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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: MODELAGEM MATEMÁTICA: uma abordagem histórica e possibilidades pedagógicas no ensino
da matemática
Autor Alice Maria Martins Rockenbach
Escola de Atuação Colégio Estadual Cyríaco Russo – Ensino Médio e Normal
Município da escola Bandeirantes
Núcleo Regional de Educação Cornélio Procópio
Orientador João Coelho Neto
Instituição de Ensino Superior UENP – Campus Cornélio Procópio
Disciplina/Área (entrada no PDE) Matemática
Produção Didático-pedagógica Unidade Temática
Relação Interdisciplinar
(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)
Público Alvo
(indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)
Professores do Ensino Médio
Localização
(identificar nome e endereço da escola de implementação)
Escola: C. E. “Cyríaco Russo”
Rua: Benjamin Caetano Zambom - 530
Apresentação:
(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)
Esta unidade temática tem como objetivo apresentar aos professores da escola pública as possibilidades de trabalhar com a modelagem matemática com a finalidade de garantir um aprendizado eficiente, e justifica-se pelo fato de que muitos professores que atuam nas escolas públicas tiveram uma formação tradicional e, nem sempre acompanharam as diversas tendências metodológicas do ensino da Matemática. A metodologia utilizada no desenvolvimento deste trabalho foi a pesquisa-ação em autores e documentos que tratam sobre a importância do trabalho com matemática relacionando-a com o cotidiano do aluno.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Matemática. Modelagem. Professores. Escola pública.
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ CAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
ALICE MARIA MARTINS ROCKENBACH
MODELAGEM MATEMÁTICA: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA E POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA
CORNÉLIO PROCÓPIO 2011
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ALICE MARIA MARTINS ROCKENBACH
MODELAGEM MATEMÁTICA: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA E POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA
Unidade Temática apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria do Estado da Educação (SEED). Orientador: Prof. João Coelho Neto.
CORNÉLIO PROCÓPIO 2011
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IDENTIFICAÇÃO PROFESSORA PDE: Alice Maria Martins Rockenbach
ÁREA PDE: Matemática
PROFESSOR ORIENTADOR IES: João Coelho Neto
IES VINCULADA: UENP Campus Cornélio Procópio
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÂO: Colégio Estadual Cyríaco Russo – Ensino Médio e
Normal
PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Professores do Ensino Médio
TEMA DE ESTUDO: Concepção sobre a matemática e as práticas avaliativas.
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SUMÁRIO
1 MODELAGEM MATEMÁTICA: uma abordagem histórica e possibilidades
pedagógicas no ensino da matemática ....................................................................... 5
2 A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA: uma contextualização para a Modelagem
Matemática. ................................................................................................................. 5
3 BREVE HISTÓRICO DA MODELAGEM MATEMÁTICA .......................................... 8
3.1 Conceitualização de Modelagem Matemática. ...................................................... 9
3.2 Modelagem Matemática: possibilidades de utilização em sala de aula ............... 12
3.3 Modelagem Matemática: exemplos de aplicação e possibilidades pedagógicas 13
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 16
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1 MODELAGEM MATEMÁTICA: uma abordagem histórica e possibilidades pedagógicas no ensino da matemática
A presente produção apresenta uma reflexão sobre a prática pedagógica dos
professores que trabalham com a disciplina de Matemática, com o objetivo de
apresentar aos professores da escola pública as possibilidades de trabalhar com a
Modelagem Matemática com a finalidade de garantir um aprendizado eficiente.
Muitos professores que atuam nas escolas públicas tiveram uma formação
tradicional e, com as mudanças sociais, políticas e educacionais, além das várias
tendências metodológicas do ensino da Matemática, com o objetivo de garantir um
aprendizado eficiente, nem sempre foram acompanhadas pelos mesmos.
Neste sentido, é importante que os professores tenham conhecimento da
metodologia Modelagem Matemática, que se destaca por proporcionar ao aluno um
aprendizado prazeroso, onde busca a solução para problemas do cotidiano ou algo
do interesse do aluno.
As Diretrizes Curriculares para a Educação Básica no estado do Paraná traz
que “o trabalho pedagógico com a modelagem matemática possibilita a intervenção
do estudante nos problemas reais do meio social e cultural em que vive, por isso,
contribui para sua formação crítica” (PARANÁ, 2008, p. 65).
Sendo assim, a abordagem que se faz neste material didático relaciona-se
com a possibilidade de promover um diálogo com os colegas professores do ensino
médio do Colégio Cyríaco Russo, da cidade de Bandeirantes, Estado do Paraná,
compartilhar e discutir sobre o uso dessa metodologia como ferramenta para
compreensão dos conceitos matemáticos.
2 A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA: uma contextualização para a Modelagem Matemática.
Em Paraná (2008) apresenta a história da matemática desde suas origens
até sua constituição como disciplina do currículo escolar brasileiro.
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Ainda em Paraná (2008) mostra que os primeiros registros, classificados
como álgebra linear são por volta de 2000 a.C. No campo do conhecimento a
matemática surgiu com a civilização grega, por volta do século VII a.C. pelo
raciocínio abstrato para justificar a origem do mundo.
Essa concepção perdurou até o século XVII d.C. e nesse período
desenvolveram-se a aritmética, a geometria, a álgebra e a trigonometria. A partir do
século II d.C., o ensino da aritmética privilegiou uma exposição mais completa dos
seus conceitos. No século V d.C. até o século VII d.C. o ensino teve caráter
estritamente religioso e a matemática era ensinada para atender os cálculos do
calendário litúrgico e determinar datas religiosas (PARANÁ, 2008).
“Entre o século VIII e IX d.C. surgiram as primeiras ideias que privilegiavam
o aspecto empírico da matemática e se mantiveram atreladas entre os séculos X e
XV d.C.” (PARANÁ, 2008, p. 40)
O século XVI demarcou o conhecimento denominado de matemáticas de
grandezas variáveis, chamada hoje de Matemática Aplicada. Ainda, “nesse século,
os colégios católicos jesuítas contribuíram para que a matemática fosse introduzida
como disciplina nos currículos da escola brasileira, no século XVII surgiu a
concepção da lei quantitativa que levou a conceito de função e do cálculo
infinitesimal”. (PARANÁ, 2008, p. 41-42)
No século XVIII ocorreram as Revoluções Francesa e Industrial e a pesquisa
matemática voltou-se para o processo de industrialização e, até o início do século
XIX, “o ensino de matemática foi desdobrado em aritmética, álgebra e trigonometria
contribuindo para formar engenheiros, geógrafos e topógrafos”. (PARANÁ, 2008, p.
43).
Entre os séculos XIX e XX, o ensino da matemática foi discutido em
encontros internacionais, nos quais elaboraram propostas pedagógicas que
contribuíram para legitimar a matemática como disciplina escolar. “Matemáticos,
antes pesquisadores, tornaram-se também professores e preocupados com as
questões do ensino.” (PARANÁ, 2008, p. 45)
Em 15 de janeiro de 1929 foi publicado o decreto 18.564 oficializando a
junção da aritmética, álgebra, geometria e trigonometria numa única, denominada
matemática.
Nas décadas de 1940 a 1980 a tendência do empírico-ativista influenciou a
produção de alguns materiais didáticos e a prática pedagógica de muitos
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professores no Brasil. O estudante era considerado o centro do processo e o
professor, o orientador da aprendizagem. (PARANÁ, 2008)
Até o final da década de 1950, a tendência que prevaleceu no Brasil foi a
formalista clássica, baseada no “modelo euclidiano e na concepção platônica de
matemática”, nessa tendência, a aprendizagem era centrada no professor e no seu
papel de transmissor e expositor do conteúdo. (PARANÁ, 2008, apud FIORENTINI,
1995, p. 43)
A tendência formalista moderna, observada após a década de 1950, valoriza
a lógica estrutural das ideias matemáticas, com a reformulação do currículo escolar,
por meio do Movimento da Matemática Moderna, o ensino era centrado no professor
que demonstrava os conteúdos na sala de aula.
Com o golpe de 1964, foi necessário também um redirecionamento da
política nacional. Os cursos profissionalizantes e a tendência pedagógica tecnicista
contribuíram para a escola preparar o individuo para se inserir no mercado de
trabalho. O caráter mecanicista foi marcante na década de 1960 e a pedagogia
tecnicista não se centrava no professor ou no estudante, mas nos objetivos
instrucionais, nos recursos e nas técnicas de ensino.
A tendência construtivista surgiu para discutir o ensino da matemática na
década de 1980. Nessa tendência, o conhecimento matemático resulta de ações
interativas e reflexivas dos estudantes no ambiente ou nas atividades pedagógicas.
A interação entre os estudantes e o professor era valorizada e o espaço de
produção individual se traduzia nas ações e reflexões realizadas coletivamente.
A tendência pedagógica sócio-etnocultural surgiu a partir da discussão sobre
a ineficiência do Movimento Modernista e a matemática deixou de ser vista como um
conjunto de conhecimentos universais e bem definidos, passando a ser considerada
como um saber dinâmico, prático e relativo. A relação professor-estudante, nesta
concepção era dialógica.
A tendência histórico-crítica surgiu em meados de 1984 e buscava a
construção do conhecimento a partir da prática social. Neste caso, a aprendizagem
da matemática consiste em criar estratégias que possibilitam ao aluno construir
significado às ideias matemáticas e tornar-se capaz de estabelecer relações,
justificar, analisar, discutir e criar. A ação do professor é articular o processo
pedagógico, a visão do mundo do aluno, suas opções diante da vida, da história e
do cotidiano.
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A Secretaria Estadual de Educação do estado do Paraná (SEED) iniciou, em
1987, discussões coletivas para elaboração de novas propostas curriculares e a
reestruturação do ensino de Segundo Grau foi concluída em 1988.
A partir de 1988, o Ministério da Educação distribuiu os Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (PCN)de cada disciplina e, na de
matemática, o processo de ensino enfatizou o uso dessa disciplina para resolver
problemas locais e estimulou a abordagem dos temas matemáticos.
A Secretaria de Estado da Educação (SEED), a partir de 2003, deflagrou um
processo de discussão coletiva com professores nos diferentes níveis e modalidades
de ensino, com educadores dos Núcleos Regionais e das equipes pedagógicas da
Secretaria de Estado da Educação, que resultou na construção das Diretrizes
Curriculares da Educação Básica (DC), que resgatam importantes considerações
teóricos-metodológicas para o ensino da matemática.
3 BREVE HISTÓRICO DA MODELAGEM MATEMÁTICA
Segundo Burak (1992) a Modelagem Matemática como alternativa de ensino
da Matemática para o Ensino Fundamental e Médio, iniciou em 1985, na
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Campus de Rio
Claro - SP.
A Modelagem Matemática, no Brasil, foi introduzida por um grupo de
professores, especialmente, Ubiratan D’Ambrósio e Rodney Carlos Bassanezi,
ambos do Instituto de Matemática, Estatística e Ciências da Computação (IMECC),
da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) que divulgaram, em forma de
livros, cursos de especialização, artigos, palestras e orientações de trabalhos de
conclusão de mestrado e doutorado essa alternativa de ensino.
Burak (1987) mostra que os primeiros trabalhos envolvendo essa forma de
ensinar matemática aconteceram no início da década de 80, a partir dos cursos de
especialização para professores na Faculdade de Filosofia de Guarapuava (FAFIG),
em Guarapuava, Estado do Paraná, hoje Universidade Estadual do Centro-Oeste
(UNICENTRO). Essa alternativa de ensinar Matemática consistia de três fases:
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- Fase I: Metodologia do Ensino de Matemática e Modelagem no 1º grau e
Modelagem Matemática no 2º grau. Nessa fase os grupos de professores-aluno
visitavam onde se desenvolviam as principais atividades econômicas do município.
- Fase II: Modelagem no 2º grau e História da Matemática. As visitas
consistiam na coleta de dados para os trabalhos nesta fase.
- Fase III: Algumas disciplinas como: Cálculo Diferencial e Integral,
Probabilidade e Estatística e Álgebra Linear. Essa fase era destinada a formulação
de problemas envolvendo conteúdos matemáticos em nível superior.
O movimento pela adoção de Aplicações e de Modelagem Matemática no
ensino de matemática passa a ocorrer a partir da década de 1970. Os projetos
liderados por Hans Freudenthall, na Holanda, denominado IOWO e, por Bernheln
Booss e Mogens Niss, na Dinamarca (Universidade de Roskilde) levaram, em 1978,
a organizarem um congresso sobre Matemática e Realidade, que contribuiu para a
consolidação, em 1983, do Grupo Internacional de Modelagem Matemática e
Aplicações – ICTMA (BIEMBENGUT, 2007).
No final da década de 80, com trabalhos de conclusão de mestrado voltado
para o ensino e especializações, teve início, nacionalmente, a formação de massa
crítica a respeito da Modelagem Matemática e suas concepções.
3.1 Conceitualização de Modelagem Matemática.
Biembengut e Heim (2007) afirmam que matemática e realidade são dois
conjuntos disjuntos e a modelagem é um meio de fazê-lo interagir. A modelagem
Matemática sempre esteve presente na criação de teorias científicas, especialmente
em teorias matemáticas e, atualmente, é usada em toda ciência, contribuindo para a
evolução do conhecimento.
A modelagem no ensino pode ser um caminho para despertar o interesse
matemático por tópicos que o aluno desconhece e dar a ele oportunidade de
resolver situações-problemas através de pesquisa despertando seu senso crítico
(BIEMBENGUT; HEIM, 2007).
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A descrição sobre a modelagem matemática como uma arte ao formular,
resolver e elaborar expressões que valham para uma solução particular e
posteriormente para outras aplicações e teorias é proposto por Biembengut (1999),
que confirma que é o processo que envolve obtenção de um modelo.
A modelagem é tida como uma técnica que possibilita tornar a matemática
mais atrativa e participativa. De acordo com Bassanezi (2009, p. 24) mostra que a:
Modelagem Matemática é um processo dinâmico utilizado para obtenção e validação de modelos matemáticos. A modelagem consiste, essencialmente, na arte de transformar situações da realidade em problemas matemáticos cujas soluções devem ser interpretadas na linguagem usual. A modelagem é eficiente a partir do momento que nos conscientizamos que estamos sempre trabalhando co aproximações da realidade, ou seja, que estamos elaborando sobre representações de um sistema ou parte dele.
A modelagem é um processo que liga a teoria e a prática, motivando quem a
utiliza a entender a realidade do cotidiano e buscar meios para agir e transformá-la,
sendo vista, desta forma, não apenas como estratégia de ensino mas um estudo
seguindo etapas, onde o conteúdo matemático vai sendo sistematizado e aplicado
(BASSANEZI, 2009).
Segundo Burak (1992) a modelagem matemática possibilita o envolvimento,
de forma natural e indissociável, do ensino e das pesquisas, com o objetivo de
desenvolver a autonomia do aluno tornando o ensino dinâmico e significativo.
Segundo Bean (2001, p.53) mostra que:
A essência da modelagem matemática consiste em um processo no qual as características pertinentes de um objeto ou sistema são extraídas, com a ajuda de hipóteses e aproximações simplificadoras, e representadas em termos matemáticos (o modelo). As hipóteses e aproximações significam que o modelo criado por esse processo é sempre aberto a critica e ao aperfeiçoamento.
De acordo com as Diretrizes Curriculares para o ensino de Matemática (DCN,
2008) a modelagem é apresentada como pressuposto e problematização de
situações do cotidiano, ao mesmo tempo em que propõe a valorização do aluno no
contexto social. Por meio da modelagem matemática, fenômenos diários, sejam eles
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físicos, biológicos e sociais, constituem elementos para análise crítica e
compreensões diversas do mundo.
A matemática enquanto disciplina escolar embasa os conceitos da Física, da
Química, da Astronomia, da Geografia e outras disciplinas, no entanto, sempre foi
vista como uma disciplina difícil e uma boa parte dos alunos tem certa resistência ao
seu ensino, por não relacionar o conteúdo adquirido na escola e sua vida.
Muito se tem estudado em relação à importância de se usar Modelagem como
método de ensino e aprendizagem de matemática, sendo que Biembengut e Heim
(2007, p.18) trazem os seguintes objetivos para demonstrar suas vantagens:
Aproximar outra área do conhecimento da Matemática;
Enfatizar a importância da Matemática para a formação do aluno;
Despertar o interesse pela Matemática ante a aplicabilidade;
Melhorar a apreensão dos conceitos matemáticos;
Desenvolver a habilidade para resolver problemas e
Estimular a criatividade.
Biembengut e Heim (2007, p. 23) esperam que por meio da modelagem, seja
possível “incentivar a pesquisa; promover a habilidade em formular e resolver
problemas; lidar com tema de interesse; aplicar o conteúdo matemático e
desenvolver a criatividade”.
Ainda, Barbosa et. al. (2007) enfatiza que a razão de usar Modelagem, como
metodologia, está relacionada com o interesse de formar sujeitos para atuarem
ativamente na sociedade e capazes de analisarem a forma como a matemática é
usada nos debates sociais.
Afirma, também, que as atividades de matemática podem contribuir para
desafiar a ideologia da certeza e colocar visão crítica sobre as aplicações da
matemática, podendo assim potencializar a intervenção das pessoas nas tomadas
de decisões que envolvem aplicações na matemática e conclui que essa
metodologia "para mim, é um ambiente de aprendizagem no qual os alunos são
convidados a problematizar e investigar, por meio da matemática, situações com
referência na realidade”.
Biembengut (1999) mostra que a modelagem matemática no ensino pode ser
um caminho para despertar no aluno o interesse por temas matemáticos que ainda
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não conhece e ao mesmo tempo aprender criar um modelo matemático pelo fato do
aluno ter oportunidade de estudar situações-problemas por meio de pesquisa.
A ideia de que um educando constrói sua autonomia por meio de pesquisa, é
defendida por Demo (1996, p. 16), que completa os dizeres de Freire (1995)
explicando que:
Educação não é só ensinar, instruir, domesticar, é sobretudo, formar a autonomia do sujeito histórico competente, uma vez que o educando não é objeto de ensino, mas sim sujeito do processo, parceiro do trabalho, trabalho este entre a individualidade e solidariedade.
Para Freire (1995) a raiz da educação está no homem que se descobre como
um ser inacabado, em uma busca constante de ser mais e procurar se educar.
3.2 Modelagem Matemática: possibilidades de utilização em sala de aula
Diferentes autores apresentam propostas para o trabalho com a Modelagem
Matemática.
Os passos descritos por Burak (1987) são: escolha do tema; pesquisa
exploratória; levantamento dos problemas; resolução dos problemas e
desenvolvimento da Matemática relacionada ao tema e análise crítica das soluções.
Biembengut (1999, p. 37) define as seguintes etapas que devem ser
seguidas:
[...] apresentação do processo; escolha do tema; planejamento do trabalho a ser desenvolvido pelos grupos; orientação no processo; conteúdo matemático; apresentação de modelos matemáticos e validação e extensão dos trabalhos desenvolvidos.
Já, de acordo com Bassanezi (2009, p.26) as sequências de etapas para o
trabalho com modelagem matemática são:
[..] experimentação (obtenção de dados); abstração (seleção de variáveis, problematização, formulação de hipóteses, simplificação); resolução
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(modelo obtido substituindo a linguagem natural por uma linguagem matemática coerente); validação (aceitação ou não do modelo proposto); modificação (nenhum modelo pode ser considerado definitivo, podendo sempre ser melhorado).
Biembengut e Heim (2007) sugerem alguns critérios de avaliação do
processo, indicando que o professor pode adotar uma teoria levando em conta dois
aspectos: a avaliação como fator de redirecionamento do trabalho do professor e a
avaliação para verificar o grau de aprendizado do aluno.
Ao avaliar o aprendizado do aluno, pode-se analisar os aspectos:
a) Subjetivos (a observação do professor): avaliar o empenho do aluno na
participação, assiduidade, cumprimento das tarefas e espírito comunitário.
b) Objetivos (provas, exercícios, trabalhos realizados): com os critérios para a
produção e conhecimento matemático, produção de um trabalho de modelagem em
grupo e extensão e aplicação do conhecimento.
Destaca-se ainda, a importância dos alunos conhecerem, com antecedência,
os critérios e os indicadores adotados na avaliação.
3.3 Modelagem Matemática: exemplos de aplicação e possibilidades pedagógicas
Biembengut; Hein (2007) trazem exemplos com intenção de nortear trabalhos
em sala de aula. O professor pode utilizá-lo, adaptá-lo, acrescentar ou excluir
tópicos de acordo com a série a trabalhar e objetivos a alcançar. O desenvolvimento
de cada modelo segue três etapas fundamentais: intervenção, matematização e
modelo.
A sugestão de Biembengut; Hein (2007) é que se inicie uma conversa
informal para detectar o conhecimento do aluno a respeito do conteúdo e interesse
pelo trabalho, com a finalidade de estimular a participação de todos tornando-os
também responsáveis pelo aprendizado.
O tema embalagem pode ser utilizado desde as séries iniciais até o ensino
superior adaptando a forma de embalagem e o conteúdo de acordo com o programa
de ensino. Em qualquer grau de escolarização é importante uma conscientização
sobre o meio ambiente e a reciclagem do lixo.
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O Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduo Sólido (MGIRS), de
acordo com Monteiro (2001, p. 120) denomina-se reciclagem "a separação de
materiais do lixo domiciliar, tais como: papéis, plásticos, vidros e metais, com a
finalidade de trazê-los de volta a indústria para serem beneficiados".
Esses materiais são novamente transformados em produtos comercializáveis
no mercado de consumo, ou seja, a reciclagem surge como uma das alternativas
mais viáveis para o meio ambiente porque ela é o resultado de uma série de
atividades pelas quais os materiais que se tornariam lixo ou que estão no lixo sejam
desviados, coletados, separados e processados para serem usados como matéria-
prima na manufatura de novos produtos (ALENCAR, 2005).
Sendo assim, a utilização de embalagens, para a utilização em modelagem
matemática é conveniente, pois nessa proposta é permitido desenvolver conceitos
de geometria plana e espacial; sistemas de medidas: linear, superfície, volume,
capacidade e massa e função do 2º grau.
Desta maneira, pode-se trabalhar com:
1. Analisando Formas e Tipos.
Que formas geométricas estão presentes nas caixas e nas latas?
Nesta etapa, solicita-se ao aluno, embalagens e complemente, com outras
que possivelmente o aluno não se lembre, como: copinho de sorvete (cone), copos
plásticos de água e café (tronco de cone) e embalagens com formas de prismas e
pirâmides.
O professor resgata conceitos geométricos e os alunos conceitos
elementares. Podem ser apresentados nomes como prisma, cilindro, cone, etc. e
dependendo da série e do programa, pode-se desenvolver geometria plana ou
espacial, ou ambas.
Como se faz uma caixinha?
Para criar uma embalagem é necessário saber o tipo, tamanho e o material.
Com essas informações, procura-se fazer inicialmente um desenho contendo
informações como medida, material, entre outros dados.
Essa construção vale como modelo de embalagem e, além de utilizar vários
conceitos geométricos, propicia noção espacial.
Qual a quantidade de material utilizado em uma embalagem?
Para fazer este cálculo, com embalagem de qualquer formato, basta planificar
(abrir) fazendo um esboço com as dimensões e calcula-se a área das figuras.
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Nessa etapa, podem ser introduzidas as medidas de superfície-área.
Considerando que nem todas as medidas são inteiras, pode-se relembrar operações
com números decimais ou implementar o uso da calculadora.
Qual a forma ideal para uma embalagem?
Para responder essa questão pode-se utilizar duas embalagens de formatos
diferentes e mesmo volume (1 caixa de leite e uma lata de óleo) trabalhando com os
seguintes objetivos: determinar a quantidade de material - área - necessária para
cada uma delas e o volume que é a medida do espaço ocupado por este (prisma
quadrangular e cilindro) e verificar a diferença entre o volume ocupado pela
embalagem e a capacidade (volume interno do sólido).
Com esses valores, podem-se calcular as áreas das superfícies das duas
embalagens. Embora as embalagens tenham o mesmo volume e a mesma altura, as
áreas não são as mesmas, pois uma embalagem de forma retangular utiliza mais
material que uma de forma cilíndrica.
A diferença é pequena, mas somando as milhares de embalagens acaba
tornando-se significativa. Nessa etapa, pode-se desenvolver conceitos de medidas
de volume, capacidade e massa. Dependendo do grau de escolaridade entre massa
e peso.
Esta metodologia da Modelagem matemática permite, conforme cita Freire
(1995, p. 31-32) dizer que “a educação não é um processo de adaptação do
indivíduo na sociedade. O homem deve transformar a realidade”, complementando
que "um educador que restringe os educandos a um plano pessoal impede-os de
criar".
Segundo Freire (1995) a educação deve criar possibilidades para o educando,
baseado no seu cotidiano familiar para que construa seu próprio conhecimento.
Ao adotar a modelagem matemática damos uma dimensão à realidade da
nossa comunidade escolar, introduzindo uma metodologia diferenciada preservando
a identidade cultural e proporcionando ao aluno melhorar seu desempenho e torná-
lo um dos agentes de mudança.
Segundo Biembengut; Hein (2007, p. 124), os alunos e os professores ao
participarem de um trabalho de modelagem, onde a relação entre o que se aprendeu
e o que se executou, se tornarão mais entusiasmados com a possibilidade de
transformar a escola e preparar o individuo, mesmo que de forma lenta e gradual,
para atuar no meio em que vive.
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REFERÊNCIAS
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BASSANEZI, R. C. Ensino aprendizagem com modelagem matemática: uma nova estratégia. São Paulo: Contexto, 2009.
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BIEMBENGUT, M. S. Modelagem Matemática & Implicações no Ensino e Aprendizagem de Matemática. Blumenau: Ed. FURB, 1999.
BIEMBENGUT, M. S; HEIN, N. Modelagem Matemática no ensino. São Paulo: Ed. Contexto, 2007.
BURAK, D. Modelagem Matemática: ações e interações no processo ensino-aprendizagem. Campinas, SP. 1992. [Tese] Doutorado em Educação. Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP. Campinas, 1992.
BURAK, D. Modelagem Matemática: uma metodologia alternativa para o ensino da Matemática na 5ª série. [Dissertação] Mestrado em Ensino da Matemática. IGGE, Universidade Estadual Paulista Julho Mesquita Filho, UNESP. Rio Claro, 1987.
DEMO, P. Educar pela Pesquisa. Campinas, SP: Ed. Autores Associados, 1996.
FREIRE, P. Educação e Mudança. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1995.
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MONTEIRO, J. H. P. et al. Manual de Gerenciamento Integrado de resíduos sólidos (MGIRS). Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República (SEDU/PR). Rio de Janeiro: IBAM, 2001.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação, Departamento da Educação Básica. Diretrizes Curriculares de Matemática para a Educação Básica, Curitiba: SEED/DEB, 2008.