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O projeto “Entre trapiches, trilhas e vilas: organização comunitária e práticas sustentáveisno Distrito de Mosqueiro, PA” objetiva alcançar interação dos saberes acadêmico e tradicional, a fimde estudar e analisar a organização social no Distrito de Mosqueiro, nas comunidades de Caruarue Castanhal do Mari-mari, com a finalidade de contribuir para o aprimoramento das práticas desubsistência, de forma a permitir a compreensão de suas próprias ações e dos processos políticos eculturais que estão envolvidas.

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    PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. ISSN 1695-7121

    Entre trapiches, trilhas e vilas: organizao comunitria e prticas sustentveis no Distrito de Mosqueiro, PA, Brasil.

    Daniel dos Santos FernandesiJorge Alex A. Souzaii

    Faculdades Integradas Ipiranga (Par/Brasil)

    Resumo: O projeto Entre trapiches, trilhas e vilas: organizao comunitria e prticas sustentveis no Distrito de Mosqueiro, PA objetiva alcanar interao dos saberes acadmico e tradicional, a fim de estudar e analisar a organizao social no Distrito de Mosqueiro, nas comunidades de Caruaru e Castanhal do Mari-mari, com a finalidade de contribuir para o aprimoramento das prticas de subsistncia, de forma a permitir a compreenso de suas prprias aes e dos processos polticos e culturais que esto envolvidas. Diante deste contexto, discutiremos aes visando interao entre o saber sistematizado e o saber tradicional interagindo e planejando, conjuntamente com as famlias locais e parceiros, aes voltadas sustentabilidade dos recursos naturais e na oferta e ampliao de alternativas econmicas que propiciem o emprego, a renda, a incluso social e prticas ambientais no destrutivas. Uma destas possibilidades o turismo de base comunitria.

    Palavras-chave: Saberes; Cultura; Sustentabilidade; Base Comunitria; Alternativas Econmicas;Turismo

    Title: Amidst docks, tracks and villages: community organization and sustainable practices at Mosqueiro District , PA

    Abstract: The Project Amidst docks, tracks and villages: Community organization and Sustainable practices at Mosqueiro District , PA aims to achieve interaction of academic and traditional knowledge, in order to study and analyze social organization at Mosqueiro District -specifically the communities of Caruaru and Castanhal of Mari-mari-, to contribute to the improvement of livelihood practices so as to enable them understanding their own actions as well as the political and cultural processes involved. In this context, we will discuss actions attempting a dialog between systematized and traditional knowledge, interacting and planning, altogether with local families and partners, actions favoring sustainability of natural resources and supply as well as the widening of economic alternatives that provide employment, income, social inclusion and non-destructive environmental practices. One of these possibilities is community-based tourism.

    Keywords: Knowledge; Culture; Sustainability; Community basis; Economic alternatives; Tourism

    i Professor das Faculdades Integradas Ipiranga; Doutor em Antropologia. Email: [email protected] i Professor das Faculdades Integradas Ipiranga; Coordenador do Curso de Turismo; Mestre em Geografia Email: [email protected]

    Notas de investigacin

    Vol. 9(3) Special Issue pgs. 83-94. 2011

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    Apresentao

    O projeto de pesquisa est sendo de-senvolvido numa rea descrita pelos ge-grafos e estudiosos da Amaznia, como um espao que se mostra portentoso e in-teressante sob o ponto de vista hidrogrfi-co. A gua figura a como pea fisiogrfica e como elemento cnico, como moldura e como agente modelador. Pode-se dizer que um privilgio uma cidade possuir em seu territrio tantas ilhas, baias, rios, igara-ps e praias. E certamente o arquipla-go de Mosqueiro, que expressa o carter de uma cidade constantemente penetrada e fecundada pelas guas amaznicas. E neste distrito que o projeto desenvolveu

    suas primeiras aes exploratrias em duas comunidades ribeirinhas, Caruaru (Figura 01) e Castanhal do Mari-mari.

    Localizado no golfo Guajarino, inte-grante de um maior, denominado golfo marajoara, o arquiplago de Mosqueiro (Figura 02) composto por trinta e cinco ilhas. Seu territrio possui uma rea que corresponde regio continental de Belm do Par, cerca de 220km, o equivalente a 27 mil campos de futebol. Sua populao residente gira em torno de 45.000 habi-tantes. Por se tratar de um importante balnerio, em perodo de frias escolares sua populao chega a alcanar 400.000 pessoas.

    A histria de Mosqueiro se confunde com a da colonizao da Amaznia, par-ticularmente do Estado do Par e de sua

    capital. este arquiplago singular, na fantstica foz do rio Amazonas que vem encantando os viajantes durante sculos. Sendo assim, no sculo XVII os primeiros navegadores Europeus que aqui chega-ram, apontaram para dois aspectos inte-ressantes do ponto de vista histrico da ilha. O primeiro a denominao da ilha de Santo Antnio e o segundo o fato da regio ser conhecida como a provncia dos povos indgenas Tupinamb. Habitantes do esturio amaznico, os Tupinamb es-tavam na regio h cerca de 12.000 anos e constituam uma civilizao e uma cul-tura intimamente ligadas natureza.

    Assim, observamos ainda hoje uma re-lao ntima do morador da ilha com o seu entorno natural evidenciado por muitas comunidades ribeirinhas tais como as do Castanhal do Mari-mari e a de Caruaru, comunidades estas que so referencias deste estudo, onde alternativas sustent-veis, desenvolvidas com os princpios das atividades de base comunitria, podem ajudar no desenvolvimento sustentvel das mesmas, uma vez que a economia ex-trativista de produtos locais praticada em seu cotidiano e onde o social se traduz na cultura tradicional de um povo de raiz tupinamb.

    Diante deste contexto, o curso de Ba-charelado em Turismo das Faculdades Integradas Ipiranga apresenta aes vi-sando interao entre o saber sistemati-zado e o saber tradicional na tentativa de superar barreiras fsicas, tericas e prti-cas no processo de ensino-aprendizagem. Isto possibilita tambm a elaborao e proposio tcnicas para aperfeioamento e criao de alternativas econmicas sus-tentveis para as comunidades localiza-das no distrito de Mosqueiro, em Belm.

    As aes executadas e a serem desen-volvidas tm como proposta interagir e planejar, conjuntamente com as famlias locais, parceiros e demais cursos univer-sitrios, aes voltadas sustentabilidade dos recursos naturais e oferta e amplia-o de alternativas econmicas que propi-ciem o emprego, a renda, a incluso social e boas prticas ambientais.

    Figura 01. Trapiche da Comunidade de Caruaru (Foto: Mrcia Lopes, 2011)

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    Figura 02. Ilha de Mosqueiro. (Fonte: Prefeitura Municipal de Belm; Mapa da Regio Metropolitana de Belm [RMB], 2001)

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    Novos cenrios, novos contextos amaznicos: as prticas sustentveis e o turismo

    As polticas pblicas para Amaznia1, nos ltimos anos, tm priorizado agentes exgenos, deixando de envolver pequenos agricultores e povos da floresta que h anos esto margem da ao governa-mental, seja nos investimentos, no siste-ma de crdito ou nos meios de circulao de mercadorias (Becker, 1997, 2004).

    Nos sculos XIX e incio do XX com a substituio do extrativismo das drogas do serto, a extrao e produo da bor-racha atraiu um enorme contingente de trabalhadores regio, vindos dos Esta-dos do Maranho, Piau, Rio Grande do Norte, Cear, Pernambuco e Bahia, os quais permaneciam num sistema que os condicionava a um ciclo de dvidas, garan-tindo a manuteno das elites econmicas e o lucro gerado pela fora de trabalho dos imigrantes nordestinos e caboclos ama-znicos. Com a abertura dos eixos rodo-virios, a Amaznia passou a receber di-versas territorialidades que introduziram tcnicas relacionadas pecuria, s ser-rarias, s plantaes cultivadas na mata de terra firme, minerao e, por ltimo, tecnologia industrial que estimularam a desestruturao da lgica de reproduo social da regio vista na ligao realizada entre os ecossistemas de vrzea, igaps e terra firme pelos caboclos.

    Os ingleses, no sculo XX, investiram em vrias cidades amaznicas devido ao desenvolvimento do capitalismo indus-trial, onde a matria-prima extrada da borracha tinha valor imprescindvel no mercado automobilstico. Os investimen-tos destinavam-se para o setor de energia, portos, transportes, telefonia, telegrafia, rede de esgoto e construo civil, em Capi-tais como Belm e Manaus. Nas dcadas de 1960 a 1980, a regio amaznica so-fre intervenes gigantescas, atravs das polticas elaboradas pelo governo federal, cuja inteno era a explorao dos recur-sos naturais para atender interesses do capital internacional.

    O Estado iniciou uma poltica de de-

    senvolvimento que tinha na industrializa-o e no capital internacional seus pilares e cujo objetivo era o crescimento econmi-co do Pas (Becker, 1997). As estratgias do Estado, primeiramente, eram voltadas implantao dos projetos agro-pecurios que causaram degradao ambiental na regio. Em seguida, na mesma rea do projeto anterior, o Governo Federal im-planta os megaprojetos agrominerais na regio, onde se percebe a estratgia do governo militar em controlar o territrio amaznico, por meio da federalizao de rodovias destituindo e/ou enfraquecendo o poder de Governos Estaduais sob seu territrio poltico-administrativo. Estas, entre outras aes, estavam inseridas nos Programas de Integrao Nacional.

    Neste perodo, se intensificam mudan-as de organizao espacial na Amaznia, principalmente no modo de vida de popu-laes que tinham nos ciclos da nature-za e da influncia dos rios sua dinmica cultural, econmica e social. Este modelo de organizao espacial deu lugar (ou coe-xiste) a ritmos da industrializao, pauta-dos na extrao dos recursos naturais, na utilizao de novas tecnologias, em novas formas de relaes de trabalho, o que in-terfere nos modos de produo e de vida de populaes que dependem diretamen-te dos recursos naturais (Becker, 2004; Gonalves, 2001; Simonian, 2000; Maus, 1994).

    Assim, em muitas pequenas e mdias cidades amaznicas, notria a diminui-o da dinmica econmica, a reprodu-o dos padres de pobreza e problemas sociais, sobretudo os conflitos fundirios, com amplo grau de degradao ambiental. So as marcas das polticas pblicas que modificaram a realidade socioambiental da regio. O arteso, o pescador, o agri-cultor, o caboclo, esto de fora da lgica ou da dinmica do planejamento econmico destinado regio (Gonalves, 2001; Ben-chimol, 1995).

    A sustentabilidade, como tema central de fundamental importncia, no papel socioeconmico e cultural da comunidade local, representa um conjunto de aes necessrias para o planejamento e ges-

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    to participativa. Logo se percebe que a sustentabilidade local exige uma viso a longo prazo da atividade econmica e das necessidades locais. So muito freqen-tes os empreendimentos no sustentveis que ignoram no s o meio ambiente, mas principalmente a cultura tradicional das comunidades. Apropriam-se indevida-mente dos espaos e provocam conflitos sociais de convivncia entre residentes e visitantes.

    Nesse panorama necessrio que as comunidades envolvidas em projetos pos-sam propor modalidades viveis aos seus padres de desenvolvimento, em seus es-paos que respeitem suas culturas tra-dicionais. O que reforaria, no caso da Amaznia, a fala de Becker (2004) de que a fronteira socioambiental induziria o modelo de desenvolvimento endgeno, voltado para uma viso interna da regio e para os habitantes locais, estimulando uma nova e fundamental potencialidade para a Amaznia.

    com intuito de promover mudanas socioambientais, numa ao pautada no futuro, que a sociedade civil organizada tem revelado papel fundamental no que se refere organizao e apoio das popu-laes segregadas dentro de seu prprio espao. Nesse sentido, o projeto Entre trapiches, vilas e trilhas: organizao comunitria e prticas sustentveis no distrito de Mosqueiro, PA inicia o dilo-go entre os diversos saberes, entre as di-versas realidades que compem a regio estudada.

    Faz-se necessrio construir uma nova prtica e saberes diversos, tendo em vista as experincias culturais daqueles sujei-tos que mantm laos afetivos e repre-sentaes sociais para com seu territrio, seu ambiente, no qual as relaes sociais no so mediadas necessariamente pelo comrcio, pelo dinheiro, mas sim, atravs dos valores cotidiano, cultural, simblico e de sobrevivncia.

    A proposta visa compreender o cotidia-no da comunidade, a fim de identificar os saberes ligados prtica social e ambien-tal, incorporando o saber acadmico como mecanismo de ampliao de conhecimento

    e de mudanas de atitude. Tem como pro-psito, ainda, conciliar os saberes diver-sos e transform-los em atitudes legtimas e de cunho poltico no sentido de organiza-o e representao da comunidade, tendo em vista o enfretamento de possveis pro-blemas dirios.

    vlido ressaltar que a ao interdis-ciplinar baseia-se na interao dialgica entre os diversos saberes (no privilegian-do apenas o saber sistematizado), e tem como premissa a transformao social seu resultado final, cuja dimenso alcana mudanas econmicas, polticas e sociais na comunidade, principalmente, no aspec-to da sustentabilidade dos recursos natu-rais, que so imprescindveis para repro-duo social.

    A incluso dos diversos saberes, o reco-nhecimento dos grupos sociais como sujei-tos e produtores de conhecimento, a incor-porao de processos educativos no campo ambiental, a contribuio de diferentes reas do conhecimento cientfico, funda-mentam a necessidade de se desenvolver este projeto interdisciplinar que une tc-nicas e habilidades de investigao, de instrumentalizao e de socializao do conhecimento.

    Almeja-se alcanar interao dos sabe-res acadmico e tradicional com a finali-dade de contribuir para o aprimoramento das prticas de subsistncia, de forma a permitir a compreenso de suas prprias aes e dos processos polticos e culturais que ela est envolvida

    Assim, para orientar o planejamento e as atividades de pesquisa fazem-se al-guns questionamentos quanto interven-o das Faculdades Integradas Ipiranga no Distrito de Mosqueiro: qual o perfil da comunidade? O que a comunidade tem de potencial socioeconmico? Quais os poss-veis segmentos econmicos viveis que a localidade apresenta?

    Desta forma, o objetivo geral da pes-quisa criar mecanismos de sustenta-bilidade, a partir do desenvolvimento do Turismo de Base Comunitria na ilha de Mosqueiro, em Castanhal do Mari-mari e Caruaru; levando em considerao os sa-beres locais e a possibilidade da criao de

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    alternativas sustentveis em ecoturismo.Para isso, traaram-se os objetivos es-

    pecficos: elaborar o diagnstico do perfil dos grupos sociais; construir o inventrio socioambiental local; realizar aes de educao ambiental; analisar as evidn-cias de possibilidade concreta do turismo sustentvel nesses espaos ribeirinhos, quais as tendncias de sustentabilidade destes grupos sociais; planejar produtos e servios junto aos grupos sociais; e su-gerir propostas viveis de planejamento e gesto participativa do turismo de base comunitria e sua aplicao na realidade das comunidades com a participao de iniciativas de incentivos do poder pblico em parceria com a iniciativa privada.

    As metas estabelecidas foram: entre-vistar famlias da comunidade e lideran-a comunitria; elaborar um relatrio do Perfil socioeconmico da comunidade; planejar produtos/servios sustentveis;

    produzir cartilha digital sobre turismo de base comunitria; e produzir cartilha digital sobre educao ambiental.

    Procedimentos Metodolgicos

    Professores, pesquisadores, bolsistas e voluntrios atuam em Grupos de Traba-lho (GT) em trs Eixos de Ao (EA), a sa-ber: Perfil socioeconmico da comunidade; Sensibilizao Patrimonial e Ambiental e Diagnstico e Formatao de Produtos/Servios Sustentveis e Tursticos. Cada Grupo de trabalho poder trabalhar um

    ou mais Eixos de Ao e os docentes po-dero direcionar suas aulas para o EA definido para agregar apoio dos volunt-rios, assim como, suas atividades prticas planejadas. Isto tem o objetivo de dina-mizar e organizar a pesquisa, diminuindo custos. Para tanto, as aes de pesquisa e anlise dos dados coletados est seguindo as fases descritas a seguir:

    Fase I: 1) Seleo dos participantes (alunos e professores) - realizada pelo N-cleo de Pesquisa (Figura 03); 2)Reflexo sobre os diversos olhares em campo re-alizada pela equipe ;Instrumentalizao terica, levando em considerao a alte-ridade e o objetivo do projeto realizada pela equipe; 3) Remontagem dos instru-mentos de coleta de dados - realizada pela equipe .

    Roteiro para as Entrevistas

    Diretrizes gerais para a construo de roteiros. a) Para evitar que as perguntas sejam lidas (e, conseqentemente, soem artificiais para os entrevistados), os ro-teiros devem constar apenas de itens a partir dos quais sero geradas as pergun-tas durante as prprias entrevistas; b) Para que o entrevistador possa conhecer o ponto de vista do entrevistado, os itens devem gerar perguntas abertas que com-portem qualquer tipo de resposta (como, por exemplo: o que voc acha de x?, o que y gera em voc?). Perguntas de escla-recimento e/ ou aprofundamento (como por qu?, como?, d para explicar me-lhor?, etc.) tambm devem ser previstas (mas podem ser introduzidas a qualquer momento em que sejam consideradas necessrias); c) Para preservar a natu-ralidade de uma conversa informal (que nunca composta somente de perguntas abertas), alguns itens devero gerar per-guntas fechadas (cujas respostas so sim ou no, como, por exemplo, voc gosta de z?), seguidas de perguntas de esclareci-mento e/ ou aprofundamento; d) Itens que geram perguntas mais abstratas que solicitam opinies, reflexes, posturas, sentimentos, avaliaes, etc. do entrevis-tado a respeito de determinados tpicos

    Figura 03. Grupo de Pesquisa. (Foto: Claudionor Wanzeller, 2011)

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    devem poder ser confrontados com itens que geram informaes objetivas a respei-to dos mesmos tpicos.

    Um bom exemplo do resultado deste confronto o contraste entre a opinio que um jovem recm-casado revela ter sobre a diviso conjugal do trabalho domstico (a de que tudo feito de maneira equ-nime por ambos os membros do casal) e as informaes concretas que ele prprio fornece sobre quem faz o que na relao: quem dirige, quem leva o carro para o conserto, quem cozinha, quem arruma a casa, quem vai ao supermercado, etc. (in-formaes que podem revelar a existncia de uma diviso de trabalho convencional). O raciocnio por trs deste procedimento o de que o contraste entre informaes concretas e afirmaes abstratas (muitas vezes politicamente corretas) tem o po-tencial de revelar as contradies existen-tes nos discursos dos entrevistados. Essas contradies, por sua vez, so importan-tes vias de acesso ao discurso subjacente (no caso citado, poderiam, por exemplo, revelar que, embora o discurso explcito do entrevistado seja o da igualdade de di-reitos, o que jaz por trs dele a crena de que a diviso tradicional de papis entre os membros do casal natural).

    Portanto, a construo de um roteiro tem incio em conversas informais, sem qualquer tipo de estrutura previamente delineado, sobre a temtica a ser inves-tigada. Para garantir que o roteiro seja adequado populao alvo, importante que essas conversas iniciais ocorram com pessoas que apresentem um perfil anlo-go quele delineado para os participantes da pesquisa.

    Um primeiro rascunho de roteiro deve-r ser elaborado a partir dessas conversas. Esse rascunho, por sua vez, dever ser testado em outras conversas, que, por j terem uma estrutura provisria, so cha-madas de entrevistas-piloto. Muito pro-vavelmente, a partir dessas entrevistas, o roteiro sofrer sucessivas modificaes e ser submetido a novos testes. Quando tudo fluir bem (este o melhor critrio), o roteiro estar pronto e passa-se etapa seguinte: Visita a campo e coleta de da-dos, a ser realizada pela equipe.

    Consideraes sobre as Entrevistas

    Aspectos gerais: Cada participante entrevistado individualmente por um nico entrevistador. Em todos os casos, as entrevistas acontecem em horrios negociados entre entrevistadores e entre-vistados. Como todas as entrevistas tm como modelo uma conversa informal, elas so sempre conduzidas em lugares com os quais os participantes se acham familia-rizadas e nos quais se sentem vontade. Os entrevistados so, inclusive, solicita-dos a indicar os locais de sua preferncia (restries sendo colocadas somente aos locais muito ruidosos). Tambm em todos os casos estudados, antes da entrevista, os participantes devem assinar um termo de livre consentimento do qual constam informaes sobre os objetivos da pesqui-sa, sobre os eventuais riscos que ela pode representar para aqueles que dela parti-cipam e sobre o uso que pode ser feito do material coletado.

    No que diz respeito ao nmero de en-trevistas a serem realizadas com cada participante, na maioria das vezes, feita uma nica entrevista com cada um deles. A durao das entrevistas tambm varia muito. As mais freqentes so as entre-vistas que duram entre uma e duas horas. Em todos os casos, as entrevistas so gra-vadas na ntegra (em udio) com o consen-timento dos entrevistados.

    Realizao das entrevistas

    Evitar utilizar roteiros estruturados e padronizados porque estes impedem o aprofundamento desejado, na medida em que supostamente geram perguntas feitas exatamente na ordem prevista sem que haja a possibilidade de qualquer interven-o espontnea por parte do entrevista-dor.

    Adotar guias ou roteiros pouco estru-turados e no padronizados nos quais os entrevistadores tm liberdade para intro-duzir novas perguntas a cada entrevista. Esse procedimento tem, porm, uma sria conseqncia prtica: inviabiliza anlises comparativas, pois diferentes questes

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    podem ser colocadas para diferentes en-trevistados

    Pode-se estipular que o entrevistador dever ter em mos um roteiro estrutura-do que dever ser aplicado de forma flex-vel para respeitar o fluxo de associaes do entrevistado. Isso significa dizer que a ordem dos itens pode ser alterada; que, dependendo dos pronunciamentos dos en-trevistados, alguns itens talvez sequer necessitem ser transformados em per-guntas porque foram por eles abordados espontaneamente; e que, apesar de todas essas alteraes, o entrevistador deve es-tar atento para que nenhum dos itens do roteiro deixe de ser abordado.

    Incentiva-se a introduo espontnea somente de perguntas de aprofundamento ou esclarecimento. Esta aplicao flexvel de um roteiro estruturado tem os seguin-tes resultados prticos: a) do ponto de vista do pesquisador, ela gera entrevistas semi-estruturadas comparveis na medi-da em que, independentemente da ordem em que aparecem, os itens abordados so os mesmos para todos os participantes; b) do ponto de vista dos participantes, essas entrevistas, se bem conduzidas, tm uma estrutura invisvel porque se assemelham a uma conversa na qual podem se pronun-ciar sem restries e sem que o fluxo de suas associaes seja interrompido, dos tpicos que lhes so apresentados; c) do ponto de vista do entrevistador, a estru-tura do roteiro transmite segurana, en-quanto a flexibilidade de sua aplicao, as aberturas de seus itens bem como a pos-sibilidade de introduo de perguntas de esclarecimento lhe do a possibilidade de aprofundar ou investigar melhor aquilo que achar necessrio.

    A etapa subseqente a da organi-zao dos dados, a qual comea com a transcrio dos depoimentos. Transcrio esta que tratada de forma genrica pela maioria dos mtodos. Leva-se em consi-derao o nvel de detalhamento necess-rio para os objetivos da pesquisa (muitos detalhes podem atrapalhar, mas certos detalhes como hesitaes e longas pau-sas em entrevistas que lidam com confli-tos psicolgicos, por exemplo podem ser

    imprescindveis). Embora as entrevistas geralmente sejam transcritas na ntegra, existe a possibilidade de uma transcrio somente dos trechos a serem citados. No entanto, as falas dos entrevistados no devem ser alteradas ou editadas. Erros gramaticais, palavres, expresses chulas e congneres devem ser transcritos, pois, quando presentes, fazem parte do discur-so dos participantes.

    Discusso e Anlise dos dados compre-endem a etapa seguinte. A interpretao pode ser realizada de dois modos diferen-tes: a) a partir de categorias que emergem das falas dos entrevistados, o que caracte-riza a abordagem mica; e b) a partir de categorias prvias oriundas das teorias que servem de base pesquisa, o que ca-racteriza a abordagem tica.

    As propostas em discusso, po-rm, divergem bastante quanto ao incio da anlise do material coletado. Na maior parte delas, a anlise tem incio com a primeira entrevista e continua ao longo do processo de coleta de dados, podendo comear a analisar os depoimentos cole-tados depois de realizadas todas as entre-vistas.

    Outras diferenas, relativas aos tipos de anlise levados a cabo, agrupam os mtodos sob considerao de outra forma. O tipo de anlise a ser realizado decorre dos pressupostos adotados e das decises tomadas ao longo da pesquisa. Compara-es sistemticas entre as falas dos parti-cipantes, portanto, no podem ser feitas pelos mtodos que no usam guias padro-nizados (a maioria dos que esto em dis-cusso). J o material coletado a partir de amostras heterogneas deve receber tra-tamento especial porque parte da anlise consiste em delinear os diferentes perfis dos respondentes.

    Apesar dessas diferenas, as anlises realizadas por todos os mtodos selecio-nados tm em comum o fato de procurar identificar regularidades, padres e ou-tros aspectos recorrentes nos depoimentos que analisam (tanto que, na maior parte das vezes, a coleta de dados considera-da suficiente quando atinge o j discutido ponto de saturao).

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    A anlise propriamente dita

    Em praticamente todos os mtodos que vimos discutindo, as entrevistas no recebem tratamento individualizado. Em geral, a anlise do material levada a cabo tendo por base comparaes e ou-tros procedimentos (como, por exemplo, o levantamento da incidncia de um deter-minado conceito) realizados a partir dos depoimentos coletados pelas entrevistas como um todo. Dado que as entrevistas no podem ser comparadas item por item, so comparados conceitos e temas que ne-las aparecem. So tambm combinados eventos separados para formular uma descrio integrada de um determinado fenmeno ou conjunto de fenmenos.

    Pode-se levar em considerao, para o escrutnio, duas etapas: a) a da anli-se das respostas dadas pelo grupo como um todo, chamada de anlise inter-parti-cipantes; b) a anlise detalhada de cada uma das entrevistas individuais, chama-da de anlise intra-participantes. Mesmo considerando somente a primeira, ou seja, a anlise inter-participantes.

    Nestas etapas, os participantes tm um perfil homogneo e se pronunciam sobre todos os itens do roteiro. Permite que, diferentemente do que acontece em outros mtodos, suas repostas sejam sis-tematicamente comparadas em busca de recorrncias. Dessas recorrncias, por sua vez, emergem categorias sempre micas que do visibilidade aos valores do grupo social ao quais os entrevistados pertencem. A anlise inter- participantes tem tambm o importante papel de forne-cer ao pesquisador uma viso geral dos resultados obtidos, viso essa que ser aprofundada na anlise das entrevistas individuais.

    Seguem-se as etapas relativas ao Rela-trio da anlise e a Socializao do rela-trio final.

    A Fase 2 est composta de quatro eta-pas: 1) Identificar a partir do relatrio fi-nal, que necessidades existem no campo; 2) Planejamento e execuo de Propostas Sustentveis; 3) Realizao de cursos e oficinas; 4) Montagem de dossi com re-

    sultados da pesquisa.A abordagem qualitativa na conduo

    do trabalho pressupe o entendimento de que os fenmenos sociais e a realida-de so dinmicos e incomensurveis para uma anlise que se pretenda enquadr--las numa mensurao estatstica. Isto porque, esta abordagem, como requisito terico, aponta para uma direo sempre ao futuro, ao possvel e s mudanas es-truturais da histria social.

    Diante do exposto, a pesquisa com-preende momentos diferentes e relevan-tes com relao finalidade do trabalho. Nestes termos, antes do trabalho in loco, tornam-se essenciais o levantamento e reviso bibliogrfica referente ao estudo em questo. O registro das obras selecio-nadas, atravs de fichamentos e resumos so instrumentos de seleo, organizao e sistematizao dos conceitos, teses e ar-gumentaes. Isto possibilita que a cada leitura sejam encontrados novos olhares, opinies e relativizaes sobre a realidade estudada. A esta conduta, somam-se, ain-da, o levantamento e anlise documental relativos aos assuntos e temas pertinen-tes ao trabalho e seus principais agentes sociais envolvidos, com, por exemplo, po-pulaes locais, gestores pblicos, inicia-tiva privadas e sociedade civil organizada.

    Ainda nesta etapa, a pesquisa foca-liza imprensa escrita (jornais, revistas especializadas); recursos audiovisuais (programas televisivos, documentrios e filmes). A sistematizao e anlise dos contedos pressupem anotaes em fi-chas bibliogrficas, requerendo princpios bsicos de registro das obras consultadas, tais como: identificao, localizao, com-pilao e fichamento. A importncia desta etapa est na atualizao dos assuntos relativos problemtica de estudo, posto que as pesquisas bibliogrficas e docu-mentais oferecem condies para definir e apontar sugestes no somente aos pro-blemas conhecidos, como tambm, possi-bilita explorar sob um olhar diferenciado um tema novo com intuito de alcanar anlises e concluses inovadoras (Marco-ni & Lakatos, 2004).

    A pesquisa documental, por outro lado,

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    possibilita a identificao de aes ligadas aos processos de implementao do desen-volvimento. Isto atravs de anlises de re-latrios, mensagens oficiais, planos e pro-gramas e registro jornalstico que tenham relao com a intensificao da atividade turstica nos Municpios e suas espaciali-dades.

    Para o trabalho in loco no que diz res-peito s observaes, s entrevistas e aos dilogos sero seguidos os procedimentos de Malinowski (1977) -a etnografia do dirio- complementados pelos ensina-mentos de Oliveira (1996) que preconiza na pesquisa de campo o olhar, o ouvir e o escrever, pois

    O olhar e o ouvir podem ser considera-dos como os atos cognitivos mais pre-liminares no trabalho de campo [...] seguramente no escrever, portanto na

    Figura 04. Reunio com representantes dos segmentos escolar e comunitrio. (Fonte: Gerlei Menezes, 2011)

    configurao final do produto desse trabalho, que a questo do conheci-mento se torna tanto ou mais crtica [...] Devemos entender por escrever o ato exercido por excelncia no gabinete, cujas caractersticas o singularizam de forma marcante, sobretudo quan-do comparamos com que se escreve no campo, seja ao fazermos nosso dirio, seja nas anotaes que rabiscamos em nossas cadernetas (Oliveira, 1996, p. 22).A observao, neste estudo, ir apre-

    ender os fenmenos socioambientais, com intuito de desenvolver a criatividade no terceiro momento do ato cognitivo, ao interpretar a realidade e construir um pensamento fecundo a respeito do objeto de estudo. A partir dessas premissas, a conduta na coleta de informaes priori-zar os relatos, as conversas, as relaes sociais no ambiente de trabalho, nas ati-vidades ldicas, nas prticas de lazer e turismo.

    Outro procedimento de coleta de in-formaes que assume importncia neste trabalho, diz respeito importncia da histria oral, pois este recurso consiste em oportunizar ao pesquisador o ingresso na vida de outras pessoas, ter um conta-to mais humano, informal, e assim, mais profundo das experincias e vivncias co-munitrias (Thompson, 1992). Oferece condies ao pesquisador de vislumbrar atitudes e aes cotidianas em ambientes diversos e momentos relevantes, e, desta feita, elucidar a dimenso do cotidiano.

    O trabalho de campo pressupe pe-rodos diferentes. Primeiro, a pesquisa exploratria aparece como primeira ex-perincia do pesquisador com o objeto de estudo. Consiste na preparao do pes-quisador frente s peculiaridades da rea de estudo, com objetivo de obteno de maiores informaes e de constatao de algumas hipteses e teorias trabalhadas. Contempla a verificao de possveis fe-nmenos sociais relevantes anotados em caderno de campo e, tambm, a realizao de entrevistas com os gestores pblicos, agncias e operadoras de turismo e popu-lao local (Trivios, 1985).

    Figura 05. Reunio com o presidente da Associao de Moradores do Caruaru. Foto: Gerlei Menezes, 2011)

    Entre trapiches, trilhas e vilas: organizao comunitria e prticas...

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    ISSN 1695-7121PASOS. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, 9(3). Special Issue. 2011

    Daniel dos Santos Fernandes; Jorge Alex A. Souza

    Na segunda etapa, a observao siste-mtica, soma-se aos demais procedimen-tos, no intuito de oferecer e confirmar dados e observaes acerca da dinmica social dos atores. um instrumento que descreve os eventos e as circunstncias, os conflitos, os comportamentos e as rela-es interpessoais dos atores numa dada realidade (Chizzotti, 2005).

    Aps a caracterizao da rea e do pro-blema de estudo, desenvolvidos na fase an-terior, assume importncia as entrevistas semi-estruturadas, elaboradas de acordo com os objetivos elencados no projeto de pesquisa e direcionadas s categorias de-finidas na fase anterior da metodologia. Esta tcnica leva ao pesquisador realizar suas indagaes de acordo com o anda-mento do dilogo, da disposio do entre-vistado ou grupos de sujeitos, deixando-o (os) livre (s) para expor (em) suas opinies, expresses e desejos, contribuindo para a pesquisa. (Trivios, 1985).

    Resultados Preliminares

    Inicialmente devemos salientar que a falta de um Conselho de Ps-Graduao e Pesquisa (C.P.P.) e de um Ncleo de Pesquisas (N.U.P.), na IES s quais se vinculam os pesquisadores, no inicio das investigaes, que pudessem lhes dar su-porte, aliada a uma no-tradio de pes-quisa interdisciplinar, dificultou muito o trabalho dos pesquisadores. Tal problema foi minimizado no ano corrente, 2011, com a implantao do C.P.P e do N.U.P.

    A seleo dos participantes deu-se com professores e alunos. Quanto aos ltimos foi realizada seleo a partir do perfil de alunos que tiveram rendimentos satisfa-trios nas disciplinas Antropologia Cul-tural, Cultura Brasileira e Geografia do Turismo. Quanto aos professores foi aber-ta a participao a partir da anlise dos objetivos do projeto nas disciplinas que pudessem mediar aes, o que resultou no interesse apenas dos professores de An-tropologia Cultural, de Cultura Brasileira e de Geografia do Turismo. A partir da,

    esto sendo realizadas sesses de estudos a partir de vrios intelectuais, particu-larmente das Cincias Sociais, que podem subsidiar a experincia de trabalho de campo, em sua totalidade.

    Os pesquisadores tiveram acesso a alguns problemas de campo a partir dos dilogos travados com representaes das comunidades locais e as diversas possibi-lidades no campo do turismo de base co-munitria. Ao chegarmos ao distrito de Mosqueiro, antes de irmos ao Porto Pel onde embarcaramos para a comunidade de Caruaru, fizemos uma pequena reunio para reafirmar algumas posturas, mesmo dentro do barco, que seriam necessrias para observao desde a sada, como con-versar com o barqueiro e observar o ecos-sistema local. Ao chegarmos na comuni-dade de Caruaru fomos casa de uma das representantes comunitrias e Unidade Escolar local. Logo aps, foram divididas as duplas de discentes para aplicao do questionrio scio-econmico. Os coorde-nadores seguiram para uma entrevista no estruturada com uma representante da comunidade, uma representante da comunidade escolar, e um mediador-guia que juntou-se ao grupo desde a sede de Mosqueiro, antes de embarcarmos (Figu-ra 04). Vale salientar que esse mediador--guia foi de grande valia para o trabalho de campo, pois tem um excelente conheci-mento local, tanto em nvel espacial como interacional na comunidade.

    Antes de nossa volta, logo aps o al-moo com as representaes locais, o pre-sidente da Associao de Moradores que se encontrava na sede do Distrito de Mos-queiro veio ao encontro do grupo de pes-quisa e comeamos uma reunio na qual o presidente exps algumas situaes da comunidade e ouviu a inteno de traba-lho do grupo. (Figura 05)

    Os trabalhos esto tendo continuidade, agora orientados pelas demandas aponta-das pelas representaes da comunidade, o que reforar a idia de um turismo de

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    base comunitria com as comunidades envolvidas, procurando criticamente os meios desejveis e avaliando os resulta-dos.

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    NOTAS

    1 A Amaznia Legal compreende nove entes federativos, so eles Acre, Amazonas, Par, Amap, Roraima, Rond-nia, parte dos Estados do Maranho, Mato Grosso e To-cantins

    Recibido:Reenviado:

    Aceptado:Sometido a evaluacin por pares annimos

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