Feminilidades Na Pós-modernidade

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labrys, études féministes/ estudos feministas juin/ décembre 2006/ junho/ dezembro 2006 Feminilidades na pós-modernidade 1 Guacira Lopes Louro Resumo Este texto tenta construir uma espécie de “mosaico” de feminilidades na pós- modernidade. O quadro, assumidamente incompleto, sugere a multiplicidade de formas de viver o feminino na contemporaneidade e foi montado a partir de teses e estudos desenvolvidos em universidades brasileiras, recentemente. O eixo comum desses estudos é, precisamente, sua referência a práticas pedagógicas difusas que se exercitam na mídia, na televisão, no cinema, livros, bares, ruas para a produção de gênero e sexualidade. Palavras-chave: feminilidades, pós-modernidade, pedagogias, mídia Plural, pluralidade, diferenças. Parece ingênuo falar, hoje, da feminilidade, do feminino ou da mulher como se houvesse alguma essência ou uma forma singular de viver essa condição. Há muito o movimento de mulheres e as teorizações que a ele se articulam tornaram evidentes as distinções e as fraturas no interior do movimento e do pensamento feministas. Somos mulheres de muitas formas e jeitos, somos mulheres de diferentes raças, idades, classes, orientações sexuais; de diferentes culturas, religiões; talvez até seja possível dizer que somos mulheres de diferentes tempos, ainda que estejamos todas vivendo numa mesma época. Essas distintas posições supõem e constroem uma diversidade de destinos ou expectativas, restrições e interditos, possibilidades e projetos. As formas de enfrentamento ou os modos de subordinação a essas circunstâncias certamente são múltiplos. Queria ser capaz de acenar para essa multiplicidade, mas é claro que, desde logo, estava consciente da impossibilidade de dar conta de um quadro completo. Decidi, então, ensaiar aqui uma espécie de mosaico, recorrendo a algumas referências “concretas” para pensar feminilidades na pós-modernidade. O máximo que posso tentar construir é (assim espero!) um recorte instigante e

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labrys, études féministes/ estudos feministasjuin/ décembre 2006/ junho/ dezembro 2006

Feminilidades na pós-modernidade1

            Guacira Lopes Louro

 

Resumo

Este texto tenta construir uma espécie de “mosaico” de feminilidades na pós-modernidade. O quadro, assumidamente incompleto, sugere a multiplicidade deformas de viver o feminino na contemporaneidade e foi montado a partir deteses e estudos desenvolvidos em universidades brasileiras, recentemente. O eixocomum desses estudos é, precisamente, sua referência a práticas pedagógicasdifusas que se exercitam na mídia, na televisão, no cinema, livros, bares, ruas paraa produção de gênero e sexualidade.

Palavras-chave: feminilidades, pós-modernidade, pedagogias, mídia

 

Plural, pluralidade, diferenças. Parece ingênuo falar, hoje, dafeminilidade, do feminino ou da mulher como se houvesse alguma essência ouuma forma singular de viver essa condição. Há muito o movimento de mulherese as teorizações que a ele se articulam tornaram evidentes as distinções e asfraturas no interior do movimento e do pensamento feministas. Somos mulheresde muitas formas e jeitos, somos mulheres de diferentes raças, idades, classes,orientações sexuais; de diferentes culturas, religiões; talvez até seja possível dizerque somos mulheres de diferentes tempos, ainda que estejamos todas vivendonuma mesma época. Essas distintas posições supõem e constroem umadiversidade de destinos ou expectativas, restrições e interditos, possibilidades eprojetos. As formas de enfrentamento ou os modos de subordinação a essascircunstâncias certamente são múltiplos. Queria ser capaz de acenar para essamultiplicidade, mas é claro que, desde logo, estava consciente da impossibilidadede dar conta de um quadro completo.

         Decidi, então, ensaiar aqui uma espécie de mosaico, recorrendo aalgumas referências “concretas” para pensar feminilidades na pós-modernidade. Omáximo que posso tentar construir é (assim espero!) um recorte instigante e

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sugestivo de ser alargado. Mas, antes de buscar  peças esparsas para produzir estemosaico, vale a pena falar um pouco sobre essa tal de pós- modernidade.

Pós-modernidade e pós-modernismo (expressões aparentadas, aindaque carreguem algumas especificidades) vêm sendo usadas nos mais diferentescampos: na arte, na arquitetura, na mídia, na filosofia, na cultura, enfim… Emalguns casos, para se referir a uma época que viria após a modernidade; em outroscasos, para denominar uma tendência estética ou artística que promove umaruptura com os modelos clássicos e com as formas modernas; ou ainda, na voz deoutros estudiosos, para sugerir um determinado modo de estar no mundo e dedar sentido ao mundo; nesse caso, as expressões caracterizariam um determinadoethos ou uma nova episteme. Em qualquer uma dessas acepções, parece serpossível perceber dois movimentos: de um lado, acentua-se a idéia de rupturacom o modernismo ou com a modernidade e, de outro, chama-se atenção para acontinuidade. Não dá para esquecer que o prefixo pós supõe o que vem a seguir.Daí que, obviamente, não poderia existir pós-modernidade sem modernidade. Aconexão e, portanto, a referência e também algum tipo de continuidade,provavelmente, devem existir entre ambas. Mas parece lógico supor que aquiloque se denomina pós-modernidade implica, ao mesmo tempo, um rompimento,uma transformação em relação à modernidade. Uma série de desafios marcamesse momento e essa situação.

Um dos principais desafios, segundo Linda Hutcheon, uma teóricacanadense, foi o desafio à noção de centro, em todas as suas formas.  “Se o centronão vai continuar”, diz ela, “viva as margens!”

Ao falarmos em centro, teriamos de pensar, aqui, em todas aquelasformas de cultura e de sujeito que ocupam o lugar central, o lugar que serve dereferência para os demais – e essa posição foi ocupada, historicamente, pelohomem branco ocidental, heterossexual e de classe média urbana. Em seguida,teríamos de pensar no conjunto de movimentos sociais e também teóricos que,na contemporaneidade, vêm desafiando essa posição, ou seja, os movimentosempreendidos por aqueles grupos que, tradicionalmente, foram colocados nasmargens: as mulheres, os negros, as chamadas minorias sexuais e minorias etnicas,os jovens.  O que parece muito expressivo na pós-modernidade é justamente essevoltar-se na direção das margens e das fronteiras, um certo afastamento emrelação à posição central e às ideias que lhe são associadas, tais como as idéias deorigem, de universalidade ou de unidade.

Um outro modo de dizer tudo isso seria afirmar que na pós-modernidade quem ganha realce são os sujeitos excêntricos, aqueles que estãofora do centro. Até muito recentemente apenas a ciência, a arte, a estética, a

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política ou a justiça articuladas ao sujeito central eram reconhecidas comolegítimas. Essas foram (e, em muitos casos, ainda são) as formas que detiveram(ou detêm) a autoridade para indicar o que é (ou não é) normal, sadio, legal,bom ou justo. Tudo que ocupa a posição central é considerado não-problemático, são os outros (os outros sujeitos e suas práticas), que são vistoscomo derivações ou desvios dessa posição e que são vistos, muitas vezes, comoproblemáticos.

Contudo, de uns tempos pra cá, as coisas vêm mudando: osmovimentos promovidos pelos grupos que estão fora deste centro passaram acontestar a universalidade dessas afirmações. Talvez seja razoável pensar que elessão excêntricos não por que sejam, exatamente, esquisitos ou extravagantes, masporque têm um outro centro.

Tudo isso que estou dizendo não significa afirmar que, nesses tempospós-modernos, o centro tenha deixado de ser atraente ou tenha se tornadodesimportante, de modo algum. Ele continua lá, reconhecido e sedutor, mas oque acontece agora é que se passa a acentuar o seu carater de ficção. Passa-se areconhecer que a posição central é uma invenção, não  é uma posição“naturalmente” dada, é, sim, uma posição historicamente construida como tal. Anoção de centro passa a ser desafiada e contestada, na contemporaneidade, pormuitas frentes. Não se trata propriamente, ou não se trata somente, de pôr emquestão o sujeito masculino, branco, heterossexual. É mais do que isso: o que sepassa a questionar é toda uma noção de cultura, ciência, arte, ética, estética,educação que, associada a esse sujeito, usufruiu, ao longo dos tempos, de ummodo praticamente inabalável e abrangente, a posição privilegiada em torno daqual tudo mais gravita.

Este pode ser um modo de se dar sentido às profundas transformaçõesque vivemos desde a segunda metade do século XX.  Linda Hutcheon diz que

…é para a década de 60 que nos devemos voltar se quisermosencontrar as raízes dessa mudança, pois foi nesses anos queocorreu o registro, na história, de grupos anteriormente“silenciosos” definidos por diferenças de raça, sexo, preferênciassexuais ... Na década de 60, muitas (...) questões forambruscamente trazidas à tona, quando o político e o estético sefundiram na chamada contracultura.... Os negros e as feministas,os etnicistas e os gays, as culturas nativa e do “terceiro mundo”não formam movimentos monolíticos, mas constituemdiversidade de reações a uma situação de marginalidade e ex-centricidade percebida por todos (Hutcheon, 1991, p.89-90).

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A contestação da posição central se fez e se faz, portanto, a partir devárias “frentes”: de gênero, de sexualidade, de raça, de classe, e o embate que épromovido por essas frentes algumas vezes se articula e se reforça, em outrasnão.  A palavra chave desses movimentos ou dessa época é diferença.

É nesse contexto que me disponho a olhar as feminilidades. E, comojá disse antes, gostaria de me valer de algumas “peças” ou situações “concretas”para esboçar um mosaico. Inicialmente, trago aqui um programa de TV no qualjovens mulheres e homens se encontram e buscam parceiros amorosos. Refiro-me a um programa da MTV, chamado Fica Comigo. A emissora e também oprograma se apresentam como veículos contemporâneos, “descolados” e por issopodem servir aos propósitos dessa fala. Mas, para além dessas características, devodizer que escolhi este programa por ter acompanhado, como orientadora, afeitura da tese de doutorado de Rosângela Soares, recentemente defendida noPrograma de Pós-graduação da UFRGS e que se intitulou Namoro MTV –juventude e pedagogias amorosas/sexuais no Fica Comigo (SOARES, 2005).

         Rosângela analisou um conjunto de edições deste programa parademonstrar como aí se exercita o que ela denomina de pedagogiasamorosas/sexuais, como esse programa apresenta e institui práticas deaproximação e conquista, comportamentos e atitudes empreendidas por jovensque estão em busca de um par. A MTV é uma emissora que se espalha pelomundo todo e que assume como público alvo a juventude (na verdade, dirige-see atinge um certo tipo de juventude).  Ela tem algumas marcas globais bastanteexpressivas: muita ênfase na música, nos vídeo-clips e uma linguagem toda “sua”.Mas a emissora também carrega algumas marcas locais e o Fica comigo érepresentativo disso: o programa foi produzido no Brasil, construído por e parajovens brasileiros. O programa foi ao ar a partir do ano de 2000 e durou cerca dequatro anos, conduzido, quase sempre, por Fernanda Lima, com uma boaaudiência para os padrões da emissora. Pode-se dizer que o Fica comigo seconstituiu numa versão contemporânea, bem humorada e, sob certa ótica, quaseparódica, dos antigos programas de namoro na TV e no rádio. 

Em cada edição, tinha-se um protagonista (homem ou mulher),denominado de querido ou querida que, através de uma série de jogos esituações, escolhia (sem ver) uma parceira ou um parceiro dentre quatrointeressados. Esses interessados já haviam sido selecionados, pela produção doprograma, entre um número imenso de jovens que se candidatara para o talquerido ou querida através do site da emissora, numa etapa que antecedia oprograma de TV.

Não vou me estender expondo a dinâmica do programa, mas vou

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tomar emprestado da tese de Rosângela Soares alguns argumentos que meparecem interessantes para explorar aqui.

Logo que a MTV colocou o Fica Comigo no ar, alguns críticoscomentaram que tudo se parecia com uma espécie super-mercado sexual; oprograma seria um exemplo ou uma amostra expressiva do caráter consumista dasociedade contemporânea, uma vez que cada jovem era instado a fazer seumarketing pessoal para conquistar o coração do querido ou da querida do dia.Por outro lado, houve quem valorizasse o fato de que se colocava em evidência,ali, algumas das novas formas de aproximação e de relacionamento que vêmsendo praticadas pelos jovens e, principalmente, que se promovia a alternância degarotos e garotas nos diferentes papéis do relacionamento amoroso (ou seja, emum determinado dia as garotas eram as pretendentes e tomavam a iniciativa dacantada, em outros elas ocupavam o lugar de quem era paquerada ou cortejada evice-versa). Enfim, para alguns comentaristas, isso sugeria que o programaevidenciava algumas transformações significativas que estariam acontecendo nastradicionais hierarquias de gênero. 

Em sua tese, Rosângela percorre todos os blocos do programa e umdos pontos recorrentes de sua análise é a combinação ou a mistura de elementosdo amor romântico tradicional com práticas contemporâneas do ficar. Elaobserva que, ao mesmo tempo em que se evidencia a provisoriedade e um certoimediatismo nas relações ensaiadas ou sugeridas pelos/as participantes, tambémhá um apelo constante às formulas mais tradicionais de conquista e, mais do queisso, expressa-se o anseio pelo amor duradouro, pelo encontro da outra “metade”que vai completar o individuo.

Acho que é possível dizer que uma determinada forma defeminilidade é colocada em tela neste programa: as jovens que ali se apresentam eque figuram como personagens desse romance televisivo são ou pretendem sertodas bonitas, malhadas, decididas, dispostas a expor, publicamente, seus desejos esuas preferências no terreno amoroso/sexual. Quer ocupem o lugar da “querida”do dia quer ocupem o lugar de pretendente, devem parecer “descoladas”, ágeisnas respostas, pouco ou nada tímidas. Parecem à vontade com seus corpos e,geralmente, sugerem ou anunciam erotismo e sensualidade. São capazes deapreciar o corpo masculino, elogiam e tocam os músculos dos braços ou dopeito, apalpam a barriga “sarada”, dão mordidinhas especiais no pescoço dosrapazes. Disputam umas com as outras, sem disfarce, a atenção e a preferência doquerido. Não têm ou não mostram pudor ou timidez para inventar fantasias oupara realizar os fetiches que, eventualmente, possam vir a agradá-lo... Cantam(literalmente), dançam, afirmam que são capazes de viajar ou partir para qualquer

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lugar inesperadamente, no meio da noite, sem planos. Enfim fazem de tudo paracorresponder ao que parece ser um certo ideal de garota urbana pós-moderna.

Mas dizer isso não é dizer tudo o que acontece no programa. Essasmesmas garotas assumem-se como românticas, adoram bichinhos de pelúcia,esperam ser conquistadas com flores ou que seu pretendente seja capaz de “buscarflocos de nuvens no céu e compor as mais diversas canções de amor”, descrevem-se como carinhosas, colocam a fidelidade e a sinceridade como fundamentais.Neste espaço, seu jeito de ser feminino não é apenas construído pelo que elasdizem ou fazem, mas também, é claro, por tudo o que dizem e fazem os outrosna direção delas (especialmente os rapazes, mas também a apresentadora, aplatéia, os programadores). Assim é interessante notar que os garotos aspresenteiam com pijaminhas bem comportados e caixas de bombons, expressamcom veemência sua intolerância a uma eventual traição, exigem fidelidade e, porvezes, mostram-se desconfortáveis com a posição supostamente passiva decortejados. A platéia, com gritos, vaias e aplausos, aprova ou desaprova atitudes eos programadores e a apresentadora compõem um texto heterogêneo, que tantoinstiga as garotas à ousadia e à inovação quanto repete e reitera fórmulas usuaisdo feminino.

Qual deveria ser, então, o nosso veredicto diante desse quadro? Afinalessas garotas representam a “nova” mulher do século XXI ou carregam as marcase os vestígios do “eterno feminino”?  Parece-me que pergunta está malformulada. A pós-modernidade sugere que abandonemos os dilemas, quedeixemos de lado a lógica do ou isso ou aquilo e nos convida a pensar que ascoisas, os sujeitos e as práticas – neste caso, os sujeitos femininos – podem ser, aomesmo tempo, isso e aquilo. Antes de lidar com dicotomias, pensemos napluralidade. As diferenças não são binárias, são múltiplas.

         A pergunta central deste programa – Fica comigo? – e odesenlace esperado – o encontro do par – podem ser sugestivos para refletirmossobre outra aparente contradição contemporânea. Um conjunto variado decondições vem produzindo, nos últimos tempos, uma nova representação damulher só, ou melhor, do indivíduo só; uma representação que difere bastantedaquela de antigamente. Ser uma mulher solteira, o que se constituía, até algunsanos atrás, em motivo para lástima ou para vergonha (lembram-se da solteirona,a “tia” virgem e encalhada?), passou a ser, agora, sinônimo de mulherindependente, desimpedida, autônoma. Pode-se supor que quem vive sozinho(homem ou mulher) tenha escolhido voluntariamente essa condição e nãotenha sido relegado a ela. Ser solteiro ou estar solteiro passou a ter glamour.  Acondição é associada com maior possibilidade de consumo e de mobilidade e, o

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que é muito importante, não implica, de modo algum, ausência de vida amorosaou sexual ativa. (Tudo isso valendo agora para as mulheres tanto quanto valeuantes para os homens). No entanto, apesar de todo o charme que possa estarassociado a essa posição, é curioso observar o quanto os programas de TV, osfilmes, a mídia e os livros (muito especialmente os livros de auto-ajuda) insistemque a felicidade se encontra no par. A tese de doutorado de Vera Lúcia PereiraAlves, Receitas para a conjugalidade: uma análise da literatura de auto-ajuda,defendida na UNICAMP, em 2005, tratou dessa temática e mostrou a ênfase nashabilidades e estratégias que alguém deve desenvolver para encontrar e manter oparceiro.

Seu trabalho revelou que esta literatura é, fundamentalmente, voltadapara mulheres o que poderia nos levar a pensar que, apesar de todas as evidentesconquistas femininas em muitos terrenos (no trabalho, na política, na educação,etc.), a união estável continua sendo repetida como uma tarefa ou um destinoque nós, mulheres, deveríamos valorizar. No seu estudo, Vera Lúcia acentua que“a conjugalidade é a meta” e “a individualização é o meio, o instrumento comque ela opera”. Na ótica deste tipo de literatura, tão influente hoje em dia, amáxima seria: “para casar, cuide de si; para cuidar de si, case-se” (ALVES, 2005, p.249).

Vamos fazer um corte rápido e completa mudança de cenário. Tragoagora uma outra peça para compor o tal mosaico: a figura de Darlene,personagem vivida por Regina Casé no filme Eu, tu, eles de AndruchaWaddington, lançado no ano de 2000. A história se passa numa região isolada,quente e árida do nordeste brasileiro, na qual uma mulher comum vive com trêshomens e vários filhos, sob o mesmo teto. Mais do que o filme o que mepareceu interessante trazer aqui foram alguns recortes de uma entrevista realizadacom Marlene Silva Sabóia, a mulher que viveu efetivamente esta história e queinspirou a narrativa de Andrucha. Ela é descrita por quem a conheceu como umamulher sofrida e corajosa, que enfrentou o machismo do nordeste e viveudurante 17 anos com três maridos no interior do Ceará. O repórter, MarceloBartolomei, da Folha Online (2000), registra a fala de Marlene. Ela diz:

“Peguei uma amizade com o pai do meu filho mais velho, doVicente, hoje com 27, daí eu pedi a meu pai para cuidar do meufilho enquanto eu ia para Fortaleza trabalhar porque eu nãotinha condições e precisava dar dinheiro pra minha mãe. Já viu:não tinha marido. Passei uns seis meses lá e voltei, pelo menino.Cheguei aqui e minha mãe disse: - Marlene, sabe quem vai casar?O Oscar. Daí eu perguntei quem era o Oscar e ela me disse: -

 

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Claro que você sabe, é aquele rapaz velho, rico. E eu vinha vindoentregar um presente para minha concunhada aqui pra esteslados quando encontro com ele e ele ficou muito admirado. Euera gorda, bonita neste tempo, tinha um cabelo comprido, eraforte, mais preta porque vivia na praia. E ele perguntou se euqueria casar com ele. Eu disse que não. Vou deixar de viver naminha vida que vivo em Fortaleza, trabalhando, ganhando meudinheiro, livre e desimpedida, passeando, usando o que eu quero,pra casar com você para depois viver aqui? Daí eu sai de lá e fuiembora. Quando eu cheguei aqui ele veio atrás e chegou junto.Ele tinha 42 anos. Eu já tinha 19 anos...”

     Adiante, ela conta que Oscar procurou o padre e perguntou-lhe quanto elequeria para casá-lo com Marlene. O padre respondeu que não cobrava nada, masdisse: sendo eu no seu lugar eu não casava com esta menina não, porque ela éuma doida.  Marlene completa: Ele já sabia das minhas presepadas lá.

         Ela conta muitas coisas, por exemplo, que nunca teve amor porele, mas que casou atender um pedido do seu pai. Na noite do casamento, omarido perguntou se ela não ia no forró. E ela retrucou:

Me casei com você hoje e tu já está me mandando pra um forró?E, continua ela, ele disse para que eu fosse mesmo. Eu entãodestranquei minha mala, me arrumei, me perfumei, eu tinha umbrilho neste tempo e passei na boca, escovei bem escovado meucabelo e fui. Passei na frente de uma casa e a mulher disse paraoutra que estava junto: - Olha lá a Marlene, mulher do Oscar, jábrigou com ele! E eu fui lá e disse que ele que tinha memandado ir. Fui, dancei a noite toda, nem lembrei que tinha mecasado. Voltei para casa no outro dia bem cedo. Cheguei aqui edisse que queria almoçar carne. Ele mandou matar um bode evivemos três anos em paz.

         A vida da Marlene de verdade só podemos conhecer pelo que elaconta. Diz ela que todos os seus maridos se completavam, e que gostou mais doZé, porque ele era bonito e forte. A história da Darlene do filme é a de umamulher que trabalha pra caramba, na roça e em casa, cuida dos filhos, alimenta-ose brinca com eles e consegue, de um jeito ou de outro, manter seus três homensem paz. Ela também sabe tirar prazer do seu corpo, dançando forró, transando eengravidando. A personagem diz, num momento do filme, que não sabe o queacontece, mas quando pega barriga fica assim, mais quente. Sua sexualidadeparece ser, nesta história, espaço de libertação, de gozo e também de opressão. 

         Não há glamour na sua vida. Nossa experiência urbana nos fazrejeitar as agruras de sua casa isolada e pobre, a secura e o pó da região, o calor

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constante. No entanto, é preciso reconhecer que Marlene/Darlene também vive,do seu jeito, a feminilidade. Embora distante de toda a tecnologia e confortos,sem televisão para acompanhar as modas e os comportamentos do momento,ouso dizer que sua vida também foi tocada, de algum modo, mesmo que muitosutilmente, pelas transformações contemporâneas. Não estou afirmando que aMarlene tenha ouvido falar de feminismo ou que tenha precisado que algumateórica autorizasse suas “presepadas”. Ela era “danada”, como diz, por contaprópria. No entanto, acredito que todas essas transformações culturais maisamplas e distantes devem ter, de algum modo, contribuído para produzir fissurasnas relações de gênero, mesmo naquele lugar perdido do mundo. Mas, ainda quenada disso tenha ocorrido, estou convencida de que, há alguns anos atrás, ahistória de Marlene não teria sido contada como foi neste filme. Se um diretor decinema da cidade grande, lá pelos idos de 1940 ou 1950, tivesse sabido destahistória e resolvesse traduzi-la para a tela, provavelmente construiria seu filme demodo a que a figura de Darlene fosse merecedora de um castigo exemplar: maissofrimento, uma boa dose culpa e, ao final, quem sabe, a morte para punir suasousadias.

Quero agora propor um retorno ao urbano. Ao mosaico defeminilidades, acrescento aquela que é vivida por mulheres que buscam parceriaamorosa com outras mulheres.  Como parte integrante da noção de centro, aheterossexualidade também se pretendeu inquestionável. Representada,historicamente, como a única forma de sexualidade normal e, mais do que isso,representada como a forma “natural” de viver a sexualidade, a heterossexualidadeparecia “estável”. Não deveria ser contestada, quer como prática quer comoconceito. Contudo, já há algumas décadas, ela vem sendo posta em xeque, cadavez mais decisivamente.

Movimentos organizados das chamadas “minorias” sexuais, bem comocampos de estudo teóricos (os estudos gays, os estudos lésbicos, a teoria queer)têm denunciado os processos de submetimento e marginalização que homens emulheres homossexuais experimentaram e experimentam, bem como têmdemonstrado o caráter construído dessa e de todas as demais formas desexualidade. Acentua-se, agora, a idéia de que a heterossexualidade é apenas umadas muitas possibilidades de sexualidade – ainda que ela seja aquela quecompulsoriamente se pretende que todos, homens e mulheres, devam viver.Como já disse antes, o centro continua exercendo seu poder de atração. E aquelese aquelas que dele se afastam são desviantes.  É claro que esses já existiam emoutras épocas, mas hoje eles e elas estão mais organizados e, evidentemente,muito mais visíveis.

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O grande entretenimento nacional, as novelas da Globo, se constituinum bom exemplo dessa visibilidade. O casal de lésbicas glamourosas de Torre deBabel, novela levada ao ar em 1998, causou polêmica e, afinal, o autor resolveumatá-las; em 2003, em Mulheres apaixonadas, o par feminino voltava ao horárionobre, agora por meio do romance muito doce de duas garotas de colégio e,então, um beijo quase casto foi o recurso utilizado para dizer que elas iam “ficarjuntas”; mais recentemente, em 2005, de novo um casal de mulheres bonitas ecertinhas viveu um romance de amor, na novela Senhora do Destino, com direitoaté à maternidade. Novelas, sim; ficção, mas muito “reais”, em termos de suasrepresentações e efeitos culturais. De qualquer modo, prefiro trazer aqui outrasmulheres apaixonadas ou em busca de paixão, jovens que estão circulando, hoje,“ao vivo”, nos bares, clubes, escolas e ruas de minha cidade, Porto Alegre. Paraisso, valho-me de um estudo realizado por Nádia Meinerz para sua dissertação demestrado em Antropologia Social, defendida em 2005, na UFRGS, e intituladaEntre mulheres: estudo etnográfico sobre a constituição da parceria homoeróticafeminina em segmentos médios.

As mulheres com quem Nádia conviveu provavelmente não eramtodas glamourosas e não eram, absolutamente, todas iguais. Na verdade, apesquisadora construiu ou identificou algumas redes entre essas mulheres: haviaaquelas que tinham se aproximado porque tinham em comum algumenvolvimento político, outras saiam juntas em grupo porque tinham filhos,outras ainda porque tinham uma experiência acadêmica semelhante e, por fim,aquelas que tinham a mesma atividade profissional. Vários grupos de amigas queacolheram Nádia e aceitaram compartilhar com ela suas histórias, o cinema, ochoppinho. Essas mulheres jovens e de classe média circulavam por muitosespaços na cidade, tinham suas preferências, mas usualmente não se fixavam emguetos homossexuais tradicionais.

Não havia entre elas a preocupação política de anunciarem suacondição de lésbicas, ainda que algumas tivessem participado de grupos ou deeventos de militância homossexual. Numa cultura como a nossa, em que aamizade entre mulheres se expressa com gestos de afeto mais explícitos edesembaraçados, é tênue a linha que separa a amizade da parceria sexual. Tudopode ser mais ambíguo. Nesses grupos, a sedução e a conquista era menosmarcada pela exposição explícita dos corpos e muito apoiada na erotização dasconversas e da troca de olhares. É claro que elas reconheciam que os corposimportam. Para essas mulheres, a aparência e o investimento no corpo eramimportantes. Buscavam parceiras bem cuidadas, diziam quase todas, ainda queexpressassem de muitos modos suas preferências:

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Geralmente eu atraio mulheres femininas, eu gosto, não precisaser uma barbie, pode ser um estilo mais alternativo, maisdespojado assim. Mas mulheres masculinas, que se vestem comohomem, de maneira alguma ...

Eu jamais ficaria com uma mulher que, se eu olho eu não vejo seé mulher ou se é homem. Não precisa ser magérrima, mastambém não pode ser um balão. E, de jeito nenhum eu ficariacom a mulher caminhão, que usa pochete, corta o cabelo assime separa o lado, usa camisa social. Olha tem muito homembonito que eu pensaria em sair antes de sair com uma mulherdessas.

Eu não gosto de mulheres femininas demais, que traduzam umaconformidade com padrões, eu gosto de pessoas quetransgridam um pouco essa diferença de masculino e feminino(...) eu jamais ficaria com mulheres assim muito marias, sematitude, conformadas às situações de opressão que vivem.

Um feminino perturbador, uma certa preferência pelo andrógino,pode ser o desejo expressado por algumas Nem caminhoneira nem perua, parecedizer a maioria. A construção do feminino, neste grupo específico de mulheres,se faz numa constante negociação entre esses extremos, afirma Nádia. Para elas, atransgressão da sexualidade não implica, necessariamente, um rompimento comas fronteiras de gênero. 

Vou concluir meu jogo de mosaicos com uma figura maistransgressiva: uma drag queen. Com sua ousadia, ela nos desafia a pensar de outromodo a feminilidade. Nela tudo é over, exagerado, apelativo. Seu corpo é,assumidamente, um corpo construído como imitação e paródia. Não, ela nãopretende se fazer passar por uma mulher, seu objetivo é uma criaçãodeliberadamente superlativa do feminino. Anna Paula Vencato acompanhou ossonhos, as tristezas e as alegrias de um grupo de drags, em seu mestrado deAntropologia Social, na UFSC. Em sua dissertação “Fervendo com as drags”:corporalidades e performances de drag queens em territórios gays da Ilha de SantaCatarina, defendida em 2002, ela nos permite chegar mais perto de suas vidas. Eisso é um privilégio, pois a drag é, fundamentalmente, uma figura “pública”, istoé, uma figura que se apresenta e surge como tal apenas no espaço público.

Seu camarim e sua intimidade são, usualmente, interditados aoscuriosos. No camarim ela se “monta”, produzindo com cuidado a transformaçãode seu corpo, através de um processo minucioso cheio de técnicas e truques(como uma cuidadosa depilação, a dissimulação do pênis ou, ainda, por exemplo,

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o uso de seis pares de meias-calças para “corrigir” as pernas finas); em seguida, elacoloca sua exuberante vestimenta, muita purpurina, sapatos de altas plataformase, finalmente, completa o quadro com pesada maquiagem (corretivo, base,batom, muito blush, cílios postiços e perucas). Ao executar, por fim, seusúltimos movimentos, retocando o batom ou o delineador dos olhos, a “drag‘baixa’” – conforme diz uma delas. É neste momento que a drag efetivamenteincorpora, que ela toma corpo, que ela se materializa e passa a existir comopersonagem. Ela está, agora, pronta para ganhar a rua, para se apresentar numshow, para “fazer” o carnaval ou simplesmente para se divertir. Anna Paulareproduz a fala de uma drag, já montada e maquiada, numa noite de carnaval,tentando convencer a colega que resistia a se produzir, porque “já não tinha maiscorpo”: “Corpo? Corpo se fabrica... eu não fabriquei um agora?” (Vencato, 2002,p.46).

Ela assume, explicitamente, a fabricação de seu corpo: intervém,esconde, agrega, expõe. A drag propositalmente exagera os traços convencionaisdo feminino, exorbita e acentua marcas corporais, comportamentos, atitudes,vestimentas culturalmente identificadas como femininas. Ela imita e exagera, seaproxima, legitima e, ao mesmo tempo, subverte o sujeito que copia. Ela encenauma feminilidade e, portanto, põe em destaque o que é suposto como uma“essência” feminina. Nesse processo, ela realiza uma paródia do gênero. E, para osteóricos e teóricas contemporâneos, nada mais atual do que a crítica paródica (cf.Louro, 2004). Nesses tempos pós-modernos, a paródia não pode sercompreendida como uma simples imitação ridicularizadora, mas como ummovimento em que há, simultaneamente, identificação e distanciamento emrelação ao objeto que é parodiado. Ao repetir as supostas marcas do feminino, adrag estabelece, então, ao mesmo tempo, uma distância em relação a elas,deixando visível o caráter artificial de sua imitação. Com ironia, ela aponta adiferença em meio à exagerada semelhança. Por isso, é possível pensar que elatem uma relação ambivalente com o feminino: ela o admira e, em algumamedida, o apropria; mas o modo como realiza esses movimentos implica e supõea crítica e a subversão.

A drag assume, portanto, que a sua feminilidade é deliberadamentefabricada. Nela fica evidente o caráter construído do gênero. E entre as outrasmulheres? Nas figuras de todas nós e também das jovens do Fica Comigo, dasleitoras dos livros de auto-ajuda, das Marlene/Darlene do interior do Brasil, dasapaixonadas garotas que buscam outras garotas, o que se passa? Seremos, todas,“naturalmente” femininas? Ou fabricamos, cada uma a seu modo, com osrecursos e marcas de sua cultura, de suas “tribos” particulares, nossasfeminilidades? 

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Nota:

1. Este texto baseia-se em palestra apresentada no Espaço CulturalCPFL, em Campinas/SP, em novembro de 2005, no contexto do projeto “Novasidentidades” (curador Luiz Paulo Moita Lopes).

Referências bibliográficas

ALVES, Vera Lúcia Pereira. Receitas para a conjugalidade: uma análise daliteratura de auto-ajuda. Tese de doutorado, PPG Educação Unicamp. Campinas,2005.

Bartolomei, Marcelo. Folha on-line, 17 agosto 2000.

HUTCHEON, Linda. Poética do Pós-modernismo. Rio de Janeiro: Imago, 1991.

LOURO, Guacira. Um corpo estranho. Ensaios sobre sexualidade e teoria queer.Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

MEINERZ, Nádia. Entre mulheres: estudo etnográfico sobre a constituição daparceria homoerótica feminina em segmentos médios. Dissertação de mestrado,PPG Antropologia Social UFRGS, Porto Alegre, 2005.

SOARES, Rosângela.  Namoro MTV. Juventude e pedagogias amorosas/sexuaisno Fica comigo. Tese de doutorado, PPG Educação UFRGS. Porto Alegre, 2005

VENCATTO, Ana Paula. Fervendo com as drags”: corporalidades e performancesde drag queens em territórios gays da Ilha de Santa Catarina. Dissertação demestrado, PPG Antropologia Social UFSC, Florianópolis, 2002.

            Outras referências

Eu, tu, eles, filme de Andrucha Waddington, Brasil (2000)

Fica Comigo? programa da MTV, Brasil (2000-2004)

Mulheres Apaixonadas, novela de Manuel Carlos, TV Globo, Brasil (2003)

Senhora do destino, novela de Aguinaldo Silva, TV Globo, Brasil (2004)

Torre de Babel, novela de Silvio de Abreu e Alcides Nogueira, TV Globo, Brasil(1998)

Guacira Lopes Louro é gaúcha, formada em História pela UFRGS e Doutora emHistória da Educação pela UNICAMP. Professora titular aposentada da UFRGS,trabalha atualmente como professora colaboradora voluntária no Programa dePós-graduação em Educação da UFRGS. Tem várias publicações na área degênero e sexualidade, destacando-se os livros Gênero, sexualidade e educação.Uma perspectiva pós-estruturalista (Ed. Vozes, 8a edição) e Um corpo estranho.Ensaios sobre sexualidade e teoria queer (Ed. Autentica, 2004).

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labrys, études féministes/ estudos feministasjuin/ décembre 2006/ junho/ dezembro 2006