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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA BENTO GONÇALVES | JUNHO 2019 | EDIÇÃO 215 | ANO 18 Foto: Vagão Filmes FENAVINHO ESTÁ DE VOLTA

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA BENTO GONÇALVES | JUNHO 2019 | EDIÇÃO 215 | ANO 18

Foto: Vagão Filmes

FENAVINHO ESTÁ DE VOLTA

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FENAVINHO JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 20192

Por Rodrigo De MarcoEdição Kátia Bortolini

Empresa Jornalística Integração da Serra Ltda. Rua Refatti, 101 - Maria Goretti - Bento Gonçalves - RS | Fone: (54) 3454.2018 | 3451.2500 | E-mail: [email protected] | www.integracaodaserra.com.br

Periodicidade: Mensal | Circulação: Primeira semana de cada mês, em Bento Gonçalves, Garibaldi, Santa Tereza, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira | Diretora e Jornalista responsável: Kátia Bortolini - MTB 8374 |

Jornalista: Rodrigo De Marco - MTB 18973 | Social Media e Colunista: Natália Zucchi | Área Comercial: Moacyr Rigatti | Atendimento: Sinval Gatto Jr. | Diagramação: Vania Maria Basso | Editor de Fotografia: André

Pellizzari | Colaboradores e Colunistas: Aldacir Pancotto, Ancilla Dall´Onder Zat, Bruno Nascimento, Cesar Anderle, Elvis Pletsch, Melissa Maxwell Bock, Rogério Gava, Thompsson Didoné

Fotos: Exata Comunicação | Gustavo Bottega | Vagão Filmes

Após oito anos de hiato,Fenavinho está de volta

Festa Nacional do Vinho (Fenavinho), após oito anos de hiato, retorna em grande estilo em sua 16ª edição, de 13 a 23 deste mês de

junho, no Parque de Eventos, paralelo a ExpoBento 2019. Das edições anteriores, 13 foram promovidas pelo poder público municipal, em vários formatos.

A partir dessa edição a coordenação da maior festa popular do município está a cargo do Cen-tro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG), que anualmente promove a ExpoBento. A retomada do evento alegrou tanto moradores como visitan-tes, conforme o constatado na programação pré--abertura, na Via del Vino, nos dois finais de sema-nas anteriores ao início das atividades no Parque de Eventos, anteriormente conhecido como Parque da Fenavinho.

Na tarde ensolarada do domingo do último dia

Festa, que em 1967 projetou Bento Gonçalves no cenário nacional, ressurge sob a coordenação do Centro da Indústria, Comércio e Serviços

2 de junho, cerca de sete mil pessoas se reuniram na Via del Vino em torno do suco e do vinho encanados e do desfile de carros alegóricos, apresentado por escolas da rede municipal e de patinação, entidades, empresas e comunidade. O desfile ocorreu na rua Marechal Deodoro, entre as ruas Saldanha Marinho e a Júlio de Castilhos, capitaneado pelo personagem Tastavin e pela corte da Fenavinho, formada pela Imperatriz Bárbara Bortolini e Damas de Honra Ana Paula Pastorello e Sandi Marina Corso, reportando o estilo de vida em torno da vitivinicultura da maioria dos moradores das comunidades e distritos do inte-rior de Bento Gonçalves.

A reinauguração do icônico Vinho Encanado en-cerrou com sucesso sua programação na tarde do último dia 9 de junho. Durante os dois fins de se-mana, cerca de 30 mil pessoas passaram pela Via Del

Vino, apreciando os vinhos e sucos disponibilizados na “Casa del Vino Moysés Michelon”. Ali foram con-sumidas 24.200 doses das bebidas, o que representa 3,6 mil litros. O preferido do público foi o vinho tinto Merlot (55% das vendas), seguido pelo vinho branco Moscato (25%) e pelo suco de uva integral (20%).

“Ficamos extremamente satisfeitos, não apenas pelos números de público e consumo, que nos sur-preenderam positivamente. Mas, acima de tudo, o destaque foi a receptividade da comunidade, que acolheu com muito carinho a volta do Vinho Enca-nado, participando da programação e aproveitando as atrações. Esse indicativo nos deixa muito otimis-tas, também, com relação ao sucesso da retomada Fenavinho”, avaliou o coordenador do comitê res-ponsável pela organização da 16ª edição da Festa Nacional do Vinho, Diego Bertolini.

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Primeira edição da Festa rendeu ao municípioasfaltamento e projeção na mídia nacional

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2019 FENAVINHO 3

O personagem Tastavin (bonachão e, claro, provador de vinho, tem sido uma das estrelas da retomada da Festa Nacional do Vinho) foi criado pelo car-tunista gaúcho Otto Guerra e surgiu por iniciativa da então diretoria da 7ª edi-ção da Fenavinho, ocorrida de 12 a 28 de julho de 1991. O nome do mascote foi escolhido em concurso realizado naquele ano, promovido pela Secretaria Municipal de Educação. Pelo menos 12 mil alunos de escolas da rede muni-cipal participaram do concurso, que tinha por objetivo escolher o nome do personagem.

O nome Tastavin foi criado por Marciano Menegotto (vencedor do concur-so), na época morador do distrito de Tuiuty e estudante do Colégio Estadual de 1º Grau Angelo Salton, de Tuiuty. Tastavin foi inspirado na expressão “Nino, demo testare il vin” (Vamos provar o vinho). Hoje, com 40 anos, Menegotto é produtor de uvas.

O presidente da 7ª edição da festa foi Jovino Nolasco de Souza (in memo-rian) vices, Adroaldo Dla Más, Além Guerra, Juarez Valduga, Lourival Frizzo e Renato Ferrari; Imperatriz Nádia Cini; Damas de honra Eliane Gobatto e Raquel Possamai. Nolasco realizou o evento de forma anual entre 1990 e 1992. A ori-gem do mascote atendia a intenção de criar um ícone definitivo para a festa.

A primeira edição, ocorrida de 25 de fevereiro a 12 de março de 1967, há 54 anos, presidida pelo em-presário Moysés Michelon (in me-moriam) foi um marco para o desen-volvimento do município de Bento Gonçalves, na época com cerca de 38 mil habitantes. O evento, aberto oficialmente pelo então presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco, chamou a atenção da mídia nacional pela distribuição gratuita de vinhos e suco de uva no centro da cidade. Castelo Branco, na companhia do então Chefe da Casa Civil, General Ernesto Geisel, nascido em Bento Gonçalves, e do então go-vernador do Estado, Perachi de Bar-celos, foi recebido com festa na cida-de em 25 de fevereiro de 1967. Na vinda, a comitiva percorreu de carro o trajeto entre Porto Alegre e Ben-to Gonçalves, por estrada de terra, porque o mau tempo não permitiu o deslocamento aéreo. No percurso, Castelo Branco perguntou ao en-tão Governador como uma cidade que estava promovendo uma festa

A edição 2019 da Fenavinho já é históri-ca por estar resgatando o orgulho da popu-lação em voltar a sediar a festa. A retomada da Fenavinho iniciou seu processo social com a escolha da Corte, ocorrida na noite de 6 de abril deste ano, no hall do pavilhão A do Parque de Eventos, com a escolha da Imperatriz Bárbara Bortolini, representante da Rota Caminhos de Pedra e das Damas de Honra Ana Paula Pastorello, representante do Bento Convention Bureau e Sandi Mari-

nacional não tinha acesso asfáltico. Meses após, foi emitida a ordem de serviço do Estado para o asfaltamen-to dos 120 quilômetros de estrada entre Bento Gonçalves e a capital do Estado.

A primeira edição também foi vi-sitada pelo jornalista Assis Chateau-briand (in memoriam), presidente dos Diários e Emissoras Associadas, um dos brasileiros mais poderosos do sé-culo XX, dono de um vasto império de comunicação, responsável por trazer a televisão para a América Latina, en-tre outros feitos. Chateaubriand pres-tigiou a festa a convite do diretor da vinícola Dreher, Carlos Dreher Neto, que presidia o Clube Colibri, formado por grandes anunciantes dos Diários Associados. A revista O Cruzeiro, um dos veículos dos Diários Associados, de circulação nacional, dedicou a capa e várias páginas da edição de 1º de dezembro de 1970 à Fenavinho e às “Uvas de Bento”, representadas na publicação pela Imperatriz Sandra Guerra e pelas Damas de Honra Iegle Ghelen e Liana Mazzini.

Foto: Acervo Moysés Michelon

População resgata orgulhoem voltar a sediar a festa

na Corso, representante da Associação Vale do Rio das Antas.

O trabalho de divulgação da festa en-volveu uma equipe ávida pelo sucesso do evento e o sorriso de orgulho da Imperatriz e Damas de Honra. Em Brasília, a comitiva, for-mada pela Corte e por lideranças políticas e empresariais do município, cumpriu intensa agenda de entrega de convites para as aber-turas da Fenavinho e da Expobento 2019, entre eles para o presidente Jair Bolsonaro.

O surgimento do Tastavin

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2019FENAVINHO4

IntEgRação - a rotina de vida de vocês mudou nos últimos meses em função do trabalho de divulgação da 16ª Fenavinho. Estão conseguindo conciliar a agenda de compromissos do evento com trabalho?

BáRBaRa - Consigo conciliar por trabalhar em uma empresa familiar, com meu pai e meu irmão, com flexi-bilidade de horários.

ana Paula - Sempre tive uma rotina bem corrida, conciliando traba-lho, faculdade, cursos, vida social, mo-mentos de lazer e hobbies. Ao abraçar a Fenavinho já tinha em mente que as atividades de divulgação seriam intensas e que isso demandaria mui-to tempo, tendo que reajustar minha agenda pessoal. Porém, como a Fena-vinho sempre esteve no coração dos bento-gonçalvenses, não houve re-sistência no quesito trabalho e facul-dade para me ausentar das atividades diárias, e isso só comprova o quanto a população apoia e quer o retorno da nossa festa.

SanDI - Mudou sim, é um com-promisso a mais e uma grande res-ponsabilidade, principalmente nes-se momento de retomada da Festa. Estou conciliando com o trabalho, procurando equilibrar os dois lados. Como atuo na área de vinhos, esta época de outono/inverno concentra diversas atividades. Conto com a aju-da dos colegas de trabalho quando estou ausente e, entre a corte, nos revezamos quando uma ou outra não pode estar presente.

IntEgRação - Quanto tempo consome o processo de vestimenta das indumentárias, mais cabelo e maquiagem? lado positivo e lado negativo desse ritual.

BáRBaRa - Às vezes, temos que madrugar para ficarmos prontas no horário dos eventos. É realmente

Foto: Gustavo Bottega / Vagão Filmes

ENTREVISTA COM AS

SOBERANAS

um ritual, mas tudo isso vale a pena quando vemos que nossa dedicação em prol da Fenavinho é reconhecida pelas pessoas, que nos recebem com amor e respeito em todos os lugares.

ana Paula - Temos profissionais parceiros maravilhosos que fazem parte desta árdua preparação, a qual leva em torno de três horas entre fa-zer cabelo com a coroa, maquiagem e ainda vestir o traje oficial. Indepen-dente do dia e do horário (madruga-das, feriados, finais de semana), es-tes profissionais estão prontamente dispostos e não medem esforços, de forma muito carinhosa, para realçar a beleza da corte.

SanDI - Acredito que a maioria das mulheres gosta de se sentir bo-nita, isso nos dá confiança, aumenta nossa autoestima, realça a beleza, nos destaca, portanto, vejo esse “ritual” de forma muito positiva. Sobre lado ne-gativo, talvez o tempo de preparo que é um pouco longo, mas isso faz parte.

IntEgRação - Muitas pessoas têm interagido com vocês, perguntando sobre o evento e solicitando registro fotográfico. De que forma essa experiência com o público vai contribuir para o crescimento pessoal e profissional?

BáRBaRa - Acredito que toda interação que temos com as pessoas gera uma troca de experiências, agre-gando novos conhecimentos. Isso reflete diretamente na vida pessoal e profissional. Crescemos, aprendemos a ouvir mais e nos comunicarmos me-lhor. Além disso, sentir o carinho da comunidade perante a corte é algo único é indescritível, uma alegria que transborda do peito.

ana Paula - O contato com o público está sendo uma experiência muito acolhedora, porque é possível sentir a confiança que nos é deposita-da por representar e abraçar o retorno

da Fenavinho. As pessoas gostam de conversar, tirar foto, contar histórias e as suas lembranças, justamente por causa da nossa festa, e mesmo aque-les que não vivenciaram as primeiras edições, carinhosamente, deixam vi-vas as lembranças de seus familiares. Me sinto muito realizada em conse-guir passar o real sentimento da Festa e tudo o que ela nos remete.

SanDI - Essa experiência tem sido incrível, arrisco a dizer que é a melhor parte de ser soberana. Eu, sendo da área do vinho, por paixão e profissão, já tinha um carinho enorme pela ci-dade, pela cultura, tradição, por tudo que envolve essa bebida e, principal-mente, pelas pessoas que constroem todos os dias a nossa história. A Festa é delas e para elas. Não tinha ideia do quanto nossa comunidade ficaria fe-liz com o retorno da Fenavinho e de todos os marcos históricos que esta-mos resgatando com ela, como o vi-nho encanado no centro da cidade e o desfile de carros alegóricos. A Festa ainda está muito viva no coração de todos, mesmo não acontecendo há oito anos. Isso nos contagia, nos faz termos ainda mais energia e disposi-ção para representarmos da melhor forma Bento Gonçalves, a Capital Na-cional do Vinho. Sem dúvida crescere-mos pessoal e profissionalmente, pois a cada dia que passa conhecemos um pouquinho mais de toda essa traje-tória que já tem mais de 140 anos. É tanta história dentro de uma garrafa de vinho...

IntEgRação - nos bastidores, o que faz vocês darem risada?

BáRBaRa - Erros de gravação, gargalhadas incontroláveis, alaga-mento de quarto de hotel,e por aí vai.

ana Paula - Acontecem algu-mas saias justas, mas contamos com uma assessoria de imprensa muito ca-pacitada, que nos prepararam previa-mente para que possamos contornar

qualquer situação.

SanDI - Ah, os imprevistos... es-pecialmente os erros de gravação!

IntEgRação - Como conheciam a história da Fenavinho antes e como veem agora?

BáRBaRa - Sempre admirei a nossa festa, sua história e o que ela re-presenta para Bento Gonçalves. Ago-ra, no papel de Imperatriz, divulgando a festa, consigo entender ainda mais a importância do seu retorno para a preservação e valorização da nossa cultura. Também se tornou possível vivenciar toda a dedicação e amor que há por trás da sua organização. São pessoas que realmente dão o seu máximo para ver a alegria de um povo se reacender.

ana Paula - Já tinha ouvido falar, mas não imaginava a grandiosi-dade do evento. Está sendo um apren-dizado constante, tanto sobre a festa e seu legado patrimonial e cultural, como sobre a cultura vitivinícola de Bento Gonçalves.

SanDI - Já acompanhava a Fe-navinho há algumas edições. Estudo e trabalho na área de vinhos há mais de doze anos, sou descendente de italianos e, por isso, também já conhe-cia um pouco de toda a trajetória dos imigrantes que aqui chegaram. Hoje, sem dúvida, minha visão e sentimen-to pela Festa mudaram muito, tenho um carinho ainda maior e um orgulho imensurável em fazer parte de todo esse processo de retomada da Fena-vinho e de várias outras atividades relacionadas a ela. Os conhecimentos se tornam cada vez mais ricos. Repre-sentamos hoje a história de milhares de pessoas, temos a missão de manter viva e cada vez mais forte essa festa, que evidencia e mostra às pessoas a nossa tradição, a cultura do vinho e todo o potencial que temos em Bento Gonçalves.

Imperatriz Bárbara Bortolini (centro) e Damas de Honra Ana Paula Pastorello (direita) e Sandi Marina Corso

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2019 ESPECIAL

o inserir-se no mundo físico e ter que enfrentá-lo o ser, muitas vezes, não percebe o verdadeiro significado da

vida, que é a eterna luta entre o bem e o mal. Oculta frequente-mente sob a superfície é renhida, é constante essa luta e se pro-longa até o fim da existência.

Bem e mal andam sempre juntos, lado a lado, porque tem a mesma origem e são eternos. Convém então manter vigilância constante, porque o mal está sempre aguardando oportunidade para entrar em sua vida, muitas vezes disfarçado e preparando ci-ladas. O mal não quer a sua felicidade, sua realização, seu sucesso e luta para que isso não aconteça. Nele não há verdade, nem jus-tiça. O egoísmo torna a pessoa cega e surda.

Não devemos nos deixar enganar pelas aparências, mas procurar enxergar com os olhos do espírito. Atração engana, imagi-nação engana, intuição engana, raciocínio engana, porém, consciência e sentimento interno não enganam. Deus fala através do sentimento interno e de nenhuma outra for-ma mais. Quando sentir dúvida e conflito é porque você está trilhando o caminho erra-do, mas quando tiver certeza e paz estará no caminho certo. Saiba que existe um reto e estreito caminho e que estreita é a porta que conduz à vida.

Assim diz a lei: “Guardai-vos de praticar a iniquidade”.

Quem pratica o mal sabe o que está fazendo, e uma vez que está feito é para sempre. Ele existe e é muito poderoso, não mais do que o bem, mas é muito poderoso.

Assim fala o Senhor: “Por acaso não vos dei a minha lei? Amai--vos uns aos outros assim como Eu vos tenho amado, e sempre que fizerdes algum mal a um dos meus filhos, a Mim próprio es-tais fazendo”.

Vivendo uma realidade enganosa que muda a cada momen-

O juízo final

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antonio Carlos Koff

O juízo final

to e que um dia se dissipará, pode passar despercebido ao ser, um mundo que nada mais é do que uma miragem, e o ente muitas vezes se entrelaça num labirinto onde pode se dar mal, porque nem sempre as histórias têm um final feliz. Importa pois não perder tempo na prá-tica do bem com ações que não levam a nada. Hoje é o dia, agora é a hora. A vida é breve. Ainda que se viva cinquenta, sessenta, setenta, oitenta, noventa ou cem anos, mesmo assim a vida é breve, um nada perante a eternidade, um relâmpago apenas. A omissão pode ser uma falta grave. Deus pedirá conta de seu tempo e de seus atos e é inútil querer começar quando é preciso acabar.

O universo terá fim. Vai demorar, mas tudo está condenado ao desaparecimento e ao esquecimento. Não restará pedra sobre pedra.

Tudo o que se faz, pensa ou diz, fica consignado nos registros acásicos e incorporado na persona-lidade-alma, esse o grande livro da vida. E se não fosse dessa maneira, não poderia haver Deus, nem justiça e nem julgamento. Mas não é assim, ele virá e, querendo ou não, chegará a hora da prestação de contas. Há hora de semear e hora de colher o que se semeou. Dívidas materiais têm prazo e prescrição, mas dívidas espirituais, morais ou cósmicas não prescrevem e, se não perdoadas, são eternas.

Sua consciência está interligada permanente-mente com a consciência de Deus e, por isso tudo, o que você pensa, sabe, faz ou planeja fazer Deus

também sabe, tornando-se impossível enganar ou esconder.O juízo final não será neste mundo. ‘’Tiveram sua oportunidade!”,

assim lhes será dito, e a cada um segundo seus méritos: ou a luz per-pétua ou as trevas eternas, e quem for lançado a elas pode perder as esperanças, não tornará a ver a luz.

O inferno existe sim, mas não é fogo, são trevas.Naquele dia terrível não haverá mais o tempo, nem justificativa,

nem consideração, nem amor e nem perdão, apenas julgamento.Deus nunca muda os seus propósitos.

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2019ENTIDADES | EMPRESAS6

Sicredi Serrana reinaugurou agência Cidade Alta, em Bento Gonçalves

O SIMMME (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Bento Gonçalves) promove na terça-feira, dia 18 de junho, mais uma edição do Chá para Mulheres com a palestra “Liderança Feminina - Família e Ne-gócios”, ministrada por Margarete De Boni. O encontro será realizado na sede do sindicato, na Alameda Fenavinho, com início às 15h30min. O valor do ingresso, que inclui chá da tarde, é de R$ 45,00 para associadas ao Simmme e R$ 58,00 para não associadas.

Realizado com apoio do Instituto de Desenvolvimento da Empresa Familiar (IDEF), o encontro pretende promover uma reflexão sobre o papel da liderança feminina no meio familiar e dos negócios. O que fazer para atender a família e as demandas profissionais, como lidar com a cultura patriarcal, quais as caracte-rísticas do papel da liderança feminina, qual a eficiência da mulher na liderança e qual o reconhecimento da posição de gestora no mundo do trabalho serão alguns dos tópicos abordados.

A palestrante Margarete De Boni atua como Formadora de Coaches e Men-tores. É Coach de Executivos, consultora de desenvolvimento de grupos, além de mediadora de conflitos organizacionais e familiares. É sócia diretora da Cres-cere Desenvolvimento Humano, do Intituho dy Crescere Personas e redatora da revista eletrônica Ação In Coaching. Graduada em Psicologia, Clinical Member (ITAA/USA), membro didata clínico e organizacional em Análise Transacional (UNAT/Brasil), possui treinamento em Team Building na Willa Schutz Association (USA), didata da Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupo, Mediação de Con-flitos (CLIP) e diplomada em Coaching e Monto-ring pelo Institute of Le-adership and Menoting/Londres. Possui ainda ex-periência como executiva em organizações sem fins lucrativos. As vagas para o evento são limitadas e as inscrições podem ser rea-lizadas diretamente com o Simmme pelo telefone 3452-1277 ou e-mail [email protected].

O Sicredi Serrana, no último dia 7 de junho, reinaugurou em Bento Gonçalves a agência Cidade Alta entregue com ambiente revitalizado para proporcionar uma nova experiência aos asso-ciados. A agência, que atende o agronegócio local, foi a segunda da cidade a receber a nova marca do Sicredi Serrana em espa-ços de relacionamento diferenciados. A primeira foi a agência Centro, em março deste ano. No segundo semestre deste ano também será reinaugurada a agência São Roque. Para 2020, o Sicredi projeta abrir sua quarta agência em Bento Gonçalves, direcionada exclusivamente para o agronegócio, em local a ser definido.

“A revitalização das agências trazendo a marca Sicredi e o atual modelo de relacionamento, baseado na experiência do associado, consolida o seu diferencial de ser uma instituição fi-nanceira mais simples, próxima e ativa das comunidades onde atua”, salientou o presidente da Sicredi Serrana, Marcos André Balbinot. Fundada em Carlos Barbosa há 33 anos e presente na comunidade de Bento Gonçalves há 19 anos, a Sicredi Serrana atende atualmente mais de 105 mil associados na sua área de atuação. No município, são mais aproximadamente 17 mil asso-ciados, com uma participação de 13% da população e 34% das empresas da cidade.

Momento propicio ao cooperativismo“O momento no Brasil é muito bom para o crescimento do

sistema bancário cooperativo, que há muito tempo existe em economias sólidas de países da Europa e do Canadá, entre ou-tros. Há dois anos Banco Central do Brasil está estimulando o crescimento do sistema financeiro cooperativado, por sua fun-ção social, e também para tentar regular o mercado bancário na-cional, sob o controle de poucas instituições. O Sicredi cresceu muito nas últimas duas décadas e continuará nesse ritmo por-que o nosso foco é o atendimento das necessidades dos asso-ciados, de acordo com as regiões onde estão inseridos, de forma próxima e humanitário”, ressaltou Balbinot.

Carlos Ferrari / Divulgação Sicredi

Equipe Sicredi Serrana, agência Cidade Alta

Simmme promove mais uma edição do Chá para Mulheres

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2019 7ENTIDADES | RURAL

A Diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bento Gonçalves (Sindiserp-BG) está em intensa atividade em prol das demandas dos cerca de 2.200 associados, que dispõem de cursos de artesanato e de línguas, desconto de 30% em instituições de curso superior, reforço escolar para estudantes dependentes e assessoria jurídica, entre outros serviços. A presidente do Sindiserp, Neilene Lunelli, é reconhecida pela maioria dos associados pelas atitudes corajosas em prol da manuten-ção dos direitos da categoria. “O nosso desafio enquanto Sindicato é mostrar para o servidor que estamos na linha de frente. O Sindicato está trabalhando para defender e preservar direitos adquiridos e também por reajuste sa-larial. Em 2018, obtivemos duas importantes conquistas, que foram o aumento do vale-alimentação, há cinco anos

Diretoria do Sindiserp em intensa atividadeDemandas envolvem desde cursos de qualificação até processos judiciais por assédio moral no ambiente de trabalho

Projeto ServirO Sindiserp, fundado em 20 de dezembro de 1988, além de sua sede na rua Cândido Costa, 24, sala 1103, bairro centro, possui mais duas salas comerciais localizadas no Shopping Bento, onde ocorrem, através do Projeto Servir, os cursos de Inglês, Es-panhol e Italiano para servidores e depen-dentes, com valores atrativos. IdiomasAssociado passa a ter valor reduzido na mensalidade dos cursos de Línguas do Projeto Servir. Por apenas R$ 35,00 men-sais (desconto em folha), vai poder cursar Inglês ou Espanhol ou Italiano. Cursos de artesPatChwoRK - Segundas e quartas, das 14h às 17h ou das 18h30min às 21h30min

oFICIna DE aRtESanato EM EVa - Terças, das 14h às 16h ou das 18h30min às 20h30min

BoRDaDo CoM FItaS EM toalhaS - Sextas, das 15h30min às 17h30min

tRICô - Sextas, das 13h30min às 15h30min Reforço EscolarSempre às quintas-feirasSéries Iniciais: das 8h às 9h30min para os alunos do 1º ao 3º anodas 9h30min às 11h para os alunos do 4º e 5º ano

sem reajuste, e a manutenção das seis horas de trabalho para as servidoras das escolas infantis. Com o reajuste, o vale-alimentação passou de R$ 14,67 ao dia para R$ 17,00 ao dia. No total, de R$ 337,41 para R$ 391,00, representan-do um aumento de 15,88%”, salienta.

De acordo com Neilene, a entidade tem recebido mui-tas reclamações de assédio moral no ambiente de trabalho, praticado tanto por chefias como por colegas. Ela acrescen-ta que os casos registrados com boletins de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil ficam aos cuidados do Departa-mento Jurídico do Sindiserp. “Apesar dessa e de outras difi-culdades, sabemos que a força para novas conquistas vem da união e do trabalho em prol da coletividade. O bem-es-tar dos associados é a bandeira de frente dessa constante luta”, afirma.

Fotos: Divulgação Sindiserp

Curso de Patchwork no SindiserpNeilene Lunelli, presidente do Sindiserp

Tratamento de Inverno em Frutíferas Temperadas

urante o inverno, as fruteiras de clima temperado entram no pe-ríodo de dormência, ocorrendo

a perda total das folhas, fazendo com que a planta fique exposta. Este é o momento ideal para a realização do tratamento de inverno, a fim de dimi-nuir a fonte de inóculo de pragas e de doenças, deixando que as plantas tenham sua sanidade assegurada no próximo ciclo.

Primeiramente é necessário eli-minar todos os galhos e ramos secos, doentes e mal posicionados, bem como os ramos improdutivos através de podas. Em segundo lugar, coletar todos os frutos que ficaram no po-

Melissa

BockEngenheira agrônoma

Emater/RS-ascarPinto Bandeira

Maxwell

mar e estão mumificados, bem como as folhas doentes que permanecem na planta e queimá-los e/ou enterrá--los longe dos pomares. No caso das podas é necessário proteger os cortes da entrada de microorganismos pato-gênicos com pasta bordalesa ou tinta plástica.

Após este processo, fazer o trata-mento de inverno, aplicando produtos fungicidas/inseticidas à base de cobre e enxofre, como a Calda Bordalesa e a Calda Sulfocácica, além dos fungidas cúpricos. Porém, é necessário fazer a correta regulagem dos bicos dos pul-verizadores, a fim de evitar desperdí-cio e deposição destes produtos no

solo, pois como sabemos, nossos solos estão com alto índice de cobre, o que prejudica o crescimento e de-senvolvimento das plantas.

Estes tratamentos fitossanitários são as práticas mais utilizadas den-tro do Manejo Integrado de Pragas e Doenças, pois além de reduzir os efeitos das moléstias, através de prá-ticas simples e menos agressivas ao homem e ao meio ambiente, tam-bém melhoram a qualidade final do produto.

Para as recomendações de dosa-gem e regulagem de pulverizadores para a realização do tratamento de inverno procure um técnico.

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INHASV JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 20198

Foto: André Pellizzari Fotografia

“A anemenesse dos fios é funda-mental para mantermos a saúde de nossos cabelos”. A afirmação é Simone Cainelli Rossato, a “fada dos cabelos” de Bento Gonçalves, que participou de curso de qualificação em Campi-nas, São Paulo, de 19 a 24 do último mês de maio. No curso, segundo ela, profissionais da área da colometria sa-lientaram o mau uso de produtos para descolorir e alisar cabelos como cau-sa do crescente acréscimo de calvície prematura entre as mulheres brasilei-ras. Simone acrescenta que no curso também foi salientada a tendência de manutenção de cabelos cacheados ao natural, para a conservação dos fios. Em Campinas, Simone aprofundou ainda conhecimento com profissio-nais de renome em cosmetologia, cortes e penteados para cabelo ca-cheado, penteados para festas e ilu-minação de maquiagem. A “fada dos cabelos” atende no Essere Bella Exclu-sive, na rua Planalto, 816, bairro Pla-nalto. Imagens dos trabalhos do salão na página do face e no Instagram da Essere Bella Exclusive.

A fisioterapeuta Janaína Barbieri em pose para as novas ‘Social Images’

Ensaio fotográfico profissional, essa foi a escolha da nutricionista Jaqueline Varnier

Foto: Arquivo Pessoal

Simone Cainelli Rossato

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2019 9PERFIL

IntEgRação - Com o falecimento do teu pai, o saudoso empresário Moysés Luiz Michelon, em outubro de 2017, as-sumiste a direção do hotel onde já atua-vas na gerência. Quais foram os desafios enfrentados nessa mudança sucessória? Quantas pessoas o hotel emprega?

ElaInE - De uma maneira natural, meu pai me preparou para dar continui-dade ao que ele construiu. Falando em especial de nossa trajetória no Villa Mi-chelon, as reuniões diárias com ele me fizeram conhecer a fundo os projetos e a forma de trabalhar com hotelaria que meu pai desenvolveu de maneira única. Ele carregava consigo o entusiasmo pelo desenvolvimento do Vale dos Vinhedos, e não é exagero dividir a história do ro-teiro enoturístico entre antes e depois do Villa Michelon. Fomos o primeiro ho-tel e restaurante da região, construímos uma história e uma trajetória de reputa-ção irreparável, tanto no tratamento dos nossos hóspedes quanto dos 50 colabo-radores que trabalham conosco.

É lógico que durante nossos 18 anos de existência, os desafios se apresentam diariamente. Lidamos com pessoas, e não há nada mais instigante e prazeroso do que isso. Com o falecimento do meu pai e consequente transição, automati-camente iniciamos um trabalho de lidar com o luto, com a ausência, e deixar a equipe segura de que o “jeito Michelon” iria continuar.

IntEgRação - Começaste a traba-lhar ao lado do teu pai ainda criança. Como foi acompanhar essa trajetória de liderança e de que forma isso contribuiu para encarar a fase de transição?

ElaInE - Meu pai sempre foi um pioneiro. Em agosto de 1956 foi convi-dado para dirigir a Massas Alimentícias Ltda, sem experiência no setor. Assumiu o desafio que me fez nascer e ser criada no chão de fábrica da Isabela S/A Produ-tos Alimentícios (que passou a se chamar

Elaine Michelon

É o sorriso de Elaine Michelon que encanta os hóspedes do Hotel Villa Michelon. A acolhida com abraços, tanto aos visitantes quanto aos 50 funcionários que ajudam a compor a história do Complexo Turístico, é uma característica marcante da mulher que formou seu caráter de liderança ao lado do pai, Moysés Luiz Michelon, falecido em outubro de 2017.Sua trajetória profissional ao lado do empresário, que mudou o perfil do Vale dos Vinhedos, começou ainda na infância, aos nove anos, na época da Massas Isabela, administrada por ele. Elaine Michelon é formada em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), tendo pós-graduação em Qualidade e em Marketing pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Participou ativamente do processo de idealização e fundação do Villa Michelon, em 2001, assumindo a gerência geral, cargo que exerceu até a passagem do patriarca Michelon.

Foto: Rita Michelin

CEO do Hotel Villa Michelon

assim em 1965). Foi aos nove anos que iniciei minha trajetória “empreendedora” com meu pai, auxiliando onde me era permitido pela idade. Sempre estive ao lado dele: em premiações, em crises, no dia a dia da empresa, nas inovações, nos erros e acertos. E isso me ensinou muito mais que qualquer faculdade que eu po-deria cursar. Logicamente, nossa trajetó-ria foi um caminho de preparação, seja na Isabela, seja no Villa Michelon. Hoje posso dizer que meu pai foi meu mestre, o melhor professor que eu poderia ter: em marketing, em administração, em gestão de pessoas e, principalmente, em perseverança.

IntEgRação - Entre o setor alimen-tício e o de turismo há diferenças. As técnicas administrativas são as mesmas?

ElaInE - Há diferenças no campo de atuação. Alimentação é um item de primeira necessidade, cuja inovação não precisa ser tão frequente. Turismo precisa ser reinventado constantemen-te. A maneira de consumir muda com as tecnologias, com o acesso à informa-ção. O hóspede quer viver experiências, guardar memórias e precisamos traba-lhar arduamente para despertar o senti-mento de desejar retornar e recomendar nosso estabelecimento. Então, é lógico que há diferença entre as técnicas ad-ministrativas. Preparar uma equipe de colaboradores para receber de maneira humanizada passa longe de preparar funcionários para produção em larga escala, como ocorre em uma fábrica de alimentos, por exemplo.

IntEgRação - O turismo no Vale dos Vinhedos, alavancado pela constru-ção do Villa Michelon, há 18 anos, tem crescido dia a dia. Acompanhaste essa evolução na gerência e agora na direção do hotel. No cenário atual do Vale, que aspectos do destino são apontados pelos hóspedes como positivos e nega-

tivos?ElaInE - Trabalhamos muito com o

feedback do hóspede. Temos pesquisa de satisfação dentro do hotel, acompanha-mos as avaliações no Booking, Trip, Goo-gle, redes sociais, lançamos mão de um Livro Ouro para entender suas expectati-vas e sugestões. Uma coisa é unânime: o jeito hospitaleiro natural de quem vive e trabalha no Vale dos Vinhedos é uma das principais razões que fazem as pessoas visitarem nosso roteiro e voltarem para cá. Em 18 anos – o Villa Michelon abriu as portas em 2001 – acompanhamos a evolução do turismo, suas mudanças, a maneira de consumir uma estada em hotel. Nos preocupamos sempre em oferecer uma experiência completa, e acredito, sem falsa modéstia, que o Vale dos Vinhedos absorveu isso, esse modus operandi Michelon.

O que vejo como ponto negativo não se refere propriamente à estrutura dos estabelecimentos aqui situados. Te-mos como empecilhos para crescer ain-da mais problemas quanto à sinalização, estradas, ausência de ciclovia e de trans-porte para os hóspedes. Acredito que a partir do momento que as atenções se voltarem para esses itens, teremos um crescimento ainda mais acentuado no fluxo de turistas, que se sentirão seguros para desbravar todas as belezas e nossa estrutura hoteleira e gastronômica.

IntEgRação - Elaine, és uma pessoa simpática e simples. De que forma concilias essas características na gestão da equipe?

ElaInE - Somos privilegiados por trabalharmos com uma equipe que tem, em sua totalidade, a vocação para rece-ber. Não trabalhamos com métodos en-gessados de gestão, de treinamento. No momento da seleção, levamos muito em conta a desenvoltura e a disposição para lidar diariamente com os diversos tipos de hóspedes que temos aqui. Deixo claro

que todos devem ser tratados de manei-ra igualitária, e isso vale também para os colaboradores. Formamos uma grande família aqui no Villa Michelon, estamos juntos sete dias por semana, passamos Natal, Ano Novo e outras datas juntos, sempre no intuito de oferecer uma at-mosfera agradável aos nossos hóspedes. Não há maneira melhor de alcançar esse objetivo do que dando o mesmo trata-mento aos nossos funcionários. Quer um exemplo? Minha mesa não fica em lugar isolado. Trabalho junto com o setor de reservas, com a gerência operacional, setor de eventos e de recursos humanos. Não tenho sala, os colaboradores do Villa Michelon podem chegar aqui sem hora marcada para expressar suas dúvidas, descontentamentos e alegrias. Almoço com eles, circulo pelo hotel, atuo em setores desde a recepção até a cozinha do Villa Michelon. Minha mãe atua na la-vanderia, cuidando do enxoval dos hós-pedes pessoalmente. Esse é o segredo: entender que o Villa Michelon é a nossa casa e que todos que estão aqui fazem parte de uma família que precisa estar entrosada para que tudo funcione per-feitamente.

IntEgRação - Os aprendizados e as trocas na lida diária com pessoas são variados. Os que predominam para ti para nortear a administração do estabelecimento?

ElaInE - Trabalhar com pessoas implica em aprender a ouvir. Para mim, esse é um dos nortes da administração. É lógico que preciso assumir uma posição de liderança, mas ela é sempre exercida em uma caminhada conjunta com os co-laboradores, para que não haja ruídos na comunicação. As decisões são tomadas e comunicadas, mas também são discu-tidas. Resumindo: saber ouvir e enten-der que uma liderança não precisa ser imposta, mas discutida, são as principais lições que tomamos diariamente.

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2019FESTA DE SANTO ANTÔNIO10

A programação da Festa de San-to Antônio, celebração religiosa mais tradicional de Bento Gonçalves, em sua141ª edição, atinge seu ápice no dia 13 de junho, feriado municipal, ini-ciando às 6h com a tradicional Alvora-da Festiva. As missas também ocorrem em ritmo intenso, celebradas às 7h, 8h30min, 10h, 15h e 18h. A missa cam-pal das 15h será celebrada pelo Bispo auxiliar de Porto Alegre, Dom Leomar Brustolin, seguida de procissão com a imagem de Santo Antônio pelas ruas centrais. Na Missa de Ação de Graças, às 18h, serão apresentados os casais festeiros da próxima edição da festa.

141ª FESTA DE SANTO ANTÔNIO

Homenagens ao Padroeiro de Bento Gonçalvesdevem atrair milhares de fiéis ao Santuário

Neste ano, a programação é nor-teada pelo lema “Mostra-me Senhor, teus caminhos” (Sl 25,4), em um apelo retirado dos Salmos, que tenta tradu-zir um pedido em redimensionar os sentidos da vida - em uma época de tantos dilemas, dúvidas e até faltas de significados para a existência de todos, é na fé que é possível conhecer mais de si mesmo e encontrar motivação para driblar os problemas e desafios cotidianos.

As comunidades da Paróquia San-to Antônio estão engajadas na come-moração, com as visitas do padroeiro. Desde o dia 31 de maio, missas diárias

marcam o período da Trezena de San-to Antônio.

Neste ano, os casais escolhidos para conduzir a programação são Cla-cir Rasador e Susana Tercila Giordani; Fábio Luis Piazza e Silvana Casagrande Piazza; Gilmar Cantelli e Dalvina Maria Osmarin Cantelli; José Antonio Rossat-to e Clarice Toniolo Rossatto; Ricardo Tonet e Léa Cristiane Gonzatti Tonet; Setembrino do Rosário e Natalina dos Santos do Rosário; Valmor Poletto e Rosita Spadari Poletto. Os Festeiros Jovens são Ana Paula Nascimento da Silva; Diego Marodin da Silva e Érica Bellé; Fernando Giordani Rossatto e

Leandro Moro e Carla Zortéa.Mais de 500 pessoas são esperadas

para o almoço que integra a comuni-dade no Salão Paroquial, que será servido a partir das 12h, com cardá-pio que inclui sopa de capeletti, lesso, piem, churrasco, galeto, saladas, maio-nese, pão colonial e sobremesa. Vinho, refrigerante e água acompanham a re-feição. Os ingressos individuais custam R$ 50,00 e podem ser adquiridos na secretaria do Santuário Santo Antônio, no centro da cidade, ou com os festei-ros. A venda dos convites só ocorrerá de modo antecipado, sem comerciali-zação no dia da festa.

Durante o dia festivo, freis estarão fazendo a bênção individual da saúde e distribuição dos pãezinhos de Santo Antônio.

Foto: Gabriel Comerlato Fotografia

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Junho 2019 11FESTA DE SANTO ANTÔNIO

Motivaçãoda vida

Passaporto AntonianoO “Passaporto Antoniano”, uma das novidades dessa edição da Festa, agregou a programação da festa de Santo Antônio em um só impresso, prático para carregar no bolso.

Outra novidade da Festa é o retorno dos Festeiros Jovens.

O lema ‘Mostra-me Senhor teus caminhos’ é inspirado no Salmo 25,4, que sugere ao peregrino Santo Antô-nio encontrar, diante de tantas encru-zilhadas, o caminho da fé. “Esta busca do que nos transcende, na era do va-zio, na superficialidade, é respondida por Jesus e, de certa forma, por Santo Antônio: eles vêm nos mostrar este resgate na nossa história de fé. Ao olhar para trás, lembrar a trajetória da nossa fé e nos projetando para frente com o amparo dela”, reflete o Pároco do Santuário, Padre Ricardo Fontana. Ele ainda indica que um dos públicos que mais necessita destas respostas são os jovens, já que a fé é responsável por ajudar no discernimento de suas buscas e o uso de dispositivos como internet, celular e outras ferramentas acaba dificultando momentos mais íntimos. “O que mais nos preocupa é que as pessoas estão perdendo o sentido da vida e entram em um va-zio existencial muito grande. Então, o lema reflete a necessidade de ajudar no discernimento das buscas, princi-palmente dos jovens, quando se per-guntam: qual é esse caminho da felici-dade?”, questiona o Pároco.

É justamente no ato de refletir, rezar e se encontrar na fé que pode residir parte das respostas para os ca-minhos da felicidade e da satisfação em viver. Em momentos que o mundo digital nos afasta da reflexão e cria um vazio existencial grande, festas religio-sas como a de Santo Antônio têm uma capacidade positiva de lembrar que o descartável, o individual e o instantâ-

neo não são, nem de longe, respostas para a felicidade. Festas que celebram a tradição de fé, nos remetem ao re-fletir, reforçam os comportamentos de fé, que impactam diretamente na construção de personalidades mais fortes e com manifestações positivas.

“Esse é o momento da festa do padroeiro de Bento Gonçalves. Indi-camos que as pessoas façam o feriado no dia e que consigam cumprir com sua manifestação de fé. Trabalhamos diariamente, muitas vezes estudamos à noite e mal sobra tempo para as ta-refas. Com esse ritmo que temos hoje, é importante parar um dia específico para celebrar nossas raízes e a espiritu-alidade que nos unifica e não nos frag-menta”, avalia Padre Ricardo. Ele ainda lembra que a fragmentação é um dos grandes problemas que acomete a sociedade atualmente, que não une forças e acaba não tendo tempo para abastecer as três dimensões de cada indivíduo: as áreas físicas, emocional e espiritual.

Casais Festeiros da 141ª Festa de Santo Antônio

Fotos: Divulgação

Festeiros Jovens da 141ª Festa de Santo Antônio

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Caderno de Cultura e Arte | Jornal Integração da Serra | Nº 68 | Junho 2019Caderno de Cultura e Arte | Jornal Integração da Serra | Nº 68 | Junho 2019

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2 | Mosaico | Jornal Integração da Serra | Junho 2019

Rogériogava

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A Provação de Jó

Bíblia conta a história de Jó, que vivia na terra de Uz. Honrado e justo, ele tinha sete filhos e três

filhas. Havia construído patrimônio invejável: era dono de um rebanho com mais de dez mil animais, entre ove-lhas, camelos e bois. Possuía numerosos servos. En-fim, era o “Bill Gates” da época.

Eis que Satanás, anjo caído e estraga-prazeres de carteirinha, insinua a Deus que Jó só é bom por que a vida lhe sorrira. Afinal, ele era rico e afortunado, nada lhe faltava. Seria de esperar que respeitasse o Senhor. Mas era só lançar a desgraça sobre a vida de Jó – insi-nuava o diabo – e ele iria amaldiçoar o Todo-poderoso. Para o demônio, Jó não passava de um interesseiro, um mercenário da fé.

Deus – que confiava muito na fidelidade de Jó –, au-toriza o Satã a semear a adversidade na vida daquele homem. O “demo”, especialista no assunto, capricha na maldade: primeiro, Jó perde todas as posses; de-pois, os filhos dele morrem; por fim, ele é acometido por feridas purulentas na pele que o desfiguram. Ape-sar de toda essa infelicidade e desgraça, Jó permane-ce fiel a Deus e apenas repete: “Deus deu, Deus tirou”.

Diante de tamanho infortúnio, a esposa de Jó o in-cita a renegar o Senhor, mas Jó permanece firme em sua fé. Depois, três amigos visitam Jó com o intuito de confortá-lo, mas na verdade querem o fazer confessar que pecou; para eles, só isso explicaria a ira de Deus, que sempre pune os maus e premia os bons. Mas Jó, sem se abalar, afirma que nada fez de perverso e não blasfema. Um quarto personagem, de nome Elihu, se junta ao coro; hostil, ele acusa Jó de se considerar mais virtuoso que o próprio Deus. Ao que Jó, responde de forma resignada: “recebemos o bem das mãos de Deus; por que não receberíamos o mal?”.

Jó, finalmente, extenuado por tanto sofrimento, abre a boca e amaldiçoa o dia do próprio nascimento. Ele exprime sua revolta contra a injustiça do mundo, que se abate contra bons e maus. Nosso protagonista está desnorteado: a vida lhe parece sem sentido, um rede-moinho absurdo que escoa para a morte, no qual todos têm o mesmo destino. Em nenhum momento, porém, vemos Jó protestar contra as intenções de Deus.

No entanto, em seu íntimo, Jó não se conforma: quer interrogar o Senhor para entender por que está naquela situação. Afinal, ele não tinha culpa alguma. Era honesto e temente a Deus. Por que estava sendo punido? “Que sentido há na vida, se os bons sofrem e os maus prosperam?” – ele se pergunta. Afinal, que

espécie de justiça de Deus era essa? Jó, o leitor já per-cebeu, queria nada menos do que colocar o Criador no banco dos réus.

Então Deus aparece a Jó em meio a uma tempes-tade de vento. A voz tonitruante do Todo-poderoso rebomba nos céus. Mas não fornece nenhuma expli-cação a Jó. Ao contrário, Lhe chama a atenção para a soberba dele em querer interrogar o Criador: “Onde estavas tu quando eu lançava os fundamentos da ter-ra?”, pergunta o Senhor. Jó, que não era bobo, entende o recado: quem era ele para cobrar de Deus qualquer explicação? O Criador – Jó aprendeu naquele dia – não aceita reclamações. Afinal, somente Ele tem a chave do mistério. Quem somos nós para julgar seus desígnios?

Deus, no entanto, não aparece a Jó apenas para dar-lhe uma lição. Sabedor da fé daquele homem – ina-balável mesmo em meio aos piores sofrimentos –, res-taura a vida dele com acréscimo: multiplica seus bens e lhe dá o dobro de filhos perdidos. Jó, então, vive por mais cento e quarenta anos, rodeado de filhos, netos e bisnetos. Morreu feliz, na graça do Senhor.

* * *

Não sabemos quem escreveu a história de Jó, tam-pouco quem foi ele ou quando exatamente viveu. Isso não tira, no entanto, o brilho de seu significado. Vinte e cinco séculos depois de ter sido escrito, o Livro de Jó continua sendo uma das narrativas mais reveladoras do Antigo Testamento.

A história de Jó é uma lição de felicidade. Ela nos en-sina a importância em termos um propósito, um signifi-cado maior na existência. Mesmo que o mundo, injusto como ele só, teime em nos provar que esse significado não exista. O mundo de Jó, aliás, não é tão diferente do nosso: mais de dois mil anos depois, seguimos assis-tindo o mal, tantas vezes, sobrepujar o bem. Hoje e nos tempos bíblicos, canalhas prosperam e bons sofrem.

Jó, no entanto, nos lembra que é nosso dever exigir um mundo melhor, mais sábio e correto. Que a vida, esse vale de lágrimas, também pode ser um bosque de encantamento. Jó, na verdade, é todos nós: seres errantes em busca de Luz.

O hino à sabedoria de Jó, afinal, nos grita que a vida, apesar de todos os pesares, vale a pena. E que a felicidade, longe de ser uma quimera, é a busca de significado em um mundo tantas vezes injusto e sem sentido.

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ancillaDall onder

[email protected]

Zat

Aprender...

cada dia aprendemos coisas novas e, então, nos damos conta da celeridade das mudanças a que assistimos e também de algumas das quais parti-cipamos ou realizamos em nossas vidas.

Leonardo Da Vinci costumava dizer que “aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”. Com efeito, todos nós humanos, nascemos com um potencial enorme a ser ex-plorado e desenvolvido, ou seja, todos somos capazes de aprender, se os estímulos oferecidos forem adequados. Mas não é suficiente termos potencial, é preciso “querer aprender”, o que requer disciplina e acreditar no próprio potencial, com suas possibilidades.

O estudo proporciona conhecimento, abre horizon-tes para o futuro e aponta caminhos desconhecidos. Convém lembrar que a informação pode ser dada e/ou buscada, enquanto o conhecimento é construído com o estudo, interações, empenho e perseverança. Aliás, a perseverança esteve presente na vida do criador da lâm-pada, Thomas Alva Edison, que, após mais de mil expe-rimentos, ou tentativas, nos brindou com o seu invento.

Contudo, é a educação e não o ter que acrescenta va-lor à formação do caráter da pessoa que, no entender de Kaut: “O ser humano é aquilo que a educação faz dele”. Percebe-se, assim, que investir em educação em todos os

níveis de escolaridade é investir no desenvolvimento em todos os aspectos. Investir recursos na educação dos fi-lhos, dos estudantes e dos cidadãos – jovens e adultos – é essencial, todavia, é preciso que haja vontade de apren-der. A reflexão sobre o processo de aprender demanda questionamentos de caráter pessoal, institucional e po-pulacional. O que realmente desejo aprender? Pertence-mos a uma instituição aprendente? Que aprendizagens são essenciais a cada um, às organizações e a todo cida-dão para que promova seu desenvolvimento pessoal e possa contribuir com o seu saber e sua experiência para o bem da coletividade?

Estes questionamentos e outros mais permitem uma reflexão simples no caminho do enfrentamento das mu-danças pelas quais a sociedade passa nos costumes e hábitos, nas empresas, na comunicação, na gestão das empresas, no empreendedorismo e em inúmeras outras circunstâncias que nos induzem a aprender e aprender continuamente.

Não basta aceitar as mudanças, mas assimilá-las, adequando-as às necessidades cotidianas, como é o caso da tecnologia, em qualquer nível e, quiçá, promovê-las, aperfeiçoando ou até substituindo, com o intuito de con-quistar melhorias.

Em resumo, é preciso aprender continuamente.

Mosaico | Jornal Integração da Serra | Junho 2019 | 3

Os jornalistas Carina Furlanetto e João Paulo Mileski estão rodando a América do Sul de carro com o projeto “Crônicas na Bagagem”, em uma expedição que deve durar até dois anos. Eles já passaram pelo Uruguai e agora estão na Argentina, escrevendo sobresuas experiências nas redes sociais: instagram: @cronicasnabagagemfacebook.com/cronicasnabagagem, site www.cronicasnabagagem.com e nas páginas do Integração da Serra.

Fotos: Arquivo Pessoal

Nossa própria

Por João Paulo Mileski

ssim que chegamos em Viedma, na entrada da Patagônia, fomos recebidos pela Claudia. Quan-do nos mostrou a casa, uma das coisas que mais

me chamou a atenção foi a quantidade de livros de Filosofia, dos mais variados autores. Explicamos a nossa história e contei que antes de pegarmos a estrada eu estudava Filosofia. Ela, então, reagiu di-zendo que a nossa filosofia seria a própria viagem.

A Claudia tinha razão. Quase todo os dias, na estrada, nos pegamos matutando algo sobre o qual não pensávamos antes ou, então, conhecemos al-guém que nos ensina alguma coisa que, por mais simples que pareça, acaba mudando nossa forma de pensar.

Em El Calafate, conhecemos a Vale. Trocamos experiências e ela nos contou sobre a reação “ne-gativa” de algumas pessoas quando descobrem que ela viaja pedindo carona, sozinha. Para a Vale, às vezes, o que gera medo não é a situação em si, mas como as pessoas reagem diante dela. Até agora, ela não teve nenhum problema na estrada. Pelo contrário, encontrou não apenas pessoas que garantiram carona aos lugares, como também lhe ofereceram hospedagem em suas casas. “Se eu tenho uma energia boa, acho que também posso atrair pessoas boas, não?”, disse.

Com essa frase, pensei na quantidade de pes-soas que não saem de casa ou deixam de fazer coisas que gostariam por medo do que pode acon-tecer, e esse medo quase sempre é reflexo não de uma experiência própria, mas do que ouvimos no dia a dia, seja de um amigo, colega de trabalho ou quando ligamos a televisão.

Não posso dizer que o mundo não é perigoso porque não conheço todos os lugares e todas as pessoas, mas posso afirmar que também, assim como a Vale, estamos descobrindo um mundo dife-rente daquele que sempre nos contaram - onde não seria possível ser feliz jogando tudo para o alto e percorrendo a América dormindo em um Sandero.

Não sei qual filosofia vou descobrir ao final de tudo isso, mas ando cada vez mais convencido de que, por mais que lemos, ouvimos ou assistimos, só é possível enxergar o mundo real quando olha-mos com os próprios olhos.

filosofia

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4 | Mosaico | Jornal Integração da Serra | Junho 2019

Césaranderle

Diretor da Anderle Transportes

Sou um bom cidadão?

“Somos seres inacabados, necessitamos um do outro para viver em sociedade...

Programe-se

uitas vezes me pergunto o que posso fazer para melhorar o am-biente em que vivo. Em que posso contribuir para que a minha comunidade seja mais feliz? Em qual atitude eu devo mudar para os meus relacionamentos serem mais fraternos?

Essas indagações são constantes para aqueles que querem evo-luir como pessoa. Somos seres inacabados, necessitamos um do outro para viver em sociedade, eu não sou ninguém sem você e a reciproca é verdadeira; se fosse ao contrário viveríamos nômades e solitários e, neste sentido, poucos assim vivem.

No mundo econômico em que estamos inseridos, nós precisamos produzir, consumir, testar; vivenciar diferentes emoções para nos sen-tirmos mais pertencentes à sociedade, as mídias bombardeiam novas ideias de consumo, novos produtos e novos serviços e, isso, não é ruim, não, por assim dizer. Vivemos numa era capitalista, trabalhamos para satisfazer nossas necessidades primárias e nossos prazeres, os anún-cios nos fazem querer mais, nos enchem os olhos e ficamos ávidos de desejo do TER.

Por outro lado, a comunidade precisa de pessoas, de líderes, para opinar, para decidir, para executar. A praça da cidade ficará em ordem e atraente para tomar o chimarrão no final de semana, se as pessoas trabalharem nela. Se a comunidade exercer a cidadania de fiscalizar os entes públicos, se não jogarmos lixo no chão, se apanharmos o lixo que está no chão, que mal há em se abaixar e recolhê-lo e simplesmente o jogá-lo na lixeira?

Já o relacionamento pessoal e fraterno entre o casal, família e ami-gos estará fortalecido se tivermos a capacidade de comunicação sem obstáculos, respeito das ideias individuais, de posição política e social, se debatermos os assuntos sem preconceitos, sem estereótipos.

Seremos melhores se eu for grato, se eu exercer a gratidão por você estar ao meu lado; se eu for grato ao alimento que se apresenta à minha mesa; se eu for grato ao trabalho que me dignifica; se eu for grato aos meus antepassados; enfim, se eu for grato a quem me deu a vida, o ar, o sol, a chuva...

A busca de um real sentido de Vida preocupa os pensadores e nos faz pensar também – Será que é necessário tudo isso? Nesta busca in-cessante de equilíbrio físico-emocional me deparo com estas questões e penso mais: o que de fato posso fazer para melhorar a condição da sociedade?

Envolvimento, talvez essa seja uma das respostas. Se eu me en-volver nos debates, se eu me envolver nos problemas comunitários e governamentais, se eu interagir com as pessoas que decidem, se eu me posicionar no grupo de amigos, se eu tiver senso crítico para questionar o porquê das coisas, talvez eu mude a sociedade, mas se eu ficar na inércia, no apenas observar e criticar os que fazem, com certeza nada mudará, pois assim os outros decidirão por mim e por nós, cabe aqui essa análise individual.

O que eu posso fazer para mudar o mundo?

Lançamento dos Festejos Farroupilhas 2019Quando: 15 de junho, 20hOnde: ABCTGCardápio: Churrasco campeiro, linguiça campeira, galeto, massa, maionese, salada verde e aipimVenda de ingressos: online através da página oficial @abctgrs* Ingressos limitados para o jantar.

3ª Mostra Bento-Gonçalvense de DançaQuando: 29 e 30 de junho, 19h30Onde: Fundação Casa das ArtesIngressos: R$ 10,00 (inteira), R$ 5,00 (meia), mais 1 kg de alimento não-perecívelInscrições: As inscrições para as escolas de dança vão de 06 a 19 de junho por meio da ficha de coreografias que deverão ser enviadas para o e-mail [email protected].

Projeto Cine Ciência - Como a ciência explica o amor?Exibição do filme “As leis da Termodinâmica”Quando: 12 de junho, 14 horasOnde: Fundação Casa das ArtesEvento gratuito

Exposição RefugiadosGrupo de Arte BassaQuando: 4 a 28 de junhoOnde: Fundação Casa das Artes

Arraiá do MuseuQuando: 30 de junho, 14 às 20hOnde: Museu do ImigranteAtrações: corrida de saco, derrubar lata, chute a gol, pescaria, cadeia, cavalinho, correio elegante e mini torneio de bisca. Durante a festa junina haverá também venda de comidas típicas. Evento gratuito.

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Mosaico | Jornal Integração da Serra | Junho 2019 | 5

primeira edição do Jornal Integração da Serra circulou em 20 de junho de 2001, como Jornal de Pinto Bandeira. Na época, um jornal mensal, de circulação gratuita, parecia in-viável frente a periodicidade mais frequente de impressos diários e semanais, com distribuição direcionada aos assinantes e a pontos de vendas. Mas, também na época, a web já sinalizava a mudança que acarretaria na forma das pessoas consumirem informações. Em agosto de

2003, a circulação do impresso foi ampliada para Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Santa Tereza agora como Jornal Integração da Serra, mantendo a periodicidade mensal e a distribuição gratuita. Em 2006, as edições começaram a ser disponibilizadas na íntegra no site do veículo. Da edição de outubro de 2008 até a de junho de 2016, as reportagens de capa foram caracterizadas por caricaturas e retratos desenhados por Ernani Cousandier. Nessa proposta, foram registradas dezenas de histórias de entidades, personalidades e eventos que fizeram a diferença em prol do bem comum.

Na comemoração dos dez anos de circulação do Jornal Integração da Serra, em julho de 2011, na Fundação Casa das Artes, foi promovido coquetel e exposição com as 32 artes de capa de-senhadas até então. Após o término da exposição, os personagens que prestaram as entrevistas foram presenteados com o desenho original emoldurado.

Edição nº 1, junho de 2001 Edição nº 27, agosto de 2003, a partir de então como Jornal

Integração da Serra

Edição nº 91, dezembro de 2008, a terceira da série desenhada

Edição nº 163, dezembro de 2014, com resumos das reportagens de capa do

ano

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s 15 anos foram comemorados na noite de 19 de outubro de 2016, no Salão Chardonnay do Grande Hotel Dall´Onder. A festa foi marcada pela apresentação da nova logotipia do veículo, homenagens e pronunciamentos.

“Alguns diriam que já estamos completando 15 anos. Outros, que estamos completan-do apenas 15 anos, e que talvez estejamos passando pela adolescência. Como tudo na vida é um ponto de vista, o que importa é que estamos no caminho certo. Nesse tempo que passou reportamos muitos fatos e histórias. Muita gente chegou e outros foram embora. Nesses 15 anos, mudamos de cara, subimos, corremos, descemos e continuamos andando. Acertamos,

acertamos muito! Mas também erramos, pedimos desculpas e então, aprende-mos. Penso que podemos nos considerar vencedores por estar, há 15 anos no mercado, com perfil editorial diferenciado, independente, sem cunho meramente mercantilista. O jornalismo pode mudar a história. O produto jornal é resultante de trabalho de equipe. Não é um sonho que se sonha só. A esta equipe, nossos sinceros agradecimentos. A alma do jornal está na vitalidade de seus repórteres na busca da informação exclusiva, na paixão pela profissão. Não se faz um bom jornalismo sem paixão. Essa paixão demonstrada por vários acadêmicos que estagiaram no nosso veículo, se traduziu na elaboração de matérias e perfis im-pactantes. Também contamos, nessa trajetória, com a colaboração de excelen-tes colunistas e articulistas. Na sustentabilidade desse contexto, há os parceiros comerciais que viabilizam a proposta do Integração de circulação gratuita. Isso sem falar do apoio de leitores que nos dão o respaldo emocional a cada elogio dado ao conteúdo editorial e a qualidade da impressão tornando a missão mais prazerosa. Assim o Integração chega aos 15 anos consolidado como um jornal sério, com acervo de conteúdos jornalísticos inéditos, que somaram no contexto regional. Também presente na web, através do facebook e de outros aplicativos. O Integração divulga notícias em tempo real, seguindo a mesma linha editorial do impresso mensal. A Empresa Jornalística Integração da Serra completa 15 anos com uma certeza: os impressos com conteúdo de qualidade não vão desaparecer”.

Pronunciamento da diretora Kátia Bortolini durante os festejos de 15 anos do Jornal Integração da Serra

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aniversário de 18 anos está sendo comemorado no co-ração da equipe do Jornal Integração da Serra que, ao longo dessa trajetória, enfrentou e continua en-

frentando dificuldades e desafios, com muita resiliência. “In-tegração com paixão, é o que fazemos”, ressalta nosso slogan de maioridade. As reinvenções do periódico no decorrer dessa caminhada, aliadas a busca pelo jornalismo de

qualidade, nos trouxeram até aqui, agora em um novo cenário na área da comunicação, no qual muitos peri-ódicos diários e semanais de circulação pagas estão enfrentando sérias dificuldades financeiras. A infor-mação do dia a dia está na web, de forma rápida e gratuita, em fontes de veículos confiáveis, adaptados ao novo modelo. Sobre o modelo antigo, pesa o alto custo fixo dos jornais brasileiros, com a impressão em papel importado e o quadro de colaboradores, entre outros, mantido por anunciantes, volatilizados pela crise político-financeira registrada no país nos últimos

anos. “A sorte está lançada”, diria o imperador Júlio César.A tiragem mensal do Jornal Integração da Serra

nesses dezoito anos foi variada. A inicial, como Jornal de Pinto Bandeira, de dois mil exemplares, chegou até 12 mil exempla-res, como Jornal Integração da Serra. Atualmente, é de três mil exemplares, em papel hi brite.

54 3452.4723 | [email protected] General Osório, 309 - Sala 904 - Centro - Bento Gonçalves - RS

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA BENTO GONÇALVES | DEZEMBRO 2018 | EDIÇÃO 209 | ANO 17

Foto: Divulgação Giordani Turismo

Natalna Serra Gaucha´

Atrações turísticas, culturais e gastronômicas para moradores e turistas de vários gostos e idades estão sendo oferecidas em várias cidades da região. A Maria Fumaça, um dos diferenciais do cenário turístico do Estado, encanta com seu Natal sobre Trilhos.

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o aniversário de 15 anos aos 18 anos de agora o veículo diminuiu a tiragem física e aumentou os posts nas redes sociais, com

conteúdo próprio das edições. E, também, com os conteúdos selecionados entre o vasto material diariamente enviado por assessorias, similares a linha editorial do impresso, voltada a cultura, edu-cação, vitivinicultura e agronegócio, entre outros diferenciais da microrregião do município de Ben-to Gonçalves. Gerar conteúdo de qualidade, nos-sa missão firmada nessa maioridade!

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Tributo será apresentado na noite de 11 de julho, na Casa das Artes, pelo cantor carioca Valério Damásio de Araújo, um dos maiores covers de Cazuza no Brasil

A arte de interpretar um grande artista no palco exige ousadia e per-sonalidade, ainda mais quando se trata do “exagerado” cantor e com-positor Cazuza (in memoriam), ícone do rock nacional, cuja obra continua encantando gerações. Numa promo-ção do Sesc-RS, os fãs de Cazuza poderão assistir o cover do artista no próximo dia 11 de julho, na Casa das Artes, na interpretação do cantor ca-rioca Valério Damásio de Araújo. O show “Um Poeta Não Morre”, conhe-cido como um dos maiores tributos a Cazuza no Brasil, tem início às 20 horas. Os ingressos podem ser ad-quiridos no Sesc por valores entre R$ 13 e R$ 28, mais a doação de 1kg de alimento não perecível.

O artista, que há quase 15 anos é cover de Cazuza, recorda o início da carreira de cantor. “Sempre quis ser ator, fiz cursos, testes para TV,

“Um poetanão morre”

cheguei a ser escolhido para atuar numa novela, mas como era gravada no Sul, minha mãe não autorizou. No coral na escola fiquei de recupera-ção. Nunca imaginei que seria can-tor. Montei uma pizzaria e fiz faculda-de de Enfermagem. Nessa fase, fui a um bar de karaokê e fiquei encanta-do com a proposta, passando a fre-quentar. Foi quando músicos viram minha interpretação e propuseram a montagem de uma banda cover do Cazuza. Passei a decorar as letras e me deparei com o poeta, me tornan-do fã a partir daí. Meu primeiro show foi em 2005 e não parei mais, largan-do o comércio e a enfermagem, ape-sar de ter concluído a graduação”, recorda.

A semelhança física de Araújo com Cazuza impacta ainda mais pe-los trejeitos do artista e o timbre de voz. Mas, de acordo com ele, é fruto

de um trabalho árduo em busca da perfeição para representar Cazuza nos palcos.

“Ser cover de algum artista genial como foi o Cazuza não é fácil. O tim-bre de voz ser parecido é a primeira característica para poder ser um bom cover de algum cantor, depois o vi-sual, com o figurino certo, aproximar mais. Também é importante o estudo dos trejeitos. Mas, a cereja do bolo é entrar na história de cada música, de cada letra, não como foi criada e sim como foi sentida. Uma das mar-cas de Cazuza era a personalidade forte e o posicionamento acerca de questões envolvendo sua sexualida-de. Na época em que o país enga-tinhava para uma democracia, ele fazia questão de levantar bandeiras que até então ficavam guardadas nas gavetas de uma ditadura militar. Nas minhas apresentações, antes de

cantar a música Brasil (Eu vejo o futu-ro repetir o passado, vejo um museu de grandes novidades...), cuja letra continua atual, lembro que precisa-mos mudar, que a responsabilidade é nossa”, afirma.

Ele salienta ainda que, em Bento Gonçalves, espera causar a emo-ção necessária a quem for assistir à apresentação.

Projeto “Os Imortais”Araújo e outros artistas covers

estão trabalhando no projeto “Os Imortais”, com interpretações de Tim Maia, Raul Seixas, Renato Russo e Cassia Eller, para grandes shows. “No carnaval passado, em Niterói, lancei o bloco “Os Imortais”. Foram covers com banda e ritmistas, mistu-rando o rock com o samba em todas as canções, em cima de trio elétri-co”, recorda.

Por Rodrigo De MarcoFoto: Divulgação

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ElvisPletsch

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Educação sem universidades

Fique Informado!Entretenimento, promoções,

músicas e muita notícia.

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ma das melhores formas de refletir em soluções para pro-blemas é criar uma realidade

absurda. Por isso que, ao ver os protestos pela educação, imaginei o que faríamos se o dinheiro aca-basse e as universidades deixas-sem de existir. Será que a educa-ção não existiria? As pessoas não iriam buscar conhecimento? Vive-ríamos no abismo da ignorância?

Esse questionamento já havia surgido há alguns anos, quando duas situações despertaram meu interesse em contestar axiomas educacionais.

A primeira situação foi quando comecei a participar voluntaria-mente de um grupo de estudos voltado para a economia, filosofia e política. Ali encontrei um formato que funcionava para mim: não ha-via um tutor ou uma apostila, havia apenas a interação com aquelas pessoas que possuíam uma bus-ca de um conhecimento em co-mum.

Esse grupo funcionava através de debates, compartilhamento de conteúdos e de encontros de lei-tura. Dessa forma, cada membro do grupo participava de forma es-pontânea, auxiliando naquilo que possuía mais facilidade.

A segunda situação foi através de um professor universitário, que tinha o costume de sugerir diver-sos livros como leitura comple-mentar após finalizar algum con-teúdo. Segundo ele, o que havia ensinado naquele momento era apenas “um ponto de vista”.

Curioso sobre seu posiciona-mento, resolvi questioná-lo sobre diversos assuntos e, para elucidar minhas dúvidas, não era raro que trouxesse inúmeros livros, revistas e artigos (muitas vezes em inglês) que, de outra forma, jamais teria ouvido falar. Não à toa, costuma-

va reforçar a ideia de que todos de-veriam aprender inglês para poder encontrar materiais que nunca foram traduzidos para o nosso idioma.

Através disso cheguei à conclu-são de que a sociedade possui um vício na institucionalização do apren-dizado. As especializações e os di-plomas são tratados como referência para o conhecimento. Deixamos de utilizar os métodos dos nossos avós para levar em conta apenas a biblio-grafia dos cursos.

A diferença salarial entre os ní-veis de ensino pode ser o grande incentivador desse abandono, já que uma pessoa graduada pode ga-nhar cerca de 140% a mais que uma pessoa que cursou apenas o ensino médio, segundo pesquisa divulgada pela OCDE, em 2017. Mas será que não existe nada melhor que um pro-fissional graduado? Será que o mé-todo acadêmico é dono da absoluta verdade?

Para quem costuma se vanglo-riar de seus títulos, o currículo aca-dêmico parece bem enxuto. Ele leva em conta apenas uma parcela do conhecimento disponível para cada área de atuação. Certamente você já conheceu Sócrates, Hobbes e Kant quando estudou filosofia, mas dificil-mente ouviu falar em Eric Voegelin, Ivan Illich ou Ayn Rand no ambiente escolar.

Isso não significa que as institui-ções ou os seus profissionais sejam ineficientes. Na verdade, elas lem-bram a antiga educação grega, que tentava abraçar todos os assuntos - do preparo militar ao debate inte-lectual - mesmo que fosse impossí-vel abordar todos os assuntos curri-culares de forma satisfatória. Até por isso, diversos cursos são continua-mente substituídos por novas espe-cializações, com o objetivo de agre-gar outras fontes intelectuais.

Contrapondo-se a isso, em uma

distópica sociedade sem universida-des, fica claro que há a possibilidade de desenvolver uma metodologia de investigação independente, consul-tando as filosofias divergentes de cada campo, e não somente bus-cando a verdade na opinião do currí-culo escolar.

Acredito que a solução para isso seja uma dose de liberdade, permi-tindo buscar uma instrução adequa-da para sua individualidade, evitan-do assim uma eventual prisão da opinião popular, que costuma igno-rar as múltiplas realidades a serem exploradas, por mais contestadas que sejam.

Essa constatação não é pura rebeldia e nem quer minimizar a im-portância das instituições de ensino para a evolução da sociedade, es-pecialmente na área de pesquisas. A intenção é mostrar que o mundo é maior que o seu quarto (ou que a sua universidade), deixando claro que a formalização do ensino não é a única opção para a educação e que, por-tanto, não devemos limitar o termo “educação” ao método institucional.

Atualmente, podemos aprender de formas tão diversas e abundantes que a escolha de metodologias ficou tão difícil quanto decidir o filme que queremos assistir no Netflix, e não há dúvidas que a tendência é a cria-ção de formas de ensino ainda mais diferenciadas. É por isso que o mer-cado está sendo bombardeado por “Edtechs” ou por novos métodos, que envolvem a aprendizagem atra-vés da arte, do esporte, ou da tutoria individual.

Mas, mesmo assim, sem ques-tionarmos a metodologia tradicional e os dogmas da educação, será que vamos conseguir mudar a realidade brasileira com essas novidades? Ou vamos acreditar que a educação de qualidade só virá com mais repasses do governo?

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O jovem escritor bento-gonçalvense, Ronei Gustavo, lança seu primeiro livro

O cenário literário bento-gonçal-vense tem gerado novos escritores nos últimos anos. Mas não são todos os escritores que têm a possibilidade de lançar uma obra artística através do incentivo às políticas culturais do município. A falta de informação (ain-da restrita a uma minoria privilegiada do cenário artístico) é uma das ra-zões que prejudica novos aspirantes da escrita, mas que pela persistência conquistam o objetivo através de ou-tros caminhos.

O escritor bento-gonçalvense, Ronei Gustavo, de 20 anos, é um desses exemplos. O sonho de lan-çar um livro superou suas limitações financeiras. Após seu livro “O Diá-rio de Dúvida”, de 162 páginas, ser aceito por uma editora de São Paulo, Gustavo juntou R$ 2 mil para impri-mir alguns exemplares da obra es-pecialmente para os amigos que o apoiaram, inclusive financeiramente, ao longo do processo.

“O Diário de Dúvida” foi finaliza-

Na sexta-feira, dia 14, começa um dos eventos de maior prestígio da cena musical regional. É o Mor-rostock, que terá uma edição espe-cial em Bento Gonçalves. O evento acontece na sexta e também no sá-bado, dia 15. Um dos destaques dos shows é a banda bento-gonçalvense Os Bardos da Pangéia, liderada pelo músico Ernani Cousandier.

“Para nós é uma ótima oportuni-dade estar junto com esse time de novos artistas que tem um perfil, uma cena bem atual alternativa de ban-das que estão fazendo um trabalho bem original e para nós estar junto nesse mesmo elenco é fantástico. Nós já temos uma ligação com o festival. Em 2017 quando surgimos no primeiro ano já participamos do edital e fomos escolhidos como um dos shows, e foi muito bom. No ano passado participamos novamente, e isso foi bom. O Morro reúne gente de todos os cantos e é uma ótima vitri-ne do festival. As expectativas são as melhores”, comemora Cousandier.

O Diáriode Dúvida

Fotos: Bruno Marconi

do em 2017. Os primeiros exempla-res começaram a ser distribuídos no último mês de maio. O autor que co-meçou a escrever como forma de se desafiar já sonha com as próximas criações.

“Eu tenho o hábito de escrever textos, todos os dias sobre assuntos diferentes, registrando em forma de diário. Quando vi que já havia escrito umas 60 páginas surgiu a ideia do livro”, afirma.

Gustavo é um daqueles escrito-res que não se acomoda com a falta de incentivo cultural. É justamente a

dificuldade enfrentada pelos autores da nova geração que faz com que o jovem siga trilhando o caminho da escrita.

“Temos uma cultura em que as pessoas leem pouco e não estão acostumadas a escrever. Cultural-mente, não somos incentivados a ler. Até eu não escrever, não tinha conta-to com escritores. Foi aí que comecei a observar a carência das pessoas em se relacionar com o meio literá-rio”, salienta.

Gustavo diz que escreve para os amigos e dedica o livro a eles. Sem muita expectativa sobre sua obra, o autor se diz satisfeito com o trabalho até então realizado. Gustavo diz que “a única coisa que carrega é a cer-teza de que não escreve para aman-tes da literatura e sim, para os loucos que se perderam em meio à loucura e agora tentam se encontrar”.

A história“Dúvida era um garoto que vivia

numa cidade do interior, morava com sua mãe e seu irmão mais velho, Resposta. Dúvida e Resposta eram filhos de Sabedoria, mãe solteira que sempre trabalhou muito para conse-guir o sustento da casa. A maior vilã desse espetáculo era Vida, uma cria-tura cheia de mistérios e que poucos conhecem, muitos falam dela com um tom de mais profundo conheci-mento, porém poucos são os que compreendem realmente como ela age, todos acreditam que sabem como ela é e como funciona, mas a verdade é que nenhum ser humano a conheceu e voltou para contar his-tória”...

O livro pode ser adquiri-do no site da Editora Vizeu, e nos da Amazon, Americanas, Submarino e Shoptime.O escritor Ronei Gustavo faz a entrega de seu livro aos amigos

Morrostockem Bento

PROGRAMAçãO

14/6 | Sexta, 22hCuatro Pesos de Propina (UY) + Cuscobayo + Thays Prado e João Pedro CéDJ Lucas HankeLocal: Ferrovia Live

15/06 | Sábado, 15hPainel: RS Music Market O Mercado da Música no Rio Grande do Sul:Futuro e DesafiosPalestrantes: Tarson Núñez - Coordenador do setor de pesquisas do programa RS Criativo (POA) Mari Martinez - Marquise 51/Morrostock (POA) Evandro Soares - Secretário de Cultura de Bento Gonçalves Alice Castiel - Projeto Concha (POA) Jonas Bender - Selo e produtora Honey Bomb (Caxias do Sul) Local: Fundação Casa das ArtesEntrada franca

15/6 |Sábado, 22hBoogarins + Bardos da Pangeia + Nevoar + NinoLocal: Ferrovia Live

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Projeto reúne deficientes visuais para produção de música, contos e poesia

“Pela Luz dos

Há oito anos o projeto “Pela Luz dos Meus Olhos” transforma a vida de bento--gonçalvenses deficientes visuais. O projeto, coordenado por Cristiane Ramos e com a participação de Márcio De Bortoli e Luciano Salerno, trabalha música, contos e poesia com os participantes. O grupo se reúne uma vez por semana na Associação dos Deficien-tes Visuais de Bento Gonçalves (ADVBG). Sem depender de verba pública, o projeto atinge seus objetivos através de parcerias. Em dezembro do último ano, os participantes do projeto gravaram o clipe da música “Pela Luz dos Meus Olhos”, com produção e arran-jo musical de Diego Guerra, da Produtora 3 em 1, feito de forma voluntária.

Também em 2018 foi lançado um livro contando a história de como cada participan-te perdeu a visão e também com contos e poesias. São poesias feitas por eles e alguns contos escritos por Márcio De Bortoli, base-ados em fatos verídicos, contados de forma divertida”, diz Cristiane.

“Comecei contando histórias infantis, era uma forma de descontrair. A partir disso, eles foram instigados a escrever poesias. Nesse meio tempo, tivemos a parceria de Rodrigo Soltton, que nos levou a um estúdio para gra-var as poesias,” recorda.

O grupo também faz apresentações. A próxima será no dia 7 de julho, em Farroupi-lha, num almoço beneficente, que visa arre-cadar fundos para o tratamento de Manuelly Stopiglia, de 3 anos, que nasceu com extro-fia vesical, um defeito congênito que consiste de uma má formação da bexiga e uretra.

Meus Olhos”

Foto: Rodrigo De Marco

Superando desafios“Em 2010 eu pedi ao Pedro Júnior da

Fontoura, poeta bento-gonçalvense, para me ceder algumas poesias. Um dia ele foi na As-sociação com várias poesias e percebeu que tinha um monte de gente lá e ficou conver-sando com o pessoal. Dessa forma começa-mos a nos envolver com esse universo, par-ticipamos da Feira do Livro. Nessa época o Pedro nos apresentou a Cris”, recorda Mauro Larentis, hoje com 63 anos, que convive com a cegueira desde os 45 anos.

Mauro Larentis é um poeta, ávido pela música e o universo das letras. Sua vida ga-nhou um episódio especial através do projeto “Pela Luz dos Meus Olhos”.

Larentis lembra que a adaptação após perder a visão não foi fácil, mas que a força de vontade de mudar proporcionou que co-nhecesse novas opções e passasse a adotar outros hobbies. Ele destaca a importância da família para superar os desafios.

“Perdi a visão em um acidente. Quan-do eu enxergava tinha um sistema de vida, que depois mudou. É como ser uma criança recém-nascida, tem quem se adaptar tudo de novo, reiniciar. Só com o tempo se con-segue filtrar as ideias. O pessoal do projeto me ajudou bastante. A primeira coisa é a pessoa procurar ajuda, porque sozinho não se consegue ir a lugar nenhum. Também é importante ter um psicólogo e o empenho da família, importantes no processo de readap-tação”, salienta.

Contatos com Cristiane (54) 99937-3304 ou Márcio (54) 98149-9997.