Fichamento O CULTO DA PERFORMANCE - O Culto Da Performance e o Indivíduo S.a.

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O CULTO DA PERFORMANCE E O INDIVDUO S.A.

Thomaz Wood Jr. e Ana Paula Paes de Paula

Os autores retomam os pontos principais expostos por Ehrenberg como caractersticos do culto da performance em sua anlise do caso francs, quais sejam:1. Os empresrios deixaram de ser smbolo da explorao do homem pelo homem e transformaram-se em smbolos de sucesso

2. O consumo deixou de ser smbolo de alienao e passividade para tornar-se vetor de realizao social

3. Os campees do esporte deixaram de ser smbolos de atraso popular e passaram a ser smbolos de excelnciaCom esta mudana de status, a concorrncia empresarial, o consumo de massa e a competio esporte refletem e viabilizam uma mudana de valores e comportamentos sociais.O Brasil trilhou caminho similar, ainda que com algum atraso (PESQUISA NOS ARQUIVOS DO ISOP). A intercedncia desses novos vetores sociais se daria, aqui, marcadamente a partir dos anos 90. Como manifestaes disso, os autores denotam:

1. A eleio de Collor sob a insgnia de ser um presidente arrojado, caador de marajs, bem-sucedido e empreendedor.2. Surgimento de revistas como Caras, Voc S.A. e HSM-Management3. O crescimento da literatura de autoajuda (ARTES DE GOVERNAR-SE)4. Mais recentemente observa-se a proliferao de seminrios voltados excelncia pessoal que misturam psicologia e esoterismoCulto da Performance e EmpreendedorismoO culto da performance pode ser associado ao empreendedorismo enquanto caracterstica pessoal.O empreendedorismo, como cdigo de valores e condutas, orienta a organizao das atividades de forma a garantir iniciativa, efetividade e controle. Manifestao associada aos sistemas flexveis de produo do capitalismo tardio, que vem migrando do mundo dos negcios para outras esferas da vida social (administrao pblica, nas hostes acadmicas, nas artes e entre organizaes sociais).

Cultura do Management: Conjuno entre o culto da performance e do empreendedorismo. Este sistema de valores e pressupostos expressa-se em artefatos como livros, revistas, seminrios e outros objetos de consumo rpido, produzidos por agentes culturais como gurus, gerentes-heris, jornalistas especializados, consultores e outros portadores de frmulas infalveis.ProblematizaoA cultura do management vem ganhando fora de dogma, quase no tendo sua validade questionada e tendendo-se a acreditar-se em sua universalidade. A colonizao de outras esferas da vida social pelo empreendedorismo opera-se de forma rpida e inexorvel. Parece razovel supor que imprimir maior racionalidade s atividades humanas organizadas contribui para torna-las mais eficientes e eficazes, com evidentes benefcios sociais. Por exemplo: um hospital bem gerenciado capaz de atender mais pacientes, com melhor qualidade e a um menor custo unitrio. Entretanto, fazer com que todas as atividades sejam permeadas pelo empreendedorismo e pela cultura do management pode levar a um esvaziamento de seus valores constitutivos, com consequncias negativas para seu sentido social e desvios em relao sua finalidade. (ISTO , CABE PROBLEMATIZAR ESTE AVANO ESPECIALMENTE EM INSTITUIES COM VALORES ESPECIALMENTE CONFLITANTES COM AS EXIGNCIAS CARACTERSTICAS DA CULTURA DO MANEGEMENT, A UNIVERSIDADE, POR EXEMPLO?? DESVIO DE FINALIDADE, QUAL A FINALIDADE? AGORA, COMO LOCALIZAR A QUESTO QUANDO A PRPRIA INSTITUIO VIDA ALTERADA? TALVEZ UM CAMINHO: O QUE NESTA INSTITUIO, QUAL DIMENSO DELA EST SENDO ALTERADA? TALVEZ A QUESTO DO SI INTERIOR, DO FORO NTIMO, ANTES LUGAR DA AUTENTICIDADE, UMA VERDADE A SER BUSCADA NO CAMINHO DE UMA VIDA BEM SUCEDIDA. ISTO , DISCUTIR O SUCESSO, A INSTITUIO SUCESSO, ESTE PODE SER O FOCO).A EMERGENCIA DO INDIVDUO S.A.INDIVDUO S.A.: Produto e representao da cultura do manegement, cuja voracidade por receitas, guias e frmulas que possam conduzi-lo ao sucesso proporcional sensao de que o mundo est a lhe escapar das mos.Crise como regra. No se busca a administrao de uma crise, mas a administrao atravs da crise contnua:Em um contexto de mudanas e incertezas, a exigncia de competncias e comportamentos, imposta aos profissionais, gera um ambiente de insegurana e ansiedade. Profissionais vidos por referenciais que os tornem mais funcionais e desejveis (administrao da empregabilidade). Sucesso: Vencer a concorrncia

Como?

1) Administrando a prpria carreira como uma empresa e dominando as qualificaes valorizadas pelo mercado de trabalho (MBA, domnio de lnguas, liderana e viso de futuro)

2) Consumo de literatura de pop-manegement: Solues simples para problemas complexos (como fazer amigos, como criar sua marca pessoal, como atingir o sucesso em sete passos)Temor da desatualizao

KARL MANNHEIMSocilogo que na dcada de 1920, ao analisar o perfil do empreendedor, delineou algumas caractersticas que hoje podemos tambm atrivuir ao Indivduo S.A.:

- Virtudes combativas: Ousadia, realismo, capacidade de analisar a concorrncia, antecipao constante das possibilidades futuras, recusa em satisfazer-se com o que quer que seja e esforo perptuo para se ultrapassar.Tais virtudes adviriam do esforo principal do empreendedor que seria investir em uma (agora em SUA) realizao, maximizando recursos e ultrapassando a concorrncia.

HOJE, INDIVIDUO S.A. assume esta postura em suas decises no trabalho e, para alm disso, em relao si mesmo. (A prpria vida passa a ser o maior empreendimento em tempos de generalizao dos modos empresariais. Mas como se d esta passagem do tipo de conduta no trabalho para sua generalizao para as outras esferas da vida. Aqui cabe ressaltar o papel ontolgico ainda desempenhado pelo trabalho, que faz dele a matriz para o restante das condutas)Assim, sua realizao associada sua carreira, seus colegas tornam-se concorrentes e as virtudes combativas so utilizadas como instrumentos para a busca de sucesso.Mannheim argumenta que a valorizao do empreendedorismo consolidaria a viso de que a carreira o caminho para o sucesso. O autor antevia que isso acabaria por desencadear uma acirrada luta competitiva pelas posies disponveis, uma vez que estas passariam a representar a via para se alcanar o prestgio, para dispor sobre as coisas materiais e para exercer influncia nas esferas social e econmica. (Vem c, em 1920 o trabalho j no representava isso tudo no??)Horkheimer: O preo de transportar o empreendedorismo para a vida a criao de uma atitude comercial em relao prpria existncia e uma incessante preocupao com o sucesso.O indivduo que busca o sucesso racionaliza seus mtodos, pois no admite deixar sua sorte ao destino. Na lgica das virtudes combativas: Busca permanente por adaptao e perfeio.O QUE /FAZ O SUCESSO?

Ele cr que o sucesso vai faz-lo seguro de si, livr-lo do sentimento de estar sujeito s ameaas externas, alm de lhe dar a certeza de que a vida se sujeitou ao seu controle.A busca do sucesso um poderoso organizador do comportamento humano, pois redefine o senso de orientao e estabelece referenciais que reconstituem a sensao de segurana e o conforto psicolgico diante de um mundo adverso e fragmentado.

CONSEQNCIAS DA BUSCA PELO SUCESSO:

Mannheim: 1) Desestruturao da personalidade: o indivduo torna-se cada vez mais previsvel, pois ele tende a se adaptar e moldar com facilidade s mudanas ambientais. 2) Relao instrumental com a alteridade, desconsiderando-se enquanto outros eus.Refm de uma teia de juzos de valores, que o inclina para uma atitude planejada e calculada em detrimento de uma vida autntica, o individuo S.A. pode perder contato com a realidade e com os outros (ISTO , ESTE AUTOR SE COLOCA COMO DEFENSOR DA AUTENTICIDADE FRENTE ESTA VIDA FALSA, DE PERSONALIDADE DESESTRUTURADA. CERTAMENTE MINHA POSIO NO AFIM)IDENTIDADE AMEAADANeste tpico, os autores destacam anlises acerca do modo de construo da identidade individual no contexto contemporneo afins aquela do Indivduo S.A.: 1) Homem-camaleo, dotado de identidade mutante, consumidor vido de modas pessoais e gerenciais (Miguel Caldas e Maria Jos Tonelli). 2) Homo reticularis (Gerard Ouimet) - as exigncias das empresas contemporneas levavam os indivduos a desenvolver traos neurticos, tais como uma necessidade extrema de agradar os outros, um sentimento latente de inadequao e alguns sintomas de depresso.Os autores pontuam como problemtico em tais experincias identitrias, o fato de que tais indivduos no constroem os seus prprios recursos para lidar com a realidade, sendo guiados por padres pr-estabelecidos. Suas principais metas no so a expresso autnoma e a emancipao, mas a aquisio e o controle. (ISTO , TEM UMA RELAO DE OBEDINCIA PLENA PARA COM A AUTORIDADE. SER MESMO ESSA A RELAO? COMPARADA COM OUTRAS, COMO SE D ESSA RELAO COM A AUTORIDADE, QUE NO MAIS ESTTICA, MAS MLTIPLA?)

A PREVALNCIA DO EU DESCENTRADO E APOLTICO

O conhecimento que o indivduo S.A. tem de si no costuma derivar de autoanlise, mas do constante monitoramento do impacto que ele causa nos outros e dos efeitos que consegue obter por meio do gerenciamento da impresso. Seu objetivo no estar dentro de si, mas conseguir o melhor de si.QUANTO AO SUJEITO: Acorrentado luta pela sobrevivncia e aos padres de sucesso, o indivduo S.A. est impossibilitado de individuar-se e de construir-se como sujeito (???) atuante na sociedade em que vive. Assim, estabelecem-se e disseminam-se personalidades descentradas e apolticas.Impossibilitado de construir uma identidade, de se expressar e de sentir. Prisioneiro de referenciais imediatos e fragmentados do sucesso, o indivduo S.A. perde sua capacidade de individuao, de perceber os outros e aceita-los como eus independentes. Sua vida se torna um contnuo rito de inicializao. Quando o indivduo se reduz a uma mera encruzilhada de tendncias gerais e vive sombra da necessidade de sobreviver, ele est condenado pseudoindividualidade, pois todo o seu esforo de individuao substitudo pelo esforo de imitao. Assim, a espontaneidade d lugar representao e o indivduo tomado por impulsos mimticos, fazendo de si mesmo um aparelho eficiente. (POR QUE TANTA APOLOGIA INDIVIDUALIZAO? QUE INDIVIDUALIZAO PERDIDA SE EST SE REFERINDO? OS AUTORES ESTO FAZENDO UMA COLETNEA DE PERDAS, CABE REALCE S POSITIVIDADES ENVOLVIDAS)oH