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FERNANDO DINIZ

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“O pintor é feito um livro que não tem fim.”

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São Paulo 2019

FERNANDO DINIZ

CURADORIA LUIZ CARLOS MELLO

EURÍPEDES JUNIOR

ABERTURA 09 DE SETEMBRO 19H

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Sem título, sem data | Untitled, no dateÓleo sobre tela | Oil on canvas49 x 60 cm | 19.29 x 23.62 in

Igreja , sem data | Church, no dateÓleo sobre papel | Oil on paper47 x 66 cm | 18.50 x 25.98 in

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FERNANDO DINIZ VILMA EID

Para mim, a dra. Nise Da Silveira e o Museu de Imagens do Inconsciente foram sempre

ícones a ser seguidos e estudados.

Os artistas forjados naquele ambiente de doenças da psique e arte foram e serão

sempre motivo de admiração, dada a qualidade estética extraída da espontaneidade

e da sensibilidade de cada um deles. Daquele ateliê de pintura surgiram e foram reco-

nhecidos artistas como Adelina Gomes, Carlos Pertuis, Raphael Domingues, Emygdio

de Barros, Fernando Diniz, entre outros.

Eu já conhecia o trabalho de alguns deles, mas nunca pensara que fosse possível

adquiri-los, até que um dia me ofereceram uma tela do Fernando Diniz. É uma na-

tureza-morta, lindíssima, que, apesar do meu receio, tomadas todas as precauções e

depois da certeza de que a compra era legítima, adquiri. Soube então que Diniz esti-

vera doente em certa época da sua vida e que, para ajudar no custeio do tratamento,

vendera algumas obras. Sorte minha... uma delas estava comigo.

Alguns anos depois, num leilão, adquiri outro quadro do Fernando Diniz, uma pai-

sagem com igreja, bem diferente do primeiro, mas de igual qualidade. Eles estão em

casa, mas, agora, por pouco tempo...

Quando conheci o Eurípedes Junior e a Christina Penna e soube da luta deles pelo

Museu de Imagens do Inconsciente, não pensei duas vezes: doei as duas telas. Nada

mais justo do que elas irem para o museu, que é a sua casa.

Foi assim que esta exposição nasceu. As obras são todas do museu, vieram em-

prestadas para a mostra e não estão à venda. Para nós, da Galeria Estação, não poderia

haver honra maior. Estamos orgulhosos de ter recebido esse presente e proporcionar a

vocês, nossos amigos, a oportunidade de conhecer ou rever a obra do Fernando Diniz.

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Sem título | Untitled, 1987Guache sobre cartolina | Gouache on paperboard48,2 x 66,2 cm | 18.89 x 25.98 in

“O primeiro desenho que eu aprendi foi uma gota d’água, depois uma pera, uma folha. Eu pensava: Um dia

eu vou aprender isso por dentro.

Gota d’água... eu sabia: gota d’orvalho. Tinha gota d’água, gota de mercúrio.”

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FERNANDO DINIZ

Nasceu em Aratu, Bahia, em 1918. Mulato, pobre, nunca conheceu o pai.

Aos 4 anos de idade veio para o Rio de Janeiro com sua mãe, que era excelente

costureira. Morando em promíscuos casarões de cômodos, costumava acompanhá-la

quando ela ia trabalhar em casas de famílias ricas e abastadas.

Desde garoto o sonho de Fernando era estudar para ser engenheiro. Inteligente,

foi sempre o primeiro aluno da classe. Chegou até o 1º ano científico, mas abandonou

os estudos.

Em julho de 1944, foi preso e levado para o Manicômio Judiciário, sob a alegação

de estar nadando despido na praia de Copacabana. Em 1949, foi para o Centro Psiquiá-

trico Pedro II, onde começa a frequentar a Seção de Terapêutica Ocupacional (STO).

Por não aceitar os tratamentos psiquiátricos violentos em uso na época, a dra. Nise da

Silveira fundou a STO, cujo principal objetivo era estimular a capacidade de expressão

de seus frequentadores.

Quando chegou ao ateliê de pintura, Fernando Diniz não levantava a cabeça e sua

voz baixa mal se ouvia. Ao ser perguntado sobre a razão da beleza de suas pinturas,

respondia: “Não sou eu, são as tintas”. Em sua obra mescla o figurativo e o abstrato,

abarcando das mais simples às mais complexas estruturas de composição. Presença

constante em suas obras é o geometrismo, marcado muitas vezes pela imagem do

círculo, que representa as forças ordenadoras, curativas, da psique.

LUIZ CARLOS MELLO EURÍPEDES JUNIOR

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Uma dessas imagens circulares proporcionou o primeiro prêmio de sua carreira:

uma exposição promovida pela Fédération des Sociétés de Croix Marine foi inaugu-

rada em 15 de outubro de 1957, na Salle Saint-Jean do Hôtel de Ville de Paris. Uma

comissão de críticos de arte atribuiu o prêmio hors concours a uma mandala de Fer-

nando Diniz. O hebdomadário parisiense Carrefour publicou um artigo onde a série

de pinturas de Fernando é comparada a uma experiência artística bastante comum

entre os pintores modernos, qual seja o movimento que vai das primeiras tentativas

de figuração até as estruturas de abstração geométrica.

Em certa época, Fernando regrediu por motivos adversos. Durante longo tempo

suas pinturas foram garatujas caóticas. Nise da Silveira então experimentou colocar

uma monitora para atuar como catalisadora de seus sentimentos. Para surpresa de

todos, Fernando começa a retirar do caos imagens relacionadas com temas japoneses.

Então disse à monitora que ela parecia uma japonesa. Segundo Nise da Silveira, ”Apa-

recida tinha distantes semelhanças com o tipo japonês, mas suficientes para transpor

ao outro lado do mundo, o Japão, a inacessível mulher amada, que estava tão perto”.

Os traços leves e delicados da série da japonesa vêm então contrastar com as fortes

pinceladas e o abstracionismo informal dos desenhos caóticos precedentes.

Além de produzir intensamente no ateliê do museu – de quatro a seis trabalhos

por dia –, Fernando Diniz recolhia todo tipo de papel que encontrasse no hospital e

em suas cercanias, levando-os para o seu quarto. Ali, utilizava esses materiais como

suporte para suas criações, denominando-as “Reciclados”. Velhos lençóis lançados ao

lixo pela administração hospitalar foram recuperados por ele: costurando-os, construiu

um suporte para as pinturas de grandes dimensões que denominou Tapetes digitais.

Fernando Diniz gostava de expor ideias sobre a elaboração de suas obras a qual-

quer pessoa que se interessasse por elas. Em uma pintura que intitulou Árvore das

emoções associa cada cor a uma emoção: o amarelo é a glória, o rosa, amor, o mar-

rom, paixão, o azul profundo, ciúme. Em outro momento diz: “O primeiro desenho

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Sem título | Untitled, 1968Óleo sobre papel | Oil on paper33,7 x 45,5 cm | 12.99 x 17,71 in

“Artista é quase um milagre. O artista já nasceu artista, gosta de se apresentar, mostrar a beleza.”

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Sem título | Untitled, 2017Guache sobre cartolina | Gouache on paperboard50,3 x 66,1 cm | 19.68 x 25.98 in

“Pintar é procurar fazer as coisas por meio do pincel. É uma riqueza, pois se faz figuras e mais figuras até formar uma

fortuna. É uma riqueza que se aprende tirando da fumaça do ar. A pintura vem por meio das imagens.”

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que eu aprendi foi uma gota d’água, depois uma pera, uma folha. Eu pensava: um

dia eu vou aprender isso por dentro”.

Em 1992 o Museu de Imagens do Inconsciente realizou uma grande retrospectiva de

sua obra, O universo de Fernando Diniz, ocupando com mais de duas centenas de traba-

lhos os espaços do Paço Imperial da Praça XV, no Rio de Janeiro. Fernando ia diariamente

à exposição, sentava-se a uma mesa na entrada onde atendia com prazer os visitantes

que lhe solicitavam autógrafos no catálogo. Em geral, fazia pequenos desenhos à guisa

de dedicatória, compartilhando sua criatividade diretamente com o público.

Fernando considerava-se um eterno aprendiz. Sua ânsia de conhecimento levou-o

a imaginar o hospital como uma universidade, e, apesar de sua longa reclusão, era

impressionante a quantidade de informações que acumulava. Sua paixão pelos livros

fazia-o constantemente atualizado com os acontecimentos e descobertas científicas.

Manifestava interesse por astronomia, química, física nuclear e informática, revelando-

-se um pesquisador incansável.

O resultado gráfico de toda essa atividade é um caleidoscópio de imagens ora

sucessivas, ora superpostas, dinâmicas e coloridas. Do espaço para o tempo, do inor-

gânico para o orgânico, do geométrico para o figurativo ou vice-versa, Fernando ia

tecendo seu universo. Visitou os espaços interiores da casa sonhada, e as amplidões

das paisagens; fragmentou ou reconstruiu o corpo humano, submetendo-o aos mo-

vimentos dos jogos, dos esportes; esquematizou objetos e seres, imaginou objetos

científicos, executou verdadeiros tornados geométricos prenhes de formas cuja mul-

tiplicidade extrema por vezes levou-o ao caos, de onde sempre retornava trazendo

novas e inesperadas imagens, como os seus últimos abstratos, onde logomarcas, fór-

mulas químicas, signos e símbolos se misturam para criar um luxuriante universo de

coisas, um inventário do mundo.

Para Mário Pedrosa ”Fernando é um novo e autêntico pintor. A força decorativa de

que é profundamente dotado o artista não desarma nunca, ritmo e cor se organizam

sempre, alternando-se em ordem e graça. Os exercícios concêntricos com que Fer-

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nando enche papéis e mais papéis terminam por organizar verdadeiras engrenagens

universais como sistemas que, se vêm do caos, mais se aparentam a relojoarias em

busca de uma ordem intuída”.1

Segundo o próprio Fernando, foi a participação no filme Em busca do espaço coti-

diano, de Leon Hirszman, que despertou nele o interesse pelo movimento da imagem.

Pintou e desenhou uma série inspirada pelo cinema em que utiliza movimentos de

zoom e outros elementos da linguagem cinematográfica, integrando na imagem as

dimensões do tempo e do espaço.

Esse interesse resultou no premiado desenho animado Estrela de oito pontas, para o

qual realizou mais de 40 mil desenhos sob a orientação do cineasta Marcos Magalhães.

Entre comentários, trechos onde toca gaita em pareceria com o violão de Lenine e

vertiginosas sequências de imagens que se desdobram em inúmeras e improváveis

transformações, nessa animação Fernando faz uma síntese de sua obra: a sequência

final mostra um cavaleiro, cujo galope percorre os principais temas que ele pintou,

marcos de um território trazido à existência pela sua inesgotável capacidade criativa.

Sua produção no Museu é estimada em cerca de 30 mil obras: telas, desenhos,

tapetes, modelagens. O reconhecimento do seu trabalho veio através de exposições

no Brasil e no exterior, prêmios, publicações, filmes e vídeos. Sua obra foi tombada pelo

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 2003.

Adoecido, foi transferido para o Hospital Pedro Ernesto, da Universidade do Estado

do Rio de Janeiro, onde foi acolhido com carinho. Apesar da gravidade de sua doença,

Fernando continuou a produzir alguns temas recorrentes de sua rica criação, destacan-

do-se as magníficas naturezas-mortas e abstratos que fazem parte desta exposição.

Fernando morreu em 5 de março de 1999.

Nota

1 PEDROSA, Mário. Museu de Imagens do Inconsciente. Coleção Museus Brasileiros, v. 2. Rio de Janeiro,

Funarte, 1980.

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Sem título | Untitled, 1987Guache sobre papel | Gouache on paper50,2 x 65,8 cm | 19.68 x 25.59 in

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Sem título | Untitled, 1990Óleo sobre papel e tecido | Oil on paper and fabric290 x 90 cm | 114.17 x 35.43 in

“Para mim uma mandala é uma porção de coisas, tem tantas coisas

em volta da mandala... Alguém perguntou: Um ovo estrelado é uma

mandala? Uma gota d’água é uma mandala ? Cada pessoa diz uma

coisa, cada mandala é diferente da outra.

Eu tava pensando que uma mandala é uma roda grande com uma

porção de figurinhas de ouro em volta. Tava pensando que era alguma

coisa de religião.”

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SOBRE FERNANDO MÁRCIO DOCTORS1

A pintura de Fernando Diniz é deslumbrante. Não há outro adjetivo que

qualifique melhor o vigor de sua imagem, que brilha com a precisão de

quem constrói um abrigo para se proteger. É desse envolvimento recon-

fortante que trata a obra de Fernando Diniz. Há luxo. Há calma. Há volúpia

nas suas imagens.

É como se perseguisse um ideal burguês ao qual nunca teve acesso, mas

do qual retirou a palpitação que alimenta seu imaginário. Alijado, mas prisio-

neiro, devolve, através de sua arte, uma profunda compreensão e admiração

àquilo que nunca lhe foi dado ter. Sua pintura é expressão de seu desejo de

penetrar esse universo.

O universo de Fernando Diniz é todo povoado, porque ele é dividido em

mil facetas diferentes. Como um lapidador, através dos cortes em ângulos, vai

revelando diferentes brilhos de sua imaginação plástica.

Quando lhe perguntei de qual das séries apresentadas na exposição mais

gostava, respondeu que as pinturas são como os dias, cada uma tem um

santo diferente. Entendi, então, que não era possível comparar. Cada dia tem

um santo. Cada santo tem sua especificidade; assim como sua obra.

Podemos transitar por ela como se estivéssemos em um arquivo. É um in-

ventário fantástico de formas. É enciclopédica. Da casa, concentra-se na sala

de visitas e abarca cada detalhe (lustres, sofá, tapetes, piano, partitura, corti-

nas, fruteiras). Da casa, ainda, as naturezas-mortas, dezenas de frutas e flores

diferentes, como se catalogasse uma a uma. Da série de veículos, transportes

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aéreo, marítimo e terrestre. Instrumentos musicais, um universo sem fim de

estrelas. Enfim, tudo que cabe no mundo cabe na obra de Fernando.

Trata-se de uma pintura feérica e opulenta. Tem a força dos sentidos que

se abrem para perceber, receber e inventar no papel as texturas, as cores, as

formas; a sensualidade do universo plástico.

Fernando é um dos principais representantes dessa “renascença” única das

artes plásticas brasileiras, que a doutora Nise da Silveira soube tão delicada e

determinadamente reunir e deixar acontecer no Hospital Psiquiátrico do En-

genho de Dentro.

Sua obra é comovente. É o testemunho plástico de um dos nossos maiores

artistas. É a demonstração de uma construção plástica direta, precisa e pre-

ciosa de algo inominável e incomparável, são a força e o mistério do grande

Fernando Diniz.

Nota

1 DOCTORS, Márcio. Imagens do Inconsciente. Mostra do Redescobrimento. Nelson Aguillar (org.). São Pau-

lo, Fundação Bienal de São Paulo, 2000.

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Sem título | Untitled, 1987Guache sobre papel | Gouache on paper48 x 66,1 cm | 18.89 x 25.98 in

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Sem título | Untitled, 1968Óleo sobre papel | Oil on paper33,8 x 48,1 cm | 12.99 x 18.89 in

Sem título | Untitled, 1968Óleo sobre papel | Oil on paper33,5 x 47,8 cm | 12.99 x 18.50 in

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Sem título | Untitled, 1968Óleo sobre papel | Oil on paper32,4 x 48,2 cm | 12.59 x 18.89 in

Sem título | Untitled, 1968Óleo sobre papel | Oil on paper32,6 x 47,4 cm | 12.59 x 18.50 in

Sem título | Untitled, 1968Óleo sobre papel | Oil on paper33,8 x 48,1 cm | 12.99 x 18.89 in

Sem título | Untitled, 1968Óleo sobre papel | Oil on paper33,5 x 47,8 cm | 12.99 x 18.50 in

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Sem título | Untitled, 1968Óleo sobre papel | Oil on paper48,4 x 33,1 cm | 18.89 x 12.99 in

Sem título | Untitled, 1968Óleo sobre papel | Oil on paper47,3 x 33,5 cm | 18.50 x 12.99 in

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Sem título | Untitled, 1968Óleo sobre papel | Oil on paper33,3 x 48,5 cm | 12.99 x 18.89 in

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Sem título | Untitled, 1987Óleo sobre papel | Oil on paper36,2 x 54 cm | 14.17 x 21.25 in

Sem título | Untitled, 1987Óleo sobre papel | Oil on paper38,1 x 56,5 cm | 14.96 x 22.04 in

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Sem título | Untitled, 1987Óleo sobre papel | Oil on paper33,3 x 48,5 cm | 12.99 x 18.89 in

Sem título | Untitled, 1987Óleo sobre papel | Oil on paper37,9 x 56,3 cm | 14.56 x 22.04 in

Sem título | Untitled, 1987Óleo sobre papel | Oil on paper36,2 x 54 cm | 14.17 x 21.25 in

Sem título | Untitled, 1987Óleo sobre papel | Oil on paper38,1 x 56,5 cm | 14.96 x 22.04 in

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Lua cinema | Moon cinema, 1987Guache, lápis de cera e óleo sobre papel | Gouache, crayon and oil on paper55,2 x 72,9 cm | 21.65 x 28.34 in

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Sem título | Untitled, 1987Guache e lápis de cera sobre papel | Gouache and crayon on paper55,2 x 72,9 cm | 21.65 x 28.34 in

“Antes havia a pedra lapidada, no meio dela está a estrela, mas quem lapida a pedra tira todas as estrelas. A estrela

grande é difícil de fazer, mas ela existe. Só se pode fazer estrelas pequenas, mas elas não formam a estrela grande.

A estrela grande pode ser dividida, os pedaços não existem antes da estrela. A estrela existe antes de tudo. Em cima da

estrela se desenham círculos e em cima dos círculos, borboletas ou margaridas.”

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Sem título | Untitled,1987Óleo e lápis de cera sobre papel | Oil and crayon on paper55,2 x 72,9 cm | 21.65 x 28.34 in

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Sem título | Untitled, 1987Guache e lápis de cera sobre papel | Gouache and crayon on paper55,2 x 72,9 cm | 21.65 x 28.34 in

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Sem título | Untitled, 1987Óleo e lápis de cera sobre paper | Oil and crayon on paper55,2 x 72,9 cm | 21.65 x 28.34 in

Sem título | Untitled, 1987Óleo e lápis de cera sobre paper | Oil and crayon on paper55,3 x 73 cm | 21.65 x 28.74 in

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Sem título | Untitled, 1987Guache e lápis de cera sobre papel | Gouache and crayon on paper50,1 x 66,4 cm | 19.68 x 25.98 in

“Mudei para o mundo das imagens.

Mudou a alma para outra coisa.

As imagens tomam a alma da gente.”

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FERNANDO DINIZ LUIZ CARLOS MELLO EURÍPEDES JUNIOR

Fernando Diniz was born in Aratu, Bahia in 1918. Mulato and poor, he never knew his father. At the age of 4, he came to Rio de Ja-neiro with his mother, who was an excellent seamstress. Living in brothels, he used to accompany her when she went to work in the homes of wealthy families. From childhood, Fernando’s dream was to study to be an engineer. Bright, he was always the first student in his class. He completed the first year of high school when he stopped his studies.

In July 1944, he was arrested and taken to the Judicial Asylum on the grounds of swimming naked at Copacabana Beach. In 1949, he went to the Pedro II Psychiatric Center, where he began attend-ing the Occupational Therapy Section (OTS). Not accepting the vi-olent psychiatric treatments in use at the time, Dr. Nise da Silveira founded OTS, with the main objective of stimulating the ability of its attendees to express themselves.

When he arrived at the painting studio, Fernando Diniz would not raise his head and his low voice was barely audible. When asked about the reason for the beauty of his paintings, he replied: “It’s not me but the paints.” In his work, he mixes the figurative and the abstract, encompassing from the simplest to the most com-plex structures of composition. A constant presence in his works is geometrism. This is often marked by the image of the circle, which represents the ordering, healing forces of the psyche.

One of these circular images won him the first prize of his ca-reer: an exhibition promoted by the Fédération des Sociétés de Croix Marine inaugurated on October 15, 1957, at the Salle Saint-Jean of the Hôtel de Ville de Paris. A commission of art critics gave the Hors Concours award to Fernando Diniz’s Mandala. The Parisian hebdomadaire Carrefour published an article in which Fernando’s series of paintings is compared to a very common artistic experi-ence among modern painters, ranging from the first attempts at figuration to the structures of geometric abstraction.

FERNANDO DINIZ VILMA EID

I believe, Dr. Nise Da Silveira and the Museum of Unconscious Im-ages have always been icons to follow and study.

The artists forged in that environment of disease of the psy-che and art were and will always be a source of wonder. This is because of the aesthetic quality extracted from the spontaneity and sensitivity of each artist. From that painting studio, many art-ists emerged and got recognition, such as Adelina Gomes, Carlos Pertuis, Raphael Domingues, Emygdio de Barros, Fernando Diniz, among others.

I already knew the work of some of them, but I never thought it was possible to buy them, until one day I was offered a canvas by Fernando Diniz. It was a beautiful still life which I acquired, despite my fear. I took every precaution to make sure the purchase was le-gitimate. I then learned that Diniz had been ill at some point in his life and that he had sold some works to help pay for his treatment. This was my good fortune! This was one of them.

A few years later, at an auction, I bought another picture by Fernando Diniz. It was a landscape with a church, quite different from the first, but of equal quality. They are now in my home but only for a short time.

When I was introduced to Eurípedes Junior and Christina Pen-na and learned of their fight for the Museum of Unconscious Im-ages, I did not think twice. I donated both canvases. Nothing was fairer than their going to the Museum, which is their rightful home.

This is how the current exhibition was born. All the works are from the Museum. They were borrowed for the show and are not for sale. For us at Galeria Estação, there could be no greater hon-or. We are proud to have received this gift and provide you, our friends, with the opportunity to get to know and review Fernando Diniz’s work.

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At one time, Fernando regressed for adverse reasons. For a long time, his paintings were chaotic doodles. Nise da Silveira then experimented with placing a monitor to act as a catalyst for his feelings. To everyone’s surprise, Fernando began to remove from chaos images related to Japanese themes. Then he told the moni-tor that she looked Japanese. According to Nise da Silveira, “Apare-cida had distant similarities with the Japanese type, but enough to cross the other side of the world, Japan, the inaccessible beloved woman, who was so close.” The light and delicate features of the Japanese series contrast with the strong brushstrokes and informal abstractionism of the preceding chaotic designs.

In addition to producing intensively in the museum’s studio - from four to six art works per day – Fernando Diniz collected in his room all kinds of paper he found in the hospital and its surround-ings. There, he used these materials as a support for his creations, calling them “Recycled”. Old sheets thrown away by the hospital administration were recovered by him. By sewing them together, he built a holder for the large paintings he called Digital Rugs.

Fernando Diniz liked to expose ideas about the making of his works to anyone interested in them. In a painting entitled Tree of emotions he associates each color with an emotion: yellow – glory, pink – love, brown – passion and deep blue – jealousy. In another revelation, he said: “The first drawing I learned was a drop of water, then a pear, a leaf. I thought, one day I’ll learn it from the inside.”

In 1992, the Museum of the Unconscious Images held a major retrospective of his work titled The universe of Fernando Diniz. The exhibit included more than two hundred works in the galleries of the Imperial Palace of Praça XV, in Rio de Janeiro. Fernando went to the exhibition daily, where he sat at a table in the entrance and was pleased to oblige the visitors who requested autographs from the catalog. He usually made small drawings by way of dedication, sharing his creativity directly with the public.

Fernando considered himself an eternal apprentice. His ea-gerness for knowledge led him to imagine the hospital as a uni-versity and despite his long seclusion, the amount of information he accumulated was impressive. His passion for books made him constantly up to date with scientific events and discoveries. He ex-pressed an interest in astronomy, chemistry, nuclear physics, and computing, proving to be a tireless researcher.

The graphic result of all this activity is a kaleidoscope of some-times successive, sometimes overlapping, dynamic and colorful images: from space to time, from inorganic to organic, from ge-ometric to figurative or vice versa, Fernando was weaving his uni-verse. He visited the interior spaces of the dreamed house and the expanse of landscapes. He fragmented or rebuilt the human body subjecting it to the movements of games, sports; schematized objects and beings. He imagined scientific objects, executed true geometric tornadoes pregnant with shapes whose extreme multi-plicity sometimes led him to chaos. From there he always returned bringing new and unexpected images, such as his latest abstracts, where logos, chemical formulas, signs and symbols blend together to create a lush universe of things, an inventory of the world.

For Mario Pedrosa, ”Fernando is a new and authentic painter. The decorative force with which the artist is deeply endowed nev-er disarms. Rhythm and colors are always organized, alternating in order and grace. The concentric exercises with which Fernando fills roles and more roles end up organizing true universal gears as systems that, if they come from chaos, look more like watchmakers in search of an intuited order.”1

According to Fernando himself, it was his participation in Leon Hirszman’s movie In search of everyday space that aroused his interest in the movement of the image. He painted and drew a series inspired by cinema using zoom movements and other elements of film lan-guage, integrating the dimensions of time and space into the image.

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This interest resulted in the award-winning drawing called Eight-point star, from which he made over 40,000 drawings under the guidance of filmmaker Marcos Magalhães. Between com-ments and excerpts where he plays the harmonica that would look like Lenine’s guitar and dizzying sequences of images that unfold in countless and unlikely transformations, in this animation Fernando makes a synthesis of his work: the final sequence shows a knight, whose gallop runs through the main themes he painted, landmarks of a territory brought into existence by his inexhaustible creative capacity.

Diniz’s production in the Museum is estimated at about 30 thousand works: canvases, drawings, rugs, modeling. The recog-nition of his work came through exhibitions in Brazil and abroad, awards, publications, films and videos. His work was listed by the Institute of National Historical and Artistic Heritage in 2003.

Fernando fell ill and was transferred to Pedro Ernesto Hospital, State University of Rio de Janeiro, where he was warmly welcomed. Despite the seriousness of his illness, he continued to produce some recurring themes of his rich creation, highlighting the mag-nificent still lives and the abstract that are part of this exhibition.

Fernando died on March 5, 1999.

Note

1 PEDROSA, Mario. Museum of Unconscious Images. Brazilian Museums

Collection, v. 2. Rio de Janeiro, Funarte, 1980.

ABOUT FERNANDO MÁRCIO DOCTORS1

Fernando Diniz’s painting is stunning. There is no other adjec-tive that better qualifies the vigor of his image, which shines with the precision of one who builds a shelter to protect oneself. It is this comforting involvement that Fernando Diniz’s work is about. There is luxury. There is calm. There is lust in his images.

It is as if he pursued a bourgeois ideal to which he never had access, but from which he has withdrawn the throb that feeds his imagination. Dismissed but still a prisoner, he returns through his art a deep understanding and admiration to what he has never been given. His painting is an expression of his desire to penetrate this universe.

Fernando Diniz’s universe is all populated because he is divid-ed into a thousand different facets. As a cutter through the cuts in angles, he reveals different shines of his plastic imagination.

When I asked him which of the series exhibited he liked most, he replied that the paintings are like the days. Each one has a dif-ferent saint. I understood then that it was not possible to compare. Each day has a saint. Each saint has his specificity; as well as his work.

We can move through it as if we were in a file. It is a fantastic in-ventory of shapes. It is encyclopedic. From the house, he concen-trates in the living room and covers every detail (chandeliers, sofa, rugs, piano, sheet music, curtains, fruit bowls). From the house, the still lives, dozens of different fruits and flowers as if cataloging one by one. From the vehicle series, air, sea and land transport. Musical instruments are an endless universe of stars. Anyway, everything that fits in the world fits in Fernando’s work.

It is a stunning and opulent painting. It has the force of the senses that opens to perceive, receive and invent on paper the tex-tures, the colors, the shapes; the sensuality of the plastic universe.

Fernando is one of the main representatives of this unique “re-naissance” of Brazilian fine arts which Dr. Nise da Silveira knew how

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to so delicately and determinedly gather and let happen at the Engenho de Dentro Psychiatric Hospital.

His work is touching. It is the plastic testimony of one of our greatest artists. It is the demonstration of a direct, precise and pre-cious plastic construction of something unnamable and incom-parable. They are the strength and mystery of the great Fernando Diniz.

Note

1 DOCTORS, Marcio. Images of the Unconscious. Mostra do Redescobri-

mento. Nelson Aguillar (org.). São Paulo, São Paulo Biennial Foundation,

2000.

“The painter is like a book that has no end.”

“The artist is almost a miracle. The artist was born an artist. He likes to perform and to show beauty.”

“Painting is trying to do things through the brush. It is like wealth because you make figures and more figures until you make a fortune. It is a richness that is learned by taking the smoke in the air. Painting comes through images.”

“The first drawing I learned was a drop of water, then a pear, a leaf. I thought: One day I’ll learn this from the inside.Drop of water ... I knew: drop of dew. There was a drop of water, a drop of mercury.”

“For me a mandala is a lot of things. There are so many things around the mandala… Someone asked: Is a star egg a mandala? Is a drop of water a mandala? Each person says one thing. Each mandala is different from the other.I was thinking a mandala is a big wheel with a lot of gold figu-rines around it. I was thinking it was something of religion.”

“Before there was the cut stone in its midst is the star, but he who cuts the stone takes away all the stars. The big star is hard to make, but it does exist. One can only make small stars, but they do not form the big star. The big star can be divided. The pieces do not exist before the star. The star exists before all. Circles are drawn above the star and on top of the circles, butterflies or daisies.”

“I moved to the world of images.Changed the soul to something else.Images take our soul.”

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FERNANDO DINIZ 2019

GALERIA ESTAÇÃODiretores

Vilma EidRoberto Eid Philipp

Curadoria

Luiz Carlos MelloEurípedes Gomes da Cruz Jr.

Textos

Luiz Carlos MelloEurípedes Gomes da Cruz Jr.Márcio DoctorsVilma Eid

Produção e desenho gráfico

Germana Monte-Mór

Secretaria de produção

Giselli Mendonça GumieroRodrigo Casagrande

Fotos

Mauro Domingues Miguel Chaves

Revisão de texto

Otacílio NunesVersão de texto para o inglês

Fernanda Mazzuco

Montagem MIA - Montagem de instalações artísticas

Iluminação e apoio de produção

Marcos Vinícius dos Santos Kleber José Azevedo

Assessoria de imprensa

Pool de Comunicação

Impressão e acabamento

Lis Gráfica

rua Ferreira de Araújo 625 Pinheiros SP 05428001

fone 11 3813 7253 galeriaestacao.com.br

Fernando Diniz / curadoria Luiz Carlos Mello,Eurípedes Junior ; [versão de texto para o inglêsFernanda Mazzuco]. -- São Paulo : Galeria Estação,2019.

Ed. bilíngue: português/inglês.“Abertura 9 de setembro 19h”

1. Artistas - Brasil 2. Desenhos - Arte -Exposições 3. Diniz, Fernando, 1918-1999 - Exposições4. Pintura brasileira - Século 20 - ExposiçõesI. Mello, Luiz Carlos. II. Eurípedes Junior.

19-29019 CDD-759.981

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:1. Pintores brasileiros : Exposições :

Catálogos 759.981

INSTITUTO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE NISE DA SILVEIRA Direção

Érika Pontes Silva

MUSEU DE IMAGENS DO INCONSCIENTE Direção

Luiz Carlos MelloCoordenação

Gladys SchincariolAteliês Terapêuticos

Eduardo PamplonaGlória ChanLouise MachadoMárcia Proença Administração

Amélio VieiraRicardo MontenegroSérgio Charters CabralPesquisa

Marize Parreira Museologia

Priscilla Moret Educativo

Emanuelle Rosa

SOCIEDADE AMIGOS DO MII Presidente

Marco LucchesiVice presidente

Eurípedes Gomes da Cruz Jr.Secretaria

Christina Penna Tesouraria

Mauro DominguesApoio à esposição

Hólos Consultoria e Assessoria

Capa | coverSem título | Untitled, 1954

Óleo sobre tela | Oil on canvas

64,5 x 80 cm | 25.19 x 31.49 inSem título |

Sem título | Untitled, 1970

Óleo sobre madeira | Oil on wood

146 x 84,5 cm | 57.48 x 33.07 in

Sem título | Untitled, 1958

Óleo sobre tela | Oil on canvas

152,5 x 103 cm | 59.84 x 40.55 in

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