FICHA TÉCNICA - Presenca.pt · que abro o meu coração. Em algumas situações delicadas...

FICHA TÉCNICA

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© 2019Direitos reservados para Letras & Diálogos,

uma empresa Editorial PresençaEstrada das Palmeiras, 59

Queluz de Baixo2730-132 Barcarena

Título original: Fátima — O Meu Caminho. A Minha FéAutora: Fátima Lopes

Copyright © Fátima Lopes, 2019Copyright © Letras & Diálogos, 2019Revisão: Carlos Jesus/Editorial Presença

Capa: Catarina Sequeira Gaeiras/Editorial PresençaComposição, impressão e acabamento: Multitipo — Artes Gráficas, Lda.

ISBN: 978-989-8975-02-7Depósito legal n.o 454 584/19

1.a edição, Lisboa, maio, 2019

Fatima-Imac3-6as PDF.indd 6 4/23/19 2:03 PM

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ÍNDICE

Introdução

Os oito minutos que mudaram a minha vida ............ 13

1. Oquesignificaparamimperegrinar .......................... 27

2. TragoFátimamarcadanomeunome

enomeucoração ......................................................... 47

3. Oexemplodospastorinhos ......................................... 69

4. Osilênciodequetantoprecisamosnasnossasvidas 83

5. Osquilómetrospercorridos,osobstáculos

eocontactocomanatureza ....................................... 105

6. Ashistóriascomquemecruzeieque

meinspiraram ............................................................. 127

7. Nenhumaperegrinaçãoestáterminada ..................... 157

Agradecimentos ................................................................ 166

Leiturasquetenhonaminhamesadecabeceira............ 167


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Silêncio.

Foramoitolongosminutosquepassaramdevagar.

Silêncio.

Um mar de gente.

Silêncio.

OpapaFrancisco rezava naCapelinha dasAparições,

ondetinhacolocadoumramoderosasaospésdeNossa

Senhora.E,noSantuárioqueorecebia,desdeoprimeiro

momentodasuachegada,comimensoamor,gritosdeale‑

griaeentusiasmo,entremilharesdeperegrinos,deterço

namão,jornalistas,televisõesemdireto...fez‑sesilêncio.

Foicomose,derepente,oSantuáriotivesseficadovazio.

Silêncio.

Umsilêncioespontâneo,esmagador,comovente,rezado

pormilhares de pessoas que ali entregavam promessas,

faziampedidossentidos,partilhavamaflições,agradeciam

momentos de alegria e bênçãos recebidas. Todos e cada

um daqueles peregrinos entregavam‑se a si e aos seus.

Entregavam ‑se a Maria.

Um«silêncioorante»,comodescreveuoprópriopapa

Francisconasuamensagemdeagradecimento,depoisde

terdeixadoPortugal.


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Eraaqueletipodesilêncioquetãopoucasvezesexpe‑

rimentamos nas nossas vidas, que nos entra pela alma

adentrosempedirlicençae,comopormagia,provocauma

revoluçãointeriorenosfazserenar.Eraacalmaquetantas

vezesdesejamos,masmuitasvezesnãosabemosalcançar.

É como se uma voz nos sussurrasse, baixinho, naquele

silêncioquenosabraça,«estátudobem,estátudobem».

Foi o que eu senti naquele momento iluminado pela

fédemilharesdeperegrinos,reunidosaospésdeMaria.

Umapazquenuncatinhasentidoantes.Umabraçoquente

quenãoconhecia,diferentede todososque já recebina

vida.Umamãoquepousavasobreaminhacabeçaeme

traziaumasensaçãodeconforto,deserenidadeedeuma

felicidadeplena.

Estava emdireto para aTVInesse dia 12demaiode

2017,anodocentenáriodasapariçõesdeFátima,dacano‑

nizaçãodeFranciscoeJacinta,datãoaguardadavisitado

Santo Padre ao Santuário.

OpapaFranciscoficariaemterritórionacionalapenas

23 horas e 43 minutos, mas a sua visita marcou todos

quantosnoSantuárioouatravésdastelevisõeslheviramo

rostosereno,osorrisoaberto,escutaramassuaspalavras

ou,mais importanteque tudo, sentirama sua fé ea sua

alegriacontagiantes.

Eraumdiaque seadivinhavaespecial,maseununca

poderia imaginar o que ali assisti, vivi e senti. Ao lado

dojornalistaPedroPinto,queconduziaaemissão,expe‑

riencieimomentosúnicos.

Rapidamente me esqueci de que era apresentadora

detelevisão e deixei que falasse o meu lado de crente.


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Sentinecessidade de partilhar com os espectadores

momentos íntimos associados à minha fé. Como, por

exemplo,ocaminhofeitoatéconseguirengravidardomeu

segundo filho. Sempre acreditei que teria um segundo

filho,atéporquefisicamentenadanosimpediadeserpais.

Mas o tempo passava e a boa nova não chegava, o que

naturalmentegeroualgumstresse.Passadoumperíodode

esperaquenospareceurazoável,procurámososmelhores

médicos,cheiosdeesperançaedispostosatudo.

EmconversacomaminhaamigaDra.Branca,médica

da irmã Lúcia, com quem tenho uma relação de pro‑

fundaamizade,partilhei comela este sonhodevoltar a

sermãe e as dificuldades por que estava a passar.Com

a serenidade que a caracteriza, disse‑me paramanter a

minha fé,porque tinhaa certezadequeNossaSenhora

medariaasuagraça.Entretantofaloucomasirmãscar‑

melitasdoCarmelodeSantaTeresa,emCoimbra,ondea

irmãLúciaviveupraticamentetodaasuavida,pedindo‑

‑lhes para que rezassem pormim. Pouco tempo depois

engravideie,atransbordardealegriaefelicidade,decidi

que,mal oFilipe tivesse umano, iria aoCarmelo agra‑

deceràsirmãs.Eassimfiz.Fuicomaminhaqueridamãe,

mulherdevotadeNossaSenhora,ecomaminhaamiga

Dra.Branca.

Fomos recebidas pela madre superiora de então,

aquerida e saudosa madre Celina, mulher de sorriso

fácil e alma luminosa, que se fez acompanhar pelas

outras irmãs. Nãosei como descrever aquele momento.

As irmãsestavam,comoéhabitual,atrásdeumaparede

emripasdemadeiraenósdo ladodecá.Eraassimque


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comunicávamoseoquepodiaparecerumobstáculodei‑

xoudeoserfaceàposturadasirmãs.Elascantaramparao

FilipeecomoFilipe.Estranhamenteoutalveznão,omeu

filhoreagiucomoseasconhecessedesdesempre,batendo

palminhas e cantando. Parecia familiarizado com todas

elas, dando amão pequenina através das grades e acei‑

tandocomsatisfaçãooscarinhosquelhefaziam.Asirmãs,

eu,aDra.Brancaeaminhamãeestávamosfelizesegratas

pelabênçãoqueéomeuFilipe.

AopartilharpelaprimeiravezcomoPedroPintoeos

espectadoresestapassagemdaminhavida,emocionei‑me.

Eradeesperar.Afééalgoavassalador,quecomoveeque

nosencheocoraçãodeesperançaedegratidão.

Naqueledia,12demaiode2017,foramváriasasvezes

queaemoçãotomoucontademim.

Háumaimagemque,entremuitasoutras,nuncaesque‑

cerei:quandoorealizadorLuísSalvadorpôsnoaromeu

rostoemfusãocomodoSantoPapa.Tenhoessaimagem

na secretária do meu gabinete, pelo enorme significado

quetemparamimeportudooquemefazreviver.Olho

para elamuitas vezes e agradeço. Volto sempre a sentir

o que senti naquele dia tão especial.Uma enormepaz e

gratidão.

Defino ‑me como uma mulher de fé. Levo Fátima marcada no meu nome e na minha data de

nascimento, 13 de maio, mas foi ali, naquele silêncio esmagador de mais de 500 mil peregrinos junto do seu pastor, que eu senti que tinha de ir mais fundo,

mais longe, na minha vida e na minha fé.


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OpapaanunciavaquevinhaaFátimacomoumpere‑

grino com Maria, na esperança e na paz. Um simples

peregrinoquerezavaaospésdeMaria,comotantosantes

edepoisdele.

Foi ali, naquelemomento de amor, sim, aqueles oito

minutos de silêncio foram para mim um momento de

amor, que eu também decidi que queria ser peregrina.

Nãopodiaadiarmaisestedesejodesentiroquesentem

milharesdepessoasquesefazemtodososanosàestrada,

vindosdenorte a sul dopaís, carregandoas suasdores,

expectativas,alegriasedesejos.

Entrevistei tantas destas pessoas nos meus progra‑

mas,emocionei‑me com muitas das histórias que ouvi.

Também eu queria escrever a minha história de pere‑

grina.Tambémeuqueriapassaremanáliseaminhavida,

enquantocaminhava,quilómetroapósquilómetro.Queria

sentiromilagredeFátimaevivernomeucoraçãoacer‑

tezadequeopapaFrancisconosdeixounasuahomiliado

dia13demaio:«temosmãe».

Partilho desde sempre com quem me acompanha a

minhainfinitavontadedeaprendercadavezmais,deapro‑

fundare trabalharomeu ladoespiritual.E istopodeser

feito demuitasmaneiras. Através da oração, da partici‑

paçãoemgruposdereflexão,muitasvezesorganizadosde

formainformalporquempartilhaamesmafé,atravésdos

retirosquefaçoregularmente,daspalestrasdedesenvol‑

vimentopessoalaqueassistoedameditaçãoquepratico

no meu dia a dia.

Para algumas pessoas, com uma visão mais limitada

daespiritualidade, a formação católica não «casa» com


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práticas ligadas à espiritualidade oriental. Não é essa a

minha opinião. Cada uma delas tem ensinamentos pre‑

ciososetodasnospodemajudarnestavontadedecrescer,

de nos conhecermos e de vivermos em maior sintonia

connosco, comos outros e como universo. Tanto posso

fazerumretirocomumsacerdotequeparamimsejauma

referência,comojáofiz,comopossofazerumretirocom

uma terapeuta holística, onde se aprendem múltiplas

ferramentas para mergulharmos cada vez mais em nós.

Coisas tão simples como a respiração, que é uma ferra‑

mentapoderosanonossodiaadia,oreiki ou a meditação.

Paramim é importante esclarecer alguma confusão que

ainda existe em relação ao tema da meditação e este é

omomentocertoparaofazer.

As meditações que aprendi e que pratico não são

um refúgio, um alhear da realidade. São exatamente o

contrário, um encontro comigo, um mergulhar no meu

interior, escutando‑me a mim sem interferências. Para

mimsãomomentosdecrescimento,porque,sempreque

nos escutamos e nos respeitamos, estamos a dar uma

oportunidadeanóspróprios.Algumasdasdecisõesmais

importantesdaminhavidatomei‑asenquantomeditava.

Quandomeditamos,serenamos,crescemosealimentamos

anossaalma.Omesmosintoquandofaçoasminhasora‑

ções,quandoconversocomNossaSenhora,quandoescuto

oqueDeustemparamedizer.

Paraalgunsistopodeparecerestranhoeatédescabido,

falarcomNossaSenhora,masparamimnão.Tenhouma

imagemnomeuquartoegostodessemomentoasós,em

queabroomeucoração.Emalgumassituaçõesdelicadas


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da minha vida, já chorei com essa imagem na minha

mão.Eétãobonitosentirquepossoabriromeucoração,

fragilizar‑me,baixarasarmasdeguerreirasempreprontaa

protegerosseusesersimplesmenteaFátimaapedircolo.

Paramim,NossaSenhoraéalguémcomumcologigante,

ondetodostemoslugar,ondepodemossimplesmenteser.

E, para quem trabalha num mundo muito ligado à

imagemeaoparecer,comoéomeucaso,éfundamental

não descurar o ser. Estesmomentos, parame conhecer

melhor,servemparaissomesmo.

Amoomeu trabalho, soumuito gratapor fazer aquilo

que continuaa apaixonar‑me,mas sinto estanecessidade

permanente de ir em busca domeu eu e de o fortalecer.

Umtrabalhodequestionamentoedeprocuraderespostas

quenuncatemfim,porqueestamossempreaevoluir.Apes‑

soaquesouhojenãoéigualàqueeraháummês,asemana

passadaoumesmoontem.Eissoéquetornaanossacon‑

diçãohumanatãoapaixonante.Quandotiroumtempopara

fazerumretiroouumaperegrinação,estouacimadetudoa

permitir‑meparar,apôr‑meemprimeirolugar,eissonãoé

egoísmo.Éamor‑próprio.Maisàfrentetereioportunidade

devosfalarsobreaimportânciadeparar.

Nesse ano da visita do papa Francisco a Fátima, não

fiqueiparaamissadodia13demaio,porqueéodiado

meu aniversário e queria estar junto dos que amo.Mas

quandosaídeFátimarumoacasaligueiaomeuquerido

padreJoãoLuís.Precisavadepartilharcomeleaimensa

alegria que estava a sentir. É ele que me ouve e me

aconselhaquandopreciso.Éaelequeabromuitasvezes

ocoraçãoeporissocriámosumaligaçãomuitoforte.


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Conheci‑onoprogramaA Tarde É Sua,ondeoentrevistei

acercada suadevoçãoaNossaSenhora, exatamentenum

dia13demaio.Aindanosbastidores,enquantoconversá‑

vamos,sentimoslogoumaenormeempatiaumpelooutro.

Um tempo depois deste primeiro encontro, o padre João

Luís,chegadodeumavisitaquefezàcasadeNossaSenhora

emÉfeso,naTurquia,enviou‑meumabonitalembrançae

euliguei‑lheaagradeceraquelegestoquemetocoutanto.

Apartir daí nunca mais nos «largámos» e criámos uma

relaçãode amizade e cumplicidademuitobonita.Conver‑

samosacercadetudo.Nãohátemasproibidosnemtabus.

Nem eu conseguiria ter como «meu padre» alguém con‑

servador,intoleranteecomideiasinflexíveis.Comopadre

Joãopasseiafalardavida,doamor,dosmeusfilhos,dafé,

doquebusco,partilhandoasminhasdúvidaseassumindo

as minhas fragilidades. Comecei a visitá‑lo na sua então

paróquiadeCorucheparafazerpartilhasepedirorientação.

EistoporqueopadreJoãotemsempreumapalavracerta

paramedizer,nosmomentosdealegriamastambémnos

demaiortristeza.Comobomsacerdotequeé,chama‑meà

atençãoquandoépreciso,escuta‑meeaconselha‑me.

OpadreJoãoconquistou‑meetornou‑sealguémmuito

especial na minha vida, que vive e viverá sempre no

meucoração,numcantinhoqueésódele.Portudo isto,

eusabiaqueeracomomeusacerdote,guiadaporele,que

queriafazeraminhaprimeiraperegrinaçãoaFátima.

QuandoopadreJoãomeatendeuotelefone,disse‑lhe

derajada:

«Este ano quero fazer finalmente uma peregrinação

apéaFátima.»


23

Arespostanãosefezesperar:

«Fátima, vamos para o 13 de outubro, para fechar as

comemoraçõesdocentenário.»

Efomos.

Evolteiairumasegundavez.

Evoltareiairoutrastantasvezes...aFátimae,umdia,

aSantiagodeCompostelaeàTerraSanta.

Não estava nos meus planos escrever agora sobre a

minha espiritualidade e aminha fé,mas fui empurrada

para isso. Explico porquê. A ideia deste livro nasceu

àmesadeumalmoçonasegundaperegrinaçãoque fiza

Fátima.Entredoisdedosdeconversaeumpitéudelicioso

que nos ajudou a recuperar a energia para uma tarde

acaminhar,duasdasminhasamigascomquempartilhei

estasegundaperegrinaçãoaproveitaramosbrevesminu‑

tosemqueestiveausentedamesaparalançarasemente

juntodopadreJoão.Quandovoltei,umadelasdisse‑me,

perante o ar cúmplice e comprometido do padre João:

«Játemosumaideiaparaoteupróximolivro.»

Eucomeceiarireadizerquenãotinhatempo,queo

anoiasercheiodetrabalhoededesafiosnovos...blá,blá,

blá.Foiistoqueelesouviram!Blá,blá,blá...ejánãome

largaram.

Explicaram‑meentãoaideia,que—tenhoacerteza—

temamãodopadreJoão:

«Porque não partilhas a tua experiência como pere‑

grina? Este caminho que fazes, e que é tão importante,

decrescimentopessoal eespiritual?Oquesignificapara

tiviresapéaFátima?»

«Eu?»


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Aminhaprimeirareaçãofoideperplexidade.

«Masquemsoueuparadizeroquequerquesejasobre

Nossa Senhora de Fátima, as aparições, a mensagem?

Souapenasumaperegrina,umamulherdefé...»

Mas, aomesmo tempo que as palavrasme saíamda

boca, algo me dizia que tinha de escrever este livro.

Sem pretensões de teorizar sobre Fátima, porque para

issoexistemos teólogoseos sacerdotes.Seriaapenase

tão‑somente a minha vivência, o meu caminho. E isto

é algo absolutamente pessoal. Tal como não há duas

pessoas iguais, também não existem dois caminhos

iguaisnemduas formas iguaisdepercorrerummesmo

caminho.

Este ano de 2019 faço 50 anos e 25 anos de carreira na televisão. É por isso um ano repleto

de celebrações para mim, com tudo o que cada uma delas significa.

Ao longo destes últimos anos, tenho sentido grandes

transformações emmim e um crescimento maravilhoso

comopessoa.Este livroéporissoummarco.Umarefle‑

xão sobreaminhavida,osmeusvalores, aquilo emque

acreditoeoquememove.Umaformadeagradecertudo

o que a vida me tem dado e todas as experiências que

tenho vivido. Um enorme «obrigada» a Nossa Senhora,

essecologigantesempreprontoaacolher‑me.

Nasduasperegrinaçõesque fiz, fuiouvindoaquieali

alguémsurpreendido:«EntãoaFátimaandaporaqui?»,

«Não estava nada à espera de a encontrar aqui assim!»


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As pessoas estranhavam ver‑me a peregrinar como

elas,defatodetreinoeténis,bonénacabeçaeumagar‑

rafadeágua.

Ali,comoemqualqueroutrolugar,souaFátima.Enão

imaginamcomoeuprecisodestanormalidade.Desentir

quesousimplesmenteaFátima.Umserhumanoàprocura

de crescer, a tentar resolver as suasquestões, a sarar as

suas feridas, a buscar forças para ultrapassar os obstá‑

culosearenovarasuafé,talcomotodososquesefazem

àestrada.Omeucaminhoé igualaodasoutraspessoas,

com as minhas dores, as minhas alegrias e a minha fé.

Procuro deixar para trás a Fátima Lopes, a profissional,

efaçoocaminholevandosóaFátima.Semmaquilhagem

nem glamour. Sem nuncame esconder. Sou eu, omeu

caminhoeaquelesqueopercorremcomigo.Averdadeé

queestanormalidadepareceespantaraspessoas.

O que aqui deixo neste livro nada mais é do que um relato simples e sincero do que eu senti e vivi de cada

vez que me fiz ao caminho como peregrina e que, como alguém me disse, rezei com os pés.

Partilhoconvosconestaspáginasamagiadocontacto

com a natureza, a importância do silêncio, o valor da

minha família e das pessoas que percorreram comigo

aqueles quilómetros, algumas vezes duros emuito sofri‑

dos, as lágrimas de emoção que senti pelas pessoas que

conhecinaestrada,ashistóriasqueouvi,ocarinhoquefui

recebendo... enfim,partilhoumpoucoda transformação

interiorquesentiacadapassoquedei.


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Neste livro falo‑vos ainda da questão do medo e do

quantoelenosimpededeviver,daimportânciadetermos

momentosdeparagemereflexão,daimportânciadedizer‑

mosnão,dovalorquedevemosdaraooutro,dapalavra

maisimportantequetemosnavidaequedevesersempre

ofiocondutor:oamor.

Esteé,antesdemais,umlivrosobreavida,esódepois

umlivrosobreafé.Aféfazpartedaminhavidaeaminha

vida émovida por valores, crenças e ideias que partilho

ao longodestaspáginas.É semdúvidaomeu livromais

intimista. Ao reler estas páginas senti que estava a con‑

versar com os meus leitores. E, como numa conversa

quesetemcomumamigo,muitasvezesabroparênteses,

conto uma história paralela, «perco‑me» em temas que

meapaixonam.

Estelivroéumaformadecelebrarosmeus25anosde

carreiraconsigodesselado,aacarinhar‑me,areceber‑me

emsuacasaeaabraçar‑me todososdias.Este livroéo

meuabraçodevoltaeomeumuito,muitoobrigada.

O caminhoatéFátimaé, semdúvida,maisdoqueos

quilómetros físicos que percorremos, um caminho inte‑

rior,detransformaçãopessoaleespiritual.

Aprendimuitacoisaaolongodestecaminho,mastalvez

amaiorliçãodestasperegrinaçõestenhasidoesta:apesar

deFátimaseropontodechegada,olugarsantoparaonde

todossedirigem,omomentotãoesperadoemquesomos

acolhidosnocolodaBoaMãe,ametaoulimitefísicode

um caminho que começou alguns dias antes, para mim

Fátimapassouaserumpontodepartida.Umrecomeço.


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