Ficha de Leitura

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Data leitura: 21/04/2015 Item do Plano: Autor N° ficha de acordo com plano de assunto. Metodologia Michel Foucault Referência Bibliográfica FOUCAULT, Michel. Nietzsche, a Genealogia e a História. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Organização de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 1986. p. 15-37 Palavras-chave Genealogia; História Texto: REFERÊNCIAS HISTÓRICO-CULTURAIS (tempo, espaço, fatos históricos; contextualização da obra). Texto do início dos anos 1970 (1971), Foucault retoma a genealogia de Nietzsche (a partir de inúmeras obras desse que são citadas ao longo do texto). O método genealógico, a genealogia ou o olhar genealógico (há literatura que distingue e discute esses termos) como estratégia de análise com a qual Foucault propõe contrapor-se e escapar da narrativa histórica tradicional, teleológica, que visa continuidades e linearidades. Genealogia proposta por Foucault: abandonar a busca das origens (“Grande e relevante origem” que visa a história tradicional) para voltar-se ao jogo casual de dominações que constituem os acontecimentos. Concepção de Foucault sobre o método genealógico modifica-se no decorrer da sua obra. Tentar apreender dessas obras que analisarei (VFJ, DS, STP) um instrumental metodológico para meu trabalho. Para os inúmeros comentadores e estudiosos de Foucault, nesse período ocorre a passagem, de Foucault, do método arqueológico (“1° fase”) para o método genealógico (“2° fase”). Estrutura: introdução, desenvolvimento da obra, síntese da obra e crítica. Texto desenvolvido em 7 partes, numeradas pelo próprio autor: I- Apresentação da Genealogia: contra uma história linear, meta- histórica, teológica, contra a pesquisa de “origem”. II- Genealogia a partir de Nietzsche: Genealogia da Herkunft (proveniência); Genealogia da Entestehung (emergência); Não pesquisa da Ursprung (origem), porque: pesquisa da origem sentido de recolher a essência exata da coisa, a identidade mais pura e primeira, ao que seria anterior à tudo; Genealogia mostrar que no começo histórico das coisas não há a “identidade preservada”, “grande momento de origem”, mas a discórdia, o disparate entre as coisas; História da verdade: história de erros, de um erro (não refutado ainda) que tem o nome de verdade; O que é fazer Genealogia; história não é teleológica, a história, “em suas intensidades, seus furores secretos, suas grandes agitações febris”, é o próprio devir. III- Genealogia da Herkunft (proveniência): Herkunft como categoria que marca as diferenças e não as semelhanças, Genealogia da Herkunft, ponto de articulação do corpo com a história. IV- Genealogia da Entestehung (emergência): estratégias; história, não linear, sem continuidade e sentido de progresso. Citações I

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Data leitura: 21/04/2015 Item do Plano:AutorN ficha de acordo com plano de assunto.

MetodologiaMichel Foucault

Referncia BibliogrficaFOUCAULT, Michel. Nietzsche, a Genealogia e a Histria. In: FOUCAULT, Michel. Microfsica do Poder. Organizao de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 1986. p. 15-37

Palavras-chaveGenealogia; Histria

Texto: REFERNCIAS HISTRICO-CULTURAIS(tempo, espao, fatos histricos; contextualizao da obra). Texto do incio dos anos 1970 (1971), Foucault retoma a genealogia de Nietzsche (a partir de inmeras obras desse que so citadas ao longo do texto). O mtodo genealgico, a genealogia ou o olhar genealgico (h literatura que distingue e discute esses termos) como estratgia de anlise com a qual Foucault prope contrapor-se e escapar da narrativa histrica tradicional, teleolgica, que visa continuidades e linearidades. Genealogia proposta por Foucault: abandonar a busca das origens (Grande e relevante origem que visa a histria tradicional) para voltar-se ao jogo casual de dominaes que constituem os acontecimentos. Concepo de Foucault sobre o mtodo genealgico modifica-se no decorrer da sua obra. Tentar apreender dessas obras que analisarei (VFJ, DS, STP) um instrumental metodolgico para meu trabalho. Para os inmeros comentadores e estudiosos de Foucault, nesse perodo ocorre a passagem, de Foucault, do mtodo arqueolgico (1 fase) para o mtodo genealgico (2 fase).

Estrutura: introduo, desenvolvimento da obra, sntese da obra e crtica. Texto desenvolvido em 7 partes, numeradas pelo prprio autor:I- Apresentao da Genealogia: contra uma histria linear, meta-histrica, teolgica, contra a pesquisa de origem.II- Genealogia a partir de Nietzsche: Genealogia da Herkunft (provenincia); Genealogia da Entestehung (emergncia); No pesquisa da Ursprung (origem), porque: pesquisa da origem sentido de recolher a essncia exata da coisa, a identidade mais pura e primeira, ao que seria anterior tudo; Genealogia mostrar que no comeo histrico das coisas no h a identidade preservada, grande momento de origem, mas a discrdia, o disparate entre as coisas; Histria da verdade: histria de erros, de um erro (no refutado ainda) que tem o nome de verdade; O que fazer Genealogia; histria no teleolgica, a histria, em suas intensidades, seus furores secretos, suas grandes agitaes febris, o prprio devir.III- Genealogia da Herkunft (provenincia): Herkunft como categoria que marca as diferenas e no as semelhanas, Genealogia da Herkunft, ponto de articulao do corpo com a histria.IV- Genealogia da Entestehung (emergncia): estratgias; histria, no linear, sem continuidade e sentido de progresso.

Citaes I A genealogia (...) meticulosa e pacientemente documentria. (p. 15). (...) Da, para a genealogia, um indispensvel demorar-se: marcar a singularidade dos acontecimentos (...). p.15

(...) A genealogia (...) se ope, ao contrrio, ao desdobramento meta-histrico das significaes ideais e das indefinidas teleologias. Ela se ope pesquisa da origem. p. 16

II Por que Nietzsche genealogista, recusa, pelo menos em certas ocasies, a pesquisa de origem (Ursprung)? Porque, primeiramente, a pesquisa, nesse sentido, se esfora para recolher nela a essncia exata da coisa, sua mais pura possibilidade, sua identidade cuidadosamente recolhida em si mesma, sua forma imvel e anterior a tudo o que externo, acidental, sucessivo. Procurar uma tal origem (...) tomar por acidental todas as peripcias que puderam ter acontecido, todas as astcias, todos os disfarces; querer tirar todas as mscaras para desvelar enfim uma identidade primeira. Ora, se o genealogista tem o cuidado de escutar a histria em vez de acreditar na metafsica, o que que ele apreende? Que atrs das coisas h algo inteiramente diferente: no o seu segredo essencial e sem data, mas o segredo que elas so sem essncia, ou que sua essncia foi construda pea por pea a partir de figuras que lhe eram estranhas. (...) p. 17 e 18.

(...) O que se encontra no comeo histrico das coisas no a identidade ainda preservada da origem a discrdia entre as coisas, o disparate. p. 18.

(...) O comeo histrico baixo. No no sentido de modesto ou discreto como o passo da pomba, mas de derrisrio, de irnico, prprio a desfazer todas as enfatuaes. (...) p. 18.

(...) atrs da verdade sempre recente, avara e comedida, existe a proliferao milenar dos erros. (...) A verdade, espcie de erro que tem a seu favor o fato de no poder ser refutada (...) a histria de um erro que tem o nome de verdade? A verdade e seu reino originrio tiveram sua histria na histria. (...) p. 19.

Fazer a genealogia dos valores, da moral, do ascetismo, do conhecimento no ser, portanto, partir em busca de sua origem, negligenciando como inacessveis todos os episdios da histria; ser, ao contrrio, se demorar nas meticulosidades e nos acasos dos comeos (...) p.19.

(...) A histria, com suas intensidades, seus desfalecimentos, seus furores secretos, suas grandes agitaes febris com suas sncopes, o prprio corpo do devir. (...) p. 20.

III

Termos como Entestehung ou Herkunft marcam melhor do que Ursprung o objeto prprio da genealogia. p. 20.

Herkunft: o tronco de uma raa, a provenincia, o antigo pertencimento a um grupo (...) no se trata de modo algum de reencontrar em um indivduo, em uma ideia ou em um sentimento as caractersticas gerais que permitem assimil-los a outros (...) mas de descobrir todas as marcas sutis, singulares, subindividuais que podem se entrecruzar nele e formar uma rede difcil de desembaraar, longe de ser uma categoria da semelhana, tal origem permite ordenar, para coloc-las a parte, todas as marcas diferentes (...) a anlise da provenincia permite dissociar o Eu e fazer pulular nos lugares e recantos de sua sntese vazia, mil acontecimentos agora perdidos. p. 20.

A provenincia permite tambm reencontrar sob o aspecto nico de um carter ou de um conceito a proliferao dos acontecimentos atravs dos quais (graas aos quais, contra os quais) eles se formaram. A genealogia no pretende recuar no tempo para reestabelecer uma grande continuidade para alm da disperso do esquecimento; (...) Seguir o filo complexo da provenincia , ao contrrio, manter o que se passou na disperso que lhe prpria: demarcar os acidentes, os nfimos desvios ou ao contrrio as inverses completas os erros, as falhas na apreciao, os maus clculos que deram nascimento ao que existe e tem valor para ns; descobrir que na raiz daquilo que ns conhecemos e daquilo que ns somos no existem a verdade e o ser, mas a exterioridade do acidente. (...). p.21.

(...) A pesquisa da provenincia no funda, muito pelo contrrio: ela agita o que parecia imvel, ela fragmenta o que se pensava unido; ela mostra a heterogeneidade do que se imagina em conformidade consigo mesmo. (...) p. 21.

Enfim, a provenincia diz respeito ao corpo. (...) o corpo traz consigo, em sua vida e em sua morte, em sua fora e em sua fraqueza, a sano de todo erro e de toda verdade como ele traz consigo tambm e inversamente sua origem provenincia. (...) O corpo e tudo o que diz respeito ao corpo, a alimentao, o clima, o solo o lugar da Herkunft: sobre o corpo se encontra o estigma dos acontecimentos passados (...). p. 22.

IV Entestehung designa de preferncia a emergncia, o ponto de surgimento. (...) Do mesmo modo que se tenta muito frequentemente procurar a provenincia em uma continuidade sem interrupo, tambm seria errado dar conta da emergncia pelo termo final. (...) Esses fins, aparentemente ltimos, no so nada mais do que o atual episdio de uma srie de submisses (...). A genealogia restabelece os diversos sistemas de submisso: no a potncia antecipadora de um sentido, mas o jogo casual das dominaes. p. 23.

A emergncia se produz sempre em um determinado estado das foras. A anlise da Herkunft (no seria Entestehung, erro de grafia? Traduo?) deve mostrar seu jogo, a maneira como elas lutam umas contra as outras, ou seu combate frente a circunstncias adversas, ou ainda a tentativa que elas fazem se dividindo para escapar da degenerescncia e recobrar o vigor a partir de seu prprio enfraquecimento. (...). p. 23

Observaes pessoais: o que me interessa/pode interessar na pesquisaTexto difcil, muitas referncias de Nietzsche, autor que conheo muito pouco. Se a genealogia visa marcar a singularidade dos acontecimentos, qual a singularidade da medicalizao, do uso disseminado do medicamento Rivotril? O que tem de singular, especfico, nico, especial?

O que h por trs do uso disseminado do Rivotril? Da medicalizao? O controle e a excluso social? Indivduos assujeitados em relaes de poder e de saber?

A partir da emergncia do uso disseminado do Rivotril, uma genealogia desse acontecimento? Esse acontecimento como o atua episdio de uma srie de submisses. Quais submisses? Qual srie? Da psiquiatrizao da sociedade?

Atual dominao, submisso, sujeio medicalizao psiquitrica, como o aumento do uso do Rivotril, parte, sequncia ou inverso de qual sistema de submisso? Parte da psiquiatrizao da sociedade? Parte da psiquiatrizao da vida na sociedade de controle? Inverso: do internao (Disciplina) para o controle da populao (Segurana, Biopoder)?

Conceitos.