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“Hoje apareceu para nós o Salvador, que é Cristo Senhor”. Divisaram os profetas este dia, à distância de séculos, e o descreveram com profusão de imagens: “O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz”... A

luz que dissipa as trevas do pecado, da escravidão, da opressão é o prelúdio da vinda do Messias, portador de liberdade, de alegria, de paz:

“Um pequenino nasceu para nós, um filho nos foi dado”.

A profecia ultrapassa imensamente a perspectiva de um novo Davi enviado por Deus para libertar o seu povo, e se projeta em Belém, a

iluminar o nascimento, não de um rei poderoso, mas do “Deus Onipotente” feito homem; é Ele o pequenino nascido para nós, o

“Filho” que nos foi dado.

Enquanto, à noite, os pastores vigiavam o rebanho, “um anjo do Senhor apresentou-se diante deles e a glória do Senhor envolveu-os

de luz... ‘Eis que vos anuncio uma grande alegria, que será igualmente para todo o povo; hoje nos nasceu o Salvador, que é Cristo Senhor’”

O Salvador prometido e esperado há séculos está vivo, palpitante no meio de nós. Naquele menino, o novo povo de Deus possui o

Messias, a profunda esperança tornou-se realidade. Contempla-a comovido São Paulo e exclama: “Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens. Apareceu a bondade de

Deus, e o seu amor para com os homens”.

Oh! Feliz nascimento aquele, quando a Virgem Mãe, fecundada pelo Espírito Santo, deu à luz a nossa salvação, e o Menino Redentor do

mundo, mostrou sua Face divina! Cantai no mais alto dos céus, cantai, Anjos todos! Todas as potências do Universo cantem os

louvores de Deus! Nenhuma língua se cale, todas as vozes se unam a esta alegria.

Aurélio Prudêncio

Ó doce menino de Belém, fazei que eu possa aproximar-me, com toda alma, deste profundo mistério do Natal. Infundi no coração dos homens aquela paz que eles

procuram, talvez com tanta dificuldade e que só vós podeis dar. Ajudai-nos a conhecer-nos melhor e a vivermos fraternalmente como filhos do mesmo Pai. Despertai em nosso coração o amor e o reconhecimento pela vossa infinita

bondade. Uni a todos na caridade, e dai-nos a vossa paz celeste.

João XXIII