FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA · Os Gêneros textuais, produção textual e...

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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: Sensibilização Ambiental através de músicas e fotos.

Autor Rosemari Komarchrski

Escola de Atuação Col. Est. João Afonso de Camargo

Município da escola Mandirituba

Núcleo Regional de Educação Área Sul

Orientador Wilson Taveira

Instituição de Ensino Superior UTFPR

Disciplina/Área (entrada no PDE) Inglês

Produção Didático-pedagógica Unidade Temática

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

Artes, Filosofia, Biologia, português, geografia.

Público Alvo

(indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)

Professores e alunos.

Localização

(identificar nome e endereço da escola de implementação)

Rua José Ribeiro , 01- Areia Branca dos Assis.

Apresentação:

(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

JUSTIFICATIVA DO TEMA DE ESTUDO A ocupação do espaço e também a proteção dos recursos hídricos ao redor do Colégio João Afonso de Camargo, que se localiza no bairro Areia Branca dos Assis, no município de Mandirituba, é um fato preocupante, falta de preservação da mata ciliar, aterros em áreas de várzea, na rua do Colégio existe uma casa em que o canto está dentro do leito do rio. OBJETIVO GERAL SENSIBILIZAR a comunidade escolar sobre os problemas ambientais relacionados aos recursos hídricos no seu bairro.

METODOLOGIA Uso de músicas, fotos, e narrativas.

.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Música- Água – Narrativas- Educação- Ambiente -

ROSEMARI KOMARCHESKI

SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DE MÚSICAS E FOTOS

CURITIBA 2011

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL- PDE

SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DA MÚSICA E FOTOS

Produção didático pedagógico apresentado como

requisito parcial obrigatório para certificação do PDE-

Programa Desenvolvimento Educacional. Orientador

Professor Wilson Taveira.

CURITIBA 2011

MATERIAL DIDÁTICO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

Professor PDE: Rosemari komarcheski

Área PDE: Língua Estrangeira Moderna / Inglês

NRE: Área Metropolitana Sul

IES vinculada: UFTPR

Orientador: Wilson Taveira

Escola de Implementação: Colégio Estadual João Afonso de Camargo/ Mandirituba

Público Objeto da intervenção: Professores e alunos.

TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE:

Os Gêneros textuais, produção textual e Leitura em sala de aula.

TÍTULO

Sensibilização Ambiental nas Aulas de Inglês Através de Músicas e fotos.

JUSTIFICATIVA DO TEMA DE ESTUDO

A ocupação do espaço e também a proteção dos recursos hídricos ao redor do

Colégio João Afonso de Camargo, que se localiza no bairro Areia Branca dos Assis, no

município de Mandirituba, é um fato preocupante, são canalizações de rios sem licença

do órgão responsável pelos recursos hídricos, são construções em áreas consideradas de

risco, falta de preservação da mata ciliar, aterros em áreas de várzea, na rua do Colégio

existe uma casa em que o canto (pilar de fundação da casa) está dentro do leito do rio. É

notório que este tema não é trabalhado na escola e tão pouco comentado na sala dos

professores. A ocupação desordenada, principalmente através de aterros de rios e

várzeas, além de prejudicarem a qualidade da água na região, trarão futuramente sérios

problemas de enchentes como os que são trabalhados nas músicas escolhidas da Banda

Creedence.

A proteção do ambiente e de todos os seus recursos não deve ser restrita às

áreas chamadas ambientais como química, biologia e geografia. Este é um dos maiores

problemas encontrados na educação ambiental, o cartesianismo, que vê o conhecimento

ou áreas do saber em uma visão fragmentada que separa cada ciência com limites pré-

definidos. Assim não existe uma visão do todo, sempre de fragmentos do ambiente e seus

conflitos. Entre estes limites ficam sempre lacunas esquecidas que deveriam ser

abordadas, mas não encontra espaço em nenhuma ciência específica. Para conseguir

abranger a visão global o educador deve além da sua formação acadêmica ainda

apresentar uma formação holística.

Outro paradigma a ser quebrado é o conceito de educação, que não deve ficar

restrito somente em repassar conteúdos pré-estabelecidos, mas sim saberes que além da

compreensão do planeta também signifiquem mudanças de hábitos, valores, atitudes e

conceitos.

Podemos reforçar esta afirmação através de vários autores, dentre eles

destacamos Enrique Leff,(2001), para ele o saber ambiental está baseado em

racionalidade, sustentabilidade e poder. Saber ambiental é amplo, leva em consideração

não somente o ambiente físico, mas sim toda a sua complexidade, toda a sua

epistemologia. É necessário conhecer a biodiversidade da região, mas também o conjunto

de conhecimentos locais, lendas, histórias, formação étnica e tudo o que faz parte do

ambiente estudado ou vivido. A racionalidade citada por Leff (2001) é diferente do saber

racional, o qual pensa no lucro, na economia, na apropriação da natureza por poucos. O

saber racional se apropria do que é público e devolve para a população as externalidades

geradas. A racionalidade prega o planejamento ambiental, para usar os recursos da

natureza que são finitos de forma mais econômica possível. A sustentabilidade analisa o

ambiente e os recursos como bem público, e como tal eles devem ser usados de maneira

igual pela população, a qual deverá usar somente aquilo que for realmente necessário e

não acumular recursos para não faltar para os outros. Ou seja, saber ambiental também

prega distribuição de riquezas para todos. Outros tópicos ainda tratados pelo autor são

desenvolvimento local, incentivo a agricultura familiar para a fixação do homem em seu

meio. Todas estas idéias poderão ser resumidas em uma nova forma de poder, o poder

ambiental.

O que percebe-se dentro dos projetos de Educação Ambiental, quando existem

nas escolas, eles estão resumidos aos temas de resíduos (ou reciclagem), poluição e

hortas caseiras. Ou seja, estão apenas transmitindo e retransmitindo verdades absolutas

que cremos existir. Os Fenomenólogos acreditam que a sensibilização é mais eficiente do

que a famosa “Educação Ambiental”. Educação pode ser também adestramento, mas a

sensibilização através da arte (música) é capaz de resgatar o “elo Perdido” do homem

com a natureza, e assim também despertar alguma afetividade pelos lugares e não

lugares vividos, e ainda possibilitar o repensar da ocupação do espaço.

PROBLEMA/ PROBLEMATIZAÇÃO

È possível realizar a sensibilização ambiental através da arte no ambiente escolar?

OBJETIVO GERAL

SENSIBILIZAR a comunidade escolar sobre os problemas ambientais relacionados aos

recursos hídricos no seu bairro.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

_COLETAR dados sobre a percepção ambiental dos alunos e educadores sobre o espaço

vivido.

_CONTRIBUIR para a inovação nas práticas pedagógicas.

_COMPARAR as narrativas dos professores com a dos alunos.

_INDICAR novas metodologias para trabalhar educação ambiental em diversas

disciplinas.

_APRESENTAR adjetivos relacionados a água, expressados pela comunidade escolar.

_PROVAR que é possível trabalhar educação ambiental dentro das Diretrizes Curriculares

na disciplina de Língua Estrangeira Moderna.

_VERIFICAR a afetividade que a comunidade escolar tem em relação ao espaço vivido.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica da Secretaria de Estado

da Educação do Paraná, o planejamento de uma aula na disciplina de Língua Estrangeira

moderna deve partir do Conteúdo Estruturante Discurso como Prática Social usando

gêneros discursivos e seus elementos composicionais, os quais deveram ser trabalhados

nos três eixos; leitura, escrita e oralidade.A leitura deve trabalhar a intertextualidade, o

tema , a intenção, as classes gramaticais e suas funções dentro do texto, bem como as

variações lingüística e marcas linguísticas. Na escrita devem ser trabalhados os tópicos

da leitura com um pouco mais de intensidade. A oralidade e deve preocupar-se em

trabalhar elementos extralingüísticos como entonação , pausas e gestos.Também a

adequação do discurso ao gênero, os turnos de fala, as variações e marcas lingüísticas,

sem esquecer da pronuncia. (Diretrizes Curriculares da Educação Básica, 2008 ).

A música como gênero textual é também um instrumento da estética e da

fenomenologia que pode ser utilizado para promover a sensibilidade e também usado

para pesquisas em Percepção Ambiental. A fenomenologia faz parte da filosofia, e é muito

usada nos estudos das artes, mas precisamente na estética. A psicologia também

descobriu que a fenomenologia pode ser útil em suas pesquisas. Atualmente a

fenomenologia está também sendo usada para trabalhar a educação ambiental através da

percepção. Definir fenomenologia não é uma tarefa fácil, então vamos buscar ajuda em

Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) um fenomenólogo que teve muitos seguidores no

mundo pós-estruturalista:

A fenomenologia é o estudo das essências, e todos os problemas, segundo ela,

resumem-se em definir essências: a essência da percepção, a essência da

consciência, por exemplo. Mas a fenomenologia é também uma filosofia que repõe

as essências na existência, e não pensa que se possa compreender o homem e o

mundo de outra maneira senão a partir de sua facticidade. (MERLEAU-PONTY,

1999, p 01)

Trabalhos de percepção usando a fenomenologia são muito úteis para despertar

o inconsciente adormecido, as emoções, as experiências com os espaços vividos e o elo

perdido entre o homem e a natureza. Através da percepção podemos conseguir perceber

as sensações ou estranhezas provocadas por um determinado objeto, desta maneira

saímos de dentro do nosso eu para perceber um mundo.

Eu poderia entender por sensação, primeiramente, a maneira pela qual sou

afetado e a experiência de um estado de mim mesmo. O cinza dos olhos fechados

que me envolve sem distância, os sons do cochilo que vibram “em minha cabeça”

indicariam aquilo que pode ser o puro sentir. Eu sentirei na exata medida em que

coincido com o sentido, em que não me significa nada. (MERLEAU-PONTY, 1999,

p 23)

Sensações são de difícil definição, o importante não é aquilo que está visível aos

olhos de todos, mas aquilo que nos toca através de todos os sentidos, não são as

informações que nos chegam, mas sim o que elas nos provocam, aquilo que nos fazem

aflorar os desejos e as recordações adormecidas.

Renunciarei portanto a definir a sensação pela impressão pura. Mas ver é obter

cores ou luzes, ouvir é obter sons, sentir é obter qualidades e, para saber o que é

sentir, não basta ter visto o vermelho ou ouvido o lá? O vermelho e o verde não

são sensações, são sensíveis, e a qualidade não é um elemento da consciência, é

uma propriedade do objeto. Em vez de nos oferecer um meio simples de delimitar

as sensações, se nós a tomamos na própria experiência que a revela, ela é tão

rica e tão obscura quanto o objeto ou quando o espetáculo perceptivo inteiro. .

(MERLEAU-PONTY, 1999, p. 25)

A fenomenologia estuda os lugares vividos, os ambientes que nos remetem a

alguma recordação, alguma experiência vivida, algum sentimento, seja feliz ou não. Mas a

nossa vida não está passando somente em lugares vividos, mas também em não lugares,

que seriam espaços que não nos dizem nada, que são espaços não marcados por

histórias ou fatos marcantes. São ambientes por onde a pessoa caminhou ou apenas viu

suas imagens em alguma foto ou filme.

Se um lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço que

não pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem como

histórico definirá um não lugar. A hipótese aqui defendida é a de que a

supermodernidade é produtora de não lugares, isto é, de espaços que não são em

si lugares antropológicos e que, contrariamente à modernidade baudelairiana, não

integram os lugares antigos...(AUGÉ,1994.p.73)

A água é considerada como o maior recurso natural existente no planeta, e ela

será o principal objeto de estudo deste trabalho. Captar as emoções emanadas pela

água, as experiências vividas em ambientes aquáticos foram também objeto de estudo do

fenomenólogo Gaston Bachelard, um Frances que morou até os seus 19 anos no interior

do país, fala da necessidade de nos remetermos aos rios da nossa infância o “seu papel

principal”. Invocando a nossa infância, revivemos momentos únicos que marcaram a

nossa trajetória adulta, desta maneira podemos entender como se dão as relações

cotidianas com o ambiente vivido. São estas lembranças que na sua simplicidade pode

contribuir para o entendimento de problemas ambientais atuais.

Pois o ser é antes de tudo um despertar, e ele desperta na consciência de uma

impressão extraordinária. O indivíduo não é a soma de suas impressões gerais, é

a soma de suas impressões singulares. Assim se criam em nós os mistérios

familiares, que se designam em raros símbolos. Foi perto da água e de suas flores

que melhor compreendi ser o devaneio um universo em emanação, um alento

adorante que se evola das coisas pela mediação do sonhador. Se quero estudar a

vida das imagens da água, preciso, portanto, devolver ao rio e às fontes de minha

terra seu papel principal.(BACHELARD, 2002, p.08)

Para Bachelard na literatura a água tem vida, tem sentimentos, tem humores,

assim como o ser humano ela exterioriza seus sentimentos seus humores através de sua

aparência, força e ações! Ela pode ficar ofendida com atitudes sofridas, com lesões

causadas, com o desrespeito, falta de cuidado e gratidão.

Existem, como se vê, as águas que têm a epiderme sensível. Poderíamos

multiplicar os matizes, poderíamos mostrar que a ofensa feita às águas pode

decrescer fisicamente, sempre conservando indene a reação das águas violentas,

poderíamos mostrar que a ofensa pode passar da flagelação à simples ameaça.

Uma só unhada, a mais leve sujeira pode despertar a cólera da

água.(BACHELARD, 2002, p.189)

Quando a água sente-se acuada, ameaçada, ela fica furiosa e de terna e doce,

amável e pura ela pode tornar-se violenta, ameaçadora, pode agarrar, pode matar, como

um rio turbulento, uma chuva torrencial, uma enchente ou um tsunami.

Os nervos da água estão agora à flor da pele. Então o tempestiário mergulha o

bastão até a vasa; chicoteia a fonte até as entranhas. Desta vez o elemento se

enfurece, sua cólera torna-se universal; a tempestade ribomba, o raio corusca, o

granizo crepita, a água inunda a terra. O tempestiário cumpriu sua tarefa

cosmológica. (BACHELARD,2002,p.188)

O poder de transformação da água, depois de passada a ira, volta a serenidade

com toda a sua pureza, matando a sede ora saciando a sede da terra e de seus seres,

através das suas nascentes de suas bicas, rios ou lagos. O frescor da água cristalina

alimentando a vida ou refrescando corpos cansados pela labuta ou diversão. A água pura

e poderosa é alimentada pelo imaginário humano. Quer seja na vida do pescador caiçara,

do marinheiro andante, ou outro vivente com experiências de mundos aquáticos vividos

ou imaginados.

A água é objeto de uma das maiores valorizações do pensamento humano: a

valorização da pureza. Que seria da idéia de pureza sem a imagem de uma água

límpida e cristalina, sem esse belo pleonasmo que nos fala de uma água pura?A

água acolhe todas as imagens de pureza. Procuramos, pois, colocar em ordem

todas as razões que fundamentam o poder desse simbolismo.Temos aqui um

exemplo de uma espécie de moral natural ensinada pela meditação de uma

substância fundamental. (BACHELARD, 2002, p.15)

A força da água seja no sentido empírico ou metafórico está presente no

devaneio humano, através da produção de energia, transporte de matérias ou ainda no

seu poder de limpeza de ambientes ou mesmo do planeta, há quem acredite que as

catástrofes naturais com águas, são a mão dos Deuses limpando a sujeira humana.

Uma gota de água poderosa basta para criar o mundo e para dissolver a noite.

Para sonhar o poder, necessita-se apenas de uma gota imaginada em

profundidade. A água assim dinamizada é um embrião; dá à vida um impulso

inesgotável. (BACHELARD, 2002, p.10)

Narrativas em Educação ambiental

A narrativa como metodologia de pesquisa em educação é muito recente, mas

muito eficiente em seus resultados. Através dela é possível captar emoções , sensações e

sentimentos através dos relatos de experiências vividas ao longo da existência . Esta

metodologia pode ser utilizada na educação tanto para pesquisas como para o ensino.

Trabalhar com narrativas na pesquisa e/ou no ensino é partir para a

desconstrução/construção das próprias experiências tanto do

professor/pesquisador como dos sujeitos da pesquisa e/ou do ensino. Exige que a

relação dialógica se instale criando uma cumplicidade de dupla descoberta. Ao

mesmo tempo que se descobre no outro, os fenômenos revelam-se em

nós.(CUNHA,1997,p.04)

A mesma experiência, vivida por um grupo de pessoas, será narrada de maneiras

diferentes, com detalhes peculiares, com aspectos emocionais que transmitem intimidade

própria, contextualizadas a partir de suas experiências pessoais. Assim um piquenique

realizado por um grupo de professores terá tantas narrativas diferentes em si quanto for o

numero de participantes. Suas experiências pessoais foram diferentes, assim a maneira

de perceber um acontecimento também é diferente.

O professor constrói sua performance a partir de inúmeras referências. Entre elas

estão sua história familiar, sua trajetória escolar e acadêmica, sua convivência

com o ambiente de trabalho, sua inserção cultural no tempo e no espaço. Provocar

que ele organize narrativas destas referências é fazê-lo viver um processo

profundamente pedagógico, onde sua condição existencial é o ponto de partida

para a construção de seu desempenho na vida e na profissão. Através da narrativa

ele vai descobrindo os significados que tem atribuído aos fatos que viveu e, assim,

vai reconstruindo a compreensão que tem de si mesmo.(CUNHA,1997, p.03)

Embora pouco usada, as narrativas tem o poder de fazer uma avaliação

diagnóstica e assim resgatar os conhecimentos empíricos ou do senso comum que

fazem parte do espaço familiar vivido pelo educando, nele estão embutidos conceitos,

pré-conceitos, vínculos religiosos, tabus, crenças, superstições e também porque não

dizer conhecimentos práticos do conhecimento que a academia ensina.

Para fins de ensino, especialmente na perspectiva das propostas de produção do

conhecimento, que têm o educando como um ser socialmente situado, tem sido

bastante recomendada e experimentada a produção e a investigação das

narrativas dos sujeitos, como ponto de partida ou de chegada da análise do

objeto de conhecimento. (CUNHA,1997,p.05)

Muitas são as formas para trabalhar estas narrativas, podem ser orais, escritas

ou até desenhadas. Mas é interessante haver algum registro destas atividades para

posteriormente trabalhá-las com o grupo que faz parte do projeto desenvolvido. Narrativas

usadas em pesquisas serão analisadas como outros dados de forma qualitativa, mas

quando são usadas em ensino, devem ser trabalhadas com o grupo ou individualmente

dependendo de cada caso. O próprio narrador fica surpreso com as recordações que

chegam até ele no momento de produzir uma narrativa, seja de memórias de sua vida ou

então relatos e fatos isolados. Muitas vezes através das narrativas o individuo consegue

ver um novo sentido para a experiência relatada e resignificar vários conceitos e atitudes

anteriores ao relato.

Em pesquisa temos usado principalmente a linguagem oral. Entretanto, no ensino,

na utilização de memoriais - que podem ser excelentes materiais de pesquisa -

são usuais os relatos escritos. Sua análise mostra que toda a construção do

conhecimento sobre si mesmo supõe a construção de relações tanto consigo

quanto com os outros. (...) Estas reflexões favorecem a percepção de que a

produção de narrativas serve, ao mesmo tempo, como procedimento de pesquisa

e como alternativa de formação. Ela permite o desvendar de elementos quase

misteriosos por parte do próprio sujeito da narração que, muitas vezes, nunca

havia sido estimulado e expressar organizadamente seus pensamentos.

(CUNHA,1997,p.03)

Com a crescente demanda e procura de cursos de Ensino á distancia, esta

metodologia inovadora está sendo muito utilizada, pois é uma boa maneira do Tutor do

módulo conseguir conhecer e entender o seu aluno virtual, e assim entender melhor o

contexto em que vive, podendo fazer as intervenções que achar necessário. Mas se

tratando de pesquisa em narrativas, para fins de tabulação de resultados, devem ser

escolhidas pessoas de um mesmo contexto social, porque na pesquisa qualitativa os

dados são mais complexos e de maior grau de dificuldade de interpretação.

Aposta-se na pesquisa narrativa como uma metodologia formativa em processos

de educação continuada. O exercício narrativo possibilita um caminhar para si,

que é formativo, tanto para o sujeito que narra, quanto para quem lê. Ao narrar-se,

o sujeito reflete, inventa-se e amplia a compreensão sobre o contexto a qual

pertence, pois estabelece relações e complexifica a interpretação da realidade.

Acontece, assim, um processo formativo intenso. Em especial porque os alunos

do curso pertencem a mesma biorregião e, em interação, este processo formativo

potencializa-se. (COUSIN; GALLIAZI,2009)

ESTRATÈGIA DE AÇÂO

Este trabalho será realizado no Colégio Estadual João Afonso de Camargo,

localizado no município de Mandirituba, no bairro Areia Branca dos Assis. Ela tem um

porte médio, menos de 1000 alunos. Oferece duas modalidades de ensino, o

fundamental, séries finais e ensino médio ambos distribuídos nos três turnos.

A pesquisa será realizada com dois grupos distintos:

_Primeiro será realizado um pré teste em um grupo de professores voluntários, da

referida escola.

_Depois de ajustes, se necessário, o trabalho será implementado com uma turma de

alunos da 8º série do período da manhã, em turno contrário ao da aula normal.

A metodologia empregada para a coleta de dados serão narrativas de memórias relativas

ao contato com ambientes aquáticos.

Para a aplicação deste trabalho será produzido uma Unidade Didática para auxiliar na

implementação do projeto na escola com os alunos. Já para trabalhar com os professores

será usado o texto da fundamentação teórica do projeto.

Passos empregados na aplicação da pesquisa com os professores.

Após contato prévio com a direção e equipe pedagógica da escola em questão,

serão utilizados três momentos da Formação continuada no mês de julho, sendo 50

minutos do dia 20, onde serão explanados rapidamente como serão realizados os

trabalhos. Na sequência o grupo ouvirá a música “Who’ll Stop the Rain”, e logo após a

música “Green River”, ambas da Banda Norte America Creedence Clearwater Revival.

Então o grupo fará uma rápida discussão sobre o teor das músicas e o que elas poderiam

dizer sobre o entorno do espaço escolar. Um elemento do grupo fará por escrito uma

síntese da discussão. No dia seguinte, dia 21 serão utilizados 30 minutos, onde será

realizada com o grupo uma caminhada no entorno do Colégio para ver os rios e córregos

da região. No dia será apresentada uma série de fotos com temas aquáticos, cada uma

com um número de identificação. A tarefa consistirá em atribuir para cada foto um

sentimento, uma emoção, ou então anotar que aquela paisagem não lhe transmite nada.

Cada participante deverá anotar em uma folha os sentimentos revelados com a foto e o

respectivo número da gravura. Na finalização do trabalho será solicitado aos participantes

para narrarem dois episódios vivenciados em ambientes aquáticos.

Estes dados serão tabulados em duas etapas:

_A primeira análise será a elaboração de um quadro demonstrativo com os sentimentos

manifestados pelos professores após verem as fotos aquáticas, colocando o número e os

sentimentos expressados.

_A segunda análise será das memórias dos professores, que serão divididas em positivas

e negativas.

_Estes gráficos juntamente com as cópias das fotos farão parte de um painel na sala dos

professores.

_Será solicitado aos professores para não identificarem seus trabalhos.

Passos empregados na aplicação do trabalho com os alunos:

As atividades com os educandos serão um pouco mais aprofundadas, por dispor

de mais tempo. Elas obedecerão a seguinte ordem:

_1º aula- Conversar com o grupo sobre o projeto, qual a finalidade e como será

direcionado.

_2º aula- Ouvir a música “Who’ll Stop the Rain” da Banda Norte America Creedence

Clearwater Revival. Interpretação oral da música, tentando identificar o contexto e a

época em que foi feita. Tradução oral da musica e identificar quais são as palavras que

identificam sentimentos em relação a água.

_3º aula- Ouvir a música “Green River” também da Banda Norte Americana Creedence

Clearwater Revival. Interpretação oral da música, comparando-a com a música da aula

anterior. Identificar as palavras que identificam sentimentos em relação a água.

_4º aula- Passeio com a turma pelo entorno da escola para ver os rios e córregos da

região. Ao retornar para a sala de aula será realizado um relatório no quadro sobre as

observações realizadas pelos alunos durante o passeio.

_5º aula- Apresentação de fotos de ambientes aquáticos. Cada foto tem um número

identificador, o aluno deverá escrever para cada foto uma emoção ou sentimento.

_6º aula- Elaborar com os alunos um mural com as fotos apresentadas e as respectivas

palavras atribuídas para cada foto todas traduzidas para o inglês. Comparar com as

palavras identificadas nas músicas trabalhadas na aula anterior.

_7º aula- Cada aluno deve fazer duas narrativas de experiências vividas em ambientes

aquáticos.

_8º aula- Os alunos que desejarem poderão realizar a leitura do seu texto para apreciação

do restante do grupo.

Análise dos dados

Os dados das duas pesquisas serão analisados em separado. Primeiro será a

tabulação dos dados dos professores como já foi mencionado no texto acima. As palavras

serão agrupadas juntamente com as referidas fotos e confeccionado um painel.

As memórias serão separadas em dois grupos:

_ As com recordações felizes ou positivas.

_ As com recordações tristes ou negativas.

Os dados dos alunos terão os mesmos tratamentos que os dos professores.

Para finalizar será comparado o número de narrativas positivas e negativas de cada

grupo.

O Resultado final deste trabalho será apresentado em um artigo científico,

analisando todos os dados obtidos.

CRONOGRAMA

Professores Alunos Análise de

dados

Julho 2011 implementação

Agosto 2011 Professores

Setembro 2011 implementação

Outubro 2011 implementação

Novembro 2011 alunos

Dezembro 2011 Comparação dos

dados dos

alunos com os

professores

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

Por tratar-se de um trabalho que está usando a estética para a sensibilização ambiental,

estas atividades não devem ser restritas às aulas de LEM, mas sim compartilhadas com

outras áreas do conhecimento.

ATIVIDADE 1

Ouvir músicas com o tema água, com “humores diferentes”, águas paradisíacas, águas

que inundam ou matam. Foram escolhidas as músicas da Banda norte americana

Creedence Clearwater revival, por ser um grupo que nasceu na região do Rio Mississipi,

local pobre com sérios problemas ambientais relacionados com a ocupação do espaço e

uso da água. Este grupo de rock coloca a água como tema de suas músicas.

1ª parte

a- Ouvir a música “Green River,” disponível em: http://letras.terra.com.br/creedence-

clearwater-revival/142352/traducao.html

b- Analisar a letra e a tradução.

c- Conversar sobre rios iguais ao da música na região onde mora, perguntar quem já

tomou banho em um rio, se o rio era bem preservado, se tinha mata ciliar no entorno.

d- Identificar quais são as palavras que estão relacionadas à água, usadas para dar

características ao elemento.

2ª parte

a- Ouvir a música Who’ll Stop the Rain disponível em:

http://letras.terra.com.br/creedence-clearwater-revival/107102/traducao.html

b- Ouvir a música “Bad Moon Rising” disponível em: http://letras.terra.com.br/creedence-

clearwater-revival/82153/

http://www.youtube.com/watch?v=5BmEGm-mraE

c- Comparar as letras e traduções das duas músicas. O que elas tem em comum? Quais

são os problemas que elas apontam?

d- Identificar quais são as palavras que estão relacionadas à água, usadas para dar

características ao elemento.

ATIVIDADE 2

a- Após uma conversa na sala com os alunos sobre o local onde está o colégio em que

estudam, a professora fará um passeio com os alunos no entorno do mesmo. Será

solicitado ao aluno que observe os espaços com água na região, e destes quais são rios

com mata envolta e quais não tem, se existem outros lugares que não são rios.

b- Ao retornarem para a sala de aula, os alunos juntamente com o professor fará um

debate sobre a situação das águas que eles virão na região.

c- O professor solicitará uma narrativa do passeio ( em português), contando o que viram,

o que sentiram, o que conversaram. (trabalho individual)

ATIVIDADE 3

a- Mostrar fotos de ambientes aquáticos preservados com mata nativa, de ambientes

urbanos, de rios canalizados e fotos marinhas.

b- Questionar oralmente sobre as diferenças destes ambientes.

c- Qual destes lugares você gostaria de tomar um banho? Justifique sua escolha (por

escrito).

d- Qual será a diferença entre todas estas água? (por escrito)

e- Numerar as fotos e pedir ao aluno para falar uma palavra para cada tipo de água.

f- Traduzir estas palavras para o inglês com os alunos no quadro.

g- Imprimir as fotos e fazer um mural, pedindo para os alunos escreverem embaixo da

foto todas as palavras em inglês que eles sentiram para cada imagem.

As fotos utilizadas serão tiradas pelo professor ou pesquisadas na internet e

apresentadas na TV pendrive.

ATIVIDADE 4

a- Cada aluno contará oralmente uma experiência vivida em ambiente aquático.

b- Foram todas recordações felizes? Ou tiveram acontecimentos tristes?

c- Cada aluno deverá narrar uma história feliz e outra triste vivenciadas em ambientes

aquáticos (por escrito)

d- Os alunos juntamente com o professor irão para o laboratório de informática aprender a

usar o tradutor do Google, e assim também identificar quais palavras o tradutor não traduz

corretamente.

REFERÊNCIAS

OBRAS CONSULTADAS

AUGÉ,M. Não lugares: introdução a uma antropologiqa da supermodernidade.

4ed..Campinas, SP:Papinus,1994.

BACHELARD, Gastón. A água e os sonhos. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

CUNHA, Maria Isabel da. Conta-me Agora. As narrativas como alternativas

pedagógicas na pesquisa e no ensino. Revista da Faculdade de Educação .1997.

disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-

25551997000100010&script=sci_arttext

COUSIN, C.S;GALIAZZI,M.C.Navegar, Narrar e Pertencer: Histórias constitutivas de

educadores ambientais no Cordão Sul-Riograndense. VII ENPEC.2009. Disponível em:

LEFF, E.Saber ambiental. Sustentabilidade, Racionalidade, Complexidade, Poder.

Petrópolis: Vozes, 2001

MERLEAU-PONTY, Maurice. O olho e o espírito (seguido de A linguagem indireta e as

vozes do silêncio e A dúvida de Cézanne). Trad.Paulo Neves e Maria Emantina

G.G.Pereira. São Paulo: Cosac&Naif,2004.

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