Fichamento Bachelard: A formação do espírito científico

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A formação do espírito Científico. Discurso Preliminar Tarefa primordial do espírito científico: tornar geométrica a representação, ou seja, delinear os fenômenos e ordenar em série os acontecimentos decisivos de uma experiência. Muitas vezes se acreditou ter se chegado a uma geometrização, no entanto, não passou de uma primeira representação geométrica fundada em um realismo ingênuo das propriedades espaciais. Essa é uma geometrização que é mais estágio intermediário = meio caminho entre concreto e abstrato. Geometrização: implica leis topológicas (estudo das formas) e relações que pressupõem vínculos essenciais mais profundos do que as relações métricas imediatamente aparentes. Defende a abstração matemática que não atua como descritor, mas como formador. A abstração sugere a Bachelard que a ordem não poderá mais ser relacionada com a concordância entre nossos esquemas e objetos, nem a desordem como a ordem desconhecida (a natureza tem as suas próprias leis que desconhecemos) ² parece com o pragmatismo. Proposta do livro: mostrar o destino do pensamento científico abstrato. De modo grosseiro as 3 etapas históricas do pensamento científico: 1. Estado pré-científico: Antiguidade Clássica (VIII A.C.), Renascimento (XIII a XVII) e século XVIII. 2. Estado científico: fim do século XVIII, XIX e início do XX. 3. Novo espírito científico: A partir de 1905 ² Relativida de de Einsten . Qualquer questão, qualquer fenômeno: imagem forma geométrica forma abstrata (via psicológica normal do pensamento científico) Três estados do espírito científico (em que o espírito necessariamen te passaria): 1. Concreto: o espírito se entretém com as primeiras imagens do fenômeno (contempla e louva a unidade e a diversidade do mundo) 2. Concreto-Abstrato: acrescenta esquemas geométricos à experiência física (representação segura é aquela em que há correspondência no mundo sensível ) 3. Abstrato: informações desligadas da experiência imediata e até em polêmica com esta. O autor entrevê na cultura intelectual um elemento de confiança, o interesse pela pesquisa desinteressada. Três estados de alma caracterizada por interesses:

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A formação do espírito Científico.

Discurso Preliminar

Tarefa primordial do espírito científico: tornar geométrica a representação, ou seja, delinear osfenômenos e ordenar em série os acontecimentos decisivos de uma experiência.

Muitas vezes se acreditou ter se chegado a uma geometrização, no entanto, não passou de umaprimeira representação geométrica fundada em um realismo ingênuo das propriedadesespaciais. Essa é uma geometrização que é mais estágio intermediário = meio caminho entreconcreto e abstrato.

Geometrização: implica leis topológicas (estudo das formas) e relações que pressupõemvínculos essenciais mais profundos do que as relações métricas imediatamente aparentes.

Defende a abstração matemática que não atua como descritor, mas como formador. A abstração

sugere a Bachelard que a ordem não poderá mais ser relacionada com a concordância entrenossos esquemas e objetos, nem a desordem como a ordem desconhecida (a natureza tem assuas próprias leis que desconhecemos) ² parece com o pragmatismo.

Proposta do livro: mostrar o destino do pensamento científico abstrato.

De modo grosseiro as 3 etapas históricas do pensamento científico:

1.  Estado pré-científico: Antiguidade Clássica (VIII A.C.), Renascimento (XIII a XVII) eséculo XVIII.

2.  Estado científico: fim do século XVIII, XIX e início do XX.

3.  Novo espírito científico: A partir de 1905 ² Relatividade de Einsten.

Qualquer questão, qualquer fenômeno: imagem forma geométrica formaabstrata (via psicológica normal do pensamento científico)

Três estados do espírito científico (em que o espírito necessariamente passaria):

1.  Concreto: o espírito se entretém com as primeiras imagens do fenômeno (contempla elouva a unidade e a diversidade do mundo)

2.  Concreto-Abstrato: acrescenta esquemas geométricos à experiência física (representação

segura é aquela em que há correspondência no mundo sensível)3.  Abstrato: informações desligadas da experiência imediata e até em polêmica com esta.

O autor entrevê na cultura intelectual um elemento de confiança, o interesse pela pesquisadesinteressada.

Três estados de alma caracterizada por interesses:

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1.  Alma pueril: animada pela curiosidade ingênua, assombros, presa aos fenômenosfísicos, brincando com a fisica. (bicha louca)

2.  Alma professoral: repetidora de seu saber dogmático, imóvel na sua primeira abstração,divulgadora das suas demonstrações. Ensinando como ensinou Descartes faz o que ele ao

ensinar não fez: ´o meu intento não é ensinar aqui o método que cada qual deve seguir para bem

conduzir a sua razão, mas somente mostrar de que maneira procurei conduzir a minhaµ

(Boaventura. Introdução a uma ciência pós moderna)

3.  Alma com dificuldade de abstrair: segura de que a abstração é um dever cientificomesmo que perturbada pelas objeções da razão.

Enfim, Bachelard considera erro: toda experiência cuja afirmação não esteja ligada a um métodode experimentação geral, verdade que não faça parte de um sistema geral. Assim não éconstruído, se não é construído, não pode ser verificado, permanece fato.

Capítulo Primeiro

A noção de obstáculo epistemológico: plano de Obra

I

Bachelard chama de obstáculos epistemológicos as causas de estagnação e lentidão queemergem do próprio ato de conhecer. (nem no objeto, nem no sujeito)

O ato de conhecer para o autor dá-se tanto contra o real (o que parece dado), quanto contra umconhecimento estabelecido anteriormente e não mais questionado.

A opinião para o autor é o primeiro obstáculo a ser superado. A opinião se contenta na

utilidade do objeto, e a utilidade impede de o conhecê-lo.

Caracterização do espírito científico: sentido de problema. Ou seja, o conhecimento é resposta auma pergunta, se forma com a formulação de problemas. ´

´Nada é gratuito. Tudo é construído.µ  M undo vasto mundo. (Nora) fala sobre Bachelard serconstrutivista e estar sendo utilizado na educação (Elyana)

Conhecimento adquirido declina quando a pergunta se desgasta e a resposta fica. (atividadeespiritual invertida) ² obstáculo epistemológico encrustado. (carrapato)

Com o uso, as idéias se legitimam, uma mentira se torna uma verdade = inércia do espírito,cessa o crescimento espiritual. (Espírito formativo cedendo ao espírito conservativo)

É no abandono da unificação fácil dos fenômenos que a ciência efetua suas etapas maismarcantes do progresso científico. (unidade da natureza? Do criador?) O pensamento inquietorejeita as identidades aparentes, buscando ocasiões de distinguir.  M undo, vasto mundo. Denise:

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falando sobre a palavra retificar pra Bachelard como algo que desenvolve o conhecimento, peloerro, e não pela verdade é que o surgimento se dá.

II

´Só com as luzes atuais que podemos julgar com plenitude os erros do passado espiritual.µ ² Danecessidade de ver a história do ponto de vista normativo, na medida em que nem tudo queocorreu na história do pensamento científico serviu à evolução do mesmo. Então, pensamentoscatalogados na ciência, muitas vezes, em nada serviu para fazer aquele pensamento evoluir.Somente existiu.

O que deve reter o epistemólogo: o esforço de racionalidade e de construção. Só a razãoultrapassa a experiência comum e alcança a experiência científica. A interpretação racionalcoloca em ordem os dados empíricos.

Historiador X Epistemólogo: Fatos X Idéias (inseridas em um sistema de pensamento)

Para o epistemólogo: um fato pode ser obstáculo (se mal interpretado) ou um avanço científico.

Se pensarmos em uma palavra: energia. Esta serviu e serve para designar e explicar algo, noentanto, sugere vários conceitos diferentes para o técnico, engenheiro, matemático, civil, pessoaque acredita em sistemas holísticos... O historiador considera todas essas noções iguais, pois nãotenta explicar os diversos aparecimentos da palavra energia na história. O epistemólogo, decada noção estabelece uma escala de conceitos procurando ver como um conceito deu origem aoutro: avaliação da eficácia epistemológica.

A priori já existe um conhecimento constituído em cada um, portanto, não se trata de adquirir

uma cultura experimental, mas de mudar a cultura experimental já constituída sobre pilares deobstáculos cotidianos.

O autor faz uma crítica à educação nos moldes que se dá. Enfatizo a parte em que tambémconcordo: da necessidade de substituir um saber fechado por um saber aberto e dinâmico. (acultura cientifica se iniciaria com uma catarse intelectual)

O que que ele quer dizer com psicanálise? Ai deus.

III

OBSTÁCULO INICIAL PARA A CULTURA CIENTÍFICA: A PRIMEIRA EXPERIÊNCIA OU OBSERVAÇÃO PRIMEIRA. (CAP. 2)

O segundo obstáculo seria a generalização da observação primeira (Cap. 3)

Ressalva: a desarticulação provocada por esses dois obstáculos que entravam o espíritocientífico torna possível a insurgência de movimentos úteis. Porque, quer queira quer não, o

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Um determinado autor do século XVII e XVIII citava com mais freqüência um coetâneo seu, doque todos os cientistas atuais citam os autores desses séculos. Por isso a máxima: ´o espíritocientífico avança em progressão geométrica e não em progressão aritmética.µ

´O pensamento pré-científico ¶faz parte do século·µ

II

O fato de substituir o conhecimento pela curiosidade e admiração é um obstáculo para a culturacientífica.

A primeira visão empírica não oferece nem o desenho exato dos fenômenos, nem ao menos adescrição bem ordenada e hierarquizada dos fenômenos.

O pensamento pré-científico não procura a variação, mas sim a variedade. A variedade é as idase vindas de um objeto para o outro sem método. (A eletricidade está nas pedras, enxofre,

fumaça, chama ² dá atenção ao que é natural, não era vista como uma propriedade geral) Avariação está ligada a um fenômeno particular, que testa e objetiva as variáveis.

Nas ciências físicas: abismo entre charlatão e especialista. (não vem com essa)

A ciência do século XVIII não era uma vida nem um ofício como a dos jurisconsultos e dosmatemáticos.

III

O século XVIII então é permeado pelo desejo de impressionar a razão diante do mistério do quese desconhece, de aproveitar o desconhecido como atrativo.

Neste período: inércia da intuição substancialista (assombro encontrar faísca de fogo em gelo ²que não contém fogo)

Por meio de imagens simplistas chega-se a estranhas sínteses.

Afirmações que não procuram cercar-se de provas suficientes.

´Uma ciência que aceita as imagens é vítima de metáforas.µ

´A ciência deve lutar contra as imagens, analogias e metáforasµ

IV

Compara esse entusiasmo com as experiências feitas nas classes do curso elementar, em que sehouver algum incidente o interesse chega a auge e se esquece das causas objetivas (fórmula eteoria)

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Quando o ensino se aparta da formulação de problemas, feito somente de perguntas orais:´mais vale a ignorância total do que um conhecimento esvaziado de seu princípiofundamentalµ

V

Essa relação entre o conhecimento e as condições que lhe deram origem é o voltar ao ´estadonascenteµ necessário = momento em que a resposta saiu do problema, faz com que não gere uminconsciente do espírito científico. ´O conhecimento comum é a inconsciência de si.µ