Fichamento Livro a Verdade de Cada Um de Amir Labaki

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Resumo do livro de Amir Labaki em formato de fichamento.

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Fichamento comentrios livro A verdade de cada um de Amir LabakiGrierson, John. Primeiros princpios do documentrio, 1932.Documentrio tudo aquilo que filmado a partir de material natural, in loco. O fato de buscarem documentar algo os leva a um deslocamento do gosto do pblico que pode fazer com que o produto se torne entediante. Agora, estes filmes em geral no passam de filmes educativos e por mais que se queiram mais que isso, dificilmente desvelam algo. O que em geral acontece serem uma pea educativa ou de propaganda.Ao optar pela linguagem do documentrio, o realizador e entende que na cena viva e na histria viva, no ator original (ou nativo) e na cena original h os melhores guias para uma interpretao do mundo moderno na tela. O cinema tem uma capacidade sensacional de salientar o movimento que a tradio ou o tempo tornou ameno. Acrescenta-se a isso que o documentrio pode alcanar uma intimidade de conhecimento e resultado impossveis coreografada mecnica do estdio...O drama, contando a histria de heris que vencem, no mais convence de sua verossimilhana com uma sociedade na qual o individualismo no triunfa mais frente aos desafios contemporneos. Portanto, uma tendncia moderna buscar novas maneiras de se contar histrias... partindo de imagens e movimentos, falas do cotidiano, naturais, despretensiosas, obrigao do cineasta mostrar nisso um fim, potico ou proftico. De um relance, de um desvelar, de uma centelha de luz, dali nascer um algo, uma fala, uma ao que tenha um sentido e um fim para a cidadania, por exemplo. E nisso ento haver arte, na concretizao do trabalho bem feito e nunca na busca pela beleza apriorstica.A distino reside entre (a) um mtodo musical ou no literrio; (b) um mtodo dramtico com foras conflitantes; (c) um mtodo potico, contemplativo e completamente literrio. Esses trs mtodos podem todos aparecer num nico filme, no obstante suas propores dependam naturalmente da personalidade do diretor e de suas esperanas particulares de redeno.A dialtica na utilizao dessas formas que poder revelar com mais clareza uma apreciao civilizada do tema.

Joris Ivens, 1939De um lado, tem-se a fico ou filme encenado, e de outro, o cinejornal; enrte ambos est o campo coberto pelo documentrio.O documentrio deveria ser considerado uma representao de um fato; mas, se insistem que se trata de uma forma de arte, at mesmo de uma boa forma educacional, temos o direito de ser subjetivos sobre os temas abordados. Na verdade, vocs iro ver que estamos mudando nosso estilo. A tendncia no momento fazer filmes documentrios de modo a aproxim-los das pessoas. Os filmes devem ter elementos de poder de convencimento. O fato de serem feitos em campo, com as prprias pessoas que passaram por determinada situao, formidvel. Fornece um toque convincente que o filme de fico no possui.Em msica, preciso saber o significado da harmonia entre as notas. Em cinema, temos que saber sobre a harmonia entre os movimentos. (e mudanas de planos, cortes, continuidades de cena...) Como um montador experiente, preciso detectar por quanto tempo uma audincia consegue permanecer sentada sem se entediar. O tempo crtico muito importante, ele quem dita o ritmo do filme.

Esfir Chub, 1959No cinema, o principal a habilidade de criar imagens de pessoas concisamente. O artista que possui essa habilidade sem dvida talentoso. Ela caracteriza o diretor e o fotgrafo no somente do cinema atuado, como tambm do documentrio.Sobre o fotgrafo Mikhail Kaufman (aluno de Vertov): E sua fora estava na filmagem de pessoas, na habilidade de transmitir suas caractersticas memorveis. Ele filmava pessoas de diferentes idades, de diferentes condies sociais. Tudo o que faziam em quadro os adultos, os velhos e as crianas, a expresso de seus olhos, o movimento das mos, sorrisos, lgrimas, a maneira de trabalhar tudo isso ajudava a compreend-los, a guarda-los na memria. Seus planos mdios e prximos eram maravilhosos. Pessoas filmadas com vivacidade. indispensvel que saibamos de tudo, porque a fora da documentao no est somente na filmagem de fatos da vida: ela est presente na escolha dos acontecimentos, na habilidade de selecionar aquilo particularmente capaz de cativar e emocionar o espectador, e tambm na relao com o que foi filmado, na sua compreenso. (...)O documentrio deve ser uma obra completa e acabada. O material filmado deve dar ao diretor a possibilidade de escolher justamente aqueles planos que na montagem podem se elevar at uma generalizao do fato fixado por eles. Transmitir no apenas os acontecimentos dos nossos dias, mas tambm imagens vivas de pessoas.Os documentrios devem ser montados de forma simples e conceitualmente clara. O espectador deve conseguir ver bem as pessoas e os acontecimentos e tambm memoriza-los. Deixem-me apenas relembrar aos amantes dos efeitos baratos de montagem que montar de forma simples e conceitualmente clara no fcil na verdade muito difcil. Tudo deve ser feito com uma capacidade artstica de persuaso. (...) necessrio saber renunciar a tudo o que for suprfluo, e a experincia da montagem ensina a fazer uma seleo rigorosa, ensina a filtrar muitas vezes o que foi selecionado.

Alberto Cavalcanti, Notas aos jovens documentaristas, 1948.No tratem de temas gerais; vocs podem escrever um artigo sobre a organizao dos correios, mas, se fazem um filme, devero pegar apenas uma carta como assunto.No esqueam que o valor de um filme repousa sobre trs aspectos: social, potico e tcnico.No negligenciem seus roteiros e no contem com a sorte durante a filmagem. Filmem uma vez terminado o roteiro, seno devero retomar do zero quando comearem a filmar.A descrio da ao no deve repousar sobre os interttulos. Suas imagens e o acompanhamento sonoro delas sero suficientes. Os interttulos so entediantes, e os interttulos espirituais amis ainda.No esqueam, durante a filmagem, que cada tomada pertence a uma cena e que cada cena faz parte de um todo: um belo plano isolado do conjunto pior do que a mais maante das imagens.No inventem truques de cmera se no tm razo de ser. ngulos apoiados podem irritar e comprometer um tom. De jeito algum a montagem curta, um ritmo vivo pode tornar-se to montono quanto o mais pomposo dos largo.Meam a interveno da msica. Se a inserem demais, ela no ter mais efeito sobre o espectador, que no prestar mais ateno nela. No exagerem nos efeitos de sincronizao sonora. O som jamais melhor que quando alusivo. Um som utilizado de maneira complementar produz a melhor pista sonora.No alinhem muitos efeitos ticos complicados. Fuso, abrir e fechar no preto pertencem aos meios de pontuao de seu filme. So seus pontos e pontos e vrgulas. No faam grandes planos em demasia: reservem-nos para o momento forte do filme. Eles se inseriro de maneira natural num conjunto bem equilibrado. Se numerosos, ficam pesados e perdem toda fora de expresso. No tenham medo de abordar o homem. Sua existncia, suas caractersticas, suas relaes so to belas quanto as manifestaes das outras espcies, ou as mquinas e paisagens.No percam o fio da argumentao: um assunto concreto deve ser tratado claramente e com simplicidade. Mas a clareza e a simplicidade no excluem forosamente um tratamento dramtico.No percam a chance de fazer experincias. Foi graas experimentao que o cinema documentrio ficou reconhecido. Sem experimentao, o cinema documentrio no teria sentido. Sem experimentao, no haveria mais o cinema documentrio.

Jean Rouch, O filme etnogrfico, 1968.Produzir filmes que produzam filmes...Que a produo de filme etnogrfico torne-se uma disciplina, no sentido acadmico do termo.

Robert Drew, Um independente nas emissoras, 2015Basicamente, sua mensagem a de que os documentrios so, em geral, palestras, que podem ser assistidas independentemente das imagens e que, inclusive, se forem impressos, podero ser lidos sem dificuldade. Isso torna-os algo maante, sem apelo ao grande pblico, o que diminui sua entrada nas camadas da populao e, consequentemente, diminui seu poder em fazer um nmero cada vez maior de pessoas tomarem contato e discutirem as ideias que ele pretende veicular. Por isso, a teoria da narrativa moderna a grande resposta a esta questo. Em resumo, s possvel filmar um documentrio que parta de uma histria real em andamento. Um episdio real filmado, s assim ser possvel unir o suspense e o drama da narrativa que mantem a ateno do pblico ao objetivo principal do documentrio que levar questes reais de interesse emergencial ao debate, reflexo e possveis resolues coletivas. Como exemplo podemos citar o filme Primarias que filmou uma eleio para presidente dos estados unidos desde suas prvias at seu desfecho e tornou-se uma referncia na produo de documentrios (uma histria real que teria comeo, meio e fim, suspense, drama, narrativa, enfim, com relevncia pblica e social).

Albert Maysles, Manifesto do Documentrio, Filme eventos, cenas, sequncias; evite entrevistas, narraes, um apresentador.Faa-o empiricamente, filme a experincia diretamente, sem encenar, sem controlar. H uma conexo entre realidade e verdade. Permanea fiel a ambas.Segure firme. Use o zoom manual, no o eletrnico. Leia um livro ou o captulo de um livro de fotografia sobre enquadramento. Use o suporte para estabilidade da cmera. Nunca use um trip (exceo: na filmagem de fotografias, por exemplo). A imagem ser mais firme quanto mais aberto for o ngulo da tomada. Numa tomada em movimento, use o ngulo mais aberto. Prolongue o comeo e o fim de cada tomada. O editor precisar disso.No use luzes. A luz disponvel a mais autntica. (...)Lembre-se: como documentarista, voc um observador, um autor, mas no um diretor; um descobridor, no um controlador. (...)Voc precisa travar um relacionamento ainda que no seja por palavras, e sim por meio de contato visual e de empatia.

Santiago lvarez, O jornalismo cinematogrfico, 1983.O autor expe a importncia do documentrio beber na fonte do jornalismo, de ter um aspecto informativo e calcado nos acontecimentos tal qual um vdeo jornalstico.

Johan Van Der Keuken, A violncia do Olhar, 1974.Etapas para se fazer um filme:A primeira uma espcie de pressentimento, a ideia que me ocorre (...) a razo pela qual eu quero fazer o filme. A necessidade...A segunda etapa consiste em tentar formular essa ideia em termos comunicveis (...) s pessoas de quem esperamos obter o dinheiro para fazer o filme! E definir elementos gerais, bastante rudimentares, exteriores (e anteriores) ao projeto concreto.A terceira etapa o trabalho de documentao: saber o que se pretende investigar e onde investigar.A quarta etapa a filmagem. Nesse momento, eu diria que a imagem, a ideia inicial de que falei, foi um tanto relegada ao esquecimento... preciso, sobretudo, estar disponvel na prpria situao. ...o trabalho de filmagem consiste justamente em ser o mais aberto possvel, em ter a capacidade de reagir de modo especfico, conforme a circunstncia. (...) a imagem que passa mais ou menos conquistada pelas circunstncias, tanto exteriores como fsicas. O momento da filmagem, portanto, difere inteiramente daquilo que se poderia chamar de a imagem interior do incio, bem como das informaes objetivas que logramos reunir. Trata-se, agora, de reconhecer o valor especfico de cada coisa que se passa e decidir imediatamente se preciso ou no film-la, de que modo, durante quanto tempo, de qual ngulo e em qual estilo. Aqui, a intuio tem papel preponderante.A quinta etapa evidentemente a montagem. Trata-se de redefinir o filme, no no nvel do que se pretendeu fazer, e sim do que se tem concretamente nas mos, da matria filmada. Agora, preciso estudar a imagem e tentar descobrir seu funcionamento autnomo.Na montagem, portanto, recomeamos do zero.Eis, portanto, que chegamos sexta etapa: o filme concludo. Uma vez percorrido todo esse caminho, se eu reler o texto original, se verificar a ideia inicial, na maioria das vezes darei conta de que o filme, embora tenha se tornado algo inteiramente autnomo e totalmente diverso da ideia inicial, corresponde a todos os dados pressupostos de sada!

Marcel Ophuls, Carta aos espectadores brasileiros, 1997.Como qualquer profissional do espetculo, tento sobretudo seduzir, agradar, distrair. Meus filmes, compostos quase que exclusivamente de entrevistas filmadas e de documentos de arquivo, so bastante longos, complexos e inteiramente estruturados sobre as falas das inmeras testemunhas. Creio que poderamos cham-los de testemunhos mltiplos.

Krzysztof Kieslowski, Sobre o filme documentrio, 1991.O filme documentrio naufragou. Desapareceu acompanhado da generalizada falta de interesse e hoje noto com admirao pessoas que dizem que ele existe e que tentam provar isso simplesmente fazendo filmes.A realidade o assunto do filme documentrio, e algo que existe de fato; gente de verdade, eventos de verdade, sentimentos de verdade, estados de esprito, rostos, pensamentos e lgrimas verdadeiros.A essncia desse gnero a relao pessoal e subjetiva do autor diante de tudo isso, em geral manifestada por meio da construo do filme (dramaturgia, se quiserem) e obtida com o laborioso e fantasticamente interessante trabalho na sala de montagem. O filme documentrio no conta nada sobre seu autor; conta sobre o mundo e as pessoas a partir do ponto de vista do autor. A argcia, a expressividade e a flagrncia desse olhar do autor conferem importncia ao filme.

Patrcio Guzmn, A importncia do documentrio, 2001.Um pas que carece de documentos como uma famlia que carece de lbum de fotografias

Eduardo Coutinho, O olhar no documentrio, 1992.O silencio proibido na televiso brasileira porque um tempo morto, inuz o publico a acreditar num defeito tcnico e leva o espectador a mudar de canal. Mais grave que romper esse tabu a revelao de que um filme um filme, no a realidade. Em seu naturalismo virulento (...) nossa televiso abomina mais que tudo mostrar as negociaes que presidem a uma filmagem, as relaes de confronto entre as duas instncias instaladas nos lados opostos da cmera. Enfim, como dizem os eruditos, desvelar o trabalho da enunciao crime de lesa-credibilidade.Muitos dos documentaristas (...) costumam filmar aqueles acontecimentos ou ouvir aqueles personagens que confirmem suas prprias ideias apriorsticas sobre o tema tratado. Da se segue um filme que apenas acumula dados e informaes, sem produzir surpresas, novas qualidades no previstas. O acaso, flor da realidade, fica excludo. Creio que a principal virtude de um documentarista a de estar aberto ao outro, a ponto de passar a impresso, alis verdadeira, de que o interlocutor, em ltima anlise, sempre tem razo. Ou razoes. Essa uma regra de suprema humildade, que deve ser exercida com muito rigor e da qual se pode tirar um imenso orgulho.

Peter Wintonick, Documentar o mundo, 2007.1. Honre o que originalmente o inspirou.2. Estude a histria do cinema e adote mentores cinematogrficos. O mundo no foi feito para se fazerem filmes. Toda vez que voc fizer um filme ter que se preparar para protege-lo do Diabo em pessoa. Mas v em frente, droga! Acenda o fogo.3. Um documentrio um empreendimento tico. A obra de Aristteles sobre tica bastante til para documentaristas. Ele escreveu: "Ns no estudamos tica para saber quo bons so os homens, e sim para agir tal como os bons homens agem." Fiquei maravilhado ao descobrir que, em grego, as palavras para tica, carter e hbito vm todas da mesma raiz.4. Um documentrio significa instruo miditica.5. Vida poltica. Mentir a palavra de ordem desta era. Estamos, sempre estivemos e sempre estaremos, em guerra. uma guerra pelas mentes humanas e sua vontade ativa. Pensadores independentes, realizadores de documentrios e artistas de mdia digital so os soldados de infantaria dessa guerra miditica.6. Documentrios podem mudar o mundo.7. Criar o futuro. Para a gerao D (de digital), vivendo na Era Digital, o documentrio est se reencarnando como documento digital. Um documento que pode incorporar elementos de fico, realidade, animao, artes grficas, linguagens cibertextuais, udio, TV e design de games. (...) Trata-se de combinaes, misturas, transfronteiras, transgresses e transgneros.

Joo Moreira Salles, A dificuldade do Documentrio, 2005.O documentrio no uma consequncia do tema, mas uma forma de se relacionar com o tema.O filme uma reduo da complexidade, uma diminuio da experincia, (...) , no mnimo, a construo de uma outra experincia. Nela, a pessoa, cada vez mais distante, cede lugar a algo prximo, o personagem. (...) O drama que s ns conhecemos que a pessoa filmada s ter os poucos momentos em que a cmera estiver ligada para dizer quem . Ela no sabe disso. (...) O paradoxo este: potencialmente, os personagens so muitos, mas a pessoa filmada uma s. Aqui precisamente aqui reside para mim a verdadeira questo do documentrio. Sua natureza no esttica, nem epistemolgica. tica.