Fé e Doenças Cardiovasculares - vittacardiologia.com.br · Ao olharmos o que acontece ao nosso...

2
38 - Nova Perfil e Fama A cabamos de passar pelo Natal, ocasião em que as pessoas de fé cristã comemoram o nascimento de Jesus, o menino Deus. Nesse momen- to, em meio a tantas atribulações mun- diais, torna-se ainda mais propício refle- tir sobre a relação que a fé tem sobre a saúde e a qualidade de vida. Ao olharmos o que acontece ao nosso redor com uma perspectiva so- brenatural percebemos a importância de abordar a saúde sob esse aspecto. Na prá- tica, a religiosidade ou a espiritualidade podem ser fatores que interferem como remédio para as nossas inquietações e, porque não, às doenças do coração. Sabemos que existe uma relação muito íntima do coração, como órgão, com nossos sentimentos. Quantas vezes dizemos: “você é meu amigo do peito”, ou, “você mora no meu coração”. Por- tanto, é muito plausível relacionar senti- mentos, alegres ou tristes, com o coração. A partir deste princípio, pode-se dizer que se estamos bem, o nosso coração es- tará bem. Inúmeras produções cientificas estão comprovando que a oração, a espi- ritualidade e a religiosidade contribuem Fé e Doenças Cardiovasculares Por Dra. Raquel B. Conti saúde A FÉ E A ESPIRITUALIDADE SÃO VALORES IMPORTANTES PARA A SAÚDE E A QUALIDADE DE VIDA Dra. Raquel B. Conti - médica CRM 11.6597 parece incerto e desconhecido. Conceituemos, para tanto, espi- ritualidade e religiosidade. Espiritualidade é definida como “busca pessoal para entender questões sobre a vida, seu sentido, sobre as rela- ções com o sagrado ou transcendente que, pode ou não, levar ao desenvolvi- mento de práticas religiosas ou forma- ções de comunidades religiosas”. Religiosidade é entendida como “extensão na qual um indivíduo acredita, segue e pratica uma religião, podendo ser organizacional (participação no templo para a paz e felicidade do ser humano, portanto, fazem bem ao coração. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Toronto (Canadá), li- derada pelo professor de psicologia Mi- chael Inzlicht, constatou que a fé pode diminuir a ansiedade, a depressão e o stress. Os participantes realizaram um teste conhecido como Stroop, em que foram analisadas as atividades cerebrais dos indivíduos, e foi comprovado que a crença tem um efeito calmante cuja con- sequência é a diminuição da ansiedade, bem como o medo de enfrentar o que nos

Transcript of Fé e Doenças Cardiovasculares - vittacardiologia.com.br · Ao olharmos o que acontece ao nosso...

38 - Nova Perfil e Fama

Acabamos de passar pelo Natal, ocasião em que as pessoas de fé cristã comemoram o nascimento

de Jesus, o menino Deus. Nesse momen-to, em meio a tantas atribulações mun-diais, torna-se ainda mais propício refle-tir sobre a relação que a fé tem sobre a saúde e a qualidade de vida. Ao olharmos o que acontece ao nosso redor com uma perspectiva so-brenatural percebemos a importância de abordar a saúde sob esse aspecto. Na prá-tica, a religiosidade ou a espiritualidade podem ser fatores que interferem como remédio para as nossas inquietações e, porque não, às doenças do coração. Sabemos que existe uma relação muito íntima do coração, como órgão, com nossos sentimentos. Quantas vezes dizemos: “você é meu amigo do peito”, ou, “você mora no meu coração”. Por-tanto, é muito plausível relacionar senti-mentos, alegres ou tristes, com o coração. A partir deste princípio, pode-se dizer que se estamos bem, o nosso coração es-tará bem. Inúmeras produções cientificas estão comprovando que a oração, a espi-ritualidade e a religiosidade contribuem

Fé e Doenças CardiovascularesPor Dra. Raquel B. Conti

saúde

A FÉ E A ESPIRITUALIDADE SÃO VALORES IMPORTANTES PARA A SAÚDE E A QUALIDADE DE VIDA

Dra. Raquel B. Conti - médicaCRM 11.6597

parece incerto e desconhecido. Conceituemos, para tanto, espi-ritualidade e religiosidade. Espiritualidade é definida como “busca pessoal para entender questões sobre a vida, seu sentido, sobre as rela-ções com o sagrado ou transcendente que, pode ou não, levar ao desenvolvi-mento de práticas religiosas ou forma-ções de comunidades religiosas”. Religiosidade é entendida como “extensão na qual um indivíduo acredita, segue e pratica uma religião, podendo ser organizacional (participação no templo

para a paz e felicidade do ser humano, portanto, fazem bem ao coração. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Toronto (Canadá), li-derada pelo professor de psicologia Mi-chael Inzlicht, constatou que a fé pode diminuir a ansiedade, a depressão e o stress. Os participantes realizaram um teste conhecido como Stroop, em que foram analisadas as atividades cerebrais dos indivíduos, e foi comprovado que a crença tem um efeito calmante cuja con-sequência é a diminuição da ansiedade, bem como o medo de enfrentar o que nos

Nova Perfil e Fama - 39

religioso) ou não organizacional (rezar, ler livros, assistir programas religiosos na televisão)”. Foram realizados alguns estudos em pacientes com doenças cardiovascula-res e notou-se até de certa forma surpre-endente que aqueles que frequentavam os serviços religiosos tinham menor morta-lidade geral. Concluíram que a prática da re-ligiosidade e espiritualidade em pacien-tes portadores de hipertensão arterial, doença arterial coronariana e até mes-mo os submetidos a cirurgias cardíacas apresentaram uma melhor qualidade de vida, menor grau de estresse psicológico, depressão, ansiedade e complicações no pós operatório. A medicina faz parte de uma ci-ência, exigindo-se uma explicação cientí-fica para tudo. Entretanto, cada vez mais podemos acreditar que existe uma força

interior, maior, em cada um de nós que pode ser determinante na evolução e condução dessas doenças. Conviver com doenças crôni-cas, associada à prática constante de fé e esperança, (princípios da religiosidade e espiritualidade) certamente contribuirá para diminuir sintomas e ajudar na recu-peração do paciente. A fé em Deus, a qual experimen-

tamos a partir do nosso nascimento até a morte, certamente é um remédio a mais do que aqueles que nós cardiologistas prescrevemos . Permito-me aqui terminar esta matéria com os versos do cantor e com-positor baiano, Gilberto Gil, que diz : “ANDAR COM FÉ EU VOU, QUE A FÉ NÃO COSTUMA FAIÁ”... Até para o nosso bem estar físico.