Fichamento analítico do livro cultura e democrácia de Marilena Chauí

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FACULDADE DE CIÊNCIAS EDUCACIONAIS CAPIM GROSSO MARCUS VINICIUS NOVAIS LEAL CULTURA E DEMOCRACIA DE MARILENA CHAUÍ

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Um fichamento para disciplina de antropologia.

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FACULDADE DE CIÊNCIAS EDUCACIONAIS CAPIM GROSSO

MARCUS VINICIUS NOVAIS LEAL

CULTURA E DEMOCRACIA DE MARILENA CHAUÍ

MARCUS VINICIUS NOVAIS LEAL

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CULTURA E DEMOCRACIA DE MARILENA CHAUÍ

Trabalho apresentado ao Curso de Administração, da Faculdade de Ciências Educacionais Capim Grosso, como avaliação da disciplina ANTROPOLOGIA, sob a orientação da Prof.ª PAULA ODILON..

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Cultura e Democracia

CHAUÍ, Marilena. Cultura e Democracia. 2 ed. Salvador: Secretaria de Cultura, Fundação Pedro Calmon, 2009.

Em suas primeiras palavras, Marilena trata de buscar a origem, cuidadosamente

demonstrando o surgimento do termo cultura. “Como cultivo, a cultura era concebida

como uma ação que conduz à plena realização das potencialidades de alguma coisa

ou de alguém [...]” (CHAUÍ, 2009. P.24). Caminha ao longo da história retratando os

estágios, os conceitos e os valores atribuídos ao termo. Segundo Chauí, cultura se

torna, ao longo do tempo, critério de avaliação de grau de civilização dentro do

contexto social. É através deste conceito que se hierarquiza o valor de regimes

políticos, no âmbito evolutivo.

CHAUÍ destaca a concepção da Antropologia constituída a partir do XIX, onde os

antropólogos tomam como base inicial o conceito de progresso ou evolução

estabelecendo um padrão para medir a evolução ou progresso de uma cultura,

tomando como base a cultura Europeia capitalista. A presença ou ausência era a

forma de avaliar a falta de cultura ou a evolução da mesma.

A autora destaca que a partir da segunda metade do século XX,

[...] o termo cultura passa a ter uma abrangência que não

possuía antes, sendo agora entendido como produção e

criação da linguagem, da religião, da sexualidade, dos

instrumentos e das formas do trabalho, dos modos de

habitação, do vestuário e da culinária, das expressões de lazer,

da música, da dança, dos sistemas de relações sociais –

particularmente os sistemas de parentesco o a estrutura da

família – das relações de poder, da guerra e da paz, da noção

de vida e morte. (CHAUÍ, 2009. P.28).

Surge dai em diante a compreensão da cultura pelo homem e passa a ser objeto da

criação de regras, práticas, costumes, definições, ética, sendo todos pertinentes ao

sentido da vida até a morte.

Marilena aborda com clareza a diferença entre sociedade e comunidade, onde um

tem características individualistas, capitalistas, cujos interesses estão separados a

cada indivíduo. E o outro estabelece uma unidade, destino comum, é percebido de

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forma natural por seus membros. “O fato de haver divisão de classe institui a divisão

cultural”. (CHAUÍ, 2009. P. 31). Tendo como base as críticas da ideologia e os

estudos, Chauí defende a criação da cultura popular pela classe trabalhadora, pelo

povo humilde.

A autora faz uma reflexão pondo em vista a cultura como não sendo entretenimento.

Esse é um trabalho de experimentação do novo para criação do sentido onde

captura a experiência do mundo interpretando e criticando. É a ação de pensar, ver

e imaginar situações vividas que se transformam em obras que se tornam

conhecidas, profundas e densas, tudo dentro de um contexto social onde a cultura é

um direito do cidadão, que deve ter acesso e fazer as obras culturais.

Seguindo adiante, Marilena Chauí insere uma problemática a cerca da cultura do

ponto de vista da democracia. Este problema é construído em cima de três duplas

inquietações, sendo elas, cultura e estado; cultura e mercado; cultura e criadores.

Chauí associa o fato da cultura, no Brasil, ser antidemocrática por responsabilidade

do Estado. “[...] tradicionalmente, sempre procurou capturar toda a criação social da

cultura sob o pretexto de ampliar o campo cultural público, transformando a criação

social em cultura oficial [...]” (CHAUÍ, 2009. P. 43). Assim o Estado se apresenta

como produtor cultural, e retira das classes sociais o lugar onde a cultura, de fato, é

realizada.

É possível observar a forma que o mercado trata a cultura, como objeto de

consumo, entretenimento e passatempo, levando ao lado oposto do significado

criador e crítico das obras culturais. Neste contexto, o extremismo não pode ser

adotado com rigor, pois existe sim o lado lúdico, o lazer extraído da cultura. O que

deve ser observado é a forma com que direcionam e reduzem a cultura a tais

finalidades. A cultura não pode ser tratada como um direito, desta forma, se

transforma em objeto de venda e serviços para o mercado, privilegiando e

fragmentando em classes.

Do ponto de vista da autora, a democracia se caracteriza como ideal indentitário de

um regime político. Isso envolve questões sociopolíticas, como a igualdade de todos

determinado por lei; depende da forma política, onde o trabalho é feito em cima de

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conflitos considerados necessários; criação dos direitos, onde o novo faz constituir o

seu modo de ser. Desta forma, Chauí completa,

Dizemos, então que uma sociedade - e não um simples regime

de governo – é democrática quando, além de eleições, partidos

políticos, divisão dos três poderes da República, respeito à

vontade da maioria e das minorias, institui algo mais profundo

que é condição do próprio regime político, ou seja quando

institui direito e essa instituição é uma criação social , de tal

maneira que a atividade democrática social se realiza como um

contra poder social que determina, dirige, controla e modifica a

ação material e o poder dos governantes. (CHAUÍ, 2009. P.56)

A respeito da sociedade brasileira, Marilena faz uma análise quanto ao poder

autoritário. Em suma, a autora evidencia diversos pontos relacionados à hierarquia e

também as desigualdades. Ela enfatiza a sociedade que utiliza das leis como armas

para preservar privilégios como instrumento para a repressão e a opressão e jamais

definindo direitos e deveres concretos e compreensíveis para todos (CHAUÍ, 2009.

P. 60). Em outras palavras, quer dizer que as leis estão, para as classes situadas no

pico da pirâmide hierárquica, como privilégio, enquanto para a sociedade, uma

forma de opressão, menosprezo.

Contudo, ao final é possível perceber a clareza e transparência que, tanto a cultura

quanto a democracia, desviam, no Brasil, do contexto natural de seu surgimento

e/ou nascimento, tornando-se ferramentas de utilização do poder publico para

criação de um falso contexto social e democrático em meio a conflitos e privilégios

causando desequilíbrio e divisão de classes sociais.

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