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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: Síndrome de Burnout no Professor: Identificação, Sintomas e Prevenção

Autor Vilma Caldeira de Oliveira

Escola de Atuação Escola de Educação Especial “Maria de Nazaré” - APAE

Município da escola Jacarezinho

Núcleo Regional de Educação Jacarezinho

Orientador Maria de Lourdes Oliveira Ximenes

Instituição de Ensino Superior UENP

Disciplina/Área (entrada no

PDE)

Educação Especial

Produção Didático-Pedagógica Caderno Temático

Relação Interdisciplinar _

Público Alvo

Professores da Educação Especial

Localização Escola de Educação Especial “Maria de Nazaré” – APAE

BR 153 - Km 16 – Jacarezinho/PR

Apresentação:

Esta temática tem por objetivo enfatizar a importância da

Saúde Mental do professor, ressaltando o caráter preventivo

para identificar os fatores que interferem no seu

desenvolvimento saudável. O cuidado incessante que faz

parte do cotidiano do professor pode levá-lo a um

esgotamento físico e emocional, causando-lhe desmotivação

profissional e estresse intenso, podendo chegar à Síndrome

de Burnout, sendo necessário conhecer suas principais

causas, sintomas e conseqüências. Este estudo propõe a

adoção de ações preventivas para orientar os professores

quanto aos riscos da manifestação desta doença, bem como

promover medidas que contribuam para sua realização

pessoal e profissional.

Palavras-chave(3 a 5 palavras) Saúde Mental.Síndrome de Burnout. Professor. Ações

preventivas

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SÍNDROME DE BURNOUT NO PROFESSOR: IDENTIFICAÇÃO,

SINTOMAS E PREVENÇÃO

Autora: OLIVEIRA, Vilma Caldeira – UENP [email protected]

Orientadora: XIMENES, Maria de Lourdes Oliveira – UENP [email protected]

“O desrespeito às condições favoráveis para o professor realizar sua tarefa docente é uma ofensa aos educandos, aos educadores e a prática pedagógica.”

Paulo Freire

Resumo

Uma prática pedagógica de qualidade depende também de uma boa qualidade de vida do educador. Neste aspecto, enfatizamos nesta unidade a importância da Saúde Mental do professor, ressaltando o caráter preventivo para identificar os fatores que interferem no seu desenvolvimento saudável. O cuidado incessante que faz parte do cotidiano do professor pode levá-lo a um esgotamento físico e emocional, causando-lhe desmotivação profissional e estresse intenso, podendo chegar à Síndrome de Burnout, sendo necessário conhecer suas principais causas, sintomas e conseqüências. Este estudo propõe a adoção de ações preventivas para orientar os professores quanto aos riscos da manifestação desta doença, bem como promover medidas que contribuam para sua realização pessoal e profissional.

Palavras-chave:Saúde Mental.Síndrome de Burnout. Professor. Ações preventivas

IDENTIFICANDO A SÍNDROME DE BURNOUT

A profissão do professor está entre uma das mais desgastantes.

Nesse sentido, as pesquisas nos mostram que o que mais afeta a saúde do

professor é o estresse como conseqüência de sua atividade laboral, comprometendo

não só sua saúde física, psíquica e comportamental, como também a qualidade do

ensino.

Quando o estresse se torna prolongado e crônico e gerado no ambiente de

trabalho, ele pode ser identificado como Síndrome de Burnout.

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A Síndrome de Burnout se constitui em um conjunto de sintomas decorrentes

do estresse ocupacional crônico e que, segundo CODO (2006), através dele o

profissional perde o sentido de sua relação com o trabalho, de forma que as coisas

já não o importam mais, provocando-lhe um esgotamento emocional que se reflete

na sua auto estima e gera um sentimento de frustração e exaustão física e mental,

sendo a causa proveniente somente do seu trabalho.

É também definida por Maslach e Jackson (apud Codo 2006, p. 208), como

“uma reação emocional crônica gerada a partir do contato direto e intenso com

outras pessoas no seu ambiente de trabalho.”

Como esta Síndrome afeta principalmente os profissionais que estão

envolvidos com o cuidar de outros seres humanos, o professor é visto como

vulnerável para desenvolver a Síndrome, pois está exposto a contatos intensos com

seus alunos dentro e fora do ambiente de sala de aula.

As pesquisas nos revelam que esta Síndrome não ocorre de repente, é um

processo cumulativo que vai avançando com o tempo e corroendo devagar o ânimo

do educador. Começa com uma sensação de inquietação, com pequenos sinais de

alerta e que vão aumentando à medida que a alegria de lecionar gradativamente vai

desaparecendo. Ele está presente na sala de aula, mas seu espírito está corroído

pelo desânimo, levando-o muitas vezes, a uma sensação de quase terror diante da

idéia de ter que ir à escola. O professor vai aos poucos “perdendo a energia”,

comprometendo todo o seu desempenho profissional, vai desistindo de sua

profissão, podendo levar à falência da educação (CODO, 2006 e LIPP, 2008).

MAS O QUE SIGNIFICA BURNOUT?

Diferentes estudiosos interessados neste tema e preocupados com o stress

ocupacional, gerando desgaste físico e mental no ambiente de trabalho são

unânimes em explicar o termo “burnout”, como algo que deixou de funcionar por falta

de energia, sendo o termo de origem inglesa, significando: Burn “queimar” e Out

“fora” (CODO, 2006;JBEILI, 2008; LEVY&SOBRINHO,2010; LIPP, 2008)

Os autores usam diferentes expressões em português “consumir-se em

chamas”, “perder a energia”, “queimar para fora”, “consumir-se de dentro para fora”,

“perder o fogo”, “combustão completa”, para definir esta síndrome que compromete

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aspectos psicológicos e físicos da pessoa, interferindo tanto na sua qualidade de

vida como no seu ambiente laboral, sendo caracterizada segundo Lipp (2008, p.64)

“por um profundo sentimento de frustração e exaustão em relação ao trabalho

desempenhado”

Pesquisas realizadas por Jbeili (2008) revelaram que o termo burnout foi

usado inicialmente como gíria em 1940, por militares, para designar pane em

turbinas de jatos, sendo mais tarde utilizado por profissionais de saúde para

designar o estado debilitado dos usuários de drogas.

A associação do termo burnout ao estado de estafa por estresse laboral

crônico é relativamente nova. Seus estudos tiveram início na década de 70, tendo

como pioneiros, o psiquiatra americano Herbert Freudenberg (1974) e as psicólogas

Cristina Maslach e Suzan Jackson (1976) sendo o primeiro, considerado como

precursor do assunto, pois foi ele, segundo Jbeili (2008), que fez a primeira

descrição sistemática do fenômeno, utilizando o termo staff burnout ao esgotamento

físico com exaustão emocional nos estudantes de medicina e em voluntários que

trabalhavam com dependentes químicos, sendo atualmente este termo utilizado pela

área da saúde mental atribuindo-o ao estado de estresse crônico, cuja causa é

exclusivamente o ambiente laboral.

A partir dos estudos destes precursores, vários pesquisadores alertaram para

o fato de que o trabalho pode levar uma pessoa a adoecer emocionalmente com

repercussões físicas e comportamentais, sendo eles unânimes em conceituar

burnout como uma Síndrome caracterizada pelo esgotamento físico, psíquico e

comportamental, em decorrência do trabalho estressante e excessivo. Os autores

concordam ainda, que sua manifestação se dá em resposta ao estresse ocupacional

crônico advindo essencialmente do mundo do trabalho. (LEVY&SOBRINHO, 2010).

DIFERENÇA ENTRE ESTRESSE E SÍNDROME DE BURNOUT

É importante que o professor conheça a diferença entre estes dois termos,

pois não são sinônimos. Ambos estão intimamente relacionados, porém não devem

ser confundidos, pois existe uma diferenciação entre as causas de sua

manifestação.

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Leite (2007), nos explica que o termo estresse tem suas origens na física,

onde este é utilizado para definir tensão. Foi popularizado a partir dos estudos de

Hans Seley (1936) que utilizou-o no sentido biológico, denominando-o como “o

conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma

situação que exige esforço de adaptação” (FRANÇA&RODRIGUES, 2009, p.29),

sendo assim uma resposta fisiológica aos agentes estressores do ambiente, ou seja

é a luta do organismo para adaptar-se e recobrar o equilíbrio físico e mental.

Em seus estudos, Lipp (2008), também atribuiu o estresse ao conjunto de

reações que temos quando algo nos amedronta, nos irrita ou nos faz felizes,

ocorrendo uma tensão que causa uma ruptura no equilíbrio interno do organismo,

chamado pelos especialistas de homeostase, prejudicando o entrosamento entre os

vários órgãos do corpo.

O estresse ocupacional ou laboral surgiu, segundo contribuições de Leite

(2007) das pesquisas sobre as doenças vinculadas ao estresse no trabalho, ou seja,

de situações em que a pessoa percebe que seu ambiente de trabalho não é mais

fonte de prazer para sua realização pessoal e profissional, comprometendo as

relações interpessoais e sua saúde física, psíquica e comportamental.

Surge assim a Síndrome de Burnout, que é o resultado do estresse

prolongado, crônico, manifestado por uma intensa exaustão física e emocional.

Levy&Sobrinho (2010) e Leite (2009) descrevem algumas diferenças entre

estresse e Síndrome de Burnout:

O estresse pode surgir de situações positivas ou negativas e o burnout

sempre tem conotação negativa, é sentido como algo desgastante;

A pessoa com estresse recupera-se após um período de descanso longe

dos agentes estressores, a pessoa com burnout demora para começar a

relaxar (cerca de 3 semanas) e apresenta recaídas dos sintomas após três

dias de retorno ao trabalho;

O estresse pode surgir de diversas situações da vida e ao burnout tem

suas causas essencialmente no trabalho;

O estresse é a busca para voltar ao equilíbrio físico e mental

comprometido pelos estressores do ambiente, sendo um processo

adaptativo vencido com sucesso e a Síndrome de Burnout é a negação, a

desistência da busca do equilíbrio, prejudicando o processo de adaptação.

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IMPORTANTE

A pessoa com estresse livra-se dos sintomas após férias onde volta

renovado para o trabalho e a pessoa com burnout também se livra dos

sintomas quando afastada do ambiente de trabalho, porém pode

apresentá-los novamente quando retorna ao mesmo ou pelo simples

fato de ser mencionado o seu retorno, sendo portanto, um problema

relacionado somente ao trabalho.

COMPONENTES DA SÍNDROME DE BURNOUT

Para que o professor possa conhecer como se manifesta esta Síndrome é

necessário compreender os três componentes da doença, descritos por Codo (2006)

e Levy&Sobrinho (2010), a saber:

Exaustão emocional: é a profunda sensação de esgotamento tanto mental

quanto física, sentindo que não pode dar mais de si mesmo a nível afetivo. O

profissional sente esgotada suas energias emocionais, devido ao contato diário com

os problemas, tendo a impressão de que não terá como reabastecê-las.Torna-se

pouco generoso, aparentemente insensível, adotando muitas vezes rotinas

inflexíveis como uma forma de manter-se imparcial diante de qualquer envolvimento

com seus alunos e colegas. Percebe-se indisponível para os outros, mostrando-se

irritadiço, pouco tolerante, nervoso e amargo no ambiente de trabalho.

Despersonalização: é a perda do vínculo afetivo, desenvolvendo

sentimentos e atitudes negativas, de cinismo e de ironia nas relações interpessoais.

O profissional manifesta atitudes frias, indiferentes e insensíveis com posturas

desumanizadas em relação aos alunos e aos colegas que precisam dele para algum

tipo de ajuda. Devido à dificuldade de empatia no ambiente de trabalho, manifesta

um endurecimento afetivo que vai culminar com a “coisificação” das relações,

tratando-os não como seres humanos, mas como “coisas”, “objetos”. Assim, o

contato com as pessoas será apenas tolerado e sua atitude em geral será de

intolerância, irritabilidade e ansiedade. Este componente é uma defesa em relação à

exaustão, onde a pessoa procura neutralizar as dificuldades por meio do isolamento

e do sarcasmo.

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Falta de envolvimento pessoal no trabalho: é a perda de sentido nas

atividades laborais, comprometendo a sua realização pessoal no trabalho,

manifestando a tendência a uma “evolução negativa” em relação ao seu próprio

papel profissional. O profissional sente-se insatisfeito com seu trabalho, não

consegue mais se adequar às situações da escola, revelando sentimentos de

fracasso profissional, de impotência e de incapacidade pessoal para realizar algo

que tanto sonhou. Sente o desejo de abandonar a profissão, pois não vê mais

sentido em seu trabalho. É o declínio de sua satisfação e competência no trabalho e

como conseqüência, surge queda da auto-estima, que pode chegar à depressão.

LEMBRE-SE PROFESSOR

A principal característica do burnout nos professores é que as relações

interpessoais são cortadas, gerando dificuldade de afetividade nos

relacionamentos com alunos e colegas, chegando ao profundo desejo

de desistir de sua função. Toda atividade do professor se faz através

da mediação afetiva e, ao negá-la ou diminuí-la se reforçará ainda

mais a exaustão emocional (CODO, 2006).

SINTOMAS DA SÍNDROME DE BURNOUT

Não devemos deixar que este inimigo chamado burnout prejudique nossa

atuação como educador. Por isso é preciso ficar atentos aos primeiros sinais de

alarme do burnout.

Descreveremos a seguir os principais sintomas da manifestação da Síndrome

de Burnout no professor, apresentados por Jbeili (2008) e Lipp (2008):

Sintomas físicos ou psicossomáticos:

fadiga constante e progressiva

perturbações gastrintestinais

enxaquecas

insônias

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diarréias

infecções com freqüência

dores cervicais ou musculares

sensação de exaustão (cansaço crônico)

disfunções sexuais

distúrbios cardiovasculares como palpitações, hipertensão

imunodeficiência com gripes constantes, herpes labial, alergias,

bronquites, etc

Sintomas psicológicos ou emocionais:

dificuldade de atenção e concentração

alterações de memória

desconfiança que pode atingir a paranóia

impaciência ou irritabilidade

distanciamento afetivo ou isolamento emocional

sentimento de solidão

desânimo e visível falta de entusiasmo

ansiedade

falta de interesse pelo trabalho podendo chegar ao desejo de

abandonar o emprego

baixa auto estima

Sintomas comportamentais:

isolamento

mudanças bruscas de humor

incapacidade de relaxar

dificuldade na aceitação de mudanças, de equívocos ou falhas

negligências

agressividade

perda de iniciativa

consumo em excesso de café, álcool, calmantes, antidepressivos e

outras drogas

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Sintomas defensivos:

São os mais característicos da Síndrome e dizem respeito a alterações no

comportamento, revelando perda de interesse pelas pessoas, pelo trabalho e até

mesmo pelo lazer, apresentando ainda:

negação de emoções

ironias

hostilidade

apatia

desconfiança

cinismo

absenteísmo

Dentre os principais sintomas da Síndrome de Burnout que os docentes

apresentam, o absenteísmo é o sintoma mais evidente, pois o docente nega a seus

alunos e colegas a sua importante presença física. Está sempre de atestado

médico, fica indiferente nas decisões tomadas em conjunto com a equipe e, na sala

de aula, por estar esgotado, perde a qualidade na comunicação e interação com os

seus alunos e colegas (JBEILI, 2008).

IMPORTANTE

Os sintomas não são universais, eles podem variar de pessoa a

pessoa dependendo das circunstâncias em que estas se encontram. O

surgimento e a intensidade dos sintomas dependerão das

características individuais, das tendências genéticas, bem como das

condições sociais e/ou ambientais.

RECONHECENDO OS ESTÁGIOS DOS SINTOMAS

Para facilitar o entendimento da evolução da doença, descreveremos agora a

divisão em quatro estágios, dos sinais e sintomas da burnout apresentada por Jbeili

(2008, p.05 e 06).

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1º estágio:

A vontade em ir ao trabalho fica comprometida,

Ausência crescente e gradual de ânimo ou prazer em relação às

atividades laborais,

Surgem dores genéricas e imprecisas nas costas e na região do

pescoço e coluna,

Em geral, o profissional não se sente bem, mas não sabe dizer

exatamente o que possa ser.

2º estágio:

As relações com parceiros e colegas de trabalho começa a ficar tensa,

perdendo qualidade,

Surgem pensamentos neuróticos de perseguição e boicote por parte do

chefe ou colegas de trabalho, fazendo com que a pessoa pense em

mudar de setor e até de emprego,

As faltas começam a ficar frequentes e as licenças médicas são

recorrentes,

Observa-se o absenteísmo, ou seja, a pessoa recusa ou resiste

participar das decisões em equipe.

3º estágio:

As habilidades e capacidades ficam comprometidas,

Os erros operacionais são mais frequentes,

Os lapsos de memória ficam mais frequentes e a atenção fica dispersa

ou difusa,

Doenças psicossomáticas como alergia e picos de pressão arterial

começam a surgir e a automedicação é observada,

Inicia-se ou eleva-se a ingestão de bebidas alcóolicas como paliativo

para amenizar a angústia e o desprazer vivencial,

Despersonalização, ou seja, a pessoa fica indiferente em suas relações

de trabalho culminando em cinismo e sarcasmo.

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4º estágio:

Observa-se alcoolismo,

Uso recorrente de drogas lícitas e ilícitas,

Enfatizam-se os pensamentos de auto-destruição e suicídio,

A prática laboral fica comprometida e o afastamento do trabalho é

inevitável

COMO SE DESENVOLVE A BURNOUT

Os agentes estressores são os principais responsáveis pelo aparecimento

dos sintomas da Síndrome de Burnout. Quanto mais expostos a situações de

estresse intenso e prolongado no meio laboral, maior a probabilidade de

desenvolver a doença.

Segundo pesquisas de Lipp (2008), o desenvolvimento da Síndrome de

Burnout resulta de fatores internos (vulnerabilidade biológica e psicológica) e

externos (ambiente de trabalho), os quais serão agora descritos.

Fatores internos:

predisposição genética para depressão ou ansiedade

perfeccionismo, controle de tudo, exagero de responsabilidades

expectativas elevadas em relação aos alunos, pais e escola

auto estima baixa, negativismo

crenças e valores exacerbados, metas impossíveis

exagero de responsabilidades

desejo de aprovação externa e elogios

necessidade de agradar os outros

indiferença ou frieza

sensação de baixo rendimento profissional

escolha profissional equivocada

perdas e desilusões

falta de competência para o desempenho de seu papel

problemas pessoais

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Fatores externos:

falta de controle sobre seu próprio trabalho

jornada de trabalho em excesso

excesso de burocracia

indisciplina de alunos

falta de integração social no trabalho (apoio de colegas)

ausência de atividades sociais e de lazer

falta de reconhecimento pelo trabalho desempenhado

expectativas não satisfeitas

tarefas repetitivas, trabalho rotineiro e monótono

conflitos entre instituição e professores

conflitos familiares

falta de autonomia, de justiça, de confiança e de transparência no

trabalho

COMO DIAGNOSTICAR A BURNOUT

A Síndrome de Burnout só pode ser diagnosticada por médico ou

psicoterapeuta que conheça os sintomas da Síndrome e realizará uma criteriosa

avaliação observando os componentes da doença: a exaustão emocional, a

despersonalização e o baixo envolvimento pessoal no trabalho.

Esta avaliação incluirá entrevistas psicológicas individuais para verificar

comportamentos que contribuem para a frustração do professor no seu ambiente de

trabalho, podendo ser utilizado ainda aplicação de instrumento específico para

medir o burnout que atualmente é o “Inventário de Burnout Maslach”. Este

instrumento analisa os três componentes da doença, sendo que a pessoa estará

com burnout mais acentuado se apresentar resultados altos em “exaustão

emocional” e “despersonalização” e baixo em “realização pessoal no trabalho”. Além

da avaliação individual dever ser analisado aspectos do ambiente educacional, bem

como as interações que acontecem em todo contexto escolar.

Caso o professor identifique através dos sintomas que está com indícios

desta Síndrome, sugere-se que procure ajuda psicológica.

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COMO É O TRATAMENTO DA SÍNDROME DE BURNOUT

O tratamento é feito por mediação do psicólogo ou psicanalista, sendo

exclusivamente psicoterapêutico, podendo haver intervenção médica, caso haja

problemas fisiológicos associados.

O profissional adotará técnicas psicoterápicas que melhor atenda às

necessidades individuais do paciente, sendo que a medicação pode variar desde

analgésicos até anti-depressivos, conforme cada caso e somente o médico poderá

prescrever o medicamento mais adequado (JBEILI,2008).

LEMBRE-SE

Nunca faça uso da auto- medicação, pois cada caso é um caso e a

medicação e a dosagem dependerá das características pessoais e

histórico de cada indivíduo.

COMO PREVENIR A SÍNDROME DE BURNOUT

Já sabemos que a Síndrome de Burnout é decorrente da longa exposição aos

estressores laborais sendo influenciado por fatores internos e externos. Por isso,

suas causas provém do ambiente laboral, mas também da forma como cada

professor lida com o trabalho e com as relações interpessoais.

Por isso para prevenir a Síndrome de Burnout é preciso que o professor

observe que algumas mudanças no seu ambiente são necessárias, mas é

fundamental ocorrer mudanças internas, ou seja, o professor precisa olhar para si

próprio, verificando como está lidando com o ambiente ao seu redor.

A partir das sugestões preventivas apresentadas, almejamos que o professor

se conscientize de seu estado físico e emocional e, a partir daí, melhore seu

autocuidado, mantendo-se saudável e produtivo no seu ambiente de trabalho.

O primeiro passo a observar é evitar o estresse excessivo, pois este, com

certeza poderá levá-lo à Síndrome de Burnout, sendo fundamental se prevenir

contra ele por meio de medidas simples que podem ser feitas pelo próprio professor.

Por isso, primeiramente professor, você deverá observar algumas estratégias

sugeridas por Lipp (2008), para enfrentar de modo sadio as situações estressantes

do dia a dia:

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identifique os agentes estressores, ou seja o que está lhe causando o

estresse .

verifique se ele pode ser mudado ou não, utilizando recursos internos

para se adaptar à situação;

se necessário, procure auxílio de profissionais de saúde, principalmente

quando há alguns sintomas físicos, já descritos;

procure tratamento psicológico, quando necessário;

procure adotar as seguintes medidas saudáveis no seu dia-a-dia:

espreguiçar-se antes de levantar;

alimentar-se saudavelmente;

faça atividade física

planeje atividades do dia, administre seu tempo;

utilize técnicas de relaxamento físico e mental;

tenha atitudes positivas;

seja tolerante e flexível;

aprenda que nem sempre estamos certos;

administre sua ansiedade - viva o momento presente;

reconheça seus limites;

compartilhe seus problemas e preocupações;

evite a auto- medicação

PROFESSOR

Adquira o autoconhecimento para aprender a lidar com os agentes

estressores e assim preservar seu equilíbrio físico e mental.

Para se prevenir contra a Síndrome de Burnout, Lipp (2008) e Levy&Sobrinho

(2010) apresentam sugestões de medidas preventivas diretas (ligadas

diretamente com as fontes de burnout) e indiretas (ligadas a outras atividades), que

ao serem seguidas pelos professores, poderão com certeza minimizar as

possibilidades de desenvolver o burnout.

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Medidas preventivas diretas:

crie um grupo de apoio com seus colegas para discutir temas

relacionados ao trabalho, o apoio social parece ser o meio mais eficaz

para combater o burnout;

reflita sobre sua profissão, analisando porque você escolheu ser

professor;

diga para si mesmo: “não preciso ser perfeito” ou “não sou responsável

por tudo que acontece com meus alunos”;

mude seu estilo de vida. Reveja conceitos, refletindo que espaço o

trabalho ocupa em sua vida;

peça ajuda a pais, amigos, alunos e voluntários;

não assuma obrigações que não são suas. Aprenda a dizer “não”;

busque o sentido de seu trabalho, reconhecendo que o que você faz é

importante (você faz a diferença na vida do aluno);

focalize os aspectos positivos em seu trabalho, diferenciando

competência de competição;

organize melhor o tempo e estabeleça prioridades, programando melhor

as atividades do dia;

aumente sua auto eficácia, acredite que você é capaz e enfrentar e

resolver situações novas ou desafiadoras;

Medidas preventivas indiretas:

cuide de sua saúde: durma o suficiente, faça caminhada, exercícios,

esportes, aprenda a respirar corretamente, pratique exercícios de

relaxamente e alimente-se bem;

evite o consumo de álcool, cigarros e outras drogas;

aprenda técnicas de manejo do stress;

reserve algum tempo para você;

não atue como professor a todo momento em casa ou na sociedade;

pratique o humor sempre que possível;

identifique os valores que governam sua vida e verifique se está agindo

com coerência em relação a eles;

controle suas emoções e impulsos;

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procure tornar-se cada vez mais resiliente, ou seja, adquira a capacidade

de enfrentar, vencer e ser transformado por meio das adversidades e

experiências;

reserve um tempo para o lazer, para a família e para os amigos;

busque qualidade nas relações interpessoais. Lembre-se: a interação

prazerosa com outras pessoas libera o hormônio da “ocitocina”,

conhecido como o “hormônio da amizade”, este presente em nosso

organismo diminui a quantidade do hormônio nocivo à saúde, o “cortisol”,

conhecido como o “hormônio do estresse”.

analise o que pode ser mudado e coloque em prática elaborando um

plano de mudança.

LEMBRE-SE PROFESSOR

Estas sugestões são medidas simples, mas se forem seguidas com

perseverança, com certeza, o ajudará a manter-se saudável física e

emocionalmente, tornando-o mais feliz na vida pessoal e profissional.

SUGESTÕES À DIREÇÃO DA ESCOLA PARA REDUZIR O RISCO DE

BURNOUT NOS PROFESSORES

A direção da escola exerce papel fundamental para a efetivação do processo

ensino aprendizagem, bem como na melhoria da qualidade de vida dos educadores

no ambiente escolar.

Por isso, é importante que os gestores introduzam no interior da escola

medidas preventivas simples, atitudinais e estruturais a partir das suas reais

possibilidades visando eliminar ou amenizar os agentes estressores advindos do

ambiente de trabalho, que são os principais responsáveis pelo desenvolvimento da

Síndrome de Burnout nos professores.

Primeiramente é necessário uma análise do contexto, para, a partir daí

planejar ações direcionadas a todo coletivo escolar, buscando a promoção da

qualidade de vida de todos os envolvidos no processo educativo, principalmente do

professor, visando sua satisfação, bem estar e realização pessoal e profissional,

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lembrando que o apoio da direção e dos colegas pode ajudar muito, tanto na

prevenção quanto na recuperação desta doença.

Buscamos as contribuições de Lipp (2008) e Levy&Sobrinho (2010) para

apresentar à direção da escola, estratégias de ações que contribuam para a

prevenção da Síndrome de Burnout no ambiente escolar.

Promover a humanização das condições de trabalho docente através de

projetos de mudanças inovadoras no ambiente escolar;

melhorar as condições gerais do trabalho educacional (ambiente físico e

gestão de pessoas);

criar sistema de avaliação com a participação dos professores;

reconhecer e elogiar o trabalho realizado pelos professores;

definir claramente as expectativas do papel do professor na escola;

promover o ensino em equipes para aumentar o contato e apoio de

colegas e diminuir o isolamento;

oferecer a oportunidade de promoção pessoal e profissional para maior

realização do professor;

melhorar os canais de comunicação entre professores e direção,

promovendo reflexões sobre o papel dos professores;

facilitar a participação dos professores em decisões institucionais de

modo que se sinta valorizado e com autonomia profissional;

desenvolver rede de suporte social, pois este é um grande aliado na

redução dos níveis de burnout, realizando formação de grupos de apoio,

onde os professores possam conversar e compartilhar seus problemas no

trabalho;

oferecer recursos físicos e psicológicos para atender as necessidades

dos docentes e melhoria da sua qualidade de vida;

estimular relações interpessoais saudáveis entre todo coletivo escolar;

incentivar no ambiente de trabalho a promoção dos valores humanos,

adotando valores mais direcionados para a coletividade e não para o

indivíduo isoladamente;

atuar na imagem do professor na sociedade, divulgando as experiências

acadêmicas;

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estimular a participação dos pais no processo educativo, valorizando o

trabalho do professor;

restituir a sua confiança mostrando-lhe os pontos positivos em sua

atuação profissional;

ajudar os professores a identificar os sintomas do burnout, implantando

na escola programas de educação continuada para prevenção ou

intervenção, a fim de que os fatores de risco do burnout não se instalem

no ambiente escolar;

criar um ambiente acadêmico motivador e saudável melhorando as

condições de trabalho como: mobiliários, iluminação das salas de aula,

nível de ruído, temperatura ambiente, etc;

oferecer capacitação sobre técnicas de enfrentamento do estresse e

burnout.

CARO PROFESSOR

Promover a qualidade de vida dos profissionais envolvidos com o processo

ensino-aprendizagem é um desafio que depende do envolvimento de todos no

contexto escolar.

Cuidar da sua Saúde Mental é fundamental para o estabelecimento de

vínculos sadios em suas relações interpessoais, bem como para sua realização

pessoal e profissional, afinal a qualidade do ensino depende também da qualidade

de vida saudável dos educadores.

É importante proporcionar medidas de fortalecimento aos professores para

que busquem sentido na docência, resgatando sua alegria e satisfação pelo

aprender-ensinar.

Contribuir para a melhoria das condições de trabalho do professor, por meio

de medidas preventivas no ambiente escolar é o começo para que este se constitua

num ambiente de prazer.

Esperamos que as sugestões de Prevenção apresentadas nesta unidade

temática sejam valiosas na identificação e cuidados com a Síndrome de Burnout. E

que você as use para manter sua vida pessoal e profissional saudável, estimulante

e feliz.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FRANÇA, Ana Cristina Limongi. e RODRIGUES Avelino Luiz Rodrigues. L. Stress e Trabalho: uma abordagem psicossomática. 4ª.ed. São Paulo: Atlas, 2009.191p.

JBEILI, Chafic - Síndrome de Burnout: Identificação, Tratamento e Prevenção – Cartilha informativa de prevenção à Síndrome de Burnout em professores. 2008. 21p. Brasília – DF

LEITE , Nádia Maria Bezerra – Síndrome de Burnout e relações sociais no trabalho: um estudo com professores da educação básica – Dissertação de Mestrado- Universidade de Brasília-Instituto de Psicologia, Brasília/DF, 2007 – Internet, Disponível em: repositório.bce.unb.br/bitstream/10482/...2007, acessado em 04/07/2011

LEVY, Gisele Cristine Tenório de Machado; SOBRINHO, Francisco de Paula Nunes (Org.). A Síndrome de Burnout em Professores do Ensino Regular: Pesquisa, reflexões e enfrentamento. Rio de Janeiro/RJ:Cognitiva, 2010.148p.

LIPP, Marilda Novaes. (org.) O stress do professor. 6ª.ed. Campinas, SP: Papirus, 2008.136p.

MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL. Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Série A. Normas e Manuais Técnicos; n. 114. 2001. 580 p. Brasília/DF

SILVA, Paulo Sérgio. A Saúde Mental do Professor. São Paulo: Expressão&Arte Editora, Edifieo, 2006. 214p.