Ficha informativa a dedicatória

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Ficha Informativa – A Dedicatória Língua Portuguesa – 9º Ano Ano Lectivo 2006 / 2007 A Dedicatória A dedicatória não era um elemento estrutural obrigatório do género épico, mas facultativo. Camões, contudo, faz questão de dedicar o poema a D. Sebastião, o rei que então reinava em Portugal e que o poeta vê como garantia “da lusitana antiga liberdade”. A dedicatória vai seguir a estrutura típica do género retórico, de acordo com as seguintes partes ou momentos: Exórdio (est. 6-8) Exposição (est. 9-11) Confirmação (est. 12-14) Peroração (est. 15-17) Epílogo (est. 18) Trata-se, pois, de um discurso bem organizado, em que o pólo de comunicação gira em volta do destinatário (o Rei): daí a abundância da forma de 2ª pessoa e de imperativo, típicas de uma mensagem / apelo. D. Sebastião é visto como representante do povo escolhido por Deus, como o monarca poderoso, “cujo alto império / O Sol, logo em nascendo, vê primeiro”, como digno descendente de seus avós D. João III e Carlos V, mas, sobretudo, como pessoa em quem se investe a esperança da continuação da acção épica, na prossecução da obra de dilatação da Fé e do Império. O que o Poeta tem para oferecer ao Rei é este seu canto de louvor dos Portugueses, ele, poeta, que se quer “um novo exemplo / de amor dos pátrios feitos valerosos” que só deseja para si a glória de ser conhecido como cantor de tais feitos “que não é prémio vil ser conhecido / por um pregão do ninho meu paterno”. Através do seu canto, o jovem Rei poderá aperceber-se do real valor do povo que governa: “E julgareis qual é mais excelente Se ser do mundo Rei, se de tal gente”. A partir da estrofe 11, retoma-se a ideia anunciada na Proposição: os portugueses vencem, em valor, as proezas dos Antigos. Na sua epopeia, cantará, diz o Poeta, não só os heróis que vai nomeando, mas “outros em quem poder não teve a Morte”. Pais, Amélia Pinto, Os Lusíadas (obra comentada)

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Ficha Informativa – A DedicatóriaLíngua Portuguesa – 9º Ano

Ano Lectivo 2006 / 2007

A Dedicatória

A dedicatória não era um elemento estrutural obrigatório do género épico, mas facultativo. Camões,

contudo, faz questão de dedicar o poema a D. Sebastião, o rei que então reinava em Portugal e que o poeta

vê como garantia “da lusitana antiga liberdade”.

A dedicatória vai seguir a estrutura típica do género retórico, de acordo com as seguintes partes ou

momentos:

• Exórdio (est. 6-8)

• Exposição (est. 9-11)

• Confirmação (est. 12-14)

• Peroração (est. 15-17)

• Epílogo (est. 18)

Trata-se, pois, de um discurso bem organizado, em que o pólo de comunicação gira em volta do

destinatário (o Rei): daí a abundância da forma de 2ª pessoa e de imperativo, típicas de uma mensagem /

apelo.

D. Sebastião é visto como representante do povo escolhido por Deus, como o monarca poderoso, “cujo

alto império / O Sol, logo em nascendo, vê primeiro”, como digno descendente de seus avós D. João III e

Carlos V, mas, sobretudo, como pessoa em quem se investe a esperança da continuação da acção épica, na

prossecução da obra de dilatação da Fé e do Império.

O que o Poeta tem para oferecer ao Rei é este seu canto de louvor dos Portugueses, ele, poeta, que se

quer “um novo exemplo / de amor dos pátrios feitos valerosos” que só deseja para si a glória de ser

conhecido como cantor de tais feitos “que não é prémio vil ser conhecido / por um pregão do ninho meu

paterno”.

Através do seu canto, o jovem Rei poderá aperceber-se do real valor do povo que governa:

“E julgareis qual é mais excelente

Se ser do mundo Rei, se de tal gente”.

A partir da estrofe 11, retoma-se a ideia anunciada na Proposição: os portugueses vencem, em valor, as

proezas dos Antigos. Na sua epopeia, cantará, diz o Poeta, não só os heróis que vai nomeando, mas “outros

em quem poder não teve a Morte”.

Pais, Amélia Pinto, Os Lusíadas (obra comentada)