Ficha Informativa - Categorias Da Narrativa

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Ficha Informativa – Texto Narrativo “Categorias” Língua Portuguesa – 9º Ano Ano Lectivo 2006 / 2007 Professora: Lúcia Martins Categorias da Narrativa O texto narrativo tem um número fixo de categorias que estão presentes na grande parte dos textos e, quando não se encontram na sua totalidade, estão pelo menos algumas delas presentes nos textos. O estatuto do narrador É essencial distinguir o autor do texto do seu narrador: o autor é a pessoa real que escreve o texto, enquanto o narrador é alguém imaginado, construído pelo autor, para contar a história. Quanto à narração da história, o narrador pode ser: Narrador presente: quando é uma personagem que participa na história. Narrador ausente: quando é alguém que não participa na história e lhe é exterior. O narrador pode ainda marcar de forma patente ou atenuada a sua presença no enunciado. Quando comenta a história ou exprime a sua opinião acerca do que narra trata-se de um narrador parcial ou subjectivo. Sempre que se trata de um narrador que não faz juízos de valor, estamos diante de um narrador objectivo. Normalmente, neste caso o narrador fala na terceira pessoa e apresenta-se como uma voz impessoal. Da posição que o narrador adopta para contar a história derivam diferentes tipos de focalização: Focalização omnisciente: o narrador mostra ter um conhecimento ilimitado da história. Este facto permite-lhe avançar e recuar livremente no tempo e revelar os pensamentos e os sentimentos das personagens. Focalização interna: o narrador adopta o ponto de vista de uma personagem, e toda a história fica dependente da maneira de ver, de sentir e de pensar dessa personagem.

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Ficha Informativa - Categorias Da Narrativa

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  • Ficha Informativa Texto Narrativo Categorias Lngua Portuguesa 9 Ano Ano Lectivo 2006 / 2007

    Professora: Lcia Martins

    Categorias da Narrativa

    O texto narrativo tem um nmero fixo de categorias que esto presentes na grande

    parte dos textos e, quando no se encontram na sua totalidade, esto pelo menos

    algumas delas presentes nos textos.

    O estatuto do narrador

    essencial distinguir o autor do texto do seu narrador: o autor a pessoa real que

    escreve o texto, enquanto o narrador algum imaginado, construdo pelo autor, para

    contar a histria.

    Quanto narrao da histria, o narrador pode ser:

    Narrador presente: quando uma personagem que participa na histria.

    Narrador ausente: quando algum que no participa na histria e lhe

    exterior.

    O narrador pode ainda marcar de forma patente ou atenuada a sua presena no

    enunciado. Quando comenta a histria ou exprime a sua opinio acerca do que narra

    trata-se de um narrador parcial ou subjectivo. Sempre que se trata de um narrador que

    no faz juzos de valor, estamos diante de um narrador objectivo. Normalmente, neste

    caso o narrador fala na terceira pessoa e apresenta-se como uma voz impessoal.

    Da posio que o narrador adopta para contar a histria derivam diferentes tipos de

    focalizao:

    Focalizao omnisciente: o narrador mostra ter um conhecimento ilimitado da

    histria. Este facto permite-lhe avanar e recuar livremente no tempo e revelar

    os pensamentos e os sentimentos das personagens.

    Focalizao interna: o narrador adopta o ponto de vista de uma personagem, e

    toda a histria fica dependente da maneira de ver, de sentir e de pensar dessa

    personagem.

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    Professora: Lcia Martins

    Focalizao externa: o narrador limita-se a narrar os factos, sem os comentar,

    sem se envolver na narrativa. O discurso torna-se, assim, objectivo, privilegiando

    os aspectos exteriores dos fenmenos e das personagens.

    A aco

    A aco o processo de desenvolvimento dos eventos que constituem a trama de uma

    narrativa e que conduzem a um desenlace. Ela depende dos agentes da narrativa: as

    personagens, o tempo, o espao e as transformaes que marcam as passagens de uns

    estados a outros.

    A aco pode obedecer seguinte estrutura:

    Exposio: situao ou parte inicial da histria em que se expem as linhas gerais

    do tema.

    Desenvolvimento: momento da narrativa em que se elaboram e desenvolvem os

    episdios, enigmas e tenses que configuram a intriga e acabam por convergir no

    desenlace. ao longo do desenvolvimento que se cria o suspense e se vo

    insinuando indcios deste desenlace.

    Ponto culminante (clmax): constitui o momento mais alto da intriga, aps o qual

    se precipita o desenlace.

    Desenlace: a concluso, o desfecho, a parte final da narrativa, na qual se

    solucionam os mistrios e os enredos do conflito e se institui uma situao de

    relativa estabilidade que encerrar a histria.

    A aco pode ser constituda por diversas narrativas mais curtas que se ligam por:

    Sequncia: as narrativas seguem-se umas s outras de forma sequencial.

    Alternncia: o narrador vai mudando de uma narrativa para outra ao longo do

    processo narrativo.

    Encadeamento: as narrativas vo sendo encadeadas umas nas outras.

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    A personagem

    A personagem uma categoria fundamental da narrativa e funciona, normalmente,

    como o eixo em torno do qual gira a aco.

    A personagem pode classificar-se do seguinte modo

    Quanto individualidade:

    Personagem individual

    Personagem colectiva

    Quanto ao relevo:

    Protagonista

    Secundria

    Figurante

    Quanto composio:

    Personagem plana: personagem construda em torno de uma nica ideia ou

    caracterstica, no tendo profundidade psicolgica; repete sempre os mesmos

    gestos e comportamentos, os mesmos tiques e no sofre evoluo ao longo da

    trama.

    Personagem redonda: personagem que possui maior densidade e

    complexidade psicolgicas, constituindo uma personalidade bem vincada. A

    caracterizao da personagem elaborada e a personagem evolui ao longo da

    narrativa, surpreendendo o leitor pela sua imprevisibilidade.

    Existe ainda uma outra forma de abordar a personagem: a caracterizao. Trata-se do

    processo descritivo que atribui as caractersticas distintivas s personagens. A

    caracterizao pode ser:

    Directa: descrio dos atributos da personagem num determinado ponto do

    texto, por parte do narrador, de outra personagem ou at mesmo da prpria

    personagem. Esta descrio pode ser valorativa e subjectiva ou neutra e

    objectiva, conforme exprime ou no a opinio de quem descreve.

    Indirecta: caracterizao feita pelo leitor, a partir daquilo que deduz das

    palavras, aces e reaces da personagem ao longo da narrativa.

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    O espao

    O espao corresponde ao local onde a aco decorre. Podemos distinguir trs tipos de

    espao, de acordo com as descries feitas pelos narradores:

    Espao fsico: cenrio material onde decorre a aco. Este espao pode ter

    um papel importante na revelao do carcter e esclarecimento das atitudes das

    personagens.

    Espao psicolgico: traduzindo a vivncia do espao fsico pelas

    personagens, o espao psicolgico constitudo para evidenciar atmosferas que

    espelham os sentimentos e pensamentos das personagens.

    Espao social: muitas vezes relacionado com a presena de tipos e de

    figurantes, o espao social constitudo pela descrio de ambientes que

    espelham as relaes sociais, culturais e polticas entre personagens. O espao

    social , geralmente, uma representao crtica da sociedade, evidenciando os

    traos culturais, morais, polticos e econmicos da atmosfera social em que a

    aco se desenvolve.

    O tempo

    A histria fundamentalmente uma sequncia de acontecimentos ocorridos segundo

    uma determinada ordem temporal. O tempo da histria um tempo linear e

    cronolgico, embora o narrador que conta a histria seja obrigado a alterar o tempo da

    histria e a convert-lo em tempo do discurso, de acordo com as necessidades da

    construo da narrativa. Assim, o narrador pode fazer recuos (analepse) e/ou avanos

    (prolepse) no tempo da histria; pode omitir determinados perodos de tempo (elipse);

    pode resumir o tempo da histria ou alongar o tempo do discurso, isto , o narrador

    pode fazer um resumo de determinados momentos da histria, abreviando o relato

    destes momentos, ou pode introduzir descries e digresses que suspendem o relato da

    aco e prolongam o tempo do discurso.

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    Professora: Lcia Martins

    A ordem real dos acontecimentos da histria no corresponde, na maioria dos casos,

    sua ordem textual, isto , existe um desfasamento entre o tempo da histria e o tempo

    do discurso. A estes desfasamentos d-se o nome de anacronias ou anisocronias.