FEC - Percurso para a Quaresma 2011

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EIS O TEMPO FAVORÁVEL 8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO QUARESMA 2011 FEC

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"Eis o tempo favorável - 8 passos no caminho do desenvolvimento"

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EIS O TEMPO FAVORÁVEL8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO

QUARESMA 2011

FEC

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“Creio que, lentamente, se está a tornar perceptível que há algo de verdadeiro

quando dizemos que temos de nos repensar”

Luz do Mundo, conversa de Bento XVI com o jornalista Peter Seewald)

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QUARESMA 2011

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TRANSFORMAÇÃO

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Quaresma signi�ca caminho de transformação, preparando a Páscoa, que signi�ca passagem da morte à vida, da escravidão à liberdade. Viver a Quaresma e celebrar a Páscoa pretende ser e deve ser uma experiência de transformação que implica os cristãos na construção do Reino. Nesta Quaresma, a FEC propõe que este percurso de fé, seja transposto para o Desenvolvimento. Porque na realidade, os dois percursos não devem ser distintos, devem estar interligados e alimentarem-se mutuamente. O desenvolvimento é a passagem de condições menos humanas a condições mais humanas (Encíclica Populorum Progressio).

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres;

enviou-me a proclamar a libertação dos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos

e a proclamar o ano da graça do Senhor”. ( Lc 4,18)

Este é o caminho de desenvolvimento assumido e proposto por Jesus.

Para que o direito ao desenvolvimento seja uma realidade para todos, é urgente e necessário tomar consciência dos desequilíbrios existentes e das transformações necessárias, que devem ter uma implicação pessoal, comunitária, social, económica, política. Propõem-se assim, em interligação com a liturgia de cada domingo de quaresma, oito passos no caminho do desenvolvimento, passos de re�exão e acção que podem ampliar a vivência da Páscoa.

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PARTILHA9 de Março | Quarta-feira de Cinzas

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9 de Março | Quarta-feira de Cinzas

ESCOLHER O BEM COMUM

Uma melhor regulação em sociedade, como instrumento destinado a tornar os serviços públicos responsáveis, não substitui as acções individuais de cada um feitas como um dom gratuito, pois as necessidades dos meus vizinhos têm de ser respondidas.

Nas nossas comunidades locais e dentro do círculo familiar e de amigos, podemos saber encontrar ajuda na resposta a crises e emergências que possam vir a confrontar-nos. A di�culdade é fazer com que as virtudes que descobrimos nestes momentos passe para a vida normal da nossa sociedade. Muitos dirão que isso é impossível, numa sociedade em que se tem investido tanto na busca do auto-interesse individual, muitas vezes valorizando escolha pessoal à frente do dever de outros. Mas a mudança é possível e precisa de todos nós. Do nosso jejum (que nos descentra das nossas necessidades e nos desperta para os outros). Da nossa esmola (que nos abre à partilha e à escolha pelo bem comum). Da nossa oração (que nos ajuda a experimentar a gratuidade e a intuir melhor as nossas acções).

REFLEXÃO

Esmola, Jejum e Oração, são estas as propostas da Igreja para este tempo de Quaresma. Que sentido nos dias de hoje? Que sentido para cada pessoa/ comunidade/sociedade? Que sentido para o Desenvolvimento?

Ao seres generoso para com o pobre, tu dás daquilo que lhe pertence. Porque aquilo que te atribuis a ti, foi dado em comum para uso de todos. (Sto Ambrósio)

O bem comum refere-se ao que pertence a todos em virtude de sua humanidade comum. Nenhum governo pode resolver todos os problemas, nem fazer-nos mais generosos ou receptivos às necessidades dos outros. As políticas só serão bem recebidas e e�cazes se antes já tivermos optado pelo bem comum nas nossas vidas.

Numa sociedade em vias de globalização, o bem comum e o empenho em seu favor não podem deixar de assumir as dimensões da família humana inteira, ou seja, da comunidade dos povos e das nações.

Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas, assumidos em 2000, têm o Bem Comum como meta, em particular o ODM 8, que promove o fortalecimento de parcerias mundiais para o desenvolvimento.

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9 de Março | Quarta-feira de Cinzas

ESCOLHER O BEM COMUM

Uma melhor regulação em sociedade, como instrumento destinado a tornar os serviços públicos responsáveis, não substitui as acções individuais de cada um feitas como um dom gratuito, pois as necessidades dos meus vizinhos têm de ser respondidas.

Nas nossas comunidades locais e dentro do círculo familiar e de amigos, podemos saber encontrar ajuda na resposta a crises e emergências que possam vir a confrontar-nos. A di�culdade é fazer com que as virtudes que descobrimos nestes momentos passe para a vida normal da nossa sociedade. Muitos dirão que isso é impossível, numa sociedade em que se tem investido tanto na busca do auto-interesse individual, muitas vezes valorizando escolha pessoal à frente do dever de outros. Mas a mudança é possível e precisa de todos nós. Do nosso jejum (que nos descentra das nossas necessidades e nos desperta para os outros). Da nossa esmola (que nos abre à partilha e à escolha pelo bem comum). Da nossa oração (que nos ajuda a experimentar a gratuidade e a intuir melhor as nossas acções).

REFLEXÃO

Esmola, Jejum e Oração, são estas as propostas da Igreja para este tempo de Quaresma. Que sentido nos dias de hoje? Que sentido para cada pessoa/ comunidade/sociedade? Que sentido para o Desenvolvimento?

Ao seres generoso para com o pobre, tu dás daquilo que lhe pertence. Porque aquilo que te atribuis a ti, foi dado em comum para uso de todos. (Sto Ambrósio)

O bem comum refere-se ao que pertence a todos em virtude de sua humanidade comum. Nenhum governo pode resolver todos os problemas, nem fazer-nos mais generosos ou receptivos às necessidades dos outros. As políticas só serão bem recebidas e e�cazes se antes já tivermos optado pelo bem comum nas nossas vidas.

Numa sociedade em vias de globalização, o bem comum e o empenho em seu favor não podem deixar de assumir as dimensões da família humana inteira, ou seja, da comunidade dos povos e das nações.

Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas, assumidos em 2000, têm o Bem Comum como meta, em particular o ODM 8, que promove o fortalecimento de parcerias mundiais para o desenvolvimento.

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ESCOLHER O BEM COMUM

REFERÊNCIAS

Leituras próprias do dia: Joel 2, 12-18; Slm 50, 3-6a.12-14.17;2 Cor 5, 20-6, 2; Mt 6, 1-6.16-18

“Escolhendo o Bem Comum”, Documento da Conferência dos Bispos de Inglaterra e Gales, preparando as eleições gerais e antecipando a visita do Papa Bento XVI (2010)(http://www.catholic-ew.org.uk/Catholic-Church/Publications/choosing_the_common_good)

Encíclica “Caridade na Verdade” (http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20090629_caritas-in-veritate_po.html)

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio – ODM 8 (http://www.objectivo2015.org/inicio/)

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9 de Março | Quarta-feira de Cinzas

ESCOLHER O BEM COMUM

ACÇÃO

Somos convidados à esmola e ao jejum. Estas formas de renúncia quaresmal podem ser assumidas como apostas no Bem Comum

Procuro uma forma de apoiar (�nanceiramente, dispondo do meu tempo, das minhas capacidades, de alguns recursos) em algum projecto social na minha comunidade.

Promovo uma celebração comunitária (noite de oração, terço, missa) antecedida por uma refeição partilhada com participação livre

Que o meu jejum/esmola não signi�que um comer/ter menos, mas um partilhar mais.

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JUSTIÇA13 de Março | I Domingo da Quaresma

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13 de Março | I Domingo da Quaresma

POR UM DESENVOLVIMENTO MAIS JUSTO

REFLEXÃO

Neste domingo, ouvimos a leitura das tentações de Jesus no deserto, antes de partir para a Missão. Tentações do Poder, da Vanglória, da Auto-su�ciência. Tentações que continuamente temos na nossa vida, porque são próprias da natureza humana. Tentações que têm consequências na sociedade em todas as suas áreas, que se re�ectem nos modelos de desenvolvimento.

Neste domingo ouvimos uma clara chamada a recordar como a fé cristã implica, a exemplo de Jesus e em união com Ele, uma luta «contra os dominadores deste mundo tenebroso» (Hb 6, 12), Mensagem Bento XVI Quaresma 2011

O actual modelo de globalização económica, com o seu ênfase no lucro �nanceiro e na busca do interesse individual, empresarial e nacional, faz com que o crescimento económico a qualquer custo ofusque tudo o resto. Neste cenário, os valores mais arraigados de tradições religiosas, tais como amor, justiça, igualdade, responsabilidade partilhada e solidária são vistos como importantes apenas no âmbito da família e da comunidade, não tendo lugar nas políticas que regulam o comportamento do mercado ou das instituições �nanceiras internacionais.

O extraordinário crescimento económico nos últimos dez anos tem tirado muitas pessoas da pobreza em países como a Índia e a China. Mas este crescimento, que terminou na crise económica global, tem sido acompanhado pela instabilidade dos preços dos combustíveis e alimentos, à insegurança alimentar, a maior desigualdade, e a danos ambientais. A saída da pobreza extrema e da fome (ODM1) continua a ser um objectivo difícil de alcançar e agora mais comprometido.

Enquanto os governos ricos a nível mundial recolhem os escombros das suas economias, é hora de exortá-los a moldar um novo modelo de mercado que gere um padrão mais sustentável de crescimento, criando as condições sociais em que as pessoas possam prosperar. Não podemos continuar como temos feito nos últimos 30 anos - temos de apelar para a mudança. Os sistemas globais, tais como economia e negócios e política, devem servir as pessoas, e não o contrário.

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REFLEXÃO

Neste domingo, ouvimos a leitura das tentações de Jesus no deserto, antes de partir para a Missão. Tentações do Poder, da Vanglória, da Auto-su�ciência. Tentações que continuamente temos na nossa vida, porque são próprias da natureza humana. Tentações que têm consequências na sociedade em todas as suas áreas, que se re�ectem nos modelos de desenvolvimento.

Neste domingo ouvimos uma clara chamada a recordar como a fé cristã implica, a exemplo de Jesus e em união com Ele, uma luta «contra os dominadores deste mundo tenebroso» (Hb 6, 12), Mensagem Bento XVI Quaresma 2011

O actual modelo de globalização económica, com o seu ênfase no lucro �nanceiro e na busca do interesse individual, empresarial e nacional, faz com que o crescimento económico a qualquer custo ofusque tudo o resto. Neste cenário, os valores mais arraigados de tradições religiosas, tais como amor, justiça, igualdade, responsabilidade partilhada e solidária são vistos como importantes apenas no âmbito da família e da comunidade, não tendo lugar nas políticas que regulam o comportamento do mercado ou das instituições �nanceiras internacionais.

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

13 de Março | I Domingo da Quaresma

POR UM DESENVOLVIMENTO MAIS JUSTO

O extraordinário crescimento económico nos últimos dez anos tem tirado muitas pessoas da pobreza em países como a Índia e a China. Mas este crescimento, que terminou na crise económica global, tem sido acompanhado pela instabilidade dos preços dos combustíveis e alimentos, à insegurança alimentar, a maior desigualdade, e a danos ambientais. A saída da pobreza extrema e da fome (ODM1) continua a ser um objectivo difícil de alcançar e agora mais comprometido.

Enquanto os governos ricos a nível mundial recolhem os escombros das suas economias, é hora de exortá-los a moldar um novo modelo de mercado que gere um padrão mais sustentável de crescimento, criando as condições sociais em que as pessoas possam prosperar. Não podemos continuar como temos feito nos últimos 30 anos - temos de apelar para a mudança. Os sistemas globais, tais como economia e negócios e política, devem servir as pessoas, e não o contrário.

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REFERÊNCIAS

Leituras próprias do dia: Gen 2, 7-9;3, 1-7; Slm 50, 3-6a. 12-14.17; Rom 5, 12-19 ou 5, 12.17-19; Mt 4, 1-11

Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma 2011 (http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=84410)

“Wholly Living: a new perspective for international development”, Setembro 2010, CAFOD (http://www.cafod.org.uk/resources/policy)

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio – ODM 1(http://www.objectivo2015.org/inicio/index.php?option=com_content&view=article&id=80&Itemid=204)

“Estão reunidas todas as condições para uma nova crise alimentar”, Olivier de Schutter, relator das Nações Unidas, Le Monde, 16.11.09 (http://www.lemonde.fr/planete/article/2009/11/16/toutes-les-conditions-pour-une-nouvelle-crise-alimentaire-sont-reunies_1267515_3244.html)

POR UM DESENVOLVIMENTO MAIS JUSTO

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POR UM DESENVOLVIMENTO MAIS JUSTO

ACÇÃO

CONHECER MELHOR O COMÉRCIO JUSTO COM A AJUDA DO CIDAC1

O comércio, numa perspectiva ampla, abrange todas as etapas que vão desde a produção até ao consumo, seja de bens ou de serviços. Os �uxos comerciais – locais, regionais e internacionais – fazem parte do quotidiano de todas as populações, instituições e países, quer enquanto produtores, distribuidores, comerciantes, consumidores ou decisores das políticas que sustentam estas actividades. Baseado na competição e na estrita procura de lucros, o comércio tal como praticado hoje exclui a maior parte das populações da redistribuição da riqueza, gerando pobreza para as pessoas e Estados mais frágeis. As políticas de liberalização promovidas pelas instituições �nanceiras internacionais, pela OMC ou pela UE têm em parte contribuído para acentuar estes desequilíbrios.

Na visão do CIDAC, há que inverter esta tendência. É necessário promover um comércio pautado por princípios de justiça, equidade e solidariedade, o que implica antes de mais assegurar que cada pessoa tenha um trabalho digno, com condições e remunerações dignas; responder em primeiro lugar às necessidades básicas das populações e assegurar a sua autonomia e independência; assim como reconhecer e valorizar as identidades e os recursos locais e respeitar o meio ambiente. Ou seja, um comércio ao serviço das pessoas, orientado para o desenvolvimento social e económico das comunidades locais e do mundo como um todo. Nesta perspectiva, Comércio e Desenvolvimento é uma temática sem fronteiras, aplicável quer no Sul, quer no Norte geopolítico do mundo.

Em Portugal, o CIDAC, a Cooperativa Mó de Vida e a empresa "Ecos do Sul" aderiram ao Manifesto por um Comércio Justo da rede ibérica "Espaço por um Comércio Justo", que pode conhecer aqui http://www.cidac.pt/mani�esto_ECJ_portugues.pdf e também através da entrevista a 2 membros do CIDAC http://www.dailymotion.com/video/xhcnh0_cidac-lisboa_news.

“Abrir espaço para o comércio justo” é o título do artigo no Expresso online de 28 de Fevereiro de 2011, que pode consultar aqui http://aeiou.expresso.pt/abrir-espaco-para-o-comercio-justo=f634846

COMÉRCIO JUSTO E SOBERANIA ALIMENTAR

Modelos desajustados de comércio estão directamente relacionados com o agravamento do número de pessoas a passar fome extrema no mundo. Uma entrevista feita em 2009 ao relator das Nações Unidas para o direito à alimentação ajuda a entender melhor as razões da crise alimentar que tem lançado mais uns milhões de pessoas para baixo do limiar da pobreza.

Mais do que à Segurança Alimentar, que indica apenas que as pessoas têm acesso a bens alimentares, um direito mais imediato e importante, mas que se podem manter as políticas que continuam a contribuir para que haja insegurança alimentar, o CIDAC associa o Comércio Justo à Soberania Alimentar. A Soberania Alimentar indica que há escolhas sobre toda a cadeia, a que os povos e as comunidades têm direito (produção, transformação, comercialização, distribuição), garantindo padrões de justiça social, direito ao trabalho, qualidade dos alimentos e qualidade ambiental.

O link para o artigo de Esther Vivas sobre a Soberania Alimentar (em brasileiro) aborda esta temática:

http://www.cidac.pt/ArtigoEstherVivas_CJ_SoberaniaAlimentar.pdf¹ Organização Não Governamental para o Desenvolvimento portuguesa que conta com 37 anos de história, e que tem como eixos centrais da sua intervenção a Cooperação para o Desenvolvimento e a Educação para o Desenvolvimento, numa visão integrada das implicações e das sinergias mútuas que devem ser incentivadas. Comércio e Desenvolvimento é uma das temáticas chave trabalhadas pelo CIDAC. Para mais informações www.cidac.pt.

QUE DESENVOLVIMENTO?

Para uma ideia mais abrangente do que é o modelo de desenvolvimento considerado pelo CIDAC, �ca o desa�o a ver o �lme "A história das coisas" (http://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k).

A FEC agradece a colaboração do CIDAC na preparação da Acção – Conhecer melhor o Comércio Justo.

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ACÇÃO

CONHECER MELHOR O COMÉRCIO JUSTO COM A AJUDA DO CIDAC1

O comércio, numa perspectiva ampla, abrange todas as etapas que vão desde a produção até ao consumo, seja de bens ou de serviços. Os �uxos comerciais – locais, regionais e internacionais – fazem parte do quotidiano de todas as populações, instituições e países, quer enquanto produtores, distribuidores, comerciantes, consumidores ou decisores das políticas que sustentam estas actividades. Baseado na competição e na estrita procura de lucros, o comércio tal como praticado hoje exclui a maior parte das populações da redistribuição da riqueza, gerando pobreza para as pessoas e Estados mais frágeis. As políticas de liberalização promovidas pelas instituições �nanceiras internacionais, pela OMC ou pela UE têm em parte contribuído para acentuar estes desequilíbrios.

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

13 de Março | I Domingo da Quaresma

POR UM DESENVOLVIMENTO MAIS JUSTO

Na visão do CIDAC, há que inverter esta tendência. É necessário promover um comércio pautado por princípios de justiça, equidade e solidariedade, o que implica antes de mais assegurar que cada pessoa tenha um trabalho digno, com condições e remunerações dignas; responder em primeiro lugar às necessidades básicas das populações e assegurar a sua autonomia e independência; assim como reconhecer e valorizar as identidades e os recursos locais e respeitar o meio ambiente. Ou seja, um comércio ao serviço das pessoas, orientado para o desenvolvimento social e económico das comunidades locais e do mundo como um todo. Nesta perspectiva, Comércio e Desenvolvimento é uma temática sem fronteiras, aplicável quer no Sul, quer no Norte geopolítico do mundo.

Em Portugal, o CIDAC, a Cooperativa Mó de Vida e a empresa "Ecos do Sul" aderiram ao Manifesto por um Comércio Justo da rede ibérica "Espaço por um Comércio Justo", que pode conhecer aqui http://www.cidac.pt/mani�esto_ECJ_portugues.pdf e também através da entrevista a 2 membros do CIDAC http://www.dailymotion.com/video/xhcnh0_cidac-lisboa_news.

“Abrir espaço para o comércio justo” é o título do artigo no Expresso online de 28 de Fevereiro de 2011, que pode consultar aqui http://aeiou.expresso.pt/abrir-espaco-para-o-comercio-justo=f634846

COMÉRCIO JUSTO E SOBERANIA ALIMENTAR

Modelos desajustados de comércio estão directamente relacionados com o agravamento do número de pessoas a passar fome extrema no mundo. Uma entrevista feita em 2009 ao relator das Nações Unidas para o direito à alimentação ajuda a entender melhor as razões da crise alimentar que tem lançado mais uns milhões de pessoas para baixo do limiar da pobreza.

Mais do que à Segurança Alimentar, que indica apenas que as pessoas têm acesso a bens alimentares, um direito mais imediato e importante, mas que se podem manter as políticas que continuam a contribuir para que haja insegurança alimentar, o CIDAC associa o Comércio Justo à Soberania Alimentar. A Soberania Alimentar indica que há escolhas sobre toda a cadeia, a que os povos e as comunidades têm direito (produção, transformação, comercialização, distribuição), garantindo padrões de justiça social, direito ao trabalho, qualidade dos alimentos e qualidade ambiental.

O link para o artigo de Esther Vivas sobre a Soberania Alimentar (em brasileiro) aborda esta temática:

http://www.cidac.pt/ArtigoEstherVivas_CJ_SoberaniaAlimentar.pdf

QUE DESENVOLVIMENTO?

Para uma ideia mais abrangente do que é o modelo de desenvolvimento considerado pelo CIDAC, �ca o desa�o a ver o �lme "A história das coisas" (http://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k).

A FEC agradece a colaboração do CIDAC na preparação da Acção – Conhecer melhor o Comércio Justo.

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CONHECER MELHOR O COMÉRCIO JUSTO COM A AJUDA DO CIDAC1

O comércio, numa perspectiva ampla, abrange todas as etapas que vão desde a produção até ao consumo, seja de bens ou de serviços. Os �uxos comerciais – locais, regionais e internacionais – fazem parte do quotidiano de todas as populações, instituições e países, quer enquanto produtores, distribuidores, comerciantes, consumidores ou decisores das políticas que sustentam estas actividades. Baseado na competição e na estrita procura de lucros, o comércio tal como praticado hoje exclui a maior parte das populações da redistribuição da riqueza, gerando pobreza para as pessoas e Estados mais frágeis. As políticas de liberalização promovidas pelas instituições �nanceiras internacionais, pela OMC ou pela UE têm em parte contribuído para acentuar estes desequilíbrios.

Na visão do CIDAC, há que inverter esta tendência. É necessário promover um comércio pautado por princípios de justiça, equidade e solidariedade, o que implica antes de mais assegurar que cada pessoa tenha um trabalho digno, com condições e remunerações dignas; responder em primeiro lugar às necessidades básicas das populações e assegurar a sua autonomia e independência; assim como reconhecer e valorizar as identidades e os recursos locais e respeitar o meio ambiente. Ou seja, um comércio ao serviço das pessoas, orientado para o desenvolvimento social e económico das comunidades locais e do mundo como um todo. Nesta perspectiva, Comércio e Desenvolvimento é uma temática sem fronteiras, aplicável quer no Sul, quer no Norte geopolítico do mundo.

Em Portugal, o CIDAC, a Cooperativa Mó de Vida e a empresa "Ecos do Sul" aderiram ao Manifesto por um Comércio Justo da rede ibérica "Espaço por um Comércio Justo", que pode conhecer aqui http://www.cidac.pt/mani�esto_ECJ_portugues.pdf e também através da entrevista a 2 membros do CIDAC http://www.dailymotion.com/video/xhcnh0_cidac-lisboa_news.

“Abrir espaço para o comércio justo” é o título do artigo no Expresso online de 28 de Fevereiro de 2011, que pode consultar aqui http://aeiou.expresso.pt/abrir-espaco-para-o-comercio-justo=f634846

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

13 de Março | I Domingo da Quaresma

POR UM DESENVOLVIMENTO MAIS JUSTO

COMÉRCIO JUSTO E SOBERANIA ALIMENTAR

Modelos desajustados de comércio estão directamente relacionados com o agravamento do número de pessoas a passar fome extrema no mundo. Uma entrevista feita em 2009 ao relator das Nações Unidas para o direito à alimentação ajuda a entender melhor as razões da crise alimentar que tem lançado mais uns milhões de pessoas para baixo do limiar da pobreza.

Mais do que à Segurança Alimentar, que indica apenas que as pessoas têm acesso a bens alimentares, um direito mais imediato e importante, mas que se podem manter as políticas que continuam a contribuir para que haja insegurança alimentar, o CIDAC associa o Comércio Justo à Soberania Alimentar. A Soberania Alimentar indica que há escolhas sobre toda a cadeia, a que os povos e as comunidades têm direito (produção, transformação, comercialização, distribuição), garantindo padrões de justiça social, direito ao trabalho, qualidade dos alimentos e qualidade ambiental.

O link para o artigo de Esther Vivas sobre a Soberania Alimentar (em brasileiro) aborda esta temática:

http://www.cidac.pt/ArtigoEstherVivas_CJ_SoberaniaAlimentar.pdf

QUE DESENVOLVIMENTO?

Para uma ideia mais abrangente do que é o modelo de desenvolvimento considerado pelo CIDAC, �ca o desa�o a ver o �lme "A história das coisas" (http://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k).

A FEC agradece a colaboração do CIDAC na preparação da Acção – Conhecer melhor o Comércio Justo.

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CONHECER MELHOR O COMÉRCIO JUSTO COM A AJUDA DO CIDAC1

O comércio, numa perspectiva ampla, abrange todas as etapas que vão desde a produção até ao consumo, seja de bens ou de serviços. Os �uxos comerciais – locais, regionais e internacionais – fazem parte do quotidiano de todas as populações, instituições e países, quer enquanto produtores, distribuidores, comerciantes, consumidores ou decisores das políticas que sustentam estas actividades. Baseado na competição e na estrita procura de lucros, o comércio tal como praticado hoje exclui a maior parte das populações da redistribuição da riqueza, gerando pobreza para as pessoas e Estados mais frágeis. As políticas de liberalização promovidas pelas instituições �nanceiras internacionais, pela OMC ou pela UE têm em parte contribuído para acentuar estes desequilíbrios.

Na visão do CIDAC, há que inverter esta tendência. É necessário promover um comércio pautado por princípios de justiça, equidade e solidariedade, o que implica antes de mais assegurar que cada pessoa tenha um trabalho digno, com condições e remunerações dignas; responder em primeiro lugar às necessidades básicas das populações e assegurar a sua autonomia e independência; assim como reconhecer e valorizar as identidades e os recursos locais e respeitar o meio ambiente. Ou seja, um comércio ao serviço das pessoas, orientado para o desenvolvimento social e económico das comunidades locais e do mundo como um todo. Nesta perspectiva, Comércio e Desenvolvimento é uma temática sem fronteiras, aplicável quer no Sul, quer no Norte geopolítico do mundo.

Em Portugal, o CIDAC, a Cooperativa Mó de Vida e a empresa "Ecos do Sul" aderiram ao Manifesto por um Comércio Justo da rede ibérica "Espaço por um Comércio Justo", que pode conhecer aqui http://www.cidac.pt/mani�esto_ECJ_portugues.pdf e também através da entrevista a 2 membros do CIDAC http://www.dailymotion.com/video/xhcnh0_cidac-lisboa_news.

“Abrir espaço para o comércio justo” é o título do artigo no Expresso online de 28 de Fevereiro de 2011, que pode consultar aqui http://aeiou.expresso.pt/abrir-espaco-para-o-comercio-justo=f634846

COMÉRCIO JUSTO E SOBERANIA ALIMENTAR

Modelos desajustados de comércio estão directamente relacionados com o agravamento do número de pessoas a passar fome extrema no mundo. Uma entrevista feita em 2009 ao relator das Nações Unidas para o direito à alimentação ajuda a entender melhor as razões da crise alimentar que tem lançado mais uns milhões de pessoas para baixo do limiar da pobreza.

Mais do que à Segurança Alimentar, que indica apenas que as pessoas têm acesso a bens alimentares, um direito mais imediato e importante, mas que se podem manter as políticas que continuam a contribuir para que haja insegurança alimentar, o CIDAC associa o Comércio Justo à Soberania Alimentar. A Soberania Alimentar indica que há escolhas sobre toda a cadeia, a que os povos e as comunidades têm direito (produção, transformação, comercialização, distribuição), garantindo padrões de justiça social, direito ao trabalho, qualidade dos alimentos e qualidade ambiental.

O link para o artigo de Esther Vivas sobre a Soberania Alimentar (em brasileiro) aborda esta temática:

http://www.cidac.pt/ArtigoEstherVivas_CJ_SoberaniaAlimentar.pdf

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

13 de Março | I Domingo da Quaresma

POR UM DESENVOLVIMENTO MAIS JUSTO

QUE DESENVOLVIMENTO?

Para uma ideia mais abrangente do que é o modelo de desenvolvimento considerado pelo CIDAC, �ca o desa�o a ver o �lme "A história das coisas" (http://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k).

A FEC agradece a colaboração do CIDAC na preparação da Acção – Conhecer melhor o Comércio Justo.

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GRATUIDADE20 de Março | II Domingo da Quaresma

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8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

20 de Março | II Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO COMO UM DOM

REFLEXÃO

Com a leitura da Trans�guração de Jesus, somos convidados a distanciarmo-nos do nosso quotidiano, a subir o Monte, como Jesus e os discípulos, e a imergirmo-nos na presença de Deus, caindo na conta do nosso princípio, fundamento e �nalidade (do nosso desenvolvimento) radicalmente dependentes d’Ele.

Somos convidados a contemplar a Criação de que somos parte integrante, a ver como tudo é bom (Gn1), e a partir desta correção, conversão de olhar, colaborar com o Criador na construção de um Mundo bom.

O Homem não tem a chave da sua vida e do seu desenvolvimento. Apesar de vivermos como se fossemos donos e senhores da nossa existência, todos vamos, de uma forma ou de outra, percebendo como a vida nos escapa. Recebemos o dom da vida e a consciência desse dom, que nos é dado de graça e que não começa em nós, deve-nos levar a viver de uma forma profundamente gratuita e aberta a uma dimensão maior que tudo o que possamos fazer/prever/ controlar: na relação com os outros, nas relações comerciais, na relação com a natureza, na relação comigo próprio.

O Desenvolvimento não começa no Homem nem acaba no Homem, é maior do que o Homem, mas precisa do Homem para se revelar. Ao mesmo tempo que o Desenvolvimento deve ser centrado na Pessoa, a Pessoa não encerra a chave do Desenvolvimento. Somos chamados a administrar e não a possuir a vida e oportunidades que nos são dadas. Se as recebemos, devemos partilhá-las com todos aqueles que, perto ou longe, não têm essas mesmas oportunidades. Numa partilha que, mais do que material, deve ser de coração, de abertura, de atenção.

Reparar as brechas no desenvolvimento exige uma consciencialização profunda da nossa realidade de criaturas, actuantes e colaborantes num mundo do qual somos parte integrante e no qual devemos co-existir ocupando o lugar que nos é devido, para que todos tenham um lugar.

Garantir a sustentabilidade do ambiente (da Criação), esta é a meta expressa no ODM7. O modo como o homem trata o ambiente in�ui sobre o modo como se trata a si mesmo, e vice-versa. Isto chama a sociedade actual a uma séria revisão do seu estilo de vida que, em muitas partes do mundo, pende para o hedonismo e o consumismo, sem olhar aos danos que daí derivam. É necessária uma real mudança de mentalidade que nos induza a adoptar novos estilos de vida, “nos quais a busca do verdadeiro, do belo e do bom e a comunhão com os outros homens para um crescimento comum sejam os elementos que determinam as opções dos consumos, das poupanças e dos investimentos”. (CV, 51)

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Page 21: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

REFLEXÃO

Com a leitura da Trans�guração de Jesus, somos convidados a distanciarmo-nos do nosso quotidiano, a subir o Monte, como Jesus e os discípulos, e a imergirmo-nos na presença de Deus, caindo na conta do nosso princípio, fundamento e �nalidade (do nosso desenvolvimento) radicalmente dependentes d’Ele.

Somos convidados a contemplar a Criação de que somos parte integrante, a ver como tudo é bom (Gn1), e a partir desta correção, conversão de olhar, colaborar com o Criador na construção de um Mundo bom.

O Homem não tem a chave da sua vida e do seu desenvolvimento. Apesar de vivermos como se fossemos donos e senhores da nossa existência, todos vamos, de uma forma ou de outra, percebendo como a vida nos escapa. Recebemos o dom da vida e a consciência desse dom, que nos é dado de graça e que não começa em nós, deve-nos levar a viver de uma forma profundamente gratuita e aberta a uma dimensão maior que tudo o que possamos fazer/prever/ controlar: na relação com os outros, nas relações comerciais, na relação com a natureza, na relação comigo próprio.

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

O Desenvolvimento não começa no Homem nem acaba no Homem, é maior do que o Homem, mas precisa do Homem para se revelar. Ao mesmo tempo que o Desenvolvimento deve ser centrado na Pessoa, a Pessoa não encerra a chave do Desenvolvimento. Somos chamados a administrar e não a possuir a vida e oportunidades que nos são dadas. Se as recebemos, devemos partilhá-las com todos aqueles que, perto ou longe, não têm essas mesmas oportunidades. Numa partilha que, mais do que material, deve ser de coração, de abertura, de atenção.

Reparar as brechas no desenvolvimento exige uma consciencialização profunda da nossa realidade de criaturas, actuantes e colaborantes num mundo do qual somos parte integrante e no qual devemos co-existir ocupando o lugar que nos é devido, para que todos tenham um lugar.

Garantir a sustentabilidade do ambiente (da Criação), esta é a meta expressa no ODM7. O modo como o homem trata o ambiente in�ui sobre o modo como se trata a si mesmo, e vice-versa. Isto chama a sociedade actual a uma séria revisão do seu estilo de vida que, em muitas partes do mundo, pende para o hedonismo e o consumismo, sem olhar aos danos que daí derivam. É necessária uma real mudança de mentalidade que nos induza a adoptar novos estilos de vida, “nos quais a busca do verdadeiro, do belo e do bom e a comunhão com os outros homens para um crescimento comum sejam os elementos que determinam as opções dos consumos, das poupanças e dos investimentos”. (CV, 51)

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20 de Março | II Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO COMO UM DOM

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8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

REFERÊNCIAS

Leituras próprias do dia: Gen 12,1-4a; Slm 32,4-5.18-19.20.22;2 Tim 1, 8b-10; Mt 17, 1-9

Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma 2011 (http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=84410)

Encíclica “Caridade na Verdade” (http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_200906

29_caritas-in-veritate_po.html)

“O humanismo subjacente à “Caritas in Veritate”, Cardeal Peter Turkson, Conferência proferida na XXVI Semana da Pastoral Social, Setembro 2010

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio – ODM 7 (Garantir a Sustentabilidade Ambiental) (http://www.objectivo2015.org/ambiente/index.shtml)

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20 de Março | II Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO COMO UM DOM

Page 23: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

ACÇÃO

Não vos canseis de fazer o bem2

Depois de terem vivido a experiência da trans�guração de Jesus, os discípulos não desejavam outra coisa senão �car ali, naquele monte, a saborear a nova realidade que lhes fora dada a conhecer.

Pedro chega mesmo a propor que se construam três tendas…

Mas Jesus aponta-lhes outro caminho: o de voltarem à realidade do seu quotidiano, para aí prosseguirem a sua missão de anunciar e construir o reino de Deus.

Nestes nossos tempos de forte turbulência �nanceira, económica, social e moral, poderemos ter a tentação de nos refugiarmos nos nossos próprios problemas e pôr toda a nossa energia na defesa nos nossos interesses egoístas. Mas é precisamente nestas circunstâncias que mais nos devemos empenhar em prestar maior atenção às necessidades dos nossos irmãos e irmãs mais carenciados e mobilizar os nossos recursos pessoais (conhecimentos, dinheiro, talentos) para fazer edi�car um mundo mais desenvolvido, fraterno e solidário.

Que podemos fazer?

Três sugestões:

• Organizar a nível da paróquia, da aldeia ou do bairro um posto de acolhimento e informação aberto a quem enfrenta di�culdades de sobrevivência, de trabalho, de saúde ou outras.

• Contribuir criativamente para o desenvolvimento local, inventariando necessidades e mobilizando recursos potenciais com vista à criação de novas actividades produtivas e de novos serviços de proximidade.

• Tomar conhecimento de alguma iniciativa de economia social e oferecer o seu contributo para a melhoria de funcionamento da mesma.

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20 de Março | II Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO COMO UM DOM

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ACÇÃO

Não vos canseis de fazer o bem2

Depois de terem vivido a experiência da trans�guração de Jesus, os discípulos não desejavam outra coisa senão �car ali, naquele monte, a saborear a nova realidade que lhes fora dada a conhecer.

Pedro chega mesmo a propor que se construam três tendas…

Mas Jesus aponta-lhes outro caminho: o de voltarem à realidade do seu quotidiano, para aí prosseguirem a sua missão de anunciar e construir o reino de Deus.

Nestes nossos tempos de forte turbulência �nanceira, económica, social e moral, poderemos ter a tentação de nos refugiarmos nos nossos próprios problemas e pôr toda a nossa energia na defesa nos nossos interesses egoístas. Mas é precisamente nestas circunstâncias que mais nos devemos empenhar em prestar maior atenção às necessidades dos nossos irmãos e irmãs mais carenciados e mobilizar os nossos recursos pessoais (conhecimentos, dinheiro, talentos) para fazer edi�car um mundo mais desenvolvido, fraterno e solidário.

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

Que podemos fazer?

Três sugestões:

• Organizar a nível da paróquia, da aldeia ou do bairro um posto de acolhimento e informação aberto a quem enfrenta di�culdades de sobrevivência, de trabalho, de saúde ou outras.

• Contribuir criativamente para o desenvolvimento local, inventariando necessidades e mobilizando recursos potenciais com vista à criação de novas actividades produtivas e de novos serviços de proximidade.

• Tomar conhecimento de alguma iniciativa de economia social e oferecer o seu contributo para a melhoria de funcionamento da mesma.

²Texto proposto pela Prof. Manuela Silva, Presidente da Fundação Betânia. A Fundação Betânia (www.fundacao-betania.org) tem como objectivos:

• Suscitar a procura de novos alicerces culturais e espirituais, que conduzam à realização harmoniosa do ser humano, na sua globalidade, e abram caminho a modos de vida e a relações sociais orientadas segundo o primado do amor.

• Criar espaços de beleza, de interioridade e de comunhão, que incentivem o encontro mais fundo de cada pessoa consigo própria, com os outros, com a natureza e com o Absoluto.

• Catalisar formas de vivenciar e testemunhar estilos de vida fraterna, inspirados pela primazia do Ser, a simplicidade, a gratuidade, a disponibilidade e uma atitude contemplativa activa na fidelidade ao Amor.

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20 de Março | II Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO COMO UM DOM

Page 25: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

UNIVERSALIDADE27 de Março | II Domingo da Quaresma

Page 26: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

27 de Março | III Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL

REFLEXÃO E ACÇÃO

Neste domingo, o encontro de Jesus com a Samaritana vem rasgar todas as barreiras que se levantam ao desenvolvimento, no tempo de Jesus e ainda no nosso tempo. O desenvolvimento humano deve ser integral, isto é, de toda a pessoa (em todas as suas dimensões) e de todas as pessoas (independentemente do sexo, origem, cor, condição social, cultura, crença ou religião).

Para além de falar abertamente com uma mulher (de condição inferior ao homem), fala com uma mulher estrangeira e “inimiga” da sua raça. Este encontro fala-nos do valor da pessoa, do seu direito ao desenvolvimento, seja qual for a sua situação. Dá-me de beber, dá-me de comer, tenho sede de uma vida plena… são os apelos da Humanidade, expressos neste diálogo que nos pode transportar para um Caminho de Desenvolvimento na caridade. Uma Via Sacra que torna realidade os Direitos Humanos para todas as pessoas, ao mesmo tempo que as responsabiliza nos Deveres para com os irmãos.

Neste domingo, a FEC conta com a re�exão de Frei Michael Daniels, consultor da ONU e membro da Comissão Justiça e Paz da Guiné-Bissau. Um olhar desde África nesta Quaresma.

Com a colaboração de várias organizações, lança-se também o desa�o de fazer uma Via Sacra diferente, percorrendo o Caminho de Jesus pela Humanidade, trazendo ao coração diversas pessoas, comunidades, acompanhadas em diversos programas de desenvolvimento.

A SAMARITANA DE TODOS OS TEMPOSFrei Michael Daniels

Por uma quaresma de libertação, como Jesus fez com a mulher samaritana. Precisamos de nos reapropriar da sacralidade da nossa existência. A verdadeira Via Sacra é o percurso que Jesus percorre no coração daquela mulher. Troço existencial percorrido à luz d’ Aquele que é a Luz por excelência e trans�gura a vida de quem O encontrar em profundidade. É-nos espontâneo pensar que a terra que Jesus pisou nas últimas horas da Sua vida tenha o sabor dum caminho sagrado, mas a verdade é que Deus estava a percorrer as dores que a�igem a nossa humanidade.

Podemos pensar no Objectivo de Desenvolvimento do Milénio 3, igualdade de género. Porque é umas das dores que atravessam ainda o nosso tempo, dor que deveria ser erradicada. Mais que uma dor, impomos uma cruz às mulheres quando as olhamos somente como um corpo além do dom essencial que ela representa. O Mistério de Deus revela-se, distinta e complementarmente, em traços femininos e

masculinos, ambos Sua imagem e semelhança. Jesus é a nascente que

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jorrou sobre a Samaritana, por isso não a vê como e com os nossos olhos. É necessário recuperar o olhar de Deus sobre o género feminino, numa história da humanidade escrita quase sempre e só no masculino. É necessária uma libertação dum excesso de masculinidade egoística para nos aproximarmos à “metade” divina encerrada no feminino, uma terra que deveria ser sacra para todos os homens.

Cruz inaceitável é o preconceito a que, a priori, as mulheres se sujeitam. As muitas humilhações parcialmente reveladas por uma cultura de piadas “masculinas”, cheias de vulgaridades, a elas dirigidas. Humilhações que neste lado do mundo são ainda mais manifestas: renunciar à escola para servir os “homens” da casa, casamentos forçados ainda adolescentes, “corpos” para os “porcos” do nosso tempo, na nascente prostituição na adolescência. Infância roubada, feminilidade subtraída ao seu verdadeiro sentido. Cruzes impostas pelas próprias mulheres sobre as suas costas, quando menosprezam a própria dignidade e unicidade, querendo assumir o papel de sexo débil que não está inscrito na genética com que Deus a criou.

Mulher! Lembra-te que te ama mais, quem, antes do teu corpo, sabe amar a tua alma. Aí está inscrita a outra parte da minha verdade que me atrai... Faz-nos falta a virgindade da alma para recuperar a do corpo. Eis que Jesus te reconduz à sacralidade da tua vida e assim fazendo, faz-nos a todos re�ectir sobre a sacralidade de todas as vidas.

Este é o tirar a sede da alma que o Senhor opera na samaritana. O «Dá-me de beber» de Jesus na verdade é o «pão nosso de cada dia nos dai hoje» que nós pedimos, para não sucumbir. É água viva de que precisamos para um olhar trans�gurado sobre tudo e todos. Dai-nos Senhor olhos contemplativos para amar como devemos, para entusiasmar de nova luz a mulher com quem casei, as minhas �lhas, a minha mãe, a estrangeira, a pobre e a rica, a suja e a limpa, para amar tanto a portuguesa como a africana, a adversária que não é inimiga, a concorrente sem culpa, a feia como a bela, a mulher livre que teve tantos homens como a prostituta.

A Via Sacra é um percurso de amor, é o passear de Deus no mais íntimo do nosso ser, psicologia e corpo, para lhe restituir a sua beleza originária perdida e deturpada pelo pecado.

Se queremos uma Quaresma signi�cativa e marcante temos que entrar na �la dos que procuram a nascente da água viva e querem entrar num diálogo perturbador com Deus.

Senhor, passeia e aproxima-te das torneiras das minhas águas sujas. Ajuda-nos a estar aos pés da Cruz, mas com a dignidade e a beleza de Maria, a mulher que sempre bebeu do teu lado, antes de Tu derramares sangue e água, e guardava estas coisas no seu coração de verdadeira mãe, esposa e virgem. Verdadeira mulher.

SUGESTÕES:

Visita a prostitutas com um olhar diferente e ver como somos capazes de passar o tempo com elas, nas ruas onde trabalham. Podemos fazer o exercício de identi�car quais delas são baptizadas... e, se calhar, chegar a rezar com elas. Somos capazes de ver além do que é evidente e “saber” delas. Que signi�ca amá-las?

Música: Stabat Mater de G.B. Pergolesi

Dança: dançar o Magni�cat, que é dançar o contentamento de Maria por ter sido visitada por Deus que a encontrou no profundo do seu ser de mulher. A água viva (Espírito Santo) da samaritana é o mesmo Espírito que em Maria opera e actua para que ela continue a ser modelo de feminilidade, redimida e plenamente elevada à sua máxima dignidade: imaculada, casta, esposa, mãe, jovem...

REZAR UMA VIA SACRA DIFERENTE (clique aqui para fazer download da Via-Sacra proposta pela FEC)

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REFLEXÃO E ACÇÃO

Neste domingo, o encontro de Jesus com a Samaritana vem rasgar todas as barreiras que se levantam ao desenvolvimento, no tempo de Jesus e ainda no nosso tempo. O desenvolvimento humano deve ser integral, isto é, de toda a pessoa (em todas as suas dimensões) e de todas as pessoas (independentemente do sexo, origem, cor, condição social, cultura, crença ou religião).

Para além de falar abertamente com uma mulher (de condição inferior ao homem), fala com uma mulher estrangeira e “inimiga” da sua raça. Este encontro fala-nos do valor da pessoa, do seu direito ao desenvolvimento, seja qual for a sua situação. Dá-me de beber, dá-me de comer, tenho sede de uma vida plena… são os apelos da Humanidade, expressos neste diálogo que nos pode transportar para um Caminho de Desenvolvimento na caridade. Uma Via Sacra que torna realidade os Direitos Humanos para todas as pessoas, ao mesmo tempo que as responsabiliza nos Deveres para com os irmãos.

Neste domingo, a FEC conta com a re�exão de Frei Michael Daniels, consultor da ONU e membro da Comissão Justiça e Paz da Guiné-Bissau. Um olhar desde África nesta Quaresma.

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

Com a colaboração de várias organizações, lança-se também o desa�o de fazer uma Via Sacra diferente, percorrendo o Caminho de Jesus pela Humanidade, trazendo ao coração diversas pessoas, comunidades, acompanhadas em diversos programas de desenvolvimento.

A SAMARITANA DE TODOS OS TEMPOSFrei Michael Daniels

Por uma quaresma de libertação, como Jesus fez com a mulher samaritana. Precisamos de nos reapropriar da sacralidade da nossa existência. A verdadeira Via Sacra é o percurso que Jesus percorre no coração daquela mulher. Troço existencial percorrido à luz d’ Aquele que é a Luz por excelência e trans�gura a vida de quem O encontrar em profundidade. É-nos espontâneo pensar que a terra que Jesus pisou nas últimas horas da Sua vida tenha o sabor dum caminho sagrado, mas a verdade é que Deus estava a percorrer as dores que a�igem a nossa humanidade.

Podemos pensar no Objectivo de Desenvolvimento do Milénio 3, igualdade de género. Porque é umas das dores que atravessam ainda o nosso tempo, dor que deveria ser erradicada. Mais que uma dor, impomos uma cruz às mulheres quando as olhamos somente como um corpo além do dom essencial que ela representa. O Mistério de Deus revela-se, distinta e complementarmente, em traços femininos e

masculinos, ambos Sua imagem e semelhança. Jesus é a nascente que

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27 de Março | III Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL

jorrou sobre a Samaritana, por isso não a vê como e com os nossos olhos. É necessário recuperar o olhar de Deus sobre o género feminino, numa história da humanidade escrita quase sempre e só no masculino. É necessária uma libertação dum excesso de masculinidade egoística para nos aproximarmos à “metade” divina encerrada no feminino, uma terra que deveria ser sacra para todos os homens.

Cruz inaceitável é o preconceito a que, a priori, as mulheres se sujeitam. As muitas humilhações parcialmente reveladas por uma cultura de piadas “masculinas”, cheias de vulgaridades, a elas dirigidas. Humilhações que neste lado do mundo são ainda mais manifestas: renunciar à escola para servir os “homens” da casa, casamentos forçados ainda adolescentes, “corpos” para os “porcos” do nosso tempo, na nascente prostituição na adolescência. Infância roubada, feminilidade subtraída ao seu verdadeiro sentido. Cruzes impostas pelas próprias mulheres sobre as suas costas, quando menosprezam a própria dignidade e unicidade, querendo assumir o papel de sexo débil que não está inscrito na genética com que Deus a criou.

Mulher! Lembra-te que te ama mais, quem, antes do teu corpo, sabe amar a tua alma. Aí está inscrita a outra parte da minha verdade que me atrai... Faz-nos falta a virgindade da alma para recuperar a do corpo. Eis que Jesus te reconduz à sacralidade da tua vida e assim fazendo, faz-nos a todos re�ectir sobre a sacralidade de todas as vidas.

Este é o tirar a sede da alma que o Senhor opera na samaritana. O «Dá-me de beber» de Jesus na verdade é o «pão nosso de cada dia nos dai hoje» que nós pedimos, para não sucumbir. É água viva de que precisamos para um olhar trans�gurado sobre tudo e todos. Dai-nos Senhor olhos contemplativos para amar como devemos, para entusiasmar de nova luz a mulher com quem casei, as minhas �lhas, a minha mãe, a estrangeira, a pobre e a rica, a suja e a limpa, para amar tanto a portuguesa como a africana, a adversária que não é inimiga, a concorrente sem culpa, a feia como a bela, a mulher livre que teve tantos homens como a prostituta.

A Via Sacra é um percurso de amor, é o passear de Deus no mais íntimo do nosso ser, psicologia e corpo, para lhe restituir a sua beleza originária perdida e deturpada pelo pecado.

Se queremos uma Quaresma signi�cativa e marcante temos que entrar na �la dos que procuram a nascente da água viva e querem entrar num diálogo perturbador com Deus.

Senhor, passeia e aproxima-te das torneiras das minhas águas sujas. Ajuda-nos a estar aos pés da Cruz, mas com a dignidade e a beleza de Maria, a mulher que sempre bebeu do teu lado, antes de Tu derramares sangue e água, e guardava estas coisas no seu coração de verdadeira mãe, esposa e virgem. Verdadeira mulher.

SUGESTÕES:

Visita a prostitutas com um olhar diferente e ver como somos capazes de passar o tempo com elas, nas ruas onde trabalham. Podemos fazer o exercício de identi�car quais delas são baptizadas... e, se calhar, chegar a rezar com elas. Somos capazes de ver além do que é evidente e “saber” delas. Que signi�ca amá-las?

Música: Stabat Mater de G.B. Pergolesi

Dança: dançar o Magni�cat, que é dançar o contentamento de Maria por ter sido visitada por Deus que a encontrou no profundo do seu ser de mulher. A água viva (Espírito Santo) da samaritana é o mesmo Espírito que em Maria opera e actua para que ela continue a ser modelo de feminilidade, redimida e plenamente elevada à sua máxima dignidade: imaculada, casta, esposa, mãe, jovem...

REZAR UMA VIA SACRA DIFERENTE (clique aqui para fazer download da Via-Sacra proposta pela FEC)

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REFLEXÃO E ACÇÃO

Neste domingo, o encontro de Jesus com a Samaritana vem rasgar todas as barreiras que se levantam ao desenvolvimento, no tempo de Jesus e ainda no nosso tempo. O desenvolvimento humano deve ser integral, isto é, de toda a pessoa (em todas as suas dimensões) e de todas as pessoas (independentemente do sexo, origem, cor, condição social, cultura, crença ou religião).

Para além de falar abertamente com uma mulher (de condição inferior ao homem), fala com uma mulher estrangeira e “inimiga” da sua raça. Este encontro fala-nos do valor da pessoa, do seu direito ao desenvolvimento, seja qual for a sua situação. Dá-me de beber, dá-me de comer, tenho sede de uma vida plena… são os apelos da Humanidade, expressos neste diálogo que nos pode transportar para um Caminho de Desenvolvimento na caridade. Uma Via Sacra que torna realidade os Direitos Humanos para todas as pessoas, ao mesmo tempo que as responsabiliza nos Deveres para com os irmãos.

Neste domingo, a FEC conta com a re�exão de Frei Michael Daniels, consultor da ONU e membro da Comissão Justiça e Paz da Guiné-Bissau. Um olhar desde África nesta Quaresma.

Com a colaboração de várias organizações, lança-se também o desa�o de fazer uma Via Sacra diferente, percorrendo o Caminho de Jesus pela Humanidade, trazendo ao coração diversas pessoas, comunidades, acompanhadas em diversos programas de desenvolvimento.

A SAMARITANA DE TODOS OS TEMPOSFrei Michael Daniels

Por uma quaresma de libertação, como Jesus fez com a mulher samaritana. Precisamos de nos reapropriar da sacralidade da nossa existência. A verdadeira Via Sacra é o percurso que Jesus percorre no coração daquela mulher. Troço existencial percorrido à luz d’ Aquele que é a Luz por excelência e trans�gura a vida de quem O encontrar em profundidade. É-nos espontâneo pensar que a terra que Jesus pisou nas últimas horas da Sua vida tenha o sabor dum caminho sagrado, mas a verdade é que Deus estava a percorrer as dores que a�igem a nossa humanidade.

Podemos pensar no Objectivo de Desenvolvimento do Milénio 3, igualdade de género. Porque é umas das dores que atravessam ainda o nosso tempo, dor que deveria ser erradicada. Mais que uma dor, impomos uma cruz às mulheres quando as olhamos somente como um corpo além do dom essencial que ela representa. O Mistério de Deus revela-se, distinta e complementarmente, em traços femininos e

masculinos, ambos Sua imagem e semelhança. Jesus é a nascente que

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 27

27 de Março | III Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL

jorrou sobre a Samaritana, por isso não a vê como e com os nossos olhos. É necessário recuperar o olhar de Deus sobre o género feminino, numa história da humanidade escrita quase sempre e só no masculino. É necessária uma libertação dum excesso de masculinidade egoística para nos aproximarmos à “metade” divina encerrada no feminino, uma terra que deveria ser sacra para todos os homens.

Cruz inaceitável é o preconceito a que, a priori, as mulheres se sujeitam. As muitas humilhações parcialmente reveladas por uma cultura de piadas “masculinas”, cheias de vulgaridades, a elas dirigidas. Humilhações que neste lado do mundo são ainda mais manifestas: renunciar à escola para servir os “homens” da casa, casamentos forçados ainda adolescentes, “corpos” para os “porcos” do nosso tempo, na nascente prostituição na adolescência. Infância roubada, feminilidade subtraída ao seu verdadeiro sentido. Cruzes impostas pelas próprias mulheres sobre as suas costas, quando menosprezam a própria dignidade e unicidade, querendo assumir o papel de sexo débil que não está inscrito na genética com que Deus a criou.

Mulher! Lembra-te que te ama mais, quem, antes do teu corpo, sabe amar a tua alma. Aí está inscrita a outra parte da minha verdade que me atrai... Faz-nos falta a virgindade da alma para recuperar a do corpo. Eis que Jesus te reconduz à sacralidade da tua vida e assim fazendo, faz-nos a todos re�ectir sobre a sacralidade de todas as vidas.

Este é o tirar a sede da alma que o Senhor opera na samaritana. O «Dá-me de beber» de Jesus na verdade é o «pão nosso de cada dia nos dai hoje» que nós pedimos, para não sucumbir. É água viva de que precisamos para um olhar trans�gurado sobre tudo e todos. Dai-nos Senhor olhos contemplativos para amar como devemos, para entusiasmar de nova luz a mulher com quem casei, as minhas �lhas, a minha mãe, a estrangeira, a pobre e a rica, a suja e a limpa, para amar tanto a portuguesa como a africana, a adversária que não é inimiga, a concorrente sem culpa, a feia como a bela, a mulher livre que teve tantos homens como a prostituta.

A Via Sacra é um percurso de amor, é o passear de Deus no mais íntimo do nosso ser, psicologia e corpo, para lhe restituir a sua beleza originária perdida e deturpada pelo pecado.

Se queremos uma Quaresma signi�cativa e marcante temos que entrar na �la dos que procuram a nascente da água viva e querem entrar num diálogo perturbador com Deus.

Senhor, passeia e aproxima-te das torneiras das minhas águas sujas. Ajuda-nos a estar aos pés da Cruz, mas com a dignidade e a beleza de Maria, a mulher que sempre bebeu do teu lado, antes de Tu derramares sangue e água, e guardava estas coisas no seu coração de verdadeira mãe, esposa e virgem. Verdadeira mulher.

SUGESTÕES:

Visita a prostitutas com um olhar diferente e ver como somos capazes de passar o tempo com elas, nas ruas onde trabalham. Podemos fazer o exercício de identi�car quais delas são baptizadas... e, se calhar, chegar a rezar com elas. Somos capazes de ver além do que é evidente e “saber” delas. Que signi�ca amá-las?

Música: Stabat Mater de G.B. Pergolesi

Dança: dançar o Magni�cat, que é dançar o contentamento de Maria por ter sido visitada por Deus que a encontrou no profundo do seu ser de mulher. A água viva (Espírito Santo) da samaritana é o mesmo Espírito que em Maria opera e actua para que ela continue a ser modelo de feminilidade, redimida e plenamente elevada à sua máxima dignidade: imaculada, casta, esposa, mãe, jovem...

REZAR UMA VIA SACRA DIFERENTE (clique aqui para fazer download da Via-Sacra proposta pela FEC)

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REFLEXÃO E ACÇÃO

Neste domingo, o encontro de Jesus com a Samaritana vem rasgar todas as barreiras que se levantam ao desenvolvimento, no tempo de Jesus e ainda no nosso tempo. O desenvolvimento humano deve ser integral, isto é, de toda a pessoa (em todas as suas dimensões) e de todas as pessoas (independentemente do sexo, origem, cor, condição social, cultura, crença ou religião).

Para além de falar abertamente com uma mulher (de condição inferior ao homem), fala com uma mulher estrangeira e “inimiga” da sua raça. Este encontro fala-nos do valor da pessoa, do seu direito ao desenvolvimento, seja qual for a sua situação. Dá-me de beber, dá-me de comer, tenho sede de uma vida plena… são os apelos da Humanidade, expressos neste diálogo que nos pode transportar para um Caminho de Desenvolvimento na caridade. Uma Via Sacra que torna realidade os Direitos Humanos para todas as pessoas, ao mesmo tempo que as responsabiliza nos Deveres para com os irmãos.

Neste domingo, a FEC conta com a re�exão de Frei Michael Daniels, consultor da ONU e membro da Comissão Justiça e Paz da Guiné-Bissau. Um olhar desde África nesta Quaresma.

Com a colaboração de várias organizações, lança-se também o desa�o de fazer uma Via Sacra diferente, percorrendo o Caminho de Jesus pela Humanidade, trazendo ao coração diversas pessoas, comunidades, acompanhadas em diversos programas de desenvolvimento.

A SAMARITANA DE TODOS OS TEMPOSFrei Michael Daniels

Por uma quaresma de libertação, como Jesus fez com a mulher samaritana. Precisamos de nos reapropriar da sacralidade da nossa existência. A verdadeira Via Sacra é o percurso que Jesus percorre no coração daquela mulher. Troço existencial percorrido à luz d’ Aquele que é a Luz por excelência e trans�gura a vida de quem O encontrar em profundidade. É-nos espontâneo pensar que a terra que Jesus pisou nas últimas horas da Sua vida tenha o sabor dum caminho sagrado, mas a verdade é que Deus estava a percorrer as dores que a�igem a nossa humanidade.

Podemos pensar no Objectivo de Desenvolvimento do Milénio 3, igualdade de género. Porque é umas das dores que atravessam ainda o nosso tempo, dor que deveria ser erradicada. Mais que uma dor, impomos uma cruz às mulheres quando as olhamos somente como um corpo além do dom essencial que ela representa. O Mistério de Deus revela-se, distinta e complementarmente, em traços femininos e

masculinos, ambos Sua imagem e semelhança. Jesus é a nascente que

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 28

27 de Março | III Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL

jorrou sobre a Samaritana, por isso não a vê como e com os nossos olhos. É necessário recuperar o olhar de Deus sobre o género feminino, numa história da humanidade escrita quase sempre e só no masculino. É necessária uma libertação dum excesso de masculinidade egoística para nos aproximarmos à “metade” divina encerrada no feminino, uma terra que deveria ser sacra para todos os homens.

Cruz inaceitável é o preconceito a que, a priori, as mulheres se sujeitam. As muitas humilhações parcialmente reveladas por uma cultura de piadas “masculinas”, cheias de vulgaridades, a elas dirigidas. Humilhações que neste lado do mundo são ainda mais manifestas: renunciar à escola para servir os “homens” da casa, casamentos forçados ainda adolescentes, “corpos” para os “porcos” do nosso tempo, na nascente prostituição na adolescência. Infância roubada, feminilidade subtraída ao seu verdadeiro sentido. Cruzes impostas pelas próprias mulheres sobre as suas costas, quando menosprezam a própria dignidade e unicidade, querendo assumir o papel de sexo débil que não está inscrito na genética com que Deus a criou.

Mulher! Lembra-te que te ama mais, quem, antes do teu corpo, sabe amar a tua alma. Aí está inscrita a outra parte da minha verdade que me atrai... Faz-nos falta a virgindade da alma para recuperar a do corpo. Eis que Jesus te reconduz à sacralidade da tua vida e assim fazendo, faz-nos a todos re�ectir sobre a sacralidade de todas as vidas.

Este é o tirar a sede da alma que o Senhor opera na samaritana. O «Dá-me de beber» de Jesus na verdade é o «pão nosso de cada dia nos dai hoje» que nós pedimos, para não sucumbir. É água viva de que precisamos para um olhar trans�gurado sobre tudo e todos. Dai-nos Senhor olhos contemplativos para amar como devemos, para entusiasmar de nova luz a mulher com quem casei, as minhas �lhas, a minha mãe, a estrangeira, a pobre e a rica, a suja e a limpa, para amar tanto a portuguesa como a africana, a adversária que não é inimiga, a concorrente sem culpa, a feia como a bela, a mulher livre que teve tantos homens como a prostituta.

A Via Sacra é um percurso de amor, é o passear de Deus no mais íntimo do nosso ser, psicologia e corpo, para lhe restituir a sua beleza originária perdida e deturpada pelo pecado.

Se queremos uma Quaresma signi�cativa e marcante temos que entrar na �la dos que procuram a nascente da água viva e querem entrar num diálogo perturbador com Deus.

Senhor, passeia e aproxima-te das torneiras das minhas águas sujas. Ajuda-nos a estar aos pés da Cruz, mas com a dignidade e a beleza de Maria, a mulher que sempre bebeu do teu lado, antes de Tu derramares sangue e água, e guardava estas coisas no seu coração de verdadeira mãe, esposa e virgem. Verdadeira mulher.

SUGESTÕES:

Visita a prostitutas com um olhar diferente e ver como somos capazes de passar o tempo com elas, nas ruas onde trabalham. Podemos fazer o exercício de identi�car quais delas são baptizadas... e, se calhar, chegar a rezar com elas. Somos capazes de ver além do que é evidente e “saber” delas. Que signi�ca amá-las?

Música: Stabat Mater de G.B. Pergolesi

Dança: dançar o Magni�cat, que é dançar o contentamento de Maria por ter sido visitada por Deus que a encontrou no profundo do seu ser de mulher. A água viva (Espírito Santo) da samaritana é o mesmo Espírito que em Maria opera e actua para que ela continue a ser modelo de feminilidade, redimida e plenamente elevada à sua máxima dignidade: imaculada, casta, esposa, mãe, jovem...

REZAR UMA VIA SACRA DIFERENTE (clique aqui para fazer download da Via-Sacra proposta pela FEC)

Page 30: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

REFLEXÃO E ACÇÃO

Neste domingo, o encontro de Jesus com a Samaritana vem rasgar todas as barreiras que se levantam ao desenvolvimento, no tempo de Jesus e ainda no nosso tempo. O desenvolvimento humano deve ser integral, isto é, de toda a pessoa (em todas as suas dimensões) e de todas as pessoas (independentemente do sexo, origem, cor, condição social, cultura, crença ou religião).

Para além de falar abertamente com uma mulher (de condição inferior ao homem), fala com uma mulher estrangeira e “inimiga” da sua raça. Este encontro fala-nos do valor da pessoa, do seu direito ao desenvolvimento, seja qual for a sua situação. Dá-me de beber, dá-me de comer, tenho sede de uma vida plena… são os apelos da Humanidade, expressos neste diálogo que nos pode transportar para um Caminho de Desenvolvimento na caridade. Uma Via Sacra que torna realidade os Direitos Humanos para todas as pessoas, ao mesmo tempo que as responsabiliza nos Deveres para com os irmãos.

Neste domingo, a FEC conta com a re�exão de Frei Michael Daniels, consultor da ONU e membro da Comissão Justiça e Paz da Guiné-Bissau. Um olhar desde África nesta Quaresma.

Com a colaboração de várias organizações, lança-se também o desa�o de fazer uma Via Sacra diferente, percorrendo o Caminho de Jesus pela Humanidade, trazendo ao coração diversas pessoas, comunidades, acompanhadas em diversos programas de desenvolvimento.

A SAMARITANA DE TODOS OS TEMPOSFrei Michael Daniels

Por uma quaresma de libertação, como Jesus fez com a mulher samaritana. Precisamos de nos reapropriar da sacralidade da nossa existência. A verdadeira Via Sacra é o percurso que Jesus percorre no coração daquela mulher. Troço existencial percorrido à luz d’ Aquele que é a Luz por excelência e trans�gura a vida de quem O encontrar em profundidade. É-nos espontâneo pensar que a terra que Jesus pisou nas últimas horas da Sua vida tenha o sabor dum caminho sagrado, mas a verdade é que Deus estava a percorrer as dores que a�igem a nossa humanidade.

Podemos pensar no Objectivo de Desenvolvimento do Milénio 3, igualdade de género. Porque é umas das dores que atravessam ainda o nosso tempo, dor que deveria ser erradicada. Mais que uma dor, impomos uma cruz às mulheres quando as olhamos somente como um corpo além do dom essencial que ela representa. O Mistério de Deus revela-se, distinta e complementarmente, em traços femininos e

masculinos, ambos Sua imagem e semelhança. Jesus é a nascente que

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 28

27 de Março | III Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL

jorrou sobre a Samaritana, por isso não a vê como e com os nossos olhos. É necessário recuperar o olhar de Deus sobre o género feminino, numa história da humanidade escrita quase sempre e só no masculino. É necessária uma libertação dum excesso de masculinidade egoística para nos aproximarmos à “metade” divina encerrada no feminino, uma terra que deveria ser sacra para todos os homens.

Cruz inaceitável é o preconceito a que, a priori, as mulheres se sujeitam. As muitas humilhações parcialmente reveladas por uma cultura de piadas “masculinas”, cheias de vulgaridades, a elas dirigidas. Humilhações que neste lado do mundo são ainda mais manifestas: renunciar à escola para servir os “homens” da casa, casamentos forçados ainda adolescentes, “corpos” para os “porcos” do nosso tempo, na nascente prostituição na adolescência. Infância roubada, feminilidade subtraída ao seu verdadeiro sentido. Cruzes impostas pelas próprias mulheres sobre as suas costas, quando menosprezam a própria dignidade e unicidade, querendo assumir o papel de sexo débil que não está inscrito na genética com que Deus a criou.

Mulher! Lembra-te que te ama mais, quem, antes do teu corpo, sabe amar a tua alma. Aí está inscrita a outra parte da minha verdade que me atrai... Faz-nos falta a virgindade da alma para recuperar a do corpo. Eis que Jesus te reconduz à sacralidade da tua vida e assim fazendo, faz-nos a todos re�ectir sobre a sacralidade de todas as vidas.

Este é o tirar a sede da alma que o Senhor opera na samaritana. O «Dá-me de beber» de Jesus na verdade é o «pão nosso de cada dia nos dai hoje» que nós pedimos, para não sucumbir. É água viva de que precisamos para um olhar trans�gurado sobre tudo e todos. Dai-nos Senhor olhos contemplativos para amar como devemos, para entusiasmar de nova luz a mulher com quem casei, as minhas �lhas, a minha mãe, a estrangeira, a pobre e a rica, a suja e a limpa, para amar tanto a portuguesa como a africana, a adversária que não é inimiga, a concorrente sem culpa, a feia como a bela, a mulher livre que teve tantos homens como a prostituta.

A Via Sacra é um percurso de amor, é o passear de Deus no mais íntimo do nosso ser, psicologia e corpo, para lhe restituir a sua beleza originária perdida e deturpada pelo pecado.

Se queremos uma Quaresma signi�cativa e marcante temos que entrar na �la dos que procuram a nascente da água viva e querem entrar num diálogo perturbador com Deus.

Senhor, passeia e aproxima-te das torneiras das minhas águas sujas. Ajuda-nos a estar aos pés da Cruz, mas com a dignidade e a beleza de Maria, a mulher que sempre bebeu do teu lado, antes de Tu derramares sangue e água, e guardava estas coisas no seu coração de verdadeira mãe, esposa e virgem. Verdadeira mulher.

SUGESTÕES:

Visita a prostitutas com um olhar diferente e ver como somos capazes de passar o tempo com elas, nas ruas onde trabalham. Podemos fazer o exercício de identi�car quais delas são baptizadas... e, se calhar, chegar a rezar com elas. Somos capazes de ver além do que é evidente e “saber” delas. Que signi�ca amá-las?

Música: Stabat Mater de G.B. Pergolesi

Dança: dançar o Magni�cat, que é dançar o contentamento de Maria por ter sido visitada por Deus que a encontrou no profundo do seu ser de mulher. A água viva (Espírito Santo) da samaritana é o mesmo Espírito que em Maria opera e actua para que ela continue a ser modelo de feminilidade, redimida e plenamente elevada à sua máxima dignidade: imaculada, casta, esposa, mãe, jovem...

REZAR UMA VIA SACRA DIFERENTE (clique aqui para fazer download da Via-Sacra proposta pela FEC)

Page 31: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

REFERÊNCIAS

Leituras próprias do dia: Ex. 17, 3-7; Slm 94, 1-2.6-8; Rom 5, 1-2.5-8; Jo 4, 5-42 ou Jo 4, 5-15.19b-26.39a.40-42

Encíclica “Caridade na Verdade” (http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_200906

29_caritas-in-veritate_po.html)

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio – ODM 3 (Igualdade de Género) (http://www.objectivo2015.org/genero/index.shtml)

30

27 de Março | III Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL

Page 32: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

INCLUSÃO3 de Abril | IV Domingo da Quaresma

Page 33: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

3 de Abril | IV Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO CENTRADO NA PESSOA

REFLEXÃO

Neste domingo vemos a maneira como Jesus se aproxima de um cego

de nascença, a forma como o ajuda a Ver (a desenvolver-se), a partir da

sua condição. A atenção de Jesus está centrada no cego, invisível na

sociedade. A atenção de Jesus está centrada na Pessoa, em cada pessoa,

até chegar à Humanidade inteira.

Para mais este passo no caminho, a FEC conta com a reflexão do Padre

José Augusto Leitão svd, Missionário do Verbo Divino, Responsável em

Portugal pela AEFJN – Rede África Europa Fé e Justiça³.

CURA DO CEGO DE NASCENÇAJosé Augusto Leitão, svd

Jesus encontra no seu caminho um cego de nascença. Não vê um

pedinte irrecuperável nem a expressão de um Deus juiz e castigador. Vê

uma oportunidade para manifestar a glória de Deus e a dignidade da

pessoa humana, mesmo quando portadora de deficiência, excluída,

subdesenvolvida, doente ou pobre.

Jesus é a luz do mundo por isso vê os invisíveis da sociedade. Olha-os

com esperança e torna-se instrumento ao serviço da força do Deus da

vida para todos. Não aceita o fatalismo dum destino marcado nem o

cruzar de braços, pois “sempre foi assim e não há nada a fazer, a não ser

dar-lhes esmola”.

Jesus faz o gesto de amassar saliva com terra para ungir os olhos da

pessoa cega. Como Deus Criador, recria um homem novo, devolve-lhe a

possibilidade de ver e de recuperar a sua dignidade de pessoa livre de

limitações e de dependências.

Jesus toma a iniciativa mas pede-lhe que se vá lavar à piscina de Siloé.

Não lhe dá tudo de uma vez deixando-o um receptor passivo, mas faz

dele sujeito da sua própria libertação. Exige-lhe fé e anima-o a caminhar

co-responsavelmente para a própria cura.

Após a cura, Jesus afasta-se. Não cria dependências nem exige palmas

ou louvores públicos. Deixa que a pessoa reabilitada vá aprendendo a

viver o novo desenvolvimento em confronto com os diversos actores da

sociedade. Esta relação ajuda-o a ver melhor e a dar-se conta que há

alguns que têm olhos e não conseguem ver o que é evidente! Há outras

cegueiras na vida que muitas vezes não temos consciência: o

preconceito, o racismo, a ideologia, a falta de fé, a ganância do poder, o

tribalismo familiar...

32

Jesus reaparece mais tarde, conduzindo um diálogo com a pessoa

curada. Antes foi visto por Jesus, agora vê neste homem, não apenas um

profeta ou enviado de Deus, mas o próprio Deus e Senhor. Agora vê

claramente, porque vê com os olhos da Fé.

O desenvolvimento que Jesus nos propõe não é o assistencialismo nem

a manutenção do status quo. Jesus evangeliza o desenvolvimento

centrando-se na pessoa humana principalmente a mais frágil e invisível

na sociedade. Procura as causas das dependências e da exclusão. Toma

a iniciativa de as curar e de lhes restituir a dignidade de Filhos de Deus.

Desafia-os a serem sujeitos do próprio processo de libertação. Cria

relações libertadoras. Não será deste modelo de desenvolvimento que

o mundo precisa?

Page 34: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

REFLEXÃO

Neste domingo vemos a maneira como Jesus se aproxima de um cego

de nascença, a forma como o ajuda a Ver (a desenvolver-se), a partir da

sua condição. A atenção de Jesus está centrada no cego, invisível na

sociedade. A atenção de Jesus está centrada na Pessoa, em cada pessoa,

até chegar à Humanidade inteira.

Para mais este passo no caminho, a FEC conta com a reflexão do Padre

José Augusto Leitão svd, Missionário do Verbo Divino, Responsável em

Portugal pela AEFJN – Rede África Europa Fé e Justiça³.

CURA DO CEGO DE NASCENÇAJosé Augusto Leitão, svd

Jesus encontra no seu caminho um cego de nascença. Não vê um

pedinte irrecuperável nem a expressão de um Deus juiz e castigador. Vê

uma oportunidade para manifestar a glória de Deus e a dignidade da

pessoa humana, mesmo quando portadora de deficiência, excluída,

subdesenvolvida, doente ou pobre.

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

Jesus é a luz do mundo por isso vê os invisíveis da sociedade. Olha-os

com esperança e torna-se instrumento ao serviço da força do Deus da

vida para todos. Não aceita o fatalismo dum destino marcado nem o

cruzar de braços, pois “sempre foi assim e não há nada a fazer, a não ser

dar-lhes esmola”.

Jesus faz o gesto de amassar saliva com terra para ungir os olhos da

pessoa cega. Como Deus Criador, recria um homem novo, devolve-lhe a

possibilidade de ver e de recuperar a sua dignidade de pessoa livre de

limitações e de dependências.

Jesus toma a iniciativa mas pede-lhe que se vá lavar à piscina de Siloé.

Não lhe dá tudo de uma vez deixando-o um receptor passivo, mas faz

dele sujeito da sua própria libertação. Exige-lhe fé e anima-o a caminhar

co-responsavelmente para a própria cura.

Após a cura, Jesus afasta-se. Não cria dependências nem exige palmas

ou louvores públicos. Deixa que a pessoa reabilitada vá aprendendo a

viver o novo desenvolvimento em confronto com os diversos actores da

sociedade. Esta relação ajuda-o a ver melhor e a dar-se conta que há

alguns que têm olhos e não conseguem ver o que é evidente! Há outras

cegueiras na vida que muitas vezes não temos consciência: o

preconceito, o racismo, a ideologia, a falta de fé, a ganância do poder, o

tribalismo familiar...

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3 de Abril | IV Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO CENTRADO NA PESSOA

Jesus reaparece mais tarde, conduzindo um diálogo com a pessoa

curada. Antes foi visto por Jesus, agora vê neste homem, não apenas um

profeta ou enviado de Deus, mas o próprio Deus e Senhor. Agora vê

claramente, porque vê com os olhos da Fé.

O desenvolvimento que Jesus nos propõe não é o assistencialismo nem

a manutenção do status quo. Jesus evangeliza o desenvolvimento

centrando-se na pessoa humana principalmente a mais frágil e invisível

na sociedade. Procura as causas das dependências e da exclusão. Toma

a iniciativa de as curar e de lhes restituir a dignidade de Filhos de Deus.

Desafia-os a serem sujeitos do próprio processo de libertação. Cria

relações libertadoras. Não será deste modelo de desenvolvimento que

o mundo precisa?

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REFLEXÃO

Neste domingo vemos a maneira como Jesus se aproxima de um cego

de nascença, a forma como o ajuda a Ver (a desenvolver-se), a partir da

sua condição. A atenção de Jesus está centrada no cego, invisível na

sociedade. A atenção de Jesus está centrada na Pessoa, em cada pessoa,

até chegar à Humanidade inteira.

Para mais este passo no caminho, a FEC conta com a reflexão do Padre

José Augusto Leitão svd, Missionário do Verbo Divino, Responsável em

Portugal pela AEFJN – Rede África Europa Fé e Justiça³.

CURA DO CEGO DE NASCENÇAJosé Augusto Leitão, svd

Jesus encontra no seu caminho um cego de nascença. Não vê um

pedinte irrecuperável nem a expressão de um Deus juiz e castigador. Vê

uma oportunidade para manifestar a glória de Deus e a dignidade da

pessoa humana, mesmo quando portadora de deficiência, excluída,

subdesenvolvida, doente ou pobre.

Jesus é a luz do mundo por isso vê os invisíveis da sociedade. Olha-os

com esperança e torna-se instrumento ao serviço da força do Deus da

vida para todos. Não aceita o fatalismo dum destino marcado nem o

cruzar de braços, pois “sempre foi assim e não há nada a fazer, a não ser

dar-lhes esmola”.

Jesus faz o gesto de amassar saliva com terra para ungir os olhos da

pessoa cega. Como Deus Criador, recria um homem novo, devolve-lhe a

possibilidade de ver e de recuperar a sua dignidade de pessoa livre de

limitações e de dependências.

Jesus toma a iniciativa mas pede-lhe que se vá lavar à piscina de Siloé.

Não lhe dá tudo de uma vez deixando-o um receptor passivo, mas faz

dele sujeito da sua própria libertação. Exige-lhe fé e anima-o a caminhar

co-responsavelmente para a própria cura.

Após a cura, Jesus afasta-se. Não cria dependências nem exige palmas

ou louvores públicos. Deixa que a pessoa reabilitada vá aprendendo a

viver o novo desenvolvimento em confronto com os diversos actores da

sociedade. Esta relação ajuda-o a ver melhor e a dar-se conta que há

alguns que têm olhos e não conseguem ver o que é evidente! Há outras

cegueiras na vida que muitas vezes não temos consciência: o

preconceito, o racismo, a ideologia, a falta de fé, a ganância do poder, o

tribalismo familiar...

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 34

3 de Abril | IV Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO CENTRADO NA PESSOA

Jesus reaparece mais tarde, conduzindo um diálogo com a pessoa

curada. Antes foi visto por Jesus, agora vê neste homem, não apenas um

profeta ou enviado de Deus, mas o próprio Deus e Senhor. Agora vê

claramente, porque vê com os olhos da Fé.

O desenvolvimento que Jesus nos propõe não é o assistencialismo nem

a manutenção do status quo. Jesus evangeliza o desenvolvimento

centrando-se na pessoa humana principalmente a mais frágil e invisível

na sociedade. Procura as causas das dependências e da exclusão. Toma

a iniciativa de as curar e de lhes restituir a dignidade de Filhos de Deus.

Desafia-os a serem sujeitos do próprio processo de libertação. Cria

relações libertadoras. Não será deste modelo de desenvolvimento que

o mundo precisa?

Page 36: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

REFERÊNCIAS

Leituras próprias do dia: 1 Sam 16, 1b. 6-7. 10-13a; Sl 22, 1-3a. 3b-4. 5. 6;

2 Ef 5, 8-14; Ev Jo 9, 1-41 ou Jo 9, 1. 6-9. 13-17. 34-38.

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio – ODM 6

(Combater as grandes doenças)

(www.objectivo2015.org/inicio/index.php?option=com_content&view=article&id=80&Itemid=204)

Site e blogue da Antena AEFJN

(http://www.antenaportugal.org/, http://ae�nportugal.blogspot.com/)

Encíclica “Caridade na Verdade”, nº 18-19, 21, 32, 47, 61, 68, 76

(http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_200906

29_caritas-in-veritate_po.html)

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 35

3 de Abril | IV Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO CENTRADO NA PESSOA

Page 37: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

³ A Rede AEFJN foi criada em 1988 e reúne congregações religiosas e missionárias, femininas e masculinas que trabalham em África e na Europa, ou que simplesmente levam África no seu coração. Tem como objectivos:

• Reunir e difundir informação sobre os problemas relacionados com a justiça em África e sobre os efeitos da política europeia no continente africano;

• Fazer recomendações aos institutos membros para mobilizar a opinião pública e organizar acções eficazes;

• Influenciar positivamente as decisões da União Europeia que afectem a vida dos africanos.

ACÇÃO

Ler o Fórum D’Acção, nº 55, para se dar conta de como a realidade de

pobreza, exclusão e falta de paz em África pode ser vista a partir de

diferentes perspectivas. Os temas desta edição são: 100 religiosos

reúnem-se em Dakar com a AEFJN; As revoltas árabes; As armas

vendidas matam nos países árabes; A maldição dos recursos; A Igreja

denuncia a ocupação ilegítima de terras; Para uma África sem

paludismo? As APE e a iniciativa da Europa sobre matérias-primas.

Como cristãos, precisamos de ter um olhar libertador e dignificante

como o de Jesus.

http://www.antenaportugal.org/site/index.php?option=com_rokdownloads&

view=folder&Itemid=60

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 36

3 de Abril | IV Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO CENTRADO NA PESSOA

Page 38: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

VIDA10 de Abril | V Domingo da Quaresma

Page 39: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

10 de Abril | V Domingo da Quaresma

DESENVOLVIMENTO - COMO SER MAIS

REFLEXÃO

Neste domingo acompanhamos a forma como Jesus se compadece

com os seus amigos, devolvendo a vida a Lázaro. Tal como o faz com

cada pessoa que O encontra. Restitui sentido, retira-nos dos túmulos

em que nos aprisionamos, liberta-nos do Ter e faz-nos perceber que o

verdadeiro desenvolvimento está no Ser cada vez mais o que somos

chamados a ser, trazendo à luz todas as nossas potencialidades

intrínsecas.

Tanto para os povos como para as pessoas, possuir mais não é o �m último. Qualquer crescimento é ambivalente. Embora necessário para permitir ao homem ser mais homem, torna-o contudo prisioneiro no momento em que se transforma no bem supremo que impede de ver mais além. Então os corações endurecem-se e os espíritos fecham-se, os homens já não se reúnem pela amizade mas pelo interesse, que bem depressa os opõe e os desune. A busca exclusiva do ter, forma então um obstáculo ao crescimento do ser e opõe-se à sua verdadeira grandeza. (Enc. Populorum progressio, 19)

A reflexão de D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga e Presidente da

Conferência Episcopal Portuguesa acompanha-nos nesta 6ª etapa.

EU VIM PARA QUE TENHAM VIDA

E A TENHAM EM ABUNDÂNCIADom Jorge Ortiga,

Arcebispo de Braga e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

A sociedade hodierna está marcada por uma generalizada ausência de

sentido que gera uma confusão de objectivos para a existência. Isto

provoca um relativismo confrangedor que sublinha as vantagens dum

aproveitamento acrítico do momentâneo, sem reflexão sobre as

consequências.

Quando o cristão consegue fazer da sua experiência de fé um verdadeiro

encontro com Cristo, apercebe-se que não somos meros detentores duma

ideologia mas que comungamos o estilo de vida de Alguém vivo e

permanente referência. Acolhe-lo como modelo é a responsabilidade dos

cristãos de todas as épocas e, particularmente, dos tempos actuais.

Em Cristo, podemos encontrar diversas perspectivas a sublinhar. Quase

sempre nos prendemos ao que Ele realizou na Sua vida terrena e temos

dificuldade em compreender o essencial. Antes de mais e acima de tudo,

Ele é Filho de Deus a quem o Pai confiou uma missão interpretada,

sempre e dum modo persistente. “Eu vim para que tenham vida e a

tenham em abundância”. Tratava-se de gastar a vida oferecendo

38

propostas de realização espiritual e comprometendo-se com as carências

e problemáticas de quem necessitava. O seu agir era consequência do

seu ser e daí que ofereceu valores e critérios e, em simultâneo e

coincidência, realizou gestos e atitudes de verdadeira libertação.

O crente, hoje, deveria ter este sentido de vida, caminhando n’Ele e

testemunhando que o verdadeiro desenvolvimento humano é integral:

tem exigências espirituais e materiais. Neste caminhar sabe

comprometer-se com a vida dos outros e acredita que pode provocar

muita ressurreição desde que queira estar presente. Urge aperceber-se

dos males alheios, abrindo os olhos, e não ser capaz de dormir tranquilo

enquanto determinadas situações não se ultrapassam. Só o

compromisso, individual e colectivo, permite uma sociedade de

verdadeiro e autentico desenvolvimento. Estamos atentos à nossa

proximidade mas não esquecemos que o mundo não acaba onde os

nossos olhos conseguem chegar. O cristão vê para além da geografia e

situa-se no mundo inteiro com aquele abraço de fraternidade e

solidariedade capaz de dar felicidade.

Tudo isto é importante. Há uma condição prévia. Cristo deve ser a vida

do crente. Poderemos realizar muitas coisas. A grande “tarefa” consiste

em acolher, pessoal e responsavelmente, o Amor de Deus para depois o

doar através duma variedade imensa de atitudes. Quando isto

acontece, tudo se desenvolve com a naturalidade de quem sonha muito

mas realiza muito mais.

Page 40: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

REFLEXÃO

Neste domingo acompanhamos a forma como Jesus se compadece

com os seus amigos, devolvendo a vida a Lázaro. Tal como o faz com

cada pessoa que O encontra. Restitui sentido, retira-nos dos túmulos

em que nos aprisionamos, liberta-nos do Ter e faz-nos perceber que o

verdadeiro desenvolvimento está no Ser cada vez mais o que somos

chamados a ser, trazendo à luz todas as nossas potencialidades

intrínsecas.

Tanto para os povos como para as pessoas, possuir mais não é o �m último. Qualquer crescimento é ambivalente. Embora necessário para permitir ao homem ser mais homem, torna-o contudo prisioneiro no momento em que se transforma no bem supremo que impede de ver mais além. Então os corações endurecem-se e os espíritos fecham-se, os homens já não se reúnem pela amizade mas pelo interesse, que bem depressa os opõe e os desune. A busca exclusiva do ter, forma então um obstáculo ao crescimento do ser e opõe-se à sua verdadeira grandeza. (Enc. Populorum progressio, 19)

A reflexão de D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga e Presidente da

Conferência Episcopal Portuguesa acompanha-nos nesta 6ª etapa.

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

EU VIM PARA QUE TENHAM VIDA

E A TENHAM EM ABUNDÂNCIADom Jorge Ortiga,

Arcebispo de Braga e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

A sociedade hodierna está marcada por uma generalizada ausência de

sentido que gera uma confusão de objectivos para a existência. Isto

provoca um relativismo confrangedor que sublinha as vantagens dum

aproveitamento acrítico do momentâneo, sem reflexão sobre as

consequências.

Quando o cristão consegue fazer da sua experiência de fé um verdadeiro

encontro com Cristo, apercebe-se que não somos meros detentores duma

ideologia mas que comungamos o estilo de vida de Alguém vivo e

permanente referência. Acolhe-lo como modelo é a responsabilidade dos

cristãos de todas as épocas e, particularmente, dos tempos actuais.

Em Cristo, podemos encontrar diversas perspectivas a sublinhar. Quase

sempre nos prendemos ao que Ele realizou na Sua vida terrena e temos

dificuldade em compreender o essencial. Antes de mais e acima de tudo,

Ele é Filho de Deus a quem o Pai confiou uma missão interpretada,

sempre e dum modo persistente. “Eu vim para que tenham vida e a

tenham em abundância”. Tratava-se de gastar a vida oferecendo

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DESENVOLVIMENTO - COMO SER MAIS

propostas de realização espiritual e comprometendo-se com as carências

e problemáticas de quem necessitava. O seu agir era consequência do

seu ser e daí que ofereceu valores e critérios e, em simultâneo e

coincidência, realizou gestos e atitudes de verdadeira libertação.

O crente, hoje, deveria ter este sentido de vida, caminhando n’Ele e

testemunhando que o verdadeiro desenvolvimento humano é integral:

tem exigências espirituais e materiais. Neste caminhar sabe

comprometer-se com a vida dos outros e acredita que pode provocar

muita ressurreição desde que queira estar presente. Urge aperceber-se

dos males alheios, abrindo os olhos, e não ser capaz de dormir tranquilo

enquanto determinadas situações não se ultrapassam. Só o

compromisso, individual e colectivo, permite uma sociedade de

verdadeiro e autentico desenvolvimento. Estamos atentos à nossa

proximidade mas não esquecemos que o mundo não acaba onde os

nossos olhos conseguem chegar. O cristão vê para além da geografia e

situa-se no mundo inteiro com aquele abraço de fraternidade e

solidariedade capaz de dar felicidade.

Tudo isto é importante. Há uma condição prévia. Cristo deve ser a vida

do crente. Poderemos realizar muitas coisas. A grande “tarefa” consiste

em acolher, pessoal e responsavelmente, o Amor de Deus para depois o

doar através duma variedade imensa de atitudes. Quando isto

acontece, tudo se desenvolve com a naturalidade de quem sonha muito

mas realiza muito mais.

10 de Abril | V Domingo da Quaresma

Page 41: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

REFLEXÃO

Neste domingo acompanhamos a forma como Jesus se compadece

com os seus amigos, devolvendo a vida a Lázaro. Tal como o faz com

cada pessoa que O encontra. Restitui sentido, retira-nos dos túmulos

em que nos aprisionamos, liberta-nos do Ter e faz-nos perceber que o

verdadeiro desenvolvimento está no Ser cada vez mais o que somos

chamados a ser, trazendo à luz todas as nossas potencialidades

intrínsecas.

Tanto para os povos como para as pessoas, possuir mais não é o �m último. Qualquer crescimento é ambivalente. Embora necessário para permitir ao homem ser mais homem, torna-o contudo prisioneiro no momento em que se transforma no bem supremo que impede de ver mais além. Então os corações endurecem-se e os espíritos fecham-se, os homens já não se reúnem pela amizade mas pelo interesse, que bem depressa os opõe e os desune. A busca exclusiva do ter, forma então um obstáculo ao crescimento do ser e opõe-se à sua verdadeira grandeza. (Enc. Populorum progressio, 19)

A reflexão de D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga e Presidente da

Conferência Episcopal Portuguesa acompanha-nos nesta 6ª etapa.

EU VIM PARA QUE TENHAM VIDA

E A TENHAM EM ABUNDÂNCIADom Jorge Ortiga,

Arcebispo de Braga e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

A sociedade hodierna está marcada por uma generalizada ausência de

sentido que gera uma confusão de objectivos para a existência. Isto

provoca um relativismo confrangedor que sublinha as vantagens dum

aproveitamento acrítico do momentâneo, sem reflexão sobre as

consequências.

Quando o cristão consegue fazer da sua experiência de fé um verdadeiro

encontro com Cristo, apercebe-se que não somos meros detentores duma

ideologia mas que comungamos o estilo de vida de Alguém vivo e

permanente referência. Acolhe-lo como modelo é a responsabilidade dos

cristãos de todas as épocas e, particularmente, dos tempos actuais.

Em Cristo, podemos encontrar diversas perspectivas a sublinhar. Quase

sempre nos prendemos ao que Ele realizou na Sua vida terrena e temos

dificuldade em compreender o essencial. Antes de mais e acima de tudo,

Ele é Filho de Deus a quem o Pai confiou uma missão interpretada,

sempre e dum modo persistente. “Eu vim para que tenham vida e a

tenham em abundância”. Tratava-se de gastar a vida oferecendo

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 40

DESENVOLVIMENTO - COMO SER MAIS

propostas de realização espiritual e comprometendo-se com as carências

e problemáticas de quem necessitava. O seu agir era consequência do

seu ser e daí que ofereceu valores e critérios e, em simultâneo e

coincidência, realizou gestos e atitudes de verdadeira libertação.

O crente, hoje, deveria ter este sentido de vida, caminhando n’Ele e

testemunhando que o verdadeiro desenvolvimento humano é integral:

tem exigências espirituais e materiais. Neste caminhar sabe

comprometer-se com a vida dos outros e acredita que pode provocar

muita ressurreição desde que queira estar presente. Urge aperceber-se

dos males alheios, abrindo os olhos, e não ser capaz de dormir tranquilo

enquanto determinadas situações não se ultrapassam. Só o

compromisso, individual e colectivo, permite uma sociedade de

verdadeiro e autentico desenvolvimento. Estamos atentos à nossa

proximidade mas não esquecemos que o mundo não acaba onde os

nossos olhos conseguem chegar. O cristão vê para além da geografia e

situa-se no mundo inteiro com aquele abraço de fraternidade e

solidariedade capaz de dar felicidade.

Tudo isto é importante. Há uma condição prévia. Cristo deve ser a vida

do crente. Poderemos realizar muitas coisas. A grande “tarefa” consiste

em acolher, pessoal e responsavelmente, o Amor de Deus para depois o

doar através duma variedade imensa de atitudes. Quando isto

acontece, tudo se desenvolve com a naturalidade de quem sonha muito

mas realiza muito mais.

10 de Abril | V Domingo da Quaresma

Page 42: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

REFERÊNCIAS

Leituras próprias do dia: Ez 37, 12-14; Sl 129 (130),1-2. 3-4ab. 4c-6. 7-8;

Rom 8, 8-11; Jo 11, 1-45.

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio – ODM 4

(Reduzir a Mortalidade Infantil)

(www.objectivo2015.org/inicio/index.php?option=com_content&view=article&id=80&Itemid=204)

Retrospectiva da Vida de Zilda Arns, Fundadora da Pastoral da Criança

no Brasil

(http://www.youtube.com/watch?v=PvlPpSAKikE&feature=related)

Encíclica Populorum Progressio, sobre o Desenvolvimento dos Povos(http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_26031967_populorum_po.html)

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 41

DESENVOLVIMENTO - COMO SER MAIS

10 de Abril | V Domingo da Quaresma

Page 43: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

ACÇÃO

UM CAFÉ, UM PROJECTO

A Procuradoria das Missões Claretianas propõe um gesto, para alguns

mais difícil do que para outros.

Um café custa-nos 0,50€. Para nós, uma ninharia, mas em certas regiões

do mundo representa pão, água potável, sabão para se lavar e

desinfectar, um dia de tratamento para a lepra, e muito mais…

Nesta Quaresma, abdiquemos de um café por dia ou por semana. Em

família, em grupo de amigos, colegas de empresa, ou somente nós

próprios, usemos esse gesto e apliquemos o montante num dos

Projectos Missionários 2011.

Mais informações:

www.mcm.pt/missoes | [email protected]

Tlm: 933 403 964

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 42

DESENVOLVIMENTO - COMO SER MAIS

10 de Abril | V Domingo da Quaresma

Page 44: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

COERÊNCIA17 de Abril | Domingo de Ramos

Page 45: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

17 de Abril | Domingo de Ramos

DESENVOLVIMENTO PELA COERÊNCIA

REFLEXÃO

A palavra-chave proposta para esta etapa �nal antes da Pascoa é a Coerência. A Paixão e Morte de Jesus na Cruz são a consequência coerente de tudo o que testemunhou com a Sua vida.

Para nos ajudar a re�ectir nesta etapa, contamos com os contributos de Hermínio Rico sj, Padre Jesuíta, e de Graham McGeoch, Pastor da Igreja (Presbiteriana) da Escócia em Lisboa.

SER FIEL AO GRANDE FIM

EM CADA UM DOS MÍNIMOS DETALHESHermínio Rico sj,

Responsável pela Pastoral Universitária da Arquidiocese de Évora, Assistente Espiritual da ACEGE (Núcleo de Évora), Comissão Arquidiocesana

Justiça e Paz de Évora e da CVX (Comunidade de Vida Cristã)

A coerência é posta à prova quando as circunstâncias do presente testam a nossa dedicação ao objectivo de longo prazo e a nossa �delidade aos passos do caminho para lá chegar. Se, apesar das di�culdades momentâneas, não desistimos dos �ns com que nos

comprometemos nem mudamos os meios que elegemos para os alcançar, então estaremos a ser coerentes.

A Paixão de Jesus é o grande teste à sua coerência. Deu a sua vida pelo Reino e guia-se pela �delidade a este compromisso inicial para a continuar a dar, até ao �m, sem se prender a frutos imediatos. Por isso, não desiste, mesmo quando, abandonado por todos e ridicularizada a sua mensagem, tudo parece perdido. Escolheu o caminho exclusivo da verdade e do amor e não se desvia, mesmo quando isso signi�ca derrota e dor. Nem a injustiça, nem a violência, nem a di�culdade nem o fracasso o levam sequer a considerar ceder, num detalhe que seja, a um caminho mais fácil para si.

A missão dada pelo Pai, o anúncio da salvação a toda a humanidade, é a sua razão de ser. Fiel ao Pai e à humanidade, não se deslumbra pelo sucesso da entrada em Jerusalém nem se desencoraja pela sombra da cruz. Atravessa a Paixão movido pela paixão pelo Reino que virá, é a beleza e a força atractiva deste objectivo que Lhe dá força para tudo suportar.

O desenvolvimento é um projecto de longo prazo, onde os frutos que vão aparecendo podem ser pequenos e nem sempre é claro que o desa�o está em vias de ser ganho. Porque o tempo é largo, exige-se persistência, dever de não parar, que alimentamos com os olhos postos num futuro de justiça e satisfação das necessidades básicas de todos.

44

Acreditando que esse futuro duma humanidade solidária é possível, não desistiremos.

O compromisso com o desenvolvimento exige de nós coerência. Coerência para não nos desviarmos dos nossos propósitos quando o interesse próprio nos tenta ou o custo pessoal nos atemoriza. Coerência para não facilitar mesmo nas pequenas coisas, porque sem esquecer que o desenvolvimento é um objectivo à escala grande, sabemos que depende também de inumeráveis ajustamentos nos nossos comportamentos abastados. Sem grandes decisões, que nenhum de nós pode tomar sozinho, é impossível; mas é um objectivo que pode também continuar a ser minado pela resistência à conversão nas escolhas relevantes da vida de cada um. Podem parecer insigni�cantes, mas todas somadas contribuem, e muito, para o desenvolvimento (ou atraso dele). A dimensão da minha responsabilidade não a faz irrelevante. Por isso, exige-me coerência, a exemplo de Jesus: ser �el ao grande �m em cada um dos mínimos detalhes.

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REFLEXÃO

A palavra-chave proposta para esta etapa �nal antes da Pascoa é a Coerência. A Paixão e Morte de Jesus na Cruz são a consequência coerente de tudo o que testemunhou com a Sua vida.

Para nos ajudar a re�ectir nesta etapa, contamos com os contributos de Hermínio Rico sj, Padre Jesuíta, e de Graham McGeoch, Pastor da Igreja (Presbiteriana) da Escócia em Lisboa.

SER FIEL AO GRANDE FIM

EM CADA UM DOS MÍNIMOS DETALHESHermínio Rico sj,

Responsável pela Pastoral Universitária da Arquidiocese de Évora, Assistente Espiritual da ACEGE (Núcleo de Évora), Comissão Arquidiocesana

Justiça e Paz de Évora e da CVX (Comunidade de Vida Cristã)

A coerência é posta à prova quando as circunstâncias do presente testam a nossa dedicação ao objectivo de longo prazo e a nossa �delidade aos passos do caminho para lá chegar. Se, apesar das di�culdades momentâneas, não desistimos dos �ns com que nos

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011

comprometemos nem mudamos os meios que elegemos para os alcançar, então estaremos a ser coerentes.

A Paixão de Jesus é o grande teste à sua coerência. Deu a sua vida pelo Reino e guia-se pela �delidade a este compromisso inicial para a continuar a dar, até ao �m, sem se prender a frutos imediatos. Por isso, não desiste, mesmo quando, abandonado por todos e ridicularizada a sua mensagem, tudo parece perdido. Escolheu o caminho exclusivo da verdade e do amor e não se desvia, mesmo quando isso signi�ca derrota e dor. Nem a injustiça, nem a violência, nem a di�culdade nem o fracasso o levam sequer a considerar ceder, num detalhe que seja, a um caminho mais fácil para si.

A missão dada pelo Pai, o anúncio da salvação a toda a humanidade, é a sua razão de ser. Fiel ao Pai e à humanidade, não se deslumbra pelo sucesso da entrada em Jerusalém nem se desencoraja pela sombra da cruz. Atravessa a Paixão movido pela paixão pelo Reino que virá, é a beleza e a força atractiva deste objectivo que Lhe dá força para tudo suportar.

O desenvolvimento é um projecto de longo prazo, onde os frutos que vão aparecendo podem ser pequenos e nem sempre é claro que o desa�o está em vias de ser ganho. Porque o tempo é largo, exige-se persistência, dever de não parar, que alimentamos com os olhos postos num futuro de justiça e satisfação das necessidades básicas de todos.

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DESENVOLVIMENTO PELA COERÊNCIA

Acreditando que esse futuro duma humanidade solidária é possível, não desistiremos.

O compromisso com o desenvolvimento exige de nós coerência. Coerência para não nos desviarmos dos nossos propósitos quando o interesse próprio nos tenta ou o custo pessoal nos atemoriza. Coerência para não facilitar mesmo nas pequenas coisas, porque sem esquecer que o desenvolvimento é um objectivo à escala grande, sabemos que depende também de inumeráveis ajustamentos nos nossos comportamentos abastados. Sem grandes decisões, que nenhum de nós pode tomar sozinho, é impossível; mas é um objectivo que pode também continuar a ser minado pela resistência à conversão nas escolhas relevantes da vida de cada um. Podem parecer insigni�cantes, mas todas somadas contribuem, e muito, para o desenvolvimento (ou atraso dele). A dimensão da minha responsabilidade não a faz irrelevante. Por isso, exige-me coerência, a exemplo de Jesus: ser �el ao grande �m em cada um dos mínimos detalhes.

17 de Abril | Domingo de Ramos

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REFLEXÃO

A palavra-chave proposta para esta etapa �nal antes da Pascoa é a Coerência. A Paixão e Morte de Jesus na Cruz são a consequência coerente de tudo o que testemunhou com a Sua vida.

Para nos ajudar a re�ectir nesta etapa, contamos com os contributos de Hermínio Rico sj, Padre Jesuíta, e de Graham McGeoch, Pastor da Igreja (Presbiteriana) da Escócia em Lisboa.

SER FIEL AO GRANDE FIM

EM CADA UM DOS MÍNIMOS DETALHESHermínio Rico sj,

Responsável pela Pastoral Universitária da Arquidiocese de Évora, Assistente Espiritual da ACEGE (Núcleo de Évora), Comissão Arquidiocesana

Justiça e Paz de Évora e da CVX (Comunidade de Vida Cristã)

A coerência é posta à prova quando as circunstâncias do presente testam a nossa dedicação ao objectivo de longo prazo e a nossa �delidade aos passos do caminho para lá chegar. Se, apesar das di�culdades momentâneas, não desistimos dos �ns com que nos

comprometemos nem mudamos os meios que elegemos para os alcançar, então estaremos a ser coerentes.

A Paixão de Jesus é o grande teste à sua coerência. Deu a sua vida pelo Reino e guia-se pela �delidade a este compromisso inicial para a continuar a dar, até ao �m, sem se prender a frutos imediatos. Por isso, não desiste, mesmo quando, abandonado por todos e ridicularizada a sua mensagem, tudo parece perdido. Escolheu o caminho exclusivo da verdade e do amor e não se desvia, mesmo quando isso signi�ca derrota e dor. Nem a injustiça, nem a violência, nem a di�culdade nem o fracasso o levam sequer a considerar ceder, num detalhe que seja, a um caminho mais fácil para si.

A missão dada pelo Pai, o anúncio da salvação a toda a humanidade, é a sua razão de ser. Fiel ao Pai e à humanidade, não se deslumbra pelo sucesso da entrada em Jerusalém nem se desencoraja pela sombra da cruz. Atravessa a Paixão movido pela paixão pelo Reino que virá, é a beleza e a força atractiva deste objectivo que Lhe dá força para tudo suportar.

O desenvolvimento é um projecto de longo prazo, onde os frutos que vão aparecendo podem ser pequenos e nem sempre é claro que o desa�o está em vias de ser ganho. Porque o tempo é largo, exige-se persistência, dever de não parar, que alimentamos com os olhos postos num futuro de justiça e satisfação das necessidades básicas de todos.

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 46

DESENVOLVIMENTO PELA COERÊNCIA

Acreditando que esse futuro duma humanidade solidária é possível, não desistiremos.

O compromisso com o desenvolvimento exige de nós coerência. Coerência para não nos desviarmos dos nossos propósitos quando o interesse próprio nos tenta ou o custo pessoal nos atemoriza. Coerência para não facilitar mesmo nas pequenas coisas, porque sem esquecer que o desenvolvimento é um objectivo à escala grande, sabemos que depende também de inumeráveis ajustamentos nos nossos comportamentos abastados. Sem grandes decisões, que nenhum de nós pode tomar sozinho, é impossível; mas é um objectivo que pode também continuar a ser minado pela resistência à conversão nas escolhas relevantes da vida de cada um. Podem parecer insigni�cantes, mas todas somadas contribuem, e muito, para o desenvolvimento (ou atraso dele). A dimensão da minha responsabilidade não a faz irrelevante. Por isso, exige-me coerência, a exemplo de Jesus: ser �el ao grande �m em cada um dos mínimos detalhes.

17 de Abril | Domingo de Ramos

Page 48: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 47

DESENVOLVIMENTO PELA COERÊNCIA

17 de Abril | Domingo de Ramos

DA COOPERAÇÃO À COERÊNCIAReverendo Graham Gerald McGeoch,

Pastor da Igreja [Presbiteriana] da Escócia em Lisboa. Actualmente é membro do Comité Central do Conselho Mundial de Igrejas.

Neste domingo ouvimos duas narrativas que fazem parte de uma história só: domingo de ramos e paixão de Cristo. Encontramos a celebração e a lamentação dentro do espaço de uma semana só. Vemos a manifestação dos poderes malignos político e religioso durante uma festa popular do povo de Jerusalém.

Jesus é o �o condutor destas histórias, experiências e expectativas. Por um lado, ele é adulado pelo povo. Por outro lado, ele é vaiado pelo povo. Jesus é a �gura coerente na história. Os líderes políticos e religiosos dos evangelhos aparecem incorentes quanto ao projeto divino. Também, o povo do evangelho desliza na incoerência durante a “semana santa” que leva à paixão.

“... o Concílio, testemunhando e expondo a fé do Povo de Deus por Cristo congregado, não pode manifestar mais eloquentemente a sua solidariedade, respeito e amor para com a família humana inteira, na qual está inserido, do que estabelecendo com ela diálogo sobre esses vários problemas... Eis a razão porque este sagrado Concílio, proclamando a sublime vocação do homem, e a�rmando que nele está depositado um

germe divino, oferece ao género humano a sincera cooperação da Igreja, a �m de instaurar a fraternidade universal que a esta vocação corresponde”.

(Proémio, Gaudium et Spes)

O Vaticano II incentivou a Igreja, povo de Deus, a co-operar com a família humana inteira. Durante 40 e poucos anos, a Igreja tem estabelecido diálogos com parceiros ecuménicos e inter-religiosos a �m de prosseguir com a sua vocação. Ao mesmo tempo, a Igreja tem procurado parcerias mais amplas com pessoas e instituições de boa vontade, organizações não-governamentais e mesmo com governos do mundo inteiro. Isto é particularmente óbvio com os acordos assinados entre o Vaticano (enquanto Estado) e os Estados-membros da ONU na área de educação. Esta co-operação faz bem. Faz bem à Igreja e faz bem à fraternidade universal.

No entanto, poderia ser melhor. A co-operação convida a Igreja e seus parceiros a desenvolverem as suas intervenções e as suas actividades em conjunto. Mas ela não desa�a a Igreja e os seus parceiros a pensarem necessariamente na conjuntura. Ou seja, estabelece-se a co-operação (geralmente) entre a Igreja e os seus parceiros em campos diferentes.

As leituras no domingo de Ramos reforçam esta perspectiva. Enquanto os protagonistas co-operam para avançar nos seus projectos políticos e religiosos, elas não param para ver a conjuntura. Os projectos individuais, as prioridades do poder, as necessidades da festa popular estão a favor dos interesses próprios. Aí aparece a incoêrencia: o povo

que passa da adoração à condenação de Jesus; o império romano que “devolve” a decisão sobre a vida humana ao povo para manter o seu poder absoluto; uns religiosos que colaboram com um invasor odiado para preservar o seu templo e a sua teologia. Neste caso, a co-operação entre os diversos protagonistas supostamente faz bem nos campos distintos de cada um. A coêrência, que pertence ao horizonte mais amplo, questiona profundamente esta perspectiva.

Num mundo cada vez mais interligado (globalizado ou mundializado, dependendo da sua perspectiva) é preciso repensar a sincera co-operação da Igreja e passar para a coerência solidária que visa a transformação do mundo. A Igreja deveria procurar sempre o horizonte mais amplo para não cair na incoerência da política do interesse próprio. Como lembra o teólogo Deenabandu Manchala, “se quiser produzir mudanças positivas na causa do vindouro Reino de Deus, tem de ser aliada das pessoas que estão trabalhando juntas em prol da vida, da justiça e da paz e encontrar maneiras de encetar novas colaborações com elas”.

É esta persepctiva que o IPAD promove em Portugal quando incentiva acções essenciais para tornar o desenvolvimento mais coerente. As acções incluem passos que o documento Gaudium et Spes, há mais de 40 anos, incentivou na Igreja: solidariedade, respeito, amor, diálogo e co-operação. São estes valores pascais que a Igreja pode oferecer à conjuntura actual para promover um desenvolvimento, não só mais humano, mas também mais coerente.

Page 49: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 48

DESENVOLVIMENTO PELA COERÊNCIA

17 de Abril | Domingo de Ramos

DA COOPERAÇÃO À COERÊNCIAReverendo Graham Gerald McGeoch,

Pastor da Igreja [Presbiteriana] da Escócia em Lisboa. Actualmente é membro do Comité Central do Conselho Mundial de Igrejas.

Neste domingo ouvimos duas narrativas que fazem parte de uma história só: domingo de ramos e paixão de Cristo. Encontramos a celebração e a lamentação dentro do espaço de uma semana só. Vemos a manifestação dos poderes malignos político e religioso durante uma festa popular do povo de Jerusalém.

Jesus é o �o condutor destas histórias, experiências e expectativas. Por um lado, ele é adulado pelo povo. Por outro lado, ele é vaiado pelo povo. Jesus é a �gura coerente na história. Os líderes políticos e religiosos dos evangelhos aparecem incorentes quanto ao projeto divino. Também, o povo do evangelho desliza na incoerência durante a “semana santa” que leva à paixão.

“... o Concílio, testemunhando e expondo a fé do Povo de Deus por Cristo congregado, não pode manifestar mais eloquentemente a sua solidariedade, respeito e amor para com a família humana inteira, na qual está inserido, do que estabelecendo com ela diálogo sobre esses vários problemas... Eis a razão porque este sagrado Concílio, proclamando a sublime vocação do homem, e a�rmando que nele está depositado um

germe divino, oferece ao género humano a sincera cooperação da Igreja, a �m de instaurar a fraternidade universal que a esta vocação corresponde”.

(Proémio, Gaudium et Spes)

O Vaticano II incentivou a Igreja, povo de Deus, a co-operar com a família humana inteira. Durante 40 e poucos anos, a Igreja tem estabelecido diálogos com parceiros ecuménicos e inter-religiosos a �m de prosseguir com a sua vocação. Ao mesmo tempo, a Igreja tem procurado parcerias mais amplas com pessoas e instituições de boa vontade, organizações não-governamentais e mesmo com governos do mundo inteiro. Isto é particularmente óbvio com os acordos assinados entre o Vaticano (enquanto Estado) e os Estados-membros da ONU na área de educação. Esta co-operação faz bem. Faz bem à Igreja e faz bem à fraternidade universal.

No entanto, poderia ser melhor. A co-operação convida a Igreja e seus parceiros a desenvolverem as suas intervenções e as suas actividades em conjunto. Mas ela não desa�a a Igreja e os seus parceiros a pensarem necessariamente na conjuntura. Ou seja, estabelece-se a co-operação (geralmente) entre a Igreja e os seus parceiros em campos diferentes.

As leituras no domingo de Ramos reforçam esta perspectiva. Enquanto os protagonistas co-operam para avançar nos seus projectos políticos e religiosos, elas não param para ver a conjuntura. Os projectos individuais, as prioridades do poder, as necessidades da festa popular estão a favor dos interesses próprios. Aí aparece a incoêrencia: o povo

que passa da adoração à condenação de Jesus; o império romano que “devolve” a decisão sobre a vida humana ao povo para manter o seu poder absoluto; uns religiosos que colaboram com um invasor odiado para preservar o seu templo e a sua teologia. Neste caso, a co-operação entre os diversos protagonistas supostamente faz bem nos campos distintos de cada um. A coêrência, que pertence ao horizonte mais amplo, questiona profundamente esta perspectiva.

Num mundo cada vez mais interligado (globalizado ou mundializado, dependendo da sua perspectiva) é preciso repensar a sincera co-operação da Igreja e passar para a coerência solidária que visa a transformação do mundo. A Igreja deveria procurar sempre o horizonte mais amplo para não cair na incoerência da política do interesse próprio. Como lembra o teólogo Deenabandu Manchala, “se quiser produzir mudanças positivas na causa do vindouro Reino de Deus, tem de ser aliada das pessoas que estão trabalhando juntas em prol da vida, da justiça e da paz e encontrar maneiras de encetar novas colaborações com elas”.

É esta persepctiva que o IPAD promove em Portugal quando incentiva acções essenciais para tornar o desenvolvimento mais coerente. As acções incluem passos que o documento Gaudium et Spes, há mais de 40 anos, incentivou na Igreja: solidariedade, respeito, amor, diálogo e co-operação. São estes valores pascais que a Igreja pode oferecer à conjuntura actual para promover um desenvolvimento, não só mais humano, mas também mais coerente.

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8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 49

DESENVOLVIMENTO PELA COERÊNCIA

17 de Abril | Domingo de Ramos

DA COOPERAÇÃO À COERÊNCIAReverendo Graham Gerald McGeoch,

Pastor da Igreja [Presbiteriana] da Escócia em Lisboa. Actualmente é membro do Comité Central do Conselho Mundial de Igrejas.

Neste domingo ouvimos duas narrativas que fazem parte de uma história só: domingo de ramos e paixão de Cristo. Encontramos a celebração e a lamentação dentro do espaço de uma semana só. Vemos a manifestação dos poderes malignos político e religioso durante uma festa popular do povo de Jerusalém.

Jesus é o �o condutor destas histórias, experiências e expectativas. Por um lado, ele é adulado pelo povo. Por outro lado, ele é vaiado pelo povo. Jesus é a �gura coerente na história. Os líderes políticos e religiosos dos evangelhos aparecem incorentes quanto ao projeto divino. Também, o povo do evangelho desliza na incoerência durante a “semana santa” que leva à paixão.

“... o Concílio, testemunhando e expondo a fé do Povo de Deus por Cristo congregado, não pode manifestar mais eloquentemente a sua solidariedade, respeito e amor para com a família humana inteira, na qual está inserido, do que estabelecendo com ela diálogo sobre esses vários problemas... Eis a razão porque este sagrado Concílio, proclamando a sublime vocação do homem, e a�rmando que nele está depositado um

germe divino, oferece ao género humano a sincera cooperação da Igreja, a �m de instaurar a fraternidade universal que a esta vocação corresponde”.

(Proémio, Gaudium et Spes)

O Vaticano II incentivou a Igreja, povo de Deus, a co-operar com a família humana inteira. Durante 40 e poucos anos, a Igreja tem estabelecido diálogos com parceiros ecuménicos e inter-religiosos a �m de prosseguir com a sua vocação. Ao mesmo tempo, a Igreja tem procurado parcerias mais amplas com pessoas e instituições de boa vontade, organizações não-governamentais e mesmo com governos do mundo inteiro. Isto é particularmente óbvio com os acordos assinados entre o Vaticano (enquanto Estado) e os Estados-membros da ONU na área de educação. Esta co-operação faz bem. Faz bem à Igreja e faz bem à fraternidade universal.

No entanto, poderia ser melhor. A co-operação convida a Igreja e seus parceiros a desenvolverem as suas intervenções e as suas actividades em conjunto. Mas ela não desa�a a Igreja e os seus parceiros a pensarem necessariamente na conjuntura. Ou seja, estabelece-se a co-operação (geralmente) entre a Igreja e os seus parceiros em campos diferentes.

As leituras no domingo de Ramos reforçam esta perspectiva. Enquanto os protagonistas co-operam para avançar nos seus projectos políticos e religiosos, elas não param para ver a conjuntura. Os projectos individuais, as prioridades do poder, as necessidades da festa popular estão a favor dos interesses próprios. Aí aparece a incoêrencia: o povo

que passa da adoração à condenação de Jesus; o império romano que “devolve” a decisão sobre a vida humana ao povo para manter o seu poder absoluto; uns religiosos que colaboram com um invasor odiado para preservar o seu templo e a sua teologia. Neste caso, a co-operação entre os diversos protagonistas supostamente faz bem nos campos distintos de cada um. A coêrência, que pertence ao horizonte mais amplo, questiona profundamente esta perspectiva.

Num mundo cada vez mais interligado (globalizado ou mundializado, dependendo da sua perspectiva) é preciso repensar a sincera co-operação da Igreja e passar para a coerência solidária que visa a transformação do mundo. A Igreja deveria procurar sempre o horizonte mais amplo para não cair na incoerência da política do interesse próprio. Como lembra o teólogo Deenabandu Manchala, “se quiser produzir mudanças positivas na causa do vindouro Reino de Deus, tem de ser aliada das pessoas que estão trabalhando juntas em prol da vida, da justiça e da paz e encontrar maneiras de encetar novas colaborações com elas”.

É esta persepctiva que o IPAD promove em Portugal quando incentiva acções essenciais para tornar o desenvolvimento mais coerente. As acções incluem passos que o documento Gaudium et Spes, há mais de 40 anos, incentivou na Igreja: solidariedade, respeito, amor, diálogo e co-operação. São estes valores pascais que a Igreja pode oferecer à conjuntura actual para promover um desenvolvimento, não só mais humano, mas também mais coerente.

Page 51: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

REFERÊNCIAS

Leituras próprias do dia: Is. 50, 4-7, Sal. 21 (22), 8-9.17-18a.19-20.23-24 (R. 2a), Filip 2, 6-11, Mt 21, 1-22, Mt 27, 11-54.

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio – ODM 2 (Mais e melhor educação) (www.objectivo2015.org/inicio/index.php?option=com_content&view=article&id=81&Itemid=205)

Constituição Pastoral Gaudium et Spes(http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651207

_gaudium-et-spes_po.html)

Carta do Secretário Geral do Conselho Mundial de Igrejas ao Secretário Geral da ONU sobre os Objetivos do Milénio(http://www.oikoumene.org/en/resources/documents/general-secretary/messages-and-letters/letter-to-the-un-secretary-general-on-millenium-devolpment-goals.html)

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 50

DESENVOLVIMENTO PELA COERÊNCIA

17 de Abril | Domingo de Ramos

Page 52: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

ACÇÃO

NA COMUNIDADE

Na sua paróquia pense sobre as actividades actuais que a Igreja realiza. Quais podem ser trabalhadas em parceria com outras igrejas e ONGDs?

Participar nas reuniões da sua freguesia para saber quais os projectos e quais os grupos que funcionam no seu local.

Convidar as crianças a oferecerem uma re�exão durante a liturgia sobre suas experiências na escola.

CONHECER UM PROJECTO COERÊNCIA.PT – O Desa�o do Desenvolvimento

O projecto Coerência.pt, promovido pelo Instituto Marquês de Valle Flor, procura contribuir para a erradicação da pobreza promovendo a Coerência das Políticas para o Desenvolvimento através da sensibilização e mobilização de decisores políticos, funcionários públicos, ONGD e público em geral, em Portugal, Estónia, República Checa, Holanda e Cabo Verde. Eis uma boa oportunidade de pormos coerentemente em prática a nossa cidadania participativa.

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 51

DESENVOLVIMENTO PELA COERÊNCIA

17 de Abril | Domingo de Ramos

Com o objectivo de promover a melhoria da e�ciência, da coerência e da visibilidade das políticas externas dos Governos e da União Europeia, pretende-se, ao longo de 36 meses, denunciar as incoerências das políticas e propor alternativas de acção, de modo a contribuir para as metas estabelecidas nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) centrais à cooperação da UE com os países de África, das Caraíbas e do Pací�co (países ACP) através do estabelecimento de uma parceria global e com o �m último de reduzir a pobreza mundial.

Mediante mecanismos de coordenação e monitorização serão analisados estudos de caso concretos de entre as 12 áreas prioritárias identi�cadas pelo Conselho Europeu em 2005 e no �nal serão delineadas recomendações com o objectivo de inverter estas incoerências. Estes estudos de caso baseiam-se na análise do impacto das políticas nacionais e europeias em países ACP identi�cados pelas entidades parceiras no projecto.

Mais informações em www.coerencia.pt

Page 53: FEC - Percurso para a Quaresma 2011

ACÇÃO

NA COMUNIDADE

Na sua paróquia pense sobre as actividades actuais que a Igreja realiza. Quais podem ser trabalhadas em parceria com outras igrejas e ONGDs?

Participar nas reuniões da sua freguesia para saber quais os projectos e quais os grupos que funcionam no seu local.

Convidar as crianças a oferecerem uma re�exão durante a liturgia sobre suas experiências na escola.

CONHECER UM PROJECTO COERÊNCIA.PT – O Desa�o do Desenvolvimento

O projecto Coerência.pt, promovido pelo Instituto Marquês de Valle Flor, procura contribuir para a erradicação da pobreza promovendo a Coerência das Políticas para o Desenvolvimento através da sensibilização e mobilização de decisores políticos, funcionários públicos, ONGD e público em geral, em Portugal, Estónia, República Checa, Holanda e Cabo Verde. Eis uma boa oportunidade de pormos coerentemente em prática a nossa cidadania participativa.

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA 2011 52

DESENVOLVIMENTO PELA COERÊNCIA

17 de Abril | Domingo de Ramos

Com o objectivo de promover a melhoria da e�ciência, da coerência e da visibilidade das políticas externas dos Governos e da União Europeia, pretende-se, ao longo de 36 meses, denunciar as incoerências das políticas e propor alternativas de acção, de modo a contribuir para as metas estabelecidas nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) centrais à cooperação da UE com os países de África, das Caraíbas e do Pací�co (países ACP) através do estabelecimento de uma parceria global e com o �m último de reduzir a pobreza mundial.

Mediante mecanismos de coordenação e monitorização serão analisados estudos de caso concretos de entre as 12 áreas prioritárias identi�cadas pelo Conselho Europeu em 2005 e no �nal serão delineadas recomendações com o objectivo de inverter estas incoerências. Estes estudos de caso baseiam-se na análise do impacto das políticas nacionais e europeias em países ACP identi�cados pelas entidades parceiras no projecto.

Mais informações em www.coerencia.pt