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Ficha Informativa – A Proposição “Os Lusíadas” Língua Portuguesa – 9º Ano Ano Lectivo 2006 / 2007 A Proposição Este é p primeiro elemento da estrutura interna da Epopeia. Aqui, Camões faz a sua proposta, apresentando aquilo de que vai falar ao longo de toda a sua obra épica. No entanto pode-se dividir a Proposição em duas partes. A primeira, aquela em que efectivamente Camões apresenta o assunto que vai abordar ao longo do seu poema e os heróis que vai louvar. A segunda, trata-se de uma espécie de valorização da sua obra e um “ultimato” aos antigos heróis que devem, segundo ele, ser esquecidos, já que, comparados com o povo português, são bastante menos sublimes. Assim, na primeira parte da Proposição, o poeta diz que vai cantar, espalhando por toda a parte (“Cantando espalharei por toda a parte”) três aspectos distintos: Os guerreiros e as pessoas ilustres que partiram de Portugal (Ocidental praia Lusitana), por mares nunca antes navegados, que passaram territórios onde não havia chegado ninguém, ultrapassando limites até ali inultrapassáveis (passaram ainda além da Taprobana), em perigos e guerras difíceis. Fizeram tudo isto quebrando os próprios limites da força humana e conseguiram construir um novo reino entre gentes distantes; Os reis que dilataram a fé cristã e o império português nas terras mouras e cheias de vícios; Aquele que, pelos feitos que realizaram, vão adquirir a eternidade da memória. Para que tal aconteça, Camões coloca uma condição, ou seja, para poder cantar todos estes heróis que simbolizam, no fundo, o povo português, Camões precisa que o seu talento, inteligência e arte o ajudem (“Se a tanto me ajudar o engenho e a arte”). Na segunda parte, inicia-se a valorização do seu trabalho e do povo português. Para tal, Camões ordena que parem de falar de Ulisses (grego) e de Eneias (troiano) que fizeram grandes navegações e que foram heróis aclamadíssimos; pede que deixem de falar de Alexandre Magno e de Trajano, bem como das vitórias que eles tiveram e que lhes deram grandes impérios, visto que ele canta o peito ilustre lusitano “a quem Neptuno e Marte obedeceram” (Neptuno, deus dos Mares, Marte, deus da guerra). Volta a exigir que parem de evocar tudo aquilo de que a Antiguidade (Homero e Vergílio) fala

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  • Ficha Informativa A Proposio Os Lusadas Lngua Portuguesa 9 Ano Ano Lectivo 2006 / 2007

    A Proposio

    Este p primeiro elemento da estrutura interna da Epopeia. Aqui, Cames faz a sua

    proposta, apresentando aquilo de que vai falar ao longo de toda a sua obra pica. No

    entanto pode-se dividir a Proposio em duas partes. A primeira, aquela em que

    efectivamente Cames apresenta o assunto que vai abordar ao longo do seu poema e os

    heris que vai louvar. A segunda, trata-se de uma espcie de valorizao da sua obra e

    um ultimato aos antigos heris que devem, segundo ele, ser esquecidos, j que,

    comparados com o povo portugus, so bastante menos sublimes.

    Assim, na primeira parte da Proposio, o poeta diz que vai cantar, espalhando por

    toda a parte (Cantando espalharei por toda a parte) trs aspectos distintos:

    Os guerreiros e as pessoas ilustres que partiram de Portugal (Ocidental

    praia Lusitana), por mares nunca antes navegados, que passaram territrios onde

    no havia chegado ningum, ultrapassando limites at ali inultrapassveis

    (passaram ainda alm da Taprobana), em perigos e guerras difceis. Fizeram

    tudo isto quebrando os prprios limites da fora humana e conseguiram construir

    um novo reino entre gentes distantes;

    Os reis que dilataram a f crist e o imprio portugus nas terras mouras e

    cheias de vcios;

    Aquele que, pelos feitos que realizaram, vo adquirir a eternidade da

    memria.

    Para que tal acontea, Cames coloca uma condio, ou seja, para poder cantar todos

    estes heris que simbolizam, no fundo, o povo portugus, Cames precisa que o seu

    talento, inteligncia e arte o ajudem (Se a tanto me ajudar o engenho e a arte).

    Na segunda parte, inicia-se a valorizao do seu trabalho e do povo portugus. Para

    tal, Cames ordena que parem de falar de Ulisses (grego) e de Eneias (troiano) que

    fizeram grandes navegaes e que foram heris aclamadssimos; pede que deixem de

    falar de Alexandre Magno e de Trajano, bem como das vitrias que eles tiveram e que

    lhes deram grandes imprios, visto que ele canta o peito ilustre lusitano a quem

    Neptuno e Marte obedeceram (Neptuno, deus dos Mares, Marte, deus da guerra). Volta

    a exigir que parem de evocar tudo aquilo de que a Antiguidade (Homero e Verglio) fala

  • Ficha Informativa A Proposio Os Lusadas Lngua Portuguesa 9 Ano Ano Lectivo 2006 / 2007

    porque outro valor mais alto se alevanta. No fundo, o que Cames procura fazer

    entender que o que ele vai dizer mais importante do que tudo o que alguma vez foi

    dito.

    Lcia Martins