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FICHA PARA CATÁLOGO DE PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Professor PDE - 2010
Título: Variedades Linguísticas: deficiência ou diferença?
Autor Cynara Angélica Moura Jorge
Escola de Atuação Colégio Estadual João Paulo II - EFM
Município da escola Arapoti
Núcleo Regional de Educação
Wenceslau Braz
Orientador Cloris Porto Torquato
Instituição de Ensino Superior
UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa)
Disciplina/Área (entrada no PDE)
Língua Portuguesa
Produção Didático-pedagógica
Unidade Didática
Relação Interdisciplinar (indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)
História, Geografia
Público Alvo (indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho:professores,alunos,comunidade...)
Alunos do 1° Ano do Ensino Médio
Localização (identificar nome e endereço da escola de implementação)
Colégio Estadual João Paulo II - EFM
Rua José Izidoro da Silva, 369 - Vila Bamerindus
Apresentação:
(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman,
Na prática pedagógica tradicional, há grande resistência à aceitação da pluralidade linguística. Tal comportamento parece revelar um certo preconceito existente em relação às variedades da língua (oral ou escrita), quando não correspondem ao que está nas gramáticas normativas. Diante deste quadro, percebe-se a necessidade de a escola repensar a diversidade linguística e sua presença na instituição escolar, pois há
tamanho 12 e espaçamento simples)
muitos e diferentes usos da língua que podem se distanciar da gramática normativa. Pretende-se com este trabalho possibilitar aos estudantes a compreensão da e o respeito à existência da diversidade linguística, tanto na fala quanto na escrita, levando-os a compreender que a diversidade provém da evolução histórica das línguas, da diversidade socioeconômica e cultural e da variação estilística utilizada pelos falantes em diferentes situações. O projeto será desenvolvido no 1° Ano do Ensino Médio através da observação das variedades linguísticas no contexto escolar e na comunidade local, relacionando estas variedades aos diferentes papéis sociais exercidos pelos sujeitos nas suas interações. Espera-se que ao final do processo, o aluno compreenda e respeite a diversidade linguística, sabendo utilizá-la em cada situação, tanto na fala como na escrita.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras)
variedades linguísticas, preconceito, diferença, escola.
PARANÁ
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
CYNARA ANGÉLICA MOURA JORGE
VARIEDADES LINGUÍSTICAS: DEFICIÊNCIA OU DIFERENÇA?
2010
CYNARA ANGÉLICA MOURA JORGE
UNIDADE DIDÁTICA
Unidade Didática, apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, sob a Orientação da Professora Doutora Cloris Porto Torquato, da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
2010
RESUMO
Na prática pedagógica tradicional, há grande resistência à aceitação da
pluralidade linguística. Tal comportamento parece revelar um certo preconceito
existente em relação às variedades da língua (oral ou escrita), avaliadas como
"erros" ou "deficiências" quando não correspondem ao que está nas gramáticas
normativas. Diante deste quadro, percebe-se a necessidade de a escola repensar a
diversidade linguística e sua presença na instituição escolar, pois há muitos e
diferentes usos da língua que podem se distanciar da gramática tradicional.
Pretende-se com este trabalho possibilitar aos estudantes a compreensão da e o
respeito à existência da diversidade linguística, tanto na fala quanto na escrita,
levando-os a compreender que a diversidade provém da evolução histórica das
línguas, da diversidade sócio-econômica e cultural e da variação estilística utilizada
pelos falantes em diferentes situações. Possibilitar ao aprendiz o esclarecimento
deste processo, é levá-lo a tomar consciência de que a realidade linguística
brasileira não é homogênea e que, através de mecanismos próprios, interage com
outras formas sociais, constituindo-se como um instrumento de controle social, em
que os usos linguísticos estão associados a valores e vinculados a relações de
educação e poder na sociedade. O projeto será desenvolvido no 1º Ano do Ensino
Médio através da observação das variedades linguísticas no contexto escolar e na
comunidade local, relacionando estas variedades aos diferentes papéis sociais
exercidos pelos sujeitos nas suas interações. Espera-se que, ao final do processo, o
aluno compreenda e respeite a diversidade linguística, sabendo utilizá-la em cada
situação, tanto na fala como na escrita.
Palavras-chave: variedades linguísticas, preconceito, diferença, escola.
ABSTRACT
In traditional pedagogical practice, there is great resistance to the acceptance
of multilingualism. Such behavior seems to reveal a certain preconception exists in
relation to the varieties of language (oral or written), assessed as "errors" or
"deficiencies" they do not correspond to what is normative in the grammars. This
picture, one sees the need to rethink the school of linguistic diversity and its
presence in the school because there are many different uses of language that may
distance themselves from traditional grammar. The aim of this work provide students
with an understanding of and respect the existence of linguistic diversity, both in
speech and in writing, leading them to understand that diversity comes from the
historical evolution of languages, diversity of socio-economic and cultural stylistic
variation used by speakers in different situations. Allow the apprentice to the
clarification of this process is to take him to realize that the linguistic reality of Brazil is
not homogeneous and that, through its own mechanisms, interacts with other social
forms, establishing itself as an instrument of social control, in which uses language
associated with values and are linked to relations of power in society and education.
The project will be developed in the 1st year of high school through observation of
language varieties in the school environment and local community relating these
varieties to different social roles held by individuals in their interactions. It is expected
that by the end of the process, students understand and respect language diversity,
learn to use it in every situation, both in speaking and writing.
Keywords: varieties of language, preconception, difference, school.
IDENTIFICAÇÃO
TÍTULO
Variedades Linguísticas: deficiência ou diferença?
1. JUSTIFICATIVA
Pela democratização do ensino, que é uma necessidade e um grande bem, tiveram acesso a ele largas camadas da população antes marginalizadas. A democratização, ainda que falsa, trouxe em seu bojo outra clientela. De repente, não damos aula só para aqueles que pertencem a nosso grupo social. Representantes de outros grupos estão sentados nos bancos escolares (GERALDI, 1991:115 apud MATTOS E SILVA, 2000, p. 31).
Diante da realidade apontada por Geraldi, vê-se a necessidade da escola
repensar a diversidade linguística e seu uso na instituição escolar. É através da fala
que a língua se manifesta e há muitos e diferentes usos da língua falada que podem
se distanciar da gramática normativa. Em função da diversidade de usos que os
indivíduos fazem da língua falada, há diferentes registros, decorrentes de inúmeros
fatores de ordem interna e externa da língua. Outro aspecto importante a ser
considerado é a compreensão de que a escrita não é a representação da fala,
mas também comporta variedades.
Cagliari afirma que, “para a escola aceitar a variação linguística como um fato
linguístico, precisa mudar toda a sua visão de valores educacionais” (1997, p.82).
Sem dúvida, somente através da reeducação sociolinguística na escola é que
se promoverá uma “ação pedagógica de qualidade a todos os alunos, tanto para
NRE: Wenceslau Braz
Município: Arapoti
Professora PDE: Cynara Angélica Moura Jorge
E-mail: [email protected]
Disciplina: Língua Portuguesa
Escola de Implementação: Colégio Estadual João Paulo II - EFM
Público-alvo da Intervenção: Alunos do 1° Ano do Ensino Médio
IES: UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa)
Professora Orientadora: Profª Drª Cloris Porto Torquato
derrubar mitos que sustentam o pensamento único, padrões pré-estabelecidos e
conceitos tradicionalmente
aceitos, como para construir relações sociais mais generosas e includentes”
(PARANÁ, 2008, p. 83).
É de extrema importância que a escola permita ao aluno a aquisição de uma
competência comunicativa cada vez mais ampla e esse reconhecimento deverá
começar pela observação das variedades linguísticas no contexto escolar, através
da investigação e análise em seu próprio meio social (família, amigos e escola).
Provocar tal reflexão promoverá a ampliação do repertório linguístico do aprendiz,
levando-o a sua inserção no mundo da escrita e leitura.
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Partindo dos conhecimentos linguísticos dos alunos, levá-los a reflexão,
observação e análise da língua em uso, nas diferentes instâncias discursivas, para
que possam comparar e usar adequadamente as diversas possibilidades de
construção, levando em consideração as variedades linguísticas relacionadas aos
usos nestas instâncias e as relações de poder nelas implicadas.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Ao final da Unidade Didática, os alunos devem ser capazes de:
Reconhecer e respeitar as variedades linguísticas;
Refletir sobre a variação linguística no repertório da comunidade;
Perceber as relações entre a oralidade e escrita;
Desenvolver diferentes práticas sociais que utilizem a leitura, a escrita e a
oralidade;
Perceber os efeitos de sentidos causados pelo uso de recursos linguísticos no
texto;
Refletir sobre a linguagem e o uso crítico da língua;
Compreender melhor a relação entre língua, sociedade e poder.
3. APRESENTAÇÃO
Esta Unidade Didática tem como objetivo propor aos alunos e professores
atividades práticas para o tratamento da variação linguística em sala de aula,
visando amenizar certas crenças infundadas e preconceituosas a respeito das
variedades presentes na nossa sociedade.
De acordo com BAGNO (1999), preconceito linguístico é uma forma de
preconceito contra determinadas variedades linguísticas.
Sabe-se também que, além de dar "acesso à escrita e aos discursos que se
organizam a partir dela" (BRITTO, 1997, p.176), é também papel da Escola
transmitir a Língua do Estado (norma-culta), mas não podemos negar que as
variedades populares estão nas salas de aulas (basta ouvir) e que a língua
(oral/escrita) é um conjunto de variedades. Deste modo, torna-se importante levar
nossos alunos a observar e refletir sobre os fenômenos de variação e mudança
linguística.
O que se pretende aqui é que a escola não ignore as variedades trazidas
pelos alunos e que a partir dessas variedades seja desenvolvido um trabalho de
reflexão sobre a língua, não de exclusão, a fim de que o aluno passe a ter acesso a
outras variedades (norma-culta) que não fazem parte das suas interações sociais.
"Oralidade e escrita são práticas e usos da língua com características próprias."
(Marcuschi, 2005, p.16) Além disto, pretende-se que a escola conscientize os alunos
das relações de prestígio/desprestígio e de poder implicadas nos usos da língua.
Portanto, o ensino/aprendizagem da língua não pode deixar de considerar as
práticas linguísticas "concretas" que a aluno traz para a escola, pois a partir das
interações verbais das quais ele participa, o trabalho com a linguagem concretiza-se.
Nesse sentido, haverá a ampliação do seu repertório linguístico e,
consequentemente, a aquisição de outras formas linguísticas que permitirão ao
aluno agir com competência nos diversos contextos de comunicação oral e escrita.
Atividade 1 - Refletindo sobre a Língua Oral
O professor poderá iniciar esta atividade através de questionamentos
direcionados aos seus alunos sobre o funcionamento da linguagem oral.
A seguir, sugestões para abordar o tema:
O que se entende por língua?
Por que a língua muda/varia?
Que tal refletirmos sobre nossas conversas? Existe alguma regra ou norma
para se estabelecer uma conversa?
Quais são?
Como o assunto é definido nestas interações?
Quais as interações mais comuns de que vocês participam?
Sistematizando o resultado da discussão
Da fala para a escrita
Professor, selecione 1 aluno para ficar responsável por anotar numa folha
para depois ser fotocopiada e distribuída entre os colegas e outro para registrar o
que o professor escrever no quadro. Depois das discussões, que serão registradas,
proponha aos seus alunos as questões a seguir:
Depois de tudo o que foi discutido e com base nos registros produzidos pelos
colegas responda em seu caderno: "O que se entende por língua?"
Produza um texto para ser apresentado aos colegas de outra turma que não
tenham realizado essa discussão, onde vocês irão expor o que foi discutido e a que
conclusão chegaram.
Professor, para desenvolver esta atividade organize a classe em três grupos,
orientando-os para o seguinte:
O grupo 1 produzirá cartaz.
O grupo 2 escreverá e-mail.
O grupo 3 produzirá slide.
No final da atividade, haverá 3 gêneros diferentes, escritos sobre o mesmo tema
para serem lidos e apresentados aos colegas de outras turmas.
Apresentação Oral
Professor, esta atividade será apoiada na escrita/slides. A apresentação oral
será apresentada para outra turma e registrada por meio de uma gravação em áudio
e /ou vídeo para analisar, se houve ou não, marcas da oralidade na apresentação
dos alunos. Em seguida, assistindo ao vídeo ou ouvindo a gravação da aula, sugira
o preenchimento do quadro abaixo.
Gênero:
Faixa Etária:
Grau de Escolarização:
Redes Sociais em que Interage:
Variedade Utilizada na Entrevista: ◌ variedade popular ◌ variedade-culta
Continuum* oralidade-letramento:
+ rural ◄-◌------------------------------------------------------------◌-► + urbano
+ oral ◄-◌------------------------------------------------------------◌-► + letrado
- monitorado ◄-◌------------------------------------------------------------◌-► + monitorado
Variações Linguísticas Observadas na Oralidade
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Atividade 2 - Variação Linguística no Português Brasileiro
Produção textual
Professor, proponha aos seus alunos a produção de uma coletânea de
histórias familiares para o acervo da Biblioteca Escolar.
Desenhe para os seus alunos o contínuo de urbanização. Peça que eles se
situem no contínuo e situem também seus pais. Discuta com eles o fenômeno da
migração rural-urbana do século XX no Brasil. Em seguida, peça a eles que
* Continuum : "palavra latina que podemos traduzir para os nossos objetivos, como "linha contínua",
"sequência que não se interrompe" , e cujo plural é continua, com sílaba tônica no TI". (BAGNO, 2009, p.54).
escrevam sua história familiar focalizando a transcrição rural-urbana em sua própria
família. Para isso, será preciso que façam a pesquisa, incentive-os a gravar histórias
contadas por seus pais, tios e avós. Os trabalhos que os alunos mais apreciarem
poderão ser divulgados na escola. (Proposta adaptada de BORTONI-RICARDO,
2009, p. 53).
Professor, para desenvolver esta atividade, sugiro a leitura: BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em
língua materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
PARA ORGANIZAR A PESQUISA:
Entrevista: Relato de Vida
Professor, peça a seus alunos que gravem uma conversa com um membro
mais velho da família. Sugira o roteiro abaixo:
Quem é ...? (Dizer o nome da pessoa)
Fale sobre seus pais e sobre as pessoas com quem conviveu na infância e na
juventude.
Contínuo
de
Urbanização
variedades rurais
isoladas
área
rurbana (migrantes de origem rural)
variedades urbanas
padronizadas
Conte-nos um pouco sobre sua infância: sobre o lugar onde morava e sobre as
brincadeiras que fazia. Você ia à escola? Como era?
Conte-nos sobre sua juventude, sobre o trabalho e os modos de diversão.
Tem lembrança de alguma expressão que usava quando jovem? Fale algumas
dessas expressões, seu significado e modo de usar.
A partir da entrevista, observar se houve monitoração na fala e os elementos
que indicam essa monitoração. Registrar no quadro as diferentes marcas linguísticas
observadas na oralidade do entrevistado.
Gênero:
Faixa Etária:
Grau de Escolarização:
Redes Sociais em que Interage:
Variedade Utilizada na Entrevista: ◌ variedade popular ◌ variedade-culta
Continuum oralidade-letramento: + rural ◄-◌-----------------------------------------------------------◌-► + urbano
+ oral ◄-◌-----------------------------------------------------------◌-► + letrado
- monitorado ◄-◌-----------------------------------------------------------◌-► + monitorado
Variações Linguísticas Observadas na Oralidade
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Da fala para a escrita
Professor, agora iremos propor aos estudantes que transcrevam a entrevista
para a língua escrita, não esquecendo de orientá-los sobre as diferenças entre a
língua falada e a escrita. Mostrar-lhes também, no diagrama de Marcuschi, que " as
inovações linguísticas surgem primeiramente nos gêneros falados mais
espontâneos e vão se expandindo em direção aos demais gêneros textuais até
atingir o outro polo do diagrama de Marcuschi, onde se situam os gêneros escritos
mais monitorados". (BAGNO, 2009, p. 184)
Imagem 1 Fonte: BAGNO, 2009, p. 184.
Orientação para a produção textual das histórias familiares
Professor, peça a seus alunos que produzam a sua história familiar, onde
eles poderão concluir falando sobre si próprio. Com os textos devidamente
reescritos, elabore a coletânea e disponibilize-a na Biblioteca Escolar.
OBJETIVOS:
Levar o aluno a situar-se no contínuo rural-urbano; Relacionar oralidade-escrita na produção textual, utilizando os registros das
histórias gravadas na construção dos textos.
Atividade 3 - Entrevista
"Na essência somos iguais, nas diferenças nos respeitamos". (Agostinho)
Diferença?!
Em nossa sociedade vivemos, ou tentamos viver, segundo algumas normas
ou regras que nos são impostas. E quando há o desvio dessas normas, veja o que
acontece assistindo a entrevista feita com o cartunista Laerte, exibido no programa
Provocações, da TV Cultura. Para refletir sobre a questão acesse o site:
htpp://www.tvcultura.com.br/provocacoes/section/_default/send_by_e-mail.php?t=programa&id=1550
Imagem 2
Fonte: http://www.laertesilvino.blogspot.com, acesso em maio de 2011.
Quebrando Regras
A entrevista nos conta um pouco do comportamento "diferente" do cartunista
Laerte. É comum encontrarmos pessoas com a mesma postura e comportamento?
O que você achou desta atitude? É normal em nossa sociedade?
Segundo Laerte, alguns jornais onde ele trabalhava não aceitaram o seu jeito
"diferente" de se vestir. O que isso nos revela?
Qual seria a sua postura em relação a atitude de Laerte?
Qual seria a sua reação se um membro da sua comunidade adotasse o mesmo
comportamento em relação as vestimentas?
E a sua comunidade, aceitaria? Justifique sua resposta.
Atividade 4 - Reportagem
No Brasil, ainda que "mascarada", há uma enorme rejeição aos falares
diferentes. A escola tem por dever neutralizar a ideia de que tudo que não
corresponde à norma-padrão nas escolas deve ser eliminado. Cabe a nós,
professores, conscientizar nossos alunos de que existem diferentes formas de se
dizer a mesma coisa e que, dependendo das nossas escolhas, esses usos
linguísticos podem gerar efeitos positivos ou negativos nos interlocutores. Abordar
essa questão é oferecer ao aluno uma competência comunicativa mais abrangente e
significativa, levando-o a perceber os aspectos sócio-políticos e ideológicos
presentes nos usos da língua.
[ ilação: dedução, conclusão ]
Em janeiro de 2008, o Jornal Gazeta do Povo publicou uma matéria
entitulada: Grazi e a polêmica sobre o sotaque paranaense. Para ter acesso a
reportagem, acesse:
http://www.reclamando.com.br/?system=news&action=read&id=3291&eid=142
Refletindo sobre o tema
No último parágrafo da reportagem, a professora da Universidade Estadual de
Londrina (UEL) Vanderci de Andrade Aguilera diz:" ’A escola pensa que adestra. Um
tratamento pode tentar controlar. Mas há força maior’, comenta Vanderci. ‘A escola
passa a régua. A rua entorta. E ninguém escapa da rua. Nem a linguagem oral’,
completa a linguista". (Gazeta do Povo, 27 de janeiro de 2008)
Diante do posicionamento da linguista a respeito da não aceitabilidade das
variedades linguísticas na sociedade, como você vê o fato do sotaque paranaense
causar um certo "desconforto" no meio artístico?
No mesmo texto, a fonoaudióloga Cida Stier comenta "Não existe o falar certo.
Ocorre que determinado sotaque passa a ter mais aceitação que outros". Você
concorda com esta afirmação? Por que isto ocorre?
FIQUE POR DENTRO! Você sabia que em meados da década de 1930 até meados da década de 1950 chegou-se a propor que a pronúncia carioca fosse
assumida como a pronúncia -padrão para o teatro, o canto e, por ilação, para os meios de comunicação? (FARACO,2008, p. 86)
Em outra abordagem, a fonoaudióloga afirma: "Há, por exemplo, professores
que sofrem discriminação em sala de aula e querem eliminar ou amenizar o
sotaque". Esta discriminação ocorre somente com pessoas vindas do interior do
Estado? Como você vê esta afirmação?
Na reportagem, você observou algum juízo de valor ou prestígio social
atribuído a escolha linguística dos falantes?
VALE A PENA LER, PROFESSOR!
A língua de Eulália, de Marcos Bagno. No livro, o autor reúne as universitárias Vera, Sílvia e Emília, que
resolvem passar as férias na chácara da professora Irene. Lá, Irene se reúne diariamente com as três e
transforma as férias das professoras numa eficiente atualização pedagógica.
Quando o desvio é a regra, matéria de Sírio Possenti (Revista Língua Portuguesa, junho de 2011) sobre o
uso do dialeto "caipira" no discurso de pessoas letradas. (www.revistalingua.com.br)
t divirta-se!
Atividade 5 - Língua no contexto
"Quando há conhecimento das muitas variedades da língua, é possível escolher a que melhor se
encaixa ao contexto. Não se aprende a norma de prestígio decorando regras ou procurando significado de palavras no dicionário, mas praticando-a constante e intensamente."
(Revista Língua Portuguesa, Editora Segmento, junho de 2011, p.16)
A aprovação e distribuição pelo MEC do livro didático "Por uma Vida Melhor",
no mês de maio de 2011, causaram grande polêmica e indignação aos brasileiros. A
"Normalmente, associa-se a variedades linguísticas não-prestigiosas (observando-se
aspectos formais de pronúncia, de estrutura frásica ou mesmo de estrutura textual) um grupo
de falantes que, sociologicamente, não pertence às classes dominantes. Estas variedades são desprestigiadas porque "uma variedade linguística 'vale' o que 'valem' na sociedade os seus
falantes, isto é, vale como reflexo de poder e da autoridade que eles têm nas relações
econômicas e sociais". (Gnerre, 1985:4 apud Geraldi, p. 57)
mídia impressa e televisiva divulgou que a escola pública incentiva o não ensino da
variedade culta e outras
inverdades absurdas. O pivô de toda essa intolerância foi a não aceitação da
variedade popular, ficando assim claro que a língua utilizada pelos falantes é vista
como elemento de distinção social. As variedades linguísticas já invadiram as salas
de aula e é nesse contexto que o professor deverá orientar seus alunos de que a
língua deve adequar-se a cada situação de uso.
Para ficar por dentro do assunto, assista a entrevista da UNIVESP TV, com o
professor Ataliba Castilho, disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=DROHTF4iaiQ&list=PL0D9F3793A18D8ADD
Vivenciando a prática
Com base na discussão da entrevista, proponha aos seus alunos assistirem a
uma Sessão da Câmara Municipal para observarem que, em certos ambientes
profissionais, os indivíduos fazem uso de estilos mais monitorados e adotam
comportamentos semelhantes, pois a escolha do repertório linguístico depende dos
diferentes papéis sociais que exerce.
Peça-os para observar e registrar quais foram os momentos em que a língua
oral e escrita foram mais ou menos monitoradas pelo falante. Em seguida, assistam
um trecho de uma sessão de debate no Senado, divulgada na TV Senado, com o
objetivo de comparar com os usos linguísticos feitos pelos vereadores.
Para saber mais, acesse: www.revistalingua.com.br e leia a matéria "Tempestade em copo d'água" (junho de 2011).
Atividade 6 - Documentário: "Pro dia nascer feliz"
O documentário "Pro dia nascer feliz" (2006), retrata o sistema educacional
brasileiro. Assista-o e observe as variedades linguísticas usadas pelos falantes.
Você irá encontrá-lo em:
http://www.youtube.com/watch?v=74jokEl7RQ4
Da teoria à prática
Vocês refletiram, nesta Unidade Didática, sobre a questão das variedades
linguísticas (oralidade/escrita) e os juízos de poder implicados nestes usos, como
também observaram tais variedades na oralidade da sua comunidade. Para concluir
nossa atividade, organizem, coletivamente, um documentário.
A primeira coisa a fazer é decidir quem serão as pessoas entrevistadas por
vocês.
Em seguida, elaborem questões para iniciarem a entrevista e decidam quem
serão os entrevistadores.
Para concluir o vídeo, digam a que conclusão a classe chegou em relação ao
tema estudado e apresentem o resultado do trabalho (documentário) para a
sua comunidade escolar.
Documentário é um gênero cinematográfico que se caracteriza pelo
compromisso com a exploração da realidade. (www.wikipedia.org, acesso em junho de 2011)
Bibliografia
BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
________. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
_______. Português ou brasileiro?: um convite à pesquisa. Parábola Editorial, 2009.
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna: a sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. _______. Nós cheguemu na escola, e agora? sociolinguística na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. BRITTO, L. P. L. A sombra do caos: ensino de língua x tradição gramatical. Campinas: Mercado de Letras, 1997. CASTILHO, A. Entrevista a UNIVESP TV. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=DROHTF4iaiQ&list=PL0D9F3793A18D8ADD Acesso em: 07 jun. 2011. FARACO, C. A. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo, Parábola Editorial, 2008.
FIAD, R. S. As variedades linguísticas e o ensino de português. PRESENÇA PEDAGÓGICA, v.3, n 13, jan./fev. 1997.
GERALDI, J. W. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação. Campinas, SP. Mercado de Letras - ALB, 1996.
GNERRE, M. Linguagem, escrita e poder. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. JUNIOR, L. C. P. Tempestade em copo d'água. Disponível em: ˂http://www.revistalingua.com.br˃. Acesso em: 15 jun. 2011. MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 6. ed. - São Paulo: Cortez, 2005. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008.
POSSENTI, S. Quando o desvio é a regra. Disponível em ˂http://www.revistalingua.com.br˃. Acesso em: 15 jun. 2011. ˂http://www.youtube.com/watch?v=74jokEl7RQ4˃ Documentário “Pro dia nascer feliz” (2006). Acesso em: 15 jun. 2011.