Fichamento - Panorama do Cinema Brasileiro (Paulo Emílio Salles)

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA Faculdade de Comunicação Departamento de Audiovisuais e Publicidade Oficina Básica de Audiovisual Professor David R. L. Pennington Tatiana Tenuto Escrito em: 03/04/2008 GOMES, Paulo Emílio Salles. Cinema: Trajetória no subdesenvolvimento. 2. ed. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1986. Capítulo 2 – Panorama do Cinema Brasileiro:1896/1966, p. 35-74. O livro de Paulo Emílio Salles relata o curso do cinema brasileiro de 1896 a 1966, descrevendo os temas predominantes nas produções de cada época, as cidades que se destacaram com filmes e produtores de sucesso, além de relacionar aspectos políticos, econômicos e culturais do Brasil. A primeira época, datada de 1896 a 1912, retrata a chegada ao Rio de Janeiro da primeira máquina de projeções, representando assim o advento do cinema no Brasil. Na primeira década desse período, no entanto, a produção brasileira é fraca e lenta, além de as salas de exibição serem poucas e encontradas apenas em São Paulo e Rio. Essa limitação da cinematografia brasileira deve-se à falta de eletricidade no país. As filmagens realizadas até 1907 restringiram-se a assuntos naturais. A ficção – conhecida naquela época por “filme posado” – só surgiu em 1908. O português Antonio Leal é responsável pelo primeiro filme de enredo, além de operar as primeiras filmagens no Brasil; ele é considerado o fundador e criador do cinema brasileiro. As produções começaram com histórias baseadas em crimes de destaque, mas se estenderam por todos os gêneros cinematográficos. Antonio Leal e José Labanca dominaram a produção nacional de 1908 a 1911. Em seguida, tomou espaço o

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Fichamento (resumo) do capítulo 2 (p. 35 a 74) do livro "Panorama do Cinema Brasileiro", de Paulo Emílio Salles.

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIAFaculdade de ComunicaçãoDepartamento de Audiovisuais e PublicidadeOficina Básica de AudiovisualProfessor David R. L. PenningtonTatiana Tenuto

Escrito em: 03/04/2008

GOMES, Paulo Emílio Salles. Cinema: Trajetória no subdesenvolvimento. 2. ed. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1986. Capítulo 2 – Panorama do Cinema Brasileiro:1896/1966, p. 35-74.

O livro de Paulo Emílio Salles relata o curso do cinema brasileiro de 1896 a 1966,

descrevendo os temas predominantes nas produções de cada época, as cidades que se destacaram

com filmes e produtores de sucesso, além de relacionar aspectos políticos, econômicos e culturais

do Brasil.

A primeira época, datada de 1896 a 1912, retrata a chegada ao Rio de Janeiro da primeira

máquina de projeções, representando assim o advento do cinema no Brasil. Na primeira década

desse período, no entanto, a produção brasileira é fraca e lenta, além de as salas de exibição serem

poucas e encontradas apenas em São Paulo e Rio. Essa limitação da cinematografia brasileira deve-

se à falta de eletricidade no país. As filmagens realizadas até 1907 restringiram-se a assuntos

naturais. A ficção – conhecida naquela época por “filme posado” – só surgiu em 1908. O português

Antonio Leal é responsável pelo primeiro filme de enredo, além de operar as primeiras filmagens no

Brasil; ele é considerado o fundador e criador do cinema brasileiro. As produções começaram com

histórias baseadas em crimes de destaque, mas se estenderam por todos os gêneros

cinematográficos. Antonio Leal e José Labanca dominaram a produção nacional de 1908 a 1911.

Em seguida, tomou espaço o gênero falado e cantado dos filmes-revistas de atualidade política. O

fim da primeira época foi marcado pela crise no governo de Hermes da Fonseca, com guerras e

rebeliões. Em 1912 só foi realizado um filme de enredo no Rio de Janeiro, que não foi exibido

devido à censura da Marinha.

A segunda época (1912-1922) inicia-se já abalada pela crise nacional e também pelo início

da Primeira Guerra Mundial; mal há atividades no cinema brasileiro. A partir de 1915, aumenta

notadamente o número de filmes baseados na literatura brasileira, sendo a fita de Lucíola que

provoca maior impressão na época. Em 1918, com a participação do Brasil na guerra, o patriotismo

se destaca; em 1920, voltam os filmes sobre crimes, inclusive crimes imaginários. O comércio

cinematográfico da segunda época desenvolveu-se consideravelmente, mas o acesso das produções

nacionais às salas de exibições estava mais difícil. Além disso, a imprensa, que poderia influenciar a

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opinião do público, não reconhece a produção cinematográfica. O final dessa época é marcado pelo

Centenário da Independência, mas o cinema participa apenas com documentários.

É na terceira época (1923-1933) que começa a se falar de movimento do cinema brasileiro,

com o apoio de revistas interessadas em cinema e o estímulo da propaganda. A produção de filmes

dobra e a qualidade avança significativamente, despontando clássicos do cinema mudo. Além disso,

ultrapassam-se os limites de criação de Rio de Janeiro e São Paulo: o movimento se estende para as

cidades de Belo Horizonte, Rio Grande do Sul e Recife; esta registra a maior produção, apesar das

precárias condições econômicas e artísticas. Enquanto no Rio houve pouca produção, São Paulo

mostrava expressivos índices. Ganham destaque também nomes como Humberto Mauro, Edgar

Brasil e Antonio Tibiriçá, que conseguiu bom público para suas produções. Nesse período, Canuto

Mendes de Almeida faz críticas de filmes em jornais e torna-se autor do primeiro livro importante

sobre cinema no Brasil.

O período de 1933 a 1949 corresponde à quarta época, cuja produção é quase

exclusivamente carioca. É a partir dessa época que Humberto Mauro passa a realizar somente

documentários e filmes educativos, com exceção da fita de enredo O Canto da Saudade. Na década

de 30, a comédia musical manteve a atividade cinematográfica brasileira por cerca de vinte anos,

incluindo-se nessa modalidade a “chanchada” e a forma carnavalesca. Em 1947, houve a

consolidação da chanchada graças aos acordos entre interesses industriais e comerciais, fato que

importunou os críticos.

Por fim, a quinta época (1950-1966) marca a volta de São Paulo ao cenário do cinema

brasileiro. Renunciando à chanchada, os paulistas queriam produzir filmes de classe, em grande

quantidade. De certo modo, as melhorias técnicas e artísticas aconteceram, mas o surto paulista

dissipou-se em 1954. A produção carioca, também ativa, renovou a chanchada; alguns filmes

inseriram drama e comédia à crônica carioca. É na quinta época que se revela Vidas Secas, adaptado

do romance homônimo de Graciliano Ramos. O filme de Nelson Pereira dos Santos retrata a

condição do sertanejo nordestino e merece destaque como um dos melhores já realizados no Brasil

em termos de universalidade. A partir de 1960, as produções distribuem-se equilibradamente entre

os gêneros; nos cinco primeiros anos dessa década, no entanto, evidencia-se o fenômeno baiano e

também a figura de Glauber Rocha. A partir daí também irrompe o Cinema Novo, movimento que,

apesar de notadamente carioca, reúne o que há de melhor em termos de ficção e documentário do

moderno cinema brasileiro.

Escrito em: 03/04/2008