Ferve caldeirão!

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1 Núcleo de Educação Popular 13 de Maio - São Paulo, SPCRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA Tel. (11) 92357060 ou (48) 96409331 e-mail: [email protected] EDIÇÃO 1123Ano 27; 2ª semana de Outubro 2012. FERVE CALDEIRÃO! JOSÉ MARTINS Pelas frestas do capital, a busca incessante e obsessiva pelo ponto de fratura do sistema continua. A crítica não pode parar. Mais um mês de Outubro que se esvai, e nada parece suficientemente forte para interromper o ciclo atual de expansão da propriedade privada, do Estado, das mercadorias e do lucro. Mesmo que não passe de lenda, acredita-se popularmente que as grandes crises de superprodução de capital de valor e de mais-valia sempre explodem no mês de Outubro, ou, pelo menos, em suas cercanias. Por isso, sempre que este mês se aproxima, aumenta a esperança dos revolucionários que o período de expansão e de superprodução do capital em curso reverta repentinamente em uma universal desvalorização de pedaços de papel pulverização de títulos de propriedades e de capital, que dias antes ainda ostentavam enormes lucros e solidez nas principais bolsas de valores do mundo. Infelizmente, ainda não é essa pulverização que se pode ver, neste mês de Outubro de 2012. Pelo menos na superfície do mercado. A coisa pode ficar mais interessante, entretanto, para quem fizer uma visitinha aos escritórios dos espertos homens de mercado dos EUA são eles os primeiros a captar os sinais enviados pelas profundezas do mercado. Neste caso, podem ser captados sinais muito estimulantes. Vamos lá? O SEGUNDO SEMESTRE EM EBULIÇÃO Para não dizer que não faltam motivos para comemorar a proximidade de possível colapso do capital, nesta semana os homens do mercado em Wall Street fizeram suas continhas e ficaram pessimistas quanto à continuidade da enorme corrida de lucros dos últimos trinta meses. Essa corrida de lucros vem desde o inicio de Março de 2009 fundo do poço da última crise, quando os índices de valorização das 500 maiores indústrias dos Estados Unidos, listadas no S&P-500, tinham desvalorizado mais da metade do registrado em Outubro de 2007, auge da expansão do ciclo anterior. Nesta última sexta-feira, dia 12, os preços das ações no centro do sistema tinham recuperado os mesmos níveis de Outubro de 2007 cinco anos depois, o capital atinge o mesmo grau de valorização do recorde do ciclo anterior. Nos últimos doze meses, os títulos de propriedade e de capital cresceram mais de 21%, dentro dos maiores recordes nos últimos 60 anos. Só neste ano, o preço das

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Núcleo de Educação Popular 13 de Maio - São Paulo, SP.

CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA Tel. (11) 92357060 ou (48) 96409331 e-mail: [email protected]

EDIÇÃO 1123– Ano 27; 2ª semana de Outubro 2012.

FERVE CALDEIRÃO! JOSÉ MARTINS Pelas frestas do capital, a busca incessante e obsessiva pelo ponto de

fratura do sistema continua. A crítica não pode parar.

Mais um mês de Outubro que se esvai, e nada parece suficientemente forte para

interromper o ciclo atual de expansão da propriedade privada, do Estado, das

mercadorias e do lucro. Mesmo que não passe de lenda, acredita-se popularmente

que as grandes crises de superprodução de capital – de valor e de mais-valia –

sempre explodem no mês de Outubro, ou, pelo menos, em suas cercanias.

Por isso, sempre que este mês se aproxima, aumenta a esperança dos

revolucionários que o período de expansão e de superprodução do capital em

curso reverta repentinamente em uma universal desvalorização de pedaços de

papel – pulverização de títulos de propriedades e de capital, que dias antes ainda

ostentavam enormes lucros e solidez nas principais bolsas de valores do mundo.

Infelizmente, ainda não é essa pulverização que se pode ver, neste mês de

Outubro de 2012. Pelo menos na superfície do mercado. A coisa pode ficar mais

interessante, entretanto, para quem fizer uma visitinha aos escritórios dos

espertos homens de mercado dos EUA – são eles os primeiros a captar os sinais

enviados pelas profundezas do mercado. Neste caso, podem ser captados sinais

muito estimulantes. Vamos lá?

O SEGUNDO SEMESTRE EM EBULIÇÃO – Para não dizer que não faltam motivos

para comemorar a proximidade de possível colapso do capital, nesta semana os

homens do mercado em Wall Street fizeram suas continhas e ficaram pessimistas

quanto à continuidade da enorme corrida de lucros dos últimos trinta meses. Essa

corrida de lucros vem desde o inicio de Março de 2009 – fundo do poço da

última crise, quando os índices de valorização das 500 maiores indústrias dos

Estados Unidos, listadas no S&P-500, tinham desvalorizado mais da metade do

registrado em Outubro de 2007, auge da expansão do ciclo anterior.

Nesta última sexta-feira, dia 12, os preços das ações no centro do sistema

tinham recuperado os mesmos níveis de Outubro de 2007 – cinco anos depois, o

capital atinge o mesmo grau de valorização do recorde do ciclo anterior. Nos

últimos doze meses, os títulos de propriedade e de capital cresceram mais de

21%, dentro dos maiores recordes nos últimos 60 anos. Só neste ano, o preço das

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ações medidas pelo S&P-500 cresceram 15,53%. Uma supervalorização do

capital para ninguém botar defeito.

Mas tudo que é solido desmancha no ar, certo? Certíssimo. Não é preciso

fazer grandes análises gráficas para saber quando a superprodução de capital

começa a girar em falso e a apontar para o encerramento de mais um período de

expansão. O próprio mercado se encarrega de avisar. Como nesta semana,

quando o pessimismo entre os principais dirigentes das maiores empresas dos

EUA subiu para níveis só registrados em Outubro de 2001 e Fevereiro de 2009 –

exatamente os piores meses de crise dos dois últimos ciclos periódicos de

superprodução e crise do capital global.

As últimas informações que correm em Wall Street dão conta que os

lucros efetivamente apurados pela maioria das empresas listadas no S&P-500

ficarão abaixo das estimativas que o mercado vinha operando – calcula-se que

uma possível queda de 0.9 por cento representará o primeiro trimestre de retração

dos lucros das maiores empresas norte-americanas nos últimos três anos.1

Agora é oficial: pela primeira vez desde 2009, as estimativas de lucro

devem ser revistas para baixo neste terceiro trimestre, para empresas como Intel,

a maior produtora mundial de semicondutores; Caterpillar, a maior fabricante

mundial de equipamentos pesados para construções e minas; FedEx, a maior

operadora mundial de cargas aéreas; Wells Fargo, o maior banco do mundo, etc.

Os dirigentes das maiores empresas do mundo antecipam a seus

proprietários que seus lucros murcharam no terceiro trimestre do ano. Não é uma

boa notícia? Para um mês de Outubro tão triste quanto o deste ano, já serve para

dar um pouco de ânimo para continuar na nossa obsessiva procura pelo ponto de

fratura do sistema.

Na próxima semana serão publicados novos e fresquíssimos dados da

produção industrial no terceiro trimestre da maior potência econômica do

planeta. É ali que as bruxas de Macbeth aumentam a lida e fervem os caldeirões.

É no interior daquele laboratório secreto da produção de valor e de mais-valia

que faremos o boletim. Até lá!

1 Bloomberg News – Profit Pessimism at 2009 High on Intel, FedEx Forecasts [Maior pessimismo com

lucros desde 2009 nas previsões da Intel, FedEx.] – 12/Outubro/2012 http://www.bloomberg.com/news/2012-10-11/profit-pessimism-highest-since-09-as-intel-fedex-cut-forecasts.html

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