Ferramentas para Seleção de Bovinos de Corte - Qualitas · Média da raça 1.520 6,95 5% piores...

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Ferramentas para Seleção de Bovinos de Corte *Danie Bosman e Leonardo F. N. Souza Danie Bosman é Zootecnista, mestre em produção animal pela Universidade de Pretório e atualmente atua como consultor em melhoramento genético. Leonardo F. N. Souza é veterinário formado na UFGO e sócio do Núcleo de Zootecnia responsável técnico pelo programa Qualitas . [email protected] , 17-235.4886 No momento em que o homem conseguiu domesticar os primeiros animais ele começou a interferir em um processo que levou milhões de anos para acontecer e que continua acontecendo na vida selvagem: “a seleção natural das espécies”. Seleção é o processo pelo qual um rebanho ou uma população é modificada geneticamente. A seleção natural determina que os animais mais adaptados a um ambiente são aqueles que terão o maior número de progênies. Já a seleção praticada pelo homem e que chamaremos de seleção artificial atua em dois tipos de características: as métricas - taxa de crescimento, altura, comprimento; e as visuais - pigmentação, cor, conformação, etc. Na seleção artificial é o homem que determina quais indivíduos irão se reproduzir com maior freqüência com intuito de atender a objetivos específicos. Partindo desse pressuposto quando o homem decide ser um selecionador de bovinos de corte o primeiro passo é definir quais os objetivos que ele quer para seu rebanho. No processo de definição do objetivo de seleção é importante que o selecionador conheça e verifique alguns fatores. Um dos pilares do melhoramento genético e da seleção é saber se existe na população variação na(s) característica(s) a ser(em) selecionada(s). Um selecionador “ainda” não pode criar novos genes mas pode aumentar a quantidade de determinados genes na população ou rebanho. Tabela 1: Ganho médio diário e Conversão alimentar de animais submetidos a Teste de Performance na África do Sul. Ganho médio diário (gramas) Conversão Alimentar 5% melhores 1.815 6,00 Média da raça 1.520 6,95 5% piores 1.137 8,75 Outro fato que o criador deve verificar é a herdabilidade da característica selecionada. Ou seja, quanto da variação verificada para aquela característica é devida a fatores genéticos e não a diferenças no ambiente em que os animais são criados. Tabela 2: Características que apresentam herdabilidade favorável e portanto respondem a seleção: Característica herdabilidade h 2 (%) Peso à desmama 30 Crescimento em pastejo 30 Crescimento em confinamento 55 Altura 47 Perímetro escrotal 55 Outro aspecto muito importante e que o criador deve estar atento é que animais visualmente parecidos podem apresentar diferenças de produtividade. Isto quer dizer que não é possível medir visualmente com precisão o desempenho de um animal. Um fato também muito interessante é que a produção de leite das vacas é uma característica de alta repetibilidade. Isto significa que se uma vaca não produzir leite suficiente para criar bem o seu primeiro bezerro ela não o fará no segundo, no terceiro e assim por diante. Ou seja, não adianta esperar melhora na habilidade materna de uma vaca se ela desmamar um bezerro fraco em sua primeira parição. 1

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Ferramentas para Seleção de Bovinos de Corte

*Danie Bosman e Leonardo F. N. Souza

Danie Bosman é Zootecnista, mestre em produção animal pela Universidade de Pretório e atualmente atua como consultor emmelhoramento genético. Leonardo F. N. Souza é veterinário formado na UFGO e sócio do Núcleo de Zootecnia responsável técnicopelo programa Qualitas . [email protected] , 17-235.4886

No momento em que o homem conseguiu domesticar os primeiros animais ele começou a interferir em

um processo que levou milhões de anos para acontecer e que continua acontecendo na vida selvagem: “a

seleção natural das espécies”. Seleção é o processo pelo qual um rebanho ou uma população é modificada

geneticamente. A seleção natural determina que os animais mais adaptados a um ambiente são aqueles que

terão o maior número de progênies. Já a seleção praticada pelo homem e que chamaremos de seleção artificial

atua em dois tipos de características: as métricas - taxa de crescimento, altura, comprimento; e as visuais -

pigmentação, cor, conformação, etc. Na seleção artificial é o homem que determina quais indivíduos irão se

reproduzir com maior freqüência com intuito de atender a objetivos específicos.

Partindo desse pressuposto quando o homem decide ser um selecionador de bovinos de corte o

primeiro passo é definir quais os objetivos que ele quer para seu rebanho.

No processo de definição do objetivo de seleção é importante que o selecionador conheça e verifique

alguns fatores. Um dos pilares do melhoramento genético e da seleção é saber se existe na população variação

na(s) característica(s) a ser(em) selecionada(s). Um selecionador “ainda” não pode criar novos genes mas pode

aumentar a quantidade de determinados genes na população ou rebanho.

Tabela 1: Ganho médio diário e Conversão alimentar de animais submetidos a Teste de Performance na

África do Sul.

Ganho médio diário (gramas) Conversão Alimentar

5% melhores 1.815 6,00

Média da raça 1.520 6,95

5% piores 1.137 8,75

Outro fato que o criador deve verificar é a herdabilidade da característica selecionada. Ou seja, quanto

da variação verificada para aquela característica é devida a fatores genéticos e não a diferenças no ambiente

em que os animais são criados.

Tabela 2: Características que apresentam herdabilidade favorável e portanto respondem a seleção:

Característica herdabilidade h 2 (%)

Peso à desmama 30Crescimento em pastejo 30Crescimento em confinamento 55Altura 47Perímetro escrotal 55

Outro aspecto muito importante e que o criador deve estar atento é que animais visualmente parecidos

podem apresentar diferenças de produtividade. Isto quer dizer que não é possível medir visualmente com

precisão o desempenho de um animal.

Um fato também muito interessante é que a produção de leite das vacas é uma característica de alta

repetibilidade. Isto significa que se uma vaca não produzir leite suficiente para criar bem o seu primeiro bezerro

ela não o fará no segundo, no terceiro e assim por diante. Ou seja, não adianta esperar melhora na habilidade

materna de uma vaca se ela desmamar um bezerro fraco em sua primeira parição.

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Conhecendo e entendendo estes fatos e traçado o objetivo, na prática o que acontece é o melhoramento

das características selecionadas.

Tabela 3: Evolução do peso a desmama dos animais ao longo dos anos.

Ano Peso à desmama (kg)1980 1931985 1981990 2111995 2132000 217 24 kg após 20 anos

Discutiremos agora sobre quatro ferramentas básicas utilizadas na seleção de bovinos de corte:

1. Seleção baseada em Pedigrees;

2. Seleção baseada na Aparência Visual;

3. Seleção baseada em resultados de Testes de Desempenho;

4. Seleção baseada em Valores Genéticos (DEPs – Diferenças Esperadas na Progênie).

Seleção baseada em Informações de Pedigree

Porque os selecionadores não podem ignorar os Pedigrees? Porque é por meio deles que se evita a

prática de endogamia nos acasalamentos e o por conseguinte o aumento da consaguinidade do rebanho. Está

comprovado que o aumento da consaguinidade tem um efeito muito negativo na produtividade do rebanho.

Tanto características de crescimento (ganho de peso) como reprodutivas (perímetro escrotal) apresentam

correlação negativa com o nível de endogamia.

Seleção baseada na Aparência Visual

Podemos dividir a avaliação visual de bovinos de corte em quatro categorias de acordo com o seu

propósito:

Avaliação visual em termos de padrões raciais;

Avaliação visual em termos de padrões para exposições;

Avaliação visual em termos de conformação frigorífica;

Avaliação visual de acordo com normas de eficiência funcional.

A avaliação visual dirigida para padrões raciais e exposições geralmente não estão correlacionadas com

produtividade e funcionalidade. Os padrões raciais são necessários para diferenciar os valores dos animais, já

os padrões para exposições apresentam pouco valor. Felizmente, na África do Sul, os padrões de exposições

foram substituídos pela avaliação visual para eficiência funcional.

A avaliação de bovinos para eficiência funcional foi desenvolvida pelo Professor Jan C. Bonsma da

África do Sul em 1946. Partiu do conceito do julgamento de bovinos baseado em misteriosos padrões estéticos

para ser estudado cientificamente. Em vez de efetuar a avaliação visual com base no que é esteticamente

agradável ao juiz, que tinha muito pouco conhecimento sobre fisiologia, endocrinologia e as interações entre

estas funções e a morfologia do animal, uma orientação científica foi desenvolvida.

Durante o período de 1937 a 1960 o Professor Bonsma mediu cerca de 500 animais dos centros de

pesquisas estatais de Mara e Messina. Foram medidas 14 características em cada animal de 3 em 3 meses a

partir dos 3 dias de idade até a morte ou saída do animal da fazenda. Além disso, todos os animais foram

pesados mensalmente e os dados completos de performance de cada animal foram registrados.

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Como todas as medidas corporais foram compiladas na mesma planilha dos dados de performance,

depois de alguns anos, foi possível correlacionar a morfologia externa com os processos fisiológicos que

ocorriam internamente no animal.

Como resultado destas correlações foi desenvolvido um profundo estudo sobre fisiologia de produção e

endocrinologia.

A disponibilidade de dados de performance e o contato contínuo com os animais quando eram

verificadas as medidas corporais resultaram em uma observação minuciosa dos animais no curral. “Você sentia,

cheirava e julgava o temperamento do animal de perto”.

Após medir e compilar os dados de performance referente a pesos, reprodução, produção de leite,

reações ao clima e contagem de carrapatos, ficou óbvio que havia uma estreita correlação entre a fisiologia e a

endocrinologia do animal e a sua conformação corporal.

A avaliação visual para eficiência funcional é importante pelas seguintes razões:

Atenção é dada a características correlacionadas a produção.

Adaptabilidade a um ambiente específico é avaliada particularmente quando os animais são

inspecionados nas fazendas dos criadores.

Ela verifica resultado de testes de performance e avaliações genéticas. Os animais podem ter

boa performance mas apresentarem defeitos funcionais. Estes animais devem ser descartados apesar da

performance ser boa.

Deve ser seguida de uma avaliação mais acurada do animal. Por exemplo, a reprodução é

avaliada após os animais entrarem no rebanho. A eficiência funcional avalia a reprodução antes que os animais

entrem nos rebanhos de cria.

Ela pode ser subdividida em:

Sistemas – sistemas hormonais e nervosos – principalmente ligados à reprodução;

Componentes – conformação, pelagem, pigmentação, couro, cascos, etc.

O criador deve aprender a gostar da aparência dos animais mais produtivos e eficientes e não o

contrário. O animal pela sua conformação exprime a sua fisiologia (como seu organismo está funcionando).

Sistemas

Reprodução

A reprodução é a característica mais importante do ponto de vista econômico. Se um bezerro não nasce

vivo todas as outras características têm interesse apenas acadêmico.

A vaca

Certas categorias de sub-fertilidade, em que problemas ou distúrbios de balanço hormonal são a causa,

estão presentes na maioria dos rebanhos. Aproximadamente 10% das novilhas que nascem apresentarão baixa

fertilidade. A seleção para características reprodutivas é portanto de extrema importância.

A vaca que apresenta balanço hormonal normal é extremamente feminina. Seu peito é pequeno e é

contornado pela barbela e apresenta ampla capacidade ruminal e pêlos sedosos. O perfil de seu corpo é em

formato de “cunha”, o que significa que a região dos membros anteriores é descarnada e feminina com genitália

e úbere bem desenvolvidos. Ela perde pêlos imediatamente após ficar prenhe e permanece com pêlos finos e

sedosos por toda a lactação.

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Os pêlos de uma fêmea sub-fértil são grossos e escuros principalmente da metade do dorso à região

superior à cabeça. Fêmeas sub-férteis são mais profundas na região anterior e o músculo do peito é grande.

Apresentam também músculos desenvolvidos no pescoço e na face. A mandíbula é mais pesada com mais

músculo e gordura na paleta, costelas e no peito. A barbela que recobre o peito desaparece.

Nas Figuras 1 e 2 as diferenças entre o formato de uma vacas de alta fertilidade e o de vacas sub-

férteis está evidente.

Figuras 1 e 2: Diferenças relativas entre a conformação corporal de vacas sub-férteis e férteis.

O perfil corporal é muito importante na avaliação visual de fêmeas. Vacas que produzem bezerros

regularmente apresentam formato de “cunha”. Com membros anteriores menos musculosos e o peito está mais

próximo do solo quando comparado a uma vaca sub-fértil.

A vaca sub-fértil desenvolve acúmulos de gordura específicos em seu corpo, o primeiro local é abaixo

dos olhos. Em seguida, no peito, que fica cheio e a barbela desaparece. Ela desenvolve um “cupim de búfalo” no

pescoço ou uma bola de gordura na parte superior das paletas.

Freqüentemente grande quantidade de carne e gordura se encontra sobre as paletas. Um acúmulo de

gordura de forma oval se desenvolve na região baixa das costelas e uma grande bola de gordura é acumulada

nos íleos. Esta gordura é muito sólida e se torna tão dura como cartilagem quando o animal emagrece. É como

um duro pedaço de cartilagem que não irá desaparecer. Quando isto ocorre é quase impossível emprenhar esta

vaca.

Gordura também é acumulada nos ísquios e cerca de 15 cm abaixo da vulva e também na barriga na

região anterior ao úbere, e são característicos de vacas sub-férteis e estéreis.

Abortos deixam marcas definitivas no corpo do animal. A fêmea que abortou apresenta pequenos

caroços de gordura no peito, que não são macios, e as tetas indicam que o úbere se desenvolveu até certo

ponto e depois retrocedeu, ela não apresenta o mesmo formato de úbere que uma novilha. A vaca que perde o

bezerro antes que ele tenha mamado ou tenha abortado irá desenvolver uma marca branca parecida com

porcelana nos chifres e os pêlos do úbere irão crescer em abundância.

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Se um animal é superalimentado, um distúrbio no balanço de somatotropinas (hormônios de

crescimento) e gonadotropinas (hormônios sexuais) é desencadeado e a fertilidade irá diminuir.

A vulva de uma vaca é outro bom indicativo de fertilidade. Se a vulva de uma novilha é muito grande,

com as extremidades desenvolvidas para baixo e para fora, isto indica um distúrbio no balanço dos hormônios

sexuais femininos. Significa também que o seu clitóris é muito grande. Estas fêmeas freqüentemente

apresentam cios irregulares.

É possível selecionar novilhas para eficiência funcional antes que elas sejam colocadas com o touro. A

novilha fértil é feminina, e tem uma vulva desenvolvida que apresenta de 4 a 6 cm da comissura superior até a

comissura inferior e um úbere bem desenvolvido.

A novilha sub-fértil com freqüência é muito grande, tem aparência masculina, tem uma cabeça

masculina e vulva e úbere infantis. Ela apresenta pêlos grossos e opacos nas costas, é mais profunda na região

anterior do corpo, e apresenta um peito desenvolvido para frente e para baixo e apresenta cios irregulares.

Numa vaca que tem partos regulares, os chifres usualmente ficam mais cinza e não apresentam

manchas duras e lisas. A vaca que produz regularmente tem cabeça e pescoço descarnados. A barbela está

bem definida sobre o peito e a ponta da escápula é mais alta que os processos espinhosos das vértebras

torácicas. Apresenta grande capacidade ruminal e um úbere bem desenvolvido e funcionalmente eficiente.

Possui tetos pequenos, lisos e brilhantes. A cauda desce perpendicular ao corpo.

A partir do momento que a vaca fica com o peito e ombros pesados, certamente ela está tendo partos

irregulares e é uma fraca produtora de leite.

Pela seleção de vacas e novilhas de alta fertilidade, a potência do touro é poupada e a produção de

bezerros aumentada.

O touro

O touro é um touro porque os seus testículos estão intactos e as características sexuais secundárias

estão presentes. Um touro deve parecer um touro, não uma vaca ou um boi castrado. Os hormônios sexuais

masculinos têm uma influência direta na aparência física do touro – são responsáveis pela cabeça e aparência

masculina do touro. Masculinidade significa musculosidade e geralmente pêlos grossos na cabeça pescoço.

Apresenta também pêlos mais escuros na cabeça, pescoço, região baixa das costelas e dos membros

posteriores principalmente em animais de pelagem vermelha. O resto do corpo apresenta pelagem fina e

sedosa. Touros com estas características geralmente apresentam alta libido. Qualquer distúrbio no balanço

hormonal ou falta de testosterona causará falta de masculinidade na cabeça, pouca musculosidade, pelagem de

coloração opaca e por sua vez falta de libido (Figuras 3 e 4).

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Figuras 3 e 4: Diferenças de conformação entre um touro funcionalmente eficiente e um ineficiente.

Os hormônios também determinam o crescimento ósseo. Quando o animal alcança a puberdade ou

maturidade sexual, os ossos param de crescer e começam a endurecer. Isto ocorre porque na puberdade a

secreção de testosterona aumenta e a dos hormônios de crescimento diminuem. Animais que não alcançam a

maturidade sexual, ou quando ela é retardada, continuam a crescer. Como resultado o animal fica mais alto e

suas medidas são desproporcionais. Todo macho castrado antes dos 6 meses de idade irá apresentar uma

mandíbula pesada, porque este osso apresenta cartilagem e continua a crescer. Continua crescendo até o fim

da vida do animal. Da mesma forma os chifres deste animal continuarão crescendo. O crescimento dos chifres

de um touro é muito mais lento que o de um macho castrado.

Os hormônios sexuais masculinos afetam diretamente o desenvolvimento e o formato dos músculos. O

touro desenvolve musculatura – e se ele é realmente um touro – não acumula gordura.

Um touro dever possuir músculos desenvolvidos no pescoço, na região superior dos membros anteriores

e os músculos dos posteriores devem ser desenvolvidos.

Os órgãos sexuais externos: testículos, bolsa escrotal, bainha prepucial e o pênis são extremamente

importantes na avaliação do potencial sexual do touro.

A bolsa escrotal é um delicado mecanismo termo-regulador. Ela deve manter os testículos refrigerados

quando está quente e aquecidos quando está frio. A natureza requer que os espermatozóides sejam formados a

uma temperatura de 5 a 7oC abaixo da temperatura corporal. Durante o período frio os testículos são

aproximados da parede abdominal para que o calor seja retido. No clima quente a bolsa escrotal deve estar

relaxada, e os testículos a cerca de 10 cm da parede do abdômen, entretanto não devem estar muito

pendulosos para não serem machucados. Além disso, testículos pendulosos podem causar uma varise

obstruindo as veias espermáticas, comprometendo todo o mecanismo termo-regulador causando a esterilidade

do touro.

A bolsa escrotal ideal apresenta a região mais próxima ao abdômen sem acúmulo de gordura, pois pode

interferir no mecanismo termo-regulador. Deve ser bem pigmentada. A despigmentação pode levar a inflamação

da bolsa escrotal e comprometer a eficiência reprodutiva do touro.

Os testículos devem ser apresentar bom tamanho (30 a 40 cm – em animais de 2 anos), bom formato e

devem estar bem posicionados na bolsa escrotal, nunca virados para a direita e nem para a esquerda. Os

epidídimos devem estar bem visíveis e bem posicionados (Figura 5). Em um estudo de Van Rooyen (1985),

86% dos testículos apresentaram um desvio para esquerda com 37% dos touros apresentando um desvio menor

que 10% o que não podia ser detectado visualmente. Qualquer desvio da normalidade resulta em um grande

percentual de deformidades na progênie (Figuras 6 e 7).

Figura 5: Testículo Funcional. Figuras 6 e 7: Testículos torcidos e agarrados.

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Hipoplasia unilateral ou bilateral é um defeito genético que pode causar sérios problemas reprodutivos.

O desenvolvimento das tetas que estão próximas à bolsa escrotal é devido ao estrógeno, que é um

hormônio feminino. Touros com esta característica geralmente apresentam baixa libido.

A bainha prepucial de animais Bos Indicus, é freqüentemente um problema. Bainhas que são muito

compridas e pesadas tendem a apresentar prolapso de prepúcio que leva a machucados, e eventuais

inflamações (“umbigueiras”) eliminam estes touros de serviços futuros. Diferenças dentro das raças indicam

que o comprimento e o formato da bainha são hereditários e que a seleção para bainhas menores e mais curtas

é possível.

Entretanto, cuidado deve ser tomado para não selecionar touros com bainha colada ao abdômen e

menor superfície total de pele (pele agarrada ao corpo). Em condições tropicais onde a temperatura pode

ultrapassar 40oC, é muito importante para fins de termo-regulação uma maior superfície de pele relativa ao

tamanho do corpo do animal. A seleção deve ser de animais com bainha aceitável mas com pele sobrando para

aumentar a superfície total de pele.

Guia para a avaliação visual de touros

Aqui estão alguns pontos relevantes para a avaliação de touros:

Um touro deve apresentar forte aparência masculina.

Musculatura desenvolvida, forte e evidente – um touro deve ser musculoso; não intensamente coberto

de gordura. A cobertura homogênea de gordura por todo o corpo não é característica de touro de alta fertilidade.

Um touro deve apresentar pêlos escuros nos membros anteriores. Nenhum touro – se ele for um touro –

apresenta coloração de pelagem uniforme por todo o corpo.

Procure por uma cabeça masculina com músculos bem definidos no pescoço e nos ombros.

Costelas bem arqueadas e linha de dorso forte – o touro de baixa fertilidade parece profundo, mas não

apresenta arqueamento de costelas, quando visto por trás.

Procure por órgãos reprodutivos bem formados e de tamanho apropriado. Anormalidades nos órgãos

reprodutivos são hereditárias, portanto, preste atenção. Um touro fértil apresenta pêlos compridos no prepúcio e

apresenta pêlos curtos na bolsa escrotal.

Um touro necessita de pernas fortes e musculosas e quartelas fortes. Não admita aprumos posteriores

retos (pernas de frango).

Boa proporção corporal. Cabeça excessivamente grande ou corpo muito compacto pode causar

problemas de parto ou nanismo.

Componentes:

Existem vários defeitos genéticos indesejáveis que podem aparecer nos bovinos. Eles causam desde de

baixa performance e comprometimentos funcionais a situações semi-letais e letais. A maioria é causada por

influências genéticas, ambientais ou devido a interações genéticas e ambientais.

Dividiremos este assunto em:

Estrutura e conformação

Adaptabilidade

Estrutura e conformação:

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Para um bovino ter um bom desempenho produtivo toda a sua estrutura física deverá ser bem

conformada e apropriada ao ambiente em que ele será criado. Neste aspecto, cascos, aprumos, conformação

de garupa e comportamento devem ser verificados.

Na África do Sul alguns animais quando submetidos a alimentação rica em grãos, principalmente milho,

ou criados em solos arenosos ou em pastagens artificiais (gramíneas exóticas ou não nativas) podem

desenvolver “laminite”. Isto é mais comum em animais Bos indicus (Brahman, Nelore, Guzerá) e em Bos taurus

africanus (Afrikaner, Bonsmara, Drakensberger, Nguni). A laminite apresenta herdabilidade alta e pode ser

eliminada pela seleção. O casqueamento de animais preparados para exposição é portanto um mecanismo que

atrapalha a identificação dos animais portadores deste defeito genético e o descarte dos mesmos.

Os aprumos são importantes assim como os cascos pois a locomoção e a reprodução, principalmente,

dos machos depende de aprumos corretos. Animais de aprumos traseiros muito retos, também chamados de

“pernas de frango” podem provocar nas fêmeas distocias (o bezerro não consegue sair do útero) pois a

angulação da garupa fica comprometida e nos machos pode provocar a quebra do osso do pênis no momento

da cópula. O salto se torna mais difícil e o impulso que touro tem que exercer é maior.

Em fêmeas é interessante que a garupa seja levemente inclinada. Isto facilita o parto pois o bezerro

desliza pela cavidade púbica. As raças indianas (Nelore, Brahman, Guzerá), as Bos taurus africanus (Afrikaner,

Bonsmara, Drakensberger, Nguni) e a Jersey apresentam menos problemas de parto pois a garupa nestas raça

geralmente é levemente inclinada.

Animais de temperamento dócil são mais fáceis de manejar e diminuem o risco de acidentes tanto com

os animais como com as pessoas que trabalham com eles. O temperamento é uma característica de alta

herdabilidade (0,45) e portanto pode ser selecionada. Vale lembrar que o temperamento também depende de

como os animais são manejados, agressões dos funcionários e instalações mal planejadas podem alterar o

comportamento dos animais e a real avaliação do temperamento é comprometida.

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Adaptabilidade

O ambiente

Todo animal é o produto final da completa interação entre a sua composição genética (genótipo) e o

ambiente, que também inclui o ambiente pré-natal ou intrauterino (Figura 8).

A interação genótipo –ambienteA eficiência de produção depende de seleção, nutrição e manejo

Hereditariedade Ambiente Status Nutricional Tamanho do animal

Adaptação Morfologia Função

GenesHormôniosEnzimas

RadiaçãoSolar

TemperaturaVento

INFLUÊNCIA GENÉTICA

Ambiente Interno Ambiente Externo

CATÁLISE AMBIENTAL

METABOLISMO

OssosGorduraMúsculosEnergia

TratoDigestivo:

Rúmen(Ambiente

interno)

ProteínasVitaminas

CarboidratosMineraisGordura

Tamanho CorporalPotencial Produtivo

Funções de Crescimento

CrescimentoReprodução

Produção Leite

ENTRADASCustos de Produção

SAÍDASReceitas de Produção

APETITE

Entrada

de energia

Ta

xa de p

assage

m

Resíduos de ProduçãoFezes e urina

Trocas gasosasDissipação de Calor

Ambiente e capacidade de suporte(Disponibilidade alimentar)

Tamanho corporal + função = necessidade nutricional de manutenção + produçãoLucro = Receitas de produção – custos de produção

Insumos

Bom Manejo

Eficiência de produção

Figura 8 – O tamanho de um animal depende da nutrição e da idade. Em outras palavras a disponibilidade

nutricional do ambiente determina quanto um animal irá crescer.

O ambiente – especialmente se ele é desfavorável – pode constituir um fator altamente limitante para

expressão do potencial genético do animal. Um ambiente interno e externo desfavorável pode retardar o

desenvolvimento esquelético e, portanto o tamanho adulto do animal. Afeta também o desenvolvimento

muscular, o crescimento dos pêlos e a aparência dos mesmos. Ele altera a conformação do corpo e várias

características anatômicas que refletem a normalidade do organismo.

Por sua vez, o aspecto mais importante para a produção animal é a criação de animais que são

adaptados ao ambiente em que são expostos. O animal adaptado está em equilíbrio térmico com o clima e em

harmonia com o ambiente, o que lhe permite a máxima utilização dos recursos naturais, enquanto o animal não

adaptado inevitavelmente sofre de desnutrição e finalmente degeneração (Figura 9). Adaptabilidade é

claramente a chave para a sobrevivência.

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Figura 9: Uma vaca Shorthorn com degeneração tropical – o problema de degeneração tropical de raças Européias e

Britânicas nos trópicos e sub-trópicos teve de ser solucionado pela pesquisa.

Estudos nos campos da ecologia e climatologia ressaltaram a importância que vários fatores ambientais

têm sobre a produção, tanto individualmente como através de interações. Neste sentido o Professor Bosman

desenvolveu o que ele chamou de “roda ecológica de criação” (Figura 10).

homem

Animal

Manejo

Nutrição

Temperatura

Luz (luminosidade)

Radiação Solar

Altitude

Pressão Atmosférica

Vento

DoençasEctoparasitas

Endoparasitas

pH do Solo

Fertilidadedo solo

Pluviosidade eumidade relativa

Sons supersônicose barulho

Poluição emau cheiro

Linhas elétricasde alta tensão

Figura 10: Roda ecológica de criação. As dezesseis variáveis nesta roda têm influencia direta sobre o

homem e os animais.

Toda a filosofia da produção animal está baseada no fato que o homem é o eixo desta roda, que o

animal é o cubo (centro) e que o ambiente é o aro (superfície) desta roda. O criador deve conhecer cada um

destes 16 raios do ambiente de sua região, uma vez que apresentam uma influência direta sobre o homem e o

animal. Se estes raios não estão eqüidistantes e não são do mesmo comprimento, a roda não irá girar

perfeitamente e, por sua vez, o homem e o animal irão sofrer. Finalmente os lubrificantes que permitirão que

esta roda gire com perfeição sobre o eixo são o manejo e a seleção apropriadas.

No caso da pecuária de corte desenvolvida em países de clima tropical algumas características são

imprescindíveis para a adaptabilidade dos bovinos ali criados:

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- pêlos curtos e sedosos. Animais de pelagem clara são sem dúvida os que melhor se adaptam ao calor,

entretanto, estes animais devem apresentar pêlos curtos e brilhantes, pois fazem com que os raios solares

sejam refletidos e não absorvidos pelo corpo do animal;

- couro solto e abundante. O couro (pele) é o maior órgão do bovino e quanto maior for a sua área maior

será a superfície do animal em contato com o ambiente e mais eficiente será a troca de calor entre os dois;

- couro grosso. Em regiões tropicais a presença de parasitas externos é bem maior do que nas regiões

temperadas e frias e quanto maior for a espessura do couro menores serão os danos causados por parasitas

externos ao animal. Além disso, animais de couro grosso apresentam um maior número de vasos sanguíneos

superficialmente e portanto mecanismo mais eficiente de troca de calor com o ambiente;

- pigmentação escura. Animais de pigmentação escura são mais adaptados às condições tropicais. Você

já viu algum animal selvagem de hábitos diurnos com pigmentação clara? Mamíferos, aves e répteis que vivem

em regiões tropicais e subtropicais apresentam pigmentação escura. Geralmente, animais de pigmentação clara

são mais suceptíveis a desenvolver câncer de pele.

Portanto, pigmentação escura (cascos e couro) e pelagem clara, curta e sedosa, couro grosso e solto

são as combinações do animal perfeitamente adaptado aos trópicos. Por isso, raças como a Nelore são tão

adaptados às condições do Brasil.

Seleção baseada em resultados de Testes de Desempenho

O valor econômico de um bovino de corte ou de um rebanho depende do somatório de várias

características. Quando nos propomos a melhorar um rebanho ou simplesmente uma safra de bezerros, o

primeiro passo é identificar os componentes dos animais que realmente têm valor e que chamaremos

“características”.

Existem várias características que são importantes para o pecuarista de corte. Dentre elas estão:

reprodução, sanidade, taxa de crescimento, eficiência alimentar, características raciais e muitas outras. O

sucesso em melhorar qualquer uma destas características depende em parte da nossa habilidade em medi-las

corretamente.

Como já foi dito anteriormente, animais visualmente parecidos podem apresentar diferenças de

produtividade. Isto quer dizer que não é possível medir visualmente com precisão o desempenho de um animal.

Por isso, algumas características são medidas subjetivamente e outras objetivamente. O tipo animal ou frame

como chamamos, é uma característica em que damos uma nota variando de 1 a 5 para cada animal,

classificando os animais em: 1 – muito pequeno, 2 – pequeno, 3 – moderado, 4 – grande e 5 – muito grande.

Esta é considerada uma medida subjetiva pois é a opinião de um avaliador. Já uma medida de altura na garupa

por exemplo que é verificada com uma régua, utilizou-se um dispositivo para aferir a medida, neste caso

consideramos a medida como objetiva.

Ainda dentro do contexto de medir corretamente as características é preciso se atentar para princípios

básicos de coleta das informações.

Primeiro, para conseguirmos realmente verificar as diferenças entre os animais é necessário que o

ambiente em que são criados seja idêntico, ou seja, todos os animais devem ter as mesmas oportunidades para

expressar o seu desempenho.

Segundo, deve-se criar uma sistemática para coleta das informações. Se queremos comparar o peso de

desmama de um grupo de bezerros o ideal é padronizar a idade em que deve ser coletada esta informação. Se

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definimos que a idade de comparação do peso desmama dos bezerros é 205 dias, deve-se aferir o peso dos

animais quando eles estiverem com idade o mais próximo possível dos 205 dias. O ideal seria pesá-los no dia

em que completam 205 dias, mas como isso gera uma situação quase que caótica do ponto de vista de manejo

nas fazendas, foram criadas fórmulas de ajuste de peso para determinada idade. Entretanto, toda vez que se faz

um ajuste carrega-se com essa informação uma margem de erro e quanto maior for a distância da data de

coleta da informação da data de ajuste, maior será a possibilidade do valor ajustado não representar o valor real

que animal apresentaria para aquela medida na data definida para comparação dos animais. Exemplo: Dois

bezerros A e B, um foi pesado com 160 dias de idade e outro com 206 dias de idade, respectivamente. O

bezerro A tem uma medida 45 dias antes da data de comparação de 205 dias de idade e o bezerro B apenas 1

dia. A fórmula para ajustar esta medida assume que ganho de peso diário que o animal A teve até os 160 dias

de vida será o mesmo até ele alcançar os 205 dias, já o para o animal B a fórmula irá descontar o ganho

referente a um dia de vida deste animal pois ele foi pesado um dia depois da data de comparação. Portanto:

qual dos 2 pesos ajustados representará com maior precisão o peso dos 2 bezerros aos 205 dias?

Respeitando estes dois princípios teremos o chamado grupo de contemporâneos que nada mais é que

um grupo de animais de idade semelhante (que facilita a coleta de dados e diminui a interferências dos ajustes)

e submetidos a um mesmo manejo (que garante que a diferença entre os indivíduos teve pouca interferência do

ambiente).

Na prática o que o selecionador deve fazer é organizar uma estação de monta para suas vacas a mais

curta possível (até 75 dias é o ideal – assim não existem bezerros nascendo na fazenda quando iniciar o seu

programa de inseminação artificial), e ver quais as vacas que “emprenham”, que não têm problemas no parto e

que entregam os bezerros mais pesados na desmama. Em seguida, é recriar os bezerros nas mesmas

condições até o sobreano (15-18 meses) , medir o desempenho de cada um deles e verificar as características

de importância econômica. Isto é o verdadeiro teste de desempenho e é o tipo de teste que traz resultados.

A coleta de dados realmente demanda tempo e esforço e se torna uma rotina. O único motivo que faz o

selecionador executá-la é para obter algum benefício. E podem acreditar, ela traz benefícios. Cada grupo de

informações coletadas no ano e adicionadas ao seu banco de dados irá mostrar uma real fotografia de onde

estão os animais superiores em seu rebanho.

A diferença em ter ou não estas informações é a diferença entre saber e supor se um animal, é bom ou

ruim. Um selecionador precisa dos dados de desempenho como uma prova de que seus animais são superiores.

Estas informações também são a base para a próxima ferramenta de seleção: Valores Genéticos.

Seleção baseada em Valores Genéticos

Como já dissemos os dados de desempenho coletados sobre os animais são utilizados para determinar

os Valores Genéticos dos animais e por conseqüência as DEPs – Diferenças Esperadas na Progênie, que nada

mais são que a metade do valor genético dos animais. Porque a metade? Porque no momento da fertilização

somente metade dos genes de cada progenitor (touro e vaca) são passados para o filho, ou seja, a metade do

valor genético de cada ancestral.

A DEP representa exatamente a sua definição. É a previsão da diferença esperada entre a performance

média da futura progênie de um indivíduo e a performance de uma animal referência teórico com DEP de valor

zero. Por exemplo se um touro apresenta uma DEP de +1,5 kg para peso ao nascimento, isto significa esperar

que sua progênie seja em média 1,5 kg mais pesada que a progênie do touro referência com DEP assumida

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para peso ao nascimento igual a 0 (zero). Sendo mais preciso, pode-se esperar que o referido touro produza

bezerros 2,5 kg mais leves que um touro com DEP +4,0 (4,0 – 1,5 = 2,5) ou 3 kg mais pesados que um touro

com DEP de -1,5 (-1,5-(-1,5) = 3,0). Ou seja, as DEPs são designadas somente para comparar animais.

Elas são calculadas através da utilização de procedimentos estatísticos correspondentes a uma

categorial geral chamada BLUP (Best Linear Unbiased Prediction) ou Melhor Previsão Linear não Viesada.

Estes procedimentos adequam os valores das informações disponíveis sobre um indivíduo e seus parentes,

utilizadas nas análises.

A vantagem das DEPs em relação aos resultados de teste de desempenho é que elas permitem a

comparação de indivíduos entre rebanhos. Isto ocorre porque as DEPs são calculadas a partir de todas as

informações disponíveis dos animais – pedigree, perfomance individual e progênies e os resultados de teste de

desempenho não.

Já a qualidade de uma DEP é medida pelo valor de sua acurácia. O valor da acurácia pode variar de 0

a 1, sendo que a unidade 1 significa que a DEP de determinado animal é a medida exata da diferença da

progênie deste animal em relação à base genética dos animais avaliados. Uma acurácia zero significa que não

existem informações disponíveis para se fazer uma previsão. Os valores entre 0 e 1 medem o grau relativo de

confiança que deve ser atribuído às DEPs. Geralmente, se valores forem de 0,8 para cima pode-se considerar

que a acurácia é alta, o que significa que as DEPs são previsões bastante confiáveis. Valores entre 0,6 e 0,8

significam que as DEPs têm acurácia moderada, e DEPs com acurácia inferior a 0,6 são previsões com baixa

confiabilidade.

Concluindo, as DEPs são as melhores previsões que podem ser feitas sobre o mérito genético dos

indivíduos e nada mais são que o desempenho esperado da progênie dos animais avaliados, para as

características medidas ou avaliadas consideradas importantes pelos criadores. É também com base nelas que

os criadores podem definir os objetivos de seleção de seus rebanhos.

Conclusão

O criador deve ser encorajado a pensar em termos de eficiência total do rebanho, ou seja, quanto de

retorno é conseguido com os recursos investidos.

A seleção é a ferramenta mais barata e a única com qual pode-se melhorar a eficiência do rebanho.

Geralmente, mudanças no manejo visando aumento do desempenho dos animais estão acompanhadas de

aumento dos custos de produção.

Pela seleção é possível modificar geneticamente um rebanho ou uma raça e a correta utilização das

ferramentas descritas é o caminho mais rápido para que as mudanças ocorram.

O objetivo é buscar um rebanho eficiente que produza o maior retorno possível.

Como dizia o professor Jan Bonsman: “O homem deve medir”.

Referências Bibliográficas:

Bosman, D. J., 1998. Selecting cattle for funcional efficiency. Beef Breeding in South Africa.

Bonsma, J. C. Jan Bonsma and the Bonsmara Beef Cattle Breed. Bonsmara Cattle Breeders Society’s 21st

Anniversary Publication.

Bonsma, J. C., 1980. Judging for functional efficiency. ‘Livestock Production – A global approach’. Tafelberg

Publishers.

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Bonsma, J. C., 1983. The Judging of the Brahman or Zebu Bull. South African Brahman Association Publication,

December.

Bonsma, J. C., 1979. Functional efficiency – How to select bulls. ‘Farmers Weekly’, May 30.

Bonsma, J. C., 1979. Functional efficiency – How to select highly fertile cows. ‘Farmers Weekly’, Jun 6.

Bosman, D.J. Textos compilados de Jornais do National Beef Cattle Performance and Progeny Testing Scheeme –

ARC, Irene – África do Sul no período de 1972 a 1990.

Comstock, C. R. & Golden B. L. 1995. Measuring the Quality of EPDs: Understanding Accuracies. American Red

Angus Magazine, may 1995.

Pollak, E.J., 1992. Expected Progeny Differences Within Breed Comparisons. Proceedings of Symposium on

Aplication of Expected Progeny Differences to Livestock Improvement. 84th Meeting – American Society of Animal Science –

Pittisburg, Penssylvania. August 9-11.

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