas, que os problemas da fome e da miséria no mundo serão resolvidos simplesmente com o crescimento do mercado [...] Mas o mercado, por si mesmo, não garante o desenvol-vimento humano integral nem a inclusão social” (LS, 109).

O Papa Francisco, sensível à questão, afirmou, em 14 de maio, durante missa no Vaticano, que o mundo está “incons-ciente” para “outras pandemias” atualmente em curso. Em sua homilia, disse que a crise de COVID-19 chegou como um “dilúvio” e era “inesperada”. “Mas existem outras pande-mias, e nós não as percebemos, estamos inconscientes diante dessas tragédias.” Segundo o Papa, a “pandemia da fome” já matou “3,7 milhões de pessoas nos primeiros quatro meses do ano”. De maneira firme, diz: “Essa oração de hoje nos deve fazer pensar nas outras pandemias: fome, guerra, crianças sem educação”.

Unamo-nos ao Papa e rezemos para que o Senhor nos ilumine, para que tenhamos sabedoria e tomemos ações con-cretas na busca da extinção da fome e de outras pandemias que assolam a humanidade. Fabio Gallo Garcia é professor da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo (SP), e ex-docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Possui doutora-

do em Finanças pela Fundação Getulio Vargas e em Filosofia pela PUC-SP.

A pandemia trouxe mais fome

FABiO GALLO GARCiA

SimONE RiBEiRO CABRAL FUZARO

No campo da educação dos filhos, quem de nós não se vê às voltas com pensamentos e dúvidas que, certamente, nossos pais não tiveram: “Como dizer ‘não’ sem traumatizar? Com qual idade o filho deve ter um celular se todos o têm muito cedo? Quanto de autonomia devo dar ao meu filho adolescente?” En-fim, são muitas as dúvidas que povoam a vida dos pais pós-modernos.

Já não nos sentimos seguros para agir com a quan-tidade de informações e de situações tão diferentes que encontramos em nosso cotidiano. Além de tudo, temos os compromissos profissionais que tomam muito tem-po do nosso dia e da nossa energia. Chegar a casa e en-contrar tantas responsabilidades e desafios com os filhos se torna um esforço sobre-humano para muitos de nós!

É preciso olhar com coragem e atenção para tudo o que leva a esse comportamento tão inseguro na for-mação dos filhos! Talvez não seja fácil admitir, mas a verdade é que vivemos em um tempo no qual o pra-zer e o conforto têm um peso grande em nossas vidas. Buscamos alegrias momentâneas, facilidades, sucesso, felicidade. Em primeiro lugar me pergunto: “O que é sucesso? O que é felicidade? Será que temos clareza su-ficiente para definir o real significado disso que busca-mos?” Em segundo lugar, afirmo: “Podem ter certeza de que, se educar os filhos e acompanhá-los no cami-nho do crescimento estiver sendo sempre prazeroso e confortável, desconfie, pois o caminho está errado e o resultado não será bom!”

Imaginar que os filhos sabem o que querem, são determinados, têm personalidade forte e fazem suas escolhas desde pequenos é um grande equívoco. Nós é que renunciamos ao nosso protagonismo e os dei-xamos tomar as rédeas em situações para as quais não estão preparados. Cabe aos pais colocar limites, apon-tar a direção, lutar para que os filhos ganhem virtudes, ensinar valores e critérios para que, no tempo certo, possam ser verdadeiramente livres e fazer suas esco-lhas. Quando não fazemos isso, desrespeitamos o di-

reito das crianças de serem cuidadas, permitimos que assumam responsabilidades para as quais não estão preparadas.

Por isso, convido-os a mergulhar num movimento de transformação que se inicia por um olhar para den-tro e identificar: “Quais são os meus valores mais pre-ciosos? Quais são os valores sobre os quais construo diariamente minha vida, aos quais dedico meu tempo, que me tornam a pessoa que sou? Estou vivendo de modo coerente com eles ou tenho me deixado levar pela correnteza do mundo?”

Depois, pensem com seriedade: “Que homem/mulher quero que meu/minha filho(a) se torne?” Lembrem-se: esse objetivo só vai se transformar em realidade se nós, pais, estivermos completamente con-centrados nessa missão.

O terceiro movimento é nos conscientizarmos de que educar cada filho(a) é um maravilhoso projeto – o mais importante de nossas vidas! Como projetos importantes, precisamos nos dedicar a conhecer cada um, colocar metas e pensar em estratégias para que cresçam.

Nesse ponto, desembocamos no último passo: ter um plano de ação – planejar como podemos orien-tar, estimular, exercitar cada um dos filhos para que aprendam os valores familiares e ganhem as virtudes que precisam para alcançar a verdadeira e perene feli-cidade. Aquela que independe das circunstâncias mo-mentâneas, que muitas vezes serão adversas, porque transcende o passageiro e se assenta numa vida na qual o sentido e a missão estão claros.

Esse caminho não é fácil, requer empenho e deter-minação. É um caminho árduo, muitas vezes cansati-vo, mas, precisamos nos lembrar: tudo o que realmen-te vale a pena dá trabalho, exige empenho. Decidimos ser pais, escolhemos formar família, e nossa maior ale-gria certamente será, ao fim da vida, olhar para esses frutos e poder admirar o sabor e a beleza que espalha-rão pelo mundo! Vale a pena essa transformação!

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora.Mantém o site www.simonefuzaro.com.br Instagram: @sifuzaro

O grande desafio de formar os filhos

[LAPA] Em 22 de setembro, o clero atuante na Re-gião Episcopal Lapa reuniu-se presencialmente pela primeira vez após o início da pandemia de COVID-19. O encontro na Cúria Regional foi presidido por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. Entre os assuntos em pauta, falou-se

sobre as missas com a presença dos fiéis, seguindo as devidas orientações da Arquidiocese, sem que se in-terrompa a transmissão das celebrações pelas redes sociais. Foi ainda tratado sobre o andamento das ati-vidades cotidianas das paróquias.

(por Benigno Naveira)

São mateus é festejado no Jardim EsmeraldaBENiGNO NAvEiRA

COLABORADOR DE COmUNiCAÇÃO DA REGiÃO

A comunidade de fiéis da Paróquia São Mateus, no Jardim Esmeralda, Setor Pastoral Rio Pe-queno, comemorou a memória litúrgica do padroeiro, em 21 de setembro, participando da missa

presidida pelo Padre Élio Vigo, Pároco, também transmitida pe-las redes sociais.

Na homilia, ao falar sobre o Evangelho do dia (Mt 9,9-13), o Sacerdote recordou que São Ma-teus estava sentado à mesa da co-letoria de impostos quando Jesus o chamou para segui-Lo e, assim,

ele se tornou um dos apóstolos. Padre Élio ressaltou que as

atitudes do Santo são exemplos de vida. Destacou, ainda, que para Jesus não existem pessoas perdidas, e que o cristão acredita na conversão, pois esta e a satisfa-ção dependem do chamado que Jesus faz a cada um.

Arquivo pessoal

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8 | reportagem | 30 de setembro a 6 de outubro de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Em São Paulo, escolas já se prepa-ram para o retorno às atividades pre-senciais, incluindo as extracurriculares, que englobam encontros, celebrações, eventos, entre outras.

Em muitas escolas católicas, a Pas-toral Escolar (ou Pastoral, como é mais conhecida) é este espaço de partilha e celebração, responsável por animar da-tas festivas, realizar encontros de Cate-quese, organizar atividades conjuntas com a Pastoral Familiar e acompanhar professores, funcionários, estudantes e seus familiares no caminho da fé cristã e participação nos sacramentos.

Como, porém, as escolas deram continuidade às atividades pastorais durante o isolamento social e sus-pensão das aulas presenciais? O SÃO PAULO conversou com responsáveis da Pastoral em duas escolas da capital paulista: o Colégio Maria Imaculada, localizado na Avenida Paulista, e o Co-légio São Miguel Arcanjo, que está na Vila Zelina.

PARTiCiPAÇÃOMaria Amélia Cavalcante Fernan-

des é coordenadora da Pastoral do Co-légio Maria Imaculada, professora de Ensino Religioso e assessora pastoral da Rede Concepcionista de Ensino, que abrange escolas de todo o Brasil.

Para ela, a Pastoral passou por mo-mentos de inquietação, adaptação e, também, alegria pela interação que foi alcançada.

“Habituamo-nos com o trabalho remoto. Percebemos que não é o ideal, mas é possível fazê-lo, e tivemos mui-tas conquistas. No início da pandemia, suspendemos a Catequese, mas, depois, começamos a fazer os encontros on-li-ne, que estão ocorrendo com muita interação entre catequistas e catequi-zandos. Também temos feito muitos encontros celebrativos com os pais, com pouquíssimas ausências. A Pasto-ral Familiar do colégio começou pelo WhatsApp e depois migrou para outras plataformas”, explicou Maria Amélia.

Ela falou, ainda, sobre o “Projeto Sintonia”, um momento diário de oração que está sendo feito em nível nacional, por meio do YouTube. “Antes da pan-demia, fazíamos isso em cada escola, separadamente, envolvendo professo-res, funcionários e alunos, mas, agora, fazemos entre as escolas de todo o Bra-sil. Então, podemos dizer que a pan-demia, nesse sentido, nos aproximou. Além disso, mantivemos as celebrações

do Dia das Mães e do Dia dos Pais on-line com toda a Rede Concepcionista pelo YouTube”, contou.

Para o Mês da Bíblia, a escola pen-sou qual seria a melhor forma de cele-brar a Palavra de Deus. “Escolhemos as Cartas de Paulo para trabalhar com o Fundamental I, e, para o Infantil, es-tamos fazendo encontros virtuais, por classe. Nestes encontros, cantamos, re-zamos, ouvimos uma história bíblica, e eu vou tirando de uma caixa decorada elementos dos relatos bíblicos. Termi-namos confeccionando um papiro para pensar a Bíblia nos dias de hoje, e cada criança deixa sua mensagem. Elas gos-taram muito”, disse Maria Amélia.

Outra iniciativa proposta pela equi-pe de Pastoral foi o “Cantinho da Bí-blia”. As famílias foram convidadas a montar, num lugar especial, um espaço sagrado com a presença da Bíblia em destaque. As famílias, além de fazer o cantinho, têm rezado junto e lido mais a Bíblia em família.

“Além disso, as turmas têm feito a leitura e partilha de versículos bíbli-cos. Uma ou duas crianças são sor-teadas por dia para ler alguns deles e partilhar o que sentem e o que enten-deram daquele trechinho”, contou a coordenadora.

Em agosto, a escola realizou, entre as turmas de terceiro ano, um “show

de talentos” para a conclusão do Mês Vocacional. Outra atividade, no Ensi-no Médio, foi “As Pílulas de Otimismo”, que aconteceu durante as aulas de Ensi-no Religioso: a cada semana, um jovem é convidado a escolher e compartilhar com a turma uma frase, uma música, um texto que seja inspirador para si e para os demais.

“Conseguimos nos manter ativos e unidos como Rede Concepcionista. Fizemos uma ação que envolveu várias partes do mundo em que a Congre-gação das Religiosas Concepcionistas Missionárias do Ensino se encontra. Todos nós rezamos e acendemos uma vela na janela de casa. Foi lindo!”, con-tou Maria Amélia.

Como responsável pela Pastoral, a coordenadora disse que, além das ativi-dades, manteve contato com professores e alunos sobre o reconhecimento da si-tuação em que a escola se encontra e que as condições de ambos os grupos favore-ceram a realização dessas atividades.

“A estrutura da nossa escola é pri-vilegiada: contamos com a internet a nosso favor, e isso nos possibilita re-alizar um trabalho que, para muitas crianças e jovens do Brasil, sobretudo de escolas públicas, não é possível. Por isso, como Pastoral, tentamos ajudar os jovens a se conscientizar dessas condições e das distâncias cul-

turais e sociais do País neste momen-to”, afirmou.

PROXimiDADEVinícius de Menezes Fabreau é agen-

te da Pastoral do Colégio Franciscano São Miguel Arcanjo e falou à reporta-gem a respeito das adaptações e novi-dades que foram realizadas para que as atividades pastorais continuassem.

“Os projetos da Pastoral foram adaptados para o modo virtual. No pri-meiro semestre, o foco foi pedagógico. Fizemos podcasts para celebrar bem a Páscoa, com episódios para cada uma das estações da Via-Sacra, por exemplo, e podcasts durante o mês de maio sobre as Sete Alegrias de Nossa Senhora, de-voção que faz parte do Carisma Fran-ciscano e que, tradicionalmente, na es-cola, culmina com a coroação de Nossa Senhora, momento que realizamos por meio de uma live”, explicou Fabreau.

Desde junho, a equipe de Pasto-ral do Colégio realiza o “Minuto de Paz e Bem”. “Trata-se de uma mensa-gem diária que é enviada em forma-to de áudio e texto para pais, alunos e funcionários do colégio, além de ser compartilhada nas redes sociais. O objetivo é proporcionar um mi-nuto de espiritualidade às pessoas.”

Outra iniciativa que teve início de

Colégios católicos contam a experiência de proximidade a alunos e professores durante a pandemia

NAyá FERNANDESESPECiAL PARA O SÃO PAULO

Colégio Samiar

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“Respondeu Jesus: `Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito`. Este é o maior e o primeiro manda-mento. E o segundo, semelhante a este é: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo’”

(Mateus 22,37-39)

“Eu gosto desse trecho da Bíblia porque fala que devemos amar a Deus em primeiro lugar e acima de todas as coisas. Também diz que nós devemos amar o outro como queríamos ser amados. Com esse grande mandamento, Deus nos revela que está no coração de todas as pessoas. Assim, se fizermos o bem ao próximo, estaremos fazendo o bem ao nosso Deus, e isso lhe agrada. Dessa forma, com certeza, o bem retornará para nós mesmos. Pro-curo ter esse mandamento em mente em todos os momentos da minha vida”, disse Sophia Rodrigues Lage, 9 anos, filha de Patrícia Rahme Lage e Ronelly Domingos Pinelli Rodrigues.

“Filho meu, ouve o ensinamento de teu pai e não deixes a instrução de tua mãe”

(Provérbios 1,8)

“Achei muito interessante esse trecho, pois nos pede para honrar pai e mãe. Algo tão pre-cioso e fundamental em nossas vidas”, disse Gio-vana Fernandes Perito, 9 anos, filha de Paula Corina Fernandes Perito e Cristiano Machado Perito.

“Eu gostei muito de montar o ‘Cantinho da Bí-blia’, pois é dedicado a Deus e a Maria. Aqui em casa, sempre tivemos um cantinho da oração. E neste período de pandemia ficou ainda mais espe-cial. Eu, meu irmão Renan e meus pais rezamos lá, por todos os que necessitam. Além disso, montei com meus amigos da escola um grupo de oração, e nosso primeiro encontro virtual”.

“Deixo a paz a vocês; a minha paz dou a vocês. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo”

(João 14,27)

“Esse trecho da Bíblia me mostrou para sempre seguir em frente e nunca desistir. Eu acho esse trecho muito bonito, pois me dá esperança de que tudo vai melhorar”, disse Heloísa yamauti Julian, 9 anos, filha de William e Daniela Julian.

Para ela: “A experiência [do ‘Cantinho da Bíblia’] foi muito legal, desde escolher o lugarzinho da casa, as flores e todos os detalhes. Eu gostei muito e mon-tei com muito carinho este espaço. Eu já tenho, no meu quarto, um cantinho onde coloquei a imagem de Nossa Senhora Aparecida, a foto da minha família e o Terço que a minha avó paterna me deu, mas não é tão bonito igual a esse que montamos em família. Minha irmã e minha mãe me ajudaram a escolher as pinhas que usamos de enfeite”.

Algumas crianças do Colégio maria imaculada compartilharam como foi a experiência do “Cantinho da Bíblia”:

forma presencial e continuou virtual-mente foi o “Projeto Laudato si’”, ins-pirado na encíclica do Papa Francisco e que proporciona uma aprendizagem solidária e a educação ecológica. “Fa-

rente daquela do professor, por exem-plo. Isso porque buscamos ser sinal de Jesus Bom Pastor, que caminha com todos e está conosco neste momento da pandemia”, afirmou.

Em setembro, geralmente, o Co-légio São Miguel Arcanjo celebra seu aniversário. “Estamos mais voltados para o dia 29 de setembro, que é Dia de São Miguel Arcanjo e a proximidade do

Dia de São Francisco, em 4 de outubro, além do Dia Internacional da Paz, em 21 de setembro. Por isso, fizemos um mural virtual para aproximar as tur-mas”, disse o agente da Pastoral.

zemos campanhas solidárias e voluntariado. Em maio, tivemos um encontro com os alunos e construímos um mural virtual, em que todos, de várias turmas, participa-ram para que vivêssemos a Semana Laudato si`”, contou Fabreau.

No segundo semestre de 2020, a Pastoral do Colégio promoveu rodas de con-versa virtuais com os alu-nos. “Fazemos as conversas às quintas e sextas-feiras e, por isso, intitulamos esses momentos ‘Quintou com Esperança’ e ‘Sextou com Esperança’. Houve bastante aceitação por parte dos alu-nos e de toda a comunidade escolar. Sentimos que, nes-te momento, o objetivo da Pastoral é cuidar e conduzir. Acredito que a cultura da proximidade faz muita dife-rença durante o isolamento social. E a proximidade ofe-recida pela Pastoral é dife-

Fotos: Arquivo pessoal

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10 | Geral | 30 de setembro a 6 de outubro de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

A propaganda eleitoral das eleições municipais teve início oficialmente no domingo, 27 de setembro, um dia após ter sido encerrado o prazo para o regis-tro das candidaturas. As campanhas já podem ser divulgadas na internet e haver manifestações nas ruas, como passeatas e comícios. A propaganda no rádio e na tevê, porém, começará em 9 de outubro. O primeiro turno das eleições será em 15 de novembro e o segundo, se houver ne-cessidade, no dia 29 do mesmo mês.

Na próxima edição, o jornal O SÃO PAULO iniciará uma série de entrevistas com seis candidatos mais bem colocados na pesquisa Exame/Ideia de intenções de voto para prefeito de São Paulo, divul-gada em 23 de setembro: Bruno Covas (PSDB), que lidera com 22%; Celso Rus-somanno (Republicanos), 21%; Guilher-me Boulos (PSOL), 11%; Márcio França (PSB), 10%; Andrea Matarazzo (PSD), 4%; e Jilmar Tatto (PT), 3%.

A seguir, apresentamos algumas das propostas iniciais desses candidatos, fei-tas nas convenções em que foram esco-lhidos por seus partidos para concorrer à prefeitura paulistana.

BRUNO COvASNa convenção do PSDB, em 12 de

setembro, o atual prefeito se comprome-teu, em um novo mandato, entre outros pontos, a:

Ampliar ações que promovam mais justiça social, igualdade, inclusão e geração de emprego e renda; Promover novas privatizações e con-cessões, ampliando a parceria com a iniciativa privada; Centrar ênfase nas políticas educacio-nais para a primeira infância; Expandir a oferta de moradias, a par-tir da urbanização de favelas e requa-lificação de habitações precárias; Desenvolver soluções urbanísticas que incentivem a descentralização dos centros econômicos e comerciais.

CELSO RUSSOmANNOOficializado como candidato do Repu-

blicanos em 16 de setembro, o deputado federal assegurou que, se eleito, cumprirá o mandato pelos quatro anos, descartan-do, assim, renunciar para concorrer a ou-tro cargo em 2022. Ele também fez elogios à gestão do presidente Jair Bolsonaro. Al-gumas de suas propostas são:

Centrar ações na geração de empre-gos na cidade; Reparar as desigualdades sociais na capital paulista; Promover políticas inclusivas em prol das pessoas com deficiência, com

atenção aos buracos da cidade que di-ficultam a acessibilidade; Focar ações administrativas nas áre-as da saúde, educação e segurança pública;

Construir um colégio militar na capi-tal paulista.

GUiLHERmE BOULOS A convenção em que Boulos foi esco-

lhido como candidato do PSOL ocorreu em 15 de setembro. Antes, no dia 6, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) já havia listado algu-mas de suas propostas:

Regularizar moradias irregulares nas comunidades e transformar em ha-bitações populares todos os imóveis abandonados ou com impostos em atraso; Priorizar ações na periferia da capital paulista; Assegurar a participação popular so-bre como deve ser aplicado o orça-mento da cidade; Viabilizar a tarifa zero nos transportes públicos; Transformar São Paulo na “capital da democracia e na luta contra a intole-rância”.

máRCiO FRANÇA

O ex-governador de São Paulo foi ofi-cializado como candidato do PSB à pre-feitura em 11 de setembro. Algumas de suas propostas já conhecidas são:

Iniciar, em janeiro, um plano emer-gencial, com investimento de R$ 10

bilhões, visando à recuperação dos impactos que a COVID-19 deixou na economia da cidade; Reduzir a quantidade de cargos co-missionados da prefeitura a 1% do quadro atual; Não criar impostos; Criar um sistema de crédito de saúde, para que o cidadão que não conseguir atendimento na rede pública possa fa-zê-lo na rede particular; Fornecer créditos no Bilhete Único para que as pessoas possam acessar os serviços de patinete e de transportes por aplicativo.

ANDREA mATARAZZOOficializado candidato a prefeito na

convenção do PSD, em 31 de agosto, ele recordou feitos de quando ocupou car-gos de secretário municipal em gestões passadas e disse que é possível gastar bem os recursos públicos e com respon-sabilidade fiscal. Algumas de suas pro-postas são:

Realizar a urbanização das favelas, com a regularização do uso do solo, melhoria da infraestrutura local e atenção aos problemas de saneamen-to básico; Prover todas as escolas com sinal de internet; Ofertar aos estudantes da rede pública formação em tempo integral; Desburocratizar os processos de li-cença e renovação para funcionamen-to de lojas, a aprovação para empre-endimentos e os trâmites para quem quer empreender e produzir;

Colocar em prática, já nos primeiros dias de sua gestão, programas desti-nados a manter e recuperar empregos e a reativar a economia da cidade.

JiLmAR TATTOO PT oficializou a candidatura de Jil-

mar Tatto à prefeitura em 12 de setem-bro. Alguns dos compromissos de cam-panha do candidato são:

Revisar os contratos da atual gestão; Reduzir, gradualmente, as tarifas do transporte público na cidade, com a meta de se chegar ao Passe Livre, sen-do este benefício primeiro garantido às pessoas desempregadas; Aplicar valores maiores de taxas como o ISS e o IPTU para os mais ricos; Desenvolver uma frente de cultura que envolva ações esportivas, de lazer e de educação; Impulsionar a montagem de iniciati-vas de reciclagem pela cidade.

OUTROS CANDiDATOSTambém concorrem à Prefeitura de

São Paulo os candidatos Antônio Carlos (PCO), Arthur do Val (Patriota), Joice Hasselmann (PSL), Levy Fidelix (PRTB), Marina Helou (Rede), Orlando Silva (PCdoB) e Vera Lúcia (PSTU). O em-presário Filipe Sabará também está com a candidatura registrada no Tribunal Re-gional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), mas recentemente foi suspenso liminar-mente do Partido Novo, e sua situação eleitoral está indefinida.

(Com informações dos sites dos partidos eleitorais)

Candidatos a prefeito de São Pauloapresentam primeiras propostas

ElEiçõEs 2020

DANiEL [email protected]

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Edifício Matarazzo, na região central da cidade, sede da Prefeitura de São Paulo, que será disputada nas eleições 2020 por 14 candidatos

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www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br | 30 de setembro a 6 de outubro de 2020 | reportagem | 11

O Mês da Bíblia encerra-se na quar-ta-feira, 30 de setembro, com a celebra-ção da memória de São Jerônimo (leia abaixo), grande tradutor e exegeta das Sagradas Escrituras. Doutor da Igreja, este Santo afirmava que “ignorar as Es-crituras é ignorar a Cristo”.

No entanto, ainda há pessoas, que, mesmo iniciadas na fé cristã, têm difi-culdade para ler a Bíblia, pois não sa-bem como começar nem por onde.

Por isso, O SÃO PAULO conversou com dois professores da área bíblica para apresentar dicas práticas de como iniciar a experiência do encontro com a Palavra de Deus.

À LUZ DO ESPÍRiTOPadre Boris Agustín Nef Ulloa,

Doutor em Teologia Bíblica pela Pon-tifícia Universidade Gregoriana de Roma, Professor e Diretor da Facul-dade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da PUC-SP, ressaltou que o primeiro grande passo para iniciar a leitura da Bíblia é pedir a assistência do Espírito Santo.

“Essa é uma condição indispen-sável, pois, se foi o Espírito Santo que inspirou a Escritura, é Ele que ilumina a comunidade, o fiel que lê com humil-dade, a compreender a riqueza da Pala-vra de Deus”, afirmou.

Outro conselho dado pelo Sacerdote é que seja evitada a leitura de versículos isolados, separados de seu contexto e do conjunto das Escrituras. “Esse é um verdadeiro perigo. Decorar versículos isolados pode ser um grande desvio do sentido da Palavra”, alertou.

iNTRODUÇÕES E COmENTáRiOS

Mesmo tendo esses cuidados, po-rém, os textos bíblicos são dotados de uma complexidade que dificulta a sua compreensão em um primeiro momen-to. Por isso, muitas pessoas necessitam

São Jerônimo nasceu na região da Dalmácia no começo do século IV. Seu pai, um homem de posses, mandou-o a Roma para estudar Retórica e Gramá-tica, o que seria a base de seu trabalho para a tradução dos textos sagrados. Batizado em 366 d.C. pelo Papa Libé-rio, Jerônimo dedicou-se aos estudos e à oração, e, posteriormente, interessou-se pela vida monástica, tendo vivido, por um período, como um ermitão no deserto.

Depois de ordenado bispo, foi re-

quisitado a São Jerônimo, pelo Papa Dâmaso, que ele revisasse as tradu-ções latinas dos textos bíblicos que existiam na época. Essas traduções eram variadas e careciam de autori-dade e cientificidade, pois eram re-alizadas a partir de provincialismos de cada região e a partir de esforços individuais.

O empenho de tradução de São Jerônimo ocorreu em três etapas. Na primeira, ele preocupou-se em revisar a tradução latina dos quatro Evange-lhos a partir dos manuscritos gregos. Em um segundo momento, em 387, quando estava em Belém, começou

a revisão dos textos latinos do Anti-go Testamento a partir de uma versão grega da Septuaginta. A terceira etapa, a mais trabalhosa, foi a tradução para o latim dos textos hebraicos do Antigo Testamento. Seu objetivo ao realizar a tradução era evitar a alegação dos ju-deus, na época, de que os cristãos não tinham acesso ao texto verdadeiro das Escrituras.

O texto de São Jerônimo apre-sentava qualidades que logo fizeram dessa versão a mais usada pela Igreja latina. O texto era claro, pois Jerôni-mo preocupava-se em expressar seu real significado. Além disso, o texto

era muito fiel aos originais. A ele-gância da tradução, fruto do conhe-cimento retórico de Jerônimo, tam-bém é uma característica marcante da Vulgata.

O Concílio de Trento, em 1546, declarou a Vulgata de Jerônimo a ver-são oficial da Igreja Católica, pois era o texto mais usado há mil anos pela Tra-dição. Apenas em 1979, ela foi substitu-ída pela Nova Vulgata, que é uma tra-dução mais acurada, entretanto, sem deixar de ter como base a tradução de São Jerônimo.

(Fontes: The History of the Latin Vulgate – Jonh E. Steinmmeuller; The Vulgate – Samuel Angus)

GUSTAvO RAmOSESPECiAL PARA O SÃO PAULO

São Jerônimo e a vulgata

Como ler a Bíblia?FERNANDO GERONAZZO

[email protected]

do auxílio de outras ou de subsídios que as introduzam no seu conteúdo.

Nesse sentido, as próprias edições da Bíblia possuem textos introdutórios e comentários que ajudam a contextua-lizar o leitor quanto ao gênero literário do livro e o contexto histórico em que foi escrito. “As introduções são muito interessantes e, se a pessoa quer apro-fundar o conhecimento, vale a pena lê-las mais de uma vez”, aconselhou Pa-dre Boris.

POR ONDE COmEÇAR?Outra dúvida comum é por qual li-

vro começar a leitura. Os biblistas não recomendam que a Bíblia seja lida como qualquer outra obra literária, do come-ço ao fim, pois não se trata de um único livro, mas do conjunto de vários livros.

São vários os métodos e itinerá-rios para a leitura bíblica. Domingos Zamagna, mestre em Ciências Bíbli-cas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma e professor de Sagradas Escritu-ras no Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal) e na Faculdade São Bento, recomenda que se comece a leitura pelo Novo Testamento, especial-mente pelos Evangelhos.

“Os Evangelhos são o coração da Bíblia. Depois, os Atos dos Apóstolos, que mostram a caminhada da comu-nidade formada por Jesus, na Igreja. Aí convém ler as cartas do Novo Tes-tamento e, então, pode-se adentrar o Antigo Testamento que, na visão de fé dos cristãos, é a pedagogia de Deus que prepara a vinda do Salvador, Jesus de Nazaré”, explicou o professor.

Também existe a indicação de ini-

ciar a leitura pelo livro do Êxodo, no Antigo Testamento. Nesse sentido, Pa-dre Boris explicou que a compreensão da história do povo de Israel e de sua Páscoa serve de base para compreender a Páscoa celebrada por Jesus e a Nova Aliança por Ele estabelecida. Daí parte- -se para os Evangelhos, podendo pas-sar, antes, pelos Salmos, textos orantes que ajudam a introduzir o leitor no mistério de Deus.

LiTURGiAOutra dica indispensável para quem

deseja conhecer mais as Sagradas Es-crituras é a Liturgia. “Se a pessoa par-ticipar de todas as missas dominicais durante três anos, vai ler o conjunto dos Evangelhos. Já a pessoa que partici-par da missa de segunda a sábado, por dois anos, terá lido a Bíblia inteira. Ela lê dentro da liturgia, dentro de uma co-munidade que ouve,” disse Padre Boris

CURSOS E FORmAÇÕESOs biblistas também recomendam

os cursos, jornadas, mutirões e ciclos bíblicos organizados pelas paróquias e comunidades, além das experiências de oração comunitária a partir da Palavra de Deus.

Há, ainda, muitos subsídios e expe-riências católicas de formação bíblica disponíveis na internet, assim como li-vros de introdução à leitura das Sagra-das Escrituras.

Veja essas dicas na reportagem completa disponível no link a seguir: https://tinyurl.com/y3bcsxjv.

Por fim, ao reforçar a importância da Bíblia na vida do cristão, o profes-sor Zamagna enfatizou que não se tra-ta apenas de um livro, pois o Cristia-nismo não é uma religião “enlivrada”. “Na Bíblia, queremos encontrar a San-tíssima Trindade, por meio do Deus que se fez carne em Jesus Cristo, que nos deixou o seu Espírito e continua a pregar a sua Palavra pela Igreja”, com-pletou.

(Colaborou: Jenniffer Silva)

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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O sábado, 26 de setembro, foi um dia histórico para os moradores do Jardim Felicidade, na periferia da zona Norte de São Paulo. Os membros das comunida-des São José, Sagrado Coração de Jesus, Santíssima Trindade e Nossa Senhora Aparecida se reuniram na igreja que co-meçou a ser construída em 1996, para testemunhar a criação da Paróquia Santa Dulce dos Pobres.

A celebração foi presidida pelo Car-deal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, que, na ocasião, também nomeou e deu posse ao primeiro Pároco, o Padre Antonio Pedro dos Santos.

“Estamos fazendo história. Nós todos passaremos, a Paróquia fica. Vocês, um dia, não estarão aqui, mas a Paróquia que vocês ajudaram a edificar permanece-rá para todos aqueles que virão depois”, afirmou Dom Odilo, na homilia.

A Eucaristia foi concelebrada por Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal San-tana, à qual pertence a Paróquia. Tam-bém concelebraram diversos sacerdotes, dentre os quais o Padre Andrés Gustavo Marengo, Pároco da Paróquia Nativida-de do Senhor, de cujo território a nova Paróquia foi desmembrada.

Apesar da pandemia, uma parte dos fiéis estava reunida na celebração, se-guindo as medidas preventivas. Os de-mais membros da comunidade acompa-nharam a liturgia pelas mídias digitais.

Após a leitura do decreto de criação desta que é a 305ª paróquia em âmbito arquidiocesano, foi entronizada a ima-gem da padroeira. Esta é a primeira pa-

róquia da Arquidiocese com o título da religiosa baiana canonizada em outubro de 2019, conhecida como “o Anjo bom da Bahia”.

COmUNiDADE DOS DiSCÍPULOS DE JESUS

O Cardeal Scherer também exortou os fiéis a respeito do significado de uma paróquia. “A nossa Igreja Católica, Igre-ja de Cristo, é a comunidade daqueles que se reúnem em torno de Jesus, que O amam, que se deixam atrair por Ele. Somos o povo de Deus que vive na co-munidade”, destacou.

Dom Odilo explicou, ainda, que, para que essa comunidade seja concreta, é preciso que se organize localmente, por meio das dioceses e arquidioceses. Den-tro delas, estão as paróquias, constituídas das várias organizações e serviços.

“A paróquia é a comunidade dos discípulos de Jesus reunidos em nome Dele, que se faz presente na Eucaristia e na Palavra de Deus, espinha dorsal des-sa comunidade”, reforçou o Arcebispo, acrescentando que cada paróquia é parte da comunhão do Corpo de Cristo e não pode se fechar em si mesma.

ANUNCiAR E SERviRO Cardeal Scherer chamou a atenção

para os três serviços importantes que devem existir em uma paróquia. “A pa-róquia é a comunidade que leva avante a missão de evangelizar. Aqui, não pode faltar o anúncio da Palavra de Deus, a Catequese e a formação cristã”, exortou.

O Arcebispo enfatizou, ainda, que na paróquia deve sempre haver a Eucaris-tia e os demais sacramentos. “Esta deve ser a comunidade onde se reza, onde se

aprende a rezar e onde se ensina a rezar. Isso deve ser expresso quer quando estão reunidos, quer na vida privada de cada um de vocês”, lembrou.

O Cardeal Scherer também salientou que a paróquia é a comunidade pastoral, animada pelo pároco, “aquele que, em nome de Jesus, é o pastor que convida e chama a comunidade a participar dos vá-rios serviços, a exemplo do Bom Pastor”.

Por fim, o Arcebispo sublinhou que o espírito que deve reinar em uma pa-róquia é o do amor, da fraternidade e da unidade. “A referência da paróquia e de todos os cristãos é Jesus, a quem de-vemos ter sempre diante dos olhos para inspirar nossas ações. Assim, edificare-mos uma bela comunidade, verdadeira família de Deus, no amor, na unidade e na caridade”, completou Dom Odilo, re-comendando, ainda, que todos sigam o exemplo da nova padroeira.

GRATiDÃONo fim da missa, Padre Antonio

agradeceu a Dom Odilo a confiança e destacou a consciência da responsabili-dade pela missão de pastorear uma paró-quia que tem cerca de 30 mil habitantes.

O Pároco também agradeceu a todos os paroquianos e benfeitores que se de-dicaram ao longo dos anos na edificação da comunidade, alguns deles já falecidos. “Trabalhamos muito e, hoje, celebramos com alegria este dia de ação de graças para a nossa comunidade, hoje paró-quia”, afirmou.

“Que Deus nos ajude para que, a exemplo de Santa Dulce, possamos nos doar com o nosso testemunho de amor e anunciar com a nossa vida o Evangelho de Jesus Cristo neste bairro”, completou.

RECORDAÇÕESQuando a professora Elismar Alves

da Silva, 52, mudou-se para o Jardim Felicidade, há 26 anos, ela sentia falta de uma igreja perto de sua casa para partici-par da missa, como fazia no bairro onde morava anteriormente. Sua alternativa era a então Comunidade Natividade do Senhor, no Jardim Fontalis.

Um dia, durante a Eucaristia, o Padre informou que estava havendo celebra-ções na sede da associação de moradores do Jardim Felicidade, onde se formava uma nova comunidade. “Minha alegria foi tão grande que eu saí correndo, até deixei o meu marido para trás no cami-nho. Consegui chegar quando já estava no canto final”, recordou a professora, que nunca mais deixou a comunidade.

Além de ter assumido a responsa-bilidade de coordenar a comunidade, Elismar tornou-se catequista e ajudou a implantar tanto a Pastoral da Criança quanto outras pastorais. “Eu ainda hoje guardo o caderno com as informações das primeiras crianças que acompanhei na Pastoral da Criança”, relatou.

A professora destacou, ainda, que a realidade do bairro era bastante pre-cária, pois não havia qualquer infra-estrutura urbana e social. No entanto, quando questionada sobre o porquê de buscar ter uma igreja no bairro quan-do faltavam tantas coisas básicas para aquela população, Elismar foi enfática: “Nós queríamos o amor de Deus pre-sente no nosso bairro, para que tivésse-mos força e coragem para buscar tudo o mais que era necessário. Não bastava ter saneamento, asfalto, eletricidade e tudo o que sempre sonhamos e con-quistamos para o nosso bairro, se não tivéssemos o principal: Deus e a comu-nidade dos irmãos na fé”.

COmUNiDADE DE COmUNiDADESDesde o ano 2000, Padre Andrés

acompanhou o desenvolvimento das co-munidades que hoje constituem a nova Paróquia. “Era, de fato, a experiência de uma comunidade de comunidades”, res-saltou o Sacerdote, acrescentando que, nessa época, eram várias as iniciativas missionárias que tinham como objeti-vo atender espiritual e materialmente a população que vivia uma situação de pobreza.

Ao manifestar alegria em ver as co-munidades se tornarem uma paróquia, Padre Andrés sublinhou que, agora, os fiéis devem construir o rosto e a identi-dade específica da Paróquia Santa Dulce dos Pobres, inserida na realidade na qual são chamados a testemunhar Jesus Cris-to, sendo sinal visível de sua Igreja. Para isso, ele apontou que é preciso estar aten-to às necessidades e apelos missionários próprios dos seus habitantes para bem realizar a missão evangelizadora.

Saiba mais sobre a história da Paró-quia Santa Dulce dos Pobres neste link: https://tinyurl.com/y6ohpxlb.

Paróquia Santa Dulce dos Pobres é criada na Arquidiocese de São Paulo

FERNANDO [email protected]

Fiéis participam da missa de criação da Paróquia Santa Dulce dos Pobres, presidida por Dom Odilo, que dá posse ao Padre Antonio Pedro como Pároco

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

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Você Pergunta

Cecília Carvalho, de Carmo do Rio Claro (MG), afirma que ficou chocada com o sacrifício de animais, descrito no capítulo 29 do livro do Êxodo. “Padre, Deus pedia essas práticas?”, ela pergunta.

Cecília, este texto do capítulo 29 do livro do Êxodo fala de como os sacerdo-tes deveriam agir no templo ao oferecer os sacrifícios a Deus. Você afirma ter fi-cado impressionada e ter tido até pesa-delos. Entretanto, Cecília, quando você come um belo bife em sua casa ou faz

um churrasco com os amigos, você sen-te a mesma coisa? Os animais, portanto, são mortos e cortados em pedaços para nos alimentar.

Lembre-se, Cecília, de que Deus co-locou o homem na terra e lhe deu para seu alimento os frutos e os animais. Não há aí nenhum mal, desde que não prati-quemos crueldade com os animais, não os matemos por matar, não lhes cause-mos sofrimento, não os torturemos, não os deixemos sem água e alimento.

Veja, minha irmã, eram muitas as formas de sacrifício no templo. Havia o holocausto, em que o animal, após ser

abatido, era queimado inteiramente, exceto o couro, como sinal de expiação pelos pecados.

Havia também um sacrifício para agradecer a Deus e entrar em comunhão com Ele: parte da carne era oferecida a Deus e queimada; outra parte ficava para o sacerdote. A terceira parte, enfim, era do ofertante, que a comia com a família e os convidados.

Os animais oferecidos a Deus deviam ser perfeitos e só se ofereciam aqueles cujas carnes pudessem ser comidas.

Você se lembra do que aconteceu logo depois que Jesus nasceu? José e Ma-

ria, em ação de graças, o apresentaram no Templo e ofereceram a Deus um casal de pombinhos. Pois é, este era o sacrifí-cio dos pobres, uma vez que os ricos ofe-reciam bois, ovelhas, carneiros.

É preciso lembrar, porém, minha irmã, que, graças a Deus, a Bíblia rejei-ta os sacrifícios humanos. Lembre-se de que Deus não quis o sacrifício de Isaac, que Abraão estava disposto a fazer. E, para terminar, não se esqueça do que disse o apóstolo Paulo: agora não preci-samos mais do sacrifício de animais. Fo-mos lavados e redimidos pelo sangue de Jesus, o Cordeiro pascal.

Como se explicam os sacrifícios de animais descritos na Bíblia?PADRE CiDO PEREiRA

[email protected]

A criação da 305ª paróquia da Arqui-diocese de São Paulo, no sábado, 26 de se-tembro, às vésperas do início do mês dedi-cado às missões, é uma ocasião oportuna para refletir sobre o significado da paró-quia em uma perspectiva missionária.

A partir desta edição, O SÃO PAU-LO publica uma série de matérias sobre a paróquia, inspirando-se no documen-to publicado em julho pela Congregação do Clero, em forma de instrução pasto-ral, intitulado “A conversão pastoral da comunidade paroquial a serviço da mis-são evangelizadora da Igreja”.

RAÍZES BÍBLiCASPara compreender melhor a natureza

e missão de uma paróquia, é preciso en-tender o próprio significado da palavra paróquia e suas raízes bíblicas. Esse ter-mo se origina no verbo grego paroikêin, que, dentre vários significados, indica “viver junto a” ou “habitar nas proximi-dades”. Pode, também, indicar a situação de alguém que não tem residência fixa, um “estrangeiro” ou “peregrino”, de ou-tras terras, que fixa sua morada em um determinado lugar.

Essa expressão aparece, por exem-plo, na narrativa bíblica dos discípulos de Emaús, que, ao serem abordados por Jesus, perguntam-lhe: “Tu és o único peregrino (paróikêis) em Jerusalém que ignora os fatos que aconteceram esses dias?” (Lc 24,18).

Já a palavra paroikía pode ser tradu-zida por “morada em terra estrangeira”, e aparece algumas vezes tanto no Antigo quanto no Novo Testamento para se re-ferir à morada do povo de Deus, peregri-no neste mundo, porém, fixado em um determinado lugar e contexto histórico.

TERRiTÓRiO EXiSTENCiALA esse respeito, a instrução pastoral

acima mencionada ressalta uma caracte-

rística da paróquia, que “é o seu radicar- -se ali onde cada um vive cotidianamen-te”. Nesse sentido, o documento reforça que o princípio territorial permanece plenamente vigente, sobretudo do ponto de vista canônico.

“Porém, especialmente hoje, o terri-tório não é mais apenas um espaço ge-ográfico delimitado, mas o contexto em que cada um exprime a própria vida fei-ta de relações, de serviço recíproco e de tradições antigas. É neste ‘território exis-tencial’ que se encontra todo o desafio da Igreja no meio da comunidade”, observa o texto.

Outro aspecto enfatizado pela ins-trução é que a renovação evangelizadora exige novas atenções e propostas pas-torais diversificadas, para que a Palavra de Deus e a vida sacramental possam alcançar a todos. “Realmente, a inserção eclesial hoje prescinde sempre mais dos lugares de nascimento e de crescimento dos membros e está mais orientada para uma comunidade de adoção, na qual os fiéis fazem uma experiência mais ampla do povo de Deus, de fato, de um corpo

que se articula em tantos membros, em que cada um trabalha para o bem de todo o corpo”, destaca.

ESTRUTURA CADUCA?Na exortação apostólica Evangelii

gaudium (2013), o Papa Francisco afirma que “a paróquia não é uma estrutura ca-duca”; pelo contrário, possui uma gran-de capacidade de assumir formas muito diferentes, “que requerem a docilidade e a criatividade missionária do pastor e da comunidade”.

Recordando as palavras de São João Paulo II em outro documento – a exor-tação apostólica Christifidelis laici (1988) – , o atual Pontífice enfatizou que a pa-róquia continuará a ser “a própria Igre-ja que vive no meio das casas dos seus filhos”.

“A paróquia é presença eclesial no ter-ritório, âmbito para a escuta da Palavra, o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade generosa, a adoração e a celebração”, acentuou o Santo Padre, acrescentando, ainda, que, por meio de todas as suas atividades, a paróquia in-

centiva e forma os seus membros para serem agentes da evangelização. “É co-munidade de comunidades, santuário em que os sedentos vão beber para con-tinuar a caminhar, e centro de constante envio missionário”, completou.

CONvOCADA PELO ESPÍRiTOA instrução pastoral da Santa Sé re-

força que a comunidade paroquial “é o contexto humano no qual atua a missão evangelizadora da Igreja”. Nesse senti-do, o texto apela para a necessidade de redescobrir a iniciação cristã, “que gera uma vida nova” e está inserida no “mis-tério da mesma vida de Deus”.

“A paróquia, portanto, é uma comu-nidade convocada pelo Espírito Santo para anunciar a Palavra de Deus e fazer renascer novos filhos à fonte batismal; reunida por seu pastor, celebra o memo-rial da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor e testemunha a fé na caridade, vivendo em permanente estado de mis-são, para que a ninguém falte a mensa-gem salvífica, que doa a vida”, completou o documento.

A igreja viva no meio das casas dos filhos de Deus

FERNANDO [email protected]

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fachada da Igreja Santa Dulce dos Pobres, matriz da paróquia territorial criada no sábado, 26 de setembro, na Arquidiocese de São Paulo

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www.osaopaulo.org.brDiariamente, no site do jornal O sÃO PAUlO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publica-dos recentemente.

fOtO DA SemAnAA leitora Ira Romão encontrou neste início da primavera este ipê florido na Rua Antônio Maia, na Vila Perus, na zona Noroeste da cidade, no domingo, 27 de setembro. E você: viu algo que lhe chamou a atenção na cidade? Fotografe e mande para o nosso e-mail [email protected], com o título “Foto da Semana”.

Ira Romão

Em mensagem publicada no dia 23 de setembro, a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que “acom-panha indignada a devastação cau-sada pelas queimadas nos biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal” e se solidariza com aqueles que têm ar-riscado a própria vida, “atuando com poucos recursos no combate ao crime socioambiental que está ocorrendo e na tentativa de salvar a fauna restante que não foi consumida pelo fogo”.

CRÍTiCAS No texto assinado por Dom Wal-

mor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e Presidente da CNBB; Dom Jaime Spengler, Ar-cebispo de Porto Alegre (RS), 1º Vi-ce-Presidente; Dom Mário Antônio da Silva, Bispo de Roraima (RR), 2º Vice-Presidente; e Dom Joel Portella Amado, Bispo Auxiliar do Rio de Ja-neiro (RJ), Secretário-Geral, os prela-dos observam que, “mesmo diante de tamanha destruição, o Governo Fede-ral, paradoxalmente, insiste em dizer que o Brasil está de parabéns com a proteção de seu meio ambiente. Esta atitude encontra-se em nítida contra-mão em relação à consciência social e ambiental, na verdade benefician-do apenas grandes conglomerados econômicos que atuam na minera-ção e no agronegócio” e afirmam que nenhuma ação foi realizada para se

evitar “essa tragédia socioambiental”. A Presidência da CNBB lamentou

os cortes orçamentários feitos no Ins-tituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e em outras frentes de com-bate ao desmatamento ambiental e sua fiscalização.

“Essa agressão à Casa Comum teve como resultado, nos anos de 2019 e 2020, recordes na quantidade de focos de queimadas no Cerrado (50.524 e 41.674), no Pantanal (6.052 e 15.973) e na Amazônia (66.749 e 71.499), totali-zando, segundo dados do Instituto Na-cional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 123.325 focos, em 2019, e 129.146 até 20 de setembro de 2020, corresponden-do a um aumento de 5.821, destruindo grande parte da biodiversidade nestes biomas, ameaçando povos originários e tradicionais. Tudo isso se constitui num processo de verdadeiro desmonte das leis e sistemas de proteção do meio ambiente brasileiro”, consta em um dos trechos da nota.

Os bispos afirmam que “o bom senso é agredido tanto pelo nega-

cionismo explícito e reincidente por parte de nossas lideranças governa-mentais, quanto pela acusação de que povos e grupos seriam os responsá-veis por algumas das queimadas”.

APELO AOS BRASiLEiROSDiante do cenário de “destruição

ambiental e desrespeito ao ser huma-no”, a CNBB convoca a sociedade bra-sileira “a se unir ainda mais em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil, refor-çando a voz dos que desejam um país mais justo e solidário, empenhados na proteção da Casa Comum, par-tindo dos mais vulneráveis”, e aponta que “a efetiva superação dessa caótica situação só se dará por meio de forte fiscalização, investigação e responsa-bilização dos culpados, obrigação de reflorestamento, recuperação integral da natureza devastada e reorganiza-ção da estrutura econômica”.

Na conclusão da mensagem, a Presidência da CNBB reafirma a certeza de que “a vida, em especial a vida humana, é o valor maior que nos cumpre preservar”.

(Com informações da CNBB)

Como evitar golpes financeiros durante a pandemia?https://cutt.ly/Af9uGV3

instalada a Comissão de Justiça e Paz no Regional sul 1 da CNBBhttps://cutt.ly/2f9usmh

Na pandemia, a Paróquia santa ifigênia não fechou as portas à caridadehttps://cutt.ly/if9uiFU

Comissão Vida e Família promove semana da Vida em sintonia com CF 2020https://cutt.ly/Vf9uR5t

são Vicente de Paulo, apóstolo da caridadehttps://cutt.ly/Rf9umVl

Ordem do santo sepulcro de Jerusalém envia ajuda financeira à Terra santahttps://cutt.ly/Uf9uylm

Vatican Media

Presidência da CNBB se manifesta sobre as queimadas no Brasil

REDAÇÃO [email protected]

CNBB

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27º DOMINGO DO TEMPO COMUM 4 DE OUTUBRO DE 2020

A Vinha do Senhor

Liturgia e Vida

Sudão do Sul

Malawi

www.osaopaulo.org.br

www.arquisp.org.br | 30 de setembro a 6 de outubro de 2020 | Pelo mundo/Fé e Vida | 15

PADRE JOÃO BECHARA vENTURA

Cristo propõe aos chefes dos sacerdotes e anciãos outra parábola sobre a “Vinha”. Citando a profecia de Isaías (Is 5,1-7), compara o povo de Deus a uma vinha pacientemente plantada, cultivada, protegida e vigiada pelo Senhor. Nela são estabelecidos vinhateiros – líderes religio-sos –, encarregados de recolher os frutos até a chegada do Dono.

No momento de entregar os resultados do cultivo, contudo, esses arrendatários es-pancaram, apedrejaram e mataram os muitos “empregados” – os profetas – que o Senhor lhes enviara. Por fim, o Senhor mandou à Vinha seu próprio filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Vendo-O, os vinhateiros disseram as palavras dos irmãos de José do Egito: “Vin-de, vamos matá-lo!” (Gn 37,20). Com inveja semelhante à dos filhos de Jacó, pensavam: “Este é o herdeiro. Vamos tomar posse da sua herança!” (Mt 21,38).

Agarraram o filho, jogaram-no para fora da Vinha – além dos muros de Jerusalém, no Cal-vário – e o mataram. Jesus previa, desse modo, a morte a que seria submetido, motivada pelas intrigas dos seus interlocutores. E lhes pergun-tou: “Quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?”. Os chefes dos sacerdo-tes e anciãos, sem ainda perceber que era a eles que a parábola se referia, deram uma respos-ta profética: “Com certeza, mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo” (Mt 21,41).

A conclusão do Senhor é aterradora: “O Reino de Deus vos será tirado e será entre-gue a um povo que produzirá frutos” (Mt 21,43). Um “povo” – éthnos – significa “um povo de gentios”, pessoas que não pertencem a Israel. Como sabemos, o cultivo da Vinha do Senhor seria entregue a Pedro, aos demais apóstolos e a seus sucessores, e incluiria pes-soas de todos os povos, raças e origens. Com a Igreja de Cristo – Novo Israel –, a Vinha divina se estenderia fecunda não apenas do Mediterrâneo ao Jordão, mas por todos os continentes da Terra.

Essa comparação revela que a Igreja é como um organismo vivo a ser cuidadosamente cul-tivado. Como uma planta, Ela cresce, floresce, atravessa diferentes estágios e estações, mas permanece sempre a mesma. Possui regras vitais de desenvolvimento que devem ser res-peitadas e protegidas. Para a Igreja, categorias como “revolução”, “reformulação” e “renovação radical” não funcionam. O seu crescimento é lento e natural, como o de uma plantação ou jardim. Precisa ser podada, regada, protegi-da… Mantém sempre, todavia, a mesma iden-tidade. Os movimentos e cortes bruscos levam seus ramos infalivelmente à secura, à esterilida-de e à morte.

A nós cumpre pedir ao Senhor que proteja a Sua Vinha! Que Ele a guarde cercada com o cinturão verde dos Santos Padres e Doutores. Que os seus vigias – os bispos – avisem, do alto, quando o mal se aproximar. Que o seu lagar permaneça sempre incontaminado. Que não falte a chuva fecunda das graças e bênçãos do Céu. E que todos nós produzamos uvas boas de amor, fé, conversão e obras santas.

A Conferência dos Bispos de Ma-lawi, o Conselho das Igrejas de Malawi, as associações evangélica e islâmica e outras organizações religiosas locais expressaram preocupação acerca de proposta que tramita em um comitê parlamentar e que pretende mudar a lei sobre o aborto no país.

A proposta de mudança de lei foi realizada por entidades da sociedade civil que há anos tentam legalizar o aborto naquele país. A primeira ten-tativa ocorreu em 2016. Na ocasião, líderes religiosos organizaram uma “Marcha pela Vida e pela Família” e a proposta não foi aceita no Parlamento.

De acordo com as organizações re-ligiosas, a atual proposta de mudança na lei é “imoral e pecaminosa”, porque contraria o mandamento divino que considera a vida sagrada. Em declara-

Dados divulgados pela Organiza-ção Internacional do Trabalho (OIT), em 23 de setembro, indicam que a renda global do trabalho tenha dimi-nuído 10,7%, ou 3,5 trilhões de dóla-res, nos primeiros três trimestres de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.

Esse número, porém, não leva em conta os efeitos das medidas de apoio à renda implementadas pelos gover-nos, como o auxílio emergencial ado-tado no Brasil, por exemplo.

A maior queda ocorreu nos paí-

ses de renda média-baixa, nos quais perdas de renda do trabalho foram de 15,1%, sendo a região das Américas a mais atingida, com 12,1%.

Os dados constam no “Monitor da OIT: COVID-19 e o mundo do trabalho”. Em escala global, a revisão das estimativas das perdas de horas de trabalho para o segundo trimes-tre deste ano (em relação ao quarto trimestre de 2019) mostra uma que-da de 17,3%, equivalente a 495 mi-lhões de empregos em tempo inte-gral (considerando-se uma semana

de trabalho de 48 horas), compara-da à estimativa anterior de 14%, ou 400 milhões de empregos em tempo integral.

Uma razão para o aumento das estimativas para a perda de horas de trabalho é o fato de os trabalhadores em economias em desenvolvimento e emergentes, especialmente aqueles com empregos na economia infor-mal, terem sido muito mais afetados pela pandemia de COVID-19 do que em crises anteriores. (por Redação)

Fonte: OIT

OiT alerta para perda de renda do trabalho em todo o mundo

O Conselho das Igrejas do Sudão do Sul renovou, em 21 de setembro, seu apelo por uma implementação rápida do Acordo Revitalizado sobre Resolução do Conflito no Sudão do Sul, assinado em 2018 depois de quase cinco anos de guerra civil.

Desde que eclodiu, em 2013, dois anos após a proclamação da indepen-dência de Cartum, a guerra já causou cerca de 400 mil vítimas civis e 1,6 mi-lhão de deslocados. Obrigou, ainda, 2,6 milhões de sul-sudaneses a deixar o país e 7,5 milhões de pessoas necessita-das de ajuda humanitária.

Numa declaração conjunta, o Con-selho das Igrejas do Sudão do Sul res-

salta que “a implementação do acordo significa silenciar as armas, pôr fim à violência sexual e de gênero, dormir em comunidades pacíficas sem medo de ser morto ou roubado, proteger crianças e mulheres e permitir a reto-mada da economia e o desenvolvimen-to das infraestruturas”.

Na declaração, são reconhecidos alguns progressos na implementação do acordo assinado em 2018. Os líde-res cristãos mencionam em particular a criação, em fevereiro passado, do novo Governo de Transição de Unida-de Nacional, o acordo alcançado sobre o número de estados que formarão o Sudão do Sul pacificado, a nomeação de seus governadores e os progressos alcançados na formação de um exérci-to unificado.

As Igrejas cristãs sul-sudanesas es-tão especialmente preocupadas com as contínuas violações do cessar-fogo, as vinganças intercomunitárias e os ata-ques de gado que continuam a deses-tabilizar o país, além do agravamento da situação econômica, com a desvalo-rização da moeda nacional, o que enca-rece cada vez mais o custo de vida dos sul-sudaneses.

Os líderes cristãos pedem aos sig-natários do Acordo Revitalizado que façam um esforço maior, a fim de ace-lerar sua implementação, e reiteram seu compromisso com a paz e de “dar voz àqueles que não a tem”, por meio de seu Plano de Ação pela Paz, “que tem a finalidade de transformar a narrativa da violência numa narrativa de paz”.

Fonte: Vatican News

REDAÇÃ[email protected]

igrejas e organizações cristãs fazem novo apelo pela paz

Líderes religiosos se manifestam contra o aborto

GUSTAvO RAmOSESPECiAL PARA O SÃO PAULO

ção publicada em 14 de setembro, as organizações criticaram a proposta, ar-gumentando que nenhuma instituição, incluindo o Parlamento ou qualquer tribunal, tem autoridade para decidir sobre a morte de alguém, em qualquer estágio de vida em que se encontra.

Citando Jeremias, capítulo 1º, ver-sículo 5 (“Antes de ser formado no ventre, eu o escolhi”), as organiza-ções religiosas pediram aos cidadãos

do país que sempre defendam a vida como sagrada, desde a concepção, como previsto na Constituição de Malawi. Além disso, os líderes reli-giosos exortaram a população a se manifestar diante dos membros do Parlamento, para que a lei não seja aprovada, pois, se isso acontecer, re-dundaria, segundo a declaração, num “genocídio de crianças não nascidas”.

Fonte: Agência Fides

Em 2016, ‘Marcha pela Vida e pela Família’ foi fundamental para barrar proposta de aborto

Conferência dos Bispos de Malawi

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16 | Papa Francisco | 30 de setembro a 6 de outubro de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

A pandemia de COVID-19 escanca-ra nossas desigualdades e somente com maior união e colaboração entre as na-ções será possível sair melhores desta crise histórica. Esse foi o centro da men-sagem gravada que o Papa Francisco en-viou à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), exibida na sexta-feira, 25 de setembro.

Trata-se de “um tempo de escolhas”, pois precisamos “escolher o que conta e o que passa, separar o que é necessário do que não é”. Papa Francisco fez uma defesa do multilateralismo: pediu maior colaboração entre os países, dando espe-cial atenção aos mais pobres.

“Estamos de frente a uma escolha, entre um de dois caminhos possíveis: um conduz ao reforço do multilateralismo, expressão de uma renovada correspon-sabilidade mundial, de uma solidarieda-de fundada sobre a justiça e a realização da paz, e a unidade da família humana, projeto de Deus para o mundo”, disse.

A segunda opção, e não desejável, enfatiza a suposta “autossuficiência, o nacionalismo, o protecionismo, o indi-vidualismo e o isolamento, excluindo os mais pobres, os mais vulneráveis, os habitantes das periferias existenciais. E certamente causará danos à comunidade inteira”, insistiu o Papa.

UmA CRiSE QUE PEDE SOLiDARiEDADE

Essa colaboração determinada e em-basada conscientemente na Doutrina Social da Igreja tem um nome: solidarie-dade. “A crise atual nos demonstrou que

a solidariedade não pode ser uma pala-vra ou uma promessa vã”, afirmou.

Como tem feito desde a sua encíclica Laudato si’ (2015), ele acrescentou que as raízes dos problemas sociais e ambientais são as mesmas. Para solucionar as desi-gualdades, é preciso cuidar da Criação. Para proteger o meio ambiente, é preciso garantir os direitos básicos e priorizar a vida humana.

Como exemplo, ele falou da situação da Amazônia. “Penso na perigosa situ-ação da Amazônia e suas populações indígenas. Isso nos recorda que a crise ambiental é indissoluvelmente ligada a uma crise social, e que o cuidado do ambiente exige uma abordagem integral para combater a pobreza e a exclusão”, comentou o Santo Padre.

COmBATER A ‘CULTURA DO DESCARTE’

Até mesmo na questão sanitária,

como no desenvolvimento da vacina, Francisco pediu que, “se for preciso pri-vilegiar alguém, que seja o mais pobre, o mais vulnerável, que geralmente é dis-criminado, porque não tem poder nem recursos econômicos”.

Nesse mesmo sentido, ele repetiu um apelo que vem fazendo nos últimos me-ses. Francisco pede aos países ricos que perdoem ou até mesmo anulem a dívida dos países mais pobres, para que possam se recuperar da pandemia.

O panorama de fundo é a “cultura do descarte”, a noção generalizada de que há seres humanos mais descartáveis do que outros. Na sua origem, disse o Papa, “há uma grande falta de respeito à dignidade humana, uma promoção ideológica com visões reducionistas da pessoa, uma ne-gação da universalidade dos seus direi-tos fundamentais e um desejo de poder e controle absoluto que domina a socieda-de moderna de hoje”, definiu.

DiREiTOS HUmANOS viOLADOSO Papa renovou seu apelo por uma

suspensão de conflitos, especialmen-te com maior controle do comércio de armas e do desarmamento total dos ar-tefatos de destruição em massa e armas nucleares.

Entre outras questões urgentes, ele mencionou o direito dos migrantes de re-ceber atenção, e relembrou que não serão abandonados ou abusados. Também fa-lou da educação das crianças, da infância, e destacou o direito à vida que elas têm.

“Infelizmente, os países e as institui-ções internacionais estão também pro-movendo o aborto como um dos cha-mados ‘serviços essenciais’ na resposta humanitária. É triste ver como se tornou simples e conveniente, para alguns, ne-gar a existência de vida como solução a problemas que podem e devem ser resol-vidos, seja para a mãe, seja para a criança não nascida”, exortou.

O Papa Francisco falou da necessida-de de promoção das mulheres “em todos os níveis da sociedade”. Elas são as prin-cipais vítimas “da escravidão, do tráfico, da violência, da exploração e dos trata-mentos humilhantes”.

Outro direito fundamental que con-tinua sendo violado, disse o Pontífice, é a liberdade religiosa, muitas vezes mani-pulada pelas “ideologias reducionistas”. “A lista de violações [dos direitos huma-nos] é muito longa”, afirmou.

Ele falou de um “genocídio” de pes-soas que têm religião. “Também nós, cristãos, somos vítimas: quantos so-frem, em todo o mundo, às vezes obri-gados a fugir das próprias terras ances-trais, isolados de sua rica história e rica cultura”, disse.

Na ONU, Papa pede ‘mudança de rota’ e mais união no combate às desigualdades

FiLiPE DOmiNGUESESPECiAL PARA O SÃO PAULO

Papa Francisco em mensagem de vídeo enviada à 75ª Assembleia das Nações Unidas, dia 25

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