Ficha para Catálogo da Produção Didático-Pedagógica · sociais que afetaram intimamente as...

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Ficha para Catálogo da Produção Didático-Pedagógica

Professor PDE/2010

Título A relação social entre a família e a escola e

as implicações nos processos de ensino e

aprendizagem dos alunos.

Autor Bernardete Gorette Kuijawa.

Escola de Atuação Escola Estadual Dom Carlos Eduardo – Ensino Fundamental.

Município da escola Realeza.

Núcleo Regional de Educação Francisco Beltrão.

Orientador Prof. Dr.Clésio Acilino Antonio.

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE.

Área do Conhecimento Pedagogia.

Produção Didático-Pedagógica (indicar o tipo de produção conforme Orientação 03/2008 disponível na página do PDE)

Unidade Didática.

Relação Interdisciplinar (indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

A relação interdisciplinar se faz com todas as disciplinas da matriz curricular.

Público Alvo (indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)

Comunidade escolar (pais, equipe pedagógica, direção e professores).

Localização (identificar nome e endereço da escola de implementação)

Escola Estadual Dom Carlos Eduardo – Ensino Fundamental. Rua: José de Alencar, 3671. Bairro: Centro. Cidade: Realeza. Estado:Paraná.

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Apresentação: (descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

A Produção Didático-Pedagógica é uma das atividades realizadas pelo professor que participa do PDE. Optamos pela produção de uma Unidade Didática, que será pertinente ao objeto de estudo proposto no projeto de Intervenção Pedagógica que será implementado na escola. Servirá de subsídio e será direcionada a toda equipe escolar e também aos participantes do Grupo de Trabalho em Rede – GTR. Através desta Unidade Didática é possível compreender as inter-relações entre os contextos familiar e escolar, objetivando a aprendizagem e o desenvolvimento humano dos alunos. A integração entre esses dois contextos é um desafio para a prática pedagógica, porque é nas relações interpessoais que se criam entre os que ensinam e os que aprendem, que se constroem os processos de aprendizagem. Constituindo-se assim em fontes de independência, reciprocidade e tomada de consciência. Isso significa que um dos determinantes fundamentais dos processos educativos qualitativos é a construção do conhecimento e o desenvolvimento das potencialidades humanas de alunos e professores. Nesse sentido, as práticas pedagógicas devem levar em conta o caráter social do aluno, considerando a concretude histórica, que impõem e a noção de mediação do processo educativo como instituição de uma verdadeira relação social.

Palavras-chave (3 a 5 palavras) Ensino; aprendizagem; sujeito-aluno; relação família-escola.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

UNIDADE DIDÁTICA

BERNARDETE GORETTE KUIJAWA

FRANCISCO BELTRÃO – PR 2011

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BERNARDETE GORETTE KUIJAWA

A RELAÇÃO SOCIAL ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA E AS IMPLICAÇÕES NOS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DOS ALUNOS.

Unidade Didática apresentada para o acompanhamento das atividades do professor PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional. Orientador: Prof. Dr. Clésio Acilino Antonio.

FRANCISCO BELTRÃO – PR

2011

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

Professor PDE: Bernardete Gorette Kuijawa.

Área PDE: Pedagogia.

NRE: Francisco Beltrão.

Professor Orientador IES: Prof. Dr. Clésio Acilino Antonio.

IES vinculada: Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE.

Escola de Implementação: Escola Estadual Dom Carlos Eduardo – Ensino

Fundamental.

Público Objeto da Intervenção: Comunidade escolar (pais, equipe pedagógica, direção,

professores).

OBJETIVO GERAL: Compreender os contextos familiar e escolar, como redes sociais, que

contribuem para a apropriação do conhecimento e desenvolvimento humano,

enfatizando as articulações nos processos de ensino e aprendizagem dos alunos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

a) Contextualizar elementos que potencializam as relações professor/aluno e

garantem a efetiva aprendizagem.

b) Compreender a dinâmica das práticas educativas desenvolvidas na escola e a

influência que ocasionam na aprendizagem dos alunos.

c) Compreender a relação entre os contextos familiar e escolar na especificidade de

suas funções.

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INTRODUÇÃO Um processo pedagógico qualitativamente superior pode ser construído através

de muitos caminhos, possibilitando riquezas nas relações interpessoais. Nenhum outro

espaço substitui o espaço escolar para realizar esta tarefa naquilo que ele significa em

termos de oportunidade de congregação de pessoas (professores, pais, alunos, entre

outros), de socialização, de trocas culturais, de articulação para todas as direções.

Nesse sentido, a aproximação dos contextos familiar e escolar emergem como duas

instituições fundamentais para desencadear os processos evolutivos dos sujeitos, de

desenvolvimento humano e como espaços efetivos para a aprendizagem.

Enquanto ser social, o sujeito aluno se constrói a partir das relações entre um

mundo externo, estruturado pela cultura e pelas condições históricas. Também se

constrói na relação com outros alunos, com o professor e é no âmbito destas relações

que ele apreende o mundo concreto no qual está inserido, ou seja, a aprendizagem só

pode se efetivar no interior de processos grupais através das relações sociais que neles

se estabelecem. Para Sforni (2003), interações sociais têm valor no contexto escolar

quando não estão restritas apenas à relação sujeito-sujeito, mas no objeto que se

presentifica nessa relação – o conhecimento. É somente na relação entre sujeito-

conhecimento-sujeito que a mediação se torna um conceito fundamental ao

desenvolvimento humano.

Sendo assim, a prática educativa é o trabalho pedagógico desenvolvido pelo

professor, que envolve o processo de ensino, cuja intencionalidade é influenciar o

processo de aprendizagem desenvolvido pelo aluno: a relação entre o processo do

ensino e o da aprendizagem. Nessa concepção, a prática educativa constitui um

processo consciente, deliberado e sistemático, pelo qual se trabalha o saber cultural

produzido historicamente por intermédio da relação pedagógica. A intencionalidade da

prática educativa consiste em ensinar os bens culturais produzidos pelo gênero

humano, para que o aluno, sujeito da aprendizagem, tenha uma concepção de

ambiente menos imediata e, portanto, mais articulada, podendo, assim, agir

criticamente, e não de forma alienada.

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Na medida em que o ato de ensinar é parte integrante do trabalho educativo,

Saviani entende que:

O trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado , à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo (SAVIANI, 1995, p.17)

Conforme aponta Saviani (1995), os professores devem nortear sua ação no

processo de ensino e aprendizagem a partir de alguns aspectos fundamentais: a

identificação das formas mais desenvolvidas em que se exprime o saber objetivo

socialmente produzido, a transformação deste saber objetivo em saber escolar, que

possa ser assimilado pelo conjunto dos alunos e a garantia das condições necessárias

para que estes não apenas se apropriem do conhecimento, mas que possam elevar

seu nível de compreensão sobre a realidade.

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A RELAÇÃO SOCIAL ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA E AS IMPLICAÇÕES NOS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DOS ALUNOS

A sociedade contemporânea formada por relações antagônicas composta por

classes amplamente diferenciadas, é resultado de intensas transformações histórico-

sociais que afetaram intimamente as instituições, dentre elas a família e a escola, bem

como os sujeitos envolvidos, dependentes delas. Desde os meados do século XX,

especialmente em suas últimas décadas, mudanças importantes vêm afetando, ao

mesmo tempo, estas instituições, levando ao aparecimento de novos traços e

desenhando novos contornos nas relações entre esses dois contextos de socialização.

Ao observar as instituições família e a escola, considerando suas diferenças e

semelhanças, compreendendo-as sob o olhar denso da cultura, levam-se em

consideração os cidadãos, homens e mulheres, enquanto sujeitos sociais e históricos,

presentes e atuantes na história da sociedade tão arraigada de divisores de classes,

que separam constantemente os homens da natural condição de igualdade.

Conforme Silva (2008), diante de tal realidade, a escola, enquanto instrumento

da educação, enfrenta grandes desafios, quanto às ações que promove. Abrange a

dinâmica das mudanças sociais, das interações pessoais e profissionais, desenvolve

seus objetivos mediante a participação conjunta de seus profissionais e alunos de modo

integrado. A família por sua vez, é o espaço sócio-cultural cotidiano e histórico no

processo de socialização, se relaciona com as instituições de ensino, tornando-se

espaço de atitudes, bem como de mudanças ou estagnação, da realidade na qual se

insere, pois é dela que partem os sujeitos sociais que irão manter, ou mudar, a si

próprios e, conseqüentemente, a realidade onde estão inseridos.

A família funciona como o mais importante agente socializador, sendo assim, é o

primeiro contexto no qual se desenvolvem padrões de socialização em que o sujeito

constrói o seu modelo de aprendiz e se relaciona com todo o conhecimento adquirido

durante sua experiência de vida primária e que vai se refletir na sua vida escolar.

Segundo Berger e Luckmann (1976) esta socialização primária que acontece durante a

infância, é um processo dialético que sendo representado pela exteriorização, pela

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objetivação e pela interiorização é que vai constituindo o sujeito (aluno) a partir do

referencial do outro.

Independentemente de como a família é constituída, esta é uma instituição fundamental da sociedade, pois é nela que se espera que ocorra o processo de socialização primária, onde ocorrerá a formação de valores. Este sistema de valores só será confrontado no processo de socialização secundária, isto é, através da escolarização e profissionalização, principalmente na adolescência (VALADÃO; SANTOS, 1997, p.22).

A socialização secundária é promovida em outras instituições sociais, como a

escola, por exemplo. A socialização secundária não é afetiva, é racional e, em muitos

momentos, entra em choque com a socialização primária, momentos esses que

normalmente a escola e os professores recorrem a família (BERGER e LUCKMANN,

1976).

Para compreender os processos de desenvolvimento e seus impactos nos

sujeitos é preciso focalizar tanto o contexto familiar quanto o escolar e suas inter-

relações (POLÔNIA e DESSEN, 2005). Isto significa considerar os padrões relacionais,

aspectos culturais, cognitivos, afetivos, sociais e históricos que estão presentes nas

interações e relações entre os diferentes segmentos. Dessa forma, os conhecimentos

oriundos da vivência familiar podem ser empregados como mediadores para a

construção dos conhecimentos científicos trabalhados na escola. É importante salientar

que a família e a escola, como ambientes de desenvolvimento e aprendizagem humana

podem funcionar como propulsores ou inibidores dele.

Portanto, a família não é o único contexto em que a criança tem oportunidade de

experienciar e ampliar seu repertório como sujeito de aprendizagem e desenvolvimento.

A escola também tem sua parcela de contribuição no desenvolvimento do sujeito, mais

especificamente na aquisição do saber culturalmente organizado em suas distintas

áreas de conhecimento. Como destaca Szymanski (2001), a ação educativa da escola

e da família apresenta nuances distintas quanto aos objetivos, conteúdos, métodos e

questões interligadas à afetividade, bem como quanto às interações e contextos

diversificados.

Assim, é fundamental que sejam implementadas ações que assegurem a

aproximação entre os dois contextos: família e escola, de maneira a reconhecer suas

peculiaridades e também similaridades, sobretudo, no tocante aos processos de

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desenvolvimento e aprendizagem, não só em relação ao aluno, mas também a todas as

pessoas envolvidas (POLÔNIA & DESSEN, 2007).

Quando a família e a escola mantêm boas relações às condições para um

melhor aprendizado e desenvolvimento do aluno podem ser potencializados. Através de

diferentes interações que se estabelecem entre essas instituições é que os vínculos são

construídos e mediados pela comunicação e pelo diálogo reflexivo pelo qual ocorre o

levantamento de possíveis soluções.

O caminho a ser percorrido por uma relação entre esses dois contextos será

construído e reconstruído no interior da escola, à medida que se avançar na

compreensão de que a participação favorece a experiência coletiva ao efetivar a

socialização de decisões e a divisão de responsabilidades. “A participação constitui-se,

pois, em elemento básico de integração social democrática”. (PRAIS, 1996, p. 84).

Nessa perspectiva, família e escola devem aproveitar, ao máximo, as possibilidades de

estreitamento de relações, porque o ajuste entre ambas e a união de esforços para a

educação dos alunos deve redundar, em elemento mediador de aprendizagens e de

formação do cidadão.

Assim, a tarefa da escola e do processo educativo encontra-se, presentemente,

frente a novas demandas formativas que é desenvolver no sujeito/aluno que aprende, a

capacidade de aprender, em razão das exigências postas pelo volume crescente de

dados acessíveis na sociedade e das redes de informação, da necessidade de tratar

com um mundo diferente e, também, de educar o aluno em valores e ajudá-lo a

construir personalidade flexível e eticamente ancorada.

O desafio de contribuir com a educação do aluno, num momento de mudanças e

incertezas, das necessidades de resgatar valores importantes condizentes com a

sociedade contemporânea, leva o professor a entender que deverá exercer o seu papel,

de acordo com os princípios de ensino e aprendizagem adotados, como saber lidar com

os erros, estimular a aprendizagem, ajudar os alunos a se organizarem, educar através

do ensino, entre outros. Desta maneira ele irá colaborar para a construção da

autonomia de pensamento e de ação, ampliando a possibilidade de participação social

e desenvolvimento. Também Morin (2000), expressa a exigência de se desenvolver

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uma inteligência geral que saiba discernir o contexto, o global, o multidimensional, a

interação complexa dos elementos.

As mudanças nas formas de aprender afetam as formas de ensinar, em vista da

subordinação das práticas de ensino à atividade de aprendizagem e às ações do

aprender e do pensar.

É preciso pensar numa escola que se abra para o mundo, que se abra para as

transformações: uma escola que vá de dentro para fora de fora para dentro. A escola

hoje é um espaço síntese entre a cultura experienciada, vivida pelos alunos (sujeitos)

na comunidade, na rua, na família, etc., e a cultura formal tem de ser encontrada na

escola (LIBÂNEO apud COSTA, 2007, p.39).

É papel da escola no desenvolvimento de processos intencionais e sistemáticos

de ajudar a pensar. Porque aprender a pensar depende de um trabalho com a cultura,

com a ciência, com a arte para os alunos poderem compreender e analisar a sociedade

em que vivem e isso, depende de processos sistemáticos do pensar. O propósito da

prática educativa é promover intervenções na forma do aluno pensar o conteúdo de

ensino e o mundo, levando-o a se compreender como um ser social particular, que se

forma na relação com o mundo e, que dependendo da qualidade dessa relação, pode,

transformar-se e também transformar as relações sociais do ambiente que lhe é

circundante.

Neste sentido, a escola tem como função primeira à transmissão dos

conhecimentos universal e particular, expressos pelo currículo formal ou oculto, além de

desempenhar um papel fundamental como espaço de socialização. O ensino e os

saberes estão presentes na escola e a aprendizagem pode ser considerada a

apropriação do ensino que se expressa de maneira diferenciada entre os sujeitos.

Sendo assim, a escola representa para cada pessoa uma unidade ímpar, singular,

dotada de toda uma peculiaridade. A diversidade está presente e pode ser vislumbrada

por meio de respostas, posturas e ações dos sujeitos na instituição social.

Assim, a leitura dos escritos de Saviani (1995), não deixa dúvidas de que, se

pretendemos uma educação cujo objetivo é o desenvolvimento humano, na escola, a

ênfase deve ser dada ao domínio da cultura produzida histórica e coletivamente pelo

humano. Quando apropriada pelos humanos em desenvolvimento, sob a forma de

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instrumentos simbólicos, a cultura possibilita uma relação não direta com os fatos e

fenômenos, garantindo ampliar infinitamente a possibilidade de relação com a realidade

objetiva. Isso porque a escola trabalha com a transformação do ser humano e, ao fazê-

lo, seguramente direciona suas ações. Ao desenvolver suas tarefas pedagógicas de

forma aberta, incentiva a curiosidade e a participação critica do aluno, estará desta

forma ajudando a transformar o cidadão.

Contudo, a sala de aula deve ser um lugar de aprender a reconstruir a cultura, de

aprender a pensar, de aprender a compartilhar. Assim, aprender cultura através do

desenvolvimento de processos de pensar, processos que devem ser sistemáticos, que

envolvam desenvolvimento de capacidade de investigação, capacidade de raciocínio,

capacidade de formação de conceitos. Trata-se de saber pensar com a metodologia de

investigação da ciência ensinada.

Esses processos podem se desenvolver através da socialização e comunicação;

das vivências de normas e regras; da organização do processo de trabalho e da

dinâmica da relação pedagógica. A intervenção pedagógica do professor na sala de

aula precisa sempre ser definida e redefinida optando por estratégias que garantam aos

alunos a compreensão das novas realidades, das novas exigências e dos novos

desafios do contexto social.

Libâneo (2004), compreende que o trabalho do professor com as questões

relacionadas ao ensino e aprendizagem é um trabalho prático, entendido em dois

sentidos, o de ser uma ação ética orientada para objetivos (envolvendo, portanto,

reflexão) e o de ser uma atividade instrumental adequada as situações. A reflexão

sobre a prática não resolve tudo, a experiência refletida não resolve tudo. Para isso,

são necessárias estratégias, procedimentos, modos de fazer, além de um sólido

conhecimento teórico que ajudam a melhor realizar o trabalho e melhorar a capacidade

reflexiva sobre o que e como mudar.

Assim, as relações entre professor e aluno se estabelecem de forma singular, a

escola e seus conteúdos não podem ter uma linearidade preestabelecida e, tampouco,

um processo de ensino e aprendizagem definido a princípio, sem o reconhecimento

desses sujeitos sociais e históricos envolvidos.

No entender de Feldmann (1999),

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O processo se constrói e se reconstrói a partir das relações, dos tempos, bem como do processo de desenvolvimento de cada sujeito inserido nessa relação social. Faz-se, pois, necessário ressignificar concepções de ensino, de aprendizagem e de desenvolvimento humano, respeitando e reconhecendo a alteridade e os diferentes significados para cada pessoa, com base nas interações sociais compartilhadas (FELDMANN, 2009, p.195-196).

É nesse espaço de vivência, de convivência, de relações pedagógicas, espaço

constituído pela diversidade e heterogeneidade de ideias, valores e crenças que se

entrecruzam os sujeitos do processo. Assim, esse espaço é impregnado de

significados, é espaço de formação humana, onde “a experiência pedagógica – o

ensinar e o aprender – é desenvolvida no vínculo: tem uma dimensão histórica,

intersubjetiva e intra-objetiva” (VALDEZ, 2002, p.24).

Para Pimenta (2002), o ensino, fenômeno complexo, enquanto prática social

realizada por seres humanos com seres humanos é modificada pela ação e relação

desses sujeitos, que, por sua vez, são modificados nesse processo. A identidade não é

um dado imutável nem externo, mas se dá em processo, na construção do sujeito

historicamente contextualizado. O ensino é uma tarefa complexa. Sendo assim o

processo de ensino aprendizagem pressupõe uma historicização, o sujeito/aluno e seu

contexto precisam ser reconhecidos e simbolizados. Necessário se faz considerar e

compreender o aluno situado, assinalado pela concretude das relações sociais em que

vive e nelas se constrói. Isso se estabelece pela rede relacional pela qual o sujeito

transita.

Para ensinar e para que se efetive a aprendizagem necessária se faz que o

professor mobilize conhecimentos didáticos, pedagógicos, sua atuação pessoal,

especialmente o recurso da comunicação, a capacidade de análise e de síntese, a

capacidade de relacionar-se de forma eficiente. A ação pedagógica, nesse sentido,

considera o aluno como sujeito ativo da própria aprendizagem. Sujeito que participa do

próprio processo, pesquisando, buscando informações, resolvendo problemas

concretos, estruturando racionalmente o que vai aprendendo. Portanto aprender não é

um ato de passividade ou obediência, mas de reflexão de sujeitos em relação de ensino

e aprendizagem. A partir de um referencial teórico que fundamenta a construção desse

conhecimento.

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Desta forma, o espaço escolar não pode ser classificado como neutro ou

ordenadamente construído por um grupo de pessoas, mas de uma unidade de caráter

singular, em que os saberes universal e particular muitas vezes entram em contradição.

Também comungam conhecimentos não disciplinares importantes, outras verdades

latentes, que se revelam no dia-a-dia da sala de aula, nos corredores, no pátio da

escola, enfim, no cotidiano do aluno, do professor, que certamente vão além muro e ao

mesmo tempo estão presentes na escola, espaço que coexiste uma diversidade de

padrões culturais, visões de mundo. Conhecer não é o ato através do qual um sujeito,

transformado em objeto, recebe dócil e passivamente, os conteúdos que outro lhe dá

ou impõe. O conhecimento exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo.

Requer sua ação transformadora sobre a realidade. Implica em invenção ou

reinvenção.

Feldmann contribui nesse sentido ao afirmar que,

[...] as relações estabelecidas nesse espaço vão além de sua organização física e curricular; estão carregadas de significados que podem ou não estar explicitadas por ela proclamada, constituindo-se em muitos momentos, de um espaço de reprodução ideológica dotada de toda uma intencionalidade (FELDMANN, 2009, p. 190).

O processo de ensino e aprendizagem advém de uma situação dialógica, na qual

tanto aluno quanto professor contribuem nessa relação. Pelo diálogo, o aluno incorpora

elementos da cultura presentes no seu grupo social. Assim, no contexto educacional,

ele pode ser compreendido como um instrumento pedagógico na medida em que, por

meio dele, novos significados são constituídos na relação entre professor e alunos.

O aprender acaba sendo um diálogo entre o saber e o conhecer, assim esse

diálogo passa por uma relação dialética entre ensinar e aprender. O processo do

diálogo produz a educação que permite que o ser humano tenha a capacidade crítica e

reflexiva. Enfatizar o diálogo como imprescindível na relação professor/aluno não

significa desconsiderar a diretividade necessária ao processo ensino e aprendizagem.

Esta relação por sua natureza antagônica, oferece riquíssimas possibilidades de

crescimento. A interação e o diálogo entre professor e aluno e entre alunos em sala de

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aula é diferenciada, pois o motivo dessa atividade é, em primeiro plano, o estudo

(SFORNI, 2003).

O diálogo oferece oportunidades, segundo Hernández,

[...] para expandir, reconsiderar uma questão ou problema e procurar compreendê-lo de diferentes maneiras. O que, por sua vez, permite desenvolver a consciência de aprender e impulsionar estratégias de pensar sobre a própria aprendizagem. Além disso, a partir do diálogo, enfatiza-se a reflexão, a investigação crítica, a análise, a interpretação e a reorganização do conhecimento (HERNÁNDEZ, 2002, p.20)

Neste sentido, o diálogo deve ser utilizado nas relações do âmbito escolar como

recurso mediador, diluindo a hierarquia entre professor e aluno. Afetando a interação

entre ambos, resultando numa aprendizagem significativa. Considerando o ensino e a

aprendizagem como algo que está necessariamente imbricado no processo interativo

dos sujeitos envolvidos e que estão em movimento contínuo e dinâmico, sendo assim

uma exigência existencial que possibilita a comunicação efetiva.

Assim, essa relação intercomunicativa constitui-se em um esquema horizontal

que agregará interesses e intenções à construção do conhecimento, oportunizando

assim uma melhor qualidade ao processo de ensino e aprendizagem. Nessa relação

constitutivamente dialógica, deve pautar-se o processo de ensinar e aprender

envolvendo questões sociais, culturais, políticas, econômicas, afetivas e cognitivas.

Toda a relação com o conhecimento também é uma relação com o existir

exterior, é um movimento e é neste espaço relacional que o professor realiza seu

trabalho social específico, que é ensinar/aprender, portanto, deve realizar seu trabalho

da melhor maneira possível. Cabe ao professor, ajudar a prepara os alunos para uma

nova sociedade, ajudar ao aluno transitar do estado de consciência alienada para a

superação de seu estado de classe; servir de ponte entre a realidade atual e a que se

quer (ORSO, 2008). O processo de aprender e avançar qualitativamente só é possível

pela intervenção do outro, que reciprocamente ensina, somente tendo êxito se

encontrar o sujeito potencialmente em construção, mobilizado nesta relação.

Portanto, a compreensão que o professor tem do aluno e do que deve realizar

com ele tem muitas implicações para o seu trabalho. Seu papel desdobra-se em muitas

funções que devem ser assumidas conforme o fluxo do desenvolvimento do aluno. É

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preciso ter metas e objetivos, sobre o que se vai ensinar, mas não se pode perder de

vista, para quem se está ensinando e é disso que decorre o como realizar. Integrar tudo

isso inclui dar conta de diversas facetas do processo ensino e aprendizagem, ou seja, a

do aluno concreto, real, a do conhecimento, e das estratégias de ensino, e a do

contexto cultural e histórico em que se situam (TACCA, 2000). Conjugar isso, exige

compromisso e responsabilidade com o aluno, o que permite avançar na exigência da

compreensão da pessoa no processo de ensinar e aprender.

Assim, o espaço da sala de aula é a possibilidade de vivenciar com os alunos a

transposição de saber científico em saber escolar, possibilitando a construção de novos

saberes. Não se esquecendo de que o conhecimento é uma construção coletiva e

histórica, não é neutro, nem pronto e nem acabado. Para que o conhecimento seja

significativo para os sujeitos da relação, a transposição do saber cientifico ao saber

escolar pressupõe que se tome a experiência do aluno (conhecimento cotidiano) como

referência para o processo de ensino e aprendizagem (KUENZER, 2000, p. 190). O

cotidiano dos alunos é dotado de sentido, no qual a estrutura temporal do já acontecido

fornece a historicidade que determina a situação de cada um na vida cotidiana

(FURLANI, 1998, p.76). Entretanto, adquire significado positivo ao se entender que o

conhecimento cotidiano é o primeiro conhecimento, pela proximidade com a existência

do dia-a-dia, por ter sua origem colada na facticidade da realidade e no agir carregado

de intencionalidade e significações do sujeito humano, como agente transformador

dessa realidade.

Efetivar uma práxis pedagógica de superação do conhecimento cotidiano

pressupõe que o professor esteja consciente de que

Os conceitos científicos não se aprendem ou se assimilam de maneira simples, como hábitos mentais uma vez que são exigidas relações mais complexas entre o ensino e o desenvolvimento desses conceitos. Assim, o ensino desempenha um papel primordial no surgimento e na aprendizagem dos conceitos científicos (GASPARIN, 2003, p.65).

A forma de a atividade escolar assumir os conhecimentos científico e cotidiano

confere ao conhecimento escolar uma caracterização nova, provinda imediatamente de

atuações didáticas e epistemológicas, que podem fundamentar sua característica

específica. A exigência é definir didaticamente as etapas do processo de elaboração do

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conhecimento, mantendo sempre presente o significado de aprendizagem como marca

epistemológica da relação dos sujeitos (professor e aluno) e preservando o conteúdo

dos saberes cotidianos e científicos como objeto na elaboração do conhecimento, cujo

produto é o saber escolar (SILVA; MOREIRA, 2010).

Ainda segundo os autores, este novo conhecimento escolar integrado ao

conhecimento cotidiano e ao conhecimento científico, podem oferecer aos professores

espaço para buscar os caminhos da valorização da docência e da identificação da

qualidade da educação escolar.

Para a efetivação da aprendizagem, se fazem necessárias intervenções didáticas

nos conteúdos e abordagens históricas e sociais dos conhecimentos cotidianos (senso

comum) e científico. Tais intervenções são expressões da práxis escolar, que

transformam as características de cada um dos conhecimentos em

epistemologicamente adequados ao novo conhecimento, reconhecido como escolar. Os

saberes do conhecimento cotidiano são tomados como a matéria-prima a ser

reelaborada com as contribuições do conhecimento cientifico, enquanto seus conteúdos

são didaticamente trabalhados para se converterem em instrumentos capazes de

fornecer elementos adequados para a construção do novo conhecimento (SILVA;

MOREIRA, 2010).

Desse modo, as relações entre o ensino e a aprendizagem, bem como entre o

aluno e professor, não podem ser hierárquicos, de dominação ou de subordinação. Elas

devem ser pautadas pelo esforço da mediação. O trabalho do educador, operando no

plano do mediato (conhecimento científico) é trazer o aluno para esse plano. Nessa

tensão entre forças opostas, na qual os conflitos podem ser velados ou explícitos, é que

se processa a mediação. O entendimento da mediação permite compreender o

movimento, a negatividade e a superação no contexto das relações entre professor e

aluno e entre ensino e aprendizagem.

É interessante ressaltar que, na perspectiva da mediação dialética, o processo

ensino e aprendizagem trabalha com essas duas expressões de saberes – cotidiano e

científico -, entendendo-as como ideias ou representações diferenciadas em relação ao

ambiente natural e social. E, com base nesse pressuposto, no trabalho educativo,

essas duas expressões do saber não são hierarquizadas, ao contrário, elas são

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igualmente importantes, por representarem os termos divergentes da relação

pedagógica: o saber científico é o saber mediato, e o saber cotidiano é o saber

imediato. Assim, pela mediação dialética, explicitam-se as diferenças desses termos

divergentes, e gera-se a contradição, responsável pelo movimento do processo de

ensino e aprendizagem e pela superação do imediato no mediato, permitindo que o

aluno elabore suas sínteses, o saber aprendido (ARNONI, 2004).

Segundo Arnoni (2004), a ação de ensinar não constitui a mera transmissão

(declamação) do saber científico e nem a simplificação deste. O ensinar deve estar

compromissado com o aprender e, para isso, torna-se necessário realizar a conversão

do saber científico em conteúdo de ensino, para que ele se torne ensinável (ensino-

professor), assimilável (aprendizagem-aluno) e preservador do saber científico

(socialização do saber cultural). Esse complexo processo de conversão preconiza os

processos de ensino e de aprendizagem, na perspectiva da mediação dialética,

centrados na problematização de situações capazes de gerar contradições entre o

ponto de partida (imediato) e o ponto de chegada (mediato) dos processos,

provocando a superação do imediato no mediato, possibilitando, assim, a

aprendizagem por compreensão, pela elaboração de sínteses cognitivas (saber

aprendido).

Nesse sentido, Charlot afirma que para o aluno se apropriar do saber, para que

construa competências cognitivas, é preciso que estude, que se engaje em uma

atividade intelectual e se mobilize intelectualmente. Mas, para que ele se mobilize, é

preciso que a situação de aprendizagem tenha sentido para ele, que possa produzir

prazer, responder a um desejo. O aluno aprende quando de alguma forma, o

conhecimento se torna significativo, ou seja, quando estabelece relações substantivas e

não arbitrárias entre o que se aprende e o que já conhece. É um processo de

construção de significados, mediado por sua percepção sobre a escola, o professor e

sua atuação, por suas expectativas, pelos conhecimentos prévios que possui. É a

primeira condição para que o aluno se aproprie do saber. A segunda condição é que

esta mobilização intelectual induza uma atividade eficaz (CHARLOT, 2008, p.54).

Ainda conforme o autor, para se chegar à aprendizagem ou aprender algo é

preciso desejar este objeto. É preciso que haja uma mobilização do próprio sujeito em

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atividades determinadas, é a atividade intelectual eficaz para se apropriar o saber, é

preciso, portanto, entrar em uma atividade intelectual, o que supõe o desejo, e

apropriar-se das normas que essa atividade implica.

Trevisol (2003), quando fala do desejo refere-se àquela disposição que existe em

todo ser humano de organizar todas as suas energias em vista de um objeto

considerado fundamental. Transferido para o campo do conhecimento é o

conhecimento prévio que se coloca como possibilidade de novo conhecimento, é o

conhecido, o aprendido que gera novas e maiores aprendizagens. Aprender pressupõe

uma proposta de desafios, a partir de situações e de procedimentos que despertam

desejo no aluno.

Assim, Grossi (2004) nos coloca, que devemos ver a escola e a aprendizagem

nela, a partir de alguns princípios como: de que aprender não é um fenômeno natural,

mas cultural; de que se aprende na interação e na interlocução social de um grupo com

núcleo comum de conhecimentos construídos e na heterogeneidade dos níveis da

caminhada dos conceitos que se quer construir; de que a inteligência é um processo e

de que todos podem aprender de forma diferenciada, respeitando a individualidade e os

limites dos sujeitos. O aprender é o caminho para atingir o crescimento, a maturidade e

o desenvolvimento como sujeito no mundo organizado.

Respeitar essa individualidade, aceitar as diferentes formar de sentir, pensar,

agir, de aprender é um ponto básico na educação do sujeito, que enfrenta o processo

de aprendizagem como uma totalidade, ou seja, a partir dos seus sentimentos, seu

corpo, sua capacidade intelectual e do seu esquema referencial. A aprendizagem é um

processo integral que ocorre durante toda a vida, é sempre uma reconstrução interna e

subjetiva, processada e construída interativamente, que ocorre dentro de um sistema

social organizado, sistematizado em ideias, pensamento e linguagem.

Em geral o processo de aprendizagem se dá ao longo da integração e da

adaptação do ser humano ao seu ambiente físico e social. Sendo assim, apesar da

complexidade e dos desafios que a família e a escola enfrentam, não se pode deixar de

reconhecer que os seus recursos são indispensáveis para a formação global do sujeito.

A sintonia entre ambas é fundamental para que se crie uma força de trabalho capaz de

provocar mudanças significativas no ambiente escolar. Portanto, a parceria entre a

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família e escola é necessária para que juntas atuem como contextos mediadores do

desenvolvimento pleno do aluno.

Consequentemente, os laços relacionais, estruturados e consolidados tanto na

escola como na família permitem que o sujeito lide com conflitos, aproximações e

situações oriundas destes vínculos, aprendendo a resolver problemas de maneira

conjunta ou individual. Conforme Polônia & Dessen (2007), nesse processo os estágios

diferenciados de desenvolvimento, característicos dos membros da família e também

dos seguimentos distintos da escola, constituem fatores essenciais na direção de

provocar mudanças nos papéis do sujeito em desenvolvimento, com repercussões

diretas na sua experiência de aprendizagem e formação psicológica, dependendo do

nível de desenvolvimento e demandas do contexto.

Essas instituições, como microssistemas da sociedade, não apenas refletem as

transformações atuais como também necessitam lidar com as diferentes demandas de

um tempo globalizado. Uma das tarefas mais significativas, é preparar tanto alunos,

como professores e pais para viverem e superarem as dificuldades em um mundo de

mudanças rápidas e de conflitos interpessoais, contribuindo para o processo de

desenvolvimento dos sujeitos.

1) ATIVIDADE DE AÇÃO DOCENTE:

Encontro para professores, equipe pedagógica e direção para apresentação da

Produção Didático-Pedagógica - Unidade Didática: A relação social entre a família e a

escola e as implicações nos processos de ensino e aprendizagem dos alunos.

Sistematização dos principais aspectos teórico-metodológicos da Unidade Didática,

para análise e discussão entre os participantes. Esta atividade será realizada durante a

Formação Continuada que a escola está desenvolvendo com toda a equipe escolar.

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2) ATIVIDADE DE AÇÃO DOCENTE:

a) Encontro com todos os pais dos alunos da 6ª série “A” do período matutino, que

participarão da pesquisa qualitativa referente ao Projeto de Intervenção

Pedagógica na Escola.

b) Escolha dos sujeitos participantes da pesquisa qualitativa: dez pais de alunos.

c) Socialização do Projeto Família e Escola: espaço relacional em construção.

d) Atividade: Assistir ao filme “Vida Maria”.

e) Análise do filme abordando os seguintes aspectos: (a) importância da educação

escolar para os filhos; (b) importância da participação familiar no contexto

escolar; e, (c) a exclusão social e seus reflexos na vida familiar.

SINOPSE DO FILME “VIDA MARIA”

Ficha Técnica:

Título: Vida Maria

Ano: 2006

Duração: 08min34seg

Gênero: animação

Direção: Márcio Ramos

Produção: Joelma Ramos

Co-produção: Viacg e Trio Filmes

Patrocínio: Governo do Estado do Ceará (Secretaria da

Cultura)

Disponível em: www.viacg.com/presskit/vidamaria

Fonte: www.diaadiaeducacao,pr.gov.br

O filme retrata de forma muito sutil a história de uma família nordestina, onde as

crianças têm sua infância bruscamente interrompida para colaborar no sustento da

família, infância essa resumida aos poucos recursos e as más condições de vida, traços

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bem parecidos com a vida real. Através de uma linguagem acessível tanto a adultos

quanto às crianças, o vídeo mostra como a formação cultural dos sujeitos tem estreita

relação com os valores familiares. Os sujeitos, quando não influenciados por culturas

urbanas, conservam tanto os valores pessoais quanto os culturais adquiridos em seus

pequenos e limitados espaços sociais, que são as famílias.

3) ATIVIDADE DE AÇÃO DOCENTE:

Pesquisa de campo por meio de uma pesquisa qualitativa para caracterização da

relação entre família e escola. Como procedimento metodológico será utilizada a

técnica de entrevista semi-estruturada, abordando tópicos em relação à família e

escola, para a compreensão deste fenômeno em seus aspectos subjetivos e

particulares, considerando o ambiente natural pesquisado, como sua principal fonte.

O público a ser entrevistado será composto por dez pais de alunos (escolhidos

aleatoriamente), direção, duas integrantes da equipe pedagógica e quatro professores

que atuam há mais de dez anos na escola.

ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM OS PAIS

1) Responsabilidades da família na educação dos filhos.

2) A importância da educação escolar na vida dos filhos e da família.

3) A importância da participação da família no contexto escolar.

4) Comparecimento à escola quando convocado/convidado/espontaneamente.

5) Ao comparecer a escola como se estabelece o diálogo com:

� Direção;

� Equipe Pedagógica;

� Professores;

� Funcionários.

6) Contribuição da família em casa no processo de aprendizagem.

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7) A escola motiva ou desmotiva seu filho a estudar.

ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM OS PROFESSORES

1) No espaço da sala de aula, otimização do tempo em relação a:

� Ensino e aprendizagem;

� Questão comportamental.

2) Como percebe o aluno durante as aulas/quem é esse sujeito?

3) Expectativas em relação aos alunos, como se estabelece o relacionamento.

4) No contexto com os pais como se estabelece o diálogo:

� Fala sobre a aprendizagem dos alunos;

� Sobre questões comportamentais;

� Outros assuntos.

5) Avaliação do rendimento escolar dos alunos que os pais têm participação na

escola.

6) Entraves que dificultam o processo de aproximação da família junto à escola.

ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM DIREÇÃO E EQUIPE PEDAGÓGICA

1) Na atualidade, qual o maio desafio dentro do espaço escolar?

2) A escola privilegia o processo ensino e aprendizagem?

3) No contexto diário, como se estabelece o diálogo com:

� Equipe Pedagógica;

� Com os professores;

� Com os funcionários;

� Com os pais;

� Com os alunos;

� Com a comunidade em geral.

4) Estratégias que a escola utiliza para articular-se com a família.

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5) Eficiência dessa forma de comunicação.

6) Participação dos pais nas atividades propostas pela escola.

7) Possibilidades de efetivação da participação dos pais na escola.

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