Fichamento- o espetaculo das raças
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7/17/2019 Fichamento- o espetaculo das raças
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Fichamento- O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil:
1870- 1!0" #ilia $orit% &charc%
'ap (- )ma de di*erenças e desi+ualdades: s doutrinas raciais do sec i
partir de 1870 introdu%em-se no cenário .rasileiro teorias de pensamento at/ entãodesconhecidas, como o positiismo, o eolucionismo, o darinismo"O que se pretende reali%ar aqui neste capitulo, /um .alanço das di*erentes teoriasraciais produ%idas durante sec 232"
Entre a edenização e a detração
/poca das +randes ia+ens inau+ura um momento espec4*ico na hist5ria ocidental,quando a percepçãoo da di*erença entre os homens torna-se tema constante de de.atee re*leão: a conquista de terras desconhecidas leaa a noas concepções e posturas"
6ode-se di%er, no entanto, que / no sec 2333 que os poos sela+ens passam a ser entendidos e caracteri%ados como primitios 'lastres, 18!:1889" 6rimitios porque
primeiros, no começo do +nero humano; os homens americanos trans*ormam-se emo.<etos priile+iados para a noa percepção que redu%ia a humanidade a uma esp/cie,uma =nica eolução e uma poss4el >perfectibilidade?"
'onceito chae na teoria humanista de @ousseau, aper*ecti.ilidade resumia-con<untamente co a li.erdade de resistir aos ditames da nature%a ou acordar neles-uma especi*icidade propriamente humana"
#on+e da concepção que sera utili%ada pelos eolucionistas no decorrer do sec 232, aisão humanista discorria, a partir da noção, so.re a capacidade sin+ular e inerente atodos os homens de sempre se superarem"
Aerdeira de uma tradiçãoo humanista, a re*leão so.re a diersidade se torna,
portanto, central quando, no sec 2333, a partir dos le+ados pol4ticos da @eoluçãoFrancesa e dos ensinamentos da 3lustração, esta.elecem-se as .ases *ilos5*icas para se pensar a humanidade enquanto totalidade" 6ressupor a i+ualdade e a li.erdade comonaturais leaa a determinação da unidade do +nero humano e a certauniersali%ação da i+ualdade entendida como um modelo imposto pela nature%a"
@ousseau ele+ia o >.om sela+em?como moralmente superior homem americanocomo modelo l5+ico9
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o entanto, ao con*ormar esse quadro antit/tico, @osseau de certa *orma se a*astaada 3lustração, <á que re*letia so.re um pro+resso Cs aessas" Dm contraposição C*iloso*ia humanista, procuraa na identi*icação ou na >compaião a melhor maneira
para entender esse homem que tanto se distin+uia da eperincia ocidental"
partir de Bu**on 1707-889, conhecido naturalista *rancs, podem-se perce.er os prim5rdios de uma >cincia +eral do homem? marcada pela tensão entre uma ima+emne+atia da nature%a e do homem americanos, e a representação positia do estadonatural apresentada por @ousseau" Bu**on personi*icou, com sua teoria, uma rupturacom o para4so rousseauniano, passando a caracteri%ar o continente americano so. osi+no da carncia" O pequeno porte dos animais, o escasso pooamento, ausncia de
pelos nos homens"""
ssim, apesar da unidade do +nero humano permanecer como postulado, um a+udo
senso de hierarquia aparecia como noidade"
O de.ate se realmente polari%ado com a introdução da noção de >de+eneração?,utili%ada pelo <urista 'ornelius de 6au" t/ então chamaam-se de+eneradasesp/cies consideradas in*eriores porque menos compleas em sua con*ormaçãoor+Enica" partir desse momento, por/m, o termo deia de se re*erir a mudanças de*orma, passando a descreer >um desio patol5+ico do tipo ori+inal?" @adicali%andoos ar+umentos de Bu**on, e 6au acreditaa que os americanos não eram apenasimaturos como tam./m deca4dos, con*irmando sua tese central de */ no pro+resso e
*alta de */ na .ondade humana"
6ortanto, no conteto intelectual do s/c 2333, noas perspectias se destacam" eum lado, a isão humanista herdeira da reolução *rancesa, que naturali%aa ai+ualdade humana; de outro uma re*leão, ainda t4mida, so.re as di*erenças .ásicaseistentes entre os homens"
aturali%ando as di*erenças- emer+ncia das raças
6realecia, por/m certo otimismo pr5prio da tradição i+ualitária que adinha dareolução *rancesa e que tendeu a considerar os diersos +rupos como >poos?,nações e <amais como raças di*erentes em sua ori+em e con*ormação &tocGin+,1H8:(89"'om e*eito, o termo raça / introdu%ido na literatura mais especiali%ada em in4cios dos/c 232, por Ieor+e 'uier, inau+urando a ideia da eistncia de heranças *4sicas
permanentes entre os ários +rupos humanos"
@eação ao 3luminismo em sua isão unitária da humanidade"
Pensando na origem: Monogenismo x Poligenismo
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e um lado a isão monogenista, dominante até meados do séc XIX, con+re+ou amaior parte dos pensadores que, con*orme Cs escrituras .4.licas, acreditaam que ahumanidade era una" O homem, se+unda essa ersão, teria se ori+inado de uma *ontecomum, sendo os di*erentes tipos humanos apenas um produto >da maior de+eneração
ou per*eição do Jden?"Noção de Virtalidade!
6ensaa-se a humanidade como um +radiente- que iria do mais per*eitomais pr5imodo Jden9 ao menos per*eitomediante a de+eneração9- sem pressupor, num primeiromomento, uma noção =nica de eolução"
partir de meados do sec 232 a hipotese poligenista trans*ormaa-se em umaalternatia plaus4el, em ista da crescente so*isticação das cincias .iol5+icas eso.retudo diante da constatação ao do+ma mono+enista da i+re<a""rença na exist#ncia de $%rios centros de criação!
ersão poli+enista permitiria, por outro lado, o *ortalecimento de uma interpretação .iol5+ica na análise dos comportamentos humanos, que passam a ser crescentementeencarados como resultado imediato de leis .iol5+icas e naturais"
ascimento simultEneo da *renolo+ia e da antropometria"
@ecrudescia, portanto, uma linha de análise que cada e% mais se a*astaa dosmodelos humanistas, esta.elecendo r4+idas correlações entre conhecimento eterior einterior, entre super*4cie do corpo e a pro*unde%a de seu esp4rito"
"""enquanto os estudos antropol5+icos nascem diretamente inculados Cs cincias*4sicas e .iol5+icas, em sua interpretação poli+enista, as análises etnol5+icas mantm-se li+adas a uma orientação humanista e de tradição mono+enista" antropolo+iacomo disciplina se detinha, portanto, nesse momento, na analise .iol5+ica docomportamento humano, enquanto a etnolo+ia se mantinha *iel a uma perspectiamais *ilos5*ica e inculada a tradição humanista de @ousseau" Dntendida como umramo das cincias naturais, a antropolo+ia dedicaa-se so.retudo a mediaçãocraniom/trica, material considerado priile+iado para a analise dos poos e de suacontri.uição" Dssa disputa, denominada por &ol la como K +uerra dos trinta anosentre etnolo+ia e antropolo+ia"
E$olção en&anto paradigma
O darinismo *orneceu uma noa relação com a nature%a e, aplicado a áriasdisciplinas sociais- antropolo+ia, sociolo+ia, hist5ria, teoria pol4tica e economia-*ormou uma +eração social darinista"
o entanto, não são poucas as interpretações de ori+em das esp/cies que desiamdo per*il ori+inalmente es.oçado por cLharles arin, utili%ando as propostas e
conceitos .ásicos da o.ra para a análise do comportamento das sociedades humanas"
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Os mestiços eempli*icaam adi*erença *undamental entre as raças e personi*icaama de+eneração que poderia adir do cru%amento das esp/cies diersas"
6ara os poli+enistas, seleçãoo natural implicaa pensar na de+eneração social, assim
como as leis da nature%a che+aam aos homens de *orma determinista e premonit5ria"
'ntropologia "ltral: a desigaldade explica a (ierar&ia
antropolo+ia cultural ou etnolo+ia social, que se constitui enquanto disciplina nessemomento, tinha como *oco central a questão da cultura, ista, no entanto, so. uma5tica eolucionista" 6ara antrop5lo+os culturais como $or+an, MNlor ou Fra%er- na/poca tam./m intitulados eolucionistas sociais- o +rande interesse concentraa-se nodesenolimento cultural tomado em uma perspectia comparatia")eriam explicar o desenrolar comm da (manidade!
"i$ilização e progresso, termos priile+iados da /poca, eram entendidos nãoenquanto conceitos espec4*icos de uma determinada sociedade, ams como modelosuniersais"Mrataa-se de entender toda e qualquer di*erença como contin+ente, como se ocon<unto da humanidade estiesse su<eito a passar pelos mesmos esta+iosde pro+ressoeolutio" O m/todo comparatio,por outro lado, *uncionaa como principioorientador dos tra.alhos, <á que supunha que cada elemento poderia ser separado deseu conteto ori+inal, e dessa maneira inserido em uma determinada *ase ou esta+ioda humanidade"
6rinc4pio otimista de tal escola, que entendia o pro+resso como o.ri+at5rio e restitu4aa noção de humanidade =nica"
*ar+inismo social: a (manidade cindida!
6aralelamente ao eolucionismo social, duas +randes escolas deterministas tornam-sein*luentes" Dm primeiro lu+ar, a escola determinista +eo+rá*ica, cu<os maioresrepresentantes, rat%el e BucGle ado+am a tese de que o desenolimento cultural deuma nação seria totalmente condicionado pelo meio" Dra su*iciente a analise das
condições *4sicas de cada pa4s"
)m outro tipo de determinismo, um determinismo de cunho racial, toma *orça nesseconteto" enominada darinismo social ou teoria das raças, essa noa perspectiaia de *orma pessimista a misci+enação"
s raças constituiriam *enmenos *inais, resultados imutáeis, sendo todocru%amento, por princ4pio, entendido como erro" s decorrncias l5+icas desse tipoeram duas: enaltecer a eistncia de tipos puros- e portanto não su<eitos a processosde misci+enação- e compreender a mestiça+em como sinnimo de de+eneração não s5
racial como social"
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Dm oposição C noção humanista e Cs conclusões das escolas etnol5+icas, partiam oste5ricos da raça de trs proposições .ásicas, respaldadas nos ensinamentos de umaantropolo+ia do modelo .iol5+ico" primeira tese a*irmaa a realidade das raças,esta.elecendo que eistiria entre as raças humanas a mesma distEncia encontrada
entre o caalo e o asno, o que pressupunha tam./m uma condenação ao cru%amentoracial" se+unda máima institu4a uma continuidade entre caracteres *4sicos e morais,determinando que diisão do mundo entre raças corresponderia a uma diisão entreculturas" )m terceiro aspecto desse pensamento determinista aponta para a
preponderEncia do +rupo >racio cultural? ou /tnico no comportamento do su<eito,con*ormando-se enquanto uma doutrina de psicolo+ia coletia"
Dm 18H era pu.licado AereditarN +enius, at/ ho<e considerado o teto *undador daeu+enia" este liro, Ialton .uscaa proar, a partir de um m/todo estat4stico e+eneal5+ico, que a capacidade humana era *unção da hereditariedade e não da
educação"
eu+enia não apenas representaa a politica social desse modelo determinista, comoreelaa as imcompati.ilidades eistentes entre eolucionismo cultural e darinismosocial"6unha-se por terra a hip5tese eolucionista, que acreditaa que a humanidade estaa*adada C ciili%ação, sendo que o termo de+eneração tomaa aos poucos o lu+ar antesocupado pelo conceito de eolução"
6ara os autores darinistas sociais, o pro+resso estaria restrito Cs sociedades >puras?,lires de um processo de misci+enação, deiando a eolução ser entendida comoo.ri+at5ria"
anti+a noção de per*ecti.ilidade do sec 2333 continua presente no sec i, mas+anha uma acepção diersa" este caso, implica pensar não uma qualidade intr4nsecaao homem, mas em um atri.uto pr5prio das raças ciili%adas que tendem Cciili%ação"
&e+undo os eolucionistas sociais, os homens seriam desi+uais entre si, ou melhor,hierarquicamente desi+uais, em seu desenolimento +lo.al" Pá para os darinistassociais, a humanidade estaria diidida em esp/cies para sempre marcadas peladi*erença, e em racas cu<o potencial seria ontolo+icamente dierso"
e um lado, con+re+ados em torno de sociedades de etnolo+ia, estariam os etn5lo+ossociais tam./m chamados de eolucionistas sociais ou antrop5lo+os culturais9adeptos do mono+eismo e da diisão unitária da humanidade" e outro, *iliados acentros de antropolo+ia, pesquisadores darinistas sociais, *i/is ao modelo poli+enistae C noção de que homens estariam diididos em esp/cies essencialmente diersas"