FÉ E RAZÃO – MUNDO MED - Educacional · na revelação] e uma filosofia [baseada no exercício...

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FÉ E RAZÃO MUNDO MEDIEVAL Santo Agostinho séc. IV São Tomás de Aquino séc. XIII

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FÉ E RAZÃO – MUNDO

MEDIEVAL

Santo Agostinho – séc. IV

São Tomás de Aquino – séc. XIII

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PATRÍSTICA e ESCOLÁSTICA

Platão – séc. IV a.C. Aristóteles – séc. III a.C

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A RELAÇÃO ENTRE

FÉ E RAZÃO

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Questões fundamentais para a

compreensão da Filosofia Medieval

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Cristianismo

A verdade como revelação

→ a verdade não é uma construção humana, mas revelação divina àqueles que creem;

→ a condição para o conhecimento da verdade está em Deus, o conhecimento racional deve ser subordinado ao

conhecimento revelado. ↓↓

Assim, ocorre um primeira tentativa de conciliação (unir)

entre o conhecimento sobrenatural [como revelação divina] e conhecimento natural [que surge da razão humana]

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RAZÃO e FÉ

→ São verdades. Uma é racional [humana] e a outra é revelação divina

[sobrenatural/espiritual] – são sinônimas;

→ Não se contradizem, apesar de serem formas de conhecimentos diferentes;

→ Cada uma delas tem autonomia em

seus objetivos e áreas do saber

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A GRANDE QUESTÃO PARA OS PENSADORES

MEDIEVAIS:

Problema principal → Conciliar FÉ (pensamento cristão) e RAZÃO (pensamento grego)

COMO ISTO SERIA POSSÍVEL?

QUAIS MECANISMOS UTILIZAR PARA TAL

INTENTO?

QUAIS SERIAM AS FONTES FILOSÓFICAS QUE

CONCORDARIAM COM A FÉ CRISTÃ?

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Embora o cristianismo não seja uma filosofia,

ele afeta de forma profunda o pensamento

filosófico da época, uma vez que o filósofo

cristão se depara com o problema da sua

realidade diante da realidade de Deus.

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O que é necessário?

Assim, é necessário a filosofia (razão)

para entender a realidade de Deus e

do mundo, bem como a fé (cristã) é

necessária para compreender a razão

humana e seus atos.

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RAZAÕ E FÉ

NÃO SÃO OPOSTAS

Cristianismo → Homem e Universo foram criados por Deus.

Razão → sozinha não consegue resolver os

questionamentos sobre Deus, Universo e homem.

Fé → com a ela, a razão é iluminada e compreende os fenômenos da existência.

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RAZAÕ E FÉ

NÃO SÃO OPOSTAS

● A razão é vista como uma qualidade

inata, criada por Deus – um dom,

uma luz concedida ao homem para

que ele possa discernir o

conhecimento do bem e do mal.

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RAZAÕ E FÉ

NÃO SÃO OPOSTAS

● O cristianismo (a fé) busca na razão

uma compreensão mais ampla e

elaborada dos mistérios da fé

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AS VERDADES DA FÉ NECESSITAM SER

DEMONSTRADAS PELA LÓGICA

● Não basta crer → as verdades professadas pela fé precisam ser demonstradas pela filosofia – baseada

em princípios lógicos da razão.

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Ler: O mundo de Sofia – pág. 18/19

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ss

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Fontes históricas → apontam que a Filosofia Patrística iniciou-se a partir das pregações dos apóstolos Paulo e

João.

Patrística → fornecer argumentos racionais para a fé e as ideias cristãs e

defender o cristianismo contra o paganismo e as heresias.

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Principal expoente da Filosofia Patrística

Santo Agostinho – séc. IV

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Santo Agostinho Influenciado

→ pelo maniqueísmo [teoria dualista que

divide o mundo em Bem e Mal]

→ pelo neoplatonismo (de Plotino), ou seja de origem platônica

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Santo Agostinho → foi o primeiro

pensador cristão a estabelecer um

diálogo entre fé e razão. Tal relação

estabelecida vai impulsionar todo o

pensamento medieval.

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Para Santo Agostinho → A razão não

elimina a fé, pelo contrário, ela a

fortalece, ajudando a compreender a

verdade revelada. Disto resulta a

máxima agostiniana:

“Credo ut intteligan, intteligo ut

credam”

“Crer para compreender,

compreender para crer”

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A RAZÃO

● Relaciona-se profundamente com a

fé.

● A Filosofia é apenas um instrumento voltado para a compreensão das

verdades da fé

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A QUESTÃO DA LIBERDADE

RAZÃO e VONTADE

(pág. 25/26)

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LIBERDADE

→ capacidade consciente que tem o espírito de determinar por si a querer e

preferir, acima de tudo, o Bem absoluto.

→ alguns são iluminados pela graça de Deus. O Livre-arbítrio

→ causa do pecado:

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O LIVRE-ARBÍTRIO

→ pela perversão da vontade, o homem escolhe a privação do ser. Escolhe o mal ao invés do bem.

→ esse quando só encontra redenção em Jesus

Cristo, o mediador ente Deus e os homens.

→ o homem precisa se livrar das paixões (pathos) → tudo aquilo que (co)move a alma.

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“A fé chama a razão para algo além dela própria, para o mistério. À razão cabe investigar os conteúdos da fé. Para entender, uma condição é crer. Mas o que é entendido, o que é inteligível, exige novamente a fé, e assim por diante. (...) O homem precisa crer para compreender. Este entendimento é feito racionalmente, mas o conhecimento da razão divina ultrapassa em muito a finitude da razão humana e por isso o homem precisa novamente da fé para alcançar o conhecimento.” (pág. 26)

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“A medida para amar Deus é amá-lo

sem medida” (Regras, 34, 4, 7)

“Não há razão para o homem filosofar,

senão para que seja feliz; e o que o faz

com que este seja feliz é o fim bom; não

há, por conseguinte, nenhuma causa para

o filosofar, salvo a meta do bem.” (Sobre a

Cidade de Deus)

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Por fim, vale lembrar que, diferentemente do que

veremos a seguir com São Tomás de Aquino, Santo

Agostinho opta muito mais pela fé do que pela

rãzão.

Por que ele pensa assim?

Porque

“Fides praecedit intellectum”

(A fé precede a razão)

“Se não credes não entendereis”.

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TEMAS BÁSICOS

→ questões concernentes a Deus e à religião cristã;

→ bem como questões metafísicas → da filosofia aristotélica;

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A FILOSOFIA TORNA-SE DOCENTE E

ESCOLÁSTICA

“O termo ´escolástica` significou inicialmente o

conjunto o saber, tal como era transmitido nas

escolas do tipo clerical. O escolástico era o mestre

das ´Sete Artes Liberais` ou chefe das escolas

monásticas ou catedrais. (...) Mais tarde se deu o

mesmo nome aos que escolarmente se dedicavam à

Filosofia e à Teologia.” (LARROYO, 1986, p. 85)

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Principal expoente da Filosofia Escolástica

São Tomás de Aquino – séc. XIII

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São Tomás de Aquino

→ O “doutor angélico”, como ficou conhecido, é um dos grandes autores de destaque da

Escolástica.

→ Foi um profundo estudioso dos fundamentos da filosofia de Aristóteles.

→ Com o auxilio da filosofia aristotélica, Tomás

de Aquino buscava argumentos racionais capazes de alicerçar as ideias do cristianismo.

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O empenho de São Tomás de Aquino

● Promover a síntese do cristianismo com a

visão aristotélica de mundo.

● A Igreja passa a ter uma teologia [fundada

na revelação] e uma filosofia [baseada no

exercício da razão humana] que se fundem

numa versão definitiva: Fé e Razão → com

orientação comum rumo a Deus

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“São Tomás representa o apogeu da escolástica medieval na medida em que conseguiu estabelecer o perfeito equilíbrio nas relações entre Fé e Razão, a teologia e a filosofia, distinguindo-as mas não as separando necessariamente. Ambas, com efeito, podem tratar do mesmo objeto: Deus, por exemplo. Contudo, a filosofia utiliza as luzes da razão natural, ao passo que a teologia se vale das luzes da razão divina manifestada na revelação.” (COSTA, 1996, p. 81)

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As provas racionais da existência de Deus

PARA PROVAR:

→ utiliza-se de argumentos lógicos e ontológicos da

filosofia de Aristóteles.

→ recorre ao conceito de “quatro causas” (c.

eficiente, c. formal, c. material e c. final) de

Aristóteles.

→ a partir das “Cinco Vias” da existência de Deus.

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CINCO PROVAS [CINCO VIAS]

EXISTÊNCIA DE DEUS

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1ª Via → argumento do movimento

2ª Via → causa eficiente

3ª Via → argumento cosmológico

4ª Via → argumento dos graus de

existência

5ª Via → argumento teológico

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1ª Via → argumento do movimento

. Constata-se de que no universo existe

movimento;

. Tudo que se move é movido por outra força

ou motor;

. Existe o “primeiro motor imóvel”;

. Um motor que move (tudo) sem ser movido

por algo → DEUS

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2ª Via → causa eficiente

.Todas as coisas ou são causas ou são

efeitos;

. Não se pode conceber que alguma

coisa seja causa de si mesma;

. É necessário uma “causa primeira”

→ “causa não causada” → DEUS

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3ª Via → argumento cosmológico

conceitos de “necessidade” e “possibilidade”

. Alguns seres são gerados, outros se decompõem e

deixam de existir;

. Impossível que estes seres existam sempre;

. Mas se todos os seres deixassem de existir, nada

existiria;

. A existência dos “seres contingentes” implica o

“ser necessário” → DEUS

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4ª Via → argumento dos graus de existência

. Baseia-se nos graus hierárquicos de perfeição;

. Nenhum ser é perfeição absoluta;

. Mas existe algo que é perfeitíssimo →causa

de todas as (outras) perfeições (menores) →

DEUS

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5ª Via → argumento teológico

. Fundamenta-se na ordem das coisas;

. Todas as coisas seguem uma finalidade – um curso;

. O curso de todas as coisas foi definido por um ser

primordial;

. Portanto, existe algo que ordena todas as coisas;

. Uma “inteligência ordenadora” → um ser inteligente

(ordena a natureza para o seu curso) → DEUS